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Demografia

E-fólio A

A Demografia emergiu como ciência durante os séculos


XVII e XVIII. Até então, limitava-se a pensamentos
sobre a problemática populacional, quase sempre sob
uma perspectiva filosófico-doutrinal. Consiste no estudo
profundo da população e seus fenómenos, desde a
Antiguidade até à idade Contemporânea.

Vera Pereira, n.º 901087, Turma 5


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Demografia
[Ano]

A Demografia é uma ciência e tem como objectivo tratar das condições,


movimentos e progresso das populações. A lenta e progressiva constituição desta
ciência, remete à Antiguidade, passando pela Idade Média e continuando pela Idade
Moderna. Durante as várias épocas, forma aparecendo diferentes reflexões, atitudes,
pontos de vista em relação à população, que visavam resolver os variados problemas
que afluíam de diversas formas, dependendo de problemas sociais, económicos,
políticos, teológicos ou morais.

A Antiguidade remonta a alguns rudimentos (pensamentos demográficos)


encontrados, onde é notório a preocupação com o crescimento da população e o
aparecimento das primeiras civilizações. A população, nesta época, era tanto mais
escassa quanto mais remota. Até o Antigo Testamento apelava à necessidade do
aumento populacional – crescei e multiplicai-vos (Génesis 1.22). Só na Grécia da Época
Clássica e na Civilização Romana encontramos uma reflexão mais coerente e
sistemática relativamente a tais acontecimentos. Existiram nessa altura grandes
pensadores que se debruçaram sobre os problemas da população, na filosofia - Platão e
Aristóteles e na história – Políbio. Platão (428-348 a.C.) defendia um ideal
demográfico, por razões políticas e sociais, uma população estacionária. Acreditava
que era possível manter o volume da população. Perante o risco do excessivo
crescimento da população, a solução era fixar uma idade mínima para casar (30 anos
para os homens e 18 para as mulheres) e limitar a idade de procriação (apenas aos 10 ou
14 anos de casamento); perante o risco de a população diminuir, solucionava-se através
da punição para aqueles que não queriam ter filhos, os celibatários e os casais estéreis.
Considerado por muitos o pai do eugenismo (Russel, 1979), reservava o direito à vida
apenas às crianças belas e saudáveis e todos os outros, fora destas características,
defendia o recurso à exposição ou eliminação.

Aristóteles (384-322 a.C.) era mais realista, pois defendia encontrar um número
estável de habitantes, sem implicar um número fixo. Quando apreendeu que a natalidade
e a mortalidade faziam oscilar o volume populacional, passou a defender o princípio da
justa dimensão – evitar que uma população numerosa fosse fonte de pobreza, crimes,
violência e agitação social.
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No entanto, estes dois filósofos pretendiam fundamentar o seu pensamento para


o crescimento populacional nulo, ou seja, tornar possível um equilíbrio social, político e
económico. Mas, o facto de estas medidas se destinarem apenas às cidades gregas, faz
com que não estejamos perante uma atitude nem científica nem explícita em relação à
população.

A Idade Média, também conhecida por “idade das trevas”, devido às várias
doenças (peste negra) que apareceram nesta época, foi altamente dominada pelas ideias
cristãs. Foram pensadores de destaque sobre os problemas demográficos, objecto de
estudo nos dias de hoje: Santo Agostinho (345-430), São Gregório (540-604) e São
Tomás de Aquino (1235-1274). Os dois primeiros eram defensores do casamento (com
função procriadora), tendo assim, uma atitude populacionista, pois consideravam que o
casamento une o homem e a mulher para gerar filhos. “Se a contemplação povoa o
paraíso, o casamento povoa a terra” (Russel, 1979). Apoiaram-se no princípio cristão –
igualdade das pessoas – recusando o eugenismo.

No entanto, nos finais da Idade Média, acontece uma mudança intelectual. É


defendida a submissão da actividade humana à moral por São Tomás de Aquilino.
Fortalece a condenação do infanticídio e do aborto (Santo Agostinho e São Gregório) e
reconhece o valor do celibato religioso. Os seus pensamentos foram recuperados pelos
escolásticos que pretendiam submeter a vida económica e social à doutrina, continuando
a primar pela máxima do crescimento populacional (favor divino), o casamento
(sagrado) e o celibato (excepto o religioso - condenável).

Verifica-se primeiramente, nesta época, que a doutrina cristã é indiferente às


questões demográficas, onde o anterior crescei e multiplicai-vos se entende como ide e
ensinai todas as nações. Posteriormente, em relação à população, nota-se uma defesa
explícita do casamento, podendo adoptar uma atitude implícita, encarada como
moderamente populacionista.

A Idade Moderna, séculos XVI e XVIII, estabeleceu uma nova percepção do


mundo. Diversas transformações foram aparecendo ao longo destes séculos: os
descobrimentos náuticos, a revolução industrial e o Renascimento, foram alguns dos
maiores impulsos para o crescimento económico e seguidamente populacional.
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As concepções morais e religiosas foram progressivamente emancipadas,


passando a interpretar o culto do ideal mercantilista pela riqueza, associado à
valorização do Estado. O aparecimento do mercantilismo (conjunto de ideias e práticas
económicas) remete a várias preocupações económicas, como a balança comercial, que
pressupõe a existência de protecção por parte do Estado, assim como uma população
abundante. Assim, a doutrina de inspiração mercantilista torna-se completamente
populacionista. Este crescimento demográfico, defendido por vários pensadores,
acelerou o aparecimento da Demografia como Ciência.

O mercantilismo Inglês evoluiu ao longo dos tempos, dando origem a duas


correntes distintas. Na primeira corrente é defendido um equilíbrio entre a população e
os recursos (Thomas More, Francis Bacon, Thomas Hobbes). Na segunda, numa
perspectiva mais intelectual (William Petty, John Graunt, Edmund Hallery), verifica-se
a emergência da Demografia como ciência.

Thomas More (1478-1535) debruça-se no estudo das causas da miséria do seu


país, considerando vários factores para essa realidade, como o luxo da nobreza, a
existência de muitos domésticos improdutivos e a extensão das pastagens em prejuízo
das terras cultivadas. Denuncia alguns acontecimentos e desenvolve ideias
estacionárias, anteriormente defendidas por Platão. Francis Bacon (1561-1626)
recomenda um aumento populacional dominantemente qualitativo e Thomas Hobbes
(1588-1679) foca-se no equilíbrio entre a população e os recursos. Para ocorrer tal
equilíbrio, Hobbes preconiza diversos factores: esforço produtivo, contenção no
consumo, recurso à emigração e o recurso à guerra (caso extremo) – o homem é lobo do
homem.

Em síntese, verificamos que desde a Antiguidade até à Idade Moderna,


ocorreram vários fenómenos demográficos. A mudança intelectual, o clima, a medicina,
os recursos, as crises, foram alguns dos factores que fizeram evoluir os problemas
populacionais. Em todas as épocas despoletaram problemas demográficos e as
tentativas, por parte dos pensadores, da sua resolução foram várias alterando ao longo
dos tempos. Na Antiguidade tais questões eram analisadas numa perspectiva política e
social, a necessidade de crescimento populacional era notória apesar de Platão defender
a estagnação no crescimento. Já na Idade Média, dominada pelo pensamento cristão, as
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perspectivas voltaram-se para a tecnologia (descobrimentos náuticos) e a moral, onde o


casamento, o celibato e fertilidade eram preponderantes para a evolução demográfica,
pois esta época sofreu graves crises como a Peste Negra.

Na Idade Moderna, onde se notou a maior evolução demográfica e intelectual,


impulsionada em grande parte pela revolução industrial, as perspectivas incidiram na
política e economia, com vista a encontrar equilíbrio entre o crescimento populacional e
os recursos, ou seja, pensamentos mercantilistas. Foi também nesta época que a
Demografia começou a crescer como ciência.

Em grande pensador demográfico foi Thomas-Robert Malthus. Viveu no século


XVIII (1766-1834) e foi um grande observador dos fenómenos populacionais.

Nos seus pensamentos existiam algumas ligações com o mercantilismo Inglês. A


principal ligação era encontrar um equilíbrio entre a população e os recursos. Ambos
analisavam e mediam os problemas populacionais independentemente das questões
morais e das relações com problemas económicos, políticos e sociais. Pretendiam
diminuir a discrepância entre riqueza e miséria, combatendo as causas que levavam a
tais factos. E principalmente, predominavam as ideias de uma população estacionária.
Malthus não foi verdadeiramente original nas suas ideias, pois como podemos constatar,
já Platão na Antiguidade tinha pensado numa população estacionária e os pensadores do
mercantilismo Inglês também idealizaram um equilíbrio entre a população e os recursos.
Digamos que a única diferença são as épocas, a ciência e a opção das mesmas ideias
implica recursos e quantidades populacionais diferentes.

Malthus publicou várias obras de sua autoria, sendo que a primeira, Ensaio
sobre o Princípio da População, apoiada em especulações de alguns escritores como:
Godwin e Condorcet. Esta obra tornou-se um grande escândalo devido a uma das suas
teses e à sua apresentação: “a assistência aos pobres não serve senão para os multiplicar
sem os consolar”. Sofreu cinco edições efectuadas pelo próprio autor. Desde a 1ª edição
até à última notam-se bastantes diferenças, assim como, os escritores que utiliza para se
basear nas suas teses. De salientar que, na 1ª os pensamentos do autor eram muito pouco
claros. Debruçou-se maioritariamente nos obstáculos que reinavam na população. Na
sua última edição, encontramos um livro composto, com princípio, meio e fim, onde a
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ciência era predominante. Um pensamento mais rico permite verificar a existência de


uma evolução no seu pensamento ao longo das edições do Ensaio. Uma estratégia mais
organizada, começando por um inquérito sobre os obstáculos ao crescimento
populacional, passando pelas teorias com a apresentação de soluções do problema e
crítica ainda, as falsas soluções de outros pensadores. Verifica-se um pensamento mais
coeso, atitude cientifica e com objectivos, ou seja, em volta de três eixos fundamentais:
subsistência, obstáculos e remédios. No entanto, a sua verdadeira originalidade do
pensamento científico consiste na forma como teve consciência em sintetizar e articular
diversas ideias que andavam dissipas e desestruturadas, estabelecendo uma ligação entre
elas. Empenhou-se em analisar com pormenor os obstáculos e consequências do
princípio da população. Assim, analisando detalhadamente o crescimento das
populações humanas, demonstra a necessidade urgente da Demografia como ciência.

Conhecido internacionalmente pela sua teoria, intitulada “Malthusianismo”, a


ideia defendida é que a população mundial cresceria num projecção geométrica e os
alimentos em projecção aritmética. A resolução, segundo ele, para evitar guerras,
epidemias, ou outros problemas propícios à população, era a abstinência sexual nas
classes mais desfavorecidas. Um dos seus seguidores foi Francis Place ai aceitar o
Princípio da População:

“Quando os trabalhadores da indústria e do comércio se tornam demasiado


numerosos, os salários serão reduzidos e a condição desses trabalhadores não será
melhor que a dos escravos (Russel 1979).

No entanto, Place não estava de acordo com os meios defendidos por Malthus,
quando a sua teoria para a solução dos problemas da população era limitar o número de
casamentos. Para si a solução seria limitar o número de nascimentos no interior do
casamento. Estas ideias vão originar um movimento – Birth Control (limitação dos
nascimentos). É a partir daqui que aparecem os métodos contraceptivos.

A doutrina malthusiana era principalmente conservadora. Defendia que os


poderes públicos e a sociedade não eram responsáveis pela miséria que assombrava as
classes trabalhadoras, mas sim uma consequência da tendência de multiplicação sem
controlo.
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O final da Segunda Guerra Mundial provocou um crescimento demográfico


descontrolado nos países subdesenvolvidos. Surgiu o “Neomalthusianismo” (seguidores
de Malthus), que diligenciaram culpar a falta de recursos naturais devido ao crescimento
da população. No seu discurso, culpabilizam os países subdesenvolvidos pela existência
da pobreza e defendem um forte controle da natalidade, que ao contrário de Malthus,
que defendia a continência sexual, estes sugeriram o uso de métodos anticoncepcionais.
Foi nesta época pós-guerra que o movimento Birth Controle se transformou em Familiy
Planning, ou seja, a teoria da limitação dos nascimentos passou para o planeamento
familiar, tornando-se um direito fundamental.

Apoiados pelo liberalismo económico, os neomaltusianos defendiam um


crescimento lento da população. Mas existiam interesses que não permitiam avançar
imediatamente com tal teoria. As classes dirigentes detinham esse interesse, pois se a
classe operária fosse numerosa podiam recrutar operários a baixo preço. A preocupação
dos seguidores de Mathus era o facto de uma população demasiado abundante originar
um elevado número de operários que poderia por em causa o equilíbrio existente.
Acusam a burguesia de querer “carne para canhão” e encorajam a “greve dos ventres”.

Malthus não errou totalmente na sua teoria de equilíbrio entre a população e os


recursos. Na sua época, o crescimento demográfico não era proporcional à produção de
alimentos, o que fazia com que a miséria persistisse. As pessoas passavam fome porque
não tinham o que comer. Daí a sua teoria de equilíbrio, para acabar com a miséria,
dando à população uma igual distribuição de recursos. No entanto, no século XX, as
suas teorias de estagnação do crescimento populacional não são frutíferas. Com o
desenvolvimento industrial e das tecnologias, o oposto aconteceu. A produção de
alimentos passou a ser superior ao crescimento populacional, tendo-se verificado, nos
países desenvolvidos e até em alguns países em desenvolvimento, uma redução
populacional. Conclui-se que se hoje existe fome, não é pelas razões com que Malthus
se deparou na sua existência (falta de alimentos e excesso de pessoas), mas sim, pela má
distribuição dos recursos.
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Racic, Ricardo Moussalle (2009). Malthusianismo, Neomalthusianismo e Ecomalthusianismo.


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http://assuncaoturma221.blogspot.com/2009/05/malthusianismo-neomalthusianismo-e.html

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