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DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇAO EM EDUCAÇÃO
Termo competição em inglês tem seu significado ligado à rivalidade, em francês é utilizado
principalmente no domínio econômico e político e também no esportivo. Na educação o termo é
utilizado para qualificar as relações entre estabelecimentos escolares.
Os estabelecimentos escolares estão em competição quando almejam recursos que não estão disponíveis
para todos em qualidade ou quantidade iguais. Por exemplo, recursos financeiros, docentes e
principalmente alunos.
Em função de sua importância para os estabelecimentos escolares, a competição para os alunos tem
sido a mais estudada.
O fenômeno competitivo é observado principalmente nos sistemas em que se adota a livre escolha, mas
está presente também nos sistemas mantém uma regulação e controle sobre as matrículas dos
estudantes. Isso dá em função da difusão dos ethos de consumidor e também de manager escolar.
Ethos: Duplo sentido em grego: a) Morada do homem e dos animais em geral. É através do ethos que
o mundo se torna habitável para o homem. Nesse sentido o ethos seria o fundamento da práxis. b) Diz
respeito ao hábito, ou seja, à repetição dos mesmos atos. Nesse sentido a ênfase se dá na constância do
agir em oposição aos desejos. (Ferreira, 2008, p. 51).
Inicialmente as pesquisas voltadas para a competição centraram suas análises exclusivamente na
competição dos desempenhos dos alunos e dos sistemas.
Competição e Desempenho
Segundo Friedman a livre escolha das famílias leva à uma competição entre as escolas para satisfazer
as demandas das famílias, o que levaria à maximização do desempenho dos sistemas em nível de
recursos dados. No entanto, as pesquisas feitas nesse sentido não obtiveram conclusões categóricas e
apontaram que os resultados acadêmico não aumentaram, senão fracamente em função do grau de
competição.
Diferentes fatores podem explicar os resultados: existem limites metodológicos, variáveis explicativas,
variáveis de contexto, etc.
Delvaux conclui que os estudos focados apenas na mensuração dos efeitos da competição não são
suficientes para atestar a prova de melhor eficácia dos sistemas combinando livre escolha e competição
escolar.
A competição vivida
O interesse não só pela mensuração, mas que leva em conta os processos traz novas variáveis. O ethos
de consumidor estratégico é um dos elementos importantes. O autor cita o caso da Bélgica que é
marcado pela tradição de livre escolha, mas que a competição só se acentuou quando a escolha das
famílias se baseou menos na pertença a uma determinada comunidade e mais nos desempenhos
esperados da escola.
O autor aponta ainda para a importância do ethos dos diretores das escolas.
Os estabelecimentos submetidos à competição nem sempre adotam posturas que contribuem para
melhorar o sistema. A adaptação dos competidores pode se dar até mesmo fora do padrão previsto em
teoria. Waslander e Trupp apontam quatro tipos de resposta à pressão da competição: 1) marketing, 2)
ausência de resposta ou dissimulação de respostas que a escola julga prejudiciais, 3) tentativa de mudar
as regras da competição, 4) desenvolvimento de conluio ou cooperação.
A competição não se dá apenas por alunos, mesmo nos sistemas marcados pela impossibilidade da livre
escolha. No entanto, o autor aponta que pouquíssimos estudos se interessam pela competição entre as
escolas no que se refere a outras variáveis, como por exemplo, nas formas de atração do corpo docente.
A existência da competição para além dos alunos e em outros contextos que não o de mercado apontam
para a necessidade de um campo conceitual mais abrangente. O conceito de interdependência aparece
para tentar sanar esse problema.
Trabalhar com a noção de interdependência permite mostrar os vínculos de interdependência entre as
organizações, entre os indivíduos ou entre organizações e indivíduos. Além disso, evidencia também
vínculo entre as interdependências competitivas que as escolas se atribuem a despeito dos alunos, bem
como as interdependências processuais vinculando diretores, docentes, alunos ou pais de alunos.
Referências Bibliográficas:
FERREIRA, L. S. M. Da ética ao ethos originário, um diálogo com Heidegger. Brasília, DF, 2008.