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CATALOGAÇÃO NAFONTE
UERI/SISBI/SERPROT
P149 Paisagem, tempo e cultura / Organizadores,
Roberto Lobato Corrêa, Zeny Rosendahl. - R i o
de Janeiro : EdUERJ, 1998.
124 p.

ISBN 85-8588 1-56-9

1. Geografia humana. 2. Cultura. I. Corrêa,


Roberto Lobato. 11. Rosendahl, Zeny.
CDU 911.3
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A P A I S A ~E M O SISTEMA L ~ C M O
GEOGRAFIA ................................................................ 75
Hanr Bobk e Jowf ScClrnitClüwn

PAISAGEM-MARCA, PAISA~M-MATRIZ:
EI.EMENTOS DA ~ O B ~ E M A T I C APAüA UMA
GEOGRAFIA CUITURAI. ..................................................84
Auquítin Beque

(squdo de um comentório de OliveC Ddlfus)


O título deste livro é uma h o m e n a g e m
a Carl Ortwin Sauer (1889-1975) que, e m
1925, definiu a paisagem geográfica como
o resultado da ação da cultura. ao longo do
tempo, sobre a paisagem natural, Homcna-
geia t a m b é m precursores como Siegrified
Passargc e Otto S c h l u t e r e geógrafos como
J e a n Brunhes, Roger D i o n , Maximilien
Sorre que discutiram a temática em tela. A
homenagem estendese t a m b é m a autores mais
recentes e mesmo contemporâneos como J.
Broek, R. Darby, F. Kniffen, D. Lowenthal,
A. Berque e D. Cosgrove que, efetivamente,
contribuíram para o enriquecimento da com-
preensão da paisagem geográfica.
A paisagem tem-se constituído em um
conceito-chave da geografia, tendo sido vista
como o conceito capaz de fornecer unidade
e identidade igeografia num contexto de afir-
mação da disciplina. A importância da paisa-
g e m na história d o pensamento geográfico
tem variado. Este c o n c e i t o foi mesmo rele-
gado a u m a posição secundária, suplantada
pela ênfase nos conceitos de região, espaço,
território e lugar.
A retomada do conceito de paisagem, que
se verificou após 1970, trouxe novas acepções
fundadas em outras matrizes epistemológicas.
Na realidade, a paisagem geográfica apresenta si-
multaneamente várías dimensões que cada matriz
epistemológica privilegia. Ela tem uma dimensão
morfológica, ou seja, é um conjunto.de formas
criadas pela natureza e pela ação humana, e uma
dimensão furicional, isto é, apresenta relações en-
tre as suas diversas partes. Produto da ação hu-
mana ao longo do tempo, a paisagem apresenta
uma dimensão histórica. Na medida em que uma
mesma paisagem ocorre em certa área da super-
ficie terrestre, apresenta uma dimensão espacial.
M a s a paisagem é portadora de significados,
expressando valores, aenças, mitos e utopias: tem
assim uma dimensão simbólica,
A complexidade da paisagem e seus inúmeros
significados têm permitido ao geógrafo falar de
p"sagern sagrada e, por oposição, de paisagem
profana Em paisagem vitrine, paisagem do medo
e paisagem do desespero, entre outras.
O presente livro privilegia alguns estudos que
são importantes para a compreensão deste con-
ceito-chave, Datam de momentos distintos da his-
tória do pensamento geográfico, representando
posições distintas e complementares do mesmo
objeto. Entre eles está o dássico estudo de Sauer
sobre a morfologia da paisagem. Publicado em
1925, " A morfologia da paisagem" representa
u m a contestação à visão determinista da geogra-
fia norte-americana e, ao mesmo tempo, u m a
antecipação da geografia cultural que Sauer em
breve estabeleceria.
A paisagem geográfica, vista como um con-
junto de formas naturais e culturais associadas
e m uma dada área, é analisada morfologicarnente,
vendo-se a integnçáo das formas entre si e o
carátez orgânico ou quase orgânico delas O tern-
po é uma d v e l hdamental. A paisagem cul-
nual ou geográfica resulta. da ação, ao longo do
tétnpo, da d t u r a sobre a paisagem natural. Nas
palavras de Sauer: "Apaisagem cultural é-mode-
lada a partir de u m a paisagem naturaI por u m
grupo cultural. A cultura é o agente, a áicl natural
é o meio, a paisagem C U I d o reSU1tãW9
O estudo de Bobek e !khmitüsen, publicado
oríginaknente em 1949, é uma conmbuição que
revela nitidamente a tradição alemã de e s t u d o s
sobre a paisagem M c a . Segundo os autores, a

(...) geografia da paisagem procede de forma


normativa ou nomotética, comparando as distin-
tas partes da supedície terrestre e ordenando-as
e m tipos e gêneros, fazmdo abstrações de suas
pediaridades iridiuiduais. Esta &se de unida-
des, definidas com base em sua aparência
. fenomênica, e m sua trama de relações e em seu
desemolvimento histórico, dmomina-se paisagem,
independentemente de seu nivel dimensionai."

O trabalho em pauta é tarnbem uma contri-


buição daqueles interessados e m questões
arnbientais, qualificando-se dentro de uma cor-
rente que, na geografia, é conhecida como a das
relações homem-natureza e da qual a paisagem é
a expressão fenomênica mais contundente.
Com Augustin Berque e o seu 'Taisagem-
marca, paisagem-ma&", passamos de um padrão
de análise de paisagem, típico da fase anterior a
1970, para outro que passa a predominar após
1970. Seu estudo data de 1984 e é, e m parte,
resultante de sua experiencia no Japão e, em
parte, caracterizado por uma abordagem niti-
damente cultural. Sua conmbuição está no fato
de ter apontado o duplo papel da paisagem
geográfica. Simultaneamente ela é uma marca,
u m a grafia, que o h o m e m imprime na superfi-
. cie terrestre. Esta marca reflete a natureza da
sociedade que realiza a grafia. E ao mesmo
tempo as marcas constituem matrizes, isto é,
condições para a existência e ação humana.
Como diz o próprio Berque:

(...) paisagem é plunmodaí bassiva-ativa-po-


tencial, etc.), como é plurimodal o sujeito para
o qual a paisagem existe; (...) a paisagem e o
sujeito são co-integrados em um conjunto uni-
tário, que se autoproduz e se auto-reproduz.

O texto de Denis Cosgrove, publicado ori-


ginalmente em 1989, representa plenamente a
adoção de uma abordagem cultural n o s estu-
dos sobre a paisagem, calcada numa análise
fundada no simbolismo que a ela se pode atri-
buir.
O autor identifica dois tipos fundamentais
de paisagens geográficas. O primeiro é a "pai-
sagem da cultura dominante", um dos meios
através dos quais o grupo dominante exerce o
seu poder:

Sustentado e reproduzido, em grande medida,


pela sua capacidade de projetar e comunicar
(...) para todos o s outros grupos uma imagem
do mundo, consoante com sua própria experi-
ência, e ter a sua imagem aceita como reflexo
verdadeiro da realidade de todos.
O segundo tipo é denominado de ''paisa-
gens alternativas": paisagens residuais, emcrgnen-
tes e excluídas.
Decodificar o significado da paisagem geo-
gráfica é, efetivamente, a tarefa do geógrafo, ta-
d a que vai além do seu estudo morfológico, e
que permite estender o estudo de paisagem não
apenas às áreas agrícolas mas às paisagens urba-
nas dos zhoppi'ng mamffrdas
~, favelas, dos condomí-
nios, das áreas industriais, assim como às paisa-
gens dos monumentos e 5s impressas na pintura,
Afinal de contas, a paisagem, este objeto g e m e -
fico e portanto a geografia, está em toda v .

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