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Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – UNIJUÍ.

Programa de Pós-Graduação em Direito – Mestrado em Direitos Humanos.


Teorias da Democracia e Estado de Direito – Prof. Dr. Gilmar Antonio Bedin.

Gabrieli de Camargo
Resumo: BEDIN, Gilmar Antonio. A Idade Média e o nascimento do Estado Moderno:
aspectos históricos e teóricos. 2ª edição, Ijuí: Editora Unijuí, 2013.

Com o intuito de celebrar um período tão longo como a Idade Média, o autor situa
seu livro em duas partes principais, além de suas subdivisões; os aspectos históricos e
teóricos, a qual desenvolveremos um resumo sobre as principais características do
período em questão. Esse período histórico foi fundamental para o desenvolvimento do
mundo, o qual vivemos hoje, e marcou a história com diversos momentos importantes
para a evolução do humano em sociedade. Por ser um período extremamente longo, é
sempre conveniente as divisões abordadas por diversos autores, e além disso, passa a ser
fundamental para a transição do mundo antigo ao moderno, além da fundamentação
ecônomo-agrária e da importância da Igreja – e principalmente da descentralização do
poder, nesse período complexo. Esse período data-se do início do século V ao final do
século XV, e perpassa por diversos acontecimentos históricos – do fim do império romano
ao surgimento do renascimento.

Além de ser um período de transição, a Idade Média propiciou a fundamentação


da modernidade com o surgimento do renascimento europeu, assim, desmistificamos a
chamada Idade das Trevas ou Medievais. Foi também um período extremamente marcado
pela economia agrária de subsistência e de sociabilidade rural – baixa produtividade e
abandono econômico os processos econômicos daquele período foram resultado do –
colapso imperial romano, do sistema centralizado de poder; deslocamento das populações
pelas invasões bárbaras; e afastamento populacional-comunicativo da área do
Mediterrâneo, causando a ruralização e estagnação sócio-político-econômica. É nesse
período sobre a atomização da vida, que cria-se os sistemas de dependência do homem
pelo homem, o sistema de vassalagem, e a propriedade o feudo (base do sistema feudal).
Esse sistema era fragmentado e instável, além de escasso em produção, violento e
marcado por epidemias e fomes. Ademais, o homem era vinculado à terra – não podendo
vender, alienar e nem abandonar – uma relação de dependência.
Outra forte influência foi o domínio da Igreja, de formas gerais, obteve o poder
de reconstruir algum tipo de vida civilizada após a aqueda do Império Romano – como
agente unificador, além de ser um coercitivo moral era um organismo vigoroso e saudável
além de manter centros culturais, importantes do período médio. Isso lhe deu autoridade
sobre a supremacia do poder no período, monopolizando-o através da política-moral do
papa. Esse passa então, a legislar e julgar, além de ser árbitro supremo dos conflitos –
principalmente entre feudos, assim como os poderes de um Estado – é a instituição central
na Idade Média. Por ser um período histórico muito complexo – o autor divide em quatro
momentos:

a) Primeira Idade Média (V-VIII) – após aqueda do Império Romano, esse período é
marcado pelo início dos elementos que marcam a época – Roma, Germanos e Igreja;
b) Alta Idade Média (VIII- início do século XX) – período da formação da dinastia
carolíngia e da unidade política de Carlos Magno, expansão do cristianismo, terminando
em crise pelas invasões bárbaras;
c) Idade Média Central (XX- meados século XIII) – momento em que é marcado pelo
estabelecimento maduro do sistema feudal (estratificação social, fechada, agrária e
fragmentada politicamente); e
d) Baixa Idade Média (XIII- XIV) – crise da sociedade feudal – resultado da contínua
expansão do sistema feudal – obrigado a passar por mudanças, dando espaço ao período
moderno.
Aqui o que nos interessa é os dois últimos períodos para evidenciarmos transação
do período médio ao moderno. A Idade Média Central marca um período bem delimitado,
onde o sistema feudal passa a ser um conjunto de formação social no Ocidente. Alguns
autores evidenciam a ideia de uma anarquia política, usado fora do seu sentido estrito.
Abrangendo cerca de 350 anos, evidencia macrotendências, como a realização de
possibilidades econômicas e jurídicas, como também, um sistema de classes de
dependência do homem-homem e do homem-terra. Estrutura-se uma socialização de
sujeição sobre a dependência como através de uma hierarquização. Assim, evidenciamos
quatro características específicas do período:

a) Relação de dependência muito desenvolvido – essa relação passa a ser evidenciada


com os primórdios da Idade Média, onde o sistema da vassalagem como instituição de
subordinação passava a ter um vínculo pessoal de lealdade acontecendo por consequência
da inseguridade do período. Isso gerava entorno das relações uma espécie de proteção e
a dependência era uma garantia de sobrevivência. Reforçado pelo declínio das forças
políticas centralizadas, estabelecia uma nova forma de sociabilidade entre os entes do
feudo. Mas isso não garantia o não-uso da força pelos superiores, conflitos eram
constantes, e fugas comuns, passando a estabelecer, muitas vezes, uma dependência
forçada. Com a instituição dos feudos, as relações e obrigações entre as diversas

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hierarquias se tornaram mútuas – vassalo prestava serviço ao suserano e suserano garantia
proteção ao vassalo, além de receber um pedaço de terra, os vassalos garantiam alguns
‘direitos privado’ aquém do senhor feudal. Desse modo, as relações passavam a ser de
fidelidade entre as hierarquias, através de três atos simbólicos e públicos– a homenagem,
a fidelidade e a investidura – passados de pais a filhos se assim desejassem. A quebra
dessa fidelidade era acometida por algumas infrações aos bens próprios do vassalo.
b) Grande enjericimento das hierarquias sociais – isso basicamente ocorre nesse período
pela funcionalização específica de cada indivíduo dentro do feudo, como forma de
ordenamento através do imobilismo social. Nessa relação, a ideia se transforma com os
exemplos de ordem divina, do monopólio do sagrados e pelo exercício da violência da
hierarquia mais alta. Esse ordenamento ressaltava as funções dos indivíduos dentro da
estrutura, como que cada um fizesse sua parte, sendo os mais ‘prejudicados’ os
trabalhadores que se reduziam a sua força como meio de sobrevivência. Essa estrutura
acaba mudando no século XII com alguns deslocamentos com o desenvolvimento de
condições sócio profissionais. Dividida em três grandes ordens – os que rezam, combatem
e trabalham – a estrutura era fixa.
c) Fragmentação do poder central – resultado dos laços de dependência, passa a ser
concluído com a ruralização da sociedade que se desenvolve com o mínimo de educação.
As regiões passam a ser divididas em macrodivisões e microdivisões de ducados e
condados, descentralizando o poder soberano. Os senhores feudais nesse período
constituem um poder cada vez maior, em que detinha direitos e obrigações para com seus
vassalos, tornando-se assim, um rei – onde diante sua fraqueza, cria-se a necessidade de
relações pessoais e mais diretas, de família, criando uma estrutura policêntrica de poder.
“Assim, o poder central foi paralisado entre os micropoderes regionais ou os poderes
locais dos senhores feudais e o macropoder exercido pela Igreja, e em certo sentido pelo
Império” (BEDIN, 2013, p.46). Nesse sentido, o poder dos senhores feudais foi a base
para o sistema monárquico dos próximos séculos.
d) Privatização da defesa e guerra – resultado imediato da fragmentação do poder
centralizado, os conflitos passam a ser fundamentais para o crescimento do feudo,
conquistas através das guerras passam a ser a vitalícias para o senhor feudal, e a vida para
seus soldados altamente treinados para os conflitos. A partir desse período, toda a
sociedade feudal passa a ser militarizada, já que não possuíam poder central, fundindo
funções militares, administrativas e judiciárias.
Por consequência desse período, iniciamos as argumentações acerca a Baixa Idade
Média num momento de crise nas bases do sistema feudal. Vislumbra-se uma mudança
com o florescimento do comércio, das cidades e da ruptura com a agricultura de
subsistência, além do declínio papal e das primeiras aparições características do Estado
Moderno, transformando esse período, em uma transição orgânica nas estruturas. Para
tanto, evidenciamos algumas características dessa crise, em que o nível econômico passa
a se concentrar no comércio e na vida urbana com o crescimento populacional,
fomentando uma desmilitarização, resultando em políticas de caráter nacional – contrário
ao sistema feudal. As contradições do sistema feudal foram cruciais para a chegada desse
novo período. Sendo uma crise generalizada, esse perpassa pelas estruturas, alcançando

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diversos pontos da Europa Ocidental. A tripartite da crise era estabelecida com a fome, a
peste e a guerra. Dos aspectos econômicos – da exploração agrícola extensiva; redução
populacional pelas pestes e fome; sociais através da rigidez do sistema com a ruptura do
ordenamento; políticos com a retomada dos poderes centralizados e clericais com o
questionamento do poder da Igreja.

Nesse período de profundas transformações, ascendem novos elementos em


contraposição à estagnação e provável regressão, onde a insegurança dos indivíduos,
tanto física e econômica refletiu na instabilidade política. Dessa maneira, o fim da Idade
Média possibilitou outra fase civilizacional, a Idade Moderna. Esse período de transição
foi marcado por diversos aspectos, entre eles, o aumento exponencial dos centros urbanos,
a retomada do comércio de troca – mercantil e uma nova transformação social, de relações
mais livres socioeconômicas (economia monetária). O florescimento do comércio foi
essencial para o desdobramento dos outros aspectos citados anteriormente, com o
crescimento produtivo, a invenção do seguro, sistema bancário e contábil, recria-se o
sistema de transporte para facilitar a logística mercantil, por terra e pelos mares – após a
expulsão dos islâmicos do mediterrâneo. A livre circulação de mercadoria, naquele
período, facilitou o crescimento regional e povoou as cidades, possibilitando um
comércio internacional – base para a conquista sob a liderança europeia de novos espaços
geográficos na modernidade.

Esse processo de urbanização fluída na sociedade europeia, possibilitou uma


demanda acentuada de produtos – de acumulação – constituindo-se também, a base do
sistema capitalista, e formando a classe burguesa. Esse período transformou o homem,
com valores diferentes, se tornava na cidade, um cidadão, possuindo dinheiro e liberdade.
As cidades passam a se separar das áreas rurais, torna-se um lugar protegido para seus
habitantes e recursos, mas sempre abertos para o tráfico. Essas cidadelas, absorvem os
subúrbios e atraem populações, de diversas atividades econômicas, crescendo e
restaurando o mapa econômico da Europa. Essas áreas urbanas, passam nesse período a
produzir uma nova dinâmica de relações sociais, transformando valores e crenças sobre
as percepções mundanas. Assim, a sociedade feudal é superada e trasmudada na
sociedade burguesa moderna.

Outra evidencia do fim da Idade Média é a cisma do Ocidente junto ao Declínio


do Papado, resultado principalmente das transformações gerais, “(...) rompeu-se também
com aquela ordenação perfeita dos rituais católicos presentes nos diversos setores da
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sociedade de então com a clericalização absoluta da vida secular” (BEDIN, 2013, p.63).
A Igreja regulava quase todos as áreas da vida secular, que com a transformação do
período se tornou insustentável em reestabelecer a ordem com o controle das revoltas
populares. Dessa forma, com o desequilíbrio do sistema feudal, os senhores passaram o
comando ao seu monarca. O declínio da Igreja se fortalecia com um conjunto de
questionamentos internos da instituição, perdendo legitimidade quando ampliou-se as
dificuldades de controle sobre os movimentos críticos-socias, chamados de heréticos
(críticos aos desmandos e opulência da igreja católica). Isso resultou na perda de
influência do líder papal, que até então detinha poder absoluto na Idade Média, tendo por
consequência o fortalecimento crescente do poder dos reis. Assim, inicia-se uma enorme
crise entre a Igreja e Monarcas, e uma crise estrutural na Igreja, coloquialmente chamado
de o ‘Grande Cisma’. Inicia-se uma nova fase – o Renascimento e Reforma Protestante.

O Renascimento, nada mais é que o ressurgimento do homem, resultado de um


longo processo iniciado na Idade Média Baixa. Tinha como princípios a liberdade de
iniciativa, a potencialidade do homem e a emancipação da riqueza e da abundância. Além
disso configurava três aspectos articulados ao conhecimento, o humanista, o
individualista e o racionalista – conectados com os ideários clássicos. Assim, surge uma
ideia secular e diferente do imaginário medievo, uma nova época mais progressista
politicamente. Esses aspectos, citados anteriormente, tinham como principal função
evidenciar a valorização e o desenvolvimento do humano – a exaltação do indivíduo. O
aspecto racionalista era o afastamento da teologia, estabelecendo uma nova ideia do saber
sem os preconceitos da Idade Média e era associado ao conhecimento, poder e lucro. Já
o aspecto humanitarista era uma proposta de programas educacionais e culturais distintas
da ideia cristã, em que o homem assume o lugar de Deus e está pronto a se tornar o centro
da sociedade moderna, tornando-se secular em perspectiva pública. O homem, passa a ser
o centro e produtor da história através do livre-arbítrio, renascendo.

A Reforma Protestante como vários processos citados acima, foi resultado de uma
inadequação da Igreja em produzir soluções em relação a reformas. O movimento
protestante, acaba por dividir cristãos e evangélicos e juntamente com a Contrarreforma
Católica dão as condições necessárias para o surgimento do mundo moderno. Os reis
retomavam a centralidade absoluta do poder, e as crises institucionais ligadas a Igreja
como a corrupção e nepotismo, riqueza do clero diminuía a credibilidade na instituição
pelos seus fiéis e colegiados, criticando a riqueza que violava os preceitos dos cristãos.

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Defendiam os reformistas a liberdade e consciência individual, liderados por Lutero e
Calvino, recebiam apoio maciço da população com a inaugurada imprensa – dos
campesinos que queriam o fim da opressão da Igreja; dos cidadãos urbanos e o envio de
dinheiro à Roma; e dos nobres e monarcas com o confisco das terras da Igreja. Os
monarcas ainda propiciavam proteção aos líderes da reforma, decisivo ao movimento.
Dessa forma, as autoridades eclesiásticas perdem qualquer jurisdição sobre poderes
políticos, estabelecendo um movimento do poderio aos monarcas que passam a deter o
poder supremo sobre os cidadãos.

Inaugura-se o mundo moderno, secular sob domínio dos Estados centrais e


soberanos. Outro movimento importante foi a Contrarreforma, ocorrendo muito por
consequência a necessidade de mudança na área latina da Europa, onde ainda detinha
certo poder. Usufruindo da Ordem dos Jesuítas, revitalizava a ideia da Igreja, além de
conceder ao sacerdote o poder do perdão. A Contrarreforma em seu todo, adotou medidas
radicais a protestantes, além de recursos coercitivos, como o Tribunal da Inquisição e
instrumentos de censura. Buscando manter seu poder político, buscou espaços em áreas
recém descobertas no mundo novo, militando e missionando nos novos espaços – aliando-
se a reis católicos e auxiliando no processo da centralização política do Estado Moderno,
sendo um elemento importante na formação dos Estados Europeus.

O nascimento do Estado Moderno, foi um processo complexo e uma construção


histórica difícil de ser concluída, mais inicia-se em torno do século XIII e conclui-se no
século XVII. Esse sistema de estados, inicia-se com a ruptura gradativa do sistema
socioeconômico feudal, onde o homem passa a ser visto como autossuficiente, de espírito
prático e motivado por interesses pessoais, impulsionado pela conquista de novas terras.
Quando se emancipa, o indivíduo está pronto em constituir o contrato – pacto político
entre os cidadãos. Desse modo, os três fatores que impulsionaram a formação do Estado
são a lura contra poderes locais/universais da religião como fonte de legitimidade;
constituição de monopólios estatais; e de delimitação territorial entre as pessoas do
Estado. Apesar do absolutismo muito forte em algumas partes da Europa, cria-se no
século XVI burocracias para barrar o poder real, como parlamentos, assegurando unidade
de interesses sobre a máquina administrativa, pelos homens. A igreja afasta-se das
decisões políticas nesse período de formação, passando a ser uma estrutura com
institucionalidade sem monopólio de violência.

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De fato, os Estados Modernos vão se tornando as poucos as principais unidades
políticas dessa nova história comum humana, e o requisito para isso era a ideia de
soberania, pois dentro de suas fronteiras o Estado era absoluto. Assim, o monarca passa
a ser a centralização do poder – unificado politicamente, além da concentração absoluta
de mando, dominando o território unificado. Assim, passa a ser a referência de todas
relações políticas no período, tanto interna quanto externa. Nesse sentido, desdobram-se
quatro aspectos:

a) Ideia de sentimento nacional: língua, ideia de partilhamento cultural e de história os


diferencia de outros povos dentro do território soberano, que “(...) pela mitificação do
corpo do rei, que se constituíam nas duas principais fontes de legitimidade, de unidade e
de identidade do Estado Moderno monárquico do período” (BEDIN, 2013, p.86).
b) Constituições de monopólios pelo Estado: da violência legítima, da distribuição da
justiça, da arrecadação dos tributos – resultado do processo de centralização e
concentração política. Assim, é após a especialização do aparelho administrativo que os
domínios públicos assumem o caráter de Estado.
c) Delimitação territorial do espaço ocupado pelo Estado moderno – ao fundar a
solidariedade de ordem territorial – constitui-se um objeto de uma só legislação,
fiscalidade e justiça.
d) Estado como comunidade humana – homogênea (estado-nação) ou heterogênea.
Partindo para os aspectos teóricos, um grande autor a especificar a esfera política
é Nicolau Maquiavel (1469-1527), um italiano que apesar do nome, carregava ideais da
renascença. No período de declínio das teorias da sociabilidade natural, o teórico vê no
homem, uma condição constitutiva de existência coletivo – passando a observação do
estado – menos com divino ou natural. Assim, a obra de Maquiavel se desenvolve na
Florença, Itália – de pequenas repúblicas e diversos principados. As obras de Maquiavel
são militantes, portando são resultado do processo que perpassa, em que deseja que o
‘Príncipe’ unifique o território com todo seu poder. Era um homem politizado e público,
trabalhando incansavelmente para o Estado. Sobre os questionamentos políticos, foi
torturado e exilado por mais de 10 anos, onde passa a exercer a incansável atividade
literária. Sobre suas obras, refletem-se na pessoa que era, polêmico – chamado de
maquiavélico, descrevia a realidade, onde seus ensinamentos passam a ser usados como
justificativas de ação de governantes tirânicos.

Sobre as especificidades do fenômeno político elaboradas por Maquiavel, passam


a ser o alicerce das reflexões políticas modernas, permitindo a emancipação da esfera
política das considerações morais das ideias religiosas. O príncipe, a obra mais

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proeminente do pensamento do autor, reata a salvação do Estado e sua liberdade nas ações
– onde os fins – da estabilidade do estado, passam a justificar os meios. Assim, a “(...)
separação radical entre política e moral corrente, e a polarização da autonomia da política
como a arte de governar” (BEDIN, 2013, p.100). Outro ponto é sobre o imoralismo de
Maquiavel é o realismo que o mesmo apresenta em suas abras sobre o Estado Moderno –
na qual se constitui um novo centro político, sobre a moral do cidadão e a construção do
Estado “(...) socialmente objetiva e centrada na especificidade do mundo político”
(BEDIN apud GRUPPI, 2013, p.101).

Outro autor de que nos prestigia com sua obra é Jean Bodin (1529-1596) – que
nos fornece um conceito atento sobre soberania, assim como formulações e reflexões
sobre os assuntos do Estado. Jurista rigoroso, preocupava-se com o problema religioso e
soberano do Estado, assim como do indivíduo – um sintético francês que devotou a vida
a publicar obras de cunho humanista sobre o Direito, publicando livros sobre princípios
universais do direito público. Passa mais de 15 anos publicando sobre a temática na sua
intensa vida prático-política intelectual. Desse modo, Bedin estrutura as contribuições de
Bodin em três momentos:

a) Estrutura e significado teórico da obra os seis livros da república – Bodin conceitua o


Estado como República (governo de variadas famílias a qual lhes é comum o poder
soberano). No livro, diferencia as formas de poder doméstica, cidadãos e estrangeiros,
vila e cidade além da República. Analisa os tipos de classes da República, suas principais
instituições e seus aspectos dinâmicos. Fornece ainda uma análise sobre o processo de
formação à crise da República além de fomentar questões de procedimentos a serem
adotados dentro do Estado em caso de crise, transformações sociais; além das ações
externas em caso de guerras, como gerir alianças e/ou tratados. Discute questões
monetárias e as formas legítimas de Repúblicas (Estado Popular, Aristocrático e Real).
Assim, Bodin desenvolve o que chamamos de Teoria Geral da Política, por detalhar os
aspectos do Estado e suas diversas funcionalidades, onde a centralidade da sua obra
concentra-se na soberania.
b) Já o significado histórico dos Seis Livros da República do autor marcou a centralização
de poder, principalmente na França – período de transição para o mundo moderno, de
crise onde a obra surge, reafirmando a necessidade do autor em considerar a soberania –
princípio fundamental dentro da República que pela sua autoridade dizia-se legítima de
conciliar interessas e trazer a paz na comunidade.
c) O conceito de soberania, então passa a ser o poder absoluto e perpétua da República.
Sobre as delegações do poder absoluto, há o direito de dar leis gerais e particular, declarar
guerra e negociar paz, nomear oficiais, julgar e conceder graças, instituir
moeda/pesos/medidas e cobrar impostos.
Por fim, mas não menos importante – Thomas Hobbes (1588-1679) e suas
afirmações sobre a justificativa de poder centralizado e suas implicações. O inglês se

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torna fundamental para compreender as implicações do período. “O mais surpreendente
teórico do Estado Moderno nascente – um contratualista absolutista –, símbolo do
absolutismo político – a soberania é una, indivisível e ilimitada –, o criador de um novo
modelo de sociedade e um autor polêmico, talentoso e fascinante” (BEDIN, 2013, p.113).
Racionalista lúcido e observador despretensioso, o Leviatã – sua obra histórica – era uma
analogia ao estado, ao qual busco compreender causas e finalidades numa perspectiva
realista. Assim, explica que o homem ao renunciar ao direito natural ao soberano através
de uma conveniência, busca seguridade através à obediência ao Leviatã. Um filosofo
político medroso, como se autodenominava, Hobbes passou por diversas crises em sua
vida e nos lugares que se encontrava; apesar do contato com a aristocracia inglesa, que
lhe possibilitou tempo para suas análises, acaba encontrando diversos percalços pelos
seus escritos críticos.

Após as reflexões sobre a projeção da moral e o Direito de forma geométrica, lida


com “(...) reflexões a respeito da natureza humana e sobre a origem, fundamento e
estrutura da sociedade política moderna nascente” (BEDIN, 2013, p.119). Sendo o
Leviatã a síntese de todas as obras do autor, essa rompe com a ideia de sociabilidade
natural do homem, estabelecendo um fundamento de poder entre os indevidos, um
consenso legitimado pelo contrato. Assim, Hobbes em seus escritos buscava a unificação
social – evitando a dissolução da Inglaterra, onde “(a) luta pela supremacia e pela unidade
do poder era uma condição indispensável na vida em sociedade” (BEDIN, 2013, p.120).
Essa unidade era contra a anarquia, onde através do contrato se assegurava os elementos
funcionais da sociedade civil – Estado e indivíduo. Desse modo, o Estado moderno nasce
com poder soberano, centralizado e absoluto – indivisível – mesmo que a violência para
conter a desintegração ocorra. O contrato, passa a ser uma necessidade interesseira dos
homens, que são maus por/pela natureza e iguais, tornando-se institivamente inimigos.
Nesse estado pré-político reina a insegurança, não há justiça nem moral, nem propriedade,
e que sobre a possibilidade de extinção da espécie, formalizam a sociedade política com
a celebração de um pacto, para defesa e segurança do grupo – ato jurídico-político, uma
ação de autopreservação. Ademais, Hobbes (...) produziu uma ruptura histórica
significativa, ao defender que a sociedade política é construída a partir de um artifício, de
algo construído deliberadamente pelo homem e conscientemente decidido em termos de
custos e benefícios” (BEDIN, 2013, p.129).

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