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MINISTÉRIO DA DEFESA

EXÉRCITO BRASILEIRO

ESCOLA DE EQUITAÇÃO DO EXÉRCITO

APOSTILA DE SALTO:

ADEQUAÇÃO DA APOSTILA DE SALTO


PARA O CURSO DE MONITOR

LUIS PEREIRA HOPPE - 1° TEN CAV

Rio de Janeiro
2010
LUIS PEREIRA HOPPE - 1° TEN CAV
Aluno do Curso de Instrutor de Equitação

APOSTILA DE SALTO:
ADEQUAÇÃO DA APOSTILA DE SALTO
PARA O CURSO DE MONITOR

Monografia apresentada à Escola de Equitação do Exército como


requisito parcial à obtenção do título de Pós-graduação (latu
sensu) em Equitação.
Orientador: Rodrigo Barros de Oliveira- 1ºTen Cav

Rio de Janeiro
2010
AGRADECIMENTOS

À todos aqueles que diretamente ou indiretamente


ajudaram na realização da conclusão do curso de instrutor
de equitação, em especial a minha Família: Arnildo (pai),
Soneli (mãe) e Alex (irmão) pela educação e carinho, e
minha esposa Priscila por todo apoio e ajuda em todos os
dias e na realização deste estudo.
RESUMO

O trabalho apresenta a adequação da atual apostila de salto, do curso de instrutor da


Escola de Equitação do Exército, para o curso de monitor de equitação. Esta adaptação visa
tornar a apostila exequível de ser ministrada e deixar seu estudo mais agradável, baseado no
tempo destinado a instrução do monitor de equitação. Neste estudo foi realizada a atualização
de vários assuntos que estavam com seu conteúdo ultrapassado, e também foram suprimidos
alguns itens desnecessários para a matéria salto. Algumas mudanças no texto da apostila
foram realizadas, tendo em vista que as normas aplicadas a Língua Portuguesa sofreram
alterações recentemente, o que tornou a texto desatualizado. Buscou-se colocar figuras,
tornando a apostila mais ilustrada e melhorando a compreensão dos textos. Este estudo
apresenta mais uma ferramenta para melhorar a instrução teórica da matéria salto do aluno do
curso de monitor de equitação da Escola de Equitação do Exército, tornando-se uma apostila
de fácil entendimento e fonte de pesquisa futura.

Palavras Chave: Apostila – Salto – Monitor de Equitação - Adaptação


ABSTRACT

This work represents an adequation of the contemporany polygraph of jump for the
Army’s Horsemanship Monitor course. This adaptation intent to become a polygraph
practicable to be given and let your study more pleasant, based on the time designated to the
instruction of the Horsemanship Monitor.In this study was made a update of many subjects
that were with your outdated content, and also some unecessery content were removed of the
jump subject. Some changes in the text of the polygraph were made, aiming that the rules
aplied in the Portuguese Language based on fact that some rules changed recently so the text
was outdated. Was intended to put some figures, making the polygraph more illustrated and
easy to understand. This study represents another tool to improved the teoric instruction for
the student of the Army’s Horsemanship Monitor course, becoming a polygraph of easy
understanding and a future source of research.

Keywords: Polygraph – Jump – Horsemanship Monitor - Adequation


1. INTRODUÇÃO

A importância do conhecimento dos fatos ocorridos ao longo da evolução da


humanidade é essencial para o entendimento do rumo tomado por ela. Muito da história da
humanidade nos foi transmitido através de desenhos em paredes de cavernas ou rolos de
papiros encontrados nos túmulos dos nobres e faraós, nas antigas civilizações. A invenção do
papiro ocorreu em torno de 2200 Antes de Cristo, sendo feita pelo povo egípcio. O papel,
entretanto, veio a surgir na China, no Século II, por volta de 105 D.C. Começou a ser
produzido, para a escrita, com diversos materiais, entre eles, fibras de cânhamo, cascas de
árvore, farrapos de algodão e redes de pesca rasgadas. Tendo em vista que esses materiais
apresentavam um baixo custo de produção, o papel tornou-se de fácil circulação pelo povo,
sendo chamado de “Tsai Lun”. Essa situação possibilitou que, em todas as classes sociais,
houvesse uma forma de registrar informações; assim, ainda hoje, podemos descobrir fatos da
humanidade ocorridos a milhares de anos.

Grande parte da história de nossos antepassados é contada e estudada, até os dias


atuais, através de livros e fontes de consultas diversas. Isso demonstra a importância de
existirem fontes de estudo seguras e bem estruturadas, pois são através delas que conseguimos
obter o conhecimento passado, ou mesmo, relembrar fatos ocorridos.

Nas fontes de consultas citadas acima, podemos relacionar enciclopédias, livros e


apostilas de estudo, sendo essa última, a categoria onde podemos enquadrar nosso material de
estudo da matéria de salto, do curso de instrutor de equitação da Escola de Equitação do
Exército (EsEqEx), pois se trata da fonte de estudos e consulta da matéria salto.

No período que ocorre o curso de instrutor de equitação, também acontece


concomitantemente, o curso de monitor de equitação, porém, ministrado com menor carga
horária, necessitando, assim, da adaptação dos conteúdos das matérias ministradas e das
apostilas distribuídas para os alunos no curso

No entanto, hoje em dia a Escola de Equitação do Exército não possui a tão importante
fonte de consulta (apostila) já mencionada em parágrafos anteriores, para o estudo do salto
durante o curso de monitor de equitação, podendo assim, não aproveitar com total êxito o
tempo que nossos futuros monitores de equitação passam pelas instruções práticas e teóricas
durante sua formação.
O presente estudo tem por finalidade adequar a apostila de salto do curso de instrutor
para o curso de monitor segundo o Plano de Disciplina formulado com base no tempo
previsto em que o sargento realiza o curso.
ESCOLA DE EQUITAÇÃO DO EXÉRCITO

SEÇÃO TÉCNICA DE ENSINO

SALTO

2010
SUMÁRIO

1. PEÇAS DO ARREAMENTO E SUAS UTILIDADES.....................................................5

1.1 BRIDÕES..............................................................................................................................5

1.1.1 BRIDÃO DE DUPLO BOCADO......................................................................................6

1.1.2 BRIDÃO ASCENSOR E GAG.........................................................................................7

1.1.3 BRIDÃO “D”.....................................................................................................................8

1.2 FREIOS...............................................................................................................................10

1.2.1 FREIO L’HOTTE............................................................................................................11

1.2.2 FREIO BOMBA..............................................................................................................11

1.2.3 FREIO “PELHAM”.........................................................................................................12

1.2.4 FREIO INGLÊS...............................................................................................................12

1.3 CABEÇADA.......................................................................................................................13

1.3.1 FOCINHEIRA.................................................................................................................14

1.3.1.1 FOCINHEIRA COMUM..............................................................................................14

1.3.1.2 FOCINHEIRA ITALIANA..........................................................................................14

1.3.1.3 FOCINHEIRA ALEMÃ...............................................................................................15

1.4 RÉDEA...............................................................................................................................15

1.5 MARTINGAL.....................................................................................................................16

1.5.1 MARTINGAL FIXO.......................................................................................................16

1.5.2 MARTINGAL DE ANÉIS (GAMARRA)......................................................................16

1.6 SELAS................................................................................................................................17

1.7 MANTA..............................................................................................................................18

1.8 CILHAS OU BARRIGUEIRAS.......................................................................................18

1.8.1 SOBRE CILHA...............................................................................................................19


1.9 LÓROS................................................................................................................................19

1.10 ESTRIBOS........................................................................................................................19

1.11 PEITORAIS......................................................................................................................20

1.11.1 PEITORAL DE CAÇA................................................................................................. 20

1.11.2 PEITORAL DE POLO.................................................................................................. 21

1.12 CABEÇÃO E GUIA.........................................................................................................21

1.13 MATERIAL DE PROTEÇÃO......................................................................................... 22

2. CAVALO DE SALTO........................................................................................................25

2.1 ESCOLHA DO CAVALO DE SALTO.............................................................................25

2.1.1 RAÇA E ORIGENS DO CAVALO...............................................................................29

2.1.2 EXAME DO TIPO FÍSICO DO CAVALO.....................................................................31

2.1.3 EXAME DAS ANDADURAS........................................................................................33

3. O SALTO.............................................................................................................................37

3.1 O GESTO E O TEMPO DE SALTO..................................................................................37

3.2 A POSIÇÃO DO CAVALEIRO E PAPEL DAS ARTICULAÇÕES..............................38

3.3 ANÁLISE DO SALTO.......................................................................................................41

4. ADESTRAMENTO DO CAVALO DE SALTO..............................................................47

4.1 ADESTRAMENTO PROPRIAMENTE DITO..................................................................48

5. ADESTRAMENTO NO OBSTÁCULO...........................................................................55

6.TRABALHO NO EXTERIOR...........................................................................................59

6.1ACALMAR..........................................................................................................................60

6.2 EQUILIBRAR....................................................................................................................60
6.3 MÚSCULOS.......................................................................................................................62

6.4 FÔLEGO.............................................................................................................................63

6.5 GINÁSTICA DE SALTO...................................................................................................63

7. TRABALHO A GUIA........................................................................................................65

7.1 O SALTO A GUIA.............................................................................................................65

8. TRABALHO EM LIBERDADE........................................................................................69

8.1 TRABALHO NO PICADEIRO..........................................................................................69

8.2 TRABALHO NO CORREDOR DE OBSTÁCULOS........................................................85

9. TRABALHO DE DOMÍNIO NO OBSTÁCULO............................................................88

9.1 TRABALHO AO TROTE..................................................................................................90

9.2 TRABALHO AO GALOPE...............................................................................................92

10. CORREÇÃO E AJUSTAGEM DA TRAJETÓRIA.....................................................97

10.1 FORMA DA TRAJETÓRIA............................................................................................98

10.2 TIPOS DE TRAJETÓRIA................................................................................................99

10.3 CORREÇÃO DA TRAJETÓRIA...................................................................................100

10.4 MÉTODOS CORRETIVOS POR EXCELÊNCIA........................................................103

10.4.1 BARRAGEM PASSIVA.............................................................................................103

10.4.2 BARRAGEM ATIVA..................................................................................................105

10.4.3 CONCLUSÃO............................................................................................................ 105

11. TRABALHO NOS CAVALETES.................................................................................106

11.1 OBJETIVO......................................................................................................................106

11.2 MATERIAL....................................................................................................................107
11.3 DISPOSIÇÃO DO MATERIAL.....................................................................................107

11.4 PASSAGEM DOS CAVALETES..................................................................................108

11.5 OBSTÁCULOS..............................................................................................................108

11.6 COLOCAÇÃO DOS OBSTÁCULOS...........................................................................108

11.7 EXECUÇÃO DO TRABALHO.....................................................................................109

11.8 OBSERVAÇÕES FINAIS..............................................................................................111

12 ENREDEAMENTOS ESPECIAIS.................................................................................113

12.1 RÉDEA ALEMÃ............................................................................................................113

12.1.1 VANTAGENS.............................................................................................................114

12.1.2 DESVANTAGENS......................................................................................................115

12.2 RÉDEA COLBERT........................................................................................................115

12.2.1 VANTAGENS.............................................................................................................115

12.2.2 DESVANTAGENS......................................................................................................116

12.3 RÉDEA CHAMBOM.....................................................................................................116

12.3.1 VANTAGENS.............................................................................................................118

12.3.2 DESVANTAGENS......................................................................................................118

12.4 RÉDEAS FIXAS.............................................................................................................118

12.5 RÉDEAS LONGAS........................................................................................................119

12.6 GUIA BARNUM............................................................................................................120

12.7 RÉDEA TIDMANN.......................................................................................................12


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1 - PEÇAS DO ARREAMENTO E SUAS UTILIDADES

O cavaleiro, em seu trabalho, irá utilizar-se, necessariamente, de um determinado


número de artigos indispensáveis para o trabalho, outros, para a proteção do cavalo, quer
durante o trabalho quer para o deslocamento, e, ainda, de certos artifícios, que lhe permitam
uma rápida exploração do cavalo ou a correção de certos defeitos que se apresentam. Iremos
passar todos esses artigos em revistas, demorando-nos mais nos últimos citados, já que os
primeiros são mais ou menos de conhecimento geral.

Começamos pelos meios de que o cavalo dispõe para domínio de sua montada,
passaremos aos que permitem sua utilização, e em seguida às selas, todos os seus respectivos
acessórios, para chegarmos aos meios de proteção. Em seguida, em título à parte tratamos dos
enredeamentos especiais.

Para o domínio do cavalo, dispõe o cavaleiro de duas espécies de embocaduras: os


bridões e os freios.

1.1 - BRIDÕES

Constituem a embocadura mais simples. Em essência, constam de uma peça, que se


coloca na boca do cavalo – o bocado, tendo em cada extremidade uma argola, na qual se
prendem as faceiras da cabeçada e as rédeas. Este bocado pode ser ou não articulado. A ação
do bridão exerce-se sobre as comissuras dos lábios do cavalo. Quanto mais fino o bocado do
bridão, mais enérgica sua ação. Em consequência, os bridões demasiado fino não devem ser
usados, normalmente, no trabalho. Podem ser usados, vez por outra, para corrigir certos
defeitos do cavalo – cavalos que abusam da mão descansando sobre a mesma, parte do seu
peso, animais que sacam na mão, etc. Mesmo em tais casos, o cavaleiro deve ter certa
parcimônia no seu uso, cuidando, principalmente, para não usar de violência, pois poderia
ferir a boca do animal, o que é completamente desaconselhável.
6

Figura 1 – Bridão Chantilly

Normalmente, os bridões têm os bocados de metal, da mesma maneira que as argolas.


Existem, entretanto, bridões com bocados de ebonite, borracha e até mesmo couro. São
geralmente bridões suaves, pois estes bocados costumam ser bastante grossos.

No bridão comum, as argolas são corrediças, o que pode dar margem a beliscaduras
dolorosas e até mesmo ferimentos nas comissuras dos lábios do cavalo. Em tal caso, o
cavaleiro terá que tomar certas precauções, colocando no bocado, junto às argolas, discos de
couro ou de borracha, que evitam tais ferimentos. Há outros tipos de bridão, que dispensam
essas precauções, como o bridão Chantilly, o Verdun ou o bridão em “D”, o bridão de hastes
ou o de agulhas. Estes são os tipos normais de bridão. Além deles, existem outros, como o
bridão de duplo bocado, o ascensor e o Gag.

1.1.1 - Bridão de Duplo Bocado

Tem como principal finalidade uma mais rápida e maior descontração do maxilar do
cavalo. Como seu nome indica, consta de dois bocados presos a uma mesma argola ou barra
lateral. Estes bocados, entretanto, não se articulam no meio como nos tipos normais. A
articulação de cada um é pouco deslocada para o lado, de tal maneira que, ao articular-se,
forma-se em seu centro uma espécie de “M”. É um bridão que dá um bom apoio ao cavalo,
apesar de ter uma ação um pouco enérgica. Geralmente seus bocados prendem-se de cada lado
a barras com argolas, como as do bridão de hasteou bridão de agulhas. Sua maior ação se faz
sentir quando as partes superiores destas hastes são presas à faceira da cabeçada.
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Figura 2 - Bridão de duplo bocado

O bridão de duplo bocado pode, também, ser substituído por dois bridões comuns
usados numa cabeçada, de freio e bridão ou numa cabeçada comum de bridão. No primeiro
caso, utilizaremos duas rédeas, uma para cada bridão, enquanto que, no segundo, podemos
utilizar duas ou uma só rédea. É preferível a utilização da cabeçada de freio e bridão as duas
rédeas. É uma embocadura mais suave e que dá o mesmo efeito de descontração. Se
quisermos aumentar de muito sua ação, bastará que a usemos da seguinte maneira: chamemos
os bridões de A e B. Seguramos suas rédeas como as de freio e de bridão. Numa das mãos,
seguramos a rédea do bridão. A por fora e do bridão B por dentro. Na outra mão, invertemos
as rédeas, isto é, a ação do bridão A por dentro, e a do bridão B por fora. Obteremos assim
uma ação bastante forte.

1.1.2 Bridão Ascensor e GAG

São dois tipos de bridões baseados na aplicação do mesmo princípio que a rédea
Colbert. São, ao mesmo tempo, embocaduras suaves e poderosas. Em resumo, trata-se do
seguinte: um bocado de bridão, geralmente grosso, com argola ou outro dispositivo, dentro do
qual desliza uma peça que é a faceira, continuada pela rédea. A ação do bridão exerce-se de
baixo para cima na direção da nuca, pressionando violentamente as comissuras do lábio do
cavalo. O “GAG” dispõe de duas argolas, nas quais existem dois orifícios circulares
diametralmente opostos, através dos quais passa a faceira rédea. No bridão ascensor, as
argolas são substituídas por uma peça retilínea, com dois orifícios circulares nas suas
extremidades, um superior e outro inferior, para passagem do mesmo dispositivo faceira-
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rédea. Estes dois tipos de embocadura tem a desvantagem de transmitir ao cavalo, com certo
atraso, a cessão da mão do cavaleiro, devido à dificuldade da faceira-rédea de deslizar nos
orifícios das argolas ou peça que as substitui. Poderemos, ainda, utilizar uma cabeçada com
um bridão comum como se fosse um ascensor. Para tal basta que disponhamos de uma rédea
longa com uma única fivela. A rédea sairá da mão do cavaleiro, passará de força pra dentro na
argola do bridão, subirá como faceira, passará à cachaceira, descerá pelo lado oposto como
faceira, passará de dentro para fora pela outra argola do bridão e voltará à mão do cavaleiro.
Sua ação é de um bridão com rédea Colbert.

Os bridões têm uma ação elevadora sobre a frente do cavalo. Esta ação se acentua no
bridão ascensor e no “GAG”.

Figura 3 - Bridão Ascensor

Figura 4 - Bridão GAG

1.1.3 - Bridão “D”

Temos, finalmente, um tipo de bridão que se destina ao deslocamento de animais


difíceis, garanhões, etc. Consta de uma argola de metal, que se introduz na boca do cavalo.
Nesta argola, perpendicularmente a ela, existem dois orifícios em forma “D”, que servem para
fixação das faceiras. Na parte posterior da argola, a meio caminho entre os orifícios para as
faceiras, no mesmo plano da argola, encontramos outro igual àqueles, no qual se pode fixar
uma arreata para condução. Este é o chamado bridão de condução.
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Figura 5 - Bridão em “D”

Falamos bastante sobre os bridões, descrevemos vários dos tipos usados. O que
importa, entretanto, saber, é que o que interessa realmente no bridão é a espessura de seu
bocado, pois que nos dirá de sua maior ou menor intensidade de ação. Aconselho para nosso
uso comum, termos dois bridões comuns, um de espessura média e outro grosso. Eles nos
bastarão, geralmente, para qualquer trabalho que desejamos. Bastará que saibamos utilizá-los
no adestramento de nossos cavalos.

Outros bridões também estão no mercado com várias finalidades, veja alguns:

Figura 6 - Bridão Neco

Figura 7 - Bridão Agulha


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Figura 8 - Bridão Verdun

Figura 9 - Bridão Argola

1.2 FREIOS

Constituem uma embocadura muito mais enérgica que os bridões. Sua ação exerce-se
sobre as barras – espaço livre do maxilar inferior entre os incisivos e os molares – em vez de
sobre as comissuras dos lábios. Esta ação, contrariamente à do bridão, é abaixadora sobre a
frente do cavalo.

Para que os freios tenham realmente uma ação eficaz torna-se necessário que
disponham de uma barbela. Esta permite a ação dos braços de alavanca, constituídos pelas
caimbas do freio. Sem a barbela, ação do freio seria muito semelhante à de um bridão.

O freio compreende um bocado, que se desloca na boca do cavalo, soldado em cada


extremidade a uma barra transversal, que são as caimbas. Estas terminam na parte superior
por uma espécie de argola na qual se fixam as faceiras. Na parte inferior, terminam por uma
pequena peça à qual se articula uma argola destinada à fixação das rédeas. No anel da parte
superior prendem-se os ganchos da barbela, enquanto na parte inferior da caimba, um pouco
abaixo da altura do bocado, em sua parte posterior, duas saliências em forma de “D”, as quais
servem para prisão dos ganchos das sub-barbelas ou falsas barbelas. Estas sub-barbelas vão de
uma caimba a outra, passando por dentro de uma argola existente no centro da barbela, e têm
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como finalidade impedir que o cavalo se defenda, procurando segurar a caimba do freio com
os dentes.

O bocado do freio pode ser reto ou ligeiramente arredondado, ou ainda ter um ligeiro
em sua parte central. O arredondamento ou o desvio na parte central destinam-se a dar maior
liberdade à língua espessa ou calha apertada, pois evitam que a língua seja comprimida
provocando dor e conseqüente reação do cavalo. Por outro lado, este desvio do bocado, a
chamada passagem de língua ou liberdade de língua, pode ser pouco indicável para os cavalos
que têm o palato cheio. Há inúmeros tipos de freio. Quanto mais longas forem as caimbas e
mais acentuada a passagem de língua, mais duro será o freio.

1.2.1 Freio “L HOTTE”

O freio mais suave, com caimbas curtas e bocado ligeiramente arredondado. Alguns
cavalos adquirem o hábito de passar a língua por cima do bocado. Em tal caso, basta
geralmente, limar sua parte superior tornando-se ligeiramente áspera. Isto costuma ser o
suficiente para evitar tal defesa do cavalo. Outras vezes, bastará substituir o freio sem
passagem de língua por outro que a possua. Geralmente, tal efeito se apresenta nos cavalos de
língua espessa e calha apertada, que assim procuram se defender da dor que sentem.

Figura 9 - Freio L’HOTTE

1.2.2 Freio Bomba

O freio “bomba” é um freio no qual as caimbas não são soldadas ao bocado. Este
desliza numa espécie de rebaixo existente nas caimbas, tendo assim um pequeno jogo. Ele
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tem um efeito que favorece a descontração do maxilar e uma ação mais suave, porém perde
em precisão.

1.2.3 Freio “PELHAM”

O freio “Pelham” resume, numa única embocadura, as ações de freio e de bridão. Na


realidade, é um bridão com caimbas de freio e barbela. É suave, porém sem precisão e só
pode ser usado para uma equitação simples. É útil para cavalos de boca um pouco dura que se
queira explorar no salto e para cavalos de boca muito suave no pólo. Há uma enorme
variedade de “pelhams”, alguns têm o bocado ondulado em sua parte superior, outros, são de
tipo bomba, outros tem o bocado inteiriço, outros reúnem varias dessas particularidades.

Figura 10 - Freio Pelham

1.2.4 Freio Inglês

O freio inglês enquadra-se dentro da mesma idéia do “Pelham”, sua ação é mais
precisa porque seu bocado é constituído por uma só peça. É uma boa embocadura, suave
quando na rédea do bridão, mais ou menos enérgica, quando usado nos locais das rédeas do
freio, aumentando-se ou diminuindo-se o comprimento da alavanca, segundo o local onde se
prende a rédea.
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Figura 11 - Freio Inglês

1.3 CABEÇADA

Destinam-se a assegurar a colocação da embocadura no cavalo. Podem destinar-se


exclusivamente ao uso do bridão, do freio, ou do freio e bridão.

Constam de uma cachaceira, que se prolonga dos dois lados pelas faceiras, onde se
prendem o bridão ou o freio. São completados por uma testeira ou uma cisgola. Para o uso do
freio ou de bridão isolados, usa-se a cabeçada como foi descrita. Porém, quando se quer
utilizar o freio ou bridão, torna-se necessário acrescentar outra faceira. Neste caso, prende-se
o bridão na faceira interna e o freio na externa. Para aumentar ou diminuir o comprimento das
cabeçadas, é feto de uma só vez, por meio de uma fivela, colocada no meio da cachaceira. Na
outra alcançamos o mesmo objetivo encurtando as faceiras, uma de cada vez.

Figura 12 - Cabeçada
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Focinheira

As focinheiras são um complemento das cabeçadas, destinadas a evitar a abertura


excessiva da boca do cavalo, facilitando, assim, o seu domínio. Constam, de uma maneira
geral, de uma cachaceira e faceiras, às quais se prende uma peça de couro, que circunda o
focinho do cavalo e pode ser ajustada em sua parte inferior. A diferença entre os tipos de
focinheira existente resume-se na forma e colocação dessa última peça.

1.3.1.1 Focinheira comum

A focinheira comum, chamada focinheira inglesa, é usada acima da embocadura de


maneira a impedir a abertura excessiva do maxilar. Pode ser usada com freio e bridão
emprego normal com o freio isolado – ou só com o bridão. É preciso que o cavaleiro tenha o
cuidado de não apertá-la demasiado, a fim de não impedir que o cavalo possa mascar o freio.

Figura 13 - Focinheira comum ou inglesa

1.3.1.2 Focinheira italiana

Outro tipo é chamada focinheira italiana, usada abaixo da embocadura. Sua ação é
muito mais enérgica que a focinheira inglesa. É usada com o bridão, e algumas vezes, com as
palancas (pequenos freios). O cavaleiro, ao ajustá-la, deve ter o cuidado de não apertá-la
demasiado para não prejudicar a respiração do cavalo, nem impedir que o cavalo possa abrir a
boca suficiente para dar a descontração do maxilar. A parte que envolve o focinho do cavalo
pode ser de couro redondo ou liso.
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1.3.1.3 Focinheira alemã

Há uma variedade deste tipo de focinheira, na qual a parte que envolve o focinho do
cavalo consta de três peças articuladas. Uma que passa na parte superior e se articula por meio
de duas argolas, dos dois lados, com as duas peças que vão permitir a ajustagem da focinheira
na parte inferior do focinho do cavalo.

Figura 14 - Focinheira alemã

1.4 RÉDEAS

Destinam-se a permitir a ligação entre as mãos do cavaleiro, e a boca do cavalo,


possibilitando assim, se governo. Constam de uma peça de couro com fivelas nas duas
extremidades para fixação às argolas de freio ou do bridão. Podem sofrer várias modificações,
com a finalidade de oferecer maior segurança, como por exemplo, serem travadas, a pequenas
peças de couro, ou ainda, recobertas de uma película de borracha áspera. Este último tipo é o
ideal para as competições, pois evita que as rédeas escorreguem nas mãos do cavaleiro por
efeito do suor ou da chuva.

Figura 15 – Rédeas
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1.5 MARTINGAL

É um acessório do arreamento destinado a impedir a elevação excessiva da cabeça do


cavalo ou os movimentos desta com todas as direções, peculiares a determinados cavalos.

1.5.1Martingal Fixo

De uso quase obrigatório no pólo – é um meio empírico de impedir que o cavalo eleve
demasiado a cabeça, com perigo para seu cavaleiro. Não tem o mínimo efeito para abaixar a
cabeça do cavalo. Pelo contrário, dando-lhe um ponto de apoio pra cima, convida-o a elevá-la.
Não pode ser considerado como artifício para o adestramento e sim como meio de exploração
de um cavalo incompletamente adestrado ou, como no caso do pólo em que o animal fica
sujeito à ações bruscas e violentas da mão do cavaleiro. Sua única vantagem é limitar a
elevação da cabeça do cavalo, pois não impede que o cavalo estenda o pescoço. Para estar
bem ajustado deve estar tenso na medida em que o cavalo possa empregar em seu pescoço.
Não deve ser usado muito longo, pois em tal caso seu efeito seria nulo.

1.5.2Martingal de Anéis (GAMARRA)

Tem uma finalidade diferente. Destina-se a impedir que o cavalo bata ou jogue a
cabeça em todos os sentidos. Não tem como muitos pretendem nenhum efeito abaixador sobre
os pescoço e cabeça do cavalo. Deve ser ajustado de maneira que no momento em que o
cavaleiro esticar suas rédeas em sua posição normal estas não formem uma linha quebrada.
Seu uso demasiado longo, ou curto, seria inútil ou prejudicial. Muito longo, não teria ação;
muito curto, daria um apoio ao cavalo para que este tirasse para cima, invertendo o pescoço.
Bem ajustado tem a vantagem de castigar automaticamente o cavalo que jogue ou bata com a
cabeça. Seu emprego na iniciação é quase indispensável, pois facilita ao cavaleiro canalizar o
pescoço do potro no corredor das ajudas. Da mesma maneira, deve ser sempre usado por
cavaleiros pouco experientes, a fim de amortecer os choques provocados pela irregularidade
da mão. É ainda, de enorme utilidade em concursos hípicos, em animais incompletamente
adestrados. Entretanto, no adestramento propriamente dito do cavalo é que, de certo modo, é
prejudicial, pois impede o cavaleiro de executar determinados movimentos necessários ao
flexionamento e correção do cavalo. Além disto, seu emprego, permanente e sistemático,
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pode levar o cavaleiro a acreditar, vencidas determinadas resistências, que não o foram, e que
mais tarde, poderão ser causa de sérios prejuízos. O cavaleiro só pode dar por aceitável o
adestramento de seu cavalo de salto quando puder prescindir do uso do martigal.

Tanto o martigal fixo como o de anéis devem ser completados por uma coleira, que
evite fiquem pendurados entre as mãos do cavalo, no momento em que este empregar o
pescoço. Para maior segurança, será aconselhável colocar nesta coleira um passador por onde
se enfie o martigal (gamarra).

Figura 16 - Gamarra

1.6 SELAS

Não iremos aqui pretender descrever este ou aquele tipo de sela. Restringir-nos-emos a
aconselhar o cavaleiro no emprego que deve fazer das mesmas.

Devemos fazer uma recomendação aos cavaleiros. Será de toda a vantagem que, nos
treinamentos, dispensem o uso das borrainas. Serão, assim, obrigados a empregar-se mais a
fundo nos treinamentos, alcançando uma fixidez que só vantagens poderá trazer no futuro. De
toda vantagem seria também se o cavaleiro pudesse dispor de uma sela para cada um de seus
cavalos. Poderia, assim, melhor adaptá-lo ao cavalo evitando deformações na armação da
sela, que mais tarde, poderão vir a causar ferimentos no dorso do cavalo. A adaptação da sela
ao dorso do cavalo sendo perfeita, pode ser dispensado o uso das mantas para proteção do
mesmo.

Figura 17 - Sela de salto


18

1.7 MANTAS

As mantas de sela devem ser de feltro prensado ou outro tecido que permita uma boa
adaptação da sela ao dorso do cavalo. O emprego de mantas de tecido demasiado espesso
pode provocar a deformação da armação da sela, com abertura excessiva da mesma no cepilho
e a compressão do garrote. Seria quase certo, no fim de algum tempo, a formação de edemas
ou de ferimentos nesta região, o que se deve evitar a todo custo. De cada lado da manta, na
região que corresponde às abas da sela, ela deve dispor de pequenas correias que permitam
sua fixação às mesmas.

Figura 18 - Manta

1.8 CILHAS OU BARRIGUEIRAS

As cilhas destinam-se a fixar as selas sobre o cavalo. Há inúmeros tipos de cilhas:


trançadas, de lona, etc.. Todas são boas. Recomenda-se apenas que sejam sempre mantidas
em perfeito estado de limpeza e bem lubrificadas, a fim de evitar que possam vir a ferir o
cavalo na região dos codilhos, onde a pele é muito fina.

Figura 19 - Barrigueira Bavete


19

Sobre cilhas

Nada mais são do que um reforço das cilhas. Evitam o rompimento de um látego e
permitem, mesmo que tal fato se dê a continuação do percurso.

1.9 LÓROS

Devem ser objeto de cuidados constantes do cavaleiro, a fim de evitar possíveis


acidentes, como a ruptura dos mesmos durante um percurso. De couro preparado, como
muitos preferem, devido à sua grande resistência, não se pode permitir que um cavaleiro, que
se preze de ser, tenha um loro partido durante o percurso. O cavaleiro deve ter loros regulados
para cada cavalo que monta. Não basta ter uma medida padrão para o adestramento e outra
para o esporte. Cada cavalo tem uma conformação, uns mais grossos outros mais delgados, e
um loro que esteja de bom comprimento para um cavalo grosso ficará longo demais para um
cavalo delgado.

Figura 20 - Loros

1.10 ESTRIBOS

De formato normal, redondos ou ortopédicos, devem ser de metal muito resistente, de


preferência de ação e de formato tal que não prendam o pé do cavaleiro lançado fora de sela
ou cujo cavalo caiu.
20

Figura 21 - Estribos

1.11 PEITORAIS

Têm por fim impedir que a sela escorregue para trás, principalmente nos cavalos
magros. Existem dois tipos:

1.11.1 Peitoral de Caça

Que é o tipo normal que conhecemos semelhante ao do nosso arreamento


regulamentar. Devemos cuidar para que não fique muito apertado a fim de não prejudicar o
jogo das espáduas. Mesmo ajustado normalmente, ele te a tendência de fazer a sela báscular
para frente quando o cavalo estende seu antemão como no momento da elevação das espáduas
para o salto.

Figura 22 – Peitoral
21

1.11.2 O Peitoral de Pólo

É preferível ao da caça, pois não puxa a sela. Seu emprego atende ao mesmo objetivo.
Deve ser forrado de feltro ou qualquer outro material que evite os ferimentos que o atrito do
couro sobre a pele do cavalo possa provocar.

Figura 23 - Peitoral de polo

1.12 CABEÇÃO E GUIA

É um enredeamento muito útil para o adestramento no obstáculo ou para movimentar


um animal que não pode ser montado. O cabeção comporta sobre sua focinheira uma armação
de ferro, que age potentemente sobre o chanfro do cavalo, apesar de seu envoltório protetor.
Deve ser colocado bem ajustado a fim de não ficar batendo constantemente sobre o chanfro
do animal, nem permitir que as faceiras venham a prejudicar-lhe os olhos.

A guia é uma corda ou tira de lona dotada de um grampo em uma das


extremidades, pela qual se fixa a argola existente na focinheira de ferro do cabeção.

Figura 24 - Cabeção
22

Figura 25 - Guia

1.13 MATERIAL DE PROTEÇÃO

Compreende joelheiras, caneleiras, boleteiras, jarreteiras, ligas, feltros, capas, cloches.

Caneleiras

Formadas por uma folha de feltro, com uma tira elástica que as envolve e na qual são
fixadas fivelas e correias. A tira elástica é mantida presa ao feltro por uma dupla costura.

Figura 26 - Caneleiras
23

Boleteiras

São protetores para os boletos, muito usados para os animais que se tocam quando em
marcha. Poderá ser de couro, no modelo que vem na figura final, ou de pedaço de feltro fino,
mesmo flanela, em cujo meio se prende um simples cadarço. Para colocá-lo, basta que
ajustemos este cadarço, e em seguida, rebatamos a parte superior sobre a inferior.

Figura 27 - Boleteiras

Ligas

Destinam-se à proteção dos membros do cavalo. Existem dois tipos de liga, de


trabalho e de repouso. As ligas de trabalho, como as caneleiras, que protegem os membros do
animal. Devem ser colocadas com muita atenção, para evitar que se soltem durante o trabalho
ou possam vir a comprimir os membros. Devem ser flexíveis e elásticas, para assegurar maior
estabilidade. Ao serem colocadas, será de toda a vantagem que sejam enroladas por sobre uma
camada de algodão em rama, uma flanela, feltro, ou tira de borracha esponjosa. As ligas de
repouso destinam-se à procura de conforto para os membros do animal, quando na cocheira.
São de tecido um pouco quente, bem elásticas e, sempre que possível, devem ser colocadas
por cima de uma camada de algodão, embebida em um líquido adstringente. Evitam a
formação de ovas, derrames, etc.

Figura 28 - Ligas de trabalho


24

Figura 29 - Ligas de descanso

Cloches

De couro ou de borracha, servem para proteger os pés do cavalo, na coroa ou nos


talões, contra os ferimentos que possam sobrevir quando forem atingidos pelos posteriores,
durante o salto.

Figura 30 - Cloches

Capas

Servem para proteger o cavalo no inverno ou da poeira do verão. Devem ser ajustadas
por uma sobre cilha, para evitar que se desloquem do seu lugar normal.

Figura 31 - Capa
25

2. CAVALO DE SALTO

2.1 ESCOLHA DO CAVALO DE SALTO

O cavalo de salto é um animal destinado às competições hípicas de salto de


obstáculos, isto é, aos Concursos Hípicos. Este ramo da equitação exige, da parte de
cavaleiros e cavalos, um trabalho intenso e demorado, de resultado muitas vezes inferiores
aos desejados, pois dependem de uma série de qualidades do cavalo, uma perfeita execução
do cavaleiro e um entrosamento entre eles.

Da existência dessas qualidades e seu perfeito aproveitamento pelo cavaleiro é que irá
depender o sucesso. Algumas delas serão naturais, outras terão que ser criadas pelo cavaleiro.
Em qualquer caso, ele deverá sempre procurar desenvolvê-las e apurá-las.

O nosso estudo procurará estabelecer um método racional de trabalho tomando como


ponto de partida o animal apenas iniciado. A aplicação consciente deste método poderá nos
levar a obter resultados com a maioria dos cavalos que trabalhemos, dentro das devidas
proporções.

Para atingir os objetivos a que nos propomos, devemos, pois, saber o que procurar em
um cavalo e como identificar o que procuramos. O nosso trabalho será, então, dividido em
várias partes, em que estudaremos cada coisa separadamente. Começaremos pela escolha do
cavalo, passaremos a seu adestramento, subdividindo-o em adestramento propriamente
dito e adestramento no obstáculo, terminaremos pelo aperfeiçoamento do cavaleiro.

De todas elas, duas apresentam maiores dificuldades: a primeira e a última. (Escolha


do cavalo e aperfeiçoamento do cavaleiro). Na primeira, trata-se de, no meio de animais que
ainda não puderam demonstrar aquilo de que são capazes, encontrar o que reúna maior
número de boas qualidades.

Na última, temos que procurar desenvolver a habilidade nata ou adquirida pelo


cavaleiro, aperfeiçoando-lhe a execução, também não é fácil. A escolha do cavalo é bastante
difícil. Muitos cavaleiros de renome internacional tem escrito a respeito, entretanto, nenhum
pode, até agora, formular um conceito que garantisse o êxito.
26

Assim, teremos que nos limitar a indicar os pontos mais importantes a abordar na
escolha de um cavalo, isto é, como proceder quando formos escolher nosso futuro cavalo de
salto. O problema apresenta 2 (dois) aspectos distintos: Um de fácil solução, outro de solução
um tanto indefinida. O primeiro relaciona-se com o tipo físico do cavalo, daí deduzimos o que
nos interessa. Já o segundo é bastante mais difícil. Teremos que estudar o moral do cavalo e
procurar descobrir as qualidades que desejamos. Feito isto, teremos que procurar deduzir as
influências recíprocas que o tipo físico e as qualidades morais do cavalo possam ter.

Será bom que não esqueçamos também que é do perfeito entrosamento das qualidades
físicas e morais do cavalo que dependerá o resultado final desejado, quer dizer, não devemos
esquecer umas em detrimento de outras, nem que tanto umas como outras podem ser
melhoradas. Este entrosamento é tal, que muitas das qualidades morais do cavalo irão
depender de suas possibilidades físicas. Dito isto, passamos a estudar as qualidades que
desejamos encontrar no cavalo que iremos trabalhar.

Muitas vezes, ao simples olhar lançado sobre um animal, observamos suas aptidões
para o mister visado. Entretanto, tal nem sempre acontece e, outras vezes, um cavalo qualquer
apresenta qualidades notáveis. É quem tem disposições naturais, muitas das vezes físicas, e
possui mais potência do que seria lícito julgar em um simples exame. Assim, guardemo-nos
de julgar um cavalo por sua aparência. Antes de condená-lo ou julgá-lo favoravelmente,
devemos experimentá-lo. Se esta experiência, em liberdade montado for favorável, devemos
conservá-lo e trabalhá-lo.

O que desejamos de um cavalo de salto? Que salte um bom estilo qualquer que seja
o obstáculo que lhe apresentemos, conhecido ou desconhecido, sem hesitação e sem a menor
tentativa de se desviar, executando facilmente as mudanças de direção que lhe impusermos,
calculando bem seus últimos lances, para se destacar de uma boa distância,
POTENTEMENTE, depois de ter oposto ao seu movimento a retomada indispensável ao
engajamento de seus posteriores e a elevação de seu antemão. Para tal, deve possuir as
seguintes qualidades: Energia, potência, calma, franqueza, agilidade, flexibilidade, equilíbrio,
destreza e respeito pelo obstáculo.

Em que consistem?

a) energia: qualidade natural do cavalo, que lhe permite encontrar, dentro de si,
reservas que o tornam capaz de enfrentar com êxito, as dificuldades que apresentemos;
27

b) potência: qualidade natural do cavalo, geralmente resultante de uma sólida


constituição física e um grande desenvolvimento muscular;

Energia e potência – são as qualidades mestras do cavalo. Raramente as encontramos


no mesmo grau num cavalo, porém ambas são suscetíveis de serem melhoradas. São elas que
permitirão o sucesso onde a maioria falhar, levando o cavalo a empregar todos os seus
recursos, para transpor as dificuldades apresentadas diante de si. Do íntimo entrosamento
destas 2 (duas) qualidades é que irá depender do sucesso.

c) calma: qualidade que permite ao cavalo manter-se sereno em todas as ocasiões,


avançando serenamente para os obstáculos que lhe são apresentadas, sem perturbações ou
hesitações, aguardando serenamente a autorização ou o comando de seu cavaleiro para
transpor cada obstáculo, deixando-se retomar facilmente após cada salto. Pode ser natural ou
resultado de um longo trabalho de domínio no obstáculo, mesmo quando natural, o cavaleiro
deve sempre procurar desenvolvê-la;

d) franqueza: é a naturalidade com que o cavalo avança para qualquer obstáculo


que lhe seja apresentado, conhecido ou desconhecido, fácil ou difícil, numa andadura franca,
igual, sem hesitação capaz de alongar e encurtar sua andadura à vontade de seu cavaleiro.
Podemos dizer que é uma coragem consciente e controlada. Muitas vezes natural,
consequência da coragem do cavalo, pode ser desenvolvida e até mesmo criada mediante um
trabalho racional e progressivo, realizado principalmente durante a iniciação, no exterior e em
terreno variado. Deve ser sempre objeto de atenção do cavaleiro;

e) agilidade: qualidade natural do cavalo , que lhe permite a realização, sem


esforço aparente, das exigências que lhe são feitas. Muitos costumam chamá-la de
naturalidade;

f) flexibilidade: muitas vezes natural, mas a ser sempre cada vez mais
desenvolvida, permite ao cavaleiro um grande e fácil domínio sobre sua montada, em
qualquer velocidade e direção, e ao cavalo as retomadas que terá de impor, por si mesmo, ao
seu movimento;

g) equilíbrio: é a perfeita distribuição de peso pelo corpo do cavalo, permitindo-


lhe dispor de sua massa, à vontade, conforme as circunstâncias. Natural, o que é
28

evidentemente preferível, ou adquirido, cavaleiro deve sempre preocupar-se em verificar o


bom equilíbrio de seu cavalo, pois ele é indispensável à economia de forças;

h) destreza: é a qualidade do cavalo que, mesmo nas piores circunstâncias,


procura e consegue encontrar meios de sair de dificuldades, corrigindo seus próprios erros ou
os de seu cavaleiro. Podemos dizer que a destreza é resultado da associação da agilidade,
flexibilidade e equilíbrio do cavalo;

i) respeito pelo obstáculo: qualidade que devemos sempre desejar aos nossos
cavalos de salto. Qualidade que os fará, sempre, empregar-se a fundo em qualquer obstáculo,
para transpô-lo com a certeza de não o tocar. Pode ser natural ou resultado de um trabalho
especial com este objetivo. Geralmente, é a consequência da potência e da energia do cavalo.

Poderíamos, entretanto, acompanhando as palavras de GUDIN DE VALLERIN, dizer


simplesmente:

“O bom cavalo de concurso deve possuir, na ordem abaixo, as seguintes qualidades:


SEGURANÇA, CONFORTO, FACILIDADE, POTÊNCIA E VELOCIDADE”.

“As duas primeiras, em geral, geram a terceira; são as qualidades mestras porque
implicam no equilíbrio e na destreza. Podem ser aperfeiçoadas ou adquiridas por um
adestramento sábio, mas isto exige tempo e paciência.”

“As duas últimas qualidades, POTÊNCIA E VELOCIDADE, são naturais o trabalho


as desenvolve e aumenta, sem entretanto, criá-las.”

“Entre dois cavalos de classes diferentes, haverá sempre a mesma diferença, do ponto
de vista POTÊNCIA E VELOCIDADE, após um trabalho idêntico de longa duração.”

Parece interessante citar a definição de GUSTAVE RAU, antigo diretor dos haras do
Grande Reich e juiz olímpico - “Exige-se atualmente, dos cavalos, que tenham massa,
equilíbrio natural, flexibilidade natural, inteligência nata e calma, com exclusão de qualquer
nervosismo. É um novo cavalo que se deseja.”

Feita esta dissertação sobre as qualidades que devemos procurar no cavalo, passemos
agora a ver como devemos proceder para a escolha do cavalo. Quatro fases distintas irão
constituir nosso exame:
29

a) exame da raça e das origens do cavalo;

b) exame do tipo físico do cavalo;

c) exame de suas andaduras, em liberdade e montado;

d) exame no obstáculo em liberdade, e se possível, montado.

Em cada uma delas, há conclusões a tirar.

2.1.1 Raça e Origens do Cavalo

No salto atualmente, temos várias raças de cavalos puro-sangue participando das


competições, vários resultados e diferentes teorias que os cercam. Iremos tratar das três
principais raças existentes no Brasil e no mundo: o Holsteiner, o Hanoveriano e o Brasileiro
de Hipismo (BH).

O Holsteiner, resultado do cruzamento de garanhões Puro Sangue Inglês com sangue


Anglo-normando, resultaram em elegância, refinamento e habilidade de salto.O Holsteiner
moderno é de tamanho médio, forte parte traseira e lombo. O pescoço curvado sobe de uma
maneira bem angulada e a cabeça é pequena com grandes olhos. Esta conformação se adapta
facilmente aos movimentos necessários para a prática de esportes de modo expressivo e
elegante.

Figura 32 - Cavalo Holsteiner


30

O Hanoveriano teve origem no antigo Reino de Hannover, na Alemanha, animal de


sangue nobre, possui características como: equilíbrio natural, impulsão e movimentos
elegantes, elásticos, caracterizados por um trote flutuante e um ritmo saudável. É considerado
um dos animais mais altos entre as raças, com a altura em torno de 1,62 a 1,70m, com um
porte esguio, cabeça, pescoço e tronco muito bem definidos. A seleção subseqüente produziu
animais muito robustos, tranqüilos e direcionados para esportes como equitação e hipismo.
Mas é no salto e no adestramento que eles se destacam.

Figura 33 - Cavalo Hanoveriano

O Brasileiro de Hipismo é uma raça que começou a ser aperfeiçoada na Alemanha,


onde teve inicio no cruzamento dos sangues anglo-árabe e Puro Sangue Inglês (PSI), obtendo
bons resultados. É um animal com algumas características tais como: energético, determinado
e corajoso, embora tenha um temperamento dócil, sua cabeça é expressiva, nobre, com todos
os contornos bem destacados, como se tivessem sido esculpidos. Tem olhos vivos, as narinas
grandes e largas e as orelhas de tamanho médio e bem implantadas. O tamanho da cabeça é
importante na raça: sendo menor, favorece o equilíbrio do cavalo por ser mais leve.

Figura 34 - Cavalo Brasileiro de Hipismo -BH


31

2.1.2 Exame do Tipo Físico do Cavalo

Ao estudarmos o modelo do cavalo, devemos, inicialmente, lançar sobre o animal um


olhar de conjunto para apreciar suas proporções e a harmonia de suas formas. Dificilmente,
um animal sem harmonia em sem conjunto, mal proporcionado, poderá produzir o que dele
desejamos. A harmonia das proporções do cavalo é, geralmente, uma garantia de um bom
equilíbrio natural, de agilidade e flexibilidade natural.

Entretanto, tal fato não significa que devamos abandonar, de imediato, o cavalo que
não satisfaça tais condições. Significa, isto sim, que devemos examiná-lo com maior atenção,
descendo, o seu exame aos mínimos detalhes a fim de procurar seus bons pontos.

Depois deste olhar de conjunto sobre o cavalo, começamos o exame pormenorizado.


Qualquer que seja a raça, vejamos qual deve ser o modelo de saltador:

a) de perfil: Deve ser bem convexo no conjunto de sua linha superior, pescoço,
dorso-rim, garupa, isto é, seria defeituoso se tivesse o pescoço invertido, o garrote amassado,
o dorso e o rim cavados, a garupa chata. O rim tem uma grande importância. É mau se for
amassado. É preferível que seja arqueado, principalmente se for longo. Não quer dizer que os
cavalos de dorso de carpa devam ser afastados. Tais animais, geralmente, têm tal rigidez da
coluna vertebral que prejudica muitas das boas qualidades que possam ter. Alguns cavalos
têm a bossa do salto, quer dizer, uma saliência bastante forte do ângulo interno da garupa.
Esta saliência pode, erradamente, fazer parecer que o rim seja cavado. É preciso não se deixar
enganar. Esta linha de cima deve, finalmente, mostrar um cavalo tão alto de garrote quanto de
garupa. Se a garupa é mais alta que o garrote, o jogo das espáduas terá sua elevação para o
salto pior. Este fato pode ser corrigido por um adestramento bem dirigido. Como todo bom
cavalo de sela, o saltador deve ter o garrote bem destacado, a espádua longa e inclinada, o
peito profundo, o rim largo, convexo e bem inserido, a garupa larga e ligeiramente inclinada,
membros sólidos com articulações baixas, joelhos bem descidos e a coxa longa. No perfil de
seus aprumos, é preciso que seja direito. Acampado, é proibitivo; sobre si de trás, sem
importância primordial, porque todos os cavalos de salto assim se tornam. Deve dar a
impressão de uma mola pronta a se dobrar, como um arco cujas extremidades se aproximam
elasticamente e não de uma rede pendente entre os suportes dos anteriores e posteriores.

b) de frente: como todo bom cavalo: suficientemente aberto, os aprumos


direitos, nem esquerdos nem cambaios;
32

c) de trás: Ponto de vista muito importante. É preciso ver um esqueleto de


atleta: ancas largas, mas, sobretudo, muito catove, quer dizer, coxas mais largas que as ancas
e bem descidas. O cavalo de coxas de rã não é um saltador. “Os aprumos devem ser direitos,
mas, ainda ai, só se pode tolerar um defeito, é o que coloca os posteriores sob a massa e não
os que os afasta daí.” (Concours Hippique – Benoist – Gironiere)

Resumindo, o cavalo deve apresentar:

a) cabeça: Pequena, finamente inserida no pescoço. As ganachas não devem ser


fechadas, nem as parótidas demasiado salientes. Tais características iriam prejudicar a boa
atitude da extremidade anterior, tão necessária à facilidade de domínio do cavalo, pela
dificuldade que acarretariam à articulação cabeça-pescoço, com reflexo sobre toda a coluna
vertebral.

b) olhos: Bem abertos e vivos, cintilantes de inteligência.

c) narinas: Largas, conduzindo o ar com facilidade aos pulmões.

d) boca: pequena. Sinal de energia e facilidade de domínio. Não deve, entretanto,


ser tão pequena a ponto de dificultar a colocação da embocadura.

e) faces: secas.

f) pescoço: Longo, ligeiramente arqueado (convexo), inclinado de cerca de 45º


com a horizontal, bem inserido nas espáduas, e na cabeça, fornecendo ao cavalo um
bom balanceiro.

g) garrote: Bem destacado e prolongado para trás, com capacidade para inserção
de grandes massas musculares.

h) espáduas: Bem inclinadas, sinal de grande liberdade de movimentos,


capacidade de locomoção e facilidade para o gesto de elevação da frente. Além disso,
permitirão uma articulação com o braço, que favorecerão sobremaneira o gesto de
recolhimento dos membros anteriores, para o salto. O cavalo de espáduas direitas tem que
aprender a delas se servir e, se bem que se possa obter bons resultados, é um trabalho
demorado. Sua articulação com o braço também não pode ser boa e aparecerão certos defeitos
no gesto de recolhimento dos anteriores, muito difíceis de eliminação.
33

i) braço: Curto, formando um ângulo de aproximadamente 90º com as espáduas.


Sua articulação com as espáduas irá ter grande influência, como já dissemos, no gesto de
recolhimento dos membros anteriores.

j) antebraço: Bem longo, dotado de boa nomenclatura.

k) joelhos: O mais baixo possível, com ossos grossos.

l) canelas: Curtas, com ossos grossos.

Quanto mais longo o antebraço, mais baixo o joelho, e mais curta a canela, maior
rasância das andaduras, maior facilidade de movimento e, portanto, maior rendimento das
andaduras com menor esforço.

m) quartelas: De preferência curtas, embora tornem as andaduras menos


agradáveis, com ossos fortes. As quartelas muito longas acarretam um maior trabalho aos
tendões.

n) tendões: Bem secos e destacados, nos quatro membros.

o) pés: Bem conformados, com boas ranilhas. Nada de palma cheia.

p) membros anteriores: O mais bem aprumado possível, tanto de perfil como de


frente.

q) peito: Largo e profundo, contendo coração e pulmões volumosos, que permitam


uma respiração fácil, com eliminação rápida de ácido carbônico, que se forma rapidamente
após alguns saltos fortes.

r) dorso: Nem curto nem exageradamente longo. O dorso um pouco longo, se


ligado a um antemão e um post-mão fortes e bem desenvolvidos e com rins fortes, é
preferível, pois, nos dará uma maior amplitude de lances, maior flexibilidade, e maior
facilidade para transpor os obstáculos.

s) rins: Curtos e largos. Os rins devem, tanto quanto possível, ser largos e um
pouco arqueados (convexos).
34

t) garupa: Tão larga e longa quanto possível, sem quebrar a harmonia do conjunto,
e um pouco inclinada a fim de facilitar a acomodação das grandes massas musculares que aí
devem existir e se irão formar com o trabalho.

u) coxas: Bem desenvolvidas, mais largas que as ancas e bem descidas, quer dizer,
possuindo músculos nadegueiros mais longos possíveis.

v) jarretes: Tão baixos quanto possível, com grossos ossos, permitindo boa
articulação e bom apoio para inserção dos tendões.

x) tendões: Como os dos anteriores, secos e bem destacados, como uma boa corda
de um instrumento de música.

y) canelas: Como as dos anteriores.

z) pés: Como as dos anteriores.

a.a) membros posteriores: Bem aprumados, tanto de frente como de perfil,


permitindo, entretanto, que o cavalo possa ser ligeiramente sobre si de trás.

a.b) idade: Podemos começar o trabalho do puro-sangue inglês ou do anglo-árabe


entre os 3 ou 4 anos. Para os cavalos mais tardios, devemos dilatar este prazo, iniciando-o
somente a partir dos anos, quando o animal já tem o seu desenvolvimento quase completo.

a.c) altura: O animal que procuramos não poder ser de pequeno talhe, pois o
cavalo pequeno forçosamente terá seus meios um tanto limitados, sendo raro os de recursos
excepcionais. Não devemos, porém, prejudicar-lhes a agilidade tão necessária para os
percursos fortes. Além disso, iria implicar uma massa enorme de difícil flexionamento e
custosa manutenção.

Destes pontos, devem ser olhados com atenção: aprumos, pescoço, espáduas, garrotes,
rins, ancas, coxas e jarretes. Eis, em detalhe, os pontos que devemos conservar no exame do
tipo físico do cavalo. Sempre que possível, façamo-nos acompanhar de um veterinário de
confiança neste exame. Será de toda vantagem que ele examine, particularmente, os seguintes
pontos: olhos, pés, coração, pulmões e rins do cavalo.
35

2.1.3 Exame das Andaduras

O exame das andaduras do cavalo tem regular importância quando desejamos


encontrar um cavalo para o salto, pois muito nos poderá informar sobre as aptidões do cavalo
para o esporte. Este exame nos permitir aquilatar muito da flexibilidade, agilidade, energia e
equilíbrio do cavalo.

Não devemos, ao realizar este estudo, procurar observar como termo de comparação,
as andaduras de um velho cavalo de concurso. Este, com o trabalho, teve suas andaduras
modificadas. Se já é um velho cavalo, calejado no ofício, o brilho das mesmas desapareceu
totalmente.

Parece ter adotado uma andadura picada bem distinta das andaduras fluentes que
desejamos. Não acredite que seja sempre a fadiga que lhe deu estas andaduras. O estado de
alerta permanente em que o cavalo de concurso vive, durante um percurso, leva-o a preparar-
se, a todo o momento, para o que der e vier. Ele procura conservar sempre o maior contato
possível de suas bases bipedais e tripedais com o solo. Para tal, só tem um percurso, diminuir
a amplitude de seus lances, comprovado este fato por uma maior repetição do número de suas
batidas.

“As andaduras do potro, devem, ao contrário, ser brilhantes e flexíveis.” (Benoist –


Gironiere).

“Como um gato ou felino.” ( De Manten de Horne ).

a) ao passo: “deve marchar um passo longo e elástico, sem precipitação. É preciso


que transpiste, isto é, que os posteriores pousem adiante do rastro dos anteriores, o que prova
um bom engajamento do post-mão. Será melhor ainda se, cada passada, a garupa seguir o
membro por uma flexão alternada do rim a direita e a esquerda.” - ( Benoist-Gironiere) . Isto
dirá bem da natural flexibilidade da coluna vertebral do cavalo e da elasticidade da andadura.

b) ao trote: “O trote deve ser brilhante, isento de qualquer rigidez. As espáduas


devem jogar livremente e não parecerem presas. Os posteriores devem engajar-se
naturalmente sob a massa e o mais à frente possível.”- (Benoist-Gironiere). O cavalo deve
deslocar-se por bípedes diagonais alternados, observando-se perfeita simetria no avanço de
cada um, e parecendo que salta naturalmente de um para outro.
36

c) ao galope: “A andadura deve ser flexível e harmoniosa. Nada de cavalo que


pareça galopar em dois pedaços. A linha do dorso deve arredondar-se no tempo do
rassembler e por isso os posteriores devem se engajar a fundo. O rim arqueia-se e distende-se
a cada lance de galope contrariamente ao cavalo que parece galopar apenas com os
membros.”- ( Benoist-Gironiere) .

“Isto é muito bom. Os membros do cavalo devem mover-se no eixo de marcha e não
de lado.” - (Coronel Forl Thomson).

“O bom saltador de concurso, não rasa o solo. Muitas vezes, tem andaduras elevadas
que recorda as do Hackney.” - (Bizard).

Observe todas estas andaduras, de preferência no cavalo em liberdade ou puxado a


mão, porque o cavaleiro eventual pode, por falta de jeito, extinguir um brilho natural, ou por
sua habilidade, dar-lhe um artificial. Apesar de tudo, após o exame em liberdade, é preciso ver
como o potro se apresenta sob a sela. Faça-o montar, inicialmente, por outra pessoa; em
seguida, monte-você mesmo.

“Nas três andaduras, é preciso sentir sob si uma máquina boa, enérgica e deslocando-
se em perfeita simetria. O bom cavalo não é forçosamente o mais confortável, porque sua
potência pode diminuir-lhe a flexibilidade. É assim que um cavalo de rim tenso e que joga
forte, dará, a cada lance de galope, uma raquetada nada agradável, mas apreciável para
demonstrar sua aptidão para o salto.”- ( Benoist-Gironiere) .

“É o cavalo de rim cavado que dá as raquetadas. É, ao contrário, sobre o cavalo bem


posto, cujo rim é arqueado, que o cavaleiro se encontra mais à vontade. Se o adestramento
não causasse uma melhoria de conforto, seria sua condenação.”- (Gudin Vallerin).

Parece-nos, entretanto, que, se o rim do cavalo é naturalmente arqueado, a cada batida


de trote ou lance de galope, o movimento só pode se realizar por uma acentuação deste
arqueamento, seguido de uma distensão bem pouco acentuada. Nestas condições, o cavaleiro
deverá ter, pelo menos, a sensação de sentir a sela elevar-se sob si. A andadura, em tal
condição, não é naturalmente, das mais agradáveis, mas diz muito bem de sua energia e da
facilidade que o cavalo tem para reunir-se. A dureza de tal andadura aumentará ainda se o
cavalo tiver as quartelas curtas.
37

3. O SALTO

Ao estudarmos os saltos, focalizaremos primeiro, separadamente, o salto do cavalo e


as ações do cavaleiro, para depois analisarmos o conjunto e o perfeito entrosamento entre
eles.

Estudaremos então:

a) o gesto e os tempos do salto;

b) a posição do cavaleiro e o papel das articulações;

c) a análise de salto.

3.1 O GESTO E O TEMPO DO SALTO

A proporção que se aproxima do obstáculo, o cavalo estende-se, alonga a coluna


vertebral para frente, na previsão do esforço a despender. Durante o salto, ele realiza, com o
pescoço, quatro movimentos rápidos e inversos.

1º – Elevação: batida;

2º – Abaixamento: passagem dos anteriores;

3º – Elevação: passagem dos posteriores;

4º – Abaixamento: “retorno ao solo”, para a nova partida.

1º) ELEVAÇÃO : Este movimento permite, inicialmente, o recolhimento do cavalo.


Antes do salto, trás consigo a elevação do antemão, desvia de algum modo a propulsão e
facilita a distensão dos posteriores (ligamentos).

2º) ABAIXAMENTO: O cavalo envia o pescoço na trajetória do salto. A coluna


vertebral se estende na direção da projeção, enquanto os membros posteriores distendem-se,
38

impelem a massa na nova direção. “A cabeça se estira e arrasta a armação e os membros”


(Comandante Chamorin). O gesto rápido de abaixamento do pescoço acentua, inicialmente, o
movimento ascendente do antemão e favorece, em seguida, a solicitação dos posteriores
(flexão do dorso-rim ligamentos).

3º) ELEVAÇAO: Esta ação faz o cavalo bascular sobre o obstáculo (passagem dos
posteriores) e precipita a descida do antemão.

4º) ABAIXAMENTO: este movimento amortece a retomada do contato com o solo,


acelera o engajamento dos posteriores, muito acentuado nesse momento e precipita o pousar.

No instante da sua retomada, para o reinício do galope ( fase mais crítica do salto em
razão da instabilidade do equilíbrio), o cavalo executa como que outro salto pequeno.

O post-mão se reúne e o antemão eleva-se a uma altura superior à que atinge em um


passo de galope normal. O post-mão dispondo, novamente do peso da massa, projeta-se para
frente, na execução de um segundo movimento de elevação menos acentuado, ao mesmo
tempo em que o cavalo estende o pescoço na direção do novo esforço propulsivo.

Do mesmo modo que o cavaleiro, o rim do cavalo deve funcionar durante o salto
alternadamente, em flexão e extensão. A nuca e o rim do cavalo equilibrado e adestrado
devem estar em condições de funcionar facilmente nesses dois sentidos. Esta liberdade de
movimento só é possível quando o cavaleiro conserva as mão no seu lugar de preferência
baixas, permanecendo sempre mais altas que o bridão e não na direção da nuca. As rédeas,
enquadrando, desse modo o rim do cavalo, dão a coluna vertebral o máximo de liberdade para
atuar nesses dois sentidos.

3.2 A POSIÇÃO DO CAVALEIRO E O PAPEL DAS ARTICULAÇÕES

a) as mãos: antes, durante e depois do salto, em lugar de fixar a mão, deve o


cavaleiro acompanhar os movimentos do pescoço pela ação elástica dos cotovelos.

Será contra a lógica acompanhar os movimentos do pescoço ao galope longe do


obstáculo e ficar as mãos perto deste, justamente no momento em que o cavalo mais necessita
de sua liberdade de ação. Esta independência de mãos, o cavaleiro só possuíra quando estiver
39

absolutamente senhor de seu equilíbrio, ao galope, em suspensão flexível. A posição do salto


será obtida pela aderência dos calcanhares ao corpo do cavalo.

b) modo de segurar as rédeas: o modo de segurar as rédeas, no salto de


obstáculos, tem grande importância. Deve aproximar-se o mais possível do clássico: braços
dobrados, cotovelo roçando o corpo, os polegares para cima. Somente assim as articulações
dos dedos, punhos e dos cotovelos estão na disposição apropriada para o perfeito
funcionamento, sem oscilação.

A tensão das rédeas deve ser limitada ao contato com a boca, permanecendo o cavalo
na mão e tenso na extremidade das rédeas. É indispensável que os dedos estejam sempre
prontos para se abrir a fim de permitir o deslizamento das rédeas, em caso de necessidade do
cavalo ou de atraso do cavaleiro. Não perturbar o cavalo de salto é, realmente, mais
importante do que aquilo que denominam, aliás, impropriamente, posição no obstáculo.

Figura 35 - Modo de segurar as rédeas

c) as pernas: como na equitação corrente, é com as pernas e não com as mãos que
se deve montar no obstáculo. O cavaleiro deve fazer-se esquecer sobre o dorso do cavalo e
não manifestar sua presença, nem fazer sentir a sua energia e vontade de saltar senão o ventre
do cavalo (calcanhares baixos, barriga das pernas endurecidas). No obstáculo, também, não
são as pernas que devem forçar, disciplinar e obrigar o cavalo a se distender.

Figura 36 - Posição das pernas


40

As ações das pernas, sempre necessárias nos grandes obstáculos, são executadas por
meio de pressões periódicas, cadenciadas com o movimento vertical do dorso-rim do cavalo.
O contato dos calcanhares deve ser constante.

d) absorção das reações: não podendo o cavaleiro absorver as reações resultantes


do salto de grandes obstáculos, unicamente pelo funcionamento do rim, deve ele apelar para o
de todas as suas articulações: suspensão flexível, comprimento dos lóros que permite o
movimento articular suficiente e proporcional à altura dos obstáculos a transpor, deixando
unicamente ao cavaleiro, a possibilidade de se servir das pernas como meio de governo e
firmeza. Quanto ao comprimento dos lóros, estudaremos o assunto com mais detalhes no fim
da sessão.

Para obter melhor rendimento ( economia de forças, absoluto conforto, continuidade


de equilíbrio, por meio de ações reduzidas ao mínimo e que perturbem o menos possível o
equilíbrio do cavalo, bastante instável durante o salto), deve o cavaleiro:

I) Não atrasar, ou seja, não opor o peso de sua massa aos esforços de projeção e de
recepção do cavalo;

II) Executar com o corpo , movimentos que absorvam as variações de velocidade


horizontal e vertical do salto.

e) direção do olhar: é mais importante ligar-se ao movimento do que ao cavalo.

A direção do olhar tem grande importância. Antes, durante e depois do salto, o


cavaleiro deve olhar ao longe, o queixo desembaraçado do pescoço e o mesmo entendido para
frente durante a batida.

A ação de baixar a cabeça provoca a curvatura do rim. Olhar ao longe, para frente,
obriga o rim a funcionar na sua posição normal, num ou noutro sentido, conforme a
necessidade.
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Figura 37 - Olhar do cavaleiro

f) colocação do pé no estribo: qualquer que seja o grau de introdução do pé no


estribo, é da mais alta importância, sob o aspecto da firmeza do cavaleiro, que o calcanhar
esteja mais baixo que a ponta do pé.

Colocar o estribo no terço do pé permite o máximo de funcionamento do tornozelo;


todavia, se este processo apresenta grandes vantagens, seu exagero dá origem a sérios
inconvenientes. Colocar o estribo na ponta do pé exige, para conservação do mesmo, um
esforço que resulta na rigidez do tornozelo.

Figura 38 - Pé no estribo

3.3 ANÁLISE DO SALTO

a) Aproximação: Na aproximação do obstáculo e durante a batida, o cavaleiro


deve ser muito discreto nas suas ações de maneira que não perturbe a atenção nem o
equilíbrio do cavalo.
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A proporção que o cavalo se aproxima do obstáculo, o cavaleiro , apoiando os


calcanhares à saliência do ventre, coloca-se em suspensão flexível e leva progressivamente a
bacia para frente, próximo ao cepilho, evitando apertar os joelhos, o que impediria o seu
avanço. Esta colocação em suspensão flexível, não consiste, de modo algum, em elevar-se em
cima da sela, alçando-se sobre os estribos.

O cavaleiro abre os seus ângulos articulares esticando-se, por assim dizer, pelas suas
extremidades, ao mesmo tempo em que endireita o corpo para “acomodar” a bacia e colocar-
se em equilíbrio; ele desce o mais que pode sobre os calcanhares, como se desejasse pesar, em
forquilha contra o cepilho.

Este modo de atuar alivia o rim e os jarretes do cavalo e dá ao cavaleiro o meio de


evitar que o peso de sua massa se oponha ao esforço de propulsão, no momento da batida.
Além disso, para permitir a tensão indispensável à produção de do esforço que precede o
salto, o cavaleiro deve procurar, nesse momento, o alongamento da coluna vertebral para
frente, agindo por meio dos calcanhares. Os cotovelos permanecem elásticos, os braços com
tendência a se alongarem, e as mãos cedem, mantendo o contato e abaixando-se para dar mais
liberdade de funcionamento do rim do cavalo.

Fixar o olhar no obstáculo que vai transpor, não tem outro efeito senão o de impedir o
cavalheiro de “estar com seu cavalo”. Se, ao contrário, o cavaleiro não olhar para a barreira,
qualquer que seja a distância da batida em relação ao obstáculo, saltará com o cavalo. Isto
porque os movimentos reflexos são mais justos e mais prontos do que os voluntários.

Figura 39 - Aproximação
43

b) Batida: Antes de estudarmos a posição do cavaleiro, devemos entender o que é


batida: é a distância entre o ultimo ponto em que os posteriores tocam o solo antes do salto e o
obstáculo. Durante a batida o cavaleiro não deve resistir aos efeitos de inércia que na ocasião
do engajamento acentuado do cavalo, tende a deslocá-lo para frente. Os joelhos e a bacia
devem, neste momento, deslizar para frente.

Para poder ficar com o cavalo durante o salto, deve o cavaleiro estar “adiante de seu
cavalo” durante a batida. Esse avanço variará segundo a natureza do obstáculo, a velocidade e
o grau de impulsão do cavalo. A aderência dos calcanhares e o ponto de apoio que a parte
inferior da barriga das pernas encontra na elevação do ventre do cavalo, permitem ao
cavaleiro tomar, com toda a segurança, o avanço necessário. É este ponto de apoio que,
mesmo no caso de refugo brusco, permite ao cavaleiro conservar-se na sela. Isto lhe dará uma
firmeza maior do que apertar os joelhos ou levar as pernas para frente.

Figura 40 - Batida

c) Elevação e passagem do antemão: Durante a elevação, deve o cavaleiro


colocar o alto do corpo na trajetória do salto, de modo que o cavalo possa projetá-lo,
elevando-se por cima do obstáculo. Sem essa preocupação dar-se-á, fatalmente, a separação
dos dois corpos no momento da projeção.

Curvar o dorso nesse momento teria como consequência enviar a bacia para trás e as
pernas para frente, provocando um atraso que não lhe permitiria receber-se com o cavalo no
retorno ao solo. Elevando-se sob o cavaleiro, o corpo do cavalo fecha os ângulos articulares
deste e os dobra de algum modo.
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Figura 41 - Elevação e passagem dos antemão

d) Planar: Durante o planar, em vez de endireitar e retomar o fundo da sela, como


antigamente se fazia, o cavaleiro permanece inclinado e em equilíbrio na região do cepilho,
evitando abandonar o contato dos calcanhares e curvar o dorso (direção do olhar).

Figura 42 - Planar

e) Descida: Durante o movimento de báscula, o cavalo desce mais rapidamente


que o cavaleiro. Este, ligado pelos calcanhares, atraído para baixo, deixa-se desdobrar
(abertura dos ângulos articulares). Nestas condições, o endireitamento do corpo do cavaleiro
sempre se fará em harmonia com o movimento de báscula do cavalo. O movimento, nesse
instante, será da bacia, e não dos membros. Bacia e joelhos devem ser impelidos para frente e
para baixo, a fim de acelerar sua descida e acompanhar o cavalo, de modo a poder estar com
ele no momento da recepção. Este movimento é o mais importante do salto. Assim, se o
cavaleiro apertasse os joelhos não poderia deslocar a bacia entre os membros e os calcanhares,
perderia o equilíbrio e não conseguiria recuperar o seu atraso.

O movimento que o cavaleiro deve executar nesta fase do salto corresponde ao que faz
uma pessoa sentada para levantar-se. Impedir o avanço dos joelhos torna impossível
45

restabelecer o equilíbrio sobre os pés. È ainda a elevação do ventre atrás da bota que fornece
ao cavaleiro o ponto de apoio necessário à execução desse movimento da bacia.

Figura 43 - Descida

f) Retorno ao solo (recepção): Devemos entender também o que é a recepção: é a


distancia entre o ponto onde os anteriores tocam primeiramente no solo e o obstáculo. O
cavaleiro que executou durante o salto os movimentos convenientes termina- o “com o
cavalo”, em suspensão flexível, em equilíbrio sobre o cepilho, como estava antes do salto. O
funcionamento dos seus ângulos articulares subtrai o peso de sua massa aos esforços de
recepção do cavalo. A suspensão dos choques, que resulta dessa recepção, em suspensão
flexível, torna a partida do “novo galope” fácil e alivia consideravelmente o cavalo durante
esta fase crítica e incômoda do salto. Para conservar seu equilíbrio, o cavaleiro deve continuar
a olhar para frente.

Figura 44 - Recepção

Concluindo diríamos que são pontos essenciais que caracterizam o chamado “salto
racional” prescrito em todas as escolas da atualidade:
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I - A conservação do equilíbrio: Acima do cepilho, permanecendo o cavaleiro em


suspensão flexível durante o salto.

II - Aderência constante dos calcanhares à saliência do ventre do cavalo.

III - Fixidez da parte inferior das pernas e não dos joelhos.

IV - Utilização do funcionamento de todas as articulações.

V - Movimento da bacia em concordância com o movimento de báscula do cavalo.

Figura 45 - Analise do salto

Figura 46 - Analise do cavalo e cavaleiro no salto


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4. O ADESTRAMENTO DO CAVALO DE SALTO

O adestramento, como sabemos, tem por finalidade permitir ao cavaleiro o perfeito


domínio das forças do cavalo e a completa exploração das mesmas. Bastariam, pois, estas
palavras para nos fazer compreender sua grande importância e extrema necessidade de o
termo, pelo menos, perfeitamente “na mão” durante a execução dos mais rigorosos percursos
de obstáculos.

Isto será a obra do adestramento. Ele é que nos permitirá, inicialmente, restabelecer o
equilíbrio do cavalo comprometido pelo peso do cavaleiro, adaptando-o às novas exigências a
que irá ser submetido, e capacitando o animal a dispor de sua massa em todas as direções e
em todos os sentidos, e preparando seus músculos, seu coração e seus pulmões pra
satisfazerem todos os esforços que terão de realizar.

Sem um adestramento metódico, nunca teríamos o que denominar de “cavalo de


salto”, isto é, um animal capacitado a ser submetido aos esforços violentos que lhe
exigiremos, sem nunca se rebelar contra a vontade do cavaleiro, se entregando de boa vontade
e procurando dar o máximo de seus esforços para bem desempenhar o papel que se lhe exige.
Teríamos, isto sim, um animal constrangido pela força e pelo temor a obedecer a seu
cavaleiro; um animal que, à primeira oportunidade, se rebelará e se defenderá. Teríamos as
verdadeiras caricaturas de cavalo de salto, tão ridículas quanto seu cavaleiro.

Será preciso compreender que, quando falamos em adestramento do cavalo de salto,


não nos referimos, exclusivamente, ao adestramento do tipo daquele a que submetemos um
cavalo de picadeiro, mas a um adestramento dirigido de maneira a preparar o cavalo, física e
moralmente, para seu mister de cavalo de salto.

Assim sendo, teremos de abordar dois objetivos distintos que, entretanto, se entrosarão
intimamente durante o trabalho: o adestramento propriamente dito e no obstáculo.

O primeiro compreenderá o domínio da massa do cavalo, a procura de seu equilíbrio e


seu governo em todas as andaduras e velocidades e em todas as direções. O segundo
compreenderá a ginástica, o equilíbrio e o domínio do cavalo na frente da barreira e após o
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salto, o cálculo e a execução do gesto de salto correto, a par do desenvolvimento de seus


músculos e de seus pulmões.

Esses dois objetivos, aparentemente tão distintos, são, entretanto, interdependentes, e


devem ser abordados simultaneamente. Sem adiantarmos o adestramento propriamente dito,
nunca poderemos avançar o adestramento no obstáculo sem nos sujeitarmos a insucessos. Sua
influência será enorme na preparação física e moral do cavalo, para os esforços futuros do
adestramento no obstáculo.

4.1 ADESTRAMENTO PROPRIAMENTE DITO

Muito teríamos a falar sobre esse assunto. Entretanto, seus princípios e métodos são os
mesmos de sempre, já nossos conhecidos, de maneira que nos limitaremos a marcar estágios a
serem atingidos e certas maneiras de agir, para procurarmos alcançar o objetivo final o mais
rapidamente possível, libertando-nos de certas exigências, o que o adestramento de um cavalo
, tendo em vista sua preparação para abordar as dificuldades da Equitação Acadêmica, não
nos permitira fazer.

Objetivos sucessivos a atingir:

a) Confirmação do apoio – Descontração do maxilar – Obediência sumária ás


rédeas de oposição – ginástica de extensão do pescoço – Procura do equilíbrio.

b) Confirmação do apoio e da descontração do maxilar – Procura do ramener –


Obediência acentuada ás rédeas de oposição – Trabalho em duas pistas : espádua para dentro
– Procura do equilíbrio.

c) Obtenção e confirmação do ramener – Trabalho cerrado em duas pistas –


Confirmação do equilíbrio.

Estes diferentes objetivos acima estabelecidos poderão servir-nos de base para


estabelecermos fases para nosso trabalho, não passando de uma à seguinte sem termos tido a
confirmação dos resultados desejados na anterior.

A confirmação de todo este trabalho dará um animal agradável de montar em todas as


andaduras e velocidades, submisso às nossas ajudas, equilibrado e ágil. Teremos um animal
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flexível em todas as suas articulações, capaz de realizar, com o máximo de economia, os


esforços, por vezes brutais, que lhe iremos exigir.

Durante a iniciação do cavalo, ele deve ter aprendido a ir ao apoio, a obedecer às


ajudas do cavaleiro; pernas ( para execução do movimento ou aumento de sua intensidade);
rédeas de abertura e de apoio, a partir ao galope, num e noutro pé.

Tomemos por base estes pontos e daí partamos.

a) Apoio: É a tensão dada pelo cavalo às rédeas ajustadas pelo cavaleiro. Durante
a iniciação do cavalo, o cavaleiro deve ter tido a preocupação de com ele estabelecer esta
ligação. Muitas vezes, o cavalo se furta a isto e o cavaleiro é obrigado a procurá-lo pelo meio
que se dispõe encurtando as rédeas até encontrar as rédeas até encontrar a boca do cavalo.
Após encontrá-la, impulsiona seu cavalo energicamente para frente para forçá-la a manter o
contato, até conseguir que o cavalo a ele se habitue e se acostume a procurá-lo por si mesmo.
É o primeiro passo que deve ter sido dado. Se não o foi plenamente, cabe-nos corrigir esta
falha. O cavalo, com seu pescoço estendido, procura ligar-se a seu cavaleiro, encostando-se
firme e francamente em sua mão para poder atender às suas solicitações.

b) Confirmação do apoio: Temos que confirmar este apoio, conseguir que se


mantenha constante, em qualquer situação, qualquer andadura, velocidade ou mudança de
direção. Como? Evitando as ações intempestivas de nossas mãos, as ações contraditórias de
nossas mãos e pernas, permitindo e mesmo estimulando o cavalo a conservar a ligação.
Assim, teremos um cavalo que se habituará a se manter constantemente ligado ao cavaleiro,
sempre atento e pronto a receber seus comandos e obedecê-los.

Confirmando esta ligação do cavalo com o cavaleiro, devemos cuidar para que dela
não abuse, isto é, não procure ganhar da mão do cavaleiro, forçando-a ou atirando-se sobre ela
para vencê-la. Será preciso que o cavalo a procure e aceite na medida necessária à
compreensão mútua que entre eles deve existir. Para evitar, será necessário, então, que o
cavaleiro ensine o cavalo a confiar na mão, sem entretanto, perder-lhe o devido respeito.

Como? Duas coisas podem acontecer: ou o cavalo toma um apoio exagerado sobre a
mão do cavaleiro, sobre ela deixando cair todo o seu peso, quer dizer, colocando-se
completamente sobre as espáduas e deixando-se arrastar por seu peso ou resiste
violentamente, cerrando seu maxilar e tirando ou sacando contra a mão.
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No primeiro caso, teremos de retirar o apoio da mão à cabeça do cavalo,


incansavelmente recolocada desde que se abandona. Deste maneira, o cavaleiro chega a
provocar pouco a pouco a entrada em ação dos músculos elevadores, até que seu efeito baste,
por si só, para assegurar a sustentação do pescoço. Para impelir seu pescoço de cima pra
baixo, o cavalo dispõe somente de uma força reduzida. É-lhe impossível exercê-la de uma
forma contínua e somente por meio de mergulhos mais ou menos espaçados, sobre a mão, é
que ele pode lutar para subtrair-se à atitude elevada que o cavaleiro quer impor a seu pescoço.
A persistência do peso, que pode exercer sobre a mão, não provém de um esforço dos
músculos abaixadores do pescoço, mas, ao contrário, da ausência de esforço dos músculos
antagônicos. O cavalo exerce este peso fazendo descansar sobre a mão, sua extremidade
anterior, sobre ela abandonada.

No segundo caso, temos de procurar obter a descontração do maxilar. Dispomos de


dois meios de ação: as vibrações da rédea, tão usadas antigamente, ou a simples resistência da
mão às resistências apresentadas pelo cavalo. As vibrações têm o defeito de poder concorrer a
convidar o cavalo a se por atrás da mão e ao mesmo tempo não constituem um meio de fácil
utilização na futura exploração do cavalo no salto. A resistência da mão constituiu-se muito
mais efetiva neste ponto de vista, pois, a qualquer momento, o cavaleiro a pode aplicar.
Consiste numa resistência feita pela mão do cavaleiro em oposição às resistências do cavalo.

c) Descontração do maxilar: A descontração do maxilar consiste num movimento


da língua semelhante ao que ele executa para a deglutição, no qual o maxilar inferior afasta-se
do superior, somente o necessário para permitir o movimento da língua. Este, lento e flexível,
faz as parótidas saírem de seus alojamentos, provoca uma ligeira salivação, eleva o bocado
arrastando-o, em seu recuo, para o fundo da boca e depois torna a deixá-lo cair e retomar seu
lugar, ao longo da calha.

Para sua obtenção, o cavaleiro deverá resistir com a mão em oposição às reações do
cavalo. O cavaleiro tensiona uma das rédeas do bridão, fixando-a de uma maneira absoluta,
numa ação de rédea intermediária – 5º efeito – a fim de forçar o cavalo a volver a ponta do
focinho para o lado onde a rédea age e encurva-se para este lado, obrigando-o ao mesmo
tempo a elevar a extremidade anterior.
51

Se o cavaleiro não tem confiança de poder resistir tão longamente quanto se torne
necessário, nada o impede de procurar o ponto de apoio para sua mão, ficando em condições
de ceder a qualquer momento.

Ao sentir esta resistência oposta pelo cavaleiro, o cavalo vai tentar livrar-se dela.
Apoiar-se-á sobre ela para em seguida tirar, para fazê-la ceder. É uma verdadeira obsessão do
cavalo. É preciso que a mão, sem se mexer, possa resistir a todas estas investidas do cavalo,
opondo uma resistência igual à reação do cavalo, nunca superior. O cavalo reagirá a tudo,
durante muito ou pouco tempo, violentamente ou não conforme seu temperamento. De
repente, cede. Este é o momento crítico. È imprescindível, para um êxito rápido, que o
cavaleiro o pressinta para poder ceder simultaneamente. Está ganha a primeira parada. Será
preciso confirmar esta vitória parcial. As reações se repetirão. As resistências da mão se lhes
oporão. De cada vez obteremos um resultado favorável mais rapidamente. A vitória final está
próxima.

Embora seja possível conseguir o resultado desejado, é de todo aconselhável fazê-lo


com o cavalo francamente engajado no movimento para frente. A impulsão do movimento,
facilitará enormemente o trabalho. Uma das mãos fixa, e se necessário fixada, como foi dito
acima, obrigando o cavalo a encurvar-se ligeiramente para um dos lados, a outro enquadrando
na direção que lhe quisermos dar, seja esta a linha reta ou a linha curva, as pernas mantendo
energicamente a impulsão, que tenderá a extinguir-se e que é preciso manter a todo o custo.
Basta aguardar os resultados desta ação. Eles poderão fazer-se esperar um pouco, mas virão
certamente, mais rapidamente do que se procedermos com o cavalo parado, e com muito
menos problemas para o futuro.

Obtemos um duplo resultado: a descontração do maxilar com a articulação da nuca.


Nosso cavalo irá manter-se tenso, nossas pernas o obrigarão a isso. Ao tentar reagir e
encontrar a resistência oposta por nossa mão; as pernas lhe obrigação a prosseguir no
movimento para frente transpondo a barreira oposta pela mão. A única maneira de consegui-
lo é cedendo seu maxilar, abrindo a porta que ele mesmo fechou. Ele aprenderá a avançar de
encontro à mão, nela apoiar-se, ceder logo que ela lhe apresente qualquer resistência, para
tentar prosseguir para frente. Se esta cessão do maxilar tiver sido suficiente para lhe dar o
caminho livre, ele continuará sua marcha para frente. Se a mão continuar a resistir, ele parará.
Nosso cavalo manter-se-á sempre tenso, sem forçar a mão em qualquer momento. Estamos
trabalhando para o futuro.
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d) Extensão do pescoço: O ponto seguinte a abordar em nosso trabalho será a


obtenção da extensão do pescoço.

Quais as vantagens que daí advirão?

I - Preparação para o ramener;

II - Elasticidade e flexibilidade da extremidade anterior;

III - Ginástica do dorso-rim;

IV - Aumento do engajamento dos posteriores;

V - Elevação da base do pescoço;

VI - Liberdade das espáduas;

VII - Amplitude e cadenciamento das andaduras.

São muitas, e quase tudo que desejamos para o nosso trabalho. Como obtê-la? Muito
facilmente. Já conseguimos a descontração do maxilar, prossigamos.

Depois de obter a descontração do maxilar como foi dito acima, o cavaleiro deverá
depois ceder à descontração obtida, manter certa tensão numa das rédeas, de baixo para cima
e da frente para trás. O movimento natural do cavalos será nova descontração seguida de uma
tentativa de extensão do pescoço, num movimento de direção inversa à da nossa última ação
de mão. Encorajemo-lo nesse movimento. Quanto terminar, nova tensão nas mesmas
condições, acompanhada de nova extensão com cessão da mão, acompanhando o movimento
da extensão. E assim por diante até obtermos a completa extensão do pescoço. Da mesma
maneira que quando tratamos da descontração do maxilar, será de toda vantagem obter a
extensão com o cavalo engajado no movimento para frente. Aqui a necessidade é ainda maior
para obrigar o cavalo a completar a extensão do pescoço pela extensão da cabeça, evitando
que execute a extensão colocando-se atrás da mão. Só depois que a execute corretamente e
facilmente em movimento é que lhe iremos pedir o mesmo movimento, parado. Tanto ao
pedir a descontração do maxilar como ao pedir a extensão do pescoço do cavalo devemos
utilizar indistintamente as duas rédeas – direita e esquerda – a fim de obter um cavalo que
atenda igualmente bem nos dois lados do maxilar.
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Devemos ter a preocupação de deixar bem gravado no cavalo, o pedido de extensão do


pescoço e o de descontração do maxilar, a fim de que o cavalo não os confunda e responda
com uma extensão do pescoço e um pedido de descontração. Somente a persistência no
pedido depois de obtida a descontração deve provocar a extensão do pescoço. Os pedidos de
descontração do maxilar devem ser feitos tão logo o cavalo apresente qualquer reação à mão,
de maneira a evitar que estas reações possam aumentar de intensidade e tornar-se de difícil
combate. Mais tarde, depois que o cavalo tiver aprendido o “espádua para dentro”, teremos
um elemento precioso para o combate às resistências que possa apresentar: a associação da
resistência da mão à espádua para dentro realizada sob um acréscimo de impulsão. Será um
meio coercitivo capaz de vencer as mais sérias resistências que o animal nos possa apresentar,
uma verdadeira vara mágica para a obtenção futura da leveza.

Os pedidos de extensão do pescoço podem ser feito a qualquer momento do trabalho,


em qualquer andadura e velocidade. O cavalo aprenderá, assim, a marchar de pescoço
estendido e baixo, com seus posteriores engajados e senhores de sua massa, suas espáduas
completamente livres, à base de seu pescoço entre as rédeas do cavaleiro, o maxilar
descontraído, acompanhando, correndo atrás de sua embocadura, sempre tenso e com o dorso-
rim arqueado como desejamos.

Será de toda a vantagem fazermos o animal marchar certos trechos de pescoço


completamente estendido e também de ginasticá-lo, pelas extensões e elevações alternadas do
pescoço. Esta última ginástica, talvez, seja mais eficiente que o simples fato de marchar com
o pescoço estendido.

É uma ginástica formidável, que muito nos servirá para o futuro.

e) Mobilidade das ancas (ação da perna isolada): Nossa cavalo, agora, já se apóia
sem forçar a mão, mantendo-se tenso, marcha com seus posteriores engajados e senhores da
massa, o dorso-rim arqueado, as espáduas livres, a base do pescoço entre as rédeas, em
andaduras amplas, regulares e cadenciadas. Além disso, conhece as rédeas elementares – a de
abertura e a de apoio. Temos, então, de ensinar-lhe as rédeas de oposição. Nosso primeiro
passo será ensinar-lhe a ação da perna isolada. Qual a finalidade de ação? Permitir-nos
determinar ou limitar, ou ainda, evitar o deslocamento lateral das ancas, de maneira a
podermos obter plena superioridade de deslocamento de uma das extremidades do cavalo, a
anterior ou posterior, ou igualmente de deslocamento de toda a massa. O que significa isso?
54

Sabemos que movimento é consequência de posição e ação. Posição dada pelas rédeas e ação
dada pelas pernas. Ora, as pernas também contribuem para dar, ou melhorar, auxiliam na
obtenção desta posição que determina o movimento desejado. É justamente o que esse ensino
nos irá proporcionar: o aproveitamento da perna para obtenção dessa posição. Como atingir
tal resultado?

Paremos nosso cavalo na pista, à mão esquerda, por exemplo, procurando não o deixar
avançar, por meio de uma tensão nas rédeas, particularmente na rédea direita, recuamos nossa
perna direita , fazendo-a agir através da cilha, perpendicularmente ao flanco do cavalo. Esta
ação da perna deverá provocar um encurvamento do cavalo para a direita com avanço do
posterior desse lado numa tentativa do cavalo de avançar para frente, começando o
movimento por este posterior que foi solicitado. Ora, nossa ação de mão não lhe permite esse
avanço e nossa rédea direita tende a acentuar essa encurvação do cavalo para a direita. Ele só
poderá escapar ao constrangimento da ação que exercemos procurando entrar com o seu
posterior direito sob a massa, avançando-a para frente e para a esquerda, cruzando pela frente
do posterior esquerdo, cedendo, assim, a esta verdadeira compressão que exercemos sobre o
seu flanco, por um deslocamento das ancas para o lado oposto. Se não atender logo à ação de
nossa perda, podemos reforçá-la por uma ação do chicote empregado no local aproximado de
ação da perna. É o que desejamos. Partimos em frente, endireitando o cavalo e fazendo-o
retomar a pista. Contentemo-nos com um único passo, bem executado, com facilidade, o
posterior direito avançando e cruzando pela frente do esquerdo. Quando este movimento
estiver bem compreendido de um lado, ensinamo-lo do outro, fazendo-o ceder à outra perna.
Quando se obtiver com facilidade igual, um passo de ambos os lados, procuramos obter dois
passos. Basta a repetição das mesmas ajudas. Depois três passos e assim por diante. O
principal é obter o movimento de maneira a executá-lo passo a passo, a fim de, em momento
algum, perder o comando do movimento e permitir que tal movimento venha a se transformar
numa defesa para o cavalo, permitindo-lhe a fuga das ancas para escapar à ação da perna.
Poderemos chegar até à meia pirueta sobre as espáduas. Teremos, assim, um animal cujas
ancas se deslocam, a comando, facilmente, para um e outro lado, sob a ação da nossa perna
atrás da cilha.
55

5. ADESTRAMENTO NO OBSTÁCULO

Qual a finalidade deste trabalho?

Ensinar o cavalo a saltar, isto é, a executar perfeita e corretamente o gesto completo


necessário para transpor com sucesso os obstáculos que se lhe possam antepor.

Quer dizer, ensinar o cavalo a se equilibrar na frente da barreira, calcular sua batida
para o salto, elevar-se, planar sobre a barreira, passar seus posteriores, receber-se e retomar
seu movimento para frente no mesmo equilíbrio anterior ao salto.

Pelo que acabamos de dizer, vemos que temos dois pontos importantes a abordar: o
movimento antes e depois do salto e a execução deste salto. Ora, falar em movimento
subentende equilíbrio; e execução do salto é a ginástica necessária para sua perfeita
realização. Quer dizer, temos dois assuntos a abordar: o equilíbrio no salto e a ginástica no
salto. Ambos são o objetivo constante de nosso trabalho até os alcançarmos completamente.
Apesar de seu profundo entusiasmo, temos que abordá-los isoladamente.

Antes de tudo, vejamos a andadura em que devemos executar nosso trabalho. Qual a
andadura que iremos saltar? Evidentemente, ao galope. Logo, teremos que preparar nosso
cavalo para se equilibrar perfeitamente ao galope e, nesta andadura, executar seu salto,
prosseguindo em seguida, o mesmo movimento.

Ora, o galope é uma andadura viva, assimétrica, em que o cavalo, inicialmente, tem
certa dificuldade para se equilibrar e chegar ao obstáculo em perfeitas condições de executar a
batida para o salto. O cálculo desta batida é a parte básica do salto. Dela irá depender todo o
resto do salto. Uma má batida terá sempre como consequência um salto mal executado. Logo,
teremos certa dificuldade para ensinar o gesto do salto ao cavalo, utilizando a andadura
galope.

Qual a andadura ideal para isto? O trote, andadura perfeitamente simétrica, sem
báscula, em que o cavalo se encontra perfeitamente à vontade para calcular o lugar de partida
nas melhores condições. Entretanto, o trote não nos permite ensinar o cavalo a se equilibrar
para executar esse cálculo ao galope. Ele, facilitando ao cavalo o cálculo da batida, permite-
nos apenas o ensino do gesto do salto. O resto terá que ser feito, evidentemente, na andadura
56

em que iremos saltar, quer dizer, em que iremos executar nossos percursos – o galope.

Teremos, pois, que fazer um perfeito entrosamento do trabalho nestas duas andaduras,
para explorarmos as vantagens de um e de outro, e evitarmos os inconvenientes de ambos.

Vejamos as vantagens e inconvenientes do trabalho em cada uma destas andaduras:

- SALTO AO TROTE

I – VANTAGENS

-acalma o acavalo;

-faz o animal levantar as espáduas;

-obriga-o a arredondar o salto e bascular;

-capacita-o a sair, com sucesso, para um salto de muito perto.

II – DESVANTAGENS

-não ensina o cavalo a calcular sua batida;

-freia a impulsão.

- SALTO AO GALOPE:

I – VANTAGENS

-obriga o cavalo a calcular a batida;

-permite combater a impulsão deficiente.

II – DESVANTAGENS

-o cavalo utiliza a velocidade para saltar, permitindo-lhe executar uma trajetória


mais tensa e levando-o a cuidar-se menos do obstáculo;
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-não ensina o cavalo a elevar as espáduas.

“ Do estudo destas vantagens e destes inconvenientes, veremos o método a seguir: se o


cavalo é normal, fazemo-lo saltar cada obstáculo, primeiro ao trote, depois ao galope. É
evidente que, quando a altura aumentar, o salto ao trote será abandonado no limite
conveniente para cada cavalo.

Se o cavalo tem tendência a se colocar sobre as espáduas, fazemo-lo saltar muito ao


trote. Porém, se é de origem trotadora e desajeitado ao galope, fazemo-lo saltar, sobretudo,
nesta última andadura. Para um cavalo mal equilibrado, o salto ao trote é mais fácil pois não
exige que o cavalo ajuste a abordagem de longe.

Temos, pois, que procurar os meios que nos permitam atingir estes objetivos:
equilíbrio e ginástica no salto. Deles, particularmente, dependerá o sucesso.

Quais os meios que iremos lançar mão?Quais os processos que utilizaremos para levar
a um bom termo o adestramento no obstáculo?

Vejamos o que temos que ensinar ao cavalo. É preciso que o cavalo chegue ao
obstáculo calmo, reunido, em suma, equilibrado; que durante a aproximação calcule a batida;
que a execute e faça todos os gestos subsequentes do salto; que continue após o salto no
mesmo grau de equilíbrio anterior.

Para isso, será necessário: que possamos manter o mesmo domínio que sobre ele
exercemos fora do obstáculo; que demos a ginástica necessária para sair-se airosamente de
todas as dificuldades encontradas; que lhe ensinemos a calcular sua batida e a executar o gesto
do salto.

Para isso, dispomos dos seguintes processos:

a)Trabalho no exterior, em terreno variado e na estrada;

b)Trabalho em liberdade;

c)Trabalho à guia;

d)Trabalho nos cavaletes;


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e)Trabalho de domínio no obstáculo;

f)Ajustagem e correção da trajetória.

Dispomos aí dos processos necessários para ensinarmos nosso cavalo a saltar como
desejamos.
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6. TRABALHO NO EXTERIOR

Este trabalho nos permitirá atingir um múltiplo objetivo:

a) Acalmar o cavalo

b) Equilibrá-lo

c) Desenvolver seus músculos

d) Desenvolver seu fôlego

e) Ginástica do salto

6.1 ACALMAR

“Habitue seu cavalo a passar em qualquer parte e não ter medo de nada. Se o sentir
temeroso diante de um objeto qualquer, que lhe parece assustador por seu aspecto ou por seu
ruído, deixe-o com as rédeas longas, não o inquiete encurtando-as. O cavalo o escuta e
compreende sua segurança. Acaricie-o.

Se o cavalo tem realmente medo e se atira para o lado, não o traga de volta ao objeto
de seu temor pela rédea direita. Ele ainda fugiria mais nesta direção perigosa para ele. Tome-
o, ao contrário, na rédea oposta.

Por meio de uma rédea intermediária, traga sua massa de volta ao ponto abandonado
tanto mais facilmente quando não o verá mais, pois tem a extremidade do chanfro solicitado
para o outro lado. Suas pernas, naturalmente, agem com energia, porém sem afobar. É preciso
que ao medo não se junte o temor, a brutalidade do cavaleiro. A quem não aconteceu, quando
o cavalo se lança para à esquerda, quer porque se assusta de um objeto colocado à sua direita,
quer porque deseja defender-se para não transpor um obstáculo, sentiu-se importante para
trazê-lo de volta com a rédea direita? Resistindo a ação desta rédea, o cavalo lança todo o
peso de seu pescoço sobre a espádua esquerda, mantém suas espáduas para este lado ou ainda
volve à esquerda ou foge para a esquerda...”

( Adestramento e governo do cavalo de guerra, Gen Jules de Benoist).


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“Quanto mais livremente deixar seu cavalo olhar, menos medo ele terá. Travará,
assim, conhecimento com todas as coisas que nunca viu. O cavaleiro, cedo, deverá habituar-se
a marchar assim, com as rédeas completamente abandonadas. É a melhor maneira de acalmar
um cavalo irritado e não exasperá-lo por ações de embocadura...”

(Gen Jules de Benoist)

Com os cavalos árdegos, sua principal preocupação será fazê-lo marchar ao passo e
obrigá-lo a marchar ao passo em todas as circunstâncias. Aí chegaremos se aplicarmos o
método que indiquei anteriormente no início do capítulo sobre o adestramento.

Se você está em grupo, habitue seu cavalo a deixar seus companheiros e marchar
calmo, afastado e longe deles. Para fazer tirar de forma um cavalo, que a isso se nega, é
preciso servir-se primeiro das pernas e em seguida de uma rédea intermediária e, não de uma
rédea direita, já vimos o porquê acima. Se puder variar seu passeio, não volte pelo
caminho de ida, nunca regresse pela mesma estrada.

6.2 EQUILIBRAR

Procure tudo o que possa habituar o cavalo a jogar com sua massa anormalmente
sobrecarregada pela sua.

Passeios em terreno variado, subida, descida, pequenos taludes para transpor,


pequenos fossos a transpor, mas deixe as rédeas bem longas para que o cavalo olhe o que faz,
utilize livremente o balanceiro de seu pescoço e encontre sozinho o equilíbrio que necessita.
Acredito que possa produzir bons efeitos sobre um cavalo que não se apóia. Porém, creio que
o melhor processo será evitar que o cavalo possa furtar-se, por um momento que seja, ao
apoio.

Já insisti várias vezes sobre os inconvenientes de “segurar” sempre o cavalo ao passo


como fazem tantos cavaleiros, e já mostrei como este hábito torna o cavalo desajeitado e
pouco seguro.

“O cavalo pouco seguro ao passo toma o hábito de recuar seus posteriores e engajá-los
muito pouco sob si. Ele será infinitamente menos hábil em retomar seu equilíbrio, se um
61

motivo qualquer o fizer perdê-lo, do que o cavalo habituado a engajar sob si seus posteriores e
servir-se de sua cabeça como de um balanceiro, e a não temer o incômodo produzido pela
mão de seu cavaleiro.

(Gustavo Le Bon)

Tem-se a tendência de encurtar as rédeas; parece que se tem mais ação. É um erro...
“Só montam com as rédeas curtas os cavaleiros que não se servem de suas pernas, montam
enganchados, não estão sentados, ou os que estão sentados, ou os que estão vergonhosamente
agarrados como um moleque conduzindo seu cavalo ao bebedouro.” (L´Equitation des Gens
Pressés, Cte. Des Comminges).

“Com o pescoço alongado, completamente livre, o cavalo está muito mais sólido
sobre as pernas que com o pescoço mantido desajeitadamente elevado... ele não pode cair
porque seu rim livre de qualquer incômodo lá está para ampará-lo.” (Gen Jules de Benoist).

“Se seu cavalo tem tendência a olhar o firmamento, passeie-o num terreno revolvido.
Rapidamente ele baixará a cabeça. As mudanças de inclinação do terreno, as diferenças de
resistência do solo, sem falar da passagem e salto de obstáculos, forçam o cavalo a fazer
esforço com o post-mão e, além disso, a variar seu equilíbrio a todo o momento. Subindo, ele
é obrigado a deslocar todo o seu peso para frente e trazer seus posteriores sob a massa para
projetá-la mais energicamente. Descendo, é arrastado por seu peso, obrigado a escorar-se
sobre o antemão, engajando-se cada vez mais. Vê-se que fruto a ginástica tirará do emprego
das andaduras em terreno variado e como o cavalo será mais rapidamente flexionado por um
trabalho no exterior bem empreendido que pelo trabalho de picadeiro mais cerrado.”

(De Brignac, Equitation Pratique)

Não há dúvida que o trabalho no exterior é um grande auxiliar no adestramento do


cavalo. É preciso, porém, que não aconteça o que é tão comum: compreender-se
exclusivamente por trabalho no exterior a execução de percursos com obstáculos sérios,
através de qualquer terreno tirando o cavalo de suas andaduras naturais e submetendo-o a um
esforço desnecessário e prejudicial. Isto só servirá para perturbar o cavalo tirando-lhe a calma
tão indispensável e, muitas vezes, provocar seu desgaste prematuro.
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O trabalho no exterior, bem conduzido, através campo, aproveitando as naturais


variações de terreno, sejam mudanças de inclinação, pequenos taludes e banquetes, pequenos
fossos, árvores caídas etc., ou mesmo na estrada, dará calma ao cavalo, desenvolverá os
músculos e os pulmões, dará franqueza, coragem e iniciativa, qualidades imprescindíveis ao
bom cavalo de salto, ao mesmo tempo em que equilibrará sua coluna vertebral.

6.3 MÚSCULOS

O trabalho no exterior é altamente proveitoso para o desenvolvimento muscular do


cavalo. Permite-nos submeter o animal a uma ginástica racional e progressiva capaz de
desenvolver, sem desgaste demasiado, os seus músculos.

O trabalho na estrada e através campo, em terreno variado, com ou sem obstáculos,


obriga o cavalo a uma ginástica funcional que, pondo em ação todos os seus músculos,
permite o completo desenvolvimento das massas musculares que lhe irão permitir a produção
dos grandes esforços a que iremos submetê-lo futuramente.

O aproveitamento judicioso dos acidentes do terreno, das rampas ascendentes e


descendentes, permitirá que esse desenvolvimento muscular se torne tão completo quanto
possível, facilitando-nos dirigir nossas atenções para regiões que nos pareçam mais fracas e
submetê-las a um trabalho mais intenso capaz de provocar uma uniformidade no
desenvolvimento muscular do organismo animal.

As rampas ascendentes, colocando o animal francamente sobre as espáduas, irão


facilitar o desenvolvimento dos músculos das espáduas, do peito e do balanceiro.

As rampas descendentes, colocando o animal sobre as ancas, obrigam-no a engajar-se


e assim arredondar seu dorso-rim, são francamente favoráveis ao desenvolvimento dos
músculos da garupa, do dorso-rim e dos músculos abdominais. O trabalho na estrada ou
através campo, com ou sem obstáculos, ao passo, ao trote e ao galope curto são
eminentemente favoráveis ao desenvolvimento muscular do animal. A alternação das
andaduras no trabalho permite obter grande rendimento do trabalho sem usura exagerada.
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6.4 FÔLEGO

Outro objetivo importante que atingiremos facilmente por intermédio do trabalho no


exterior, é o desenvolvimento da capacidade respiratória do cavalo. Tempos, mais ou menos
prolongados, ao galope curto permitirão ensinar ao cavalo a respirar, levando-o a cadenciar a
respiração com a andadura realizando a inspiração completa e coincidente com os lances do
galope.

O animal aprenderá a dosar deus pulmões num ritmo variável com a velocidade do
galope, perfeitamente cadenciado, o que torna a respiração, sobretudo, facilitada. Por
outro lado, os “tiros” curtos, sem tirar o animal do ritmo, forçam-no a realizar inspirações
profundas para levar a seus pulmões a quantidade de oxigênio necessária, aumentando o
desenvolvimento dos mesmos e a capacidade torácica do cavalo. A alternância do galope,
trote e passo permitirão obter um grande desenvolvimento muscular.

6.5 GINÁSTICA DE SALTO

A ginástica de salto realizada no exterior é altamente proveitosa pois, além de


favorecer o desenvolvimento muscular, contribui sobretudo para aumentar a franqueza,
coragem, calma, na frente da barreira, iniciativa, destreza, permitindo, ainda, ao cavalo,
procurar seu melhor equilíbrio e desenvolver sua iniciativa para encontrar a melhor maneira
de superar dificuldades que surjam. O aproveitamento racional dos diferentes acidentes do
terreno facilitará abordar determinados objetivos:

a) franqueza: Quaisquer tipos de obstáculos, exigências suaves e bem


progressivas.

b) iniciativa: Terreno movimentado-acidentado, mesmo sem obstáculos, com


dificuldades repentinas. Trabalho com as rédeas alongadas deixando o máximo de liberdade
ao animal, sem, entretanto, abandonar o apoio.

c) equilíbrio: Idem. Deixar inteira liberdade ao cavalo para que tome por si a
atitude mais conveniente.
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d) amplitude de gestos: Fossos e valas de larguras progressivas, obstáculos baixos


e maciços.

e) elevação das espáduas: Subida de banqueta, barradas ou não, o taludes.

f) emprego do pescoço: Descida de banquetas, principalmente barradas.

g) trabalho do dorso-rim:

I - em flexão: subida de baquetas barradas, subida de rampas;

II - em extensão: descida de banquetas barradas obstáculos de voleio.

Tudo estará em saber que, parte do gesto de saltar está deficiente e necessita ser
desenvolvido, escolher o tipo de obstáculos mais favorável a suprir tal deficiência e a ele nos
aplicarmos mais cuidadosamente.
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7. TRABALHO A GUIA

Ainda na busca constante do EQUILÍBRIO e GINÁSTICA DE SALTO, podemos


utilizar o trabalho à guia para trabalharmos o nosso cavalo de salto. Em linhas gerais, o
trabalho à guia tem grande valia no adestramento propriamente dito, com o trabalho de
círculos concêntricos, ou seja, abrindo e fechando o círculo, mobilizando ancas e espáduas, e
no adestramento no obstáculo, fazendo com que o animal salte sem a interferência do peso do
cavaleiro.

7.1 O SALTO À GUIA

O trabalho de salto à guia pode ser iniciado antes mesmo que nosso cavalo esteja
completamente pronto no trabalho à guia.

Para podermos iniciá-lo, basta-nos que nosso cavalo trabalhe com relativa facilidade
no círculo, nas duas mãos, ao passo e trote, e atenda aos comandos dados. Durante a
iniciação será de toda a vantagem que os primeiros saltos sejam realizados fazendo o cavalo
passar o obstáculo acompanhando o homem que o conduz. No trato diário, ele se habituou a
seguir seu tratador. Exploremos isto para o salto. Escolhamos um obstáculo baixo, de
aparência bastante simples, frente ampla, bem referenciado e enquadrado. Façamos o auxiliar,
que conduz o cavalo, avançar para o obstáculo ao passo, depois em acelerado à medida que se
aproxima do obstáculo. Acompanhamos o animal, prontos para estimulá-lo se houver
qualquer indecisão. O auxiliar salta o obstáculo e o cavalo o acompanha. Alto. Recompensa.
O principal é que o auxiliar tenha a habilidade suficiente para não atuar sobre a guia, que
servirá apenas para a condução do cavalo. Cabe ao cavaleiro evitar que o cavalo fique
indeciso, refugue, faça o parar, etc. As paradas devem, sempre , ser obtidas por meio da voz ,
nunca da guia.

Depois que o animal compreende o que se quer, vamos tratar de fazê-lo passar o
obstáculo no círculo. Baixemos, se possível, o obstáculo que transpusemos com o cavalo
acompanhando o auxiliar.
66

Coloquemos sobre o círculo e comandemos para mover-se ao passo. Em seguida,


levamos neste círculo até fazê-lo cortar o obstáculo em seu meio. O cavalo já saltou o
obstáculo e sabe o que se quer. Após o salto, alto, recompensa. Repetição da lição. Quando
não houver mais indecisões, elevemos o obstáculo progressivamente.

Enquanto o obstáculo é de dimensões reduzidas, podemos fazê-lo saltar cada volta –


(ver figura abaixo) -, mas a medida que se torna mais sério devemos proceder de maneira
diferente.

Figura 47 – Salto a guia

Colocamos o cavalo em círculo à frente do obstáculo de maneira que este círculo seja
tangente à perpendicular ao meio do obstáculo. Damos-lhe impulsão e, aos poucos,
aproximamo-nos do obstáculo para enviá-lo sobre mesmo na direção da perpendicular ao seu
meio. É preciso que quando o cavaleiro envie o cavalo sobre o obstáculo esteja pronto para
ceder a guia e ao mesmo tempo acompanhe seu cavalo na altura deste. Outro cuidado a tomar
será evitar que a guia possa vir a ficar presa ao suporte do obstáculo, o que impedirá sua
cessão. Para evitar este perigo, uma vara curta colocada como paraflanco, com uma
extremidade no solo e outra repousando sobre o suporte, será de grande utilidade. A guia
deslizará sobre ela e deixará de haver o perigo que fique presa. Estas últimas recomendações
têm por fim evitar as ações bruscas e extemporâneas sobre o chanfro do cavalo, que o levarão
a executar incorretamente o salto.
67

A figura seguinte mostra a maneira correta de proceder e as posições sucessivas que o


cavaleiro e seu cavalo tomam durante o salto. Após o salto, repor o cavalo no círculo, alto,
recompensa. O alto deve ser sempre obtido pela voz, nunca com a guia.

Figura 48 - Posições cavalo e cavaleiro

Os primeiros saltos devem ser os mais fáceis possíveis para que o cavalo possa
compreender o que se quer e aprender o mecanismo do salto. Depois disso as dificuldades
irão aumentando progressivamente com a evolução do preparo do cavalo. Nosso objetivo não
é facilitar o salto, mas, ao contrário, vencer-lhe a dificuldade. Se os primeiros saltos são
executados em obstáculos bem referenciados, abordaremos rapidamente os que exigem
reflexão e equilíbrio.

Resumir-se-ão em dois tipos: obstáculos verticais e oxers.

“O obstáculo vertical faz elevar as espáduas e o oxer faz bascular e arredondar a


trajetória. Suprima, o mais cedo possível, o pé destes obstáculos para que o cavalo se habitue
a olhar a barra superior. Se necessário, aumente a importância dela dobrando-a com outro.
Com o mesmo objetivo, faça o cavalo saltar, “de arrepio”, os obstáculos referenciados.
Proporcione a altura do obstáculo ao grau de aptidão do cavalo, e termine por um esforço um
pouco maior num obstáculo bem saltável. Faça o mesmo trabalho nas duas mãos. Do
obstáculo isolado, passe ao duplo e mesmo ao triplo, mas ser-lhe-á necessário correr um
pouco.”

(Concours Hippique – Benosit Gironiere)

Estes dois tipos de obstáculos são os ideais para a ginástica do salto do cavalo. Sua
combinação judiciosa ensinará ao cavalo a executar um gesto de salto perfeito, dando-lhe, ao
mesmo tempo, recursos para sair-se bem de uma abordagem defeituosa.
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A eleição destes dois obstáculos não significa que devamos abordar os obstáculos
compostos referenciados. Devemos fazer o cavalo saltar os obstáculos das mais diversas
apresentações, constituição e aparência, ainda que seja somente para habituar o cavalo a tais
obstáculos. O que queremos dizer, com a escolha do obstáculo vertical e do oxer para a
ginástica, é que estes dois tipos de obstáculos são os que melhor ensinam o cavalo a executar
o salto. O número de saltos a executar é muito variável. Os obstáculos que exigem pouco
esforço físico podem ser saltados muitas vezes. Entretanto, desde que as dimensões nos
obstáculos aumentam e o cavalo seja obrigado a despender maior esforço, teremos que ser
mais parcimoniosos, 7 a 8 saltos em cada mão, terminando por um salto particularmente bem
executado. O trabalho de ginástica de salto à guia deve, de preferência, ser feito ao trote.
Excepcionalmente, executemos ao galope e ao passo. Ao galope, a velocidade da andadura
permite que o cavalo aproveite um pouco a velocidade para se descuidar do obstáculo,
executando, assim , uma trajetória menos correta. O trabalho ao passo, devido a falta de
impulsão da andadura, exige uma melhor preparação. O animal tem que estar completamente
submetido a guia. Entretanto, apresenta grandes resultados quando feito em cavalos que tem
grande dificuldade em elevar as espáduas. Nesses cavalos podemos chegar a ter que recorrer
ao salto parado.

O trabalho à guia servirá, ainda, no trabalho de exterior, quando encontramos


dificuldades com nosso cavalo em alguma passagem particularmente difícil. Em vez de
entrarmos em luta com o cavalo, será preferível fazê-lo passar a guia o obstáculo, evitando
todos os perigos que uma luta pode acarretar. A altura dos obstáculos a transpor na guia é
particularmente variável, de acordo com o grau de adestramento do cavalo, varia de 90
centímetros a um metro com animal novo, indo até 1,40 m com o saltador confirmado. A
largura dos oxers que não ultrapassará 1 metro com o cavalo novo, se o oxer tiver uma certa
altura, pode atingir facilmente 1,50 m com um bom cavalo.
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8. TRABALHO EM LIBERDADE

O trabalho em liberdade pode ser executado tanto no interior de um picadeiro como


num corredor de obstáculos, sendo que este último apresenta vantagem de permitir um melhor
enquadramento do cavalo na frente da barreira.

O trabalho em liberdade apresenta uma múltipla finalidade, indo da simples


movimentação de um animal que pode ser montado até a ginástica do cavalo no obstáculo. É
sobre esse último aspecto que o iremos encarar.

8.1 TRABALHO NO PICADEIRO

Não iremos de nos dar o trabalho de fazer uma descrição do que seja picadeiro, coisa
sobejamente conhecida. Desejamos, entretanto, salientar que não é necessário um picadeiro
das dimensões regulamentares – 60x20 metros – para a realização deste trabalho.

Pelo contrário, um picadeiro exageradamente grande irá consumir um grande numero


de auxiliares, que devem estar bem treinados, coisa nem sempre possível de conseguir. Será
preferível um picadeiro de dimensões mais reduzidas, que além de exigir menor numero de
pessoas para sua realização permite ao instrutor um melhor domínio sobre o cavalo. Bastará
que, no seu lado maior, ele nos permita a armação de um obstáculo triplo, com vãos de 10,50
metros, quer dizer de 35 a 40 metros, levando em conta os trechos para aproximação e
retomada após o salto. O ideal será um picadeiro completamente fechado a fim de impedir
que o animal possa se perturbar ou distrair com o que passa no exterior, ficando em melhores
condições de receptividade para o trabalho que se vai executar. Se não conseguirmos,
procuraremos, pelo menos, que suas paredes tenham, no mínimo, 2,20 metros de altura. Com
isso nos garantiremos contra possíveis tentativas do animal evadir-se do mesmo, tentativas
essas que viriam a se tornar de más consequências. Se não é cercado por paredes fechadas e
sim por uma cerca de tábuas ou outro meio, procuraremos tornar essa cerca completamente
fechada, seja por meio de uma cerca viva ou outro meio qualquer.

Para facilidade de nosso trabalho, procuraremos marcar nas paredes de nosso


picadeiro, determinadas distancias – no mínimo de 10,50 metros a partir dos cantos, sobre os
70

lados maiores, para armação dos saltos; suportes que permitam obter uma largura até 1,40m
para os obstáculos tipo oxer, vãos variáveis de 10 a 11 metros e de 7 a 8 m que nos permitem
a armação dos duplos e triplos a distancias variáveis.

Feitas essas recomendações iniciais, passemos a estudar como iremos proceder em


nosso trabalho. Consideremos nosso cavalo completamente novo na modalidade de trabalho e
vejamos como iremos encaminhá-lo e que progressão seguiremos para atingirmos nossos
objetivos.

Nossa primeira preocupação será ensiná-lo a mover-se dentro do picadeiro,


acompanhando a pista junto ao paraflanco, com o máximo de calma e confiança, a fim de
evitar surpresas desagradáveis, que poderão redundar em defeitos de difíceis correções.
Assentado este ponto inicial, vejamos como proceder para chegarmos a resultado visado.

O instrutor entra no picadeiro com três auxiliares e os dispõe na linha do meio a


intervalos regulares, colocando-se pessoalmente na altura do centro do picadeiro. Feito isso,
faz entrar o cavalo conduzido com uma cabeçada de bridão. O auxiliar, que conduz o cavalo,
avança pela linha do meio até altura que se encontra o instrutor. Aí faz alto e afaga o animal.
Em seguida, a comando do instrutor, prossegue pela linha do meio até o lado oposto, onde
toma a pista à direita ou esquerda, conforme ordem recebida, sempre conduzindo o cavalo a
mão. Após ter se deslocado cerca de 20 metros pela pista, faz alto cuidando para que o animal
se mantenha direito na pista. Afaga-o e, em seguida, retoma o movimento para frente, até
completar a volta do picadeiro. Faz alto novamente, torna a afagar o animal, passa a rédea
pelo pescoço, enrola uma na outra e enfia a cisgola na alça terminal das rédeas enroladas,
tornando a prendê-la em seguida. Feito isso, segura o animal pelas rédeas, a 15 cm das argolas
do bridão e trona a deslocar-se para a frente. Se o animal hesita em avançar, estimula-o com a
voz, ao mesmo tempo em que um auxiliar, que se encontra nas proximidades de suas ancas,
avança na direção das mesmas para fortalecer o estimulo da voz do tratador. É de toda
conveniência que o tratador tenha feito alto para preparar o animal na altura que se encontra o
instrutor, afim de que este tenha que intervir no caso se indecisão do cavalo, pois sua
intervenção será, naturalmente, mais correta e eficiente que a do melhor auxiliar.

Posto o cavalo, novamente, em movimento, o tratador dá uma volta completa no


picadeiro, conduzindo o cavalo e acalmando-o e estimulando-o com a voz caso ele se afobe
ou hesite. Em seguida, corta o picadeiro e muda de mão, tornando a dar uma volta completa
71

no picadeiro. Isto permitira que o cavalo faça um reconhecimento completo da pista e do


interior do picadeiro nas duas mãos, tornando-se familiar, com tudo que nele se encontra.

Tomadas essas providencias inicias, o instrutor comanda “olá” para fazê-lo parar. O
tratador faz parar, afaga-o e recompensa-o. A seguir comanda “PASSO” e o tratador torna a
repor o cavalo no movimento para frente. Repete-se esse mecanismo várias vezes seguidas até
que o animal comece a executá-lo por si mesmo. À medida que o tratador avança calmo e
francamente, vai, aos poucos soltando as rédeas do cavalo, deixando-o à vontade,
continuando, porém, a marchar ao seu lado na pista, mesmo quando executa os altos. É um
habito a criar no cavalo desde as primeiras lições.

A medida que o cavalo começa a compreender o que se deseja, o tratador vai


procurando diminuir o passo, procurando ficar parar trás, estimulando o animal com a voz, a
fim de fazê-lo continuar por si só. Se o cavalo hesita torna a se aproximar e repete todo o
mecanismo já visto até conseguir o objetivo do mesmo: que o cavalo prossiga calmamente no
movimento para frente. Conseguida esta continuação do movimento do cavalo, apesar do
retardamento do tratador, este o deixa avançar até se encontrar para trás da altura da garupa do
cavalo então, vem tomar seu lugar na linha do meio.

Às vezes, o cavalo, vendo o tratador afastar-se, tenta parar. É o momento do instrutor


ou um dos auxiliares intervir para provocar a continuação do movimento para frente. Esta
intervenção deve ser feita sem precipitação, a fim de não perturbar o cavalo, - seu único
objetivo é manter o cavalo na marcha para frente.

Ao vir ocupar seu lugar na linha do meio, o tratador deve dirigir-se para próximo do
instrutor. Teremos então, o instrutor no centro do picadeiro e dois auxiliares de cada lado do
instrutor, na linha do meio. Ao todo, cinco pessoas. É mais do que suficiente.

O cavalo tendo aprendido a prosseguir só no movimento para a frente, trata-se de


conservar este movimento. Para tal, a medida que a garupa do cavalo passa na frente do
instrutor ou de seus auxiliares, eles avançam um ou dois passos na sua direção. Este simples
movimento, contendo uma aparente ameaça, é suficiente para a conservação do movimento.
Os auxiliares, que se encontram nas cabeceiras do picadeiro, têm, entretanto, uma atribuição
mais delicada: a conservação deste movimento durante toda a extensão do lado menor.
72

Para isso, deve receber o animal quando a garupa do mesmo passa em sua frente e
acompanhar o animal, conservando-se a altura de suas ancas, durante toda a extensão do lado
menor, só deixando-o por si depois que ele toma o outro lado maior e nele dá alguns passos.
Se necessário, eleva o braço que segura o pingalim e conserva-o elevado. A visão do pingalim
auxiliará muito para evitar as defesas do cavalo nos cantos do picadeiro.

Para melhor compreensão, ver figura 5, onde I é o instrutor, T o tratador, e A, C e D


são auxiliares.

Esquecíamos de lembrar que tanto o instrutor quanto os auxiliares devem estar


munidos de pingalins longos. Estes pingalins devem ser seguros na mão esquerda se o cavalo
trabalha a mão direita; se o cavalo trabalha na mão esquerda, segurar o pingalim na mão
direita. Desta maneira , quando o instrutor ou um dos auxiliares avançar na direção da grupa
do cavalo, para estimular seu movimento para a frente, o pingalim nunca poderá apresentar-se
na frente do cavalo, barrando o seu caminho.

Figura 49 - Picadeiro com instrutor e auxiliares

Desde que o cavalo conserve seu movimento para a frente, naturalmente, trata-se de
confirmar a lição já iniciada quando o tratador ainda se encontra junto dele: ensiná-lo a parar .
Isto deverá ser conseguido pelo comando “Ho-la”, repetido às vezes que se torne necessárias
para conseguir a obediência do cavalo. Este comando já e seu conhecido desde seu desgaste
na guia. Já tornou a ouví-lo no picadeiro para parar, pelo tratador. Deverá bastar, para
conseguir o que se deseja. Se o animal custa a obedecer este comando, o instrutor ou tratador,
73

que lhe são mais familiares, esboçam um movimento na direção de sua cabeça quando ele se
aproxima. O cavalo surpreendido com a aproximação de um homem esboça uma meia-parada
Continuando a ouvir o comando, completa o alto.

Será bom lembrar que todos os comandos feitos a voz devem partir de uma única
pessoa: o instrutor. Mesmo que a voz do tratador lhe seja mais familiar, nem este nem
qualquer dois outros auxiliares deve dizer qualquer palavra.

Conseguido o alto, trata-se de recompensar o cavalo. Isto cabe ao instrutor ou ao


tratador. Um deles, o que se encontrar à frente do cavalo, deixa seu lugar na linha do meio e
caminha lentamente na direção da cabeça do animal, repetindo, em voz baixa, o comando
“Hola” para manter o cavalo parado. Se o animal esboça um movimento de recuo, faz alto
para deixar o animal se acalmar e, em seguida, retoma o movimento anterior até conseguir
chegar junto a ele. A seguir, afaga-o e recompensa-o . Se o cavalo faz alto sem se conservar
direito na pista, endireita-o e torna a afagá-lo. Feito isso, recua até o lugar.

Chegando à linha do meio, o instrutor torna a comandar o movimento para a frente ao


passo, usando o comando “Pa-sso”, acompanhado de um estalo e língua ou um avanço de um
auxiliar na direção da garupa do cavalo.

Repete-se toda esta lição, o alto e a retomada do movimento várias vezes até que o
cavalo a tenha bem gravada.

Depois disto, uma das vezes que o instrutor tenha comandado alto, ele ou o tratador
avança até o cavalo, o segura pelas rédeas, o faz cortar o picadeiro e mudar de mão. Coloca-o
corretamente na pista e retoma seu lugar na linha do meio. Repete-se, em seguida, toda a lição
na outra mão.

Feito isto, ensinemos nosso cavalo a tomar o trote. Comando de “Trote”, reforçado por
um movimento mais vivo do auxiliar na direção das ancas do cavalo ou uma ameaça mais
acentuada do pingalim. A não ser com certos cavalos muito apáticos, o resultado é imediato.

Obtido o trote, deixa-se o cavalo dar uma ou duas voltas no picadeiro e em seguida
faz-se com que ele tome o passo. O comando de “Pas-so” em voz lenta repetida até que o
cavalo tome a andadura desejada. Em seguida, alto. Depois passagem do trote ao alto. O
procedimento é semelhante ao que se teve, quando do movimento ao passo e do alto. Não se
esquecer de recompensar o animal várias vezes.
74

Conseguido o trote, mesmo procedimento para o galope, durante este ensino, toda vez
que se quiser mudar de mão proceder da maneira indicada anteriormente. Antes de
prosseguirmos, será de toda a conveniência fazermos algumas observações:

a) somente o instrutor deve falar;

b) os auxiliares devem limitar-se a obedecer às indicações do instrutor. Sua


intervenção deve limitar-se a manter ou estimular o movimento do cavalo. Os auxiliares, que
se encontram nas cabeceiras, devem acompanhar o cavalo durante toda a volta a fim de
impedir que o mesmo possa vir a parar num dos cantos, o que mais tarde poderá transformar-
se em defesa;

c) os auxiliares devem ser escolhidos e treinados;

d) somente o instrutor ou o tratador se dirige ao cavalo;

e) os pingalins dos auxiliares devem agir por sua presença. Somente em casos
raros, e sempre a comando do instrutor, devem intervir para castigar o cavalo;

f) qualquer castigo deve ser feito procurando provocar o movimento para a frente,
portanto, deve ser aplicado sobre as ancas na altura das dobras das coxas;

g) todo o castigo que se tiver de aplicar ao cavalo deve ser enérgico, porém, isento
de qualquer sombra de brutalidade;

h) Sempre que o cavalo executar o que desejamos, devemos recompensá-lo;

i) Qualquer recompensa deve ser dada com o cavalo parado na pista, tão direito
quanto possível, de frente para a direção em que marchava. Isto tem por fim evitar que o
animal aprenda a abandonar a pista e tente aproximar-se dos homens a pé que se encontram
na linha do meio.

Nosso cavalo já conhece o movimento para a frente nas três andaduras, sabe mudar de
andadura e de velocidade, sabe fazer alto. Para completar seu ensino primário, falto-nos,
agora, ensiná-lo a mudar de mão. Vejamos como proceder. Consideremos a figura abaixo.
Sejam I o instrutor, T o tratador e A, C e D os auxiliares. O cavalo trabalha à mão direita, no
sentido indicado pela seta, ao trote curto. Queremos que, quando chegue a K, mude de mão
pela diagonal KM. Como deverão agir I, T, A, C e D para consegui-lo? Da maneira seguinte:
75

a) quando o cavalo acabar de passar à sua frente, T desloca-se na direção da pista


do outro lado indo colocar-se na altura do ponto E;

b) C acompanha o movimento de I, parando na altura da linha o quarto;

c) A recebe o cavalo na altura de F e o acompanha até a passagem na cabaceira do


picadeiro;

d) D permanece onde está, pronto para receber o cavalo e acompanhá-lo na outra


cabeceira.

Figura 50 – Posições no picadeiro

Vejamos a figura mais abaixo.

O que acontece? O cavalo, ao chegar a K, avista o instrutor nas proximidades do ponto


E o tratador na altura da linha de quarto do outro lado, entre os pontos B e F; o auxiliar C, por
sua vez, sai da linha do meio, passando para a linha do quarto próximo ao instrutor. O
caminho em frente ao cavalo na pista, está, portando, barrado. Em compensação, a diagonal
está livre. O cavalo, ao ver a pista barrada, tenta parar. Estimulado por A, é obrigado a seguir
em frente. Só lhe resta um caminho: a diagonal, e nela se engaja. A medida que o cavalo vai
passando , cada homem retoma seu lugar normal. Na outra extremidade, D recebe-o
76

acompanha-o durante a cabeceira. Está completa a mudança de mão. Para mudar de mão
novamente, procede-se de maneira semelhante.

Da mesma maneira que procedemos nos trabalhos anteriores, devemos parar o


cavalo após cada mudança para recompensá-lo, até que a execute com toda a naturalidade.

Figura 51 – Mudança de mão

Todo o ensino que acabamos de ver, deve ser executado lentamente, graduando as
exigências e sem acumulá-las numa mesma sessão. Só assim teremos um animal capaz de
trabalhar em liberdade em plena calma e confiança. Qualquer precipitação nossa, nós mesmos
pagaremos no prosseguimento do trabalho.

Com o trabalho que executamos, nosso cavalo trabalha nas três andaduras
calmamente, muda de andadura e de velocidade a comando, sabe mudar de mão e
poderíamos ainda, ensiná-lo a cortar o picadeiro, porém este ensino é destituído de finalidade
para nosso trabalho.

Procuraremos, agora, observá-lo cuidadosamente em seus movimentos para procurar


aquilatar seu grau de equilíbrio. Estudemos, particularmente, o trote e o galope. Vejamos a
facilidade com que toma uma ou outra, se prefere esta ou aquela, se suas passadas no outro ou
seus lances de galope são curtos e repetidos ou amplos e cadenciados, se tem facilidade para
encurtá-los ou aumentá-los rapidamente, se, nas mudanças de mão ou galope, muda de pé
com facilidade ou se conserva o galope falso ou desune. Tudo isto irá servir-nos de muito
para o futuro.
77

Daí concluiremos sobre seu grau de equilíbrio, sua destreza, se precisamos


desenvolver mais sua ginástica de trote ou a galope, se devemos ginasticá-lo em andaduras
lentas ou amplas.

Quando estudamos a escolha do cavalo, vimos como devem ser as andaduras do


cavalo em liberdade. É o momento de aplicarmos este estudo, observando atentamente as
andaduras de nosso cavalo. Em seu passo pouco nos deteremos, porém, se trote, e
particularmente, seu galope, serão objeto de um estudo bastante detalhado.

Que nos interessa saber?

a) Se tem pretensão natural para o trote ou para o galope, quer dizer, em que
andadura é mais destro, mais equilibrado;

b) Se seus lances de galope são curtos e repetidos ou amplos e cadenciados;

c) Se tem facilidade para aumentar ou diminuir o galope ampliando ou


encurtando os lances;

d) Se, nas mudanças de mão, muda de pé facilmente, conserva o galope falso ou


desune.

Se nas mudanças de direção, ao galope, muda de pé facilmente, conserva o galope


falso ou desune. Isto nos dará uma idéia quase perfeita de equilíbrio do cavalo. No primeiro
caso, ótimo. No segundo, façamo-lo aumentar de velocidade ao entrar na curva; se mudar de
pé muito bem, se conversa o galope falso sem se perturbar, ainda bem, se desunir, mal. Os
dois primeiros casos significam que o cavalo tem perfeito domínio sobre a massa, sabendo
dispor à sua vontade de seu peso. Isso muito nos facilitará seu adestramento, quer no
obstáculo, quer fora dele. No último caso, é sinal de um cavalo cujo adestramento terá que ser
levado muito a fundo para corrigir as deficiências de sua conformação e sua má distribuição
natural de peso. É um cavalo pouco destro.

Daí tiraremos algumas conclusões:

a) cavalo naturalmente galopador: equilíbrio entre o trabalho ao trote e ao galope,


a menos que o queiramos para outro mister além de cavalo de salto;
78

b) cavalo de lances curtos e repetidos: obrigar a saltar num galope lançado,


particularmente obstáculos largos tipo oxer, duplos e triplos com obstáculos desse tipo e com
vãos largos;

c) cavalo de lances amplos: aumentar a ginástica do salto ao trote bem curto para
ensinar-lhe a executar uma trajetória bem curta, contornado o obstáculo. Obstáculos verticais
e oxer. Duplos e triplos com vãos progressivamente apertados;

d) cavalo pouco equilibrado ao galope. Intensificar o adestramento propriamente


dito ao galope, para corrigir esta deficiência. Ginástica de salto particularmente ao galope.

Dito isto, passaremos ao estudo do salto em liberdade.

Preparamos o picadeiro para o trabalho, colocando em seu interior nos locais


aproximados onde vai ser usado, material necessário. Entremos, então, com nosso cavalo no
picadeiro, como para um trabalho normal. Distendamo-lo levemente nas três andaduras.
Quando o sentirmos à vontade, façamo-lo tomar o trote e, logo que ele tive passado pelo meio
de um dos lados maiores, coloquemos neste local uma vara quase sobre o solo ( cerca de 0,30
centímetros de altura ) . Quando, depois de completar a volta, o cavalo se defrontar com a
vara, se surpreenderá naturalmente e esboçará uma meia parada. Encorajemo-lo com a voz e
ele a passará. Deixemos avançar um pouco, façamos parar e recompensá-lo. Repitamos a
operação ao trote uma, duas, três vezes, tantas quantas forem necessárias para que passe a
vara sem hesitação.

Façamo-lo tomar o galope e repitamos a lição. Depois que tiver passado bem nesta
andadura, recompensá-lo novamente. Elevemos, então, a vara progressivamente até cerca de
80 centímetros, repetindo a lição ao trote e ao galope. Contentemos-nos com isto na primeira
lição.

Na lição seguinte, repetimos o trabalho anterior a fim de deixá-lo tomar bastante


confiança.

No começo, executemos no máximo dois trabalhos desta natureza por semana. Nos
trabalhos subsequentes, substituiremos a vara simples que usamos anteriormente, por uma
dupla, cuja altura poderemos levar até cerca de 1 metro.
79

A graduação de trabalho daí em diante será função do progresso apresentado por


nosso aluno. Procuraremos, entretanto, transformar aos poucos a dupla em oxer ou em
estacionata para, desde logo, habituar nosso cavalo com os tipos de obstáculos, que,
normalmente, o faremos saltar em nosso trabalho. Para evitar insucessos, será preferível levar
bem gradativamente nossas exigências, evitando sempre ultrapassar os limites de 1,20 x 1,20
metros. Dentro destes limites, poderemos ter certeza de estarmos sempre um pouco aquém
das possibilidades de nosso cavalo, capacitando-o a executar o salto sem esforços violentos e,
portanto, fazendo que o salto se torne para ele uma parte agradável do trabalho. Ao mesmo
tempo, utilizando os dois tipos de obstáculos acima citados – oxer e estacionata – estaremos
procurando ensinar ao cavalo a executar um gesto de salto correto: trajetória com o vértice
colocado sobre o ponto mais elevado do obstáculo. Este gesto do salto deve ser objeto de um
estudo cuidadoso do instrutor desde os primeiros trabalhos de salto. O que interessar,
sobretudo, observar não é se o cavalo dá saltos espetaculares e sim , a maneira como executa
o gesto para transpor o obstáculo que lhe antepomos, isto é, como salta: se eleva as espáduas,
se recolhe os membros anteriores completamente, dobrando-os nos joelhos e fazendo-os
avançar como se quisesse colocar a cabeça entre eles, se utiliza de seus jarretes, seu dorso-rim
, de seu pescoço, se respeita a barreira, se demonstra coragem e franqueza.

Em todo este trabalho, devemos fazer o cavalo saltar ao trote e ao galope. Os


obstáculos devem ser fáceis e referenciados, embora tendendo desde cedo para os dois tipos
acima citados. Nunca esquecer que é sempre preferível alargar a elevar o obstáculo. Quando
estiver passando esse obstáculo com facilidade e naturalidade, passaremos então, ao trabalho
propriamente dito, utilizando-nos para tal , dos obstáculos tipo oxer e estacionata ou outro
vertical . Naqueles devemos fazer predominar a largura sobre a altura. Se seguirmos o mesmo
método, obedeceremos as mesmas recomendações. Começaremos de baixo – cerca de 1
metro de altura – e aumentaremos progressivamente de acordo com a evolução do cavalo.
Ainda conservamo-nos dentro daqueles limites já estabelecidos: (1,20 x 1,20 m) que, para o
obstáculo tipo oxer, já é bastante aceitável. Para os verticais, poderemos ir um pouco além
(até 1,30 m). Se no oxer, tivermos que ultrapassar a largura de 1,20m para qualquer correção,
é preciso que não nos esqueçamos de diminuir-lhe a altura. Vejamos se tem mais facilidade
para o oxer ou para a vertical, se lança ou se prefere contornar o obstáculo. Exercitemos em
ambos os tipos de obstáculos, dando maior intensidade ao trabalho naquele que se mostrou
mais eficiente.
80

Quando o cavalo estiver perfeitamente senhor desses obstáculos, façamos um teste


de suas possibilidades. Aumentamos o obstáculo para ( 1,40 x 1,40m ) o oxer e para ( 1,50 m
) o vertical. Observemos como se porta diante deste aumento de nossas exigências: se se
perturba, hesita, se seu gesto se modifica, se permanece correto.

Feito isso, voltemos aos limites anteriores. Nossos obstáculos escolhidos, oxer e
vertical, terão, inicialmente pé, quer dizer , o primeiro plano vertical terá duas varas, sendo
que a de baixo ficará a meio caminho da de cima ao solo. Aos poucos, iremos elevando esta
vara de baixo, até aproximá-la o mais possível da de cima, eliminado o pé, de maneira a atrair
a atenção do cavalo para o elemento superior. Poderemos, mesmo, chegar a suprimi-la
totalmente. Com o mesmo objetivo poderemos fazê-lo saltar de “Arrepio” alguns obstáculos
referenciados.

Teremos então, nosso cavalo confirmado nos obstáculos isolados. Temos uma noção
perfeita da maneira como salta – seu gesto de salto a andadura e a velocidade em que prefere
aproximar-se, se sua trajetória é tensa, ou se tem recursos para ir às provas fortes.

Chegou o momento de apresentar-lhe os obstáculos duplos e depois os triplos.


Conservemos as alturas e larguras anteriormente estabelecidas como limites. Falta-nos ver o
método que adotaremos para este ensino.

Prepararemos o picadeiro para o trabalho, escolhamos os elementos que temos para


formar nosso duplo e o vão a usar entre eles. Meçamos esse vão e coloquemos o material
necessário nas proximidades do lugar em que será utilizado. Distendamos o cavalo e, em
seguida, façamo-lo saltar. Iniciamos com o salto de um obstáculo simples para distendê-lo no
obstáculo. Para facilidade iremos utilizar um dos elementos do duplo. Qual? O segundo. Por
quê? A fim de que , quando o duplo estiver armado, o animal não venha se perturbar com o
elemento de trás que já é conhecido. Assim, poderá prestar atenção ao primeiro e passá-lo em
boas condições, o que já é meio caminho para o êxito no duplo. Deixemo-lo saltar o elemento
armado até que o passe sem perturbação, coloquemos, então, o primeiro elemento. Suas
dimensões deverão ser tais que facilitem ao máximo o salto. Nosso objetivo inicial será obter
que o cavalo passe esses dois obstáculos seguidos sem se perturbar. Somente quando isso
tiver sido conseguido, é que começaremos a aumentar suas dimensões. O vão entre os dois
obstáculos do duplo tem uma grande importância. Devemos, desde o início do ensino,
conseguir que o cavalo dê os lances que desejamos dentro do duplo.
81

Como faremos isso? Colocando um vão que facilite ao cavalo o que desejamos.
Começaremos com dois lances. Qual a distância ideal a utilizar? Para os cavalos de lance
curto – 10 metros; para os de lance normal – 10,50 m e para os de lance grande – 11 metros.
Quando o animal estiver certo na passagem do duplo, executando corretamente o primeiro
salto, dando os dois lances de galope entre os dois lances de duplo, saltando o segundo
elemento corretamente, tudo isto sem precipitação nem hesitação, começaremos a dificultar-
lhe o trabalho.

Para os cavalos de lance curto, iremos aumentando progressivamente o vão, para os


de lance grande, procedemos de maneira inversa, para os de lance normal, aumentaremos ou
diminuiremos conforme observemos se tem mais facilidade para se reter ou se lançar. Este
trabalho todo será feito ao galope. Nossa única preocupação será darmos ao cavalo a impulsão
necessária. O mais, caberá à iniciativa do animal.

Em pouco tempo, ele aprenderá a se virar, aumentando ou encurtando seus lances


conforme as necessidades do momento.

Logo que estiver compreendido o mecanismo dos duplos a dois lances, passamos ao
ensino do duplo a um lance. O mecanismo é o mesmo; os cuidados a tomar, os mesmos. O
vão entre estes obstáculos variará entre 7 e 8 metros. A progressão na variação dos vãos será a
mesma anteriormente citada.

Nosso cavalo está, então, senhor dos obstáculos duplos. Passemos aos triplos. Nossa
progressão de trabalho será a mesma. Armaremos o último obstáculo, depois o segundo,
finalmente o primeiro. Os vãos, no início, serão os que mais lhe favoreçam. Depois
começaremos a variá-los para aumentar as dificuldades. Não devemos variar os dois vãos ao
mesmo tempo. Variamos o segundo, isto é, entre o segundo e o terceiro elemento. Depois que
o animal estiver senhor dele, é que passaremos a variar o primeiro.

A progressão estabelecida pelo cavaleiro sendo bem metódica, e as exigências e


altura e largura não sendo demasiadas, o cavalo aprenderá rapidamente, por si só, a se
desembaraçar das dificuldades que se apresentarem em seu caminho. O cavaleiro deverá
cuidar para que o cavalo não se perturbe a ponto de perder a calma. O animal que perde a
serenidade no trabalho em liberdade começará a se atirar dentro dos obstáculos ou a executar
uma trajetória defeituosa. Ambos os casos serão de tristes consequências para o trabalho
montado no futuro. O cavaleiro deverá dar-lhe a impulsão necessária e deixar que ele se safe
82

nas dificuldades como puder. O segredo é não lhe apresentar exigências superiores aos seus
meios.

Se nosso cavalo apresentar uma trajetória muito tensa, devido a grande rigidez de sua
coluna vertebral ou a um excesso de ardor, poderemos procurar corrigir esse defeito usando
obstáculos duplos, triplos ou mais, com vãos 4 metros, usando particularmente verticais
fechados que obriguem a contorná-los. Em pouco tempo, o animal aprenderá a flexionar sua
coluna para vencer estas dificuldades. Se , ao contrário, o animal procurar se reter antes do
salto, em vez dos verticais, usamos obstáculos tipo oxer e , aos poucos, aumentamos os vãos
até 4,50 m.

Este trabalho nos duplos, triplos ou mais, com esse vão – 4 a 4,50 m , correspondem
a uma batida – só deve ser feito depois que o animal estiver perfeitamente confirmado nos
triplos a uma lance.

A base de nosso trabalho está feita, daí em diante iremos aperfeiçoar nosso trabalho.
A sequência a seguir está mais ou menos delineada no quadro que se segue. Qualquer
variação que se impuser caberá ao instrutor fazê-la de acordo com o que observar durante a
progressão do trabalho.
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Figura 52 - Salto nas verticais com mudança de direção


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Figura 53 - Trabalho nos duplos e triplos


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O trabalho preconizado nestes quadros é um trabalho de aperfeiçoamento, no salto


do cavalo visando sua preparação para as provas em que as exigências são maiores. Seus
esforços são de intensidade muito superior a de todos os exercícios anteriores a que
submetemos o cavalo. Em consequência, temos que redobrar os cuidados. Qualquer
perturbação que observemos – alteração da calma , modificação do gesto do salto, etc. – deve
ser imediatamente objeto de estudo e motivo de interrupção temporária desse trabalho até seu
completo desaparecimento. Por outro lado, é bom lembrar que o aumento da intensidade das
exigências deve acarretar uma diminuição de sua quantidade e duração.

É ainda recomendável, durante todo esse trabalho em liberdade, protegermos o mais


possível os membros de nossos cavalos: joelheiras, caneleiras, ligas com feltro e cloches
nunca serão demais.

Passaremos, agora, ao trabalho em liberdade no corredor de obstáculos.

8.2 TRABALHO NO CORREDOR DE OBSTÁCULOS

O corredor de obstáculos é um recinto fechado, semelhante a um picadeiro em cujo


interior existe outra cerca ou parede, de maneira a limitar uma pista, de cerca de 3 metros de
largura, onde irá trabalhar o cavalo. A parede externa deverá ser fechada tanto quanto
possível, para isolar o cavalo do ambiente externo e impedi-lo de se perturbar, e ter altura de
cerca de 2,50 a 3 m, para evitar que o animal possa vir a tentar escapar saltando o muro. Além
disso, os cantos devem ser arredondados de maneira a formarem curvas suaves.

No interior do recinto limitado pela cerca interna é que irão ficar o instrutor e seus
auxiliares. Ao longe das duas paredes, sobre a pista, são dispostos suportes para a armação
dos obstáculos, de maneira a poder armar os obstáculos mais variados, inclusive duplos e
triplos, a vãos variáveis.

Na parede externa, deverá existir uma abertura para dar acesso ao cavalo e ao
pessoal, e na interna, outra para que o pessoal possa passar aparar o recinto central. Podemos
ainda, em lugares previamente escolhidos, prever aberturas especiais na parede externa, para
dar maior facilidade de acesso a certos obstáculos de difícil transporte, tais como muros,
rolos, tonéis, etc.
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A parede externa poderá ser de alvenaria, completamente fechada ou constar apenas


de uma cerca de madeira. Neste último caso, devemos plantar em toda a volta, uma cerca viva
da altura da parede de madeira , a isolar o corredor do exterior.

O trabalho no corredor de obstáculos é bem mais fácil que no picadeiro e dá lugar a


muito menos defesas da parte do cavalo, devido ao enquadramento que proporciona ao cavalo
e à facilidade que o instrutor ou seus auxiliares tem para intervir por trás do cavalo. No
picadeiro, o cavalo sempre poderá vir a desrespeitar o instrutor e os auxiliares, avançando
sobre eles apesar do castigo que possa vir a sofrer, ou ainda, procurar acuar nos cantos. O
primeiro perigo é abolido pela dupla cerca que limita a pista; o segundo pela inexistência dos
cantos.

Vejamos como proceder ao ensino do cavalo.

Figura 54 - Corredor de obstáculos

Para o trabalho na correção de obstáculos, o instrutor entra com seus auxiliares e


dispõe-nos onde deseja. Em seguida, faz entrar o aluno, quer dizer, o cavalo. O cavalo deverá
, de preferência, ser conduzido com uma cabeçada de bridão, com ou sem rédeas. Já sabemos
como arrumar as rédeas, se existirem. O cavalo deve dar uma volta completa no corredor, em
ambas as mãos, sendo conduzido a mão para que o animal possa reconhecer o local onde vai
trabalhar. Feito isto, solta o cavalo deixando-o a vontade e cuidando apenas de fazê-lo
deslocar-se para frente, em qualquer mão, e em qualquer andadura. É possível que o animal,
ao sentir-se solto, tome o galope, o trote, o passo, ou até mesmo fique parado. Deixa-o a
vontade. Se ele quer galopar, que o faça. Assim, gastará seu fôlego natural. Se quiser trotar,
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idem. Se quiser andar ao passo, estimulemo-lo. O principal é não deixá-lo parado. Quando o
instrutor sentir que o cavalo está perfeitamente a vontade, bem calmo , é que pensará em
começar o trabalho. A progressão a seguir para ensinar o cavalo a fazer alto, partir ao passo,
tomar o trote, tomar o galope, retomar o trote, retomar o passo, fazer alto é a mesma que já
vimos no trabalho em liberdade. Apenas teremos uma diferença durante todo esse ensino.
Será ensinar o cavalo a mudar de mão. Não nos sendo possível fazê-lo mudar de mão pela
diagonal como no caso do trabalho em liberdade no picadeiro, pois as duas cercaduras – a
parede e a cerca o impedem – temos que ensiná-lo a parar, e , em seguida, a fazer meia volta.
Parar, já lhe o ensinamos. Fazer a meia volta torna-se fácil, basta que o instrutor ou um dos
auxiliares se aproxime do cavalo pela sua frente, com o braço que segura o chicote levantado
ameaçando-o. A ameaça do chicote, geralmente, é mais do que suficiente, o cavalo faz a meia
volta. Obtido o resultado desejado, alto, recompensar o cavalo. Repete-se esta operação
fazendo-a acompanhar do comando “virar”. Em pouco tempo, o cavalo associará este
comando com a ameaça do chicote e executará a meia volta sem ser necessário a intervenção
do instrutor ou de qualquer auxiliar.

Terminada esta instrução preliminar do cavalo, passa-se ao trabalho no obstáculo. A


sequência de exercícios e a progressão é, praticamente, a mesma anteriormente estudada.
88

9. TRABALHO DE DOMÍNIO NO OBSTÁCULO

Essa modalidade de trabalho, abordada durante o adestramento no obstáculo, tem por


objetivo permitir a perfeita condução durante os percursos de obstáculos, sem que o animal
apresente qualquer perturbação frente as dificuldades apresentadas e sempre sob o comando
de seu cavaleiro.

Realizado cuidadosa e criteriosamente, a par do adestramento propriamente dito e das


demais modalidades de trabalho de adestramento no obstáculo, dá ao cavaleiro um completo
domínio sobre sua montada em todos os momentos, e ao cavalo, uma tão perfeita noção do
obstáculo e um tal grau de equilíbrio que, na medida dos seus recursos, as dificuldades que se
possam apresentar quase desaparecem.

Podemos, assim, considerá-lo como dos mais importantes a que se submetemos nosso
cavalo. Os objetivos finais, múltiplos e variados, permitem-no considerá-lo quase completo
para a preparação do cavalo de concurso:

a) ginástica de salto;

b) equilíbrio antes e depois da barreira;

c) submissão ao cavaleiro antes e depois da barreira e durante o percurso;

d) calma frente a barreira;

e) respeito pela barreira;

f) correção da trajetória;

g) ajustagem da trajetória.

Embora tenha suma importância na preparação do cavalo de concurso, não é comum


que lhe demos o valor que merece ou observemos ser executado corretamente.

Desde o início do adestramento do cavalo de concurso, tão logo o animal tenha


aprendido a executar o salto montado – batida, elevação do antemão, planar, passagem dos
posteriores, recepção- e esteja saltando os obstáculos isolados com desembaraço e franqueza,
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devemos abordar o trabalho de domínio no obstáculo, paralelamente as outras modalidades de


adestramento no obstáculo. No começo, as exigências serão suaves, a medida que os recursos
do animal se desenvolvem aumentando, progressivamente, sua intensidade e realizando-o de
preferência às demais modalidades de adestramento no obstáculo. Estaríamos visando os
mesmo objetivos e obtendo os mesmo resultados, além de outros que só este trabalho nos
pode permitir alcançar.

Passemos, agora, a estudar a maneira como deve ser executado.

É demasiado comum vermos cavaleiros avançarem a pleno galope com seus cavalos
para o obstáculo e, ao se aproximarem do mesmo, fazerem um alto violentíssimo. Em
seguida, não menos violentamente, obrigam os pobres animais a darem “marcha-a-ré”.

Mesmo para um animal excessivamente debruçado e violento, tal maneira de agir é


prejudicial e desaconselhável. Aliviará “aparentemente” a frente, porém o resultado desejado:
a elevação das espáduas e o respeito a mão, não serão obtidos. Pelo contrário, o animal
procurará defender-se da mão do cavaleiro.

A base do pescoço do cavalo está muito baixa, sua coluna vertebral rígida, seus rins
anormalmente cavados, seus posteriores completamente fora da massa. Para livrar-se da mão
brutal que procura dominá-lo de qualquer maneira, o animal fugirá completamente ao apoio,
elevando a cabeça e pescoço isoladamente, sem qualquer correspondência do resto da massa.
Os defeitos, cuja correção visamos, permanecerão e aumentarão.

Como, então, proceder para obter os resultados desejados? Primeiro passo a realizar:
escolha do obstáculo. Como sempre, iremos escolher os obstáculos que melhor se prestam
para a educação do cavalo, isto é, iremos escolher os obstáculos tipo oxer e os verticais. As
dimensões destes obstáculos dependerão do adiantamento do cavalo e de seus recursos.

O segundo passo será a escolha da andadura e do objetivo imediato a atingir. Se


desejarmos de preferência ginasticar o cavalo, escolheremos o trote, se desejamos equilibrá-
lo, escolheremos o galope.

Vejamos, agora, como procederemos no desenvolvimento do trabalho, ao trote e ao


galope, e quando devemos usar uma e outra andadura.
90

9.1 TRABALHO AO TROTE

No início do trabalho, quando o animal possui pouca ginástica de salto, é evidente que
devemos trabalhar mais ao trote do que ao galope. Nesta andadura, visaremos mais a ginástica
do salto, a correção da trajetória do salto e o domínio do cavalo antes e depois da barreira. Ao
mesmo tempo, aproveitamos para desenvolver a franqueza do cavalo e, aos poucos, ajustar-
lhe a trajetória.

Como executaremos esse trabalho?

O cavaleiro enfrenta o obstáculo ao trote recolhido. Ao se aproximar, alarga o trote,


tomando o trote elevado ou tomando a posição avançada.

Nesta andadura, aproxima-se da barreira como se fosse saltá-la. Ao sentir qualquer


perturbação do cavalo – fuga ao apoio, desorganização da andadura, etc. – entra em círculo a
direita , a esquerda e reorganiza o cavalo, torna a enfrentar o obstáculo. Se voltar a sentir
qualquer perturbação, entra novamente em círculo tendo o cuidado de mudar de mão. Fica ,
assim , executando uma espécie de “Oito de conta” na frente do obstáculo, até sentir que o
cavalo está perfeitamente dominado e completamente calmo. Neste momento, enfrenta o
obstáculo para saltar. Pode acontecer que o animal refugue. Se tal acontecer, castiga, sem
violência, para fazer o cavalo sentir que errou. Torna a enfrentar o obstáculo e procede como
anteriormente até conseguir que o animal avance sem qualquer perturbação. Repete o
mecanismo estudado anteriormente tantas vezes, quantas sejam necessárias, até obter o
resultado desejado. O animal enfrenta a barreira na mais completa calma, sem precipitação,
crescendo naturalmente para o obstáculo, e conservando-se apoiado.

Três coisas podem acontecer então: o animal salta calmamente, sem se reter, e sem
precipitação; o animal se retém para o salto ou o animal se desorganiza após o salto.

No primeiro caso, nada teremos a fazer. É exatamente, o que desejamos. Então, cabe-
nos por o cavalo ao passo e recompensá-lo largamente.

No segundo caso – quando o animal se retém – temos que corrigir-lhe esse defeito.
Como? A correção deve ser imediata ao salto, se possível, ainda durante a plena execução do
gesto de salto. O cavaleiro impulsiona o cavalo mais ou menos energicamente, em proporção
91

a intensidade de sua retida. Em seguida, retoma-o suavemente, e torna a enfrentar a barreira. É


possível que o animal, agora, se precipite antes do salto. O procedimento a adotar já vimos,
insistimos até que o animal enfrente a barreira e a salte sem precipitação e sem se reter. Desde
o primeiro momento, devemos evitar a precipitação do cavalo antes do salto caso ele se
retenha para contornar o obstáculo. Estaremos trabalhando para o futuro.

No terceiro caso – o animal se desorganiza depois do salto, quer tentando ampliar


exageradamente a andadura e forçando a mão do cavaleiro, ou fugindo ao apoio. - A correção
é uma única. O cavaleiro retoma imediatamente o cavalo, pondo-o em círculo. Conserva-o no
círculo até que o animal vá ao apoio e descontraia o maxilar, sinal evidente de que está
novamente equilibrado e calmo. Se o cavalo tomar o galope, obriga-o a retomar o trote e
procede como foi dito anteriormente.

Todo mecanismo que acabou de ser visto deve ser repetido até que o animal enfrente o
obstáculo, salte sem se reter e sem se precipitar, após o salto, retome o mesmo trote com que
enfrentou a barreira.

À medida que o cavalo progride, o cavaleiro começa a aumentar as dificuldades,


abordando o obstáculo de mais perto e enfrentando-o enviesado. A abordagem de mais perto
obriga o cavalo a manter-se equilibrado e impulsionado durante a batida, e a empregar-se
mais energeticamente.

A abordagem enviesada obriga o cavalo a ajustar sua trajetória, colocando seu vértice
sobre o ponto mais elevado do obstáculo.

Da mesma maneira, na recepção, serão aumentadas as exigências, aproximando a


retomada após o salto e a entrada em círculo, podendo-se chegar até o salto, seguido de
partida imediata. Isto obrigará o animal a abordar o obstáculo fortemente engajado e , assim, a
executar o salto nas melhores condições.

Obtidos os resultados desejados no obstáculo isolado, o cavaleiro passa a trabalhar em


mais de um obstáculo, indo de um a outro como se estivesse executando um percurso. Todas
as perturbações que sentir no cavalo serão corrigidas como já foi visto.

Quando o animal estiver saltando nestas condições, vários obstáculos seguidos, é


chegado o momento de passar ao mesmo trabalho realizado ao galope.
92

9.2 TRABALHO AO GALOPE

Nesta fase do trabalho, iremos exigir que o animal conserve o mesmo grau de
submissão ao cavaleiro, aprenda a equilibrar-se na frente da barreira, a calcular a batida, e a
receber-se equilibrado após o salto.

Para que o animal salte em boas condições, é importante que se mantenha equilibrado
e perfeitamente engajado na frente da barreira, isto é, que se conserve calmo, apoiado, sem
alterações bruscas da andadura em que enfrenta o obstáculo senhor de sua massa, com seu
peso naturalmente distribuído e em condições de fazer os deslocamentos deste peso que se
tornem necessários. Como consegui-los? O trabalho a realizar nada mais é do que repetição
do anteriormente realizado ao trote.

O cavaleiro entra com seu cavalo em círculo em frente ao obstáculo a saltar,


solicitando que o animal se apóie, descontraia o maxilar, se engaje e se acalme.

Este círculo deve ter um diâmetro tal que permita ao cavalo se equilibrar no galope –
cerca de 10 metros.

Mantém o animal nesse círculo até obter o que disse acima. Se o animal demora em
ceder o maxilar, em se apoiar, o cavaleiro faz alto, pede a descontração do maxilar do animal
e retoma o galope, no mesmo pé e na mesma mão em que estava anteriormente ou no outro pé
e na outra mão.

Este alto pode ser feito em qualquer ponto do círculo.

Insiste no círculo que o animal se encontre nas condições acima descritas: apoiado,
descontraído, equilibrado sobre o círculo e calmo.

Será bom lembrar que a mão do cavaleiro, durante este trabalho, deve estar sempre
vigilante, e quem determina a descontração e obriga o engajamento são as pernas que, agindo
energicamente, obrigam o cavalo a se reunir e a procurar abrir o caminho para frente, só lhe
restando, para tal, descontrair seu maxilar.
93

Obtidas estas condições, enfrenta o obstáculo. Se o animal não se perturba, deixa-o


saltar. Se, pelo contrário, se enerva, se precipita, foge ao apoio, avança antes do comando do
cavaleiro, se enrijece, se debruça, o cavaleiro faz alto ou retoma o círculo. Este alto deve ser
feito uns dois lances antes da batida do salto, e não junto ao obstáculo como tão usualmente se
vê.

O alto, nesta última condição, servirá apenas para irritar mais o animal. O alto deve ser
feito com o animal bem direito frente ao obstáculo.

Se não for possível a correção, nas condições acima, é preferível deixar para fazê-lo
após o salto, exigindo do cavalo uma retomada imediata e a entrada em círculo, bem apertado
logo após o salto. ( Não esquecer a ação das pernas neste momento. )

Feito o alto, o cavaleiro pede a descontração e em seguida, avança ao passo para o


obstáculo, indo tornar a fazer alto a cerca de dois metros do obstáculo. Pede-lhe novamente , a
descontração, acalma o animal se ele estiver enervado, e em seguida, tira-o para a direita ou
para a esquerda. Retoma, então, o galope em círculo, quer na mesma mão, quer na outra.
Repete todo este mecanismo, até que o animal se aproxime serenamente da barreira
aguardando o comando do cavaleiro, conservando-se apoiado, estendendo seu pescoço e
ampliando sem precipitação os últimos lances. Deixa-o, então, transpor o obstáculo e prepara-
se para retomá-lo após o salto.

A extensão do pescoço permitirá ao cavalo calcular corretamente sua batida e a


conservação do apoio será uma garantia de que o animal se mantém engajado e calmo. A
ampliação dos lances garantir-lhe-á o impulso necessário para a execução do salto. O
cavaleiro deixa-o então, transpor o obstáculo e se prepara para a retomada após o salto.

Se o animal salta no lance em que veio, sem se reter e sem se precipitar nos últimos
momentos antes do salto, e se recebe calmo após o salto, o cavaleiro deixa-o dar alguns lances
após o obstáculo, e, progressivamente, faz tomar o passo. Recompensa-o, deixa-o andar um
pouco ao passo livre, sem qualquer outra exigência.

Se, pelo contrário, se retém, se precipita nos últimos momentos antes do salto, ou se
desorganiza após o salto, temos que submetê-lo a algumas correções. Se se reteve, o cavaleiro
deve imediatamente após o salto ou ainda durante o salto, se possível, impulsioná-lo
vivamente com as pernas ou se necessário, com o chicote. Deixa-o lançar-se para a frente e
94

em seguida, retoma-o progressivamente. Feito isto, volta a repetir o mecanismo anterior, torna
a enfrentar o obstáculo para saltá-lo e é possível que, em consequência da correção anterior, o
animal agora se precipite. Acalma o cavalo até restabelecer-lhe a calma, tranquilidade e apoio,
e deixa-o saltar. Torna-se a se reter, nova correção. Procede dessa maneira até que o cavalo
deixe de se reter, sem entretanto, se precipitar.

Se o animal se precipita nos últimos lances, ou logo após o obstáculo, o cavaleiro


retoma-o imediatamente, tanto mais energicamente, quanto maior tiver sido a perturbação
demonstrada pelo cavalo. Deixa-o dar alguns lances em frente e em seguida coloca-o em
círculo, tanto mais cerrado quando mais o cavalo estiver perturbado. ( Atenção para a ação
impulsiva das pernas para obrigar o animal a se engajar e reorganizar). Se a perturbação tiver
sido muito grande, o cavaleiro poder chegar até ao alto após o salto.

Feito o alto, o cavaleiro pede a descontração do maxilar do animal e em seguida parte


ao passo acalmando-o. O alto após o salto deve ser deixado como último recurso em virtude
da violência do esforço que exige.

A medida que o animal vai se acalmando, a retomada após o salto deve se tornar mais
aproximada da recepção , até chegarmos a retomada do próprio momento da recepção.

O animal será assim levado a enfrentar a barreira calmo, apoiado, engajado, pescoço
estendido, executar o alto e deixar-se retomar imediatamente após o salto.

Quando o animal estiver confirmado nesse exercício, iremos aumentar as exigências a


lhe serem feitas. O círculo frente a barreira será ajustado, a retomada após o salto terá que ser
imediata e ao obstáculo será abordado enviesado. A ajustagem do círculo diante da barreira
obrigará a uma maior concentração, um maior engajamento e atingir um melhor grau de
equilíbrio. Além disso, para que possa sair desse círculo para o salto, terá que tornar-se
completamente leve a perna.

A retomada imediata após o salto obrigará a manter-se completamente engajado até o


último momento e a receber-se engajado após o salto, a fim de que torne possível deixar-se
retomar.

A abordagem do obstáculo enviesado irá forçar o animal a colocar o vértice da


trajetória de seu salto, exatamente sobre o obstáculo, a fim de poder melhor contorná-lo.
Além disso, facilita-lhe o cálculo da batida, particularmente para os obstáculos verticais.
95

Figura 55 - Abordagem enviesada do obstáculo

Quando o animal estiver perfeitamente dominado no obstáculo isolado, passaremos a


trabalhar da mesma maneira nos duplos e triplos. O trabalho se tornará mais fácil pois
permitirá as retomadas que muitas vezes se tornam necessárias dentro dos obstáculos desta
natureza em que os vãos são apertados. Estes vãos devem ser ligeiramente apertados ou largos
para permitir ensinar o cavalo a se deixar retomar ou impulsionar dentro do obstáculo sem se
perturbar. O trabalho seguro segue progressão semelhante à executada no obstáculo isolado,
sendo o cavaleiro, muitas vezes, obrigado a fazer alto entre um e outro elemento.
Paralelamente a ginástica nos duplos e triplos, o cavaleiro realçará também em mais de um
obstáculo isolado, saltado seguidamente como se tratasse de um percurso. A qualquer
perturbação, seja depois do um, do dois, ou mais saltos, procede como anteriormente no
obstáculo isolado. Retoma seu cavalo, entra em círculo, faz alto, descontrai, etc., até
restabelecer a calma. Conserva essa progressão até poder realizar pequenos percursos de cerca
de oito a dez saltos, inclusive duplos e triplos, sem que o animal se perturbe. Terá, então, um
animal que estará em condições de ser estreado em provas de salto. Antes disso, o cavaleiro
estará sujeito a insucessos e a ver perdidos longos meses de trabalho.

Ainda no trabalho de domínio de obstáculo, podemos utilizar obstáculos verticais ou


oxers para serem saltados nos dois sentidos, trabalhando da seguinte forma: abordamos o
obstáculo a ser saltado na mão esquerda, por exemplo; seguimos na direção do obstáculo,
obviamente com a preocupação de manter o cavalo calmo e equilibrado perante a barreira;
saltamos o obstáculo e retomamos o cavalo ainda na reta; como viemos pelo lado esquerdo,
assim que o cavalo estiver novamente calmo e equilibrado após o salto viramos para o lado
direito; completamos todo um círculo na mão direita, de maneira que estejamos em condições
96

de executar o salto novamente, sendo que desta vez no sentido contrário; da mesma forma que
anteriormente, como viemos pela direita, viramos para esquerda e damos sequência ao
trabalho, completando o círculo para a esquerda, ficando em condições de novamente saltar o
obstáculo no sentido contrário. Neste trabalho devemos ter a preocupação de abordar o
obstáculo sempre reto. Podemos utilizar para isso um corredor de varas no chão, antes e
depois do salto. Para que este trabalho seja bem executado, o nosso cavalo deve estar pronto
para executar as mudanças de pé para ambos os lados, com o intuito de buscarmos a reunião,
evitando ao máximo que o nosso cavalo entre na andadura trote.

Figura 56 - Trabalho de domínio no obstáculo


97

10. CORREÇÃO E AJUSTAGEM DA TRAJETÓRIA

É imprescindível ao bom cavalo de salto, uma trajetória correta e ajustada. Assim, o


cavaleiro, logo na iniciação deve ter a preocupação de, observando o salto do seu cavalo,
procurar dar a sua trajetória a forma apropriada. Isto só será possível se o cavalo puder e
souber dispor de seu pescoço, a medida que isso for necessário, durante as fases do salto. O
animal que não souber usar convenientemente seu balanceiro, jamais conseguirá uma boa
trajetória. Da mesma forma, o cavaleiro que não der ao seu cavalo as condições necessárias
para que ele empregue seu pescoço, não conseguirá que tenha a trajetória desejada.

Assim, para podermos corrigir e ajustar a trajetória do cavalo, é preciso, deixá-lo


executar o salto nas melhores condições possíveis. As vezes o animal saltando em liberdade,
executa uma boa trajetória, que no entanto, não consegue executar quando salta montado. É
preciso pois, muita atenção do cavaleiro no sentido de verificar se o cavalo tem realmente a
sua trajetória defeituosa ou se esta assim se apresenta por sua interferência (do cavaleiro), seja
pela sua ação ou pelo seu peso. No primeiro caso, um instrutor que observa o salto poderá
ajudar nas correções. No segundo, uma ginástica conveniente do cavalo montado, e o tempo,
darão as condições de equilíbrio apropriadas a execução de uma boa trajetória.

O animal “bom saltador”, possui a condição indispensável que é o respeito pelo


obstáculo, e isso é verificado quando o animal ao aproximar-se para saltar, aborda o
obstáculo, seja qual for seu tamanho, sem hesitação, prestando grande atenção, e empregando-
se o necessário, para transpor com facilidade. Quando o animal não possuir o devido respeito
pelo obstáculo, devemos lançar mão de artifícios para executar a correção da trajetória do
salto, tal como, a ginástica corretiva (são todas as ações, exercícios e recursos aplicados para
corrigir defeitos na condução, abordagem e salto do cavalo).

A correção da trajetória possui alguns objetivos, tais como:

a) corrigir defeitos de posição dos membros do animal;

b) mantê-lo atento antes, durante e após o salto;

c) induzir o cavalo a sobrepujar-se, saltando mais alto o obstáculo.


98

10.1 FORMA DA TRAJETÓRIA

Ao saltar deve o cavalo, lançando seu pescoço fazer de seu corpo um prolongamento
daquele, descrevendo uma parábola, na qual ficará contido o obstáculo. O Vértice da
trajetória, deverá estar no ponto mais alto do obstáculo.

Assim, o cavalo deve executar a batida a uma boa distância, elevar-se sobre o
obstáculo, e se receber a uma distancia aproximadamente igual a distancia da batida. Isto, se o
obstáculo saltado for um oxer ou vertical. Se ,no entanto, o salto for executado em um
obstáculo combinado, que tenha seu ponto mais alto, colocado em um plano mais alto da zona
da batida que é marcado por elementos mais baixos, a batida deverá estar próxima do
obstáculo do que a recepção. Pode ser comparada a trajetória de dardo lançado pela mão de
um homem.

O animal ao saltar lançará seu pescoço como fosse a ponta do dardo e fará seu corpo
funcionar como prolongamento daquele, descrevendo uma parábola na qual ficará contido o
obstáculo. A parábola descrita é resultante da força muscular agindo no momento do salto e
do peso do animal.

O cavalo em liberdade salta um obstáculo executando os mesmo movimentos que


executará quando montado, portanto o cavaleiro tem uma parcela importante de
responsabilidade, fazendo com que seu peso permaneça sempre em coincidência com a
vertical que passa pelo centro de gravidade do cavalo para não prejudicá-lo durante o salto.

Caso isso não ocorra o cavalo:

a) deverá fazer mais força;

b) terá seus movimentos prejudicados;

c) poderá tocar nos obstáculos derrubando-os.


99

10.2 TIPOS DE TRAJETÓRIA

A forma da trajetória sempre será de uma parábola que poderá variar em relação ao
obstáculo. Poderá variar devido ao tipo de obstáculo:

a) Oxer e Verticais:

I - Vértice da trajetória correta exatamente sobre o centro do obstáculo.

II - Distância entre batida e recepção iguais.

Figura 57 - Trajetória oxer

Figura 58 - Trajetória vertical

b) Obstáculos compostos e do tipo tríplice:

I - Vértice da trajetória correta sobre o elemento mais alto;

II - Distancia da batida menor que a da recepção.

III - Poderá variar em um mesmo obstáculo em três tipos: salto curto, salto
justo e salto longo.

Figura 59 - Trajetória tríplice


100

No salto curto, obrigará uma elevação acentuada das espáduas, com a batida muito
próxima do obstáculo. No salto justo (é o que desejamos) o cavalo despende o mínimo de
esforço para transpor o obstáculo. O salto longo requer do animal boa impulsão e muita
disposição para executar o salto.

As três formas de saltar serão usadas durante o trabalho, pois vão capacitar o animal a
melhor dispor de suas energias para executar percursos futuros, e obrigará ainda o nosso
cavalo a dispor corretamente de seu pescoço que será alongado e arqueado de acordo com as
circunstâncias.

10.3 CORREÇÃO DA TRAJETÓRIA

Para corrigir animais que estejam executando trajetórias deficientes o cavaleiro


deverá:

a) ginasticar seu cavalo a guia;

b) em liberdade;

c) montado (domínio e adestramento no obstáculo);

d) nos cavaletes (valor inestimável – proporciona arredondamento da trajetória);

e) variar durante o trabalho, as andaduras e as distancias entre os obstáculos.

Vejamos alguns exemplos:

a) cavalos precipitados e disparadores: Domínio no obstáculo. Progredir para o


obstáculo ao galope; cerca de 15 a 18m ao trote, entre 8 a 10m por passo, e fazer alto a 1m do
obstáculo. Repetir esta, até o animal aproximar-se tranquilo a espera da transição, então
continuar a progressão até saltar o obstáculo tomando cuidado de não alterar o animal na zona
do salto.

É muito importante o temperamento calmo do cavaleiro para transmitir tranquilidade


e confiança ao cavalo. A falta de controle por parte do cavaleiro, o medo do cavalo ante o
obstáculo e o castigo em caso de um salto ruim são as causas mais comuns deste problema.
101

Depois do salto, retomar o animal progressivamente e recompensá-lo, o que permitirá associar


a consequência de um salto bem dado.

b) cavalos lerdos e sem disposição: Obrigar a progredir para o obstáculo


mediante fortes ajudas, não esquecendo o uso do chicote, até conseguir uma andadura
viva.

c) cavalos que se repetem e se aproximam para o salto: Colocar diante do


obstáculo uma vara “cavalete”, cerca de 50cm da base do obstáculo e ir afastando-a,
paulatinamente, até obter a parábola adequada. Nas verticais, a distancia da batida será igual a
altura do obstáculo. Nos oxers, a altura do ultimo elemento menos a diferença da largura com
essa altura.

Exemplo: afastar a marcação

1,10m
MARCAÇÃO

Figura 60 – Afastar marcação

d) cavalos com trajetória muito alta: Colocar do lado da batida uma vara que será
afastada até 3,00m antes do obstáculo e outra entre 3,00 a 4,00m do lado da recepção. Pode-se
também, saltar uma dupla ou oxer de arrepio, tomando o cuidado que o último elemento caia
com facilidade para evitar lesões. Em casos cuja trajetória esteja um pouco alta podemos
saltar oxers e paralelas enviesadas.
102

Exemplo:

1,10m

3,00m 3 a 4,00m

Figura 61 – Posição das varas

e) cavalos que administram mal seus últimos lances: Colocar uma vara a 1 m de
um obstáculo baixo, e outro obstáculo mais alto a 7m do primeiro. Após, acrescentar um
terceiro obstáculo com mais altura a 11 m do segundo. Se persistir o problema, trabalhar nos
cavaletes ao galope com 11m de intervalo com 0,50 m de altura, dentro dos quais se efetuará
2 lances e a 11 m do último colocar um obstáculo de 1 m de altura ou mais.

f) cavalos que saltam rasante: Armar ginástica com distâncias reduzidas relativas
à andadura em que se irá trabalhar. Isto obrigará a ganhar a altura perdida no avanço de sua
parábola defeituosa. Outra forma é colocar uma cauda de andorinha.

EXEMPLO: Trote

Figura 62 - Cauda de andorinha


103

g) cavalos que deixam as mãos penduradas e recolhem mal seus membros:


saltar oxers e paralelas enviesadas. Importante: as larguras devem ser aumentadas de maneira
a obrigar o animal a utilizar seus recursos de forma extrema.

Exemplo: cauda de andorinha ou saltar oxer com a vara da frente mais alta que a vara
de trás.

h) cavalos com dificuldade de vencer a largura do obstáculo: colocar o


obstáculo oxer com a cauda de andorinha na vara da saída.

10.4 MÉTODOS CORRETIVOS POR EXELÊNCIA

Deverão ser evitados até havermos esgotado os recursos expostos anteriormente e


havermos estudado as causas das trajetórias deficientes, que podem ser outras e não as que
imaginamos. Por exemplo: dor.

Nunca devemos utilizá-los para ensinar o animal a saltar mais alto, isto será com o
amadurecimento do cavalo.

10.4.1 Barragem Passiva

a) Passarito ou cauda de andorinha: É conveniente realizar o trabalho ao galope.


Para facilitar a armação e modificações posteriores, deve-se utilizar a seguinte convenção:

* Pontas nas varas que ficam sobre os obstáculos – Pico

* Pontas das varas que apóiam sobre o solo – Ala

Assim será fácil indicar ao ajudante se queremos abrir tal ala, dar mais pico, fechar
ou abrir o pico, etc... Para animais que saltarão o passarito pela primeira vez é conveniente
abrir O PICO uns 2m e ir fechando gradativamente.
104

Vejamos seus diversos usos :

I - Passarito Clássico para melhorar em geral o gesto de salto;

II - Para cavalos com tendência pendurar as mãos, deve-se elevar o pico da


cauda de andorinha;

III - Para cavalos que se aproximam demais dos obstáculos, deve-se diminuir a
distância entre as pontas das varas que tocam ao solo (ala), obrigando o cavalo a afastar a
batida do salto;

IV - Para cavalos com tendência a saltar em um dos lados, colocar uma vara
apoiada sobre o pico da cauda no lado em que o cavalo tende a saltar;

V - Oxer com passarito, a largura não deve ser grande demais, assim melhora a
báscula no salto.

b) arame: Colocar arame de 10 a 30 m acima do obstáculo ou conforme o caso


antes ou depois dos obstáculos. Nos obstáculos verticais são colocados logo acima da vara
superior cerca de 10 a 30 cm, deverá ficar mais ou menos fixa. Conforme o caso, antes ou
depois à mesma altura da vara superior par correção de cavalos que saltam muito curto ou
longo.Nos oxers e paralelas são colocada acima da vara superior anterior do obstáculo, pois
dessa forma se obriga o cavalo a prestar atenção e erguer mais as mãos do que no salto
normal. Ele também elevará mais seus pés o deixando tocar nas vara posterior. Nas tríplices e
similares são colocadas acima da vara mais alta para forçá-lo a erguer sua trajetória.

Observações: Quando o cavalo é corrigido de modo violento, deve-se saltar em


seguida para um obstáculo baixo, deixando-o saltar com uma relativa liberdade para
transmitir-lhe tranquilidade e para que ele adquirida confiança no salto.

O cavaleiro deve estar sempre atento para evitar qualquer refugo ou desvio, que
poderá acontecer em virtude das medidas adotadas para a correção da trajetória.

c) mão francesa ou “off-set”: O “off-set” são dois suportes feitos de ferro e


madeira, que são encaixados na vara superior do obstáculo, projetando um suporte a frente do
obstáculo, onde pode ser colocado um vergalhão ou vara de madeira, fazendo que fique
imperceptível ao cavalo, induzindo o cavalo a sobrepujar-se.
105

Figura 63 - Mão francesa

10.4.2 Barragem Ativa

Varas semelhantes: Colocar um ajudante ao lado dos obstáculos . Quando o cavalo


estiver passando sobre o obstáculo, ele levantará a vara superior obrigando o cavalo a tocá-la.
Este método não é de todo prático e portanto não é aconselhável.

Varas menores: É uma variação do método anterior. Utilizar uma vara ou cano
mais fino com cerca de 2 m de comprimento. Pode ser utilizada tachas na ponta da vara (
1mm a 1,5 mm ) para cavalos mais rústicos.

10.4.3 Conclusão

Antes de utilizarmos os artifícios de que dispomos para corrigir ou modificar a


trajetória do salto, devemos procurar esgotar todos os meios de flexionamento que a equitação
acadêmica nos fornece. Fazer a correção de forma racional e pensado sempre nos resultados
que tais correções poderão produzir. Não exagerar no emprego de métodos, pois se podem
nos ajudar também podem nos prejudicar em caso de abuso. Antes de decidir pela correção no
cavalo, o cavaleiro deve se analisar para verificar se os erros do cavalo não decorrentes de
erros seus que se fazem refletir durante o salto de sua montada, neste caso é a si próprio que
deve procurar corrigir antes de exigir qualquer correção do cavalo.
106

11. TRABALHO NOS CAVALETES

11.1 OBJETIVO

Esta modalidade de trabalho de Adestramento no Obstáculo, visa:

a) desenvolver a ginástica do salto;

b) acalmar o animal na barreira;

c) cadenciar e regularizar a andadura do animal frente à barreira;

d) arredondar a trajetória do salto.

Exigindo uma andadura calma e regular, cadenciada, um tanto lenta, obriga o cavalo a
um engajamento acentuado, que o força a arredondar o dorso-rim e liberar as espáduas, e a
uma grande concentração muscular, que lhe permite a falta de velocidade de andadura.

O arredondamento do dorso-rim e o aliviamento das espáduas provocarão o


arredondamento do salto, evitando seu desenvolvimento em extensão, isto é, sua rasância.

É, assim, de grande utilidade para os animais que gostam de saltar rasante,


aproveitando um excesso de velocidade para suprir uma falta sempre visível do gesto de
espádua e de báscula, evitando a ginástica do pescoço e do dorso-rim que permite o salto
perfeito.

Por outro lado, é pouco favorável aos cavalos que se cuidam demais do obstáculo,
retendo-se e perdendo a impulsão. É preciso não confundir o cavalo que se retém com o que
se ajeita diante da barreira. Ambos encurtam os lances que precedem o salto com uma
diferença primordial – o primeiro perdendo parte da impulsão necessária ao salto, o segundo
conservando-a integralmente. Este último caso é qualidade que deve ser explorada enquanto
que o outro é um defeito a eliminar. Neste segundo caso, dizemos que o cavalo “sajatria”.
107

11.2 MATERIAL

Um mínimo de 6 cavaletes, os cavaletes deverão ter cerca de 15 a 20 centímetros de


altura por 3 a 4 metros de comprimento. Devem ser espessos e bastante firmes, isto é, sem
possibilidades de serem facilmente deslocados. Apesar de tal fato, devem, entretanto, ser de
fácil transporte.

Figura 64 – Cavalete

11.3 DISPOSIÇÃO DO MATERIAL

Os cavaletes devem ser colocados a uma distância de 1,30 a 1,50m entre si e a cerca
de 4,50 metros do obstáculo a ser saltado. Estas distâncias entre os cavaletes e entre eles e o
obstáculo variarão com a amplitude da andadura do cavalo.

Com os animais de andaduras amplas ou muito árdegos, deveremos começar com as


distâncias maiores, só encurtando à medida do progresso do trabalho, isto é, à medida que a
coluna vertebral do animal se flexiona, permitindo-lhe diminuir a amplitude de sua andadura
ou à medida que o animal se acalme. A facilidade que assim encontrão inicialmente, permitirá
uma melhor evolução do trabalho.

Ao contrário, se o animal tem andaduras curtas ou se é pouco enérgico o trabalho


deverá ser iniciado com as distâncias menores, só aumentando-as pouco a pouco, à medida
que o animal tiver suas andaduras melhoradas pelo Adestramento Propriamente Dito e pelo
Trabalho no Exterior.

4,50m

Figura 65 - Exercício de cavalete


108

11.4 PASSAGEM DOS CAVALETES

Os cavaletes devem ser passados ao trote, numa andadura lenta e cadenciada, que
muitas vezes, lembrará um esboço de “passage”. O animal deve enfrentá-los calmamente,
bem apoiado, pescoço estendido, numa andadura franca e regular.

Para facilitar sua passagem nos cavaletes, o animal elevará ligeiramente a andadura,
sobrando mais suas articulações. Para tal, terá necessidade de arredondar o dorso-rim para
facilitar o engajamento dos posteriores, o que elevará a base do pescoço e lhe libertará as
espáduas. Estará, assim, em condições francamente favoráveis à execução do salto. Isto será
ainda facilitado pelo apoio e uma ligeira extensão do pescoço, que favorecerão uma perfeita
articulação do dorso-rim.

11.5 OBSTÁCULOS

Como sempre, empregaremos, de preferência, os obstáculos tipo oxer e os verticais.


Qualquer que seja o tipo empregado, devem ser maciços, tão fixos quanto possível, a fim de
obrigar o animal a respeitá-los. Dimensões: verticais (até 1,20 m) e oxer (1,00 x 1,50m) ou
(1,10 x 1,20 m).

11.6 COLOCAÇÃO DOS OBSTÁCULOS

Colocação, já dissemos atrás, os obstáculos devem ser colocados de 4,00 a 4,50m após
os cavaletes. Para os verticais, será preferível a distância menor, muitas vezes chegando aos
3,50m quando quisermos aumentar as exigências. Em tal caso, será de toda a vantagem
diminuirmos a distância entre os cavaletes. Com este procedimento, obrigaremos o cavalo a
um maior arredondamento do salto.

Quando usarmos duplos, triplos e mais, devemos vigiar e examinar bem os vãos entre
os diversos elementos a fim de não perturbar o animal modificando-lhe a regularidade da
andadura, obrigando-o a um encurtamento ou alargamento da mesma. Os obstáculos , se
possível , devem ser fixos ou quase.
109

11.7 EXECUÇÃO DO TRABALHO

O trabalho será dividido em várias fases:

a) Passagem dos cavaletes: o animal habituado a passar os cavaletes num trote


curto, calmo, regular e cadenciado. Inicialmente, se o animal apresentar nervosismo, o
cavaleiro passará os cavaletes ao passo, preparando para fazer alto a qualquer sinal de
perturbação do animal. Obtida a completa calma ao passo, enfrentará os cavaletes ao trote
elevado, calmo. Ao se aproximar dos cavaletes, deixará o animal estender o pescoço sem
perder o apoio e tomará de preferência uma posição avançada. Ao menor sinal de perturbação
do animal, preparar-se-á para fazer alto, após os cavaletes, ou, se necessário, entre os mesmos.
Os vãos entre os cavaletes deverão ser proporcionais à amplitude da andadura e a cadência da
mesma. Após a passagem dos cavaletes, o cavaleiro tomará a direita ou a esquerda,
procurando conservar a cadência e a regularidade da andadura. Passará, assim, várias vezes os
cavaletes, mudando sempre de mão após cada passagem, até que desapareça completamente
qualquer sinal de perturbação do animal.

b) Conseguida a passagem dos cavaletes na mais absoluta calma é chegado o


momento de associar-lhes os obstáculos. Serão observados os mesmos cuidados que quando
da passagem dos cavaletes:

I - calma absoluta do cavalo;

II - cadência e regularidade da andadura do cavalo.

Se o animal se precipitar, o cavaleiro faz alto diante da barreira. Em seguida, retira o


cavalo para a direita ou a esquerda ao passo. Repete o trabalho até que o animal não se
perturbe. Se a perturbação vem no momento do salto, o cavaleiro faz alto após o salto,
descontrai o cavalo e parte ao passo. Se o animal se retém, monta-o energicamente após o
salto, deixa-o avançar uns 20 a 30 metros e , então, retoma progressivamente. A passagem dos
cavaletes e o salto do obstáculo devem suceder-se se qualquer alteração.

c) Passagem de duplos: Logo que o animal estiver plenamente senhor do salto


isolado, o cavaleiro passará ao salto dos duplos. As preocupações a tomar são as mesmas que
anteriormente, acrescidas da vigilância a exercer sobre a conduta do cavalo entre os elementos
110

do duplo. Começaremos com os duplos a dois lances, em seguida a um lance, e terminaremos


com os duplos a uma batida. Para facilitar a conservação da calma do animal faremos o
seguinte:

I - passam-se os cavaletes;

II - em seguida, os cavaletes e o 1º elemento;

III - depois se retira o 1º elemento e passam-se os cavaletes e o 2º


elemento;

IV - finalmente, recoloca-se o 1º elemento e passe-se o duplo.

Se o animal se perturbar dentro do duplo, ou antes do salto do 1º elemento, o cavaleiro


fará alto entre os dois elementos, descontrairá o cavalo e retomará ao passo. Se não puder
fazer alto antes do salto do 2º elemento, mesmo procedimento após seu salto. O cavaleiro
deve vigiar para que o gesto do animal permaneça tão correto quanto possível,
particularmente a elevação das espáduas e o emprego do pescoço.

d) Passagem dos Triplos: Seguirá à passagem dos duplos . As preocupações são as


mesmas que para os duplos. À maneira de saltá-los, idem.

e) Passagem dos cavaletes com mudanças de direção: Feito este trabalho, iremos
aumentar nossas exigências. O cavaleiro arma uma série de cavaletes, seguido de um
obstáculo isolado e a seguirem ângulo reto, para cada, duplo de 10, 50m , nova série de
cavaletes.

Figura 66 - Passagem dos cavaletes


111

Passa a primeira série e o obstáculo e toma à direita ou à esquerda e passa uma das
novas séries. Todo este movimento deve ser repetido sem alteração da andadura e sem perda
da calma.

Obtido isto, após cada uma destas séries, arma-se um novo obstáculo. Quando esta
nova exigência não apresentar mais dificuldades podemos ampliá-las com novas mudanças de
direção e com utilização de obstáculos duplos, triplos e mais. Isto terá por finalidade obrigar o
animal a saltar vários obstáculos seguidos como se tratasse de um percurso , executando em
todos, um gesto perfeito e na mais completa calma. Ao mesmo tempo, assegura ao cavaleiro
um grande domínio sobre sua montada.

11.8 OBSERVAÇÕES FINAIS

Embora não ensine o cavalo a calcular a batida para o salto, o trabalho nos cavaletes é
um ótimo exercício . Obriga o cavalo a abordar a barreira com atenção, apoiando, pescoço
estendido, dorso-rim livre, portanto em condições de executar um salto correto.

Como todos os exercícios do Adestramento no Obstáculo, suas exigências sevem ser


bem progressivas. Constitui um ótimo exercício para os animais que :

a) disparam para a barreira;

b) esmagam as espáduas no salto;

c) saltam com o rim cavado;

d) não empregam o pescoço;

e) não defendem os posteriores;

f) saltam rasante em extensão.

Adiante, por meio de figuras, apresentamos algumas sugestões sobre trabalho nos
cavaletes.
112

Figura 67 - Exercícios de cavalete


113

12. ENREDEAMENTO ESPECIAIS

Estudaremos sobre este título diversos artifícios que de lançamos mão, para forçar o
cavalo a uma mais pronta obediência a nossa vontade ou para apressar o seu adestramento.

O nosso estudo abrangerá os seguintes enredeamentos\; rédeas alemãs, Colbert,


Chambon,rígidas, fixas, longas , à guia Barnum e o bridão invertido.

12.1 RÉDEA ALEMÃ

Estas rédeas, em vez de serem usadas presas às argolas do bridão, deslizam por dentro
delas, indo da mão do cavalo até a cilha onde se fixa. Ao colocá-la , para facilidade de uso,
devemos verificar que estejam presas da seguinte maneira: da m]ao do cavaleiro, ela vai à
cilha, passando de fora para dentro pela argola do bridão. Podem fixar-se a cilha entre os
anteriores do cavalo, ou lateralmente sobre as abas da sela.

É um enredeamento de exercício, ótimo auxiliar para obter maior rapidez no


adestramento do cavalo. Permite-nos obter a extensão do pescoço e a fixação do ramener.

Sua ação, quando a tensionamos, constrange o cavalo a articular o pescoço. Com a


rédea tensionada e as pernas impulsionando firmemente o cavalo para frente, o
constrangimento provocado pela rédea irá fazer com que o cavalo tenha que articular cabeça
e pescoço. O cavalo deve estar vigilante para que este movimento se inicie com a articulação
da nuca, e a cessão do maxilar. Em caso contrário, irá obter uma articulação falsa, na altura da
quarta vértebra, que lhe será futuramente de muito difícil correção. A menor cessão do cavalo,
o cavaleiro deve ceder a mão impulsionando o cavalo, para forçá-lo a conservar o apoio,
estendendo o pescoço. Procedendo dessa maneira até obter a completa extensão do pescoço, o
cavaleiro terá dado o primeiro passo na obtenção do ramener. Aos poucos, irá deixando de
utilizar a rédea alemã, só a utilizando quando o cavalo quiser fugir a mão. NO fim de certo
tempo, poderemos usá-la apenas como recurso corretivo.
114

Obtida e confirmada a extensão do pescoço, que nos garante o avanço dos posteriores
sobre a massa, podemos começar a usar a rédea alemão para fixar a colocação da cabeça no
cavalo na posição, isto é, para fixação do ramener.

A rédea alemã, é, como já dissemos, um enredeamento de exercícios, para evitar os


contratempos tão comuns em seu emprego, devemos sempre começar sua utilização
procurando ter a extensão do pescoço no movimento para a frente, o que nos irá garantir o
avanço dos posteriores sob a massa. O cavaleiro deve lembrar-se de ceder logo que o cavalo
haja aumentado a ação impulsiva a fim de evitar que o animal se coloque atrás da mão.

Figura 68 - Rédea alemã

12.1.1 Vantagens

Permite obter:

I - a extensão do pescoço;

II - a articulação da nuca;

III - liberdade das espáduas;

IV - ginástica do dorso-rim;

V -engajamento dos posteriores;

VI - obtenção e fixação do ramener.


115

12.1.2 Desvantagens

Pode provocar uma falsa colocação do cavalo; pescoço encolhido ou encapotado; ou


articulação do pescoço em mau lugar.

12.2 RÉDEA COLBERT

Diferem da rédea alemã pelo fato de depois de passarem nas argolas do bridão, irem
passar sobre a crineira , em vez de virem prender-se à cilha. Conforme o efeito desejado,
podem passar mais ou menos alta sobre a crineira, desde a região do garrote até a nuca. No
momento em que passam sobre a cachaceira, tem o mesmo efeito que o bridão ascensor e o
“GAG”. Podem prestar ótimos serviços para forçar um cavalo rebelde a articular a nuca.

Como no caso da rédea alemã, o cavalo deve ter o máximo cuidado de ceder a
mão, desde que o cavalo ceda o maxilar e articule a nuca. No caso contrário, estaria
encolhendo o cavalo.

Figura 69 - Rédea Colbert

12.2.1 Vantagens

I - força a articulação a nuca do cavalo,

II - permite obter a elevação do pescoço e a cabeça do cavalo, e a fixação da


cabeça,

III - dar maior domínio sobre a extremidade anterior.


116

12.2.2 Desvantagens

Pode causar o encolhimento do cavalo, com todas as suas conseqüências.

12.3 RÉDEA CHAMBOM

É formada por duas cordas iguais, terminadas numa extremidade por um mosquetão e
na outra por uma correia ajustável. Estas duas cordas são complementadas por uma cachaceira
com duas roldanas nas extremidades. Sua colocação é simples. Fixa-se a cachaceira com
roldanas na cachaceira. Em seguida, prende-se as extremidades terminadas por correias
ajustáveis, das rédeas na barrigueira, por entre os anteriores do cavalo. Feito isto, faz-se as
duas rédeas passarem nas roldanas da cachaceira, de maneira a entrarem de trás para diante,
vindo fixar-se por seus mosquetões nos anéis do bridão. A ajustagem das rédeas será feita na
extremidade que se fixa à barrigueira. O cavalo submetido à rédea Chambon não pode
levantar a cabeça. Qualquer movimento que tente fazer neste sentido será bastante penoso e
ele encontrará alívio com a extensão de seu pescoço. Resultado ótimo – o balanceiro pescoço
estando estendido e abaixado, obriga o cavalo a arredondar o rim, elevar a base do pescoço,
engajando os posteriores para retomar o equilíbrio rompido para a frente. O cavalo que
levanta a cabeça, encontra uma resistência que aumenta à medida que sua reação se torna
maior. É lhe preciso ceder e só o pode fazer para baixo, e eis muito tempo ganho para sua
mão quando pedir a descontração para baixo.

Figura 70 - Rédea Chambon


117

Como utilizá-la? Antes de colocá-la pela primeira vez, devemos deixar o cavalo se
distender um pouco. Depois, então, podemos prendê-la, tomando o cuidado de não apertar
muito. É possível que o animal se negue ao movimento para frente e até mesmo tente bolear-
se. Sem precipitação, fazê-lo avançar. À medida que o cavalo se habitue com o enredeamento
e vá abaixando progressivamente o pescoço, iremos ajustando mais a rédea até obter a total
extensão do pescoço. Normalmente, logo que colocamos à Chambon e soltamos o cavalo, ele
sai num trote curto e cadenciado- é a andadura que devemos usar para trabalhar com a rédea
Chambon.

Alguns cavalos levam muito tempo para ceder. Neste caso, devemos aumentar
fortemente a exigência da rédea , encurtando-a de saída, até provocar sua reação. Se o cavalo
ainda resiste, paremo-lo e cheguemos a ele. Atuemos sobre uma das rédeas até ceder, façamo-
lo igualmente do outro lado. Obtida a primeira cessão, o resto se consegue facilmente.

Há cavalos que se furtam a cessão, procurando colocar-se atrás da mão e encapotam.


Em tal caso, podemos utilizar a Chambon como um bridão invertido, isto é, cruzando a corda
da direita por cima do chanfro até a argola esquerda do bridão e a rédea esquerda da mesma
maneira, até o anel direito. Isto, muitas vezes, produz resultados notáveis com os cavalos que
se colocam atrás da mão e não se entregam.O resultado da Chambon não é questão de uma só
sessão. Se se deseja uma permanência dos resultados obtidos, quer dizer, um cavalo que
trabalhe com o rim redondo, isto é um trabalho de fôlego. É preciso musculá-lo neste sentido.
São necessários muitos meses. O cavalo se equilibra, muscula seus rins, suas coxas, e se
engaja.

Não devemos realizar grandes sessões com a Chambon. São de muito melhor proveito
pequenas sessões diárias de curta duração. Podem ser dadas à guia, em liberdade ou, ainda,
montado. É preferível, entretanto, dá-las em liberdade. Trote bem cadenciado. Em pouco
tempo, verá o cavalo transpirar onde os seus músculos trabalham, e dará conta de bons
resultado. O trabalho montado força demais os rins do cavalo; a permanência da atitude ao
que o rim é forçado acrescida do peso do cavaleiro, exige um esforço demasiado grande, o
que não devemos solicitar.
118

12.3.1 Vantagens

I - obriga o cavalo a aceitar o apoio,

II - articula a nuca,

III - obtém a cessão do maxilar,

IV - estende o pescoço,

V - arredonda o dorso-rim musculando-o,

VI - engaja os posteriores,

VII- eleva a base do pescoço,

VIII- alivia as espáduas,

IX- cadencia a andadura,

X - ensina a cessão para baixo.

12.3.2 Desvantagens

Em alguns cavalos, deixa-os atrás da mão. Em tais casos, devemos empregar a


Chambon com o bridão invertido.

12.4 RÉDEAS FIXAS

São pequenas rédeas que ligam a embocadura diretamente à cilha. Servem para tentar
obter a colocação da cabeça do cavalo. Entretanto, com muita facilidade podem colocar o
cavalo atrás da mão. Não apresenta nenhuma vantagem prática para o adestramento. É
bastante empregada na doma dos cavalos.
119

Figura 71 - Rédeas fixas

12.5 RÉDEAS LONGAS

Este enredamento consta de um par de rédeas com um comprimento em torno de 5 a 6


metros, que ligam as mãos do cavaleiro ao bridão, depois de passarem por dois anéis
existentes em cada lado do cilhão.

O trabalho com estas rédeas é um bom processo para a iniciação rápida, nas mãos de
um cavaleiro experimentado. Ela pode igualmente ser empregada no adestramento
propriamente dito, como complemento do trabalho à guia, para a preparação trabalho à mão,
particularmente nos palanques.

A vantagem principal do trabalho com esse enredeamento sobre o trabalho à guia,


reside na possibilidade que dá ao cavaleiro de a qualquer momento, tirar o cavalo do círculo
para o engajar no movimento para frente, particularmente quando ele se lança para o interior
do círculo, defesa mais comum do trabalho à guia.

A única desvantagem que existe no emprego deste enredeamento reside na pouca


habilidade do cavaleiro, que pode deixar o cavalo atrás da mão.
120

Figura 72 - Rédeas longas.

12.6 GUIA BARNUM

É um instrumento irresistível e que torna dócil o cavalo mais rebelde. É constituída de


duas partes: uma fixa e outra móvel. A parte fixa é formada por um bridão (de preferência de
bocado suave) em uma das argolas, no qual se prende uma correia terminada por uma argola.
Esta correia deve ter um comprimento que permita sua passagem por cima da nunca d cavalo.

A parte móvel é formada por uma forte guia. Coloca-se o Barnum da seguinte
maneira: colocado o bridão na boca do cavalo, passa-se a correia por cima da cabeça do
cavalo. Em seguida, enfia-se, sucessivamente, a guia na argola do bridão que fica na
extremidade da parte fixa (anel do bridão livre), passa pela argola na extremidade da correia,
de novo no anel do bridão já utilizado, por cima do pescoço, ao outro anel do bridão e termina
fixando-se no anel onde começa.

Se puxarmos a guia, o enredeamento aperta fortemente, quase rasgando a boca do


cavalo. Se o cavalo se defende da guia, resiste na mesma.

Ao comando “Vem”, ele avançará para você, mesmo sob ameaça, para que seja
afrouxado o enredeamento que o castiga. Em geral, os cavalos que experimentam o Barnum,
dele se recordam para o resto da vida. Sua ação é grande auxílio para se obter o domínio de
cavalos difíceis e mesmo para a doma de cavalos xucros.

Empregue-o para dominar o cavalo em qualquer situação, durante a forragem, a


tosagem, por ocasião de um embarque, etc.
121

Figura 73 - Guia Barnum

12.7 RÉDEA TIDMANN

É uma variação da rédea alemã. A diferença é que, essas rédeas, após passarem pelas
argolas do bridão, não vêm diretamente às mãos do cavaleiro. Elas são presas em argolas já
existentes em rédeas comuns, próprias para isso. Com a rédea Tidmann é possível realizar
saltos, montados.

Figura 74 - Rédea Tidimann


122

12. CONCLUSÃO

Da análise do período previsto para realização do curso de monitor de equitação e do


Plano de disciplina (PLADIS), visando a adequação da apostila de salto para o curso de
monitor, foram tomadas algumas linhas de ações.

Foi posto como principal objetivo, deixar a atual apostila de salto mais prática em
seu estudo ou manuseio, mantendo os assuntos importantes e necessários para o curso,
tornando-a em uma fonte de consulta agradável de utilizar.

Foram suprimidos assuntos desnecessários para a apostila, deixando-a coerente com


o curso. O texto propriamente dito foi adequado aos novos padrões da Língua Portuguesa,
tendo em vista ter sido escrito há muitos anos e possuía erros ortográficos. Foram colocadas
figuras para torná-lo mais ilustrativo, visando complementar a compreensão dos textos.

Complementando o trabalho, foram atualizados assuntos e informações que ao passar


do tempo ficaram desatualizados. Outros trabalhos devem ser feitos em relação a atualização
de apostilas da Escola de Equitação do Exército.
123

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

-Manual Técnico T 21-250 - MANUAL DO

INSTRUTOR, 2ª Edição, 1973

-www.portalsaofrancisco.com.br

-www.comofazerpapel.com.br/papelbrasil.html

-Manual de campanha C21-30 – Abreviatura, Símbolos e Convenções


Cartográficas, 4ª Edição, 2002

-http://www.faculdade.pioxii-es.com.br/anexos/normas_de_trabalhos_cientificos.pdf

http://brennermorais.vilabol.uol.com.br/Cavalos.htm

http://www.scribd.com/doc/1816529/Normas-ABNT-no-Word

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