Documentos de Académico
Documentos de Profesional
Documentos de Cultura
Rio de Janeiro
2016
©2016 ESG
(Assinatura)
38 f.: il.
This monograph is dedicated to the analysis of the strategic value of the Brazilian
nuclear-propelled submarine, aiming to cause the reader to reflect on the reasons
that caused the Brazilian navy to decide to construct it. The methodology used
consisted of bibliographic and documental research, in order to search for theoretical
references, as well as the experience of the author as an official submariner. This
field study was conducted with emphasis on three areas: evolution of the submarine
branch; maritime defense of Brazil and national development, excluding the research
of possible technical specifications of the project; systems requirements and the
abilities and competencies required for the crew of the future national nuclear
submarine. The section reference the first area discusses the basic characteristics,
potential and methods of employment, of the submarine in the navy in each stage of
its development in order to clarify the importance of that asset, especially those
related to nuclear propulsion and, above all, to point out the changes that it promoted
in naval strategy. The section that discusses the second and third areas provides
evidence of the strategic value of the nuclear-propelled submarine for the defense of
our maritime interests, especially in the vast region of the South Atlantic, known as
the “Blue Amazon” by the Brazilian Navy, as well as for national development. The
Navy`s Nuclear Program and the Submarine Development Program are highlighted
in the final section. Both programs complement each other in order to combine the
conditions necessary to obtain a national nuclear submarine. The conclusion
highlights that the capacity to construct, and above all, deploy a weapon of this
magnitude elevates Brazil to another level of knowledge and guarantees, in all of its
stages, considerable returns to society. In addition to the enormous strategic gain for
the Brazilian Navy, it displays a sensible strengthening of National Power, such as
that experienced by other countries that already experienced similar challenges.
Keywords: Blue Amazon. Submarine. Nuclear Propulsion. Strategy.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................... 8
2 A EVOLUÇÃO DA ARMA SUBMARINA ..................................................... 12
2.1 O SUBMERSÍVEL ........................................................................................ 12
2.2 O SUBMARINO CONVENCIONAL MODERNO ........................................... 15
2.3 O SUBMARINO NUCLEAR .......................................................................... 16
3 O SUBMARINO NUCLEAR NACIONAL..................................................... .20
3.1 CONTRIBUIÇÃO PARA A DEFESA MARÍTIMA DO BRASIL ...................... 20
3.2 CONTRIBUIÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO NACIONAL .................... 27
3.2.1 O Programa Nuclear da Marinha ............................................................... 27
3.2.2 O Programa de Desenvolvimento de Submarinos ................................... 30
4 CONCLUSÃO ............................................................................................... 32
REFERÊNCIAS ............................................................................................ 35
ANEXO - ILUSTRAÇÕES ............................................................................ 39
8
1 INTRODUÇÃO
O propósito de dotar a Armada brasileira com uma nova arma para a Guerra
Naval que fosse capaz de operar submersa remonta ao início do desenvolvimento
do submarino na virada do século XIX. Países como os Estados Unidos da América
(EUA) e França já construíam engenhos dessa natureza, ainda que primários.
Apenas em 1914, com a incorporação dos primeiros submersíveis
encomendados à Itália, no âmbito do Programa de Construção Naval de 1904, a
Marinha do Brasil (MB) entrou para o grupo de armadas capazes de empregar a
nova tecnologia. Eram os “F”, como ficaram conhecidos os submersíveis da classe
“Foca” – F1, F2 e F3. Assim, em 17 de julho de 1914 foi criada a Flotilha de
Submersíveis, com sede na Ilha de Mocanguê Grande, em Niterói. O Capitão-de-
Fragata Filinto Perry foi seu primeiro comandante. (FUNDAÇÃO..., 2014).
Em 1928, a Flotilha de Submersíveis passou a se chamar Flotilha de
Submarinos. No ano seguinte, foi incorporado o Submarino-de-Esquadra Humaytá,
da classe “Balilla”, também, construído nos estaleiros daquele país. Em 1933, os “F”
foram desativados e a Flotilha, extinta. (FUNDAÇÃO..., 2014).
A partir de 1937, foram recebidos os submarinos da classe “Perla” ou “T” –
Tupy, Tymbira e Tamoyo, da mesma origem dos seus antecessores. Apesar de
serem maiores que os “F”, possuíam limitações operacionais similares. A
incorporação dos “T” motivou o renascimento da Flotilha. (FUNDAÇÃO..., 2014).
A partir da década de 1950, abandonamos a linha italiana e passamos a
incorporar submarinos cedidos pelo governo dos EUA. Nesta época, recebemos dois
submarinos da classe “Fleet Type”, empregados na Segunda Guerra Mundial, que
possuíam grande raio de ação. Na década seguinte, recebemos mais dois
submarinos daquela classe, cuja a principal diferença dos anteriores era o aumento
da capacidade de detecção sonar. Em 1963, a Flotilha de Submarinos passou a se
chamar Força de Submarinos. (FUNDAÇÃO..., 2014).
9
2.1 O SUBMERSÍVEL
_______________
4
HMS - Her Majesty´s Ship, navio de sua Majestade. (Nota nossa).
5
USS - United States Ship, navio dos Estados Unidos da América. (Nota nossa).
13
_______________
6
U-Boats - unterseeboot, submarinos alemães. (Tradução nossa).
14
produzida num reator nuclear tipo PWR – “Pressurized Water Reactor” ou “Reator de
Água Pressurizada”, que segundo Guimarães (1999) está presente em mais de 95%
dos submarinos nucleares já construídos e na maioria das usinas nucleares de
geração de energia elétrica em operação no mundo.
A instalação propulsora nuclear típica de um submarino (FIG. 6) compreende
dois circuitos termo hidráulicos em ciclo fechado, utilizando a água como fluido de
trabalho. No circuito primário (sistema de resfriamento do reator) a água é mantida
na fase líquida a temperatura elevada devido à alta pressão, ou seja, é um circuito
fechado de água pressurizada que recebe calor gerado pelas reações nucleares de
fissão no reator. Esta água radioativa e aquecida é bombeada para um trocador de
calor, denominado gerador de vapor, retornando resfriada ao reator para ser
reaquecida. No circuito secundário, que constitui um ciclo fechado de água de baixa
pressão, não contaminada, o calor removido do primário no gerador de vapor é
convertido em vapor. Este vapor irá acionar as turbinas principais para movimentar o
eixo propulsor e os turbo geradores para suprir a demanda elétrica de bordo. Após
produzir trabalho nas turbinas, o vapor é convertido em líquido no condensador e
novamente bombeado para o gerador de vapor. (GUIMARÃES, 1999).
O processo de conversão da energia nuclear em outras formas de energia,
isto é, para atender a propulsão (energia mecânica) e a demanda elétrica de bordo
(energia elétrica) não necessita de oxigênio. Esse fator associado à produção de
desse elemento, vital para a respiração da tripulação, por intermédio de eletrólise da
água do mar, processo que demanda grande quantidade de energia elétrica para
separar o oxigênio da água, capacita o submarino de propulsão nuclear operar
independentemente do ar atmosférico e por tempo quase ilimitado, o que o torna um
verdadeiro submarino. (LIBERATTI, 2002). Assim, a propulsão nuclear possibilita a
exploração plena da capacidade de ocultação do submarino, que em essência é a
característica que o torna uma ameaça relevante.
Dispondo de uma fonte quase inesgotável de energia, diferentemente dos
submarinos convencionais, o nuclear é dotado de grande mobilidade, ou seja, a
possibilidade de desenvolver altas velocidades, por tempo praticamente ilimitado.
Desta forma, possui habilidade para operar segundo uma estratégia de movimento.
(LIBERATTI, 2002). Nessa qualidade, é apropriado para varrer extensas zonas de
patrulha, cruzar imensas distâncias e alcançar com rapidez áreas marítimas ou alvos
de interesse.
18
_______________
12
A PC “compreende o leito e o subsolo das áreas submarinas que se estendem além do seu mar
territorial, em toda a extensão do prolongamento natural de seu território terrestre, até o bordo exterior
da margem continental, ou até a distância de duzentas milhas náuticas das linhas de base [...].”
(ORGANIZAÇÃO..., 1985, p. 81).
13
A margem continental “compreende o prolongamento submerso da massa terrestre do Estado
costeiro, sendo constituída pelo leito e subsolo da PC, pelo talude e pela elevação continental”.
(ORGANIZAÇÃO..., 1985, p. 81).
14
A Comissão Interministerial para os Recursos do Mar (CIRM) foi criada, por Decreto, em 1974, com
a finalidade de assessorar o Presidente da República na consecução da Política Nacional para os
Recursos do Mar (PNRM). (BRASIL, 1974).
22
_______________
15
Águas Jurisdicionais Brasileiras (AJB) constitui “[...] e espaços marítimos, nos quais o Brasil, exerce
jurisdição, em algum grau, sobre atividades, pessoas, instalações, embarcações e recursos naturais
vivos e não vivos, encontrados na massa líquida, no leito ou no subsolo marinho, para os fins de
controle e fiscalização, dentro dos limites da legislação internacional e nacional. Esses espaços
marítimos compreendem a faixa de 200 milhas marítimas contadas a partir das linhas de base,
acrescida das águas sobrejacentes à extensão da Plataforma Continental (PC) além das 200 milhas
marítimas, onde ela ocorrer.” (BRASIL, 2014b, p. 95).
23
exercido pela força naval de superfície na área marítima a ser controlada, como por
exemplo a região de plataformas de petróleo e gás na ZEE brasileira. (LIBERATTI,
2002).
A projeção do poder sobre terra significa empregar o Poder Naval contra
objetivos terrestres, a partir do mar. Nessa Tarefa, os submarinos podem atuar
lançando mergulhadores de combate para ações em terra ou mísseis sobre alvos
terrestres (LBERATTI, 2002).
Por fim, a contribuição para a dissuasão consiste na disponibilidade de um
Poder Naval capaz de desestimular o inimigo a uma eventual opção bélica.
(LIBERATTI, 2002). Nessa Tarefa, o submarino em especial de propulsão nuclear
assume elevada importância estratégica dissuasória caracterizada pela possibilidade
da exploração plena de suas capacidades de ocultação, mobilidade e autonomia.
Portanto, a simples posse desse meio naval nuclear contribui, decisivamente, para a
defesa dos interesses marítimos nacionais.
Observa-se que a seleção e a priorização dessas Tarefas decorrem da
Estratégia Nacional de Defesa (END). Nesse sentido, a END, que propicia a
execução da PND, evidencia como prioridade para o Poder Naval brasileiro a Tarefa
de negação do uso do mar. A seguir, diz a END: “a negação do uso do mar ao
inimigo é a que organiza, antes de atendidos quaisquer outros objetivos
estratégicos, a estratégia de defesa marítima do Brasil” (BRASIL, 2012a, p. 67) e
complementa:
Compete à União:
[...]
XXIII – explorar os serviços e instalações nucleares de qualquer natureza e
exercer monopólio estatal sobre a pesquisa, a lavra, o enriquecimento e
reprocessamento, a industrialização e o comércio de minérios nucleares e
seus derivados, atendidos os seguintes princípios e condições:
a) toda atividade nuclear em território nacional somente será admitida para
fins pacíficos e mediante aprovação do Congresso Nacional. (BRASIL,
1988, art. 21).
Nada do que dispõe o presente Acordo limitará o direito das Partes a usar a
energia nuclear para a propulsão ou a operação de qualquer tipo de veículo,
incluindo submarinos, uma vez que ambas são aplicações pacíficas da
energia nuclear. (AGÊNCIA..., 1991a, Art. III).
_______________
16
A Estratégia de “Deterrência” ou de dissuasão nuclear possui os seguintes vetores que constituem
a chamada tríade da “deterrência”: os SSBN, as aeronaves dotadas de bombas nucleares e os
mísseis balísticos intercontinentais (ICBM) com ogivas nucleares. (Nota nossa).
28
4 CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
BRASIL. Constituição (1988). Brasília, DF: Senado Federal, 1988. Disponível em:
<http://www.senado.gov.br/atividade/const/con1988/CON1988_05.10.1988/CON198
8.pdf>. Acesso em: 10 abr. 2016.
ANEXO - Ilustrações
Fonte: https://www.senado.gov.br/comissoes/cct/ap/AP20071025_MarinhadoBrasil_JulioSoares.pdf>.
Acesso em: 06 out. 2016.
45