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DOCE VIDA: A INTERVENÇÃO PSICOSSOCIAL E OS NÍVEIS DE PREVENÇÃO NO

N
CUIDADO DA DIABETES1

Raínne Costa Sousa²


Samantha Lemes Carvalho³
Dela-Sávia4
Juliana Dela
Gésia Soares Fernandes5
Fernando Henrique Silveira Camano6
Vieira-Silva7
Prof. Dr. Marcos Vieira
Andréia Andrade dos Santos8
Eva Vilma Muniz Oliveira9
Yone Maria Andrade Paiva Rogério10

Resumo: O Programagrama de Extensão Doce Doc Vida objetiva trabalhar pesquisa, ensino e
extensão, conforme as propostas desenvolvidas pelo LAPIP- Laboratório de Pesquisa e
Intervenção
ervenção Psicossocial da UFSJ. Dentro do período a que se refere este trabalho, a
equipe contou com bolsistas de extensão, estagiários,
estagiários mestrandas do Programa de Pós Pós-
Graduação em Psicologia da UFSJ, além dos profissionais voluntários. Apresenta como
principais objetivos: trabalhar os fenômenos grupais e a elaboração das implicações
afetivo-emocionaiss da doença, demonstrar a importância da d busca por uma boa qualidade
de vida por meio do autocuidado, com a tentativa de promover uma maior adesão ao
tratamento da diabetes. Em 2017,
2017 as principais estratégias de atuação foram: a assistência
à Associação dos Portadores res de Diabetes de São João Del-Rei
Del Rei (APD/SJDR); promoção
dee atividades de educação em saúde nas escolas da cidade, visitas domiciliares a
diabéticos associados e familiares,
familiares, oficinas de nutrição e visita técnica à horta da Colônia
do Giarola, realização da 20ªª Campanha Nacional Gratuita
Gratuit em Diabetes.. Esse
E programa
proporciona um trabalho de conscientização e incentivo à adesão ao tratamento da
diabetes para a sociedade são-joanense.
são Além disso, proporciona experiências
experiência aos
estagiários de trabalhar com grupos
grupos, ao fazer articulações com conhecimentos teóricos

1
Trabalho apresentado na XVI Semana de ExtenExtensão Universitária – SEMEX, do XVI Congresso de Produção Científica
e Acadêmica da Universidade Federal de São João del del-Rei.
2
Graduanda do Curso de Psicologia e bolsista do Programa de Extensão Doce Vida financiado por PIBEX/UFSJ.
3
Graduanda do Curso de Psicologia e bolsista do Programa de Extensão Doce Vida financiado por PIBEX/UFSJ.
4
Graduanda do Curso de Psicologia e voluntária do Programa de Extensão Doce Vida.
5
Graduanda do Curso de Psicologia e bolsista do Programa de Extensão Doce Vida.
6
Graduando do Curso de Psicologia e volu
voluntária do Programa de Extensão Doce Vida.
7
Vice-Coordenador
Coordenador do Programa de Extensão Doce Vida, Prof. do DPSIC e do PPGPSI-UFSJ.
8
Mestranda do Curso de Psicologia,, Profª. do IF Sudeste e voluntária do Programa de Extensão Doce Vida
Vida.
9
Mestranda do Curso de Psicologia,, Profª. do IF Sudeste e voluntária do Programa de Extensão Doce Vida
Vida.
10
Coordenadora do Programa
ma de Extensão Doce Vida - LAPIP-DPSIC.

1
das disciplinas, e promove um trabalho interdisciplinar com outros profissionais, ao
incorporar outras áreas do conhecimento.
Palavras-Chaves: Diabetes; Psicologia Social; Processo Grupal, Atenção Psicossocial.

INTRODUÇÃO

O diabetes mellitus é uma doença ou disfunção metabólica caracterizada pela


insuficiência da ação hormonal da insulina, devido à diminuição/ausência da secreção
pelas células b-pancreáticas,
pancreáticas, ou devido à ineficácia no sistema receptor
tor celular para a
insulina. Ela
a é influenciada por diversos fatores ambientais e genéticos, que interagem
potencializando sua expressão patológica (SMELTZER; BARE, 2008).
O diabetes,, ou a diabetes, pois as duas formas são corretas, pode ser classificado
em dois grupos basicamente:: diabetes tipo I (juvenil) e diabetes tipo II (diabetes tardia).
Essa classificação é realizada levando-se
levando em consideração fatores clínicos importantes.
O diabetes tipo I ocorre quando as células do pâncreas são destruídas pelo pr
próprio
organismo, o que acarreta na falta de produção de insulina. Assim, o tratamento consiste
na aplicação de insulina, juntamente com uma dieta
diet balanceada. O diabetes tipo II se dá
quando o organismo não aproveita a insulina de forma correta ou quando a produção
desta é insuficiente. Tais pacientes não necessitam do uso da insulina obrigatoriamente,
pois a doença pode ser controlada com uma dieta equilibrada e a prática de exercícios
físicos cotidianamente (Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes, 2006).
Para que o diabético evite as complicações da doença e viva com uma boa
qualidade de vida, é importante que os medicamentos e/ou insulina sejam tomados
corretamente seguindo a indicação médica. Além disso, também é necessário ter uma
alimentação balanceada
anceada e saudável, fazer exercícios físicos regularmente e ter um
acompanhamento regular com profissionais de saúde. Para um bom tratamento, também
é importante que se tenha atualização dos conceitos e a troca de informações,
experiências e vivências (Associação
ociação de Diabetes Juvenil, 2014).

2
Visando trabalhar as implicações do diabetes, buscou-se
buscou com o P
Programa Doce
Vida acompanhar os processos grupais desenvolvidos na Associação dos Portadores de
Diabetes de São João Del-Rei
Rei (APD), onde acontecem as reuniões coordenadas pelas
estagiárias de Psicologia da UFSJ, pelos próprios associados
associados e membros de sua
Diretoria. Foram
ram realizadas atividades em duas escolas locais, visando informar e refletir
sobre os cuidados necessários para a prevenção da doença ou para a prevenção das
complicações, no caso dos já diabéticos. Também,
Também, foram realizadas as visitas
domiciliares aos associados,, nas quais os estagiários buscaram acompanhar o portador
com maior proximidade.

Programa Doce Vida e a Associação de Port


Portadores
adores de Diabetes em São João d
del-
Rei

Atendendo a demandas apresentadas pela Policlínica Central do SUS em São


João del-Rei,
Rei, foi criado o Programa Doce Vida. Este é desenvolvido pelo
pelo Laboratório de
Pesquisa e Intervenção Psicossocial da UFSJ – LAPIP e faz parte de um Programa de
Pesquisa, Extensão e Ensino intitulado “Processos Grupais e Articulações Identitárias”, da
Área de Psicologia Social do Departamento de Psicologia.
Suas ações
ções são desenvolvidas em conjunto com profissionais voluntários da
Associação de Portadores
res de Diabetes de São João Del-Rei
Del Rei (APD/SJDR), profissionais
voluntários do Sistema Único de Saúde (SUS) e alunos e professores do Instituto Federal
do Sudeste de Minas – IF-Sudeste.
Sudeste. A equipe conta com bolsistas de extensão,
estagiários, alunos das práticas das disciplinas Psicologia Comunitária e Teorias e
Técnicas Grupais, mestrandos do Curso de Psicologia da UFSJ, professores e alunos de
enfermagem do IF-Sudeste, além
ém dos profissionais de saúde voluntários.
O Programa
rograma tem como objetivo atuar junto à Associação dos Portadores de
Diabetes de São João Del-Rei
Rei (APD
(APD-SJDR) para que ocorra uma maior implicação, tanto
dos portadores da doença, como de seus familiares, no tratamento.
tamento. Pretende
Pretende-se a

3
estimulação do desenvolvimento do processo grupal e da produção de identidades
coletivas dos diabéticos associados e de seus familiares.
A APD foi fundada em 17 de julho de 1992, e teve suas atividades paralisadas no
período entre 1995 a 2001, sendo reativada com o desenvolvimento do Programa Doce
Vida, juntamente com profissionais da Policlínica Central do SUS. Atualmente as
atividades da APD são realizadas em uma sala cedida pela Prefeitura Municipal, através
da Secretaria de Saúde, onde
nde ocorrem semanalmente reuniões em grupos
grupo coordenadas
pelas estagiárias de Psicologia da UFSJ, pelos próprios associados
associados e pelos membros da
Diretoria da Associação.
Para Pichòn-Revière
Revière (1998) o grupo consiste em um conjunto de pessoas que se
unem em função
ão da realização de uma tarefa em comum, realizada em um determinado
período de tempo e espaço, e passam a interagir em uma rede de atribuição de papéis e
estabelecendo vínculos entre si. Desta forma, o grupo é o contexto onde se pode
reconstruir e criar significados,
ignificados, bem como vivenciar e ressignificar situações e relações
pessoais à luz das relações grupais e das relações sócio-institucionais.
No grupo, é possível elaborar essas experiências através de informações, da
produção de insights, da identificação
identificação,, das reações em espelho e da rede transferencial,
por meio de “transferência positiva ou de vivência grupal.” (Afonso, 2002, p. 20). Visto que
o grupo traz consigo um caráter histórico e dialético, pode-se
pode e dizer que el
ele está em
constante movimento, sendo marcado pelas relações desenvolvidas no seu fazer
cotidiano e considerando aspectos e influências da sociedade.
dade. Desta forma os grupos do
Programa Doce Vida
ida estão sempre se modificando,
mod tanto em relação aos membros que o
constituem, como também em sua estrutura,
estrutura, nos processos de lideranças e trabalhos
trabalho em
equipe (Lane, 1981 in Martins, 2007). Assim, é de grande importância que os estagiários
de Psicologia tenham o conhecimento sobre as teorias e técnicas grupais, para que
possam acompanhar e intervir no grupo quando necessário, podendo, assim, contribuir
para que o grupo se desenvolva da melhor forma possível.

4
As reuniões também contam com a presença de diversos profissionais da área da
saúde como médicos, enfermeiros, nutricionistas e podólogas. Atualmente os portadores
de diabetes da comunidade que são associados à APD chegam aproximadamente a um
número de 170 pessoas,, sendo em sua maioria, idosos,
idosos, diabéticos tipo 2
2, grupo este
formado por pessoas de várias classes socioeconômicas e moradores de diversos pontos
pont
da cidade. A frequência às reuniões semanais noturnas circula em torno de 10 a 20
associados, familiares e membros da Diretoria, número muito pequeno quando se
considera a grande incidência da doença. As demais atividades desenvolvidas,
volvidas, contam
com presença maior, por incluirem estudantes de escolas do município, professores ou,
no caso de unidades de saúde, profissionais
profi de saúde,, diabéticos e familiares.
familiares
Segundo SILVA,
ILVA, ASSUNÇÃO, MOREIRA e MARIA (2011) a participação de
portadores de diabetes em associações lhes
lhe dá acesso a informações e a processos
educativos que são essenciais para o entendimento de suas implicações e tratamento da
doença/disfunção,, compartilhando suas vivências com outros diabéticos,
diabéticos, percebendo que
não estão sozinhos. Sendo assim,
assim, as associações se apresentam como um dispositivo
facilitador e provocador de transformações, como um coletivo que busca melhorias das
condições sociais e evolução dos programas públicos de atenção à saúde.

METODOLOGIA

A metodologia de trabalho do
d Programa baseia-se
se nos pressupostos da Pesquisa
Pesquisa-
Intervenção Psicossocial,, por meio dos grupos operativos, grupos de reflexão e de
oficinas grupais. Estes procedimentos são adotados por acreditar-se
acreditar se na perspectiva de
que é com a própria ação e a reflexão sobre ela que as pessoas podem tr
transformar
criticamente seu cotidiano, e somente partindo das experiências vividas pelas próprias
pessoas é que a aprendizagem e a mudança, ou seja, os processos educativos tornam-se
tornam
possíveis. Cabe acrescentar que as mudanças de comportamento em relação ao diabetes
buscadas pela APD e pelo Doce Vida só serão efetivas se produzidas a partir de trocas
de informação e reflexões críticas em torno da saúde, da educação e participação social
social.

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Reuniões na APD

As reuniões
iões do Doce Vida são frequentadas por pessoas com diabetes tipo 1 e tipo
2 e seus familiares. As reuniões são semanais, sendo realizada a aferição de glicemia em
todas elas. Além disso, segue-se
se um cronograma do mês, em que na primeira semana, é
realizada a aferição e uma conversa sobre a monitorização da glicose. Na segunda
semana, é dia de nutrição.. Contamos com uma
u nutricionista voluntária que realiza um
trabalho de educação alimentar, trabalhando informações sobre uma alimentação mais
equilibrada e testando receitas mais indicadas para cada caso ou paciente..
Na terceira semana de cada mês os participantes do próprio grupo se organizam e
levam informações relacionadas ao diabetes e suas implicações.. Na quarta semana, a
reunião é organizada pelas estagiárias
stagiárias do Curso
C de Psicologia da UFSJ, com temas e
formas de trabalho variando conforme as necessidades trazidas pelo grupo, como
questões afetivo-emocionais
emocionais relacionadas ao diabetes, as redes de apoio social, ideias
relacionadas ao conceito de saúde para
p o grupo e aspectos relacionados à identidade
grupal. Essas temáticas são trabalhadas através de rodas de conversa e grupo
grupos de
reflexão.
Devido às demandas apresentadas pelo grupo, a nutricionista busc
buscou fazer um
trabalho de educação alimentar diferenc
diferenciado,
iado, promovendo algumas atividades alternativas
tais como uma visita técnica a uma horta da Colônia do Giarola, em que os próprios
associados se organizaram para alugar um transporte
transporte que levasse todos à visita. Além
disso, foram realizadas
s algumas oficinas
oficina de nutrição, na própria Associação
ssociação e uma delas
na ASAP (Associação dos Aposentados e Pensionistas),
Pensionista testando algumas receitas diet e
lights do livro Doce Vida,, publicação da própria APD em parceria com a Pró-Reitoria
Pró de
Extensão da UFSJ, para os associados das entidades, familiares e convidados.
convidados

Visitas Domiciliares

Outra atividade desenvolvida com os associados são as visitas domiciliares, as


quais possibilitam que o profissional adentre no espaço da família e identifique suas
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principais demandas;
s; elas ampliam a visão sobre as condições reais da família, tanto
financeiras, como culturais (Drulla, Alexandre, Rubel e Mazza, 2009). Dessa forma, as
visitas domiciliares possibilitam um vínculo maior entre as estagiárias e Diretoria da APD,
com os familiares dos integrantes do grupo, visto que a colaboração e participação da
família no cuidado com o diabetes é fundamental.
Nesse período, as visitas domiciliares foram realizadas para a Sra. G., em um
intervalo de 2 meses, no início de outubro e no in
início
ício de dezembro de 2017. Além dessas,
foram visitadas a Sra. C, Sra. N e Sra G em 2018. Como exemplo, no caso da Sra. G, as
visitas se justificaram devido a um quadro de retinopatia,
retinopatia complicação comum em função
de altas glicemias.. A Sra. G. era frequente nas reuniões até que, começou a se queixar
de enxergar menos e, depois de algum tempo, havia recebido o diagnóstico de que
estava com retinopatia. Com o falecimento de um de seus filhos, houve uma piora de sua
condição,
ondição, não conseguindo mais participar das
da reuniões semanais pela dificuldade de
deslocamentos noturnos.. Além disso, as visitas possibilitaram observar que o local onde a
senhora morava era distante dos outros familiares e se localizava em uma avenida com
um trânsito intenso, sem faixa de pedestre e de difícil travessia.
Durante as visitas, foi percebido que a Sra. apresentava alguns sintomas físicos e
psicossociais em decorrência das limitações gerad
geradas
as pelo descontrole da diabetes
diabetes, além
de outros sintomas psicológicos relacionados à perda de um de seus filhos no ano de
2017. Sra. G., na primeira e na segunda entrevista, afirmou controlar sua glicose pelo
controle alimentar, pela aferição regular da glicose e pela aplicação de insulina. No
entanto, em ambos os casos, verificou
verificou-se uma farta mesa de café
fé durante a visita,
oferecida aos estagiários, mas também consumida por ela e seu filho,
filho ao menos em
parte. Também, verificou-se
se que Sra. G. não possui as tabelas de contagem de
carboidratos em casa e que não consegue enxergar a marcação do aparelho de af
aferição
de glicose por conta própria, o que impossibilita o controle de fato de seu índice glicêmico.
Como evidência disso, ela se queixa de sintomas físicos por conta da diabetes, como
casos recorrentes de hipoglicemia
licemia.

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Tal fato se relaciona com seus sintomas físicos causados pela diabetes: Dona G.
queixa-se
se da perda de visão (perdida quase completamente no olho esquerdo e
parcialmente no direito) tendo realizado uma cirurgia contra retinopatia em cada olho,
resultando em pequena melhora no olho direito e ainda com resultados incompletos no
esquerdo. Além disso, ela se queixa dos tremores nas mãos e dos
os recorrentes desmaios
por conta de hipoglicemia, segundo ela mesma.
Enquanto sintomas psicossociais, Dona G. se queixa da perda de mobilidade que a
impede de frequentar a APD-SJDR
SJDR e de realizar atividades cotidianas como sair à rua,
frequentar estabelecimentos comerciais e ter contatos sociais. A associada relata
nervosismo e ansiedade com tais situações. Além disso, são relevantes
evantes os sintomas
psicológicos possivelmente em nível clínico, não determinados pela diabetes, mas
determinantes de algumas complicações da mesma, relacionados à perda de um de seus
filhos em 2017. Dona G. apresenta características de ansiedade, tristeza
tris e luto ao tocar
no assunto. Tais sintomas não são diretamente causados pela diabetes, mas podem
influenciá-la
la ao alterar o índice glicêmico por estresse ou por impedirem um autocuidado
da mesma, seja por desinteresse ou por resignação com a possibilidade de morte.
São observados fenômenos médicos, psicossociais e psicológicos “clínicos” na
associada, e foi possível uma primeira intervenção educativa com reforço da necessidade
da reeducação alimentar e de suas possibilidades de realização, mas também foi
realizada
ealizada uma intervenção terapêutica individual pela escuta e espaço de elaboração dos
sofrimentos psíquicos “clínicos” da associada devido à perda de seu filho e sua sensação
de proximidade com a morte. Também foi realizada intervenção terapêutica psicoss
psicossocial
no sentido de permitir à associada perceber que sua “improdutividade” como relatou não a
diminui como pessoa. No entanto, a associada continua com tais sintomas e uma
intervenção mais aprofundada nesse nível e principalmente no nível “clínico” se faz
necessária e está sendo programada.
programada As demais visitas domiciliares envolveram
situações semelhantes para alguns associados e situações de isolamento social para

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outros que estão com sua glicemia mais controlada, mas que perderam parte da
mobilidade social cotidiana.

Atuações nas escolas

O contexto escolar representa um espaço privilegiado de ensino--aprendizagem,


convivência e crescimento pessoal importantes, visto que as práticas sociais de saúde
nesse espaço representam uma oportunidade de ampliar a comp
compreensão
reensão dos alunos
quanto ao problema e também estimular a reflexão a respeito de alimentação e hábitos
saudáveis. Quando essas discussões são realizadas em grupos, entende
entende-se que a
elaboração do conhecimento de si e do outro é facilitada quando o sujeito se encontra em
contato com os pares, ou seja, a aprendizagem se dá por meio da relação com o outro,
sendo esta um processo contínuo que envolve comunicação e interação (BASTOS, 2010).
Desse modo,, o Doce Vida atuou em duas escolas da cidade com o objetivo de abr
abrir
o debate e a reflexão sobre o diabetes e outros assuntos que permeiam a doença, tais
como a prevenção, cuidados e riscos relacionados a má alimentação. No total
total, foram
realizadas duas atividades na primeira instituição
instituiç atendida e quatro atividades
tividades semanais
na segunda instituição,, sendo que ambas fizeram parte da programação estendida da 20ª
Campanha Nacional Gratuita em Diabetes. As escolas foram escolhidas por demanda dos
pais de crianças e adolescentes diabéticos tipo 1, que frequentam a
as reuniões da
Associação, e solicitaram que fosse feito um trabalho de educação em diabetes nas salas
de aula em que seus filhos estudam.
Em relação aos encontros educativos na primeira escola, dentre
entre os 22 alunos da
turma escolhida, havia uma aluna com diabetes, cuja mãe havia solicitado o trabalho com
a turma para informação de sua filha e de seus colegas. O primeiro encontro aconteceu
em outubro de 2017. Para a realização dele,
de convidamos a mestranda Andréia,
André que é
enfermeira e professora do IF-Sudeste
Sudeste para explicar às
s crianças o que é a diabetes. De
maneira geral, foi trabalhado com a turma o que é tal conjunto de manifestações clínicas,
no que consiste e quais os
s tipos de diabetes que existem; o que é insulina e qual a sua

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função; quais são os sintomas da doença; os principais fatores de risco e as formas de
prevenção. As crianças demonstraram grande curiosidade pelo assunto, sendo muito
participativas e trazendo dúvidas e exemplos familiares a todo instante.
No segundo encontro, foi convidada a psicóloga Fernanda Márcia,
Márcia, do Espaço Psico
Alimentar.. Ela trabalhou com os alunos sobre a quantidade de açúcar que possuem os
alimentos mais consumidos pelas crianças, explicando o que eram alimentos e quais os
principais nutrientes que deveriam
eriam apresentar, a importância de se ter uma alimentação
saudável, como ter uma alimentação equilibrada e a importância disso tanto para a
prevenção da diabetes
iabetes como de outras doenças.
O terceiro encontro aconteceu em novembro e contou com a presença da
enfermeira Andréia e de suas estagiárias,
estagiárias para a realização da aferição de glicemia. Além
disso, contamos também com a presença dos estagiários de medicina da UFSJ
UFSJ. Eles
levaram um
m boneco do corpo humano para mostrar às
s crianças o órgão responsável pela
produção de insulina e um microscópio para a visualização das células betapancréaticas.
Por fim, a última atividade foi realizada dia 05/12/2017, sendo esta coordenada
pelos próprios estagiários da Psicologia. O nosso objetivo era avaliar de maneira lúdic
lúdica o
conhecimento que as crianças conseguiram adquirir sobre o diabetes por meio das
intervenções e também desfazer alguns estigmas que ainda se fazem presentes em
relação à doença e aos seus portadores. Para isso, foram realizadas algumas perguntas e
cada uma delas tinha duas alternativas. Quem participasse da atividade de maneira ativa
iria receber um prêmio ao final da brincadeira.
As crianças demonstraram grande interesse pela atividade, todos participaram
ativamente da brincadeira, com entusiasmo e atenção.
atenção. À medida que surgiam dúvidas
estas foram sendo respondidas, sendo que, ao final de cada pergunta realizada na
brincadeira a resposta certa era sempre comentada. Notamos que talvez a atividade
tenha se estendido um pouco em relação ao número de questões
questões e as crianças pareciam
ansiosas pela entrega do prêmio. No momento final servimos uma receita de “Mousse de
Frutas”, retirada do Livro de receitas
eceitas Doce Vida. Nosso intuito ao servir uma receita de

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sobremesa para as crianças era demonstrar que existem a
alternativas
lternativas de alimentação mais
saudável, e que o diabético pode comer uma comida saborosa como as outras pessoas,
desfazendo o estigma de que a alimentação do diabético é ruim e sem sabor. Um dos
momentos mais interessantes ocorreu quando questionamos se o diabético pode ter
qualidade de vida. Notamos que isso ainda fica confuso e que eles associam diabetes à
privação alimentar, ou seja, isso seria um dos fatores para o diabético não ter qualidade
de vida. Através da explicação e discussão tentamos demonstrar
rar que isso é um mito, que
atualmente existem outras formas de tratamento e que se o diabético tiver controle sobre
sua doença ele pode comer de tudo e,
e principalmente, ele pode ter qualidade de vida.
Fomos muito bem recebidos pela turma, pela professora e pela coordenação da escola.
Notamos que as crianças absorveram bem o conhecimento que foi transmitido e gostaram
do trabalho. Foi possível uma intervenção pedagógica, mas também terapêutica individual
para a criança com diabetes,
iabetes, que mostrou elaborar e afirmar
afirmar a possibilidade de uma vida
saudável, além de outras crianças que mostraram compreender melhor a situação de
parentes diabéticos e de suas atitudes e possibilidades, além de uma intervenção
pedagógica grupal, com explicitação e desenvolvimento dos laços
laços grupais, principalmente
das outras crianças em relação à criança portadora de diabetes,
iabetes, desenvolvendo relações
de confiança e autenticidade. A intervenção pedagógica também foi muito bem sucedida,
com as crianças demonstrando grande conhecimento sobre a diabetes.
Na
a segunda escola, houve demanda de uma mãe de realizar um trabalho de
educação em diabetes na sala do filho, que é diabético, e também do Diretor
iretor, em encaixar
as atividades na Semana de Saúde da escola, em que seriam trabalhados vários ttemas
relacionados aos cuidados com saúde, não só o tema diabetes. Foram realizados dois
encontros com o 7º ano da escola, um com a apresentação pela mestranda
mestranda e enfermeira,
junto aos seus alunos do curso de enfermagem do IF Sudeste,, sobre o que seria a
diabetes
s e as diferenças entre tipo 1 e 2, como prevenir e suas possíveis complicações.
No segundo dia, foram realizadas as aferições de glicemia dos alunos e, em uma das
alunas, o resultado deu 142 mg/dl, o que mesmo após a refeição é um valor relativamente

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alto.. A enfermeira explicou para a aluna sobre o que significa o valor e que seria
importante, ela procurar o PSF do bairro dela e fazer novamente a aferição, só que em
jejum. Como a escola estava em final de semestre e semanas de provas
provas, não houve
disponibilidade para dar continuidade às outras atividades e ficou combinado de retomá
retomá-
las no semestre seguinte.

20ªª Campanha Nacional Gratuita em Diabetes

Essa campanha
ampanha é realizada anualmente na semana em que é celebrado o Dia
Mundial de Combate à Diabetes, 11 de novembro, pela Organização Mundial de Saúde,
com o objetivo informar a população e possibilitar a prevenção de co
complicações
relacionadas a esta doença. Esse trabalho é realizado em parceria com a APD
APD-SJDR e
com o Instituto Federal de Educação, Ciência
Ciênci e Tecnologia (IF-Sudeste),
Sudeste), Prefeitura
Municipal de São João del-Rei,
Rei, por meio da Secretaria Municipal de Saúde e dos PSF's
da cidade.
dade. Esta campanha acontece a nível mundial e, dadas as proporções da incidência
de diabetes atualmente, apresenta uma grande importância para a população. Nesse
sentido, realizamos a campanha ao participar de programas de rádio, promover palestras,
oficinas e aferição de glicemia da população em geral.
A programação da Campanha Nacional começou com a Caminhada pela Atenção
à Diabetes no dia 11/11/17,
17, que saiu da Praça do Coreto e chegou à sede da APD, em
frente à qual foi fechada a rua e realizada uma rua de Lazer para as crianças e ond
onde
foram realizadas aferições de glicemia. No dia 13/11, houve divulgação pelo rádio, no
Programa Fala São João com a presença do vice-coordenador
vice coordenador do projeto e de uma
estagiária. Também nesse dia, foram realizados exames de avaliação corporal de
bioimpedância e aferição
ção de glicemia com duas enfermeiras. E, à noite, foi realizada uma
roda de conversa
nversa em Tiradentes com a presença de presidentes das associações de
diabéticos de São, João, Tiradentes e Barroso.
Barroso

No dia 14/11, foi feita a divulgação na rádio Emboabas com a presença de uma
estagiária e de um associado da APD. À tarde, uma educadora em
em diabetes fez a
12
apresentação "Mitos
Mitos e Verdades sobre o diabetes".
diabetes . Depois, foi realizado um
pronunciamento na Câmara por um dos membros da diretoria da APD. À noite, na sede,
foi realizada uma roda de conversa com representantes da Secretaria Municipal de
Saúde, da Diretoria Regional de Saúde de Minas Gerais, e da própria APD. À noite, uma
psicóloga coordenou uma oficina de alimentação voltada para pessoas com restrições
alimentares de várias ordens.. No dia 16/11, outra
a psicóloga fez uma palestra sobre
qualidade
idade de vida e diabetes e no dia 17/11 foi feita a confraternização de encerramento.

DESENVOLVIMENTO

Conforme colocado pelas Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes (2017-


2018) é importante ressaltar que uma prevenção efetiva ao diabetes apresenta-se
apresenta como
uma estratégia eficaz de atenção à saúde. Isso envolve tanto a prevenção primária, que
previne seu início, tal qual o trabalho de conscientização e educação nutricional realizado
nas escolas, assim como a prevenção secundária, que atua no sentido de prevenir as
complicações agudas e crônicas da diabetes já instalada, conforme o trabalho de
educação
cação em diabetes promovido na Associação
Associação com os diabéticos e seus familiares. As
atividades realizadas nas visitas domiciliares seriam um misto de prevenção
revenção secundária,
ao buscar prevenir as complicações das altas de glicemia; e da prevenção terciária,
quando se visa reabilitar e limitar as incapacidades produzidas pelas complicações da
doença. Desse modo, como
omo resultados obtidos nas reuniões podemos observar, por
exemplo, o desenvolvimento do grupo em relação à autonomia na tomada de decisões ao
dispor de mais informações sobre como exercer o autocuidado em relação ao diabetes
assim como no que se refere às questões grupais, em mobilizar o grupo em re
relação à
realização de alguma tarefa, observando
observando-se também o fortalecimento dos vínculos entre
os membros do grupo.
Quanto às atuações nas escolas buscou-se
se realizar os trabalhos baseando
baseando-se na
técnica de grupo operativo, que segundo Bastos (2010) “consiste em um trabalho com
grupos, cujo objetivo é promover um processo de aprendizagem para os sujeitos

13
envolvidos”. De acordo com a autora o grupo tem como essência buscar uma leitura
crítica da realidade, promover um cunho observador em seus integrantes e, assim, trazer
à tona dúvidas e inquietações. Pode ser visto pelas estagiárias a curiosidade dos alunos
por esse assunto e como as informações ainda carecem de aprofundamento, dessa forma
as oficinas se mostraram como uma forma de expandir os conhecimentos destes sobre a
doença, como também onde fosse possível trabalhar seus medos, através de jogos e
brincadeiras que tornem as informações passadas mais compreensíveis.
Para Pichon-Riviére
Riviére (1982) e citado por Bastos (2010) o grupo é um instrumento de
transformação da realidade, a partir disso, o Programa Doce Vida em parceria com a
APD, buscou por meio da 20ªª Campanha Nacional Gratuita em Diabetes promov
promover a
transformação do grupo, fazendo uma imersão a respeito do tema, trazendo um olhar
para a prevenção e cuidados para toda a população são-joanense.
joanense. Desse modo, nota-se
nota
que as campanhas e eventos realizados pela Associação com o auxílio do Doce Vida
geram um grande benefício
efício para toda a comunidade e o material produzido pode auxiliar
outros trabalhos na área da saúde.

CONCLUSÃO

Podemos observar que as atividades realizadas pelo Doce Vida


ida possibilita
possibilitam um
maior diálogo entre profissionais da saúde e os
o diabéticos. Isso mostra a importância de
um trabalho voltado para a educação em diabetes, que se faz necessária para que o
diabético tenha uma melhor adesão ao tratamento. Desse modo, percebeu
percebeu-se que os
encontros tornaram-se um espaço para trocas de saberes,
saberes, contribuindo para a implicação
dos grupos atendidos no cuidado ao diabetes.
O envolvimento dos participantes dos grupos para a realização das atividades foi e
continua sendo essencial
ncial para o fortalecimento do Projeto.
P Notou-se
se que as intervenções
grupais têm favorecido o víncu
vínculo
lo entre os participantes, com os estagiário
estagiários e com o
próprio projeto. Além disso, o Doce Vida ttrouxe
rouxe grande contribuição para os estagiário
estagiários e
os outros profissionais envolvidos, uma vez que p
possibilita
ossibilita a formação interdisciplinar.
interdiscip

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Diante do que foi exposto, nota-se
nota se que o trabalho realizado pelo Doce Vida é uma
importante ferramenta para aprofundamento das discussões acerca do diabetes e
melhorias nas políticas públicas voltadas aos diabéticos. Assim, o programa vem
contribuindo
ndo para a prevenção e promoção
pr de saúde em São João del-Rei
Rei, inclusive por
envolver órgãos municipais e estaduais de saúde nas ações realizadas.

REFERÊNCIAS

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ssociação de Diabetes Juvenil
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