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Planejamento de
Projetos Sociais
ISBN: 978-85-387-0137-8
CDD 330.015195
Políticas públicas....................................................................................................71
Políticas públicas: noções gerais..........................................................................................................71
Áreas e setores das políticas públicas................................................................................................77
Ciclo das políticas públicas....................................................................................................................78
Políticas sociais.......................................................................................................85
Políticas sociais: noções gerais.............................................................................................................85
Objetivos e população destinatária e políticas sociais no Brasil..............................................87
Gabarito.................................................................................................................. 191
Referências............................................................................................................ 209
Boa leitura!
Aspectos teóricos
Planejamento é um processo político e técnico que envolve ética, uma vez que
significa realizar um empreendimento que antecipa um cenário desejável e traça obje-
tivos diante de situações consideradas como negativas em termos sociais, econômicos,
culturais e políticos. Quer dizer, situações que são vistas por atores sociais significati-
vos (gestores públicos, movimentos sociais, mídia, entre outros) como necessitando e
sendo passíveis de intervenção para a obtenção de mudanças. O escopo da interven-
ção, a direção e o alcance da mudança dependem tanto de capacidade técnica, recur-
sos humanos, materiais e financeiros disponíveis, como de aspectos legais, culturais e,
sobretudo, da correlação de forças políticas que estão em jogo.
A partir de meados dos anos 1970, a crise fiscal e reestruturação produtiva nas
sociedades imprimiram uma reformatação dos diferentes tipos de Estado social co-
nhecidos. Esta conjuntura trouxe o ressurgimento de inseguridades sociais, riscos
de privatização dos recursos públicos e de destituição do caráter político da questão
social que poderia passar a ser objeto privilegiado da filantropia ou de solidariedades
particulares e não de sólidas políticas sociais (KAUCHAKJE, 2005). Porém, acarretou,
também, “a ideia de participação popular no processo político, nas decisões de Gover-
no, no controle da Administração Pública. Com isto, é possível falar-se em Estado de
Direito Social e Democrático” (DI PIETRO, 1998, p. 2).
três diferenças internas neste tipo de abordagem teórica, de acordo com qual
etapa os autores considerariam primordial: 1. no processo de planejamento o
principal seria o processo de elaboração de planos, composto pelas etapas de
decisão política, análise de situações e de indicadores socioeconômicos, legis-
lação, formação de equipe e avaliação dos resultados; 2. a maior importância
está, de fato, nas etapas do processo de elaboração de planos, porém seria
necessário prestar especial atenção aos momentos de implementação e exe-
cução, pois são eles que, a despeito do que foi planejado, podem determinar
o seu sucesso ou não; 3. a centralidade estaria na etapa de monitoramento da
implementação e execução de tudo que foi planejado anteriormente;
2
Sobre tipos de conselhos ver Gohn (2001) e Tatagiba (2002). Sobre exemplos de políticas e programas sociais participativos ver Pochmann (2003).
3
Ver Lei Orgânica da Saúde (LOS), Lei de Diretrizes e Bases para a política de educação (LDB); e Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS).
4
Em meados do século XIX há entre conservadores e socialistas, ainda que com antagônicas motivações, uma crença inabalável no progresso, e que o mundo
estaria ou poderia transformar-se em melhor para todos. Um dos fatores para isto era “o controle do homem sobre as forças da natureza” possibilitado pela
ciência e o desenvolvido tecnológico-industrial (HOBSBAWM, 2005, p. 411). A crença nas possibilidades transformadoras da ação intencional do homem,
correspondente às condições materiais e forças produtivas, é expressa, por exemplo, por Marx em 1845: “Os filósofos se limitaram a interpretar o mundo, dife-
rentemente, cabe transformá-lo” (MARX, 1978, p. 53).
5
Segundo Löwy (1999, p. 69) o historicismo “parte de três hipóteses fundamentais: 1. qualquer fenômeno social, cultural ou político é histórico e só pode ser
compreendido dentro da história, através da história, em relação ao processo histórico; 2. existe uma diferença fundamental entre os fatos históricos ou sociais
e os fatos naturais. Em consequência, as ciências que estudam estes dois tipos de fatos, o fato natural e o fato social, são ciências de tipos qualitativamente
distintos; não só o objeto da pesquisa é histórico, está imergido no fluxo da história, como também o sujeito da pesquisa, o investigador, o pesquisador, está,
ele próprio, imerso no curso da história, no processo histórico”.
6
Para aprofundar estudos sobre Estado Social ver Draibe (1989, 1991). Para um panorama histórico sobre planificação e regimes políticos ver Tavares dos
Santos (2001).
Seja nas variantes antagônicas dos regimes políticos citados, seja num ou noutro
sentido de controle social, planejamento social articula-se a um projeto societário e a
uma visão de mundo que os envolvidos no processo imprimem e expressam em seus
planos de políticas e projetos sociais, conforme pôde ser observado nas correntes teó-
ricas sobre planejamento. O planejamento é expressão da convicção de que é possível
participar do direcionamento da experiência pessoal e social.
Creio que, hoje, o que se perdeu – e isso é o mais grave – é a ideia de apelar para o planejamento.
O homem sempre age a partir de hipóteses. Qualquer um de nós formula hipóteses com relação
ao futuro de sua vida. Uma empresa precisa mais ainda formular essas hipóteses, e quanto mais
complexa é a situação, maiores os riscos. No caso de um país, a coisa se agrava. [...] abandonar a ideia
de planejamento é renunciar à ideia de ter governo efetivo.
Em várias partes do mundo desde pelo menos o final do século XIX, ao longo do
século XX e primeiros anos do novo milênio estes preceitos e características do plane-
jamento de políticas públicas e projetos sustentaram as garantias de direitos (especial-
mente saúde, educação, moradia, culturais e econômicos e relacionados ao mundo do
trabalho), mas, também, possibilitaram trágicos exemplos de centralização autoritária e
violação de direitos (em regimes autoritários com supressão das liberdades civis).
Domínio público.
das cidades europeias e a pauperizaçao dos trabalhadores
são fenômenos relacionados ao modo de industrialização no
capitalismo. A questão urbana manifesta-se como questão
social nos fenômenos da segregação espacial, pobreza, pre-
cário saneamento, insuficiência de serviços de saúde e mo-
radia e nos movimentos dos trabalhadores, por exemplo.
Hulton Archive.
as demandas tanto de grupos conservadores que almejavam
a manutenção da ordem social e econômica (como medida
para prevenir a desestruturação da coesão e moralidade vi-
gentes, isto é, da integração e adesão da população aos va-
lores e normas imperantes) como, também, de movimentos
populares e socialistas pela conquista de direitos sociais.
7
O termo Estado Social está sendo utilizado como sinônimo de Estado de Bem-Estar Social.
Com isso emerge uma nova modalidade de planejamento na qual estão presen-
tes arranjos de gestão em parceria com empresas e com o Terceiro Setor10; a gestão pú-
blica democrática permeada pelos mecanismos de participação social; e a articulação
de redes locais e globais. Nessa modalidade, o Estado figura como um dos componen-
tes entre outros atores sociais, ainda que um componente privilegiado em termos dos
recursos e competências no âmbito da legislação e planejamento de políticas.
O Brasil participa deste movimento histórico geral com peculiaridades. Por exem-
8
Castel (2001) analisou a queda da oferta de empregos formais e seus efeitos sociais e políticos. Para o autor, a partir de 1980 estaria iniciando a era do fim da
sociedade salarial, isto é, assentada no trabalho assalariado e protegido pela legislação trabalhista.
9
Isto não significa que o Estado tenha perdido esta capacidade ou mesmo que tenha deixado de implementar formas de planejamento de políticas, significa
apenas que o ambiente ideológico denominado de neoliberal que foi hegemônico, especialmente entre 1970 e 1990, aliado à reestruturação produtiva e à
globalização da economia e do setor financeiro, levou à deslegitimação ou descrédito no papel e na responsabilidade do Estado no planejamento econômico e
social. Cabe ainda observar que neoliberalismo é uma ideologia e um prática que se baseia na liberdade econômica de livre mercado e na redução de políticas
e projetos sociais governamentais. Sobre a discussão conceitual sobre neoliberalismo no campo das políticas sociais recomenda-se a leitura de Draibe (1991).
10
As organizações da sociedade podem ser divididas em: Primeiro Setor – organizações principalmente de direito público, restritas ao Estado; Segundo Setor –
organizações de direito privado, especialmente ligadas ao mercado como empresas privadas de comércio, indústria e financeiras; Terceiro Setor – organizações
de direito privado, sem fins lucrativos, que realizam ações de interesse público, tais como as ONGs (organizações não governamentais).
11
O liberalismo enquanto ideologia e campo teórico da política e da economia, especialmente, prima por valores ligados às liberdades. Isto é, liberdade eco-
nômica, liberdade de expressão, liberdade de religião, liberdade para expressar posições políticas, entre outras. Teóricos liberais clássicos, desde o século XVII,
como Locke, Tocqueville e Stuart Mill, influenciaram a concepção dos direitos civis (direito à vida e às liberdades) sendo que este ideário permeou a Revolução
Americana (EUA) de 1774-1787 e a Revolução Francesa de 1789, bem como está contido na Declaração dos Direitos do Homem de 1789 e da Declaração dos
Direitos Humanos de 1948. Atualmente, partidos políticos, Estados e posições políticas democráticas (seja da democracia de esquerda ou de direita) têm no
liberalismo um de seus fundamentos. Os movimentos liberais como visto, foram revolucionários e ainda podem ser em alguns contextos, porém, hoje existe,
também, o reducionismo dos valores e práticas liberais, entendidos apenas como liberdade de mercado/sociedade de mercado, o que seria uma concepção
conservadora da ordem social.
12
Sobre o Plano Diretor e Estatuto da Cidade ver o site <www.cidades.gov.br>.
O planejamento é um processo político e uma técnica social. Aliar esta dupla ca-
racterística com o horizonte de construção de uma sociedade justa requer tanto uma
metodologia como uma cultura política a favor do planejamento democrático.
TEXTO COMPLEMENTAR
A racionalidade do planejamento
13
Políticas de caráter redistributivo são aquelas que transferem recursos de um setor ou segmento da sociedade para outro, como os programas de transfe-
rência de renda aos moldes do Programa Bolsa Família (Brasil) ou de tipo Renda Mínima (França).
Portanto, a decisão de planejar, [...] é uma decisão política que pressupõe aloca-
ção de recursos para sua realização.
construção/reconstrução do objeto;
estudo da situação;
definição de objetivos para a ação;
formulação e escolha de alternativas;
montagem de planos, programas e/ou projetos;
implementação;
Estudo de situação
Diagnóstico
Reflexão Estabelecimento de prioridades
Estudo de viabilidade
Propostas alternativas
Anteprojetos
Implementação Roteiros
Implantação Rotinas
Ação
Execução Normas/Manuais
Controle Relatórios
ATIVIDADES
Elaboração e Planejamento de Projetos Sociais
Questão social
Pobreza, desigualdade social, agravos sociais para a saúde, desemprego, condi-
ções de moradia abaixo do patamar do que seria digno num contexto social, infância e
velhice desassistidas, exploração do trabalho e expropriação do produto do trabalho;
precário acesso ao patrimônio cultural; dificuldade de aquisição de alimentos que ga-
rantam a nutrição, são condições e situações sociais conhecidas e experienciadas de
formas diversas ao longo da história.
São fenômenos que em si mesmos não se configuram como questão social, pois
para isto há a necessidade de uma conjunção de fatores culturais, políticos e econô-
micos que façam com que a própria sociedade indague sobre as razões e os meios de
debelar, controlar ou minimizar tais situações. Em outras palavras, para que seja reco-
nhecido como questão social, e uma de suas expressões, um fenômeno social precisa
ser desnaturalizado, quer dizer, seus fatores, geradores e possíveis soluções buscados
nas próprias relações sociais e não em justificativas exteriores a elas.
Carências, por sua vez, são produtos de relações sociais nas quais processos de
estratificação social (por sexo, etnia, casta, classe, entre outros) privam ou dificultam
o acesso de alguns grupos sociais e coletividades aos recursos e meios para satisfa-
zer as necessidades colocadas por seu tempo e sociedade. Os exemplos a seguir são
ilustrativos:
Carla Sozzani.
com qualidade nutricional, mas como
fruto das relações sociais locais e glo-
bais grupos sociais estão em situação
de carecimento, isto é, no mundo exis-
tem cerca de 863 milhões de pessoas
(FAO, 2008) subnutridas;
Art. 18
Todo ser humano tem direito à liberdade de pensamento, consciência e religião; este direito inclui
a liberdade de mudar de religião ou crença e a liberdade de manifestar essa religião ou crença, pelo
ensino, pela prática, pelo culto e pela observância, em público ou em particular.
Art. 19
Todo ser humano tem direito à liberdade de opinião e expressão; este direito inclui a liberdade de,
sem interferência, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir informações e ideias por quaisquer
3
Ver íntegra da Declaração dos Direitos Humanos no site da ONU: <www.onu-brasil.org.br>.
Domínio público.
e carências (necessidades humanas partilhadas por
todos sendo diferente das carências sociais que por
razões calcadas na própria sociedade – razões não
naturais ou de ordem sobrenatural – seriam encargo
de grupos sociais específicos), portanto, faz parte de
um processo social que se intensificou a partir das
lutas igualitárias e por direitos do século XIX que ex-
Revolução Francesa.
pressavam demandas sociais. Ao mesmo tempo, os
próprios movimentos sociais foram questionando e formando a diferenciação entre
necessidade e carência, mediada pela noção dos direitos.
Trata-se aqui do processo de construção dos direitos a partir das chamadas re-
voluções gêmeas (HOBSBAWM, 2005), isto é, a revolução política (Revolução France-
sa, no século XVIII) e a revolução econômica (cuja emergência remonta ao século XVII
especialmente na Inglaterra) que esteve conjugada aos ideais liberais4 de liberdade e
cidadania civil.
Tais direitos são problematizados pelas lutas sociais que criticam a contradição entre
as péssimas condições de vida e trabalho num período de crescimento econômico e rei-
vindicam legislação trabalhista e direitos sociais (como habitação, educação, saúde) jun-
tamente com as liberdade civis e a participação política. Engels (1987 apud Hobsbawm,
2005, p. 255) ilustra o que seria o ambiente da Inglaterra do século XIX:
Um dia andei por Manchester com um destes cavalheiros da classe média. Falei-lhe das desgraçadas
favelas insalubres e chamei-lhe a atenção para a repulsiva condição daquela parte da cidade em
que moravam os trabalhadores fabris. Declarei nunca ter visto uma cidade tão mal construída em
Elaboração e Planejamento de Projetos Sociais
minha vida. Ele ouviu-me pacientemente e na esquina da rua onde nos separamos comentou: E
ainda assim, ganham-se fortunas aqui. Bom dia, senhor!
4
Ver autores no campo da teoria liberal clássica: Locke, Tocqueville, Stuart Mill, por exemplo.
Por um lado, a questão social era objeto das lutas sociais, e por outro, as elites po-
líticas e econômicas viam nestas lutas um perigo à ordem social, e como tais deveriam
ser combatidas (seja de forma repressiva ou pelo atendimento de parte de suas reivin-
dicações por meio de legislação e políticas sociais) – isto é, os próprios movimentos
sociais eram tidos como uma das expressões da questão social. Em síntese,
Originalmente, a chamada questão social constitui-se em torno das grandes transformações
econômicas, sociais, políticas, ocorridas na Europa do século XIX e desencadeadas pelo processo
de industrialização. Essa questão assentou-se basicamente, na tomada de consciência [...] de
um conjunto de novos problemas, vinculados às modernas condições de trabalho urbano, e do
pauperismo como um fenômeno socialmente produzido. Assim, se a pobreza, nas sociedades pré-
industriais, era considerada um fato natural e necessário para tornar os pobres laboriosos e úteis à
acumulação de riquezas [...], agora ela deveria ser enfrentada e resolvida para benefício, inclusive,
do progresso material em ascensão. Tal tomada de consciência foi despertada pela constatação do
divórcio existente entre o crescimento econômico e o aumento da pobreza, de um lado, e entre [...]
reconhecimento dos direitos do cidadão e uma ordem econômica negadora destes direitos, por
outro lado. (PEREIRA, 1999, p. 51)
De toda forma, a emergência da questão social fez com que o planejamento de polí-
ticas sociais ocupasse um lugar central na dinâmica das relações entre Estado e sociedade.
Embora pudesse haver maior concordância sobre a importância do planejamento, houve
e há posições diversas e divergentes sobre políticas e serviços públicos, tais como:
os atores sociais que veem as políticas e projetos sociais como uma forma de
assegurar direitos como estratégia de acúmulo de forças e de condições para
a constituição de um futuro projeto alternativo de sociedade9.
5
Cabe lembrar que uma legislação social relativa a regular o mundo do trabalho é formatada, especialmente na Inglaterra, desde o final do século XV e no
século XVI. Estas leis obrigam ao trabalho, reprimem os “vagabundos e esmoleiros” e favoreceram o avanço do capitalismo e a própria Revolução Industrial
(MARX, 1983; CASTEL, 2001). No Brasil, após os anos 1930 até ao menos a década de 1980, para se mostrar digno dos direitos de cidadania e de tratamento
respeitoso era preciso apresentar a carteira de trabalho antes que a “carteira de identidade”. A isto Santos (1979) chamou de cidadania regulada.
6
Ver Indicadores sociais do IBGE – Instituo Brasileiro de Geografia e Estatística. Disponível em: <www.ibge.gov.br>.
7
O Estado de Bem-Estar Social é caracterizado pelo planejamento e financiamento de políticas e oferta de serviços públicos e, ao mesmo tempo, de um alto
nível de consumo que mantém aquecida a economia. Ver Draibe (1989).
8
Uma das interpretações sobre políticas e projetos sociais é que ele permite que a reprodução do trabalhador tenha um custo baixo para o empregador, au-
mentando as condições de sua acumulação, pois a educação pública, a saúde pública e a moradia popular, por exemplo, são financiadas pela sociedade como
um todo, via tributação, enquanto que a acumulação de capital e seu usufruto são privados. No Brasil, aliás, há demandas pela reforma tributária para diminuir a
evasão e a injustiça fiscal. Segundo Brami-Celentano e Carvalho (2007, p.10) os objetivos da justiça fiscal/social seriam “o aumento da tributação sobre as rendas
mais altas e sobre o patrimônio, a redução da tributação incidente sobre o consumo da maioria da população e a desoneração da folha de salários”.
9
Esta é a posição de partidos e setores de esquerda que optam pelo jogo democrático e participação no Estado em cargos legislativos e executivos.
10
Interessante conhecer a legislação social como: Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB); Lei Orgânica da Saúde (LOS); Lei Orgânica da Assistência Social
(LOAS), entre outras disponíveis nos sites oficiais dos Ministérios da Educação, da Saúde e da Assistência Social.
(HOFFMANN, 2000)
40% mais pobres 7,4
Estes dados fornecem subsídios para o debate sobre programas e projetos que prio-
rizam segmentos populacionais e situações sociais (tais como os programas Bolsa–Esco-
la, Bolsa Família, e Programa de Erradicação do Trabalho Infantil13) e os riscos que trazem
para a universalização dos direitos sociais. Isto porque o princípio da universalização
significa que uma política não se destina a grupos sociais específicos, mas independente
de qualquer fator de classe, etnia, religião, sexo, idade, renda etc., ela se destina e afeta a
Elaboração e Planejamento de Projetos Sociais
TEXTO COMPLEMENTAR
[...] a sociedade brasileira sempre teve, para o bem ou para o mal, a questão
social no seu horizonte político. É uma sociedade na qual sempre existiu uma cons-
ciência pública de uma pobreza persistente – a pobreza sempre apareceu no dis-
curso oficial, mas também nas falas públicas de representantes políticos e de lide-
ranças empresariais, como sinal de desigualdades sociais indefensáveis [...]. Tema
que exclui as maiorias, um lugar que proclama a realização da justiça social, mas
bloqueia os efeitos igualitários dos direitos na trama das relações sociais. [...]
ATIVIDADES
quem são as pessoas que vivenciam esta situação (se possível coloque os
números e dados estatísticos);
quais ações, políticas, projetos sociais estão sendo realizados para intervir
nesta situação/expressão da questão social;
Lembre-se: não copie textos de sites da internet ou dos jornais, escreva as infor-
mações com suas próprias palavras.
Segundo, que os direitos quando já reconhecidos, inclusive nas leis, podem ser
fragilizados ou negados na realidade, ou mesmo, pode haver um retrocesso na própria
legislação. Em outras palavras, direitos não são fixos ou garantidos sem risco depois de
conquistados, ao contrário, sofrem revezes, perdas, mas também, podem ser amplia-
dos na dinâmica histórica das relações sociais.
Portanto, é importante frisar que os direitos são construções históricas, isto é, são
concebidos de acordo com condições e forças sociais, políticas, econômicas e culturais vi-
gentes numa determinada época e sociedade. Todavia, a despeito de serem contextuais,
para as sociedades que vivenciaram os “ecos da Marselhesa” 3 e experimentaram movi-
mentos sociais por liberdades e seguranças sociais, alguns direitos têm caráter universal.
afirma que “o fim de toda associação política é a conservação dos direitos naturais e
imprescritíveis ao homem” 5.
O período das duas grandes Guerras Mundiais, entrecortado pela quebra da Bolsa
de Valores de Nova York, em 1929 e a subsequente depressão econômica que se ir-
radiou por outros países, demonstrou o quão frágil eram os direitos e suas garantias
locais e internacionais. No pós-guerra a comunidade internacional organizou um siste-
ma internacional de proteção aos direitos humanos, centralizado na ONU – Organiza-
ção das Nações Unidas6 – e promulgou em 1948 a Declaração dos Direitos Humanos7.
§2. As medidas que cada Estado-membro no presente Pacto tomará, a fim de asse-
gurar o pleno exercício desse direito, deverão incluir a orientação e a formação técnica
e profissional, a elaboração de programas, normas técnicas apropriadas para assegurar
um desenvolvimento econômico, social e cultural constante e o pleno emprego pro-
dutivo em condições que salvaguardem aos indivíduos o gozo das liberdades políticas
e econômicas fundamentais.
6
A própria ONU é institucionalizada como decorrência da “consciência [...] de uma necessidade histórica e moral em se associarem os Estados num fórum
comum de discussão e resolução de problemas e interesses comuns a toda Humanidade, como sendo a manutenção da paz e a promoção da cooperação
internacional nas questões econômicas e sociais. De fato, a introdução de mecanismos jurídicos de negociação multilateral como forma de salvaguarda de uma
segurança coletiva e, consequentemente, a paz...” (XAVIER, 2005, p. 25).
7
Para ler a Declaração na íntegra acessar o site da ONU: <www.un.org/spanish/hr/>.
8
O texto completo do Pacto dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais pode ser encontrado em: <http://www.dudh.org.br/>.
manos são anteriores ao Estado e ultrapassam suas fronteiras, pois o sentido da dig-
nidade está ligado ao da autonomia, que para Comparato (1997, p. 27) seria dos seres
humanos “para ditar suas próprias normas de conduta” ou a “aptidão para formular as
próprias regras de vida”.
As situações sociais impostas a uma pessoa ou coletividade que ferem sua autono-
mia e o desenvolvimento de suas capacidades são formas de negação de sua dignidade.
Um exemplo desta situação, inclusive que é geradora de destituições de outros direitos,
é a pobreza9 compreendida como “negação das escolhas e oportunidades básicas para
9
De acordo com o Relatório do Desenvolvimento Humano de 1997 – item Glossário “uma linha de pobreza estabelecida em um dólar norte-americano por dia
é utilizada pelo Banco Mundial para comparações internacionais. Esta linha de pobreza baseia-se no consumo de bens e serviços. É sugerida para a América
Latina e Caribe uma linha de pobreza de dois dólares norte-americanos por dia. Para a Europa do Leste e repúblicas da antiga União Soviética, tem sido usada
uma linha de pobreza de quatro dólares norte-americanos por dia. Para a comparação entre países industrializados, tem sido usada uma linha de pobreza
correspondente à dos Estados Unidos, que é de 14,4 dólares por pessoa por dia”.
Neste sentido,
O processo de alargamento das escolhas das pessoas e o nível de bem-estar que atingiram estão
na essência da noção de desenvolvimento humano. Tais escolhas não são finitas nem estáticas.
Mas independentemente do nível de renda, as três escolhas essenciais se resumem à capacidade
para ter uma vida longa e saudável, adquirir conhecimentos e ter acesso aos recursos necessários
a um padrão de vida adequado. O desenvolvimento humano, contudo, não acaba aí. As pessoas
também dão grande valor à liberdade política, econômica e social, à oportunidade de ser criativo e
produtivo, ao respeito próprio e aos direitos humanos garantidos. A renda é um meio, tendo como
fim o desenvolvimento humano. (Relatório do Desenvolvimento Humano – Glossário da Pobreza e
Desenvolvimento Humano, 1997)
Desenvolvimento humano
Uma das vertentes do desenvolvimento humano é o desenvolvimento social,
cujo núcleo está na superação das desigualdades sociais. Por um lado, a desigualda-
10
Recomendo a leitura do livro de Ishay (2006) que apresenta uma compilação das principais Declarações e Documentos Internacionais relativos aos direitos
humanos, incluindo a Declaração sobre o Direito ao Desenvolvimento de 1986.
11
O Relatório do Desenvolvimento Humano de 1997 – item Glossário esclarece que o Índice de Desenvolvimento Humano – IDH, é “um índice composto,
mede as realizações médias de um país por meio de três dimensões básicas do desenvolvimento humano: longevidade, conhecimento e padrão de vida ade-
quado. As variáveis utilizadas para indicar estas três dimensões são a expectativa de vida, o nível educacional (alfabetização de adultos e escolaridade conjunta
dos ensinos primário, secundário e superior) e o Produto Interno Bruto (PIB) real per capita”.
12
Ver indicadores do IBGE <www.ibge.gov.br> e dados do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento – PNUD Brasil (<www.pnud.org.br>).
13
Entendendo empoderamento como “um processo de reconhecimento, criação e utilização de recursos e de instrumentos pelos indivíduos, grupos e co-
munidades [...] que se traduz num acréscimo de poder – psicológico, sociocultural, político e econômico – que permite a estes sujeitos aumentar a eficácia do
exercício da sua cidadania” (PINTO, 2008).
Neste sentido, em 2000, os 191 Estados–membros das Nações Unidas (ONU), entre
eles o Brasil, assumiram elaborar políticas e projetos para alcançar alguns objetivos de
desenvolvimento até o ano de 2015: os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio15:
14
O Relatório do Desenvolvimento Humano de 1996 identifica cinco exemplos de crescimento com aspectos negativos para o desenvolvimento humano,
ou seja, crescimento com aspectos negativos para os direitos humanos: “crescimento sem emprego – a economia em geral cresce, mas falha na expansão
das oportunidades de emprego; crescimento desumano – os ricos tornam-se mais ricos e os pobres não obtêm nada; crescimento sem direito a opinião – a
economia cresce, mas a democracia/participação da maioria da população não é respeitada; crescimento desenraizado – a identidade cultural é submergida
ou deliberadamente anulada pelo governo central [...]; crescimento sem futuro – os recursos desperdiçados pela geração atual, que irão ser necessários às
futuras gerações”.
15
Ver os seguintes sites sobre os Objetivos do Milênio: <www.pnud.org.br/odm> e <www.un.org/millennium/>.
mil pessoas são infectadas pelo vírus HIV e 5,7 mil morrem em
consequência da Aids – a maioria por falta de prevenção e tra-
tamento. [...] só 28% do número estimado de pessoas que ne-
cessitam de tratamento o recebem. A malária mata um milhão
de pessoas por ano, principalmente na África. Dois milhões morrem de tuber-
culose por ano em todo o mundo”. No Brasil há 620 mil pessoas infectadas.
O país foi o primeiro dos países “em desenvolvimento a proporcionar acesso
universal e gratuito para o tratamento de HIV/AIDS na rede de saúde pública”.
46 Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A,
mais informações www.iesde.com.br
Garantir a sustentabilidade ambiental
16
O G-20 é um grupo de países em desenvolvimento criado em 20 de agosto de 2003 para a defesa de seus interesses em negociações internacionais,
especialmente comerciais. De acordo com o Ministério da Fazenda do Brasil (<www.fazenda.gov.br/portugues/menu/g-20.asp>) em 2008, “o Brasil preside o
Grupo dos vinte ministros da Fazenda e presidentes de Bancos Centrais (G-20), fórum que objetiva promover o debate sobre aspectos relevantes à estabilidade
econômica global e ao fortalecimento da cooperação econômico-financeira internacional. O G-20 reúne 19 países de economias desenvolvidas e emergentes:
África do Sul, Alemanha, Arábia Saudita, Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, China, Coreia do Sul, Estados Unidos, França, Índia, Indonésia, Itália, Japão, México,
Reino Unido, Rússia e Turquia. A União Europeia também é membro [...]. O Diretor-Gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI) e o presidente do Banco
Mundial também participam [...] das reuniões”.
17
O Ministério da Saúde (<www.aids.gov.br/>) divulga que “o Brasil foi um dos primeiros países em desenvolvimento a fornecer tratamento universal com
medicamentos antirretrovirais à sua população (desde 1996). Entendendo, então, que o acesso ao tratamento é um direito humano e que muitos países ne-
cessitam de apoio para alcançá-lo, o Brasil lançou, em 2002, o Programa de Cooperação Internacional para Ações de Controle e Prevenção do HIV para Países
em Desenvolvimento (PCI)...”.
TEXTO COMPLEMENTAR
[...]
[…]
Art. 2.º.
Todo ser humano tem capacidade para gozar os direitos e as liberdades estabe-
lecidos nesta Declaração, sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo,
idioma, religião, opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou social,
riqueza, nascimento, ou qualquer outra condição.
Art. 3.º.
[...]
Art. 17.
Art. 18.
2
Seleção realizada pela autora dos artigos 1, 2, 3, 17, 18, 19, 21, 22, 23, 25 e 27. Declaração na íntegra disponível em: <www.dudh.org.br/index.
php?option=com_content&task=view&id=49&Itemid=59>.
Todo ser humano tem direito à liberdade de opinião e expressão: este direito
inclui a liberdade de, sem interferência, ter opiniões e de procurar, receber e transmi-
tir informações e ideias por quaisquer meios e independentemente de fronteiras.
[...]
Art. 21.
Todo ser humano tem o direito de fazer parte do governo de seu país direta-
mente ou por intermédio de representantes livremente escolhidos.
Art. 22.
Todo ser humano, como membro da sociedade, tem direito à segurança social,
à realização pelo esforço nacional, pela cooperação internacional e de acordo com a
organização e recursos de cada Estado, dos direitos econômicos, sociais e culturais
indispensáveis à sua dignidade e ao livre desenvolvimento da sua personalidade.
Art. 23.
1. Todo ser humano tem direito ao trabalho, à livre escolha de emprego, a con-
dições justas e favoráveis de trabalho e à proteção contra o desemprego.
Art. 25.
[...]
Art. 27.
Art. 2.°.
Art. 3.º.
ATIVIDADES
Elaboração e Planejamento de Projetos Sociais
b. b) por quê?
Atores sociais
Os principais atores sociais1 envolvidos no planejamento e implementação de
políticas e projetos sociais são: 1. Estado; 2. empresas com responsabilidade social; 3.
organizações não governamentais (ONGs); 4. conselhos gestores de políticas e 5. mo-
vimentos sociais.
2
Para aprofundar o conhecimento sobre as Organizações Não Governamentais (ONGs) e Terceiro Setor ver Lei n. 9.637 de 15 de maio de 1998.
3
Sobre classificações e diferenciações entre as Organizações Não Governamentais ver Gohn (2000); Scherer-Warren (2006); e Kauchakje (2007).
4
Ver<www.fase.org.br/_fase/pagina.php?id=4>.
Alexandre Silva.
5
Lei 9.790/99.
5. Os movimentos sociais são uma forma de ação coletiva cujo objetivo é organizar
e expressar demandas sociais e políticas para a defesa de interesses de grupos e
Elaboração e Planejamento de Projetos Sociais
6
Sobre tipos de conselhos ver Gohn (2001), Tatagiba (2002) e Kauchakje (2002).
7
Algumas informações no site <www.cmdiadema.sp.gov.br/blogs/index. php?blog=5&title=conselho_popular_de_saude_toma_posse_hoj_28&more=1&c
=1&tb=1&pb=1>.
60 Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A,
mais informações www.iesde.com.br
Os direitos sociais e a responsabilidade
dos atores sociais
Ao longo dos principais marcos históricos das sociedades que adotaram alguma
forma de planejamento social, observa-se que no final do século XIX e, sobretudo,
entre 1940 e 1970, o ator principal no processo de planejamento, elaboração e im-
plementação de políticas e projetos sociais foi o Estado; nas décadas de 1980 e 1990
houve um ambiente de descrédito quanto à regulação e intervenção social do Estado,
sendo que a ênfase recaiu sobre as ações sociais da sociedade civil (especialmente nas
ONGs e nas ações de responsabilidade social de empresas) ou em parceria com esta;
e nos primeiros anos de 2000 há uma tendência para legitimar as políticas e projetos
sociais estatais com a participação da sociedade civil, isto é, nos quais
[...] os atores sociais/sujeitos coletivos presentes na arena política são corresponsáveis na
implementação de decisões e respostas às necessidades sociais. Não é que o Estado perca a
centralidade na gestão social, ou deixe de ser o responsável na garantia de oferta de bens e serviços
de direito dos cidadãos; o que altera é o modo de processar esta responsabilidade. A descentralização,
a participação, o fortalecimento da sociedade civil pressionam por decisões negociadas, por
políticas e programas controlados por fóruns públicos não-estatais, por uma execução em parceria
e, portanto, publicizada. (CARVALHO, 1999, p. 25)
Quer dizer, nos dias de hoje o Estado figura como um dos componentes do pla-
nejamento, elaboração e implementação de política, ainda que um componente privi-
legiado em termos dos recursos e competências no âmbito da legislação e do próprio
planejamento, ou seja, ao Estado compete, ainda quando de forma participativa, legis-
lar e planejar as políticas públicas.
Pode ser observada, inclusive, uma espécie de divisão de tarefas entre o Estado e
as organizações da sociedade civil da seguinte forma:
o mesmo ocorre quando da formulação das políticas, sendo que para algumas
(por exemplo, saúde, assistência social, educação, criança e adolescente) os
conselhos de políticas públicas e de direitos são uma exigência da lei;
8
A sociedade civil possui mecanismos e espaços de participação e controle das ações do Estado como: conselhos, audiência pública, orçamento participativo,
plebiscito, referendo, iniciativa popular, ONGs, além dos movimentos sociais (GOHN, 2001; AVRITZER & NAVARRO, 2003; KAUCHAKJE, 2005a e 2005b).
O Terceiro Setor, embora sem fins lucrativos, não deixa de ser uma atividade econômica pela qual
o desenvolvimento social é concebido como resultado de investimento na área social e cultural.
[...] o Poder Público investe capital para impulsionar as entidades e organizações que se dedicam
à prestação de serviços nas áreas de saúde, educação e assistência social, defesa de direitos de
grupos específicos da população, trabalho voluntário, proteção ao meio ambiente, concessão de
microcréditos e outros [...]
É uma economia de investimentos sociais, subordinados às políticas públicas e, portanto, adstritos
aos princípios públicos da legalidade [...] com práticas de gestão administrativas proibitivas de
obtenção individual ou coletiva, de quaisquer benefícios ou vantagens pessoais dos dirigentes.
(SIMÕES, 2006, p. 433)
Apesar das atividades do Terceiro Setor estarem inseridas legalmente nas políti-
cas públicas, quer dizer, nos direitos dos cidadãos, o repasse de recursos e serviços pú-
blicos para entidades e organizações da sociedade civil pode colocar em risco a base
do Estado de Direito Social e Democrático, ou seja, “de um Estado em que os direitos
fundamentais do homem constituem a própria razão de ser do Estado” (DI PIETRO,
1998, p. 3). Em outras palavras, um Estado que se justifica, em parte, pela proteção de
direitos, inclusive pela oferta pública de serviços sociais à população.
Mas há ainda outro risco que requer atenção para que, de fato, direitos possam
Se isto não fica claro nem para os membros das entidades e organizações sociais,
nem para a população, então a despeito do aspecto legal, na prática das relações so-
ciais os programas e projetos sociais são deslocados para fora do campo dos direitos, e
são interpretados e executados como ajuda e benesse destinadas às pessoas a quem
se nega a cidadania e são tratados como excluídos, marginalizados, necessitados ou
carentes. Como lembra Telles (2000), ajuda é passível de agradecimento, mas direito
pode ser exigido.
Estes arranjos em alianças e redes sociais podem ser vistos como forma de enfrenta-
mento da questão social local (fome, pobreza, migração forçada por perseguições étnicas
ou políticas, desemprego, entre outras) que é gerada pelas políticas e economias locais e
também pela economia e conflitos mundializados.
TEXTO COMPLEMENTAR
São de Direito Privado todas as que são criadas por particulares, a saber: as
Elaboração e Planejamento de Projetos Sociais
São de Direito Público todos os entes instituídos pelo Estado, em nível federal, es-
tadual, municipal ou do Distrito Federal. [...] O conjunto das atividades desenvolvidas
por estes entes constitui o que se denomina do setor público ou estatal [...]. A lei pode
declarar que as atividades de uma pessoa jurídica de Direito Privado sejam de interes-
se público e, por isso, devam ficar subordinadas ao controle do Poder Público. [...]
As sociedades sem fins lucrativos são aquelas cujo objetivo social, expresso em
seus atos constitutivos, é a prática de atos civis não empresariais, sem visar lucro.
[...] Para que assim se configurem [há] uma série de exigências, dentre elas, as mais
importantes, a de não remunerarem, de qualquer forma, direta ou indiretamente, os
seus dirigentes, pelos serviços prestados; e aplicarem integralmente os seus recur-
sos na manutenção e desenvolvimento dos seus objetivos sociais e outros. [...]
As sociedades sem fins lucrativos, embora possam apresentar uma grande di-
As associações, em seu conceito amplo, são [...] organizadas segundo seus es-
tatutos, com a finalidade de atingirem a satisfação de certos interesses sociais não
lucrativos, sejam eles sindicais, religiosos, cooperativistas, políticos, partidários, fi-
lantrópicos, assistenciais, esportivos, artísticos, científicos, habitacionais, de pesqui-
sa ou outros. [...]
A fundação [...] é uma entidade de Direito Privado, sem fins lucrativos, instituí-
da por pessoa particular ou pelo Estado, denominado de instituidor, mediante uma
dotação especial de bens livres, que ficam vinculados a uma determinada finalidade
[...]. Esta finalidade somente poderá ser religiosa, moral, cultural ou de assistência.
[...] costuma-se denominar de pública quando o Estado é seu instituidor; e de priva-
da quando seu instituidor ou fundador é uma pessoa física ou jurídica privada. [...]
Esta atividade, como se vê, não integra as atividades do Terceiro Setor, porque
efetivada por empresas privadas, com fins lucrativos e cujas atividades não são reco-
nhecidas pelo Estado, em regra, como tendo fins públicos.
b. quem são os atores sociais (não se trata aqui de pessoas, mas sim dos no-
mes das organizações e entidades envolvidas no projeto);
Lembre-se: não copie textos de sites da internet ou dos documentos dos proje-
tos sociais, escreva as informações com suas próprias palavras.
Elaboração e Planejamento de Projetos Sociais
Souza (2003) elenca algumas definições que aparecem na literatura sobre o tema
e em autores que abordam o que são políticas públicas: um conjunto específico de
ações do governo que irão produzir efeitos específicos; a soma das atividades dos go-
vernos, que agem diretamente ou através de delegação, e que influenciam a vida dos
cidadãos; o que o governo faz ou decide não fazer, afetando a vida das pessoas.
Bucci (2002, p. 241) explica que políticas públicas são formas de planejamento go-
vernamental visando coordenar os meios e recursos à disposição do Estado, e também
do setor privado e suas atividades, para a realização de objetivos e ações “socialmente
relevantes e politicamente determinados”.
1
De acordo com as leis específicas, o planejamento das políticas de assistência social (LOAS – Lei Orgânica da Assistência social), saúde (LOS – Lei Orgânica da
Saúde) e educação (LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional), por exemplo, deve ser compartilhado e deliberado nos conselhos de políticas.
2
A política econômica de diversos países sofre ingerência de organizações de financiamento internacionais (como BID – Banco Interamericano de Desenvol-
vimento ou Banco Mundial) e do próprio mercado globalizado, por exemplo. A pressão internacional também ocorre para o caso das políticas de energia e
ambientais. Já para o caso de políticas sociais é mais comum a participação de organizações internacionais financiando ou implementando programas e proje-
tos sociais, e com isso, direcionando prioridades (crianças, idosos, pessoas em situação de pobreza ou miserabilidade) e possibilidades (recursos) das políticas
locais (por exemplo: as ONGs OXFAM, Chiristian Aid ou Fundação Ford, além das organizações ligadas à ONU como UNICEF).
3
Capacidade de gestão em termos de recursos humanos, materiais, financeiros e condições legais e políticas necessários.
4
A legitimidade é a aceitação de que não apenas ao Estado compete planejar políticas (na figura dos gestores públicos) mas também o reconhecimento social
de que ele é capaz de tais ações.
5
A política agrária no Brasil é um exemplo de política resultante dos conflitos e negociações que envolvem interesses particulares, de grupos sociais e, também,
propostas societárias: na Assembleia Legislativa há a bancada ruralista formada por deputados que defende, em linhas gerais, a grande propriedade e o agronegócio
(podendo ou não estar conectados com a questão da sustentabilidade ambiental), e há também legisladores ligados aos chamados partidos de esquerda e verdes,
que fazem propostas para pequena propriedade e pela agricultura familiar e sustentabilidade socioambiental. Na sociedade, por sua vez, há a União Democrática Ru-
ralista (UDR) alinhada às primeiras posições e o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) mais próximos das segundas concepções. As políticas agrárias
e fundiárias brasileiras refletem estes embates e, também, da opinião pública e do poder econômico nacional e internacional que incidem sobre estas questões.
As características das leis e das políticas têm a ver, em parte, com a cultura política
e com as instituições. Se numa sociedade os valores e atitudes que apontam para uma
cultura democrática e de justiça social são os mais fortes, então as políticas, em alguma
medida, estarão permeadas por estes princípios. Também as características das leis e
políticas dependem das instituições, ao menos quanto aos canais de participação e
de formação da opinião pública e à transparência e responsividade7 do Poder Público,
que abrem a possibilidade que os grupos que concentram poder econômico e/ou de
acesso às mídias não sejam os únicos privilegiados para direcionar os temas das políti-
cas e o uso dos recursos do Estado.
Alguns assuntos (como aborto, porte de armas, juros, reforma agrária, casamento
de homossexuais, cotas em universidades para pessoas em situação de pobreza ou
para etnias sujeitas à discriminação, renda mínina, energia e combustível, entre outros)
passam a incorporar a agenda pública por conta das mobilizações de movimentos so-
ciais, da mídia, de formadores de opiniões, das elites econômicas e políticas, da Igreja
etc. São questões que provocam diferentes posições e concepções de direitos, mobili-
zam as instituições nacionais e internacionais, e as forças sociais e políticas que entram
em conflito e formam alianças. Alguns destes assuntos a depender daquelas forças e
instituições adquirem prioridade no Estado, formando a agenda pública e terão o seu
Políticas públicas
6
Cultura política entendida como valores e atitudes de grupos sociais ou que são mais comuns numa sociedade. Neste sentido, numa sociedade os valores e
atitudes em relação ao meio ambiente vão influir na formulação e aceitação de políticas públicas nesta temática, por exemplo.
7
Responsividade no sentido de prestação de contas do Poder Público para a sociedade, mas também de responsabilidade para com suas demandas.
O caráter de maior ou menor vínculo das políticas aos direitos de cidadania depen-
de da dinâmica cultural e institucional de uma sociedade, não sendo criado apenas por
meio de leis. No entanto, a inscrição de direitos na legislação é fundamental, tanto para
reconhecer e garanti-los, como para consolidar direitos e fazê-los avançar na sociedade.
Da Ordem Social
Art. 193. A ordem social tem como base o primado do trabalho, e como objeti-
vo o bem-estar e a justiça sociais.
Do Meio Ambiente
§1.º.
Elaboração e Planejamento de Projetos Sociais
[...]
VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que colo-
quem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou subme-
tam os animais a crueldade.
[...]
§ 3.º
[...]
II - propriedade privada;
IV - livre concorrência;
V - defesa do consumidor;
[...]
Políticas públicas
Este é o tipo de Estado que tem a função de assegurar, por meio de políticas pú-
blicas, os direitos dos cidadãos no sentido das condições para sua participação social.
Participação aqui tem duplo significado: 1) participar livremente nas atividades eco-
nômicas e políticas (ligada aos direitos civis e políticos) e 2) participar das riquezas
cultural e material (referente aos direitos sociais).
LEGISLAÇÃO
direitos inscritos nas
DIREITOS leis das políticas públicas
Elaboração e Planejamento de Projetos Sociais
POLÍTICAS PÚBLICAS
Programas
Projetos
8
As políticas podem ser detalhadas em programas que são elaborados para implementar linhas de ação. Os programas podem conter um ou mais projetos, já
os projetos não comportam outra divisão, isto é, um projeto é um único plano destinado à execução.
Todavia, quando tais políticas são formuladas, passam a fazer parte de áreas e
setores que comportam subdivisões internas, de acordo com a própria organização
interna dos artigos da Constituição Federal e legislações decorrentes e, também, con-
forme a lógica administrativa dos órgãos do Estado. Uma possibilidade deste agrupa-
mento é apresentada a seguir:
que os direitos humanos, sociais, econômicos, culturais e ambientais são indivisíveis, isto
é, os homens e mulheres são sujeitos integrais desses direitos.
Após um tema ter sido incluído na agenda pública, torna-se necessário a aná-
lise dos indicadores e dados sobre ele, das alternativas possíveis para elaborar
uma política sobre a questão (tais como: aumento do número de idosos/polí-
Elaboração e Planejamento de Projetos Sociais
9
Na gestão pública existem modalidades de gestão denominadas gestão em rede e gestão intersetorial que buscam a articulação das políticas setoriais desde
o planejamento, e também na implementação e execução dos programas e projetos.
10
Alguns dados e indicadores sobre as questões levantadas encontram-se disponíveis no site do IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (<www.
ibge.gov.br>) e do IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (<www.ipea.gob.br>).
a cultura política;
as regras institucionais;
os condicionantes históricos e econômicos (o que já foi feito, trajetória da
política, e recursos em relação aos objetivos);
os atores que participam da formulação das políticas, sendo os atores
oficiais (do Executivo, do Legislativo e do Judiciário e alguns conselhos)
e atores não oficiais (indivíduos, grupos de interesse, movimentos sociais,
partidos políticos, ONGs, órgãos de influência internacional como Fundo
Monetário Internacional, Organizações das Nações Unidas, entre outros).
Implementação.
Ações para viabilizar condições legais, administrativas, financeiras, materiais
e de recursos humanos de acordo com os objetivos e metas planejados na
política. Nesta fase há uma interação entre agências do Estado e da sociedade
civil que participam da implementação e execução de programas e projetos.
Avaliação.
Realizada internamente por formuladores, implementadores e/ou executores;
com participação da população diretamente afetada pela política, programa
e projetos; ou por agentes externos. Visa avaliar a política tendo por base seus
objetivos e metas em relação aos dados e indicadores da situação – objeto da
política (por exemplo, ocupações em áreas de risco no caso da política habi-
tacional). Podem ser realizadas avaliações dos impactos, dos resultados e do
processo de desenvolvimento da política.
Reajuste.
Alinhamento da política, programas e projetos e novo ciclo de formulação e
implementação.
Podemos destacar como síntese conclusiva a definição presente em Souza (2003,
p. 13-14) de que o processo de formulação da política pública “é aquele através do qual
os governos traduzem seus propósitos em programas e ações, que produzirão resul-
Políticas públicas
[...] definições de políticas públicas [...] guiam o nosso olhar para o locus onde os
embates em torno de interesses, preferências e ideias se desenvolvem, isto é, os go-
vernos. [...] As políticas públicas repercutem na economia e nas sociedades, daí por
que qualquer teoria da política pública precisa também explicar as inter-relações
entre Estado, política, economia e sociedade. [...]
Debates sobre políticas públicas implicam responder à questão sobre o espaço que
cabe aos governos na definição e implementação de políticas públicas. Não se defende
aqui que o Estado (ou os governos que decidem e implementam políticas públicas ou
outras instituições que participam do processo decisório) reflete tão-somente as pres-
sões dos grupos de interesse [...]. Também não se defende que o Estado opta sempre
por políticas definidas exclusivamente por aqueles que estão no poder [...], nem que
servem apenas aos interesses de determinadas classes sociais [...]. No processo de de-
finição de políticas públicas, sociedades e Estados complexos como os constituídos no
mundo moderno estão mais próximos da perspectiva teórica daqueles que defendem
que existe uma “autonomia relativa do Estado”, o que faz com que o mesmo tenha um
espaço próprio de atuação, embora permeável a influências externas e internas. [...]
A política pública envolve vários atores e níveis de decisão, embora seja mate-
rializada através dos governos, e não necessariamente se restringe a participantes
formais, já que os informais são também importantes.
ATIVIDADES
b. objetivos;
c. quem ganha;
d. o quê ganha;
e. por que;
f. que diferença isto faz para quem ganha e para quem não ganha com a po-
lítica?
Por sinal, as primeiras leis sociais já no século XVII tinham objetivo assistencial e,
também, um caráter repressivo, no sentido de obrigar as pessoas empobrecidas a tra-
balharem nas manufaturas que ofereciam jornadas, condições e pagamentos bastante
desumanos, além de punir os que se recusavam a submeter-se a esta situação (CASTEL,
2001). Porém, nos séculos XVIII e XIX são elaboradas leis que regulam a jornada de tra-
balho, as férias e o trabalho feminino e de crianças.
O que têm em comum as políticas sociais nos Estados de Bem-Estar Social (em
sociedades capitalistas industriais) e nos Estados Socialistas é a justificativa em garantir
direitos sociais aos cidadãos.
Ao se tratar de políticas sociais, trata-se das funções sociais do Estado, quer dizer, de
responsabilidades, gastos e atividades do Estado na área social. Se estas funções são mais
amplas ou mais restritas depende da concepção e legislação sobre os direitos sociais.
Entretanto, nos dias atuais observa-se que, a despeito das parcerias e comple-
Elaboração e Planejamento de Projetos Sociais
mentações com as organizações da sociedade civil, grande parte dos Estados continu-
am sendo o ator principal para planejar, implementar e financiar políticas, programas
e projetos sociais.
Cada um destes direitos é regido por uma legislação específica que baliza políti-
cas sociais com objetivos próprios e indicam a população destinatária dos projetos e
serviços a serem implantados.
86 Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A,
mais informações www.iesde.com.br
Direitos sociais ⇔ legislação social ⇒ elaboração de planos das políticas sociais
⇒ elaboração e execução de programas e projetos sociais
Família, Criança,
LOAS; Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA (Lei
Adolescente e Art. 226 a 230
8.069/1990); Estatuto do Idoso (Lei 10.741/2003).
Idoso
3
Alguns artigos da CF/88 e leis foram indicados por Fabiane Bessa, a quem agradeço.
Previdência CF/88, art. 201 – cobertura dos eventos de doença, inva- CF/88, art. 201 – basicamente pes-
social lidez, morte e idade avançada; proteção à maternidade, soas que contribuem (contributiva).
especialmente à gestante; proteção ao trabalhador em
situação de desemprego involuntário; salário-família e
auxílio-reclusão para os dependentes dos segurados de
baixa renda; pensão por morte do segurado, homem ou
mulher, ao cônjuge ou companheiro e dependentes.
Lei 8.213/91, art. 1.º – assegurar aos seus beneficiários
meios indispensáveis de manutenção, por motivo de in-
capacidade, desemprego involuntário, idade avançada,
tempo de serviço, encargos familiares e prisão ou morte
daqueles de quem dependiam economicamente.
Assistência CF/88, art. 203 e LOAS art. 2.º – proteção à família, à ma- Art. 203 da CF/88 e art. 2.º da LOAS
social ternidade, à infância, à adolescência e à velhice; amparo – quem necessitar.
às crianças e adolescentes carentes; promoção da inte- Destaque: famílias, crianças, ado-
gração ao mercado de trabalho; habilitação e reabilita- lescentes, idosos, pessoas com
ção das pessoas portadoras de deficiência e promoção
Elaboração e Planejamento de Projetos Sociais
4
Importante observar que para cada setor das políticas sociais, alguns artigos e leis elencam um tema, outros tratam de assunto diverso. Desta forma no
quadro 2 pode não haver o registro das mesmas leis para a coluna dos objetivos e população e, ainda, quando vários artigos ou leis expressavam objetivos e
populações repetidas optou-se por apresentar apenas uma vez aqueles com maior clareza.
Transferência Portaria 2.917/2000 – erradicar o trabalho infantil nas ativi- Portaria 2.917/2000 – famílias com
de renda: dades perigosas, insalubres, penosas ou degradantes nas renda per capita de até ½ salário
PETI zonas urbana e rural; possibilitar o acesso, a permanência mínimo, com crianças e adolescen-
e o bom desempenho de crianças e adolescentes na esco- tes de 7 a 14 anos trabalhando em
la; implantar atividades complementares à escola / jorna- atividades consideradas perigosas,
da ampliada; conceder uma complementação mensal de insalubres, penosas ou degradan-
renda/ bolsa às famílias; proporcionar apoio e orientação tes.
às famílias beneficiadas; e promover programas e proje-
tos de qualificação profissional e de geração de trabalho
e renda junto às famílias.
Transferência Lei 10.836/2004 – transferência de renda para famílias Lei 10.836/2004 – famílias com
de em situação de pobreza e extrema pobreza, com renda renda mensal de até R$120,00 por
renda: Bolsa mensal de até R$120,00 por pessoa. Os valores pagos: de pessoa.
Família R$20,00 a R$182,00, de acordo com a renda mensal por Destaque: famílias com crianças e
pessoa da família e o número de crianças e adolescentes adolescentes até 17 anos.
até 17 anos.
Habitação de Lei do SNHIS, art. 2.º – viabilizar para a população de Lei do SNHIS, art. 2.º e art. 4.º –
interesse menor renda o acesso à terra urbanizada e à habitação população de menor renda.
social digna e sustentável. Destaque: cotas para idosos, de-
ficientes e famílias chefiadas por
Políticas sociais
mulheres.
Família CF/88, art. 226 – assegurar a assistência à família na pes- CF/88, art. 226 e LOAS art. 2.º – fa-
soa de cada um dos que a integram. mílias
LOAS art. 2.º – a proteção à família, à maternidade.
Criança, ado- CF/88, art. 227 – assegurar à criança e ao adolescente, com CF/88, art. 227 e LOAS art. 2.º –
lescente absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimenta- criança e adolescente
ção, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à Destaque: carentes e com
dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência fami- deficiência.
liar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda for-
ma de negligência, discriminação, exploração, violência,
crueldade e opressão; atendimento especializado para os
portadores de deficiência física, sensorial ou mental, bem
como de integração social do adolescente portador de
deficiência, mediante o treinamento para o trabalho e a
convivência, e a facilitação do acesso aos bens e serviços
coletivos, com a eliminação de preconceitos e obstáculos
arquitetônicos.
LOAS – art. 2.º – proteção à infância, à adolescência; ampa-
ro às crianças e adolescentes carentes.
Elaboração e Planejamento de Projetos Sociais
Idoso CF/88, art. 230 – amparar as pessoas idosas, assegurando CF/88, art. 230 e LOAS, art. 2.º – ido-
sua participação na comunidade, defendendo sua digni- sos
dade e bem-estar e garantindo-lhes o direito à vida; aos Destaque LOAS: situação de
maiores de sessenta e cinco anos é garantida a gratuida- extrema pobreza.
de dos transportes coletivos urbanos.
LOAS, art. 2.º – a proteção à velhice; garantia de 1 (um)
salário mínimo de benefício mensal ao idoso que com-
prove não possuir meios de prover a própria manuten-
ção ou de tê-la provida por sua família.
Observa-se que no conjunto das políticas sociais os objetivos centrais são as ga-
rantias para a vida digna e o desenvolvimento de capacidades, bem como as proteções
contra situações de injustiças sociais, especialmente pobreza e discriminação.
5
Especialmente na política de assistência social são consideradas a linha da pobreza (renda per capita de até ½ do salário mínimo) e linha da indigência (renda
per capita de até ¼ do salário mínimo).
TEXTO COMPLEMENTAR
Sempre haverá quem defenda outros usos para qualquer recurso público.
Sempre haverá resistência ideológica a qualquer tipo de intervenção estatal. Sempre
haverá controvérsia em torno de políticas públicas. [...]
rências é esquivo. Ainda que se eleja um conjunto claro de carências a serem sana-
ATIVIDADES
a. nome do projeto;
d. qual a política social e a lei (pode ser mais de uma) que estão relacionadas
com o projeto.
Políticas sociais
O sistema de proteção social foi elaborado por um tipo de Estado que reformu-
lou o Estado de Direito como Estado Social2. Quer dizer, o Estado cuja função anterior
era menos de intervir na sociedade e mais de garantir liberdades individuais contra o
abuso do poder, seja de governantes ou dos grupos no interior da própria sociedade,
passa, também, a incorporar funções sociais que exigem o planejamento e a realização
de políticas que regulem as relações socioeconômicas (políticas de trabalho e renda,
de educação pública, habitação social etc.).
1
Cidadania aqui tem o significado das condições legais, institucionais e culturais para que as relações sociais e políticas sejam mediadas pelos direitos (espe-
cialmente, civis, políticos, sociais e de identidades).
2
A autora Di Pietro (1998, p.1-2) explica que: “no primeiro período do Estado de Direito, iniciado na segunda etapa do Estado Moderno, instaurou-se o cha-
mado Estado de Direito Liberal, estruturado sobre os princípios da legalidade, igualdade e separação de poderes, todos objetivando assegurar a proteção dos
direitos individuais, nas relações entre particulares e entre estes e o Estado; o papel do Direito era o de garantir as liberdades individuais, já que se proclamava,
com base no direito natural, serem os cidadãos dotados de direitos fundamentais, universais, inalienáveis. O Estado de Direito Liberal, embora idealizado para
proteger as liberdades individuais, acabou por gerar profundas desigualdades sociais, provocando reações em busca da defesa dos direitos sociais do cidadão.
[...] No segundo período do Estado de Direito, iniciado em meados do século XIX, atribui-se ao Estado a missão de buscar a igualdade entre os cidadãos; para
atingir essa finalidade, o Estado deve intervir na ordem econômica e social para ajudar os menos favorecidos; a preocupação maior desloca-se da liberdade
para a igualdade. O individualismo, imperante no período do Estado Liberal, foi substituído pela ideia de socialização, no sentido de preocupação com o bem
comum, com o interesse público. Isto não significa que os direitos individuais deixassem de ser reconhecidos e protegidos; pelo contrário, estenderam o seu
campo, de modo a abranger direitos sociais e econômicos”.
de para o trabalho. Por outro lado, ocorrem revoltas e resistências dos trabalhadores e,
principalmente no século XIX, lutas pelos direitos civis, trabalhistas e sociais.
São estes reclamos por direitos sociais que permitem a organização da proteção
social pública no período moderno, quer dizer, período em que o Estado assume cada
vez mais as ações de proteção e regulação da vida social e do trabalho: há a promul-
gação de leis de redução de jornada de trabalho, fixação de melhores ambientes e
salários, regulação do trabalho infantil e feminino, férias, assistência previdenciária, à
moradia, à saúde e à educação dos trabalhadores. Entretanto, junto a estas iniciativas
3
Uma discussão sobre períodos históricos da proteção social encontra-se em KAUCHAKJE, Samira; DELAZARI, Luciene (2007a) e KAUCHAKJE, Samira; ULTRA-
MARI, Clóvis, (2007b).
4
A partir deste momento é interessante observar que são os mesmos fatores históricos (econômico-sociais e culturais) que explicam a emergência da questão
social, do planejamento de políticas sociais e do Estado de Bem-Estar, isto é, questão social, políticas sociais, planejamento e Estado Social são indissociáveis
em termos de concepção e de formação histórica.
Entre o final dos anos 1920 e os 1940, as lutas sociais de inspiração socialista (com o
marco da Revolução Russa de 1917), a crise econômica capitalista com queda de lucros e
de empregos (ilustrada pela queda na Bolsa de Valores nos EUA em 1929) e as consequ-
ências sociais das duas Guerras Mundiais, trouxeram uma progressiva responsabilização
social do Estado em ficar à frente do planejamento de políticas sociais e econômicas.
Estas condições foram favorecidas ainda mais por um novo ciclo de crescimento
econômico e de empregos entre 1940 e os anos 1970, período em que foram constru-
ídos os Estados de Bem-Estar Social5, mais ou menos abrangentes em diferentes socie-
dades, mas cujo núcleo são as políticas sociais de educação, saúde, previdência social
e transferência/auxílio de renda, estendendo-se para políticas de habitação, esporte e
lazer, cultura, transporte, assistência social, segurança alimentar, por exemplo. Assim,
entre a primeira metade do século XX até os anos 1970, a proteção social esteve forte-
mente articulada aos direitos de cidadania e garantias públicas.
Como visto, para alguns autores (BEHRING; BOSCHETTI, 2006; FLEURY, 1994) estas
modificações fragilizam ainda mais o Estado de Bem-Estar Social brasileiro que não
foi abrangente ou suficiente para a cobertura da população pelas políticas sociais em
nenhum momento desde sua formação por volta dos anos 1930; para outros, as mu-
danças imprimem potencialidades para a democratização da política por meio da par-
ticipação social (KAUCHAKJE, 2007a; SCHERER-WARREN, 2006) e democratização dos
recursos econômicos (DRAIBE, 2003; ARBIX, 2007).
Carvalho (1999, p. 25) observa que estas alterações têm resultado num Estado de
Bem-Estar misto, no qual
Elaboração e Planejamento de Projetos Sociais
[...] os atores sociais/sujeitos coletivos presentes na arena política são corresponsáveis na implementação
de decisões e respostas às necessidades sociais. Não é que o Estado perca a centralidade na gestão
social, ou deixe de ser o responsável na garantia de oferta de bens e serviços de direito dos cidadãos;
o que altera é o modo de processar esta responsabilidade. A descentralização, a participação, o
fortalecimento da sociedade civil pressionam por decisões negociadas, por políticas e programas
controlados por fóruns públicos não-estatais, por uma execução em parceria e, portanto, publicizada.
8
Sistema formado pela legislação social, orçamento e planos das políticas sociais e órgãos de planejamento e implementação e controle do Estado e da
sociedade civil.
9
Um exemplo encontra-se nos programas destinados à mulher negra em idade reprodutiva e de baixa renda, tal como recomendado para algumas ações do
Plano Nacional de Política para as Mulheres (Disponível em: <www.presidencia.gov.br/estrutura_presidencia/sepm>.)
10
No Brasil a partir 1930, principalmente, foi formatado um Estado de Bem-Estar Social que até a década 1970 teve como traço característico ser destinado,
principalmente, às pessoas inseridas no mercado formal de trabalho (e com forte financiamento desta própria população). A partir do final dos anos 1980 e nos
anos 1990 esta característica foi sendo modificada devido as diretrizes universalistas da Constituição Federal de 1988, imprimindo, por um lado, maior abrangên-
cia e estendendo parte das políticas sociais a toda a população, e por outro lado, de forma contraditória, marcada pelas concepções de seletividade que elege
como público-alvo grupos sociais excluídos ou fragilmente incluídos no sistema de emprego (que sofreu uma redução de postos de trabalho naqueles anos). As
feições atuais do Estado de Bem-Estar brasileiro, ou o que é equivalente, do Sistema de Proteção Social no Brasil, estão sendo construídas a partir destas heranças
histórico-institucionais. Mas, ainda que com tradição residual, pode-se afirmar (e elaborar críticas) sobre um Estado de Bem-Estar brasileiro. Para aprofundar os
estudos críticos sobre as particularidades e história do Estado de Bem-Estar Social no Brasil ver, principalmente, Aureliano e Draibe (1989) e Medeiros (2001).
100 Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A,
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Dito de outro modo, um Sistema Democrático de Proteção Social é baseado nos
direitos, o que supõe a primazia do Estado e o fortalecimento do caráter público das
organizações da sociedade civil que participam da elaboração e implementação das
políticas e dos projetos sociais.
Equidade e universalidade:
na sociedade.
102 Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A,
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de forma complementar pelas organizações do setor privado (especialmente
organizações não governamentais).
De toda forma, o princípio acima significa que a provisão pública referida aos
direitos sociais é função do setor estatal, ainda que complementada pelo setor
público ampliado11.
Para alguns serviços e atividades sociais realizadas nos municípios a CF/88 es-
tabeleceu competências partilhadas ou específicas entre as esferas de gover-
no, conforme o quadro 1. Sistema Brasileiro de Proteção Social
11
Simões (2007, p. 355) esclarece que quando quisermos nos referir às pessoas jurídicas de Direito Público seria preferível denominar de setor estatal, já
que “a denominação de setor público é mais ampla, pois engloba tanto o setor estatal, quanto as pessoas jurídicas de Direito Privado, cujas atividades sejam
declaradas de interesse público”.
12
Detalhes sobre cada política social serão indicados no tópico a seguir.
Participação social:
a participação social nas políticas públicas ocorre como parte das demandas
e dinâmicas da sociedade por meio dos movimentos sociais, por exemplo, ou
por meio dos canais institucionalizados previstos na própria CF/88 como: pro-
jetos de iniciativa popular; audiência pública; participação no orçamento; re-
ferendo; plebiscito; conferências de políticas, fóruns e conselhos (KAUCHAKJE,
2002; GOHN, 2003), que serão apresentados a seguir:
iniciativa popular: proposição pela população de projeto de lei que deverá ser
aprovado, modificado ou rejeitado pelo poder legislativo. O projeto deve ser
subscrito por, no mínimo, um por cento do eleitorado nacional, distribuído pelo
menos por cinco Estados, com não menos de três décimos por cento dos elei-
tores de cada um deles (CF/88, art. 61). São exemplos: projeto de lei de iniciativa
popular que prevê alterações à Lei de Inelegibilidades (o objetivo é impedir a
candidatura de políticos condenados por crimes graves); projeto de iniciativa
popular (contra crimes hediondos que altera o Código Penal), entre outros.
No item a seguir estes princípios serão detalhados para os principais setores das
Sistema Brasileiro de Proteção Social
políticas sociais: assistência social, saúde, educação, habitação, previdência social, se-
gurança alimentar e nutricional. Complementados pelas políticas da família, da criança
e do adolescente; do idoso, bem como, pelas políticas de transferência de renda (pro-
gramas Bolsa Família13, Benefício de Prestação Continuada – BPC14 e Programa de Er-
radicação do Trabalho Infantil – PETI15), as quais são, geralmente, geridas pelos órgãos
públicos da política de assistência social.
13
Transferência de renda para famílias em situação de pobreza e extrema pobreza, com renda mensal de até R$120,00 por pessoa. Os valores pagos: de
R$20,00 a R$182,00, de acordo com a renda mensal por pessoa da família e o número de crianças e adolescentes até 17 anos.
14
Garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover à própria
manutenção ou de tê-la provida por sua família.
15
Programa que visa contribuir para erradicar o trabalho infantil nas atividades perigosas, insalubres, penosas ou degradantes nas zonas urbana e rural.
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105
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Políticas sociais e princípios constitucionais
Nos artigos da CF/88 e legislação de cada política social16 observa-se alguns prin-
cípios do SBPS, como nos exemplos apresentados no quadro a seguir17:
Assistência CF/88, CF/88, LOAS, art. LOAS, art. 1.º; 9.º CF/88, art. 204-I CF/88
Social art. 203 art. 203 1.º; 5.º – III e 10.º LOAS, art. 5.º- I-III e 8.º art. 204-II
LOAS art. 4.º LOAS, art. 4.º LOAS, art. 5.º -II
e 16.º
Benefício de CF/88, ** CF/88, Decreto 6.214/2007 Decreto
Prestação art. 203-V art. 203-V art. 2.º 6.214/2007
Continuada Cap. V-art. 43
LOAS, Decreto Cap. III e IV
– BPC
art. 20: § 3.º 6.214/2007
16
LOS – Lei Orgânica da Saúde; Lei 8.213/91 para a Previdência Social; LOAS – Lei Orgânica da Assistência Social; LOAS, art. 20 §3.º para o BPC; Portaria
2.917/2000 para o PETI; Lei 10.836/2004 para o Programa Bolsa Família; LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação; Lei 11.124/2005 para o SNHIS/Sistema
Nacional de Habitação de Interesse Social; LOSAN, Lei 11.346/2006 para o Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional.
17
Agradeço a Fabiane Bessa pela indicação de alguns artigos da CF/88 e da legislação social.
106 Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A,
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Políticas
Provisão Complemen- Competência
sociais/ Universali- Participação
Equidade pública taridade do partilhada e/ ou
princípios dade social
estatal setor privado descentralização
do SBPS
Moradia e Ha- CF/88, art. 183, * * Lei SNHIS, art. Lei SNHIS, art. 5.º: VII CF/88, art. 23 Lei SNHIS,
bitação (de in- 187 e 191 7.º Lei SNHIS, art.4.º art. 4.º:I; 5.º: IV-V
teresse social) Lei SNHIS, e 10.º
art. 2.º: II e 4.º: II
“a” e “h”
Segurança ali- CF/88, art. LOSAN, art. 2.º; CF/88, art. 7.º; CF/88, art. 7.º LOSAN, art. 7.º e 9.º: II LOSAN, art. 8.º: III
mentar e nu- 208: VII 4.º: III e 8.º: I 200; 208 e 227 e 11.º: I-II
tricional LOSAN,
art. 4.º: III e
8.º: I
Da família CF/88 CF/88
arts. 226 a 230 art. 226 § 8º
Da criança e ECA, art. 3.º; * * CF/88, art. 227 CF/88, art. 227 ECA, art. 86 ECA, art. 89
adolescente 4.º e 23 ECA, art. 4.º ECA, art. 86
Do idoso C F / 8 8 , ** CF/88, art. 230 Estatuto do Idoso, Estatuto do Estatuto do Idoso,
art.203-V Estatuto do art. 46 Idoso, art. 46 art. 7.º
LOAS, art. 20: Idoso, art. 9.º
§3.º
Estatuto do
Idoso, art. 34
* A previdência social é política contributiva, isto é, destinada àqueles que contribuem (com algumas exceções
que a lei delimita).
* * Políticas destinadas a grupos sociais específicos: habitação de interesse social destina-se a pessoas com
baixa renda (priorizando ainda cotas para idosos, deficientes e famílias chefiadas por mulheres, dentre o
grupo identificado como o de menor renda); BPC destina-se a pessoas com deficiência ou idosos sozinhos
ou em famílias com renda mensal per capita até ¼ do salário mínimo; PETI possui critérios para concessão
de Bolsa e inclusão nos programas que conjugam renda e idade, entre outros; Bolsa Família estabelece
critério de renda e número de crianças e adolescentes na família; as políticas da criança e adolescente e do
idoso selecionam por faixa de idade e priorizam os grupos mais vulneráveis.
Todavia, a despeito dos gastos com as políticas sociais terem crescido entre 1995-
2005, e apesar de terem sido ampliados o escopo e a cobertura das políticas sociais, há
ainda a persistente desigualdade de acessos e de garantias cidadãs entre os brasileiros. São
TEXTO COMPLEMENTAR
Não é casual, portanto, que tal sistema tivesse baixos impactos redistributivos,
ou seja, praticamente nula capacidade de redução da secular desigualdade social. O
que é, em parte, coerente com a natureza mais geral do modelo ou o regime de Welfare
18
Para o Brasil o coeficiente de Gini é de 0,566 (2005), o que significa estar entre os países do mundo com maior nível de desigualdade de renda. Levaria mais
de 20 anos para o Brasil atingir a média de países com o mesmo nível de desenvolvimento, caso fosse mantido o ritmo da queda do coeficiente de Gini obser-
vado entre 2001 e 2005 (4,6%) (ARBIX, 2007; NERI, 2007).
19
São definidos como pobres os indivíduos cuja renda familiar per capita é inferior ao valor que corresponderia ao necessário para atender a todas as necessidades
básicas (alimentação, habitação, transporte, saúde, lazer, educação etc.), enquanto define-se como indigentes aqueles cuja renda familiar per capita é inferior ao
valor necessário para atender tão-somente às necessidades básicas de alimentação (ROCHA, 2006). A pesquisa Pobreza e Riqueza no Brasil Metropolitano do IPEA
(2008) define como indigente a pessoa com renda igual ou inferior a ¼ do salário mínimo ou R$103,75. Pobre é aquele com renda mensal igual ou menos que
metade do salário mínimo (R$207,50) e o rico é aquele pertencente a famílias de renda mensal igual ou superior a 40 salários mínimos (R$16,6 mil).
108 Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A,
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State aqui construído, de tipo conservador [...]. Não é difícil verificar aí um tipo de-
senvolvimentista de Welfare State, potente para estimular o crescimento econômico,
[...] mas socialmente pouco inclusivo (dada a ineficiência dos restritos programas uni-
versais) e não-seletivo (já que pouco ou mal focalizado nas camadas mais necessita-
das). Sobre esse sistema incidiram as mudanças que trato a seguir.
Até aí não fomos, em 1988. Principalmente pela afirmação dos direitos sociais,
o sistema de proteção saiu fortalecido e ampliado das novas definições constitu-
cionais, sobretudo nas áreas de saúde e assistência social. Mas ainda era o mesmo
sistema histórico construído desde os anos de 1930 [...].
O Brasil não assistiu a um recuo do Estado no campo das políticas sociais. Como
vimos, não foi esse o conteúdo ou a orientação das reformas, que afinal têm regis-
trado resultados positivos no plano institucional, garantindo e ampliando o univer-
salismo e reduzindo razoavelmente as distorções do sistema.
110 Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A,
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Não é aí, então – num suposto recuo do Estado – que se deve buscar explicação
para os limites da política social frente às lacunas e fragilidades dos mecanismos de
proteção ao trabalho e, mais ainda, face à persistência da pobreza dos intoleráveis
níveis de desigualdade.
ATIVIDADES
a. nome do projeto.
b. aponte três princípios e justifique por que a equipe considerou que o proje-
to apresentava cada um deles.
Elaboração e Planejamento de Projetos Sociais
112 Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A,
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Sistema Brasileiro de Proteção Social
Projetos sociais
Projetos sociais visam intervir num fenômeno ou numa situação social, a fim de
obter mudanças positivas no sentido das concepções de direitos, qualidade de vida,
aquisições culturais, sustentabilidade ambiental entre outras, tal como os projetos im-
plementados por organizações não governamentais (ONGs), Estado e empresas priva-
das nos exemplos a seguir1:
1
Para os exemplos não há a preocupação se os projetos elencados estão ativos ou não.
116 Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A,
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Área geográfica abrangida: cidade de Salvador.
Resultados quantitativos e qualitativos alcançados: diagnóstico do nível de
acessibilidade em Salvador; orientações fornecidas para serviços públicos e empre-
sas do setor privado; instrumentalização de representantes de oito associações de
pessoas com deficiência e de estudantes de arquitetura; sensibilização da sociedade
soteropolitana sobre o preconceito enfrentado pela pessoa com deficiência e sobre
a importância de uma infraestrutura urbanística acessível para todos.
e) Nome: Abrigo – dia para a população de rua.
ONG responsável: PRECAVVIDA – Centro de Prevenção e Recuperação: “O Ca-
minho, a Verdade e a Vida”.
Objetivo: melhorar a qualidade de vida das pessoas que vivem nas ruas em
situação de risco.
Público-alvo: homens (acima de 25 anos) vindos do interior do Paraná e outros
estados.
(KAUCHAKJE, 2007)
Município Nome Objetivo Público-alvo
Vitória Projeto Utilizar o esporte e atividades alternativas como fonte de Crianças e adolescentes.
Escolinhas formação. Modalidades: futebol de campo, atletismo, fut-
de Esportes. sal, vôlei, natação, remo, vela, canoagem, ginástica olím-
pica, basquete, handebol, capoeira e dança.
Brasília - DF Brinquedoteca. Resgatar a brincadeira proporcionando um espaço onde Crianças, na faixa etária de 02
a criança vivencia situações prazerosas, por meio de ativi- a 13 anos de idade.
dades lúdicas, assimilando valores.
Curitiba Câmbio Trocar resíduo reciclável por alimentos, melhorando a ali- População em geral, com
Verde. mentação familiar, principalmente em áreas mais caren- prioridade para os moradores
tes, com a colocação no mercado dos excedentes de safra de áreas carentes.
dos produtores da Região Metropolitana de Curitiba.
Porto Alegre Hortomercados. Organizar o comércio ambulante de hortigranjeiros no Vendedor ambulante e popu-
centro da cidade, acolhendo vendedores irregulares da lação circulante nas regiões
região central. dos terminais de ônibus.
Curitiba Alfabetizando Alfabetizar o público alvo, através dos voluntários capaci- Usuários do SUS com idade
com Saúde. tados pela Secretária Municipal de Educação. acima de 50 anos, na maioria
incluídos nos programas para
hipertensos, gestantes, dia-
béticos, entre outros.
Local: Guarapari-ES.
Local: Russas-CE.
118 Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A,
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d) Empresa: Serasa S. A.
Como observado nos quadros 1, 2 e 3, podemos afirmar que projetos sociais são
formas de planejamento, no sentido que planejar é antecipar um cenário desejável e
traçar objetivos diante de situações consideradas como negativas em termos sociais,
econômicos, culturais e políticos. Quer dizer, situações que são vistas por atores sociais
significativos (gestores públicos, movimentos sociais, ONGs, empresas, entre outros)
como necessitando e sendo passíveis de intervenção para a obtenção de mudanças.
PROGRAMA 1 PROGRAMA 2
Projetos especificam bem as áreas, os grupos sociais, os objetivos (que têm como
Elaboração e Planejamento de Projetos Sociais
2
Ver Plano Nacional da Política de Assistência Social <www.mds.gov.br>; Plano Nacional da Política de Educação <www.mec.gov.br>; e Plano Nacional da
Política da Saúde <www.saude.gov.br>.
120 Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A,
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Como noção geral é possível sintetizar que
[...] Um programa social é um conjunto de projetos; e uma política social, por sua vez, é um conjunto
de programas. Projetos e programas são a tradução operacional das políticas sociais. Um projeto
envolve ações concretas a serem desenvolvidas em um horizonte de tempo e espaço determinados,
restritas pelos recursos disponíveis para tal. (CEPAL apud; MACEDO-SOARES; SILVA, 2006, p. 767)
Portanto, políticas sociais sem programas e/ou projetos ficam no campo das idea-
lizações (não são operacionalizadas), porém pode haver programas que não são dividi-
dos em projetos e projetos com ligação direta com políticas sem fazer parte de um pro-
grama. O que é temerário, tratando-se de um Estado de Direito Social e Democrático3,
é que um projeto ou programa social seja desenvolvido sem referência a uma ou mais
políticas e, portanto, aos preceitos da legislação social4. No entanto, há projetos sociais,
cujo objetivo é justamente organizar debates e elaborar propostas de modificação na
própria legislação e no plano de alguma política, mas mesmo neste caso, não se trata
de desconhecimento ou descumprimento da legislação ou diretrizes da política. Tal
descumprimento ocorre, por exemplo, em projetos ligados à alimentação que são de-
senvolvidos com justificativa de ajuda a necessitados ao invés de direito de cidadãos.5
Após o início as tarefas cruciais são: a) conhecer aspectos gerais sobre a situação
social, localidade e população-alvo (por exemplo, informações sobre a evasão escolar
entre crianças e adolescentes de uma região). Informações iniciais são encontradas nos
dados de órgãos de pesquisa como o Instituto Brasileiro de Pesquisa e Estatística (IBGE)
e em jornais ou documentos locais. Neste momento é importante uma primeira leitu-
ra dos indicadores sociais7 sobre o tema; b) indicar qual a direção da mudança que o
projeto terá a intenção de encaminhar, isto é, conceber um amplo objetivo geral); e c)
eleger uma proposta de projeto considerando, principalmente, o objetivo geral traça-
do e os recursos disponíveis ou possíveis de obter. Com isto, o processo de elaboração
Elaboração e Planejamento de Projetos Sociais
demanda social e política por ações numa situação social localizada e junto a
uma população delimitada;
6
Sobre isto é importante ver os artigos da Constituição Federal de 1988 contidos no capítulo – Da ordem social – e a legislação social, especialmente: Lei
da Previdência Social, Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS), Lei Orgânica da Saúde (LOS), Lei de Diretrizes e Bases da Educação – LDB, Lei da Segurança
Alimentar e Nutricional (LOSAN), Lei da Habitação de Interesse Social, Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e Estatuto do Idoso. Consultar nos sites dos
Ministérios do governo brasileiro (Ministério da Saúde, Ministérios de Desenvolvimento Social, Ministério da Educação, entre outros), os Planos Nacionais
das Políticas Sociais (políticas da assistência social, da saúde, da educação etc.), bem como os Planos Estaduais e Municipais das políticas sociais nos sites dos
estados e das prefeituras.
7
Taxas de analfabetismo, mortalidade infantil, desemprego e índice de desenvolvimento humano, são alguns exemplos de indicadores. Segundo Jannuzzi
(2004, p.15) um “indicador social é [...] um recurso metodológico [...] que informa algo sobre um aspecto da realidade social ou sobre mudanças que estão se
processando na mesma. [...] indicador social é um instrumento operacional para monitoramento da realidade social, para fins de formulação e reformulação
de políticas públicas”.
122 Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A,
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reconhecimento dos vínculos desta demanda com políticas e, às vezes, pro-
gramas sociais existentes;
proposição e discussão sobre possíveis projetos que possam agir sobre a si-
tuação social que motivou a elaboração de um projeto social. As propostas
e discussões podem ser realizadas pela equipe responsável isoladamente ou
junto aos órgãos de financiamento e execução, e população envolvida. Isto
depende, entre outras condições, do grau de autonomia da equipe e da im-
plantação ou não de um processo participativo;
8
Pode ocorrer que uma proposta aparentemente adequada ao objetivo geral, por exemplo, combater a subnutrição entre um grupo populacional, e viável
em termos de recursos (capacidade da equipe, equipamento e orçamento) e de cronograma, pode não ser a melhor escolha de projeto se a análise social em-
preendida demonstrar que há grande chance de rejeição, como no caso de uma proposta que contraria a cultura local ao incluir alimentos que são proibidos
pela religião da maior parte da população-alvo.
9
Na etapa anterior foi selecionada uma das propostas de projeto social, agora, trata-se de planejar detalhadamente e elaborar este projeto escolhido como
o mais viável.
PROJETO
PLANEJAMENTO OPERACIONALIZAÇÃO
(concepção e elaboração) (implantação e execução)
124 Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A,
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composição da equipe ou recursos humanos necessários;
Projetos sociais
Um projeto social é um conjunto de ações que têm por propósito provocar im-
pactos sobre indivíduos ou grupos denominados população-alvo ou beneficiários,
que compreendem uma determinada destinação de recursos e responsabilidades
em um período de tempo determinado.
ATIVIDADES
Elaboração e Planejamento de Projetos Sociais
126 Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A,
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2. Qual a diferença entre políticas, programas e projetos sociais?
a. nome do projeto;
b. população-alvo;
c. objetivos.
Após isso, responda: este projeto social está relacionado com qual(is) política(s)
social(is)? Por quê?
A depender da dinâmica de cada projeto social estas fases podem seguir uma
ordem sequencial diferente e outro arranjo do conteúdo. Por exemplo, num projeto
social pode ser importante que a definição afinada dos objetivos seja elaborada após o
início das atividades junto à população-alvo, e isto não compromete o desenvolvimen-
to do projeto desde que nele esteja incluído planejamento com objetivo de atender as
especificidades da realidade social em questão.
ponsáveis pelo projeto, as pessoas que respondem por ele, e também, a rede de par-
ceiros para seu desenvolvimento.
130 Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A,
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Uma rede social1 formada a partir de ações sociais em torno do direito à habitação
em Curitiba- PR (KAUCHAKJE, ULTRAMARI, 2007b) permite visualizar a articulação de
organizações locais, nacionais, internacionais e transnacionais (como no caso de agên-
cias da Organização das Nacões Unidas – ONU).
1
As redes sociais hoje são compreendidas como “comunidades, virtual ou presencialmente constituídas” que operam em escala local, regional, nacional e
internacional, com o objetivo de troca de informações, “articulação institucional e política e para a implementação de projetos comuns” (RITS, 2006, p.1). Dito
de outro modo, as ONGs se articulam com movimentos sociais em “redes e fóruns, locais, regionais, nacionais ou internacionais. As redes podem se articular em
torno de pontos comuns, como por exemplo, uma ação coletiva, temas ou identidades” (ABONG, 2006, p.1).
28
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6 1
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Elaboração e Planejamento de Projetos Sociais
11 8
12 2
O universo dos agentes organizacionais desta rede de habitação pode ser dis-
posto em dois conjuntos: as organizações sociais no campo de direitos, representa-
das pelos órgãos do Estado (independentes de seus agentes individuais e gestores
132 Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A,
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particulares), ONGs movimentalistas, fóruns e movimentos sociais, principalmente; e
as organizações sociais no campo da benesse e da ajuda, representadas pelas ONGs
filantrópicas e empresariais e igrejas, por exemplo.
Os agentes ligados diretamente à defesa dos direitos humanos formam uma sub-
rede com conexões entre si e, especialmente, com ONGs, pastoral e movimentos so-
ciais vinculados à questão da terra. Relevante nesta rede é a Federação de Órgãos para
a Assistência Social e Educacional – FASE, que tem tradição no Brasil no campo das
ações sociais e defesa de direitos.
Nesta rede de habitação, a ONG Terra de Direitos é a que possui mais laços com
agentes organizacionais localizados geograficamente na cidade de Curitiba-PR, em
especial com aqueles com os quais partilha identidade e a temática dos direitos hu-
manos. E são estes agentes conectados entre si – Terra de Direitos, Pastoral da Terra
e Dhesca que também mantêm mais inter-relações com as organizações estaduais,
nacionais e internacionais da rede.
Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A,
133
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Em termos gerais os resultados sobre esta rede sugerem uma forte interação entre
agentes organizacionais do tipo organizações não governamentais, fóruns e movimen-
tos sociais, conectados em torno da temática dos direitos humanos. As organizações
internacionais e nacionais que firmam inter-relações de apoio são ligadas às Igrejas,
órgãos governamentais ou privados que têm interesse em dar suporte às ações de
defesa dos direitos humanos e atendimentos aos grupos sociais, cujos direitos estão
sendo violados.
A rede de parceria não é apenas formada com órgãos do Estado, ONGs e empre-
sas privadas, mas também pode ser ampliada junto aos membros e organizações da
própria localidade em que o projeto será implantado.
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rede associativa formada por grupos e associações dedicadas à cooperação
mútua, realização de atividades lúdicas ou de trabalho comunitário, associa-
ções de bairro (denominadas Associações Comunitárias de Bairro); movimen-
tos sociais (locais, nacionais ou internacionais) mobilizados localmente e por
ONGs;
136 Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A,
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Por isso, é importante frisar; Estado e sociedade civil não se confundem em com-
petências e atribuições na direção política, pois ao Estado cabe o âmbito legislativo, de
regulamentação e administrativo que impactam a vida cotidiana das relações privadas
e econômicas; e a sociedade civil pode renovar o sistema político por meio da introdu-
ção de temas e demandas que modificam as próprias legislações e políticas. O interes-
se por temas e demandas para elaboração de projetos sociais extrapolam as fronteiras
locais e nacionais, formando uma rede conectada nacional e internacionalmente.
De toda forma, nos dias de hoje, a elaboração de projetos sociais exige o envolvi-
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As etapas e a dinâmica de projetos multissetoriais integrados
A partir da constatação de determinada situação-problema e do comprometi-
mento com o encaminhamento de uma solução, pode-se considerar iniciado o pro-
cesso de desenvolvimento de um projeto multissetorial integrado, cujas três etapas
básicas – diagnóstico, elaboração e operacionalização – apresentam uma sequência
lógica inicial e, ao longo de todo o projeto, vão sendo revisitadas ou desenvolvi-
das em paralelo. A constante revisão tem por objetivos o melhor detalhamento das
ações, a avaliação do cumprimento de metas, a correção de rumos, a detecção de
novas oportunidades e o subsídio para decisões [...].
Aspectos metodológicos
[...] pressupostos básicos dos projetos multissetoriais integrados: visão multisse-
torial, com a análise abrangente da realidade [...]; ações integradas, com a definição
de estratégias de atuação mais adequadas à superação do problema que se deseja
enfrentar; e singularização do problema, enfatizada pela participação comunitária [...]
gerenciamento;
Para facilitar a ação integrada dos demais agentes e parceiros locais, é indispen-
sável a criação de um grupo de gerenciamento, com a finalidade de acompanhar, de
forma articulada e sistemática, as atividades do projeto multissetorial integrado na
área escolhida, o que envolve monitoramento, controle e registro da evolução dos
diferentes conjuntos de ações implantadas, permitindo avaliar os impactos do pro-
jeto na resolução das carências da área. Além disso, o monitoramento fornecerá sub-
sídios para a definição de possíveis redirecionamentos das ações e estratégias ado-
tadas, especialmente quando do seu término e expansão para outras localidades.
contar com uma delimitação física clara da área objeto de atuação, para me-
lhor focar o projeto e facilitar a observação e as avaliações posteriores;
140 Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A,
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conceber o mapeamento e levantamento de dados num sistema informa-
tivo integrado, que possa fornecer uma análise agregada da realidade, com
cruzamento de informações, e que confira rapidez, precisão e uma multipli-
cidade de cenários para escolha da solução mais adequada possível;
ATIVIDADES
142 Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A,
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c. quais apoiam (dão recursos para o projeto)?
1
O termo mais tradicional nos projetos é diagnóstico social. Considero a expressão análise mais adequada à questão social, pois engloba a ideia de exame, reflexão e
explicação imbuída de perspectiva política e cultural que o termo diagnóstico (aparentemente mais neutro) pode escamotear.
Da Paz (s/d, p. 5) entende que as perguntas gerais que uma análise social da loca-
lidade deve responder são:
Onde fica a comunidade? (localização).
Com que pessoas e/ou instituições pode-se contar para resolver os problemas da
comunidade?
Como as pessoas vivem? Qual é a situação habitacional, de emprego, de salário das famílias?
Quem chefia a família? Há crianças e jovens trabalhando?
Qual a percentagem de crianças e jovens que vivem ali? Quantos pertencem a famílias de baixa
renda? [...]
146 Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A,
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tempo de existência; ambiente natural em que se instalaram; distância que guardam das ativi-
dades econômicas, onde seus moradores estão empregados ou subempregados; o próprio tipo
de economia a que estes se subordinam; origem dominante dos fluxos migratórios que ali se
sucedem; infraestrutura básica existente ou não; sistema de transporte que utilizam; acesso a
bens e serviços públicos próximos etc.
A maior parte das situações de vulnerabilidade e risco sociais está ligada às carên-
cias e discriminações e não às necessidades. Isto porque as necessidades são comuns a
todos os seres humanos num estágio econômico e cultural da sociedade (por exemplo,
148 Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A,
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todos têm necessidade de alimento e também de educação), carências e discrimina-
ções são causadas pelas condições sociais que afetam apenas parte (infelizmente con-
siderável) da população.
Caso a intenção do projeto, como dito acima, seja assegurar o direito ao patri-
mônio cultural via leitura, isto poderia ser alcançada por meio de várias alternativas e
junto a diferentes segmentos da população-alvo numa região (crianças e jovens em
escolas, porém sem hábito da leitura, adultos com baixa escolaridade que não leem
livros etc.). Todavia, o projeto em foco, com esta intencionalidade, poderia ter como
objetivos precisos: propiciar a alfabetização de adultos trabalhadores da localidade;
promover círculos de leitura entre os alunos do projeto e leitores da comunidade.
Este é o caso se um objetivo geral for promover o hábito e o acesso de adultos não
alfabetizados e trabalhadores da região “x” à leitura e à escrita; com objetivos especí-
ficos de proporcionar condições para alfabetização e promover hábito de leituras na
comunidade; e os operacionais de realizar curso de alfabetização; e organizar círculo
de leitura entre alunos e leitores da comunidade.
150 Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A,
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Para uma maior precisão é necessário planejar as metas que dimensionam quanti-
tativamente cada um dos objetivos. Meta é a previsão da quantidade do que se preten-
de realizar, por exemplo, se um dos objetivos do projeto fosse reduzir a evasão escolar
na escola do bairro, a meta poderia ser redução de 80% das evasões. Esta quantidade
do que se pretende atingir (meta) tem como referência a análise da situação social
local e os recursos disponíveis para o projeto. Por exemplo:
Específicos
1. Eliminar focos de criação de mosquitos; Eliminação de 60 focos.
1.1 Identificar focos de proliferação; Identificação de 38 focos.
1.2 Construir canais de drenagem. Construção de 66 canais.
Com esta etapa cumprida estão dadas as condições para planejar as atividades
que serão realizadas e os métodos e técnicas para seu desenvolvimento.
A decisão sobre quais atividades e como serão realizadas está relacionada às ca-
racterísticas dos recursos humanos do projeto. Do mesmo modo, a composição da
equipe depende da necessidade de contar com saberes e competências para desen-
volver determinadas atividades (tal como competências para elaboração de material
didático, para dinâmica de grupos, ou para a formação para cidadania).
Decidido o que fazer, isto é, quais atividades realizar, resta ainda nesta etapa planejar
Análise da situação social e objetivos
como fazer, qual método e técnica utilizar. Sobre este item a decisão em equipe é pautada
por saberes e conhecimentos especializados. Determinadas atividades como de encontros
lúdicos com crianças para educação ambiental requerem métodos e técnicas do campo da
pedagogia; palestras sobre reprodução humana podem, dependendo do caso, ser realiza-
das com técnicas para apresentação em público de conhecimentos da biologia; atividade
de construção de habitação social solicita métodos e técnicas relativas às engenharias; e
em reuniões comunitárias pode-se lançar mão das técnicas de dinâmica de grupo (TA-
TAGIBA; FILÁRTIGA, 2001). No entanto, num projeto social comparecem conhecimentos
especializados e, também, saberes dos participantes, parceiros e de outros envolvidos.
Específicos
TEXTO COMPLEMENTAR
Identificar o problema
A identificação do problema constitui, talvez, o exercício mais complexo da formula-
ção, devido à quantidade de variáveis inter-relacionadas que afetam o contexto do mesmo.
Sua definição clara e precisa é o primeiro requisito para alcançar o impacto buscado. [...]
1
Foram feitas modificações na forma do texto (espaçamento, negrito, quadros) que, porém, não modificaram o conteúdo.
152 Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A,
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Para identificar o problema temos que recolher e analisar toda a informação
disponível. Deve-se combinar os dados que permitem identificar a situação em que
se encontra a população-objetivo nas áreas definidas como prioritárias dentro da
política social com a percepção que tem essa população sobre suas próprias neces-
sidades e a importância relativa dada a cada uma delas. [...]
existe um problema?
qual é o problema?
objetivo geral: aumentar o rendimento escolar dos alunos das escolas públi-
cas do país.
Realizar o diagnóstico
O diagnóstico [...] tem duas funções básicas:
Exemplo:
Precisos:
154 Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A,
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que benefício terão?
Realistas:
Mensuráveis:
melhorar o nível nutricional das crianças entre 6-14 anos da cidade de Iqui-
que, de acordo com o equivalente ao da média nacional. [...]
Selecionar os indicadores
Os indicadores definem o sentido e o alcance de um projeto e medem o logro
dos objetivos em cada uma de suas etapas. Tem-se que definir indicadores para cada
um dos objetivos de impacto [...]
Os indicadores devem:
Exemplo:
taxa de repetência;
Exemplo:
Exemplo:
Estabelecer as metas
[...] As metas se definem em termos de quantidade, qualidade e tempo, utilizan-
do como base os indicadores selecionados para medir cada objetivo. Por exemplo,
156 Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A,
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se o objetivo de impacto é melhorar o nível nutricional de crianças entre 6-14 anos,
pode-se utilizar indicadores antropométricos que permitem quantificar a taxa de
desnutrição por tipo (I, II, e III) e estabelecer metas de redução destes tipos em pe-
ríodos de tempo definidos. As metas devem ser claras, precisas e realistas. As metas
de impacto devem explicitar:
Exemplo:
Metas:
Quantidade de focos
Eliminar focos. Eliminar 46 focos.
eliminados.
158 Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A,
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3. Em equipe, leia a descrição de um projeto social (em site, jornais ou outro docu-
mento). Numa página escreva:
d. descreve os objetivos?
Profissão/
Número Regime Atividade
característica
02 Recreador. Contrato remunerado. Educação ambiental.
162 Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A,
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Profissão/
Número Regime Atividade
característica
02 Membro – lideranças na Colaboração. • Participar da fase de análise da si-
comunidade. tuação social
• Participar de 10 reuniões comunitá-
rias sobre cooperativismo e autoges-
tão entre trabalhadores com mate-
rial reciclável.
Membros das ONGs de- Parceria. Mobilizar ações junto ao poder pú-
nominadas. blico com o objetivo de implantação
de infraestrutura para serviço de co-
leta de lixo regular na comunidade.
Mas também, consegue perceber os recursos materiais que deverão ser aciona-
dos para que o projeto social possa ser executado.
No geral, os recursos financeiros são compostos pela previsão das seguintes des-
pesas: a) de capital ou investimentos (material permanente – equipamentos; obras,
mobiliário); b) correntes ou custeio (materiais de consumo – tinta para impressão, ca-
netas, materiais pedagógicos ou de expediente); c) pagamento de serviços de terceiros
e de membros da equipe; e d) pagamento de passagens, diárias etc. (BAPTISTA, 2003).
2
De forma geral, políticas públicas são operacionalizadas por meio de programas e/ou projetos, sendo que os programas, propriamente ditos, podem ser
subdivididos em um ou mais projetos.
164 Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A,
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obrigatória, no entanto, a prestação de contas. Nesta categoria, há duas possibilidades: projetos
100% financiados pelo agente financiador do projeto, o que caracteriza um patrocínio, e projetos
parcialmente financiados pelo concedente. Neste último caso, é exigido o investimento próprio do
solicitante no projeto em questão, como contrapartida, em percentual a ser acordado entre as partes.
Recursos obtidos através de linhas de crédito com juros subsidiados: são recursos oferecidos por
agentes financeiros e sobre os quais incidem juros menores do que aqueles praticados no mercado.
E os chamados incentivos fiscais a financiadores privados: são recursos que o governo disponibiliza
na forma de dedução de impostos devidos pelo financiador de projetos ou pelo contribuinte de
fundos de financiamento de projetos. (PRATES et al., 2006, p. 3)
De acordo com Delazari e Kauchakje (2008), a história da gestão pública brasileira (isto
é, gestão de políticas e órgãos públicos) apresenta os seguintes modos: gestão patri-
monial; gestão burocrático-legal; gestão gerencial; gestão democrático--participativa
e; gestão em rede:
recente, tem sido inovadora, a partir dos anos 1990, para a cultura da gestão
de políticas públicas brasileira ao colocar como pauta central ultrapassar o
traço histórico de ações políticas fragmentadas, sobrepostas e, principalmen-
te, que não articulam as dimensões e sujeitos locais, regionais e globais. Pode-se
admitir que a gestão de políticas públicas em rede é uma estratégia de en-
frentamento da questão social, visando ampliar seu impacto e a superação
do trabalho setorializado e paralelo. Isto porque, na perspectiva de rede, cada
política setorial (habitação, saúde, cultura, assistência, economia etc) está in-
terfacetada, apesar de manter sua rede própria com organizações não gover-
namentais, o que permite um novo modo de exercício do poder e da relação
entre governo e sociedade civil.
166 Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A,
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Estas configurações da gestão pública mesmo quando estão presentes de forma
acentuada em um ou outro momento histórico, na verdade, são tendências que se en-
trecruzam, perpassando a história brasileira, sendo possível encontrar traços mais ou
menos fortes de cada modo de gestão nos dias de hoje.
Ainda que possa haver semelhanças quanto ao que foi apresentado anteriormen-
te sobre a gestão pública é importante marcar as principais características atuais dos Recursos e gestão de projetos sociais
A gestão participativa (ou societal) reforça o sentido público das ações e dos recur-
sos para o projeto. Este sentido é atribuído tanto para os recursos públicos estatais, como,
também, para aqueles provenientes da sociedade civil, pois são entendidos como forma
de transferir e democratizar o acesso aos direitos de cidadania. As atividades-meio de
administração dos recursos são percebidas como estratégias para manter a transparên-
cia e possibilitar o controle pela população. O processo participativo é concebido como
forma de fortalecer a autonomia e fomentar a cultura política democrática da popula-
Elaboração e Planejamento de Projetos Sociais
A gestão em rede é uma variação no interior dos outros modos de gestão, assim,
na gestão gerencial ou participativa pode haver a articulação de ONGs, de órgãos do
Estado, de empresas e de associações de bairro, locais e internacionais, formando uma
rede de parceiros num projeto social. De fato, é mais comum a gestão em rede nos
modelos gerencial e participativo, possivelmente pelas características de maior proxi-
midade com a população e transparência administrativa, presentes nos dois modos de
gestão, o que permite a abertura para parcerias.
168 Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A,
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Todavia, os modos de gerir um projeto social raramente são isolados, na realidade,
ocorre uma mistura de características entre eles, por exemplo: a gestão de um projeto
social numa secretaria de Estado pode combinar elementos da gestão técnico-buro-
crática, com a preocupação gerencial de controlar seu processo de desenvolvimento e,
para isto, incentivar a formação de conselhos populares.
Isso porque a gestão de projetos sociais não é apenas uma questão técnico-adminis-
trativa que se refere à competência em decidir, organizar e controlar os recursos, metas,
objetivos e ações, porém, tem também um significado político. Projetos sociais são canais
ou meios para atender as carências e demandas da população no sentido de garantir as
aquisições de bens sociais e culturais (alimento, educação, saúde, ambiente saudável e
sustentável, trabalho e renda etc.), enfim, assegurar direitos (CARVALHO, 1999).
Este entendimento sobre gestão de projetos sociais amplia seu potencial crítico
sobre a situação social que pretende intervir e com relação às injustiças sociais.
TEXTO COMPLEMENTAR
170 Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A,
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cidadania e no fortalecimento do papel da sociedade civil na condução da vida po-
lítica do país, pois questionava o Estado como protagonista da gestão pública, bem
como a ideia de público como sinônimo de estatal [...] Uma concepção começou a
se tornar predominante no âmbito desse campo, a saber: a implementação de um
projeto político que procura ampliar a participação dos atores sociais na definição
da agenda política, criando instrumentos para possibilitar um maior controle social
sobre as ações estatais e desmonopolizando a formulação e a implementação das
ações públicas. Nesse contexto, multiplicaram-se pelo país governos com propostas
inovadoras de gestão pública, que abrigavam diferentes experiências de participa-
ção social. [...] Ampliava-se assim a inserção do campo movimentalista, que passou
a atuar nos governos municipais e estaduais por meio dos conselhos de gestão,
comissões de planejamento e outras formas específicas de representação [...] Essa
visão alternativa tenta ir além dos problemas administrativos e gerenciais [...]
Administração Administração
pública gerencial pública societal
Organização Separação entre as atividades ex- Não há uma proposta para a orga-
administrativa clusivas e não-exclusivas do Estado nização do aparelho do Estado e
do aparelho do nos três níveis governamentais. enfatiza iniciativas locais de organi-
zação e gestão pública.
Estado
172 Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A,
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ATIVIDADES
b. objetivos;
174 Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A,
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Recursos e gestão de projetos sociais
A avaliação auxilia nas decisões sobre prioridades, objetivos e uso dos recursos,
emite um parecer sobre estas decisões e, também, permite a divulgação pública dos
é um processo de aprendizado social, ou seja, deve permitir aos envolvidos no projeto a apro-
priação reflexiva da ação;
Uma definição bastante aceita é que avaliação é um processo que visa determinar
objetivamente a pertinência, eficiência, eficácia e efetividade das atividades realizadas
à luz dos objetivos das mesmas. Trata-se de um processo organizativo para contribuir
no planejamento, na operacionalização e nas futuras tomadas de decisões (COHEN;
FRANCO, 1993).
Observa-se que na definição acima a frase “processo que visa determinar objeti-
vamente [...]” denota a importância dos indicadores sociais para a avaliação de projetos
sociais. Indicadores tais como taxas de analfabetismo, mortalidade infantil, desempre-
go e Índice de Desenvolvimento Humano, informam sobre aspectos de uma realidade
e permitem medir ou verificar o quanto e como a implantação do projeto afetou os
indicadores importantes para o projeto. Segundo Jannuzzi (2004, p.15)
[...] indicador social é [...] um recurso metodológico [...] que informa algo sobre um aspecto da
realidade social ou sobre mudanças que estão se processando na mesma. [...] indicador social é
um instrumento operacional para monitoramento da realidade social, para fins de formulação e
reformulação de políticas públicas.
é realizado.
Tipos de avaliação
A delimitação (e combinação) dos tipos de avaliação decorre da resposta a quatro
questões básicas: Quando avaliar? Quem avalia? Como avaliar? O que avaliar? (SILVA e
SILVA, 2001; BARREIRA, 2000).
1
Nos itens deste capítulo serão discutidas as avaliações de eficiência, eficácia e efetividade.
178 Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A,
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A resposta à primeira pergunta – Quando a avaliação será realizada? – é que a
avaliação pode ser realizada antes, durante e ou depois da realização do projeto.
Para a questão – Quem avalia? – a avaliação pode ser externa (com pessoas exter-
nas ao projeto, geralmente especialistas no método de avaliação e temática do projeto);
interna (avaliação realizada pela equipe e gestores do projeto); mista (com especialis-
tas em avaliação externos e membros internos) e participativa (avaliação que envolve
membros internos e a população-alvo, além de, algumas vezes, outros setores da socie-
dade civil e avaliadores externos). Desta pergunta decorrem três tipos de avaliação:
Avaliação de diagnóstico
Este tipo de avaliação (também chamada ex ante ou de proposta) é realizado
junto com a análise da situação social que o projeto pretende mudar. Permite avaliar a
adequação do projeto às condições sociais analisadas, bem como às características da
população-alvo do projeto. Esta avaliação busca verificar:
[...] a capacidade do projeto de responder às demandas e expectativas do público-alvo; a viabilidade
da proposta; a coerência entre objetivos, estratégias e resultados pretendidos; o grau de prioridade
e de importância do projeto para os beneficiários; o grau de adesão e envolvimento da comunidade
e público-alvo. Nessa fase, portanto, não só se levanta o conhecimento necessário ao projeto, mas
conferem-se sua viabilidade e exequibilidade, ou seja, que condições políticas, técnicas, financeiras
e materiais estão disponíveis e podem ser mobilizadas para sua execução. (CARVALHO, 2001, p. 74)
Avaliação participativa
Tipo de avaliação que conta a participação de vários setores da sociedade, em
especial, da população-alvo do projeto. Seu objetivo é consolidar junto aos avaliadores
um processo democrático de decisões e de informações que aumente a sua autono-
mia e controle sobre o projeto social. Este tipo de avaliação é realizada em combina-
ção com qualquer outra modalidade de avaliação e a decisão sobre isto depende, em
parte, dos objetivos do projeto e dos seus gestores, bem como, da força da sociedade
(população local, mídia, conselhos populares etc.) em solicitar este tipo de avaliação
que, aliás, tem um caráter formativo.
Elaboração e Planejamento de Projetos Sociais
Avaliação de processo
Avaliação realizada durante a operacionalização do projeto para averiguar pro-
cessualmente, o uso dos recursos e o desenvolvimento das atividades conforme o pla-
nejamento e reformulações necessárias (eficiência), assim como, para acompanhar e
aferir o alcance dos objetivos (eficácia).
180 Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A,
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Avaliação de impacto
Também denominada de avaliação de resultados ou pos facto por ocorrer após o
término do projeto. A avaliação de impacto mede o desempenho do projeto, com dis-
cussões aprofundadas a respeito dos indicadores sociais. Este tipo de avaliação combi-
na um conjunto de medidas sobre os resultados finais: alcance dos objetivos (eficácia),
utilização dos recursos, execução das atividades e benefícios alcançados (eficiência), e
modificações mais profundas e permanentes que o projeto alcançou sobre a situação
social analisada inicialmente (efetividade). Neste sentido, é uma avaliação final que
[...] deve correlacionar os dados que formataram o projeto: objetivos/metas/estratégias/público-
alvo, metas propostas/atingidas e os resultados alcançados [...] A avaliação de impactos concentra-
se em aferir se os beneficiários diretos e a própria organização gestora experimentaram mudanças
efetivas em sua situação, como consequência do projeto realizado. (CARVALHO, 2001, p. 81)
Avaliação de pertinência
Avalia a adequação dos recursos, dos objetivos e das atividades do projeto peran-
te a situação social e características da população e localidade. A pertinência de um
projeto é averiguada, principalmente, por meio da avaliação de diagnóstico (também
chamada de ex ante ou de proposta). Todavia, a pertinência de um projeto também
pode ser verificada, durante ou após sua realização. Durante o desenvolvimento do
projeto a avaliação de sua pertinência contribui para reformulações que se fizerem ne-
cessárias; após o término do projeto esta avaliação servirá para ganhos de aprendizado
em projetos futuros.
Avaliação de eficácia
A avaliação da eficácia informa se o projeto como um todo (e cada atividade) atin- Avaliação e o processo de planejamento
giu os objetivos e metas, de que forma e quanto.
A eficácia de um projeto está relacionada ao alcance de seus objetivos. A sua gestão será eficaz
à medida que suas metas sejam iguais ou superiores às propostas. A eficácia deve ser medida na
relação estabelecida entre meios e fins, isto é, o quanto o projeto – em sua execução – foi capaz
de alcançar os objetivos e as metas propostas e o quanto ele foi capaz de cumprir os resultados
previstos. (CARVALHO, 2001, p. 72)
Avaliação de eficácia pode ser realizada durante e/ou após a realização do proje-
to. Ao ser realizada na fase de seu desenvolvimento é combinada com as concepções
da avaliação processual.
Avaliação de efetividade
Este tipo de avaliação busca elementos para medir e analisar as mudanças qua-
litativas e de longa duração que o projeto provocou na situação social na qual agiu.
Neste sentido, avaliação de efetividade é, também, avaliação de impacto. A avaliação
de efetividade é realizada após o término do projeto e incorpora os resultados das
avaliações de pertinência, eficácia e eficiência, para aferir o grau de efetividade do pro-
jeto social. Isto exige “esforços na busca de correlacionar objetivos, estratégias, conte-
údos e resultados com os impactos produzidos” (CARVALHO, 2001, p. 72). É necessário
também relacionar as condições encontradas após o término do projeto com a situa-
ção social analisada nas primeiras etapas do planejamento do projeto. Por isso, uma
avaliação de efetividade será tanto melhor quanto mais tiver meios para estabelecer
análises comparativas. Neste sentido, é importante acompanhar os indicadores sociais
da localidade durante o tempo de realização do projeto.
A efetividade de um projeto está relacionada [...] à relevância de sua ação, à sua capacidade de
alterar as situações encontradas. A efetividade é medida, portanto, pela quantidade de mudanças
significativas e duradouras na qualidade de vida ou desenvolvimento do público beneficiário da
ação que o projeto ou política foi capaz de produzir. (CARVALHO, 2001, p. 72)
Elaboração e Planejamento de Projetos Sociais
2
No quadro é necessário observar que as células em branco das colunas sobre avaliadores significam que os elaboradores dos projetos deverão escolher um
ou mais entre os tipos de avaliação (interna, externa, mista ou participativa) para cada uma das linhas.
182 Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A,
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Tipos de avaliação
Avaliadores
(a) Tempo/
Externos Internos Misto Participativo
(b) elementos
Avaliação de diagnóstico
a) Antes
e/ou
b) Situação social – projeto
Avaliação de pertinência
a) Durante
Avaliação de pertinência
b) Situação social – projeto
Avaliação de processo
a) Durante
e/ou
b) Objetivos e metas
Avaliação de eficácia
Avaliação de processo
a) Durante
e/ou
b) Recursos – benefícios
Avaliação de eficiência
a) Depois
Avaliação de pertinência
b) Situação social – projeto
a) Depois
Avaliação de eficácia
b) Objetivos e metas
a) Depois
Avaliação de eficiência
b) Recursos – benefícios
Avaliação de impacto
a) Depois
e/ou
b) Todos elementos de (b)
Avaliação de efetividade
Cronograma de atividades
A última etapa do planejamento de um projeto social é o cronograma de ativida-
des. Nele para cada atividade planejada haverá a previsão do tempo para execução, de
forma que quanto mais minucioso for o cronograma, melhores são as condições para
a gestão do tempo de cada atividade. É interessante informar no cronograma os res-
ponsáveis pela atividade, indicadores (números e dados) para avaliação da atividade e
os objetivos específicos aos quais as atividades estão ligadas. Importante lembrar que
cada atividade, ou um grupo delas, é realizada para alcançar objetivos específicos.
Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A,
183
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Quadro 2 – Exemplo de cronograma de atividades
Número de procu-
ra para realização Promover esclarecimento e in-
DST/HIV/AIDS Fevereiro, de exames nas formação sobre prevenção de
Palestras nas junho e unidades básicas, doenças.
escolas municipais. dezembro. adesão das ativi- Promover divulgação sobre
dades (qualitativo ações municipais de saúde.
e quantitativo).
Número de procu-
ra para realização Promover esclarecimento e in-
Câncer do colo de de exames nas formação sobre prevenção de
útero (divulgação Março. unidades básicas, doenças.
na mídia). adesão das ativi- Promover divulgação sobre
dades (qualitativo ações municipais de saúde.
e quantitativo).
184 Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A,
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Roteiro de projeto social
As etapas do planejamento geram um documento que é o do projeto social ela-
borado. Os itens e conteúdo deste documento correspondem às etapas do planeja-
mento, ou seja, para cada etapa do planejamento (citadas no início deste capítulo)
corresponde um item e conteúdo no documento. No geral o roteiro para elaboração
de projeto social é:
título do projeto;
população-alvo;
justificativa,
IV. Objetivos:
Objetivo geral;
Objetivos específicos;
Metas.
V. Atividades, métodos e técnicas
Avaliação e o processo de planejamento
VI. Recursos:
humanos;
materiais;
financeiros.
VII. Avaliação
VIII. Cronograma
PLANEJAMENTO OPERACIONALIZAÇÃO
(concepção e elaboração) PROJETO (implantação e continuidade)
Mas mesmo quando o projeto termina seus efeitos junto à população e locali-
dade podem ter longa duração. Para as pessoas que elaboram o projeto, inclusive,
permanece o aprendizado. Assim, em termos ideais a finalização de um projeto social
executado numa localidade promove mudanças positivas na realidade e aprendizado
de planejamento, elaboração e execução aos participantes.
TEXTO COMPLEMENTAR
Elaboração e Planejamento de Projetos Sociais
Critérios de avaliação
(COUTINHO; MACEDO-SOARES; SILVA, 2006)
Atenção especial deve ser dada ao processo de avaliação, que permite alcançar
de forma mais adequada os resultados, com melhor utilização dos recursos, além de
munir os formuladores e gestores de informações importantes para o desenho de
3
A ordem sequencial das etapas do planejamento tem uma lógica de encadeamento, isto é, uma etapa fornecendo subsídios para outra. Entretanto, na reali-
dade, este processo é dinâmico com etapas que se alteram e se justapõem.
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futuras iniciativas ou para correção de cursos de atuação, como um mecanismo
de retroalimentação. São inúmeras as sugestões a respeito dos critérios para a ava-
liação de projetos sociais. [...] O critério mais comumente utilizado é a eficácia. [...]
Refere-se ao grau em que se atingem os objetivos de um projeto em um período de
tempo, com a qualidade esperada, independentemente de seus custos. O conceito
de eficiência envolve a relação entre duas dimensões básicas: resultados do projeto
(bens e serviços produzidos) e recursos utilizados (insumos e atividades). Refere-se
à maneira como os objetivos são alcançados e remete à capacidade de selecionar e
usar os melhores meios, com menores custos possíveis, para se realizar uma tarefa
ou propósito. Vale ressaltar que, no caso de projetos sociais e ambientais, um custo
pode ser incorrido pelo desgaste ou sacrifício de um recurso [...] tempo, recurso am-
biental, recurso financeiro, capital social, confiança. Nesse caso, custos e benefícios
não deveriam ser medidos apenas em termos financeiros, devendo também ser
considerados segundo dimensões sociais e psicológicas.
ATIVIDADES
1. Uma definição de avaliação é que ela é um processo que visa determinar objeti-
vamente a pertinência, eficiência, eficácia e efetividade das atividades realizadas
à luz dos objetivos das mesmas. O que significa: determinar objetivamente?
3. Em equipe, escolha um projeto social (em sites, jornais). Reflita sobre os seus
objetivos e população-alvo e responda: qual tipo ou tipos de avaliação você
considera mais adequado para este projeto? Por quê? Responda em, no máxi-
mo, 10 linhas.
Elaboração e Planejamento de Projetos Sociais
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Avaliação e o processo de planejamento
3. Duas páginas contexto texto dos próprios alunos (não serão aceitas cópias de
sites ou de documentos) com as seguintes informações:
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2. O marco no século XIX com a consolidação da industrialização aos moldes capi-
talistas e a urbanização acelerada e desordenada. Mas também este é um mar-
co da emergência dos movimentos trabalhistas e das lutas sociais sob a inspira-
ção dos direitos e do socialismo. A contradição entre a produção abundante de
riqueza e o aumento da pobreza nos aglomerados urbanos contribuiu para que
houvesse movimentos que questionassem esta situação social.
3. Duas páginas com texto dos próprios alunos (cópias de sites ou de jornais não
serão aceitas) com o seguinte conteúdo:
opinião do(a) aluno (a) sobre a expressão da questão social escolhida em rela-
ção aos direitos e cidadania.
a. os(as) alunos(as) fizerem uma reflexão sobre dois direitos entre aqueles que
o capítulo discutiu (saúde, trabalho, autonomia, segurança, educação, ren-
dimento etc.).
b. elaborarem uma explicação sobre por que as pessoas têm ou não estes
dois direitos assegurados no Brasil, sendo que nesta explicação deve apare-
cer, principalmente, razões políticas ou econômicas ou culturais ou sociais
(pode ser todas ou apenas uma destas razões).
A resposta será considerada totalmente ou parcialmente incorreta se:
a. os direitos que os (as) alunos (as) escolherem não são considerados como
Gabarito
tais em nossa sociedade (por exemplo, direito de matar ou torturar para ob-
ter confissão de algum ato);
Exemplo1:
Exemplo 2:
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empresas com responsabilidade social, 3. organizações não governamentais
(ONGs), 4. conselhos gestores de políticas e 5. movimentos sociais. Destes, os
órgãos do Estado compõem o Primeiro Setor, as empresas o Segundo Setor
sendo que o Terceiro Setor é constituído pelas organizações não governamen-
tais (ONGs) e Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIPs).
3. Duas páginas contendo um texto dos próprios alunos (não serão aceitas cópias
de sites ou de documentos) com as seguintes informações:
c. separação nos itens Primeiro, Segundo, Terceiro Setor e outros. Cada orga-
nização ou entidade deverá ser colocada em um dos itens. Quando houver
um órgão que não se encaixe em nenhum setor coloque num item separa-
do (outros).
Políticas públicas
Gabarito
Políticas públicas são uma forma de intervenção na sociedade – nas esferas eco-
nômica (políticas de exportação e fiscal, por exemplo); cultural (política relativa
às artes e ao patrimônio arquitetônico, entre outras); social (tais como políticas
educacional e de assistência social); e na própria política (como no caso da po-
lítica eleitoral).
implementação;
avaliação;
reajuste.
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3. A resposta estará correta se o grupo escrever os itens a) até f ), independente
do conteúdo. Valerá como certa a resposta destes itens devido ao esforço de
entendimento da ideia. Isto quer dizer que deverá ser observado apenas se os
alunos:
deixaram claro quem (quais grupos sociais) são beneficiados com a política,
programa ou projeto (não é necessário checar se está correto, quer dizer, se
na política, programa ou projeto escolhidos são mesmo estes ou aqueles
grupos beneficiados, apenas observar se eles tentaram identificar um ou
mais grupos beneficiados);
escreveram com clareza quais são estes benefícios (não é necessário corrigir,
apenas observar se responderam o item);
explicaram por que eles acham que foram tais grupos sociais citados e não
outro que saiu ganhando ou se beneficiaram. (não é necessário corrigir,
apenas observar se responderam o item);
Políticas sociais
1. Políticas sociais são uma forma de planejamento governamental visando coor-
denar os meios e recursos para a realização de ações que objetivam a garantia
do que a sociedade considera como direitos sociais. As políticas são formas de
transferência de renda monetária ou de prestação de serviços.
2. Porque estes artigos constitucionais e leis é que dão as diretrizes para cada po-
lítica ou projeto social a ser elaborado. Por isso, o planejamento de políticas e
projetos sociais precisa estar de acordo com a legislação para atingir o objetivo
de assegurar os direitos sociais.
198 Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A,
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nome do projeto;
3. Será considerado correto o trabalho de até duas páginas sobre um projeto so-
cial e que contenha os seguintes itens:
a. nome do projeto;
b. população-alvo;
c. objetivos.
Gabarito
E a resposta à seguinte questão: este projeto social está relacionado com qual(is)
política(s) social(is). Por quê?
200 Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A,
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O conhecimento sobre a população-alvo destaca aspectos relevantes de suas
características para o conteúdo o projeto. É importante traçar o perfil socioeco-
nômico da população – renda familiar, escolaridade, idade, procedência rural
ou urbana, serviços que utiliza, tipo de moradia etc. – porém para cada projeto
será necessário acrescentar ou detalhar aspectos que dizem respeito às suas
especificidades. Num projeto social que pretende modificar os índices de mor-
talidade infantil, a análise das condições de saneamento e moradia, nutrição,
existência e acesso aos equipamentos de saúde, cuidados com a infância, nú-
mero de crianças e indicadores sobre o tema são fundamentais. Geralmente os
projetos sociais se destinam a populações em situação de vulnerabilidade ou
de risco físico, psicológico e ou social.
2. Estará correta a resposta que apresentar a explicação para duas entre as situa-
ções abaixo elencadas:
d) descreve os objetivos?
1. A resposta estará correta se o (a) aluno (a) escolher um dos tipos de recursos e
dizer do que se trata, com suas próprias palavras:
202 Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A,
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quanto ela pode contribuir para a execução das atividades e alcance dos obje-
tivos planejados, assim como para o enriquecimento destes.
2. A resposta estará correta se o (a) aluno (a) escolher um dos modos de gestão e
explicar duas de suas características, com suas próprias palavras.
A gestão participativa (ou societal) reforça o sentido público das ações e dos
recursos para o projeto. Este sentido é atribuído tanto para os recursos públicos
estatais, como, também, para aqueles provenientes da sociedade civil, pois são
entendidos como forma de transferir e democratizar o acesso aos direitos de
cidadania. As atividades-meio de administração dos recursos são percebidas
como estratégias para manter a transparência e possibilitar o controle pela po-
pulação. O processo participativo é concebido como forma de fortalecer a au-
tonomia e fomentar a cultura política democrática da população-alvo. A partici-
pação social é dinamizada nas etapas centrais do desenvolvimento do projeto
social (no planejamento, na execução e na avaliação) por meio da divulgação
de informações, cooperação nas atividades, mas também, pela existência de
condições para as pessoas envolvidas deliberarem, isto é, participarem do pro-
cesso decisório.
A gestão em rede é uma variação no interior dos outros modos de gestão, assim,
Elaboração e Planejamento de Projetos Sociais
204 Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A,
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nome do projeto social;
objetivos;
avaliação de diagnóstico:
avaliação de processo:
avaliação participativa:
avaliação de impacto:
avaliação de pertinência:
206 Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A,
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avaliação de eficácia:
avaliação de eficiência:
avaliação de efetividade:
Gabarito
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