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ALAN GUIMARÃES AZEVEDO

SUBMARINO NUCLEAR NACIONAL:

defesa oculta e desenvolvimento para o Brasil

Trabalho de Conclusão de Curso – Monografia


apresentada ao Departamento de Estudos da
Escola Superior de Guerra, como requisito à
obtenção do diploma do Curso de Altos Estudos de
Política e Estratégia.

Orientador: CMG (RM1) Caetano Tepedino Martins

Rio de Janeiro
2016
©2016 ESG

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SUPERIOR DE GUERRA (ESG). É
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(Assinatura)

Biblioteca General Cordeiro de Farias

Azevedo, Alan Guimarães


Submarino Nuclear Nacional: defesa oculta e desenvolvimento para
o Brasil / Alan Guimarães Azevedo. – Rio de Janeiro: ESG, 2016.

38 f.: il.

Orientador: CMG (RM1) Caetano Tepedino Martins


Trabalho de Conclusão de Curso – Monografia apresentada ao
Departamento de Estudos da Escola Superior de Guerra como requisito
à obtenção do diploma do Curso de Altos Estudos de Política e
Estratégia (CAEPE), 2016.

1. Amazônia Azul. 2. Submarino. 3. Propulsão Nuclear. 4.


Estratégia. I. Título

1. Organização das Nações Unidas (ONU). 2. Operação


de Manutenção da Paz. 3. Timor-Leste. Título.
RESUMO

Esta monografia é dedicada à análise do valor estratégico do submarino com


propulsão nuclear brasileiro, visando levar o leitor a refletir sobre os motivos que
levaram a Marinha do Brasil a perseguir o objetivo de construí-lo. A metodologia
adotada comportou uma pesquisa bibliográfica e documental, a fim de buscar
referenciais teóricos, além da experiência do autor como oficial submarinista. O
campo de estudo foi conduzido sob o enfoque de três vertentes: Evolução da Arma
Submarina, Defesa Marítima do Brasil e Desenvolvimento Nacional, excluindo-se a
pesquisa das possíveis especificações técnicas de projeto, requisitos de sistemas e
as habilidades e competências requeridas da tripulação do futuro submarino nuclear
nacional. No capítulo referente a primeira vertente foram abordadas as
características básicas, potencialidades e as formas de emprego do submarino na
guerra naval, em cada estágio de seu desenvolvimento, de modo a esclarecer a
importância desse meio, em especial daqueles dotados de propulsão nuclear e,
sobretudo assinalar as mudanças que promoveu na estratégia naval. No capítulo
atinente a segunda e terceira vertentes foi evidenciado o valor estratégico do
submarino com propulsão nuclear brasileiro para a defesa de nossos interesses
marítimos, em especial na vasta região do Atlântico Sul denominada pela Marinha
do Brasil de Amazônia Azul, bem como para o Desenvolvimento Nacional. Neste
último capítulo merece destaque o Programa Nuclear da Marinha e o Programa de
Desenvolvimento de Submarinos. Ambos se complementam, a fim de reunir as
condições necessárias à conquista da posse do submarino nuclear nacional. A
conclusão ressalta que a capacidade de construir e, sobretudo projetar uma arma
dessa magnitude, eleva o Brasil a outro patamar de conhecimento e garante, em
todos os seus estágios, consideráveis retornos para a sociedade. Projeta, além de
enorme ganho estratégico para a MB, um fortalecimento sensível do Poder Nacional,
tal como o experimentado por outros países que já passaram por desafio similar.
Palavras-chave: Amazônia Azul. Submarino. Propulsão Nuclear. Estratégia.
ABSTRACT

This monograph is dedicated to the analysis of the strategic value of the Brazilian
nuclear-propelled submarine, aiming to cause the reader to reflect on the reasons
that caused the Brazilian navy to decide to construct it. The methodology used
consisted of bibliographic and documental research, in order to search for theoretical
references, as well as the experience of the author as an official submariner. This
field study was conducted with emphasis on three areas: evolution of the submarine
branch; maritime defense of Brazil and national development, excluding the research
of possible technical specifications of the project; systems requirements and the
abilities and competencies required for the crew of the future national nuclear
submarine. The section reference the first area discusses the basic characteristics,
potential and methods of employment, of the submarine in the navy in each stage of
its development in order to clarify the importance of that asset, especially those
related to nuclear propulsion and, above all, to point out the changes that it promoted
in naval strategy. The section that discusses the second and third areas provides
evidence of the strategic value of the nuclear-propelled submarine for the defense of
our maritime interests, especially in the vast region of the South Atlantic, known as
the “Blue Amazon” by the Brazilian Navy, as well as for national development. The
Navy`s Nuclear Program and the Submarine Development Program are highlighted
in the final section. Both programs complement each other in order to combine the
conditions necessary to obtain a national nuclear submarine. The conclusion
highlights that the capacity to construct, and above all, deploy a weapon of this
magnitude elevates Brazil to another level of knowledge and guarantees, in all of its
stages, considerable returns to society. In addition to the enormous strategic gain for
the Brazilian Navy, it displays a sensible strengthening of National Power, such as
that experienced by other countries that already experienced similar challenges.
Keywords: Blue Amazon. Submarine. Nuclear Propulsion. Strategy.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES

FIGURA 1 O submersível Turtle........................................................................... 12

FIGURA 2 O submersível Hunley......................................................................... 12

FIGURA 3 Os submersíveis da Classe “F”.......................................................... 13

FIGURA 4 O submarino alemão Tipo XXI...................................................... 14

FIGURA 5 O submarino nuclear USS Nautilus.................................................... 16

FIGURA 6 Instalação propulsora nuclear típica de um submarino................. 17

FIGURA 7 Limites das águas jurisdicionais brasileiras................................... 20

FIGURA 8 A “Amazônia Azul”......................................................................... 22

FIGURA 9 O ciclo do combustível nuclear...................................................... 28

FIGURA 10 O Programa de Desenvolvimento de Submarinos (PROSUB)...... 30


LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABACC Agência Brasileiro-Argentina de Contabilidade e Controle de


Materiais Nucleares
AIEA Agência Internacional de Energia Atômica
AJB Águas Jurisdicionais Brasileiras
AMRJ Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro
CEA Centro Experimental de Aramar
CIRM Comissão Interministerial para os Recursos do Mar
CLPC Comissão de Levantamento da Plataforma Continental
CNUDM Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar
CTMSP Centro Tecnológico da Marinha em São Paulo
DBM Doutrina Básica da Marinha
EBN Estaleiro e Base Naval
END Estratégia Nacional de Defesa
EUA Estados Unidos da América
HMS His Majesty's Ship (Navio de Sua Majestade)
ICBM Intercontinental Ballistic Missile (Míssil Balístico Intercontinental)
INB Indústrias Nucleares do Brasil
LABGENE Laboratório de Geração Núcleo-Elétrica
LCM Linhas de Comunicações Marítimas
LEPLAC Plano de Levantamento da Plataforma Continental Brasileira
MAGE Medidas de Apoio a Guerra Eletrônica
MB Marinha do Brasil
MT Mar Territorial
NUCLEP Nuclebrás Equipamentos Pesados S.A.
ONU Organização das Nações Unidas
PAEMB Plano de Articulação e Equipamento da Marinha do Brasil
PC Plataforma Continental
PND Política Nacional de Defesa
PNM Programa Nuclear da Marinha
PNRM Política Nacional para Recursos do Mar
PROSUB Programa de Desenvolvimento de Submarinos
PWR Pressurized Water Reactor (Reator de Água Pressurizada)
S-BR Submarino convencional brasileiro baseado no modelo do
submarino francês Scorpene
SCCC Sistema Comum de Contabilidade e Controle de Materiais
Nucleares
SN-BR Submarino com propulsão nuclear brasileiro
SSBN Submarino de propulsão nuclear lançador de mísseis balísticos
SSGN Submarino de propulsão nuclear lançador de mísseis de cruzeiro
SSN Submarino de propulsão nuclear de ataque
TNP Tratado sobre a Não-Proliferação Nuclear
U-Boats Unterseeboot (Submarinos alemães)
UF6 Hexafluoreto de urânio
UFEM Unidade de Fabricação de Estruturas Metálicas
UO2 Dióxido de urânio
USEXA Usina de Hexafluoreto de Urânio
USS United States Ship (Navio dos Estados Unidos da América)
ZC Zona Contígua
ZEE Zona Econômica Exclusiva
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................... 8
2 A EVOLUÇÃO DA ARMA SUBMARINA ..................................................... 12
2.1 O SUBMERSÍVEL ........................................................................................ 12
2.2 O SUBMARINO CONVENCIONAL MODERNO ........................................... 15
2.3 O SUBMARINO NUCLEAR .......................................................................... 16
3 O SUBMARINO NUCLEAR NACIONAL..................................................... .20
3.1 CONTRIBUIÇÃO PARA A DEFESA MARÍTIMA DO BRASIL ...................... 20
3.2 CONTRIBUIÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO NACIONAL .................... 27
3.2.1 O Programa Nuclear da Marinha ............................................................... 27
3.2.2 O Programa de Desenvolvimento de Submarinos ................................... 30
4 CONCLUSÃO ............................................................................................... 32
REFERÊNCIAS ............................................................................................ 35
ANEXO - ILUSTRAÇÕES ............................................................................ 39
8

1 INTRODUÇÃO

É o valor militar que justifica o submarino e


define sua importância como arma de guerra.

Tenente Engenheiro Naval Emílio Julio Hess

O propósito de dotar a Armada brasileira com uma nova arma para a Guerra
Naval que fosse capaz de operar submersa remonta ao início do desenvolvimento
do submarino na virada do século XIX. Países como os Estados Unidos da América
(EUA) e França já construíam engenhos dessa natureza, ainda que primários.
Apenas em 1914, com a incorporação dos primeiros submersíveis
encomendados à Itália, no âmbito do Programa de Construção Naval de 1904, a
Marinha do Brasil (MB) entrou para o grupo de armadas capazes de empregar a
nova tecnologia. Eram os “F”, como ficaram conhecidos os submersíveis da classe
“Foca” – F1, F2 e F3. Assim, em 17 de julho de 1914 foi criada a Flotilha de
Submersíveis, com sede na Ilha de Mocanguê Grande, em Niterói. O Capitão-de-
Fragata Filinto Perry foi seu primeiro comandante. (FUNDAÇÃO..., 2014).
Em 1928, a Flotilha de Submersíveis passou a se chamar Flotilha de
Submarinos. No ano seguinte, foi incorporado o Submarino-de-Esquadra Humaytá,
da classe “Balilla”, também, construído nos estaleiros daquele país. Em 1933, os “F”
foram desativados e a Flotilha, extinta. (FUNDAÇÃO..., 2014).
A partir de 1937, foram recebidos os submarinos da classe “Perla” ou “T” –
Tupy, Tymbira e Tamoyo, da mesma origem dos seus antecessores. Apesar de
serem maiores que os “F”, possuíam limitações operacionais similares. A
incorporação dos “T” motivou o renascimento da Flotilha. (FUNDAÇÃO..., 2014).
A partir da década de 1950, abandonamos a linha italiana e passamos a
incorporar submarinos cedidos pelo governo dos EUA. Nesta época, recebemos dois
submarinos da classe “Fleet Type”, empregados na Segunda Guerra Mundial, que
possuíam grande raio de ação. Na década seguinte, recebemos mais dois
submarinos daquela classe, cuja a principal diferença dos anteriores era o aumento
da capacidade de detecção sonar. Em 1963, a Flotilha de Submarinos passou a se
chamar Força de Submarinos. (FUNDAÇÃO..., 2014).
9

Na década de 1970, foram incorporadas mais sete unidades de uma nova


classe norte-americana, conhecidos como “Guppy” – ou no Brasil, classe
“Guanabara” que trouxeram novas tecnologias, com destaque para o sistema de
esnorquel1, que possibilita renovar o ar ambiente e recarregar as baterias em
imersão. Em 1973, passamos a incorporar uma série de três submarinos da classe
“Humaitá” construídos em estaleiros situados na Inglaterra, cujo projeto era baseado
na classe “Oberon”, uma evolução da classe “Porpoise”. Eram silenciosos e
dispunham de moderno sistema de direção de tiro computadorizado com torpedos
de duplo emprego2 guiados a fio. Segundo Wiemer (2010) o processo de obtenção
destes meios incluiu a transferência de conhecimentos avançados relativos à
doutrina de emprego operativo de submarinos, bem como de novos conceitos de
manutenção planejada de sistemas e equipamentos. (FUNDAÇÃO..., 2014).
Atualmente, a MB possui cinco submarinos, sendo quatro da classe “Tupi” –
Tupi, Tamoio, Timbira e Tapajó e, o Tikuna, que veio a constituir uma classe única,
incorporando uma série de melhorias e modificações em relação aos da classe
“Tupi”. O primeiro foi incorporado à Armada em 1989 e foi construído no estaleiro
Howaldtswerke Deutsche Werft, em Kiel, Alemanha, baseado no modelo IKL-209-
1400, projeto da empresa alemã Ingineur Kontor Lübeck, amplamente testado e
aprovado por diversas marinhas do mundo. Os demais foram construídos no Brasil,
no Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro (AMRJ) e incorporados à MB entre 1994 e
2005. Cabe destacar que um programa de modernização destes meios navais vem
sendo aplicado, colocando-os no mesmo patamar dos modernos submarinos
convencionais existentes no mundo. Tais programas incluem principalmente o
sistema de direção de tiro integrado a torpedos pesados de duplo emprego de última
geração, sistema sonar, sistema MAGE 3, sistema de comunicações exteriores,
sistema de navegação inercial e sistemas auxiliares. (FUNDAÇÃO..., 2014).
_______________
1
Esnorquel é um sistema de admissão de ar e descarga de gases dos motores diesel de um
submarino. É composto por um mastro que é içado, numa profundidade próxima à superfície, para
possibilitar a aspiração de ar atmosférico para a renovação do ar ambiente, bem como para a
combustão dos motores e de um sistema de exaustão desses gases abaixo d’água, de forma evitar
que a fumaça seja observada na atmosfera. Assim, os geradores acoplados aos motores diesel
carregam as baterias que são a fonte de energia para a propulsão elétrica do submarino convencional
submerso. O advento desta inovação tecnológica ampliou o poder de ocultação da arma submarina,
deixando de ser, apenas, um mero submersível. (Nota nossa).
2
Torpedos de duplo emprego podem ser lançados contra navios de superfície ou submarinos. (Nota
nossa).
3
Sistema MAGE significa Sistema de Medidas de Apoio à Guerra Eletrônica. É composto por um
equipamento e antena capaz de buscar, interceptar, localizar, registrar e analisar emissões radar.
(Nota nossa).
10

A qualidade de nossos submarinos e seus tripulantes pôde ser verificada


durante a participação em diversas operações com outros países, tais como:
Deployment, Lynked-Seas, Atlasur, Unitas, Fraterno, entre outras. Além disso, são
realizados frequentes destaques de nossos oficiais submarinistas em submarinos de
marinhas amigas, inclusive nos nucleares, e vice-versa, bem como diversos
intercâmbio de cursos, em especial, para a habilitação ao comando de submarinos
convencionais.
Cabe destacar que, em 1979, foi criado o Programa Nuclear da Marinha
(PNM), visando à consecução de dois objetivos: a capacitação para a produção do
combustível nuclear, já conquistado, e o desenvolvimento da planta propulsora
nuclear para emprego em submarinos, sendo este um objetivo a ser concluído.
(BRASIL, 2016a).
Posteriormente, em 2008, foi constituído o Programa de Desenvolvimento de
Submarinos (PROSUB) decorrente do Acordo estratégico entre o Brasil e a França
na área de submarinos, visando a que num futuro próximo a MB se torne capacitada
a projetar e construir seus próprios submarinos, em especial os nucleares, de
maneira a contribuir com a defesa e o desenvolvimento nacional. (BRASIL, 2014a).
É nesse contexto que se pretende desenvolver a presente monografia, que
tem como propósito evidenciar o valor estratégico do submarino nuclear nacional, o
que motivou a MB a perseguir o objetivo de construí-lo.
O binômio defesa versus desenvolvimento sob a ótica da posse do
submarino com propulsão nuclear brasileiro (SN-BR) permite que este trabalho seja
conduzido sob o enfoque de três vertentes: Evolução da Arma Submarina, Defesa
Marítima do Brasil e Desenvolvimento Nacional. O primeiro capítulo se dedica a
abordar as características básicas, potencialidades e as formas de emprego do
submarino na guerra naval, em cada estágio de seu desenvolvimento, de modo a
esclarecer a importância desse meio, em especial daqueles dotados de propulsão
nuclear e, sobretudo assinalar as mudanças que promoveu na estratégia naval.
O segundo capítulo trata das outras duas vertentes em separado, porém
igualmente relevantes no escopo do entendimento do significado do valor
estratégico do futuro SN-BR traduzido em sua contribuição eficaz para a garantia da
defesa da nossa soberania e de nossos interesses marítimos, particularmente, na
“Amazônia Azul”, bem como para o Desenvolvimento Nacional. Neste último capítulo
merece destaque o PNM e PROSUB. Ambos se complementam, a fim de reunir as
11

condições necessárias à conquista da posse do submarino nuclear nacional.


A conclusão ressalta que a capacidade de construir e, sobretudo projetar
uma arma dessa magnitude, eleva o Brasil a outro patamar de conhecimento e
garante, em todos os seus estágios, consideráveis retornos para a sociedade.
Projeta, além de enorme ganho estratégico para a MB, um fortalecimento sensível
do Poder Nacional, tal como o experimentado por outros países que já passaram por
desafio similar.
12

2 A EVOLUÇÃO DA ARMA SUBMARINA

O submarino provoca na mente do inimigo uma


sensação preocupante de onipresença.

Contra-Almirante (Ref.º) Oscar Moreira da Silva

2.1 O SUBMERSÍVEL

Os primeiros esboços de uma embarcação que pudesse navegar submersa


encontram-se em obras do gênio italiano Leonardo da Vinci (1452-1519). Entretanto,
somente, durante o período da Guerra de Independência Americana (1776-1783)
que o sonho do emprego do submarino como arma de guerra começou a se tornar
realidade. Coube ao então aluno, da Universidade de Yale, David Bushnell, projetá-
lo e construí-lo. Tratava-se de um submersível fabricado em madeira de carvalho e
batizado de Turtle – Tartaruga (FIG.1), apesar de ter o formato de uma noz. O
engenho destinava-se a colocar minas com carga explosiva sob o casco dos navios
inimigos. Nesse intuito era manobrado, verticalmente e horizontalmente, por apenas
um tripulante, por intermédio de uma combinação de manivelas e um tanque, que
quando alagado permitia o mergulho e quando esgotado, voltar à superfície. Em
1776, este primitivo submarino fracassou na tentativa de instalar um artefato
explosivo no casco da fragata britânica HMS4 Eagle, nau capitânia, fundeada nas
proximidades da Ilha de Manhattan, que participava do bloqueio naval ao porto de
Nova Iorque. (LAFAYETTE, 2003). Todavia, seu êxito foi alcançar a quilha do navio
alvo sem ser percebido.
Em 1864, durante a Guerra de Secessão Americana (1861-1865), o
submersível confederado Hunley (FIG. 2), batizado com o nome do seu inventor,
tornou-se o primeiro engenho submarino a destruir um navio de guerra ao afundar o
vapor federalista USS5 Housatonic, que realizava operação de bloqueio ao porto de
Charleston. O Hunley podia navegar numa profundidade de cinco metros, mas tinha
que voltar à superfície, a cada 25 minutos, a fim de que fosse renovado o ar para

_______________
4
HMS - Her Majesty´s Ship, navio de sua Majestade. (Nota nossa).
5
USS - United States Ship, navio dos Estados Unidos da América. (Nota nossa).
13

respiração da tripulação. A propulsão era obtida pelo esforço de oito homens


atuando num eixo de manivelas e o armamento consistia num explosivo preso na
ponta de uma haste fixada ao casco. (LAFAYETTE, 2003). Esse fato histórico
assinala uma nova dimensão no confronto naval, apesar do Hunley não ter, também,
sobrevivido.
Em 1880, o inglês Whitehead inventa um artefato que veio a se tornar o
armamento por excelência do submarino: o torpedo autopropulsado. Dessa forma, o
ataque sob o alvo poderia ser feito à distância, com menor exposição da plataforma
submarina e com maior capacidade destrutiva, possibilitando sua evasão com
segurança da área de engajamento, após o lançamento da arma. (CIMINELLI,
1993).
A virada do século XIX marcou o início de grande progresso no projeto e
construção de submersíveis. A produção passou a ser realizada em série,
destacando-se o engenho norte-americano Holland III e o francês Narval. O primeiro
foi lançado em 1898 e deslocava cerca de 70 t. Navegava com um motor a gasolina
na superfície e com um motor elétrico em imersão. O segundo, lançado em 1899,
utilizava propulsão a vapor e elétrica e deslocava cerca de 200 t. Em paralelo, os
alemães inovaram, adotando em seus projetos o motor a diesel, tornando a
propulsão na superfície satisfatória. (LAFAYETTE, 2003). A partir de então, diversas
nações se dedicaram na construção de submersíveis. O motor diesel combinado
com baterias e motor elétrico passou a ser o padrão empregado.
Na mesma época, projetos e experimentos de modelos submersíveis foram
realizados também, no Brasil, pelas mãos dos oficiais de Marinha: Luís Jacinto
Gomes (1892), Luís de Mello Marques (1901) e do Tenente Engenheiro Naval Emílio
Júlio Hess (1905). Lamentavelmente, nenhum desses projetos foi materializado em
face da escassez de recursos orçamentários. (OBINO, 2001). Entretanto, em 1914
foram incorporados à MB três submersíveis da classe “F” (FIG. 3) construídos no
estaleiro da Fiat-Saint Giorgio, em La Spezzia, Itália.
A Primeira Guerra Mundial (1914-1918) acelerou a evolução da arma
submarina quando teve, então, sua efetividade comprovada. Os U-Boats6 alemães
quase levaram a Grã-Bretanha ao colapso econômico cortando as suas linhas de
abastecimento no Atlântico.

_______________
6
U-Boats - unterseeboot, submarinos alemães. (Tradução nossa).
14

Durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) a flotilha de U-Boats,


comandada pelo Almirante Karl Doenitz, contabilizou, nos anos de 1940 e 1941, o
afundamento de aproximadamente quatorze milhões de toneladas, entre navios
mercantes e de guerra aliados. Assim, como na Primeira Guerra, a estratégia de
desgaste econômico consistia em interromper as linhas de suprimentos vitais para o
Reino Unido. Segundo Doenitz, a tonelagem dos navios mercantes afundados
deveria superar o total dos navios a serem construídos. Inseria-se nesta estratégia a
destruição da frota britânica de petroleiros, a fim de infligir a escassez de
combustível para as belonaves da Marinha Real, o que seria tão eficaz quanto
afundá-las. Entretanto, a quantidade insuficiente de U-Boats para uma batalha
decisiva7 e a multiplicação dos escoltas, meios aéreos, o surgimento do radar e de
outras inovações técnicas aliadas provocaram um declínio irreversível da ofensiva
submarina germânica no Atlântico. (COUTAU-BEGÁRIE, 2010).
No final da guerra, a Alemanha investiu numa nova configuração para seus
U-Boats: o Tipo XXI (FIG. 4), um submarino diesel-elétrico com um deslocamento
aproximado de 1.800 t em imersão e com dois motores elétricos alimentados por
dois grupos motores-geradores à diesel. O projeto comtemplava, ainda, baterias com
maior capacidade de carga e autonomia e um casco mais resistente e
hidrodinâmico, possibilitando atingir maiores profundidades e velocidades. Seu
sistema de combate incluía sensores de detecção aperfeiçoados, além de 23
torpedos ou 17 torpedos mais 12 minas e seis tubos de lançamento com rápida
disponibilidade de recarga. O sistema de esnorquel, de concepção holandesa, foi
acrescido ao projeto, a fim de possibilitar o carregamento das baterias e a renovação
do ar ambiente em imersão. (LAFAYETTE, 2003). Estima-se que poucos U-Boats
Tipo XXI se tornaram operacionais até à rendição da Alemanha, por falta de
materiais para sua produção.
Observa-se que os U-Boats antecessores ao Tipo XXI, apesar de terem sido
empregados numa destruidora campanha submarina irrestrita em ambos os
conflitos, não possuíam um sistema de esnorquel, por conseguinte, permaneciam a
maior parte do tempo na superfície, tornando-se muito vulneráveis aos ataques
aliados. Em termos de estágio tecnológico estavam mais para submersíveis
avançados do que para submarinos convencionais, propriamente ditos.
_______________
7
Batalha decisiva significa “Batalha naval na qual as perdas e avarias sofridas são de tal monta que
incapacitam quem as sofreu para qualquer ação posterior”. (BRASIL, 1981, p. 20).
15

No Pacífico, os submarinos Fleet Type norte-americanos, uma versão


copiada e aprimorada do Tipo XXI alemão, lograram êxito ao aplicar a estratégia de
desgaste sobre a economia do Japão ao devastar praticamente a totalidade de sua
frota mercante. Ao mesmo tempo, foram utilizados em apoio à sua força naval para
destruir ou neutralizar os meios navais nipônicos. (LAFAYETTE, 2003).
Assim, o emprego da arma submarina nas duas guerras mundiais resultou,
não apenas, em imensos danos econômicos e materiais impostos ao oponente, mas
sobretudo promoveu profundas mudanças na estratégia naval.

2.2 O SUBMARINO CONVENCIONAL MODERNO

No pós-guerra, os submarinos de propulsão diesel-elétrica ou convencionais


tiveram seus projetos baseados na concepção do Tipo XXI alemão. Desde então,
passaram a incorporar o inventário do Poder Naval da maioria das marinhas.
(MILLER; JORDAN, 1987). Os aprimoramentos tecnológicos introduzidos ampliaram
suas capacidades de ocultação, mobilidade e poder de fogo. Entretanto, pode-se
afirmar que mesmo com suas capacidades aperfeiçoadas, sucessivamente, aliadas
a uma tripulação bem adestrada, o submarino convencional, incluindo o mais
moderno em serviço, ainda, possuirá algumas restrições notadamente relevantes.
A principal delas é a total dependência do ar atmosférico, indispensável
tanto para a recarga das baterias quanto para a renovação do ar ambiente. Na
condição de esnorquel estará vulnerável devido à exposição de mastros, à elevação
do ruído irradiado e ao calor gerado abaixo d’água, proveniente da alta temperatura
dos gases de descarga dos motores. Tal exposição favorece sua detecção visual,
radar, acústica, térmica e magnética pelo oponente.
Nesse contexto, a fim de mitigar essa indiscrição, a operação em esnorquel
é programada para ser executada em curtos períodos de tempo, preferencialmente,
à noite ou em condições de baixa visibilidade durante o dia, bem como em áreas
marítimas fora do controle do inimigo.
Outra não menos relevante restrição do submarino convencional diz respeito
a condição de desenvolver altas velocidades, somente, por curtos períodos de
tempo. A razão desta limitação está associada ao fato das baterias elétricas, fonte
primária de energia para a propulsão submersa, descarregarem com maior rapidez a
proporção que são utilizadas maiores velocidades do meio. Dessa forma, os
16

submarinos convencionais operam em baixas velocidades na maior parte do tempo,


a fim de manterem uma reserva de bateria para ser empregada quando uma
situação tática exigir.
Essa baixa mobilidade, associada a dependência do ar atmosférico, implica
que sejam empregados segundo uma estratégia de posição, sendo, portanto,
oportunos para operarem em áreas marítimas específicas, denominadas áreas
focais de navegação, isto é, os locais onde é intenso o fluxo de navios mercantes,
como nas proximidades das entradas e saídas de portos, canais ou cabos a serem
contornados ou em zonas de patrulha situadas ao longo da provável derrota8 de uma
Força Tarefa inimiga ou de uma unidade adversária. Assim, o emprego dos
submarinos convencionais segundo uma estratégia de posição compensa sua baixa
mobilidade inerente, possibilitando maiores chances de êxito contra os alvos de
interesse. (LIBERATTI, 2002).

2.3 O SUBMARINO NUCLEAR

Ao final da Segunda Guerra Mundial, os principais vencedores (EUA, ex-


União Soviética e Reino Unido) deram início às pesquisas para o desenvolvimento
da energia nuclear aplicável à propulsão de navios de superfície e submarinos.
Coube aos EUA, o pioneirismo do projeto e o lançamento ao mar do primeiro
submarino nuclear do mundo, o USS Nautilus, em 1954 (FIG. 5). As poucas nações
que o sucederam, ao disporem de submarinos nucleares, contam com um efetivo
instrumento de elevado poder dissuasório. Atualmente, somente, cinco países no
mundo constroem e operam submarinos com propulsão nuclear – EUA, Reino
Unido, Rússia, França e China.
Submarino nuclear é a denominação dos submarinos dotados de sistema de
propulsão nuclear e, é o que diferencia este tipo de submarino de um convencional.
(BRASIL, 1981). Cabe assinalar que a propulsão nuclear nada tem a ver com as
armas nucleares. Aquela constitui emprego pacífico da energia nuclear, enquanto
estas são artefatos destinados à explosão nuclear. Nesse sentido, o termo nuclear
não possui relação com o armamento do submarino, mas sim com seu sistema de
geração de energia empregado na propulsão. Essa fonte abundante de energia é
_______________
8
O termo derrota é a “[...] representação gráfica da projeção, na superfície terrestre, da trajetória
desejada ou percorrida por uma aeronave ou navio. O mesmo que rota”. (BRASIL, 1981, p. 41).
17

produzida num reator nuclear tipo PWR – “Pressurized Water Reactor” ou “Reator de
Água Pressurizada”, que segundo Guimarães (1999) está presente em mais de 95%
dos submarinos nucleares já construídos e na maioria das usinas nucleares de
geração de energia elétrica em operação no mundo.
A instalação propulsora nuclear típica de um submarino (FIG. 6) compreende
dois circuitos termo hidráulicos em ciclo fechado, utilizando a água como fluido de
trabalho. No circuito primário (sistema de resfriamento do reator) a água é mantida
na fase líquida a temperatura elevada devido à alta pressão, ou seja, é um circuito
fechado de água pressurizada que recebe calor gerado pelas reações nucleares de
fissão no reator. Esta água radioativa e aquecida é bombeada para um trocador de
calor, denominado gerador de vapor, retornando resfriada ao reator para ser
reaquecida. No circuito secundário, que constitui um ciclo fechado de água de baixa
pressão, não contaminada, o calor removido do primário no gerador de vapor é
convertido em vapor. Este vapor irá acionar as turbinas principais para movimentar o
eixo propulsor e os turbo geradores para suprir a demanda elétrica de bordo. Após
produzir trabalho nas turbinas, o vapor é convertido em líquido no condensador e
novamente bombeado para o gerador de vapor. (GUIMARÃES, 1999).
O processo de conversão da energia nuclear em outras formas de energia,
isto é, para atender a propulsão (energia mecânica) e a demanda elétrica de bordo
(energia elétrica) não necessita de oxigênio. Esse fator associado à produção de
desse elemento, vital para a respiração da tripulação, por intermédio de eletrólise da
água do mar, processo que demanda grande quantidade de energia elétrica para
separar o oxigênio da água, capacita o submarino de propulsão nuclear operar
independentemente do ar atmosférico e por tempo quase ilimitado, o que o torna um
verdadeiro submarino. (LIBERATTI, 2002). Assim, a propulsão nuclear possibilita a
exploração plena da capacidade de ocultação do submarino, que em essência é a
característica que o torna uma ameaça relevante.
Dispondo de uma fonte quase inesgotável de energia, diferentemente dos
submarinos convencionais, o nuclear é dotado de grande mobilidade, ou seja, a
possibilidade de desenvolver altas velocidades, por tempo praticamente ilimitado.
Desta forma, possui habilidade para operar segundo uma estratégia de movimento.
(LIBERATTI, 2002). Nessa qualidade, é apropriado para varrer extensas zonas de
patrulha, cruzar imensas distâncias e alcançar com rapidez áreas marítimas ou alvos
de interesse.
18

Outra importante característica intrínseca e notável dos submarinos


nucleares é a sua ampla autonomia. Atualmente, existe uma nova geração de
reatores instalados a bordo que não precisam de reabastecimento de combustível
nuclear ao longo de toda a vida útil do submarino, ou seja, cerca de quarenta anos.
(LIBERATTI, 2002). Essa abundante fonte de energia possibilita ao submarino
permanecer por longo tempo na área de operação ou atuar afastado da sua base de
apoio em terra durante o tempo necessário ao cumprimento da missão. Caso não
haja problemas de manutenção, o fator limitador é a resistência psicofísica da
tripulação e a necessidade de reabastecimento de alimentos ou de reposição do
armamento. Normalmente, os submarinos nucleares operam com rodízio de suas
tripulações em períodos de tempo específicos.
À vista do acima exposto, a superioridade do submarino nuclear é resultante
de seu sistema de propulsão, cuja fonte de energia é proveniente de um reator
nuclear que assegura este meio permanecer submerso e desenvolver altas
velocidades por tempo praticamente ilimitado. Possuidor, portanto, de elevada
mobilidade, autonomia e capacidade de ocultação é apto para varrer extensas áreas
marítimas e alcançar pontos ou alvos de interesses distantes.
Da análise das possíveis desvantagens de emprego dos submarinos
nucleares evidencia-se a restrição em operar em locais de “águas” rasas, onde os
convencionais podem atuar. Essa questão é devido ao maior deslocamento 9, via de
regra, daqueles em relação a estes. Além disso, mesmo dispondo de excelente
mobilidade, os nucleares não poderão desenvolver altas velocidades em “águas”
rasas, sob o risco de colidirem com o fundo ou denunciarem sua presença, caso se
exponham involuntariamente na superfície. (BRASIL, 1996).
Segundo Guerra (1997), os submarinos nucleares podem ser agrupados em
três classes distintas:
 Submarino de Propulsão Nuclear Lançador de Mísseis Balísticos
(SSBN), cuja missão é permanecer oculto, exercendo o poder de
retaliação nuclear, isto é, de revidar o ataque nuclear do país inimigo;
 Submarino de Propulsão Nuclear Lançador de Mísseis de Cruzeiro
(SSGN), cuja missão é atacar forças navais ou objetivos terrestres
estratégicos com elevado poder de destruição; e
_______________
9
O termo deslocamento significa o peso de uma embarcação, flutuando em águas calmas, o qual é
idêntico ao peso do volume de água deslocada pela parte imersa do casco. (INSTITUTO..., 2001).
19

 Submarino de Propulsão Nuclear de Ataque (SSN), cuja tarefa primária


é atacar e destruir navios e submarinos inimigos. Seu armamento
principal é o torpedo, podendo, também, ser armados com mísseis
antissuperfície e minas.
20

3 O SUBMARINO NUCLEAR NACIONAL

O projeto e construção, por brasileiros, do submarino com


propulsão nuclear insere o País em um tabuleiro diferenciado nas
relações internacionais, afirmando a vocação do Brasil de ator
global. O arrasto colateral do projeto conduzirá, ainda, o País a
grau tecnológico superior.

Almirante-de-Esquadra Bento Costa Lima de Albuquerque Junior

3.1 CONTRIBUIÇÃO PARA A DEFESA MARÍTIMA DO BRASIL

O Brasil é um país de dimensões continentais com cerca de 8,5 milhões de


km² de área terrestre que faz fronteira com nove países sul-americanos e um
departamento ultramarino francês. A leste é contornado por uma costa de
aproximadamente 7,5 mil km, da foz do rio Oiapoque à foz do arroio Chuí. Adjacente
a este extenso litoral, o País possui jurisdição sobre uma ampla área marítima, cujo
uso e limites (FIG. 7) são regulamentados por critérios estabelecidos na Convenção
das Nações Unidas sobre o Direito do Mar (CNUDM), celebrada em 10 de dezembro
de 1982, em Montego Bay, na Jamaica. Este Acordo Internacional, por intermédio do
Decreto nº 1.530, de 22 de junho de 1995, entrou em vigor para o Brasil em 16 de
novembro de 1994, respaldando o direito de explorar os recursos naturais da massa
líquida, do solo e subsolo no interior das fronteiras marítimas estabelecidas.
(BRASIL, 1995).
O Brasil fixou em 12 milhas náuticas a largura do seu Mar Territorial (MT),
medidas a partir de linhas de base10, e em consonância com o limite máximo da
largura permitida na supracitada Convenção. Nesta faixa de mar é válida a aplicação
de nossas leis e está assegurada a navegação inofensiva 11 de qualquer país.
Segue-se uma Zona Contígua (ZC) ao nosso MT e de igual largura, em que não
temos soberania plena, mas temos alguns direitos, como, por exemplo, o de fazer
valer nossa legislação tributária, aduaneira, sanitária e o de perseguição.
(ORGANIZAÇÃO..., 1985).
_______________
10
A linha de base adotada como referência para medir a largura do mar territorial é “a linha de baixa-
mar ao longo da costa, tal como indicada nas cartas marítimas de grande escala, reconhecidas
oficialmente pelo Estado costeiro.” (ORGANIZAÇÃO..., 1985, p. 37).
11
Navegação inofensiva é aquela que não afeta a segurança do Estado costeiro. No Brasil recebe a
denominação de “passagem inofensiva.” (ORGANIZAÇÃO..., 1985).
21

Respeitando o contido na Parte V da Convenção, o Brasil estabeleceu sua


Zona Econômica Exclusiva (ZEE) em 200 milhas náuticas de largura, contadas a
partir das linhas de base das quais se mede a largura do seu MT. Nesta ZEE, o País
tem direito de soberania sobre a exploração dos recursos naturais, vivos ou não
vivos e de jurisdição referente à “colocação e utilização de ilhas artificiais,
instalações e estruturas; investigação científica marinha; proteção e preservação do
meio marinho.” (ORGANIZAÇÃO..., 1985, p. 67).
O Artigo 76 da Parte VI da CNUDM prevê que a Plataforma Continental
(PC12) dos Estados costeiros poderá ser estendida até uma distância de 350 milhas
marítimas das linhas de base, nos casos em que o bordo exterior da margem
continental13 exceda as 200 milhas náuticas das linhas de base a partir das quais se
mede a largura do MT. (ORGANIZAÇÃO..., 1985). Para cumprir, portanto, o desafio
de estabelecer o limite exterior da nossa PC, ou seja, determinar a área marítima,
além das 200 milhas náuticas, onde o Brasil exercerá os direitos exclusivos de
soberania para efeitos de exploração de seus recursos naturais existentes, foi
instituído pelo Decreto nº 98.145, de 15 de setembro de 1989, o Plano de
Levantamento da Plataforma Continental Brasileira (LEPLAC). (BRASIL, 1989).
Ressalta-se que o total da área marítima reivindicada corresponde a cerca de 960
mil km² distribuídos ao longo da costa brasileira.
Em 2007, após exame da nossa proposta, a Comissão de Levantamento da
Plataforma Continental (CLPC) da Organização das Nações Unidas (ONU)
discordou sobre uma área marítima equivalente a 190 mil km² do total pleiteado. A
partir desta análise, o governo brasileiro optou pela obtenção de dados adicionais
para fundamentar a proposta original, integralmente. Assim, o LEPLAC, coordenado
pela Comissão Interministerial para os Recursos do Mar 14 (CIRM), manteve suas
atividades visando formular uma nova proposta de limite exterior da PC, a ser
oportunamente encaminhada à CLPC da ONU. (BRASIL, 2015).

_______________
12
A PC “compreende o leito e o subsolo das áreas submarinas que se estendem além do seu mar
territorial, em toda a extensão do prolongamento natural de seu território terrestre, até o bordo exterior
da margem continental, ou até a distância de duzentas milhas náuticas das linhas de base [...].”
(ORGANIZAÇÃO..., 1985, p. 81).
13
A margem continental “compreende o prolongamento submerso da massa terrestre do Estado
costeiro, sendo constituída pelo leito e subsolo da PC, pelo talude e pela elevação continental”.
(ORGANIZAÇÃO..., 1985, p. 81).
14
A Comissão Interministerial para os Recursos do Mar (CIRM) foi criada, por Decreto, em 1974, com
a finalidade de assessorar o Presidente da República na consecução da Política Nacional para os
Recursos do Mar (PNRM). (BRASIL, 1974).
22

Em síntese, a nossa ZEE compreende uma região aproximada de 3,6


milhões de km² de extensão de “águas jurisdicionais brasileiras”15 (AJB), onde a
soberania do Estado brasileiro é exercida em diferentes graus, que somada aos
cerca de 960 mil km² de extensão da PC reivindicados junto à ONU, perfaz um total
de 4,5 milhões de km². Essa vasta região atlântica estratégica é equivalente em
dimensões, biodiversidade, riquezas e vulnerabilidades à nossa “Amazônia Verde”, o
que justifica a Marinha designá-la de “Amazônia Azul” (FIG. 8). (BRASIL, 2013).
Vale destacar que a nossa costa contempla 17 estados, 16 capitais e cerca
de 80 portos e terminais organizados, entre públicos e privados. Nessa extensa
região litorânea concentram-se 80% da população e 85% do parque industrial, são
produzidos cerca de 90% do PIB e consumidos 85% da energia elétrica gerada no
País. Cabe acrescentar que cerca de 95% do nosso comércio exterior flui por via
marítima, tendo alcançado, conforme dados atualizados em 2015, valores da ordem
de 362 bilhões de dólares, entre exportações e importações e que as produções de
petróleo e de gás natural na “Amazônia Azul” atingem mais de 90% e 70% da
produção nacional, respectivamente. Estima-se que as promissoras reservas do Pré-
sal venham incrementar, significativamente, a prospecção dessas riquezas, em
especial nas Bacias de Santos e Campos. Soma-se a essa intensa atividade
econômica desenvolvida na região costeira e marinha brasileira, as atividades de
pesca, turismo, esportes náuticos, gestão ambiental e científica. (BRASIL, 2013).
Nesse contexto, a Política Nacional de Defesa (PND), que é “o documento
condicionante de mais alto nível do planejamento de ações destinadas à defesa
nacional coordenadas pelo Ministério da Defesa” (BRASIL, 2012a, p. 11), define que
a Defesa Nacional é “[...] o conjunto de medidas e ações do Estado, com ênfase no
campo militar, para a defesa do território, da soberania e dos interesses nacionais
contra ameaças preponderantemente externas, potenciais ou manifestas”. (BRASIL,
2012a, p. 15). Adiante, ela assinala que: “A natural vocação marítima brasileira é
respaldada pelo seu extenso litoral e pela importância estratégica do Atlântico Sul”.
(BRASIL, 2012a, p. 24). Nesse sentido, a PND considera o Atlântico Sul uma das

_______________
15
Águas Jurisdicionais Brasileiras (AJB) constitui “[...] e espaços marítimos, nos quais o Brasil, exerce
jurisdição, em algum grau, sobre atividades, pessoas, instalações, embarcações e recursos naturais
vivos e não vivos, encontrados na massa líquida, no leito ou no subsolo marinho, para os fins de
controle e fiscalização, dentro dos limites da legislação internacional e nacional. Esses espaços
marítimos compreendem a faixa de 200 milhas marítimas contadas a partir das linhas de base,
acrescida das águas sobrejacentes à extensão da Plataforma Continental (PC) além das 200 milhas
marítimas, onde ela ocorrer.” (BRASIL, 2014b, p. 95).
23

áreas prioritárias para a Defesa Nacional e destaca que:

A Convenção das Nações Unidas sobre Direito do Mar abre a possibilidade


de o Brasil estender os limites da sua Plataforma Continental e exercer o
direito de jurisdição sobre os recursos econômicos em uma área de cerca
de 4,5 milhões de quilômetros quadrados, região de vital importância para o
País, uma verdadeira “Amazônia Azul”.
Nessa imensa área, incluída a camada do pré-sal, estão as maiores
reservas de petróleo e gás, fontes de energia imprescindíveis para o
desenvolvimento do País, além da existência de grande potencial
pesqueiro, mineral e de outros recursos naturais. (BRASIL, 2012a, p. 24,
grifos do autor).

Ademais, esta Política reforça a importância de garantir a defesa continental,


aeroespacial e marítima do Brasil. Para tal, institui como orientação estratégica,
entre outras:

O País deve dispor de meios com capacidade de exercer vigilância, controle


e defesa: das águas jurisdicionais brasileiras; do seu território e do seu
espaço aéreo, incluídas as áreas continental e marítima. Deve, ainda,
manter a segurança das linhas de comunicações marítimas e das linhas de
navegação aérea, especialmente no Atlântico Sul. (BRASIL, 2012a, p. 31).

À vista do acima exposto, cabe assinalar que a razão primária da existência


da Marinha do Brasil (MB) é contribuir para a garantia da defesa da soberania e dos
interesses marítimos do Brasil. Segundo a Doutrina Básica da Marinha (DBM) para o
cumprimento de sua missão, a Marinha deverá estar pronta a realizar as quatro
Tarefas Básicas do Poder Naval, a saber: negação do uso do mar ao inimigo;
controle de áreas marítimas; projeção de poder sobre terra; e contribuição para a
dissuasão. (BRASIL, 2014b).
A negação do uso do mar consiste em impedir o estabelecimento do controle
de uma de área marítima pelo inimigo ou a exploração de tal controle, bem como
simplesmente seu uso. (LIBERATTI, 2002). Nessa Tarefa, o submarino se destaca
particularmente de propulsão nuclear, em função da exploração plena das
capacidades de ocultação, autonomia e mobilidade, visando a destruição da força
naval oponente e, ou ao ataque das Linhas de Comunicações Marítimas (LCM).
O controle de área marítima, fixa ou móvel, ainda que temporário,
compreende a capacidade de assegurar o seu uso no interesse do País, negando-o,
ao mesmo tempo, ao inimigo. O submarino como instrumento desta Tarefa poderá
assumir papel secundário ao negar o uso do mar, pois o esforço principal será
24

exercido pela força naval de superfície na área marítima a ser controlada, como por
exemplo a região de plataformas de petróleo e gás na ZEE brasileira. (LIBERATTI,
2002).
A projeção do poder sobre terra significa empregar o Poder Naval contra
objetivos terrestres, a partir do mar. Nessa Tarefa, os submarinos podem atuar
lançando mergulhadores de combate para ações em terra ou mísseis sobre alvos
terrestres (LBERATTI, 2002).
Por fim, a contribuição para a dissuasão consiste na disponibilidade de um
Poder Naval capaz de desestimular o inimigo a uma eventual opção bélica.
(LIBERATTI, 2002). Nessa Tarefa, o submarino em especial de propulsão nuclear
assume elevada importância estratégica dissuasória caracterizada pela possibilidade
da exploração plena de suas capacidades de ocultação, mobilidade e autonomia.
Portanto, a simples posse desse meio naval nuclear contribui, decisivamente, para a
defesa dos interesses marítimos nacionais.
Observa-se que a seleção e a priorização dessas Tarefas decorrem da
Estratégia Nacional de Defesa (END). Nesse sentido, a END, que propicia a
execução da PND, evidencia como prioridade para o Poder Naval brasileiro a Tarefa
de negação do uso do mar. A seguir, diz a END: “a negação do uso do mar ao
inimigo é a que organiza, antes de atendidos quaisquer outros objetivos
estratégicos, a estratégia de defesa marítima do Brasil” (BRASIL, 2012a, p. 67) e
complementa:

Para assegurar a tarefa de negação do uso do mar, o Brasil contará com


força naval submarina de envergadura, composta de submarinos
convencionais e de submarinos de propulsão nuclear. O Brasil manterá e
desenvolverá sua capacidade de projetar e de fabricar tanto submarinos de
propulsão convencional, como de propulsão nuclear. Acelerará os
investimentos e as parcerias necessários para executar o projeto do
submarino de propulsão nuclear. Armará os submarinos com mísseis e
desenvolverá capacitações para projetá-los e fabricá-los. Cuidará de ganhar
autonomia nas tecnologias cibernéticas que guiem os submarinos e seus
sistemas de armas, e que lhes possibilitem atuar em rede com as outras
forças navais, terrestres e aéreas (BRASIL, 2012a, p. 70).

Nesse contexto, o Livro Branco da Defesa Nacional, em harmonia com a


PND e a END, esclarece que a construção e a operação do submarino brasileiro de
propulsão nuclear, previsto no Plano de Articulação e Equipamento da Marinha do
Brasil (PAEMB), contribuirá para a defesa e preservação dos interesses nacionais
marítimos, em especial no Atlântico Sul e ainda possibilitará “a proteção das rotas
25

comerciais; a manutenção da livre navegação; a proteção de recursos naturais na


plataforma continental; e o desenvolvimento tecnológico.” (BRASIL, 2012b, p. 71).
Sobre a questão nuclear, a Constituição da República Federativa do Brasil
de 1988 veda o uso da desta energia para fins que não sejam exclusivamente
pacíficos, de acordo com o contido na alínea a, inciso XXXIII do Artigo 21:

Compete à União:
[...]
XXIII – explorar os serviços e instalações nucleares de qualquer natureza e
exercer monopólio estatal sobre a pesquisa, a lavra, o enriquecimento e
reprocessamento, a industrialização e o comércio de minérios nucleares e
seus derivados, atendidos os seguintes princípios e condições:
a) toda atividade nuclear em território nacional somente será admitida para
fins pacíficos e mediante aprovação do Congresso Nacional. (BRASIL,
1988, art. 21).

Na política externa, o governo brasileiro reafirmou o compromisso de uso


pacífico da energia nuclear. Nesse intuito, foram assinados e colocados em vigor
Atos Internacionais, dentre os quais cabe citar: o Acordo Bilateral com a Argentina
de Uso Exclusivamente Pacífico da Energia Nuclear; o Acordo Quadripartite; o
Tratado de Tlatelolco; e o Tratado sobre a Não-Proliferação Nuclear (TNP).
O primeiro Acordo foi celebrado em 18 de julho de 1991 e, entre outras
providências, criava a Agência Brasileiro-Argentina de Contabilidade e Controle de
Materiais Nucleares (ABACC), organismo independente, cuja missão é verificar se
os materiais nucleares pertencentes aos dois países estão sendo utilizados para fins
exclusivamente pacíficos. Para o cumprimento dessa missão foi estabelecido o
Sistema Comum de Contabilidade e Controle de Materiais Nucleares (SCCC), que
regulamentou os procedimentos de salvaguardas adotados pelo Brasil e Argentina.
Um aspecto relevante para a MB está contido no Artigo III do presente Acordo:

Nada do que dispõe o presente Acordo limitará o direito das Partes a usar a
energia nuclear para a propulsão ou a operação de qualquer tipo de veículo,
incluindo submarinos, uma vez que ambas são aplicações pacíficas da
energia nuclear. (AGÊNCIA..., 1991a, Art. III).

Em adição ao Acordo Bilateral, o Brasil, a Argentina, a ABACC e a Agência


Internacional de Energia Atômica (AIEA) firmaram o Acordo Quadripartite, em Viena,
em 13 de dezembro de 1991, garantindo à comunidade internacional que todas as
atividades e materiais nucleares a serem desenvolvidos nos territórios desses dois
26

países não serão aplicados na produção de armas atômicas. (AGÊNCIA..., 1991b).


Em setembro de 1994, o Brasil ratificou o Tratado para a Proscrição das
Armas Nucleares na América Latina e Caribe, mais conhecido como o Tratado de
Tlatelolco. Por este Tratado, os signatários se comprometem a utilizar a energia
nuclear para fins exclusivamente pacíficos e a proibir o uso, fabricação e produção,
de toda e qualquer arma nuclear em seus territórios. (BRASIL, 1994).
Decorridos quatro anos, o Brasil aderiu ao TNP por meio do Decreto n
2.864, de 7 de dezembro de 1998. (BRASIL, 1998). Pelo TNP, o Brasil se
compromete a não desenvolver ou adquirir armas nucleares, conforme o contido no
Artigo II do presente Acordo:

Cada Estado não-nuclearmente armado, Parte deste Tratado, compromete-


se a não receber a transferência, de qualquer fornecedor, de armas
nucleares ou outros artefatos explosivos nucleares, ou o controle, direto ou
indireto, sobre tais armas ou artefatos explosivos; a não fabricar, ou por
outros meios adquirir armas nucleares ou outros artefatos explosivos
nucleares, e a não procurar ou receber qualquer assistência para a
fabricação de armas nucleares ou outros artefatos explosivos nucleares.
(BRASIL, 1998, Art. II).

Atualmente, 189 países e Taiwan, que a ONU reconhece como território


chinês, são signatários do referido Acordo. Apenas Israel, Paquistão, Índia e Coreia
do Norte não o ratificaram. (COSCELLI; GODOY; 2010). Cabe ressaltar que os
compromissos entre os Estados membros do TNP são assimétricos quando
relacionados com o direito de posse de armas nucleares, a despeito desse Tratado
preconizar a não proliferação de artefatos explosivos atômicos, o desarmamento e o
uso pacífico da tecnologia nuclear. Tal fato, representa um perturbador desequilíbrio
de poder no jogo político internacional.
Desde 1997, os Estados Partes do TNP podem aderir ao Protocolo
Adicional, que prevê procedimentos de fiscalização mais rigorosos e restrições mais
severas aos países que almejam o pleno domínio da tecnologia nuclear. O
documento foi ratificado por 93 países, todavia as potências nucleares não são
obrigadas a permitir inspeções em suas instalações de produção de material
nuclear. Cabe assinalar que o Brasil, a par desta assimetria de direitos, entre os
Estados armados e não armados nuclearmente, permite o monitoramento remoto,
via sensores eletrônicos e câmeras de televisão, de suas instalações de produção
de combustível nuclear, incluindo até inspeções periódicas por agentes da AIEA em
27

uma Organização Militar, como o Centro Experimental de Aramar (CEA), em Iperó,


no interior de São Paulo. Contudo, o governo brasileiro vem rejeitando a adesão ao
Termo Aditivo proposto pela ONU, a fim de preservar o segredo industrial das
nossas ultracentrífugas de enriquecimento de urânio desenvolvidas pela MB e
aplicadas no processo de produção do combustível nuclear tanto para alimentar os
reatores das usinas de Angra I e II quanto o reator do futuro submarino com
propulsão nuclear brasileiro (SN-BR). Essas ultracentrífugas apresentam elevado
rendimento, qualidade superior e baixo custo de manutenção em relação aos
equipamentos similares fabricados em outros países. (COSCELLI; GODOY, 2010).
Ademais, a postura pacífica do Estado brasileiro, claramente, expressa em
nossa Constituição e nos demais Acordos supramencionados, assegura que em
nosso território não será admitido o desenvolvimento, a realização de testes, o
armazenamento e a aquisição de armas nucleares. Assim, o nosso Poder Naval não
poderá dispor, em seu inventário, de submarinos nucleares lançadores de mísseis
balísticos de longo alcance e de alto poder de destruição em massa. Tais meios, os
SSBN, são empregados pelas potências nucleares como parcelas da Estratégia de
“Deterrência16” ou de dissuasão nuclear com o propósito de desencorajar uma
eventual opção militar nuclear inimiga. Dessa forma, torna-se evidente que o SN-BR
terá a mesma natureza de um SSN dotado de armamento convencional, ou seja, sua
característica operacional predominante será o ataque.

3.2 CONTRIBUIÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO NACIONAL

3.2.1 O Programa Nuclear da Marinha

O Programa Nuclear da Marinha (PNM) vem sendo executado desde 1979 e


consiste, atualmente, em dois grandes projetos: o Projeto do Ciclo do Combustível
Nuclear e o Projeto do Laboratório de Geração Núcleo-Elétrica (LABGENE).
(BRASIL, 2016a). O produto dessas tecnologias se traduz na geração de energia
elétrica, quer para complementar a matriz energética brasileira, quer para a
propulsão de submarinos.

_______________
16
A Estratégia de “Deterrência” ou de dissuasão nuclear possui os seguintes vetores que constituem
a chamada tríade da “deterrência”: os SSBN, as aeronaves dotadas de bombas nucleares e os
mísseis balísticos intercontinentais (ICBM) com ogivas nucleares. (Nota nossa).
28

O Projeto do Ciclo do Combustível (FIG. 9) tem como propósito a fabricação


do combustível nuclear, a partir do processo de transformação do mineral de urânio.
O domínio completo do ciclo, já conquistado, tem início na prospecção, mineração e
beneficiamento, onde o urânio é extraído do minério e transformado num sal ou
concentrado de cor amarela conhecido como yellow cake. No Brasil, estas atividades
são realizadas no município de Caetité, na Bahia, pelas Indústrias Nucleares do
Brasil (INB). (BRASIL, 2016b). Cabe ressaltar que o nosso País ocupa a posição de
sétima maior reserva geológica de urânio do mundo com ocorrências,
principalmente, nos Estados da Bahia, Ceará, Minas Gerais e Paraná. É relevante
mencionar que foram prospectados, até então, apenas 25 % do território nacional.
(INDÚSTRIAS..., 2016a).
Segue-se a conversão, por intermédio da dissolução do yellow cake em
ácido nítrico, dessa forma, obtendo-se o Hexafluoreto de Urânio (UF6) que possibilita
o enriquecimento isotópico do urânio. A produção desse gás em escala para suprir
as necessidades da MB depende do término da construção da Usina de
Hexafluoreto de Urânio (USEXA), situada no CEA, em Iperó, no Estado de São
Paulo. (BRASIL, 2016b).
O processo de enriquecimento isotópico consiste no aumento da
concentração do isótopo físsil de urânio-235 de 0,7%, conforme encontrado na
natureza, para cerca de 4%, valor usado em reatores nucleares comerciais para
geração de energia. O enriquecimento é realizado por meio de ultracentrífugas, onde
o isótopo de urânio-238 de maior peso se concentra na parede do equipamento e o
material de menor peso, isótopo físsil, fica concentrado no centro. Sucessivamente,
de uma ultracentrífuga para outra, o urânio prossegue num processo de
enriquecimento em cascata. No final do processo, o urânio enriquecido é recolhido e
aplicado na próxima etapa do ciclo do combustível. (BRASIL, 2016b).
Diante de tal capacidade, a MB vem produzindo e fornecendo cascatas de
ultracentrífugas para as INB, localizada em Resende, no Estado do Rio de Janeiro, a
fim de que esta fábrica possa implantar uma planta de enriquecimento isotópico de
urânio em escala industrial. A primeira fase do empreendimento compreende o total
de dez cascatas contratadas ao Centro Tecnológico da Marinha em São Paulo
(CTMSP), visando obter a quantidade de urânio enriquecido para a produção de
combustível nuclear para o suprimento de 100% das necessidades do reator de
Angra I e 20% de Angra II. (INDÚSTRIAS..., 2016b).
29

Após o enriquecimento, o gás UF6 é reconvertido em material sólido sob a


forma de pó de dióxido de urânio ou UO 2, que é empregado na fabricação de
pastilhas, a serem montadas em tubos de liga de zircônio formando um conjunto de
varetas, que constitui o elemento combustível dos reatores de potência do tipo PWR.
(BRASIL, 2016b).
O Projeto do LABGENE destina-se ao “desenvolvimento de capacitação
tecnológica no projeto, construção, comissionamento, operação e manutenção de
reatores nucleares do tipo PWR.” (BRASIL, 2016c). Esse Laboratório, que está
sendo construído pela MB, no CEA, será um protótipo em terra de uma instalação
propulsora nuclear naval que permitirá a validação experimental de seus sistemas,
equipamentos e componentes, bem como a implementação de procedimentos de
sua operação, a fim de replicá-la no futuro SN-BR.
O arraste tecnológico, de tal empreendimento com tecnologia dual (militar e
civil), vem propiciando os seguintes benefícios econômicos e sociais, entre outros:
 Geração de energia elétrica limpa, pois não emite gás poluente para
atmosfera e não contribui para o efeito estufa;
 Nacionalização de processos e equipamentos, com o consequente
substancial incremento de registros de patentes;
 Inovações para a indústria nacional, com a participação de
universidades e institutos de pesquisa;
 Independência externa de tecnologias sensíveis, tais como, o
desenvolvimento de sensores inerciais (giroscópios e acelerômetros) e
fibra de carbono, com emprego em substituição ao titânio usado nos
pesados dutos submarinos da Petrobrás. Já os giroscópios e
acelerômetros são utilizados em plataformas inerciais para navegação e
estabilidade de navios, submarinos e plataformas de petróleo;
 Desenvolvimento da Indústria Nacional de Defesa, citando como
exemplo, o desenvolvimento de materiais cerâmicos com emprego
alternativo em proteção balística de alto desempenho e leveza;
 Formação e qualificação de pessoal, bem como a geração de empregos
diretos e indiretos, em diversos níveis de capacitação; e
 Inserção do Brasil no seleto grupo de países que dominam a tecnologia
nuclear. (BRASIL, 2016d).
30

3.2.2 O Programa de Desenvolvimento de Submarinos

A luz dos Atos celebrados entre o Brasil e a França, em 23 de dezembro de


2008, com destaque para o Plano de Ação firmado pelos respectivos Presidentes,
prevendo a cooperação na área de defesa e o Acordo estratégico, com transferência
de tecnologia, segundo métodos e processos franceses, na área de submarinos,
firmado pelos respectivos Ministros de Defesa, foi concebido o Programa de
Desenvolvimento de Submarinos (PROSUB) que se destina ao desenvolvimento e a
produção compartilhada de quatro submarinos convencionais baseados no modelo
da classe “Scorpene” (S-BR), bem como a assistência ao projeto do SN-BR, sem
contemplar o propulsor nuclear e sistemas associados, já em desenvolvimento
exclusivo pela MB, no âmbito do PNM. (BRASIL, 2014a).
A capacidade de construir o submarino nuclear nacional e, sobretudo
projetar uma arma dessa magnitude, o PROSUB juntamente com o PNM, eleva o
Brasil a outro patamar de conhecimento e garante, em todos os seus estágios,
consideráveis benefícios para a sociedade, em face da alta tecnologia obtida e
capacitação de pessoal, tais como:
 A nacionalização de sistemas e equipamentos para submarinos,
proporcionando a produção de inúmeros componentes de alto valor
agregado e com aplicação em outros setores industriais;
 O fomento ao desenvolvimento de diversos setores da indústria
nacional, com destaque para a Base Industrial de Defesa e a Indústria
Naval; e
 A geração de impostos e de, aproximadamente, 9 mil empregos diretos
e 32 mil indiretos, por um longo prazo, em diversos níveis de
qualificação. (FUNDAÇÃO..., 2014).
Além dos cinco submarinos, o Programa (FIG. 10) abrange a construção de
um Complexo de Estaleiros e Base Naval (EBN) e uma Unidade de Fabricação de
Estruturas Metálicas (UFEM) às margens da Baía de Sepetiba no município
fluminense de Itaguaí. As inaugurações da UFEM, em março de 2013, e do Prédio
Principal do Estaleiro de Construção, em dezembro de 2014, assinalam a conclusão
das duas primeiras etapas de construção desse complexo e os primeiros passos
desse salto tecnológico a ser desfrutado pelo País, que fortalecerá, sobremaneira, o
nosso Poder Nacional. (BRASIL, 2014a).
31

A previsão para o lançamento do primeiro S-BR é em julho de 2018 e dos


demais em setembro de 2020, dezembro de 2021 e dezembro de 2022,
respectivamente. Os cascos resistentes dos submarinos estão sendo fabricados nas
instalações da Nuclebrás Equipamentos Pesados S.A. (NUCLEP). As atividades de
fabricação e instalação das estruturas leves, assim como as atividades de
equipagem serão executadas na UFEM e as fases de união das seções e testes
finais serão realizadas no Estaleiro de Construção. A produção do SN-BR está
prevista para iniciar em 2020 devendo ser concluída em 2027, quando então este
meio naval passará por testes e provas de cais e de mar para ser incorporado ao
Setor Operativo da MB. (CARVALHO, 2016).
O custo total do Programa equivale a cerca de R$ 23,5 bilhões, dos quais
parte será financiada com recursos oriundos de operação de crédito externa e o
restante será custeado diretamente pelo Tesouro Nacional. (BRASIL, 2014a).
Dessa forma a construção do SN-BR, decorrente deste amplo Programa
estratégico do Estado Brasileiro complementado pelo PNM, ambos planejados e em
execução pela MB, concorrerá, significativamente, para a expansão tecnológica,
industrial, econômica e social do País, bem como sua posse representará
substancial incremento ao Poder Naval, capaz de contribuir, em larga escala, com
seu efeito dissuasório, para a proteção de nossos interesses marítimos.
32

4 CONCLUSÃO

A virada para o século XX assinalou o surgimento da combinação propulsora


motor e eletricidade aplicada ao submarino. Tal fato representa um marco na
evolução deste meio naval que deixou de ser movimentado pela energia humana,
como os pioneiros Turtle e Hunley, passando a incorporar a propulsão diesel-elétrica
ou convencional como padrão.
O transcurso das duas guerras mundiais registrou um acentuado avanço
tecnológico da arma submarina, bem como evidenciou a eficácia de seu emprego. A
campanha submarina alemã durante os primeiros anos desses conflitos quase levou
a Grã-Bretanha ao colapso econômico cortando as suas linhas de abastecimento no
Atlântico. Já no Pacífico, durante a Segunda Guerra, os submarinos norte-
americanos lograram êxito ao empregar a estratégia de desgaste sobre a economia
do Japão.
No pós-guerra, o projeto e a construção dos novos submarinos, tanto no
Ocidente como no Oriente, tiveram seus projetos baseados no modelo alemão Tipo
XXI. Tais aprimoramentos ampliaram as características de ocultação, mobilidade e
poder de destruição desses meios. Entretanto, mesmo com suas capacidades
aperfeiçoadas, o submarino convencional moderno depende da energia das baterias
para se deslocar em imersão e do ar atmosférico para recarregá-las durante os
períodos de esnorquel. Cabe mencionar que a operação do esnorquel torna o
submarino vulnerável, pois favorece sua detecção pelo inimigo face à exposição de
mastros, a elevação do ruído irradiado e a energia térmica dissipada abaixo d’água
pela descarga de gases dos motores. A despeito desta vulnerabilidade, o submarino
convencional, não deixou de ser o condicionador do combate, pois a incerteza de
sua presença exige uma força naval de superfície adversária considerável.
O Brasil não ficou alheio a essas tecnologias, visto que a MB adquiriu sólida
experiência na operação de submarinos, ao longo de 102 anos, com a criação da
nossa Força de Submarinos em 17 de julho de 1914. Desde então, constaram do
inventário do nosso Poder Naval: três submersíveis e quatro submarinos construídos
na Itália, todos incorporados entre 1914 e 1937; onze submarinos de origem norte-
americana recebidos entre 1957 e 1973 e três de origem britânica da década de
1970. Atualmente, a MB possui cinco submarinos de projeto alemão, sendo um
construído na Alemanha e quatro no Brasil, incorporados entre 1994 e 2005.
33

Todavia, o submarino convencional opera na maior parte do tempo em


baixas velocidades para “economizar” a energia da bateria, reservando a operação
em altas velocidades em situações de emergência ou quando a situação tática
exigir. Essa baixa mobilidade, associada à dependência do ar atmosférico, implica
normalmente que seja adequado empregá-lo segundo uma estratégia de pré-
posicionamento ou de posição.
Na década de 1950, os EUA lançaram o USS Nautilus, o primeiro submarino
nuclear do mundo, que constituiu um salto tecnológico no processo evolutivo da
arma submarina. As poucas nações que o sucederam, ao disporem de submarinos
nucleares, contam com um efetivo instrumento de elevado poder dissuasório
estratégico.
O submarino nuclear é dotado de um sistema de propulsão, definitivamente,
independente do ar atmosférico, advindo de um reator nuclear naval, em vez da
propulsão diesel-elétrica que reduz sensivelmente o poder combatente do
submarino. Essa fonte quase inesgotável de energia assegura ao submarino
permanecer submerso e desenvolver altas velocidades por tempo praticamente
ilimitado. Possuidor, portanto, de elevada mobilidade, autonomia e capacidade de
ocultação é apto para ser empregado em áreas de vasta extensão, ou seja, segundo
uma estratégia de movimento.
Assim, a posse do SN-BR e seus sucessores serão capazes de contribuir,
decisivamente, para a dissuasão, bem como para negar o uso do mar a qualquer
força inimiga que se arrisque atuar em áreas marítimas de interesse do País. Aliada
a responsabilidade de garantir os interesses nacionais dos 4,5 milhões de Km² da
“Amazônia Azul”, assim denominada em virtude das dimensões, da biodiversidade,
das inestimáveis riquezas e da relevância estratégica equivalente ao da “Amazônia
Verde”, justifica a motivação da MB vencer o desafio de construí-lo.
Enfim, a razão primária da existência da Marinha é contribuir para a garantia
da defesa da soberania e dos interesses marítimos do Brasil. Nesse sentido, a
estratégia naval brasileira aderente a END atribui como prioridade dispor de
submarinos convencionais e, em especial, de propulsão nuclear, a ser obtido por
intermédio do PNM e do PROSUB. A despeito do fato da MB estar capacitada a
construir e, sobretudo, empregar operativamente submarinos convencionais,
projetar, construir e operar submarinos com propulsão nuclear representará um salto
34

para o Brasil, tanto de desenvolvimento, como de dissuasão.


35

REFERÊNCIAS

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Brasil, a República Argentina, a Agência Brasileiro-Argentina de Contabilidade
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Tlatelolco), concluído na Cidade do México, em 14 de fevereiro de 1967, e as
Resoluções números 267 (E-V), de 3 de julho de 1990, 268 (XII), de 10 de maio de
1991, e 290 (VII), de 26 de agosto de 1992, as três adotadas pela Conferência Geral
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de Submarinos para Oficiais – CASO. O Periscópio, Niterói, n. 63, p. 3-9, 2010.
39

ANEXO - Ilustrações

FIGURA 1 – O submersível Turtle

Fonte: <http://histroiaarmas.webnode.com.br/products/turtle1/>. Acesso em: 06 out. 2016.


40

FIGURA 2 – O submersível Hunley

Fonte: <http://www.navsource.org/archives/08/08443.htm>. Acesso em: 06 out. 2016.


41

FIGURA 3 – Os submersíveis da Classe “F”

Fonte: < https://www.mar.mil.br/forsub/hotsite/LIVRO_100_ANOS.pdf>. Acesso em: 06 out. 2016.

Fonte: <http://www.maquetemodel.com.br/meusarquivos/f4.jpg>. Acesso em: 06 out. 2016.


42

FIGURA 4 – O submarino alemão Tipo XXI

Fonte: <https://rwhiston.wordpress.com/2011/10/17/11/>. Acesso em: 06 out. 2016.

Fonte: <http://militaryhistory.x10.mx/shippictures/type%20XXI.htm>. Acesso em: 06 out. 2016.


43

FIGURA 5 – O submarino nuclear USS Nautilus

Fonte: <http://www.bbc.com/news/magazine-25817797>. Acesso em: 06 out. 2016.


44

FIGURA 6 – Instalação propulsora nuclear típica de um submarino

Fonte: https://www.senado.gov.br/comissoes/cct/ap/AP20071025_MarinhadoBrasil_JulioSoares.pdf>.
Acesso em: 06 out. 2016.
45

FIGURA 7 – Limites das águas jurisdicionais brasileiras

Fonte: <https://www.mar.mil.br/secirm/portugues/leplac.html>. Acesso em: 06 out. 2016.


46

FIGURA 8 – A “Amazônia Azul”

Fonte: <https://www.mar.mil.br/secirm/portugues/leplac.html>. Acesso em: 06 out. 2016.


47

FIGURA 9 – O Ciclo do Combustível Nuclear

Fonte: <https://www1.mar.mil.br/ctmsp/ciclo-do-combustivel>. Acesso em: 06 out. 2016.


48

FIGURA 10 – O Programa de Desenvolvimento de Submarinos

 O projeto e a construção dos Estaleiros e Base Naval (EBN) e da Unidade de


Fabricação de Estruturas Metálicas (UFEM), ambas instalações sediadas na
cidade de Itaguaí (RJ), sendo que a última está em plena operação.

 A construção de quatro submarinos com propulsão convencional (S-BR).

 O projeto e a construção do primeiro submarino brasileiro com propulsão nuclear


(SN-BR), sendo que o desenvolvimento da planta propulsora nuclear está sob
responsabilidade da Marinha.

Fonte: <https://www1.mar.mil.br/prosub/estrutura>. Acesso em: 06 out. 2016.

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