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SEROPÉDICA
2018
Texto
COSTA, Adriana Vidal. “O boom da literatura latino-americana, o exílio e a
Revolução Cubana”. Intelectuais, Política e Literatura na América Latina: o debate
sobre revolução e socialismo em Cortázar, García Márquez e Vargas Llosa (1958-2005).
Minas Gerais, UFMG, 2009 (tese de doutorado), p. 131-185.
Resumo da obra
O boom da literatura latino-americana e o exílio contribuíram em demasia para a
formação da rede intelectual de esquerda reunida em torno de Cuba. O objetivo da autora é
demonstrar a importância da revolução comunista na Ilha para a intensificação de laços de
solidariedade entre os intelectuais latinos.
1. A “grande família” do boom
O clima político da Revolução Cubana, de acordo com Vidal, tivera impacto
imediato e decisivo no mundo das letras; as práticas e utopias revolucionárias tornaram
inevitável uma alta e explícita ideologização no campo literário – um cenário que reforçou
a crença dos escritores do poder transformador da literatura. Percebe-se, nos ensaios e
comentários políticos de alguns escritores desse período, dois elementos: primeiramente, o
fato de que grande parte da comunidade literária passou a se reunir em torno de um mesmo
programa político comum (a Revolução) e segundo, a forma como encaravam a função da
literatura baseava-se, em grande medida, no livro de Sartre “Que é a Literatura?”.
Entretanto, vale ressaltar que “essa politização da arte não significou a adoção do realismo
socialista ou uma conduta dogmática, muito pelo contrário, os escritores rechaçaram o
realismo russo e abraçaram o realismo fantástico”.1
Para diversos escritores, o boom não foi apenas um fenômeno comercial, mas
também a oportunidade de apoiar as revoluções e os projetos socialistas na América Latina.
Tal evento teve seu limite temporal, entre a década de 1960 e o início dos anos 70, e
significou uma produção bastante original nas línguas latino-americanas, reunindo
escritores como Carlos Fuentes, Mario Vargas Llosas, Guillermo Cabrera Infante e Gabriel
García Márquez – ganhadores de projeção internacional. O boom possibilitou que a Europa
e a própria América Latina (re)descobrissem que o subcontinente dos ditadores era capaz
de produzir literatura. Antes da década de 60, os escritores americanos já vinham