Primeira Igreja Batista do Rio de Janeiro
Estudo 1 – As cartas de Paulo – de Gálatas a Efésios
Atos 7.58-59; 8 e 9
1. Introdução
Iniciamos nesta oportunidade uma série de
estudos sobre quatro das cartas de Paulo,
especificamente aquelas enviadas aos
Gálatas, aos Efésios, aos Filipenses e aos
Colossenses. Para melhor compreender
esses textos bíblicos será importante
conhecer o seu autor e as circunstâncias
que o levaram a escrevê-los. É o que
faremos a seguir.
2. Saulo de Tarso
Sabemos que antes de se converter, Paulo
chamava-se Saulo (ou Saul). Nascido na
cidade de Tarso, localizada na região da
Cilícia, província romana, hoje território da
Turquia e da Síria, Saulo teve uma
educação completa dentro da cultura
judaica e grega. Tarso era a capital da
província e em termos de cultura grega,
era superada apenas por Atenas e
Alexandria. Quanto à sua formação cultural
Saulo teve acesso ao que havia de melhor.
Ele era versado na cultura grega, tanto em
filosofia quanto poesia e literatura.
Certamente lia e escrevia em grego e latim
além de hebraico, pois era judeu. Tarso
possuía uma colônia de judeus onde havia
pelo menos uma sinagoga. Saulo era
descendente da tribo de Benjamim. Talvez
isso explique porque recebeu o nome de
“Saul”, primeiro rei de Israel, que também
era da mesma tribo. Saulo era da seita dos
Fariseus tendo sido treinado e engajado
em todas as suas tradições. Sua educação
foi completa. Sendo filho de uma próspera
família tradicional de ortodoxos, Saulo
também foi educado em Jerusalém, na
escola do renomado mestre Gamaliel, por
um período no mínimo, de três a quatro
anos. O curioso é que seu pai, de alguma
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Elaborado por Lincoln A. A. Oliveira
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maneira, conseguiu a cidadania romana
que lhe foi transferida. É como temos hoje,
pessoas que possuem dupla nacionalidade
e até mesmo dois passaportes, um de cada
país a que pertencem, o que facilita sua
circulação em algumas viagens ao exterior.
Não se conhece a data do nascimento de
Saulo, mas sabe-se que por ocasião da
morte de Estevão, mártir cristão apedrejado
com seu consentimento (Atos 7.58-59),
Saulo é citado como sendo “jovem”.
3. De Saulo a Paulo
O apedrejamento de Estevão é ilustrativo
da perseguição que começava a acontecer
contra os primeiros cristãos em Jerusalém.
Saulo, jovem bem formado e zeloso de
suas convicções liderava esse movimento.
O texto de Atos 8.3 diz que ele assolava a
igreja. Entrando pelas casas dos crentes,
arrastava homens e mulheres, colocando-
os na prisão. Por que Saulo fazia isso ?
Seu ódio pelos cristãos era devido ao fato
dele acreditar que eles eram inimigos de
Deus e da religião. Cego pela sua ortodoxia
e zeloso, usou todo o seu talento e seu
preparo para tentar levar a destruição à
igreja. Como parte de sua missão e
possivelmente por sua iniciativa, consegue
autorização do Sinédrio para ir à Damasco
(Atos 9.2) prender homens e mulheres e
trazê-los presos à Jerusalém. Com isso,
Saulo ampliaria o território de suas ações
contra os cristãos, para além das fronteiras
da Cidade Santa.
Nessa jornada, em plena estrada, já perto
de Damasco, Saulo tem um encontro
pessoal com Jesus que o impacta de forma
tão poderosa que o derruba no chão, o faz
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identificar seu erro imediatamente, o deixa
cego por três dias e faz com que sua vida
mude imediatamente e de forma radical.
Agora, com o nome de Paulo, ele se
transforma do perseguidor de cristãos no
apóstolo que levaria o cristianismo aos
gentios alcançando vasto território do
mundo da época. Sua prontidão em mudar
é uma lição para muitos. Confrontado com
seu engano teve a coragem de romper
com seu presente de erros redirecionando
todas as suas qualificações, disposição,
energias, ideais, conhecimento,
habilidades, talentos e zelo para a nova
causa do Evangelho que acabara de
abraçar.
4. O grande missionário
Após sua conversão, a despeito de suas
iniciativas, Paulo não consegue de
imediato realizar sua nova missão de
anunciar o evangelho. Ele, na realidade,
até passa a ser perseguido pelos seus
antigos aliados. Nos dez ou mais anos
seguintes, sua imagem de perseguidor da
igreja é progressivamente trocada para
uma nova, a de servo e apóstolo de Jesus,
disposto até mesmo a dar a sua vida pela
causa do Mestre o que efetivamente
acontece anos mais tarde.
O historiador e médico Lucas nos informa
que Paulo realizou três grandes viagens
missionárias sendo a primeira delas, entre
48 e 50 D.C. partindo de Antioquia na
Síria. Após essa primeira viagem, Paulo
participa do Concílio de Jerusalém. Nesta
ocasião, a ideia de que os novos cristãos
gentios precisavam aceitar e seguir as
tradições judaicas para serem cristãos, é
tratada. Esse tema, de caráter herético,
passa a ser abordado também em diversas
das cartas que Paulo escreveria mais tarde
às igrejas com as quais se relacionou.
Entre 51 e 53 D.C. Paulo inicia sua
segunda viagem missionária e entre 54 e
57 D.C. realiza a terceira. Em todas elas,
Paulo foi acompanhado por outros
companheiros que com ele juntaram
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esforços na pregação do evangelho e na
criação de dezenas de igrejas.
O impacto do trabalho de Paulo é sentido
até hoje. O evangelho não se restringiu à
Jerusalém, Judéia ou Sumária mas foi
espalhado aos confins da terra. Não ficou
restrito à cultura dos judeus mas
atravessou barreiras, culturas e fronteiras
chegando às novas terras e povos,
atravessando séculos e chegando até os
nossos dias.
5. O motivo das cartas
Como resultado de suas viagens Paulo
fundou igrejas e influenciou muitas
pessoas. Questões diversas foram surgindo
ao longo do tempo o que ensejou o
apóstolo a escrever cartas, cujos temas
versaram sobre reprovação, encorajamento
e instrução, especialmente quanto a
questões doutrinárias. Treze dessas
tornaram-se livros do Novo Testamento e
dentre as quais quatro, serão estudadas na
presente série. Essas cartas ou epístolas
foram escritas em grego, língua usada na
diplomacia e no comércio pelos povos
educados do primeiro século. Isso permitiu
que as mensagens nelas contidas
pudessem ser mais bem transmitidas e
entendidas por todos. O fato de Paulo ter
tido uma boa formação cultural, incluindo
ter o domínio da língua grega, permitiu que
Deus usasse isso para comunicar de forma
plena o evangelho através do apóstolo seja
pessoalmente em suas viagens, seja
através dos seus textos.
Rogamos a Deus para que o estudo dessas
cartas possa nos trazer maior entendimento
sobre os tempos da igreja cristã primitiva,
suas dificuldades e suas questões, muitas
delas, ainda presentes nos dias de hoje.
Bibliografia: “The People’s New
Testament – Introduction to the Epistles of Paul”
por B. W. Johnson (1891). Department of
Religious Studies - Memorial University of
Newfoundland, Canada
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