SOCIEDADE DOS INDIVÍDUOS – comum, assim, uma espécie de
NORBERT ELIAS
I. O CONCEITO DE SOCIEDADE
Quanto à formação da sociedade têm-se
modelos diferentes e distintos entre os
cientistas e interessados do assunto. Elias
se limita a exemplar dois modelos
conceituais:
 Aquele que aborda a sociedade como
formações sócio-históricas concebidas,
planejadas e criadas por diversos
indivíduos ou organismos. Um modelo
conceitual de criação racional e
deliberada por pessoas individuais. A
sociedade deste ponto de vista foi
produzida por pessoas isoladas para fins
específicos sendo. Os adeptos deste
modelo explicam os fenômenos e as
estruturas da sociedade através do
indivíduo, mas não apresentam
respostas quando questionados sobre o
estilo artístico e o processo civilizador,
por exemplo.
 Em contrapartida, existe um outro modelo
conceitual (extraído das ciências naturais
- biologia) em que o indivíduo não
apresenta papel algum. A sociedade, por
sua vez, é concebida como uma entidade
orgânica supra-individual que avança
inelutavelmente para o desaparecimento,
atravessando etapas de juventude,
maturidade e velhice. Uma abordagem
que tenta explicar as formações e
processos históricos e sociais pela
influencias de forças fora do indivíduo,
mas que são anônimas. Este modelo de
pensamento mistura-se facilmente com
os modos de religião e metafísicos. É
panteísmo histórico: um espírito do
mundo ou até o próprio Deus que se
encarna num mundo histórico em
movimento e serve de explicação para a
sua ordem, periodicidade e
intencionalidade. Na mesma teoria,
podem-se também imaginar as formas
sociais especificas habitadas por uma
espécie de espírito supra-individual
comum.
Nestes dois modelos conceituais tem-se
destacar respectivamente:
 O centro do interesse e de qualquer
fenômeno são as ações individuais,
entretanto, existe uma ligação obscura
entre os atos e objetivos individuais e as
formações socais.
 Os estilos e as formas culturais, ou as
formas e instituições econômicas
merecem mais atenção que as ações
individuais. Nesta tem-se a dificuldade de
vincular as forcas produtivas das
formações sociais às metas e atos dos
indivíduos. Ou seja, estas forças
produtivas surgem de quem? A resposta
deste conceito é: surgem como
anonimamente mecânicas ou como
forças supra-individuais baseadas em
modelos panteístas.
II. O CONCEITO DE INDIVIDUO
Se as teorias para a formação da sociedade
apresentam conflitos entre os teóricos, o
conceito de indivíduo não escapa a esta
regra. Existem dificuldades em sua
definição entre alguns teóricos:
 Existem ramos de pesquisas que tratam história que segue um curso não pretendido
o indivíduo como algo singular que pode ou planejado por qualquer indivíduo.
ser isolado, buscando elucidar suas
funções psicológicas como
independentes de suas relações com os III. RELAÇÃO INDIVIDUO E SOCIEDADE
demais indivíduos. Isto é, o indivíduo é
Para iniciar o estudo da relação entre
agente ativo da construção da sociedade
indivíduo e sociedade Norbert Elias usa um
e sua subjetividade é natural, inerente.
simples modelo dado por Aristóteles (este
Individuo como aparato biológico.
usa a figura de uma casa e de tijolos) e a
 Correntes da psicologia social ou de
teoria da Gestalt, Desta maneira, Elias
massa - não conferem nenhum lugar
propõe seus primeiros argumentos:
apropriado às funções psicológicas do
indivíduo singular, atribui as formações
 Não se pode compreender a estrutura
sociais uma independência dos atos
pela contemplação isolada de seus
individuais. As estruturas sociais
elementos.
possuem características próprias e
 Não se pode compreender a estrutura
independentes do indivíduo singular,
como uma unidade somatória de
podendo entrar também no conceito de
acumulação de indivíduos, fazendo uma
que a totalidade é o somatório ou
analise estatística das características de
acumulação de funções psicológicas dos
cada indivíduo e depois calculando a
indivíduos que a constituem.
média.
Estas diferenças em que ora indivíduo ora  A totalidade é diferente do conjunto de
sociedade se mostra como importantes um elementos isolados;
em relação ao outro, demonstram uma certa  A totalidade incorpora leis de tipo
separação de indivíduo e sociedade (pelo especial, também pode criar suas
menos nos modelos conceituais); mas ao próprias leis, independentes dos
contrario disso não há como negar que os elementos que a compõem;
indivíduos formam a sociedade ou de que a
De acordo, com Elias diferentes exemplos,
sociedade é uma sociedade de indivíduos,
podem elucidar esta teoria aonde as
portanto, na realidade não existe nenhum
unidades de potência menor - dão origem a
abismo entre indivíduo e sociedade. O que
uma unidade de potência maior que não
existe é a falta de modelos conceituais e de
poder ser compreendida quando suas
uma visão global para relatar a realidade e
partes são consideradas em isolamento,
para compreender de que modo um grande
independente de suas relações, tais como:
número de indivíduos compõe entre si algo
as notas musicais e a melodia; os sons e as
que maior, diferente de uma coleção de
palavras; as palavras e as frases; as frases
indivíduos isolados. Faltam modelos
e os livros. Se por um lado à problemática
conceituais para informar como os
estava entre o indivíduo e sociedade em
indivíduos formam um a sociedade e como
termos de importância, agora indivíduo e
a sociedade pode se modificar, ter uma
 sociedade se vêem novamente na relação
entre meio e finalidade.
 Algumas correntes teóricas afirmam que
a sociedade e suas manifestações
(divisão do trabalho, organização do
Estado) são apenas "meios" para o bem-
estar dos indivíduos, isto é, a sociedade
é um meio para as necessidades
individuais.
 Outras pelo contrario, argumentam que o
indivíduo é o "meio" para se atingir a
manutenção da unidade social de que ele
faz parte, sendo assim o bem-estar dos
indivíduos é menos importante que as
exigências sociais.
Segundo Elias, sociedade e indivíduo são
na realidade compatíveis: Uma ordem
social que permite uma harmonia entre as
necessidades individuais e as exigências
sociais são possíveis de andar juntas. Uma
vez que, só pode haver uma vida
comunitária mais livre de problemas sociais
se todos os indivíduos gozarem de
satisfação suficiente; e só pode haver uma
existência individual mais satisfatória se a
estrutura social for mais livre de problemas
sociais. O autor também aproveita para
novamente criticar a falta de modelos
conceituais que expressem a realidade,
afirmando que os projetos atualmente
oferecidos para as dificuldades na relação
indivíduo e sociedade obscurecem mais do
que esclarecem, quando não são dotados
de cargas valorativas e afetivas e
geralmente solucionam um destes
elementos em detrimento do outro. Usam
uma tomada de posição a favor de um lado
ou de outro. Observando em um nível mais
profundo e sem valores vê-se que a
sociedade e indivíduos não existem um sem
o outro e ainda que existem de um modo
desprovido de objetivos: o indivíduo na
companhia de outros e a sociedade como
uma sociedade de indivíduos. A sociedade
não é um fim planejado por indivíduos para
o seu bem-estar ou ainda que os indivíduos
são colocados em uma sociedade por uma
forca maior e suprema, com o objetivo de
dar manutenção e cumprir as exigências
sociais. Em outras palavras, os indivíduos
não se agrupam, planejadamente, com a
finalidade de formar uma sociedade, está se
deu através das relações e funções dos
indivíduos como veremos a seguir. A
sociedade não é uma estrutura deliberada
de indivíduos racionais, entretanto é o
material onde as pessoas estabelecem
seus objetivos e não há outros objetivos
senão o que estabelecem. Aqui Elias
derruba o argumento de um ser supra-
individual que ordena a sociedade e o
comportamento dos indivíduos.
IV. O QUESTIONAMENTO SOBRE O
TERMO "TODO" PARA DEFINIR
SOCIEDADE
O termo "todo" é muitas vezes relacionado
à sociedade. Semanticamente o termo pode
ser analisado como algo mais ou menos
harmonioso ou ainda como alguma coisa
completa em si de uma formação de
contornos nítidos, de uma forma perceptível
e uma estrutura discernível e mais ou
menos visível. No entanto a vida social dos
seres humanos é repleta de contradições,
tensões e explosões, as sociedades não
têm essa forma perceptível e não possuem
estruturas passíveis de serem vistas,
 ouvidas ou diretamente tocadas no espaço.  rede de funções no interior das
Consideradas como totalidade são sempre associações humanas;
mais ou menos incompletas, continuam em  rede funcional complexa e altamente
aberto na esfera temporal em direção ao diferenciada.
passado e ao futuro. O termo "todo", agora,
Elias chama atenção para sobre os
certamente parece deslocado, ao menos se
seguintes pontos:
seu sentido for determinado exclusivamente
por uma visão de estruturas estáticas ou
1) Em cada associação de seres humanos,
especialmente fechadas. contudo se
este contexto funcional tem uma estrutura
relacionarmos o termo "todo" com uma
muito especifica. 2) A sociedade não é a
ordem oculta de relações e funções (uma
criação de indivíduos particulares, pois cada
rede humana onde as pessoas estão
indivíduo faz parte dela, é representante de
presas) que não pode ser vistas e que
uma função que só é formada e mantida em
influencia os indivíduos; este termo passa a
relação a outras funções; as quais só
se encaixar com a relação indivíduo e
podem ser entendidas em termos da
sociedade. Na relação individuo e
estrutura especifica e das tensões
sociedade existe uma ordem invisível que
especificas desse contexto total. 3) A ordem
oferece ao indivíduo uma gama mais ou
invisível onde são introduzidos os objetivos
menos restrita de funções e modos de
individuais não deve sua origem a uma
comportamentos possíveis. Por
simples soma de vontades ou a uma
nascimento, o indivíduo se encontra
decisão comum de muitas pessoas
inserido num complexo funcional de
individuais; mas a uma ligação funcional
estrutura bem definida, deve conformar-se a
que emergiu, gradativamente das cadeias
ele, moldar-se de acordo com ele e, talvez,
de funções relativamente simples do inicio
desenvolver-se mais com base nele. Até
da Idade Média.
sua liberdade de escolha entre as funções
preexistentes é bastante limitada. Depende
Para Elias cada pessoa esta presa em
largamente do ponto que ele nasce e cresce
dependência funcional de outras. A
na teia humana, das funções e da situação
sociedade é a rede de funções que as
de seus pais e, escolarização que recebe.
pessoas desempenham umas em relação a
Assim pode-se ver que as pessoas estão
outras. Suas estruturas são estruturas
ligadas por laços de trabalho e propriedade
sociais e suas leis, leis sociais ou
e também de instintos e afetos.
regularidades sociais que lhe são próprias e
autônomas das relações entre indivíduos.
Para se entender a sociedade é necessário
V. A DEFINICAO DE SOCIEDADE
pensar em termos de relações e funções. O
SOCIEDADE como: modo como os indivíduos se comportam é
determinado por suas relações passadas ou
 rede de dependências; presentes com outras pessoas.
 tecido de relações movéis;
 cresce e vive. Ao nascer o individuo pode
VI. O PROCESSO DE DIFERENCIACAO - ser diferente conforme sua constituição
INDIVIDUALIDADE natural, mas é apenas na sociedade que a
criança se transforma num ser mais
Elias ironicamente exemplificando usa do
complexo, somente na relação com outros
mito de origem da criação onde o primeiro
seres humanos é que a criança se
ser humano é um adulto: Adão. Assim,
transforma em uma pessoa
lança as bases principais para o
psicologicamente desenvolvida que tem
desenvolvimento da individualidade nos
caráter de um individuo. Separada destas
indivíduos: todo indivíduo nasce num grupo
relações evolui para uma condição de um
de pessoas que já existiam antes dele,
animal semi-selvagem. Somente em grupo
como também precisa de outras pessoas
o ser humano aprende a fala a articulada, a
para crescer. Uma das condições
sagacidade e o controle dos instintos. Esta
fundamentais da existência humana é a
historia e essa rede humana estão
presença simultânea de diversas pessoas
presentes nele e são representadas por ele,
inter-relacionadas, contrariando o gênese
quer ele esteja de fato em relação com
bíblico. A relação indivíduo e sociedade
outras pessoas ou sozinho, quer trabalhe
torna-se mais clara à medida que se inclui o
ativamente numa grande cidade ou seja um
processo de individualização. A historia de
naufrago numa ilha a mil milhas de sua
cada indivíduo, o fenômeno de seu
sociedade. A individualidade só é possível
crescimento até a idade adulta é a chave
para a pessoa que cresce num grupo, numa
para a compreensão do que se trata esta
sociedade. A individualidade nunca
totalidade, que é a sociedade. A criança
depende exclusivamente da constituição
precisa de uma modelagem social para se
biológicas ou psíquicas, mas sempre da
transformar em um ser individualizado e
natureza das relações entre ela e as outras
complexo, a individualidade do adulto só
pessoas, depende de todo o processo de
pode ser entendida em termos das relações
individualização. A formação individual de
que lhe são postas pelo destino e pela sua
cada pessoa, depende da evolução
conexão com a estrutura da sociedade em
histórica do padrão social, da estrutura das
que ele cresceu. A sociabilidade inerente
relações humanas, não depende apenas de
aos seres humanos só se evidencia quando
sua constituição natural, mas de todo o
se tem presente o que significam as
processo de individualização.
relações com outras pessoas para a criança
pequena. A criança nasce com interesse
social "tem um lugar socialmente designado
VII. AS PRESSOES E INFLUENCIAS DA
moldado pela estrutura especifica da rede
SOCIEDADE PARA A FORMAÇÃO DO
humana em questão" página 31 parágrafo
INDIVIDUO.
2. O individuo adquire sua marca individual
a partir da historia das relações sociais e "Estou aqui, inteiramente só; todos os
dependências num contexto mais amplo, da outros estão lá, fora de mim; e cada um
historia de toda a rede humana em que deles segue seu caminho, tal como eu, com
um eu interior que é seu eu verdadeiro, seu
puro"eu", e uma roupagem externa, suas
relações com as outras pessoas." Pagina 33
Na frase acima se pode destacar o conflito
no interior do individuo, em sua consciência
mantendo a idéia de que ele é um ser
separado dos demais, diferentemente da
realidade. A diferenciação de um individuo
se dá em relação ao outro e o que é mais
essencial a ele, seu "eu" interior é produto
de suas relações sociais. Estas tensões e
conflitos na consciência do individuo são
produtos da influencia e pressão da rede
humana em sua consciência. Como já foi
dito, a rede humana impõe e determina ao
individuo um determinado comportamento
dependendo de sua posição e de sua
função na rede.
"Por nascimento, o indivíduo se encontra
inserido num complexo funcional de
estrutura bem definida, deve conformar-se a
ele, moldar-se de acordo com ele e, talvez,
desenvolver-se mais com base nele. Até
sua liberdade de escolha entre as funções
preexistentes é bastante limitada. Depende
largamente do ponto que ele nasce e cresce
na teia humana, das funções e da situação
de seus pais e, escolarização que recebe".
Os indivíduos se sentem muitas vezes
sentem dificuldade ao se moldar à rede. O
sentimento de manter sua posição e função
na sociedade deve predominar sobre sua
verdadeira natureza, o individuo entre
outras palavras precisa de moldagem social
para se manter em sociedade. Muitos
conflitos se dão na juventude aonde os
jovens são expostos a toda a sorte de
conhecimentos e informações e não podem
ou não servem na maioria das vezes na sua
posição, função e limitação da vida adulta
ou na competição dos grupos sociais. A
sociedade limitada suas faculdades
psíquicas, vontades, idéias, desejos,
objetivos a sua relação com as outras
pessoas e a sua historicidade. O
autocontrole psíquico e seu caráter
individual assume a forma que lhe é
especifica dentro e através de relações com
os outros. O individuo cresce dentro de uma
rede de pessoas que existiam antes dele
para uma rede que ele ajuda a formar,
aquilo que lhe é inteiramente próprio é um
produto de suas relações com os outros. a
"essência pessoal", o seu "eu" formam-se
do entrelaçamento continuo de
necessidades, num desejo e realização
constantes, numa alternância de dar e
receber. As idéias, convicções, afetos,
necessidades e traços de caráter são
produzidos no individuo mediante a
interação com os outros. é a ordem dessas
relações constantes que determina a
natureza e a forma do ser humano
individual.
VIII. A DISTINÇÃO ENTRE CORPO E
ALMA
Os comportamentos psíquicos (mente,
alma, razão, sentimento, consciência,
instinto, ego ou id) não são algo
simplesmente dados por natureza. Eles só
ocorrem no ser humano quando este cresce
- criança - num grupo, numa sociedade de
pessoas; emerge do entrelaçamento das
relações entre pessoas. É produto de um
processo sócio-histórico, de uma
transformação da estrutura da vida
comunitária. São funções quês e dirigem
constantemente para outras pessoas e
coisas, são formas particulares de auto-
regulação da pessoa em relação a outras
pessoas.
Organismo humano
Estas funções são diferentes, mas são
também interdependentes; trará-se da
antiga distinção entre corpo e alma. O ser
humano, segundo Elias, em suas próprias
palavras:
"por natureza, ele é feito de maneira a poder
e necessitar estabelecer relações com
outras pessoas e coisas".
O ser humano possui a auto-regulação
psicológica em relação ao semelhante. Um
aparato que fornece maior flexibilidade,
maior capacidade de se adaptar a tipos
mutáveis de relacionamentos,
maleabilidade e mobilidade para suas
relações. O homem é um ser social,
dependente da companhia de outras
pessoas., por natureza, possui funções para
a mobilidade social. As funções psíquicas
de uma pessoa não podem ser deduzidas
unicamente de sua constituição hereditária,
elas se constituem conjuntamente com
outras pessoas da estrutura da sociedade
em que o individuo cresce. A auto-
regulação humana esta livre dos
mecanismos hereditários, esta auto-
regulacao permite um grau de moldagem
social: uma estrutura de comportamento em
relação com os outros. As estruturas da
psique humana, as estruturas da sociedade
humana e a estrutura da história humana
são complementares, só podendo ser
estudadas em conjunto. Pelo simples fato
dos seres humanos estarem mais livre dos
mecanismos hereditário em seu
comportamento, ao configurarem suas
relações entre si e com o resto do mundo, o
entrelaçamento de suas atividades dá
origem a leis e estruturas de um tipo
especial. Adicionam-se na rede,
mecanismos automáticos de mudança,
transformações históricas (com origem fora
da hereditariedade). O entrelaçamento dos
atos, necessidades, idéias e impulsos de
muitas pessoas dá origem a estruturas e
transformações estruturais numa ordem e
direção especificas que não são
simplesmente "animais", "naturais"; nem
tampouco "racionais" ou 'irracionais ", mas
sociais. Deve-se partir da estrutura das
relações entre os indivíduos para
compreender a "psique"da pessoa singular.
A função da sociedade é modelar indivíduos
diferenciados e regulados por meios
humanos na relação com outros seres
humanos. O ser humano possui um aparato
biológico e um aparato social para o
ajustamento social onde se tornara
humano. A criança, portanto, é um produto
de uma dimensão natural e uma dimensão
social. A diferenciação e moldagem são
determinadas pela estrutura social e
convívio com outras pessoas, diferenciam-
se de maneira a dar origem a uma forma
especifica. A moldagem social funciona
para que o convívio som as outras pessoas
diante da sua posição e função na rede de
interdependências.
SOCIEDADE DOS INDIVÍDUOS –
NORBERT ELIAS
I. O CONCEITO DE SOCIEDADE
 Quanto à formação da sociedade têm-se
modelos diferentes e distintos entre os
cientistas e interessados do assunto. Elias
se limita a exemplar dois modelos
conceituais:
 Aquele que aborda a sociedade como
formações sócio-históricas concebidas,
planejadas e criadas por diversos
indivíduos ou organismos. Um modelo
conceitual de criação racional e
deliberada por pessoas individuais. A
sociedade deste ponto de vista foi
produzida por pessoas isoladas para fins
específicos sendo. Os adeptos deste
modelo explicam os fenômenos e as
estruturas da sociedade através do
indivíduo, mas não apresentam
respostas quando questionados sobre o
estilo artístico e o processo civilizador,
por exemplo.
 Em contrapartida, existe um outro modelo
conceitual (extraído das ciências naturais
- biologia) em que o indivíduo não
apresenta papel algum. A sociedade, por
sua vez, é concebida como uma entidade
orgânica supra-individual que avança
inelutavelmente para o desaparecimento,
atravessando etapas de juventude,
maturidade e velhice. Uma abordagem
que tenta explicar as formações e
processos históricos e sociais pela
influencias de forças fora do indivíduo,
mas que são anônimas. Este modelo de
pensamento mistura-se facilmente com
os modos de religião e metafísicos. É
comum, assim, uma espécie de
panteísmo histórico: um espírito do
mundo ou até o próprio Deus que se
encarna num mundo histórico em
movimento e serve de explicação para a
sua ordem, periodicidade e
intencionalidade. Na mesma teoria,
podem-se também imaginar as formas
sociais especificas habitadas por uma
espécie de espírito supra-individual
comum.
Nestes dois modelos conceituais tem-se
destacar respectivamente:
 O centro do interesse e de qualquer
fenômeno são as ações individuais,
entretanto, existe uma ligação obscura
entre os atos e objetivos individuais e as
formações socais.
 Os estilos e as formas culturais, ou as
formas e instituições econômicas
merecem mais atenção que as ações
individuais. Nesta tem-se a dificuldade de
vincular as forcas produtivas das
formações sociais às metas e atos dos
indivíduos. Ou seja, estas forças
produtivas surgem de quem? A resposta
deste conceito é: surgem como
anonimamente mecânicas ou como
forças supra-individuais baseadas em
modelos panteístas.
II. O CONCEITO DE INDIVIDUO
Se as teorias para a formação da sociedade
apresentam conflitos entre os teóricos, o
conceito de indivíduo não escapa a esta
regra. Existem dificuldades em sua
definição entre alguns teóricos:
 Existem ramos de pesquisas que tratam
o indivíduo como algo singular que pode
ser isolado, buscando elucidar suas
funções psicológicas como
independentes de suas relações com os
demais indivíduos. Isto é, o indivíduo é
 agente ativo da construção da sociedade
e sua subjetividade é natural, inerente.
Individuo como aparato biológico.
 Correntes da psicologia social ou de
massa - não conferem nenhum lugar
apropriado às funções psicológicas do
indivíduo singular, atribui as formações
sociais uma independência dos atos
individuais. As estruturas sociais
possuem características próprias e
independentes do indivíduo singular,
podendo entrar também no conceito de
que a totalidade é o somatório ou
acumulação de funções psicológicas dos
indivíduos que a constituem.
Estas diferenças em que ora indivíduo ora
sociedade se mostra como importantes um
em relação ao outro, demonstram uma certa
separação de indivíduo e sociedade (pelo
menos nos modelos conceituais); mas ao
contrario disso não há como negar que os
indivíduos formam a sociedade ou de que a
sociedade é uma sociedade de indivíduos,
portanto, na realidade não existe nenhum
abismo entre indivíduo e sociedade. O que
existe é a falta de modelos conceituais e de
uma visão global para relatar a realidade e
para compreender de que modo um grande
número de indivíduos compõe entre si algo
que maior, diferente de uma coleção de
indivíduos isolados. Faltam modelos
conceituais para informar como os
indivíduos formam um a sociedade e como
a sociedade pode se modificar, ter uma
história que segue um curso não pretendido
ou planejado por qualquer indivíduo.
III. RELAÇÃO INDIVIDUO E SOCIEDADE
Para iniciar o estudo da relação entre
indivíduo e sociedade Norbert Elias usa um
simples modelo dado por Aristóteles (este
usa a figura de uma casa e de tijolos) e a
teoria da Gestalt, Desta maneira, Elias
propõe seus primeiros argumentos:
 Não se pode compreender a estrutura
pela contemplação isolada de seus
elementos.
 Não se pode compreender a estrutura
como uma unidade somatória de
acumulação de indivíduos, fazendo uma
analise estatística das características de
cada indivíduo e depois calculando a
média.
 A totalidade é diferente do conjunto de
elementos isolados;
 A totalidade incorpora leis de tipo
especial, também pode criar suas
próprias leis, independentes dos
elementos que a compõem;
De acordo, com Elias diferentes exemplos,
podem elucidar esta teoria aonde as
unidades de potência menor - dão origem a
uma unidade de potência maior que não
poder ser compreendida quando suas
partes são consideradas em isolamento,
independente de suas relações, tais como:
as notas musicais e a melodia; os sons e as
palavras; as palavras e as frases; as frases
e os livros. Se por um lado à problemática
estava entre o indivíduo e sociedade em
termos de importância, agora indivíduo e
sociedade se vêem novamente na relação
entre meio e finalidade.
 Algumas correntes teóricas afirmam que
a sociedade e suas manifestações
(divisão do trabalho, organização do
 Estado) são apenas "meios" para o bem-
estar dos indivíduos, isto é, a sociedade
é um meio para as necessidades
individuais.
 Outras pelo contrario, argumentam que o
indivíduo é o "meio" para se atingir a
manutenção da unidade social de que ele
faz parte, sendo assim o bem-estar dos
indivíduos é menos importante que as
exigências sociais.
Segundo Elias, sociedade e indivíduo são
na realidade compatíveis: Uma ordem
social que permite uma harmonia entre as
necessidades individuais e as exigências
sociais são possíveis de andar juntas. Uma
vez que, só pode haver uma vida
comunitária mais livre de problemas sociais
se todos os indivíduos gozarem de
satisfação suficiente; e só pode haver uma
existência individual mais satisfatória se a
estrutura social for mais livre de problemas
sociais. O autor também aproveita para
novamente criticar a falta de modelos
conceituais que expressem a realidade,
afirmando que os projetos atualmente
oferecidos para as dificuldades na relação
indivíduo e sociedade obscurecem mais do
que esclarecem, quando não são dotados
de cargas valorativas e afetivas e
geralmente solucionam um destes
elementos em detrimento do outro. Usam
uma tomada de posição a favor de um lado
ou de outro. Observando em um nível mais
profundo e sem valores vê-se que a
sociedade e indivíduos não existem um sem
o outro e ainda que existem de um modo
desprovido de objetivos: o indivíduo na
companhia de outros e a sociedade como
uma sociedade de indivíduos. A sociedade
não é um fim planejado por indivíduos para
o seu bem-estar ou ainda que os indivíduos
são colocados em uma sociedade por uma
forca maior e suprema, com o objetivo de
dar manutenção e cumprir as exigências
sociais. Em outras palavras, os indivíduos
não se agrupam, planejadamente, com a
finalidade de formar uma sociedade, está se
deu através das relações e funções dos
indivíduos como veremos a seguir. A
sociedade não é uma estrutura deliberada
de indivíduos racionais, entretanto é o
material onde as pessoas estabelecem
seus objetivos e não há outros objetivos
senão o que estabelecem. Aqui Elias
derruba o argumento de um ser supra-
individual que ordena a sociedade e o
comportamento dos indivíduos.
IV. O QUESTIONAMENTO SOBRE O
TERMO "TODO" PARA DEFINIR
SOCIEDADE
O termo "todo" é muitas vezes relacionado
à sociedade. Semanticamente o termo pode
ser analisado como algo mais ou menos
harmonioso ou ainda como alguma coisa
completa em si de uma formação de
contornos nítidos, de uma forma perceptível
e uma estrutura discernível e mais ou
menos visível. No entanto a vida social dos
seres humanos é repleta de contradições,
tensões e explosões, as sociedades não
têm essa forma perceptível e não possuem
estruturas passíveis de serem vistas,
ouvidas ou diretamente tocadas no espaço.
Consideradas como totalidade são sempre
mais ou menos incompletas, continuam em
aberto na esfera temporal em direção ao
passado e ao futuro. O termo "todo", agora,
certamente parece deslocado, ao menos se
 seu sentido for determinado exclusivamente
por uma visão de estruturas estáticas ou
especialmente fechadas. contudo se
relacionarmos o termo "todo" com uma
ordem oculta de relações e funções (uma
rede humana onde as pessoas estão
presas) que não pode ser vistas e que
influencia os indivíduos; este termo passa a
se encaixar com a relação indivíduo e
sociedade. Na relação individuo e
sociedade existe uma ordem invisível que
oferece ao indivíduo uma gama mais ou
menos restrita de funções e modos de
comportamentos possíveis. Por
nascimento, o indivíduo se encontra
inserido num complexo funcional de
estrutura bem definida, deve conformar-se a
ele, moldar-se de acordo com ele e, talvez,
desenvolver-se mais com base nele. Até
sua liberdade de escolha entre as funções
preexistentes é bastante limitada. Depende
largamente do ponto que ele nasce e cresce
na teia humana, das funções e da situação
de seus pais e, escolarização que recebe.
Assim pode-se ver que as pessoas estão
ligadas por laços de trabalho e propriedade
e também de instintos e afetos.
V. A DEFINICAO DE SOCIEDADE
SOCIEDADE como:
 rede de dependências;
 tecido de relações movéis;
 rede de funções no interior das
associações humanas;
 rede funcional complexa e altamente
diferenciada.
Elias chama atenção para sobre os
seguintes pontos:
1) Em cada associação de seres humanos,
este contexto funcional tem uma estrutura
muito especifica. 2) A sociedade não é a
criação de indivíduos particulares, pois cada
indivíduo faz parte dela, é representante de
uma função que só é formada e mantida em
relação a outras funções; as quais só
podem ser entendidas em termos da
estrutura especifica e das tensões
especificas desse contexto total. 3) A ordem
invisível onde são introduzidos os objetivos
individuais não deve sua origem a uma
simples soma de vontades ou a uma
decisão comum de muitas pessoas
individuais; mas a uma ligação funcional
que emergiu, gradativamente das cadeias
de funções relativamente simples do inicio
da Idade Média.
Para Elias cada pessoa esta presa em
dependência funcional de outras. A
sociedade é a rede de funções que as
pessoas desempenham umas em relação a
outras. Suas estruturas são estruturas
sociais e suas leis, leis sociais ou
regularidades sociais que lhe são próprias e
autônomas das relações entre indivíduos.
Para se entender a sociedade é necessário
pensar em termos de relações e funções. O
modo como os indivíduos se comportam é
determinado por suas relações passadas ou
presentes com outras pessoas.
VI. O PROCESSO DE DIFERENCIACAO -
INDIVIDUALIDADE
Elias ironicamente exemplificando usa do
mito de origem da criação onde o primeiro
ser humano é um adulto: Adão. Assim,
lança as bases principais para o
desenvolvimento da individualidade nos
indivíduos: todo indivíduo nasce num grupo
de pessoas que já existiam antes dele,
como também precisa de outras pessoas
para crescer. Uma das condições
fundamentais da existência humana é a
presença simultânea de diversas pessoas
inter-relacionadas, contrariando o gênese
bíblico. A relação indivíduo e sociedade
torna-se mais clara à medida que se inclui o
processo de individualização. A historia de
cada indivíduo, o fenômeno de seu
crescimento até a idade adulta é a chave
para a compreensão do que se trata esta
totalidade, que é a sociedade. A criança
precisa de uma modelagem social para se
transformar em um ser individualizado e
complexo, a individualidade do adulto só
pode ser entendida em termos das relações
que lhe são postas pelo destino e pela sua
conexão com a estrutura da sociedade em
que ele cresceu. A sociabilidade inerente
aos seres humanos só se evidencia quando
se tem presente o que significam as
relações com outras pessoas para a criança
pequena. A criança nasce com interesse
social "tem um lugar socialmente designado
moldado pela estrutura especifica da rede
humana em questão" página 31 parágrafo
2. O individuo adquire sua marca individual
a partir da historia das relações sociais e
dependências num contexto mais amplo, da
historia de toda a rede humana em que
cresce e vive. Ao nascer o individuo pode
ser diferente conforme sua constituição
natural, mas é apenas na sociedade que a
criança se transforma num ser mais
complexo, somente na relação com outros
seres humanos é que a criança se
transforma em uma pessoa
psicologicamente desenvolvida que tem
caráter de um individuo. Separada destas
relações evolui para uma condição de um
animal semi-selvagem. Somente em grupo
o ser humano aprende a fala a articulada, a
sagacidade e o controle dos instintos. Esta
historia e essa rede humana estão
presentes nele e são representadas por ele,
quer ele esteja de fato em relação com
outras pessoas ou sozinho, quer trabalhe
ativamente numa grande cidade ou seja um
naufrago numa ilha a mil milhas de sua
sociedade. A individualidade só é possível
para a pessoa que cresce num grupo, numa
sociedade. A individualidade nunca
depende exclusivamente da constituição
biológicas ou psíquicas, mas sempre da
natureza das relações entre ela e as outras
pessoas, depende de todo o processo de
individualização. A formação individual de
cada pessoa, depende da evolução
histórica do padrão social, da estrutura das
relações humanas, não depende apenas de
sua constituição natural, mas de todo o
processo de individualização.
VII. AS PRESSOES E INFLUENCIAS DA
SOCIEDADE PARA A FORMAÇÃO DO
INDIVIDUO.
"Estou aqui, inteiramente só; todos os
outros estão lá, fora de mim; e cada um
deles segue seu caminho, tal como eu, com
um eu interior que é seu eu verdadeiro, seu
puro"eu", e uma roupagem externa, suas
relações com as outras pessoas." Pagina 33
Na frase acima se pode destacar o conflito
no interior do individuo, em sua consciência
mantendo a idéia de que ele é um ser
separado dos demais, diferentemente da
realidade. A diferenciação de um individuo
se dá em relação ao outro e o que é mais
essencial a ele, seu "eu" interior é produto
de suas relações sociais. Estas tensões e
conflitos na consciência do individuo são
produtos da influencia e pressão da rede
humana em sua consciência. Como já foi
dito, a rede humana impõe e determina ao
individuo um determinado comportamento
dependendo de sua posição e de sua
função na rede.
"Por nascimento, o indivíduo se encontra
inserido num complexo funcional de
estrutura bem definida, deve conformar-se a
ele, moldar-se de acordo com ele e, talvez,
desenvolver-se mais com base nele. Até
sua liberdade de escolha entre as funções
preexistentes é bastante limitada. Depende
largamente do ponto que ele nasce e cresce
na teia humana, das funções e da situação
de seus pais e, escolarização que recebe".
Os indivíduos se sentem muitas vezes
sentem dificuldade ao se moldar à rede. O
sentimento de manter sua posição e função
na sociedade deve predominar sobre sua
verdadeira natureza, o individuo entre
outras palavras precisa de moldagem social
para se manter em sociedade. Muitos
conflitos se dão na juventude aonde os
jovens são expostos a toda a sorte de
conhecimentos e informações e não podem
ou não servem na maioria das vezes na sua
posição, função e limitação da vida adulta
ou na competição dos grupos sociais. A
sociedade limitada suas faculdades
psíquicas, vontades, idéias, desejos,
objetivos a sua relação com as outras
pessoas e a sua historicidade. O
autocontrole psíquico e seu caráter
individual assume a forma que lhe é
especifica dentro e através de relações com
os outros. O individuo cresce dentro de uma
rede de pessoas que existiam antes dele
para uma rede que ele ajuda a formar,
aquilo que lhe é inteiramente próprio é um
produto de suas relações com os outros. a
"essência pessoal", o seu "eu" formam-se
do entrelaçamento continuo de
necessidades, num desejo e realização
constantes, numa alternância de dar e
receber. As idéias, convicções, afetos,
necessidades e traços de caráter são
produzidos no individuo mediante a
interação com os outros. é a ordem dessas
relações constantes que determina a
natureza e a forma do ser humano
individual.
VIII. A DISTINÇÃO ENTRE CORPO E
ALMA
Os comportamentos psíquicos (mente,
alma, razão, sentimento, consciência,
instinto, ego ou id) não são algo
simplesmente dados por natureza. Eles só
ocorrem no ser humano quando este cresce
- criança - num grupo, numa sociedade de
pessoas; emerge do entrelaçamento das
relações entre pessoas. É produto de um
processo sócio-histórico, de uma
transformação da estrutura da vida
comunitária. São funções quês e dirigem
constantemente para outras pessoas e
coisas, são formas particulares de auto-
regulação da pessoa em relação a outras
pessoas.
Organismo humano
Estas funções são diferentes, mas são
também interdependentes; trará-se da
antiga distinção entre corpo e alma. O ser
humano, segundo Elias, em suas próprias
palavras:
"por natureza, ele é feito de maneira a poder
e necessitar estabelecer relações com
outras pessoas e coisas".
O ser humano possui a auto-regulação
psicológica em relação ao semelhante. Um
aparato que fornece maior flexibilidade,
maior capacidade de se adaptar a tipos
mutáveis de relacionamentos,
maleabilidade e mobilidade para suas
relações. O homem é um ser social,
dependente da companhia de outras
pessoas., por natureza, possui funções para
a mobilidade social. As funções psíquicas
de uma pessoa não podem ser deduzidas
unicamente de sua constituição hereditária,
elas se constituem conjuntamente com
outras pessoas da estrutura da sociedade
em que o individuo cresce. A auto-
regulação humana esta livre dos
mecanismos hereditários, esta auto-
regulacao permite um grau de moldagem
social: uma estrutura de comportamento em
relação com os outros. As estruturas da
psique humana, as estruturas da sociedade
humana e a estrutura da história humana
são complementares, só podendo ser
estudadas em conjunto. Pelo simples fato
dos seres humanos estarem mais livre dos
mecanismos hereditário em seu
comportamento, ao configurarem suas
relações entre si e com o resto do mundo, o
entrelaçamento de suas atividades dá
origem a leis e estruturas de um tipo
especial. Adicionam-se na rede,
mecanismos automáticos de mudança,
transformações históricas (com origem fora
da hereditariedade). O entrelaçamento dos
atos, necessidades, idéias e impulsos de
muitas pessoas dá origem a estruturas e
transformações estruturais numa ordem e
direção especificas que não são
simplesmente "animais", "naturais"; nem
tampouco "racionais" ou 'irracionais ", mas
sociais. Deve-se partir da estrutura das
relações entre os indivíduos para
compreender a "psique"da pessoa singular.
A função da sociedade é modelar indivíduos
diferenciados e regulados por meios
humanos na relação com outros seres
humanos. O ser humano possui um aparato
biológico e um aparato social para o
ajustamento social onde se tornara
humano. A criança, portanto, é um produto
de uma dimensão natural e uma dimensão
social. A diferenciação e moldagem são
determinadas pela estrutura social e
convívio com outras pessoas, diferenciam-
se de maneira a dar origem a uma forma
especifica. A moldagem social funciona
para que o convívio som as outras pessoas
diante da sua posição e função na rede de
interdependências.