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SINTESE CRITICA DA TEORIA DOS GRUPOS EM GEORGES LAPASSADE Priscila Melillo de Magathaes Apresentagio Fste trabalho é fruto de uma primeira leitura de Georges Lapassade e, ainda assim, rpida e incompleta Consideramos que deveré ser amadurecido e revisto, principal- mente no sentido de melhor localizar o autor dentro das diversas correntes que hoje travam a luta teérica dentro do marxismo e entre estas e os “supra-marxistas” © artigo esté dividido em duas partes. Na primeisa, fazemos uma exposic&o das principais teses do autor, agrupadas em trés t6- picos: 1 —A dialética dos grupos, organizagées e instituigdes. 2 — Burocracia x autogestio 3 — Evolugiio da noco de instituicao © das formas de inter- vengao. Os dois primeiros itens refletem as concepedes de Lapassade entre 1963 ¢ 1971, com base nos seus livros: Grupos, Organizacdes ¢ Instituigdes e Chaves da Sociologia, escrito com René Lourau. No terceiro t6pico, nos referimos A cvolugGo de seu pensamento de 1971 a 1974, sob a influéncia dos desenvolvimentos teéricos da corrente de psicoterapia institucional e de uma retomada das teses de W. Reich. © cardter muito extenso, disperso ¢ carregado de citagdes dessa exposigto & também expresso de nosso conhecimento superficial do 107 contexto da Iuta tebrica e politica onde esses textos se inserem A partir de um aprofundamento critico sobre as posigdes do autor, seria talvez possfvel chegar a uma sintese mais pessoal ¢ de maior unidade interna. ‘As “Consideragies Criticas” que esbocamos na segunda parte so apenas iniciais. Estao formuladas de maneira simplificada e simplista, pouco fundamentadas. Necessitam, elas mesmas, serem a meu entender criticadas e discutidas para poderem ser desenvolvidas I — As principais teses de Georges Lapassade 1. A dialética dos grupos, organizagées e instituigdes Afirma Lapassade cm seu livro sobre os Grupos, Organizagdes € Instituigdes: “Existe uma relagio de interdependéncia entre os conceitos de grupo, de organizacaio e de instituicdio, assim como existe tal relagdo entre os niveis da realidade social que esses con- coitos visariam a definis” * Descrevendo, do ponto de vista tépico e dindmico, essa relacdo, considera: “€O primeiro nivel 6 0 do grupo. Definir-se-4 assim o nivel da ‘basc’ ¢ da vida quotidiana, A unidade de base é a oficina, o escrit6rio, a classe. E nesse nivel que se situa a pratica socioanalitica da andlise e da intervencdo Nesse nivel do sistema social, j6 existe a instituigao: bordrios, rit- mos, normas de trabalho, sistemas de controle, estatutos ¢ papéis cuja fungio ¢ manter a ordem, organizer o aprendi- zado ¢ a produco. Essas normas de trabalho, na oficina, exprimem diretamente, como o diz Marx, 0 comando do capital na empresa.” “O que se passa nessas unidades de base... ndo pertence apenas & andlise psicossociolégica”, ou seja, “A tentativa de reduzir o sistema social & soma das interagdes internas que nele se produzem Na base da sociedade, as relagdes 1. Lapassade, G, Grupos, Organizagdes e Instituigdes, Francisco Alves Ed. SA, Rio de Janeiro, 1977. 108 humanas sio regidas por instituighes: sob a superficie das relagdes humanas (e desumanas) hé as relagdes de produ- so, de dominimo, de exploragao” * “O poder do Estado esté presente, embora encoberto, na oficina ¢ na sala de atlas £ neste mesmo nfvel de base que cabe situar a famflia, a instituicto da afetividade e da sexualidade, a otganizagio exogimica dos sexos, a primeira divisio do trabalho, a primeira forma de relagio entre as idades, entre as geragies.” “O segundo nivel é 0 da organizacio. E o nivel da fé& brica em sua totalidade, da universidade, do estabelecimento administrative. E nesse nivel, da organizacio, grupo de grupos, que se faz a mediacio entre a base (a sociedade civil) © o Estado” o nivel “dos aparelhos, de ligacbes, da transmissao de ordens; nivel da organizacao burocratica ” “O terceiro nivel 6 0 da instituigio, desde que se mantenha para esse termo sua significacdo habitual. . ao nivel juri- dico © politico e nao o sentido mais amplo dado por Durkheim para o qual “as instituigdes definem tudo o que est “estabelecido”, .. 0 conjunto do que esta “instituido” # o nivel do Estado que faz a Lei, que confere as insti- tuiges forca de lei Na sociedade que ainda é a nossa, 0 que “institui” esté do lado do Estado, no topo do sistema A “base”... 6, ao contririo, institufda pela capula, com excegio dos periods de crise revolucionéria. Quando se suspende a repressio da cipula sobre a base, a capacidade instituidora desperta nas unidades de base Liberta-se a pa- lavra social Tora-se possivel a criatividade coletiva. In- ventam-se em todo Iugar novas instituigdes que ja nao sao ou néo sio, ainda, instituighes dominantes, marcadas pelo dominio do Estado” * Essas consideragées 0 conduzem a ultrapassar a dinimica de grupo como forma de intervencio, com base em que “a origem e o sentido do que se passa nos grupos humanos nfo devem ser buscadas apenas no que aparece no nivel visivel, do que se chama a dindmica do grupo. Nesses gru- pos. hé uma dimensio oculta, nfio analisada e, portanto, determinante: a dimens§o institucional” 4, 2 Wid, p 4 3. Ibid, p 1S 4. Ibid, p13. 109

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