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Crise da Dívida no Brasil 1970 a 2018

É denominada crise da dívida no Brasil o episódio econômico


experimentado pelo país durante as décadas de 70 e 80 do século XX
de má gestão de dinheiro captado no exterior, e que por isso mesmo,
fomentou a paralisação do crescimento econômico brasileiro por uma
década inteira (a década de 80, conhecida como "década perdida").

O episódio da crise da dívida brasileira tem início em outra crise, a


do petróleo, de 1973. Repentinamente, os preços do produto
disparam, e os que mais lucraram com isso foram os produtores de
petróleo, em sua maioria países árabes. Estes, logicamente,
depositaram seus dividendos nos bancos ocidentais, os mesmos
grandes bancos fontes de empréstimos para os países em
desenvolvimento que costumam se utilizar de empréstimo para
colocar em prática suas políticas de desenvolvimento, e entre tais
países, na época, estava o Brasil.

Os grandes bancos, prevendo ganhos astronômicos, mais que


depressa emprestaram dinheiro ao Brasil, entre tantos outros países,
sem obter garantias reais de como se faria a devolução do dinheiro.
O Brasil de então, no auge da ditadura militar, com um governo que
fazia praticamente o que queria, sem prestar contas de seus
desmandos, desperdiçou por completo o dinheiro vindo do
estrangeiro.

A crise do petróleo, bem como a recessão que já estava sendo


experimentada pelos EUA, faz com que o mundo capitalista
experimente uma recessão à época. Isso contribui para que os países
desenvolvidos passem a consumir menos commodities como o café e
o cacau, importantes para as economias dos países em
desenvolvimento. Assim, estes defrontam-se com enormes dívidas a
serem pagas e pouco dinheiro para saldá-las, pois os produtos de
exportação, fonte do dinheiro, não estavam vendendo como o
esperado. É deste círculo de corrupção, especulação e avidez que
surge uma danosa crise da dívida da qual o Brasil custou a se livrar.

Para piorar a situação, os Estados Unidos aumentaram a


percentagem das taxas cobradas a produtos importados como modo
de combater sua inflação, que à época, ameaçava a economia
doméstica. Os outros países desenvolvidos fazem o mesmo, e os
investidores internacionais passam a comprar dólares, com o
aumento das taxas, esperando obter lucro. Assim, os países
possuidores de dívidas se viam esmagados em dois pontos: em um,
viam-se forçados pelos bancos a pagarem suas dívidas; de outro
lado, como seus produtos não vendiam o suficiente, eram forçados a
recorrer a mais empréstimos, a juros mais altos, endividando-se mais
ainda.

A crise da dívida tornou-se notória quando o México anunciou


moratória em 1982, recusando-se a pagar a sua dívida astronômica.
Já na entrada da década, o Brasil estava virtualmente quebrado,
sendo um dos fatores que levaram ao desmantelamento do regime
militar.

A solução para a crise da dívida não foi rápida, sendo que em 1983 o
Brasil assinará um acordo com o FMI, permitindo a rolagem da dívida
com os bancos credores. Com a reestruturação e liberalização de sua
economia, e por meio dos cumprimentos do acordo com o FMI (salvo
o breve mal-estar causado pela moratória de 1987), o Brasil
lentamente resolve o problema, que irá persistir até o final da década
de 90.

Durante o governo de José Sarney foi criada uma nova constituição,


em substituição à carta adotada pelo regime militar em 1967. Desse
modo, se formou uma Assembleia Constituinte, em fevereiro de
1987. E a Constituição estava concluída em 1988; prevendo eleições
diretas para presidente, governadores e prefeitos, a independência
dos três poderes, implementando o regime presidencialista,
restringindo a atuação das forças armadas, e garantindo o direito à
greve, dentre outras medidas.

A contenção do aumento inflacionário foi outro desafio que teve de


ser enfrentado pelo governo de José Sarney. Para tal, foram feitos
sucessivos programas econômicos que não solucionaram o problema
da inflação, pelo contrário, agravando ainda mais a crise inflacionária
do país. O primeiro plano foi proposto pelo ministro da Fazenda
Dílson Funaro, que consistiu na criação de uma nova moeda por meio
do Plano Cruzado, o congelamento dos salários e preços, o incentivo
à produção. Apesar dos resultados positivos no início, as taxas de
inflação anuais chegaram ao índice de mais de 367%, entre 1986 e
1987. Também se estimulou o consumidor a controlar os preços. Os
chamados “fiscais do Sarney” denunciavam ao governo os
estabelecimentos que não cumpriam com os preços indicados aos
produtos, assim os produtos começaram a sumir dos mercados e a
inflação continuou a aumentar.

Em 1988, o ministro da Economia Luís Carlos Bresser promoveu outro


plano para conter a inflação, no entanto, o índice inflacionário anual
aumentou ainda mais, para 1000%. E, em 1989, houve o Plano Verão
que também não conteve a inflação anual que chegou a mais de
1764%. A crise financeira do país era também decorrente de uma
crise econômica global, que atingia sobremaneira os países
da América Latina. Essa crise provocou a redução dos investimentos
públicos e privados no país devido aos altos juros e diminuição do
consumo.

Outras medidas de destaque do governo Sarney foram a criação do


Ministério da Cultura, a retomada das relações diplomáticas com
Cuba, e o ingresso no Mercosul. O governo Sarney terminou em 15
de março de 1990, e foi sucedido por Fernando Collor de Mello.

Na eleição de 1989, Collor destacou-se com o discurso contra a


corrupção, vulgarizando o termo marajá, ao qual dizia que iria
combater no mandato presidencial, além de prometer governar para
os descamisados. Os marajás seriam funcionários públicos que
acumulavam empregos e salários, no entanto, sem trabalhar. E os
descamisados, aqueles que viviam abaixo da linha da pobreza. A
disputa no segundo turno das eleições foi bastante acirrada, Collor
recebeu 35 milhões de votos, e Lula 31,1 milhões. Collor assumiu a
presidência do país em 15 de março de 1990.

O governo de Collor herdou o alto índice inflacionário de 1764,8%,


do governo presidencial antecessor de José Sarney. A política
econômica de Collor foi de cunho neoliberal, e pretendia adotar a
mínima intervenção do Estado nesse plano. O primeiro pacote
econômico desse governo, o Plano Collor, elaborado pelo então
presidente e pela ministra da Fazenda Zélia Cardoso de Mello,
propôs:

 Congelamento de preços e aumento das taxas de juros;


 Cortes de despesas públicas, elevação de impostos e demissão
de funcionários públicos;
 Privatizações de empresas estatais, como, por exemplo, as
Usinas Siderúrgicas de Minas Gerais;
 Facilitou a entrada de mercadorias estrangeiras, com a redução
de impostos sobre mercadorias importadas;
 Dentre outras medidas mais polêmicas que afetaram,
sobretudo, a classe média, como o bloqueio da retirada de
depósitos bancários superiores ao valor de 50 mil cruzados
novos.

Esse plano econômico gerou forte recessão no país, apesar de conter


a inflação. A diminuição das taxas sobre importação induziu a
redução dos preços das mercadorias nacionais, acarretando no
encolhimento do comércio, fechamento de indústrias e aumento
substancial do número de desempregados. Para conter a recessão,
lançou-se o II Plano Collor que possuíam caráter similar ao pacote
anterior para conter a inflação que voltava a crescer. Esse segundo
pacote propunha, dentre outras coisas, a redução em 10% das
despesas estatais, o aperfeiçoamento do combate à sonegação de
impostos, ampliou impostos sobre operações financeiras, e criou o
Fundo de Desenvolvimento Social (FDS) e investiu no setor privado
para retomar a atividade produtiva. O II Plano Collor também
fracassou.

Ironicamente, o governo que dizia ter por alvo o combate à


corrupção, foi acusado de envolvido em diversos casos de desvio de
dinheiro público. O caso PC Farias foi o mais destacado desses casos.
O irmão de Fernando Collor, Pedro Collor denunciou esse esquema
realizado entre o presidente e Paulo César Farias, tesoureiro da
campanha de Collor à presidência. PC Farias recebia altas quantias de
dinheiro de empresários que buscavam facilitação de recebimento de
verbas públicas. Esses valores eram depositados em contas
fantasmas para despesas de Fernando Collor e da família dele. Esse
esquema foi denunciado em uma Comissão Parlamentar de Inquérito
(CPI), e confirmado pelo depoimento do ex-motorista particular de
Collor, Francisco Eriberto Freire França.

Diante desses escândalos, a população manifestou-se nas ruas,


destacando-se os caras-pintadas, jovens que pintavam o rosto de
verde e amarelo. Essas manifestações pediam o impeachment da
presidência de Collor. Em setembro de 1992, a maioria da Câmara
dos Deputados votou favoravelmente ao pedido de impeachment
redigido pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e pela
Associação Brasileira de Imprensa (ABI). Collor renunciou à
presidência antes de ser efetivado o impeachment. No entanto, o
Senado confirmou a cassação do mandato e perda dos direitos
políticos de Collor por oito anos. Em 29 de dezembro de 1992, Collor
foi definitivamente impedido de exercer o mandato. E foi sucedido
pelo vice-presidente Itamar Franco, empossado em janeiro de 1993.

Itamar Franco pretendeu estabilizar o governo presidencial por meio


da realização de um pacto de governabilidade entre os mais diversos
partidos políticos, principalmente, com membros do Partido
Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) e o Partido da Social
Democracia Brasileira (PSDB). A busca pela coalizão pretendia a
superação da crise política instalada no país, que recém-saído de um
regime militar teve um governo eleito impedido de ter continuidade.
E como previsto na Constituição de 1988, naquele ano de 1993
realizou-se um plebiscito que definiu a forma e sistema de governos
(monarquia ou república; e parlamentarista ou presidencialista). Esse
referendo, realizado em 21 de abril de 1993, decidiu pela república
presidencialista.

Economicamente, o país sofria com alta taxa de inflação (por volta de


30% ao mês), tornando a vida do trabalhador ainda mais precária e
inibindo os investimentos no país. Com o objetivo de sanar esse
problema, foi indicado para o cargo de ministro da Fazenda o
sociólogo e fundador do PSDB, Fernando Henrique Cardoso que
elaborou o Plano Real. Esse plano econômico, que passou a vigorar
em julho de 1994, adotou a moeda Real, equiparada ao dólar
estadunidense, ou seja, um real valeria um dólar. Além da criação da
moeda real, a gestão de Fernando Henrique Cardoso no ministério da
Fazenda propôs a redução de gastos públicos e a realização de
privatização de grandes empresas públicas como a Açominas, a
Companhia Siderúrgica Nacional, e a Companhia Siderúrgica Paulista.

Dentre eventos que tiveram destaque no governo de Itamar Franco


esteve o caso de corrupção de vinte e dois deputados federais que
desviaram mais de cem milhões de dólares do orçamento do país,
apenas seis desses deputados tiveram os mandatos cassados. Esse
caso ficou conhecido como “escândalo dos anões do orçamento”
devido à baixa estatura dos deputados envolvidos.

O Plano Real conteve o aumento da inflação e promoveu o


crescimento do consumo. Desse modo, cresceu a popularidade de
FHC, que propiciou a candidatura dele à presidência da República. Em
abril de 1994, terminou o mandato de Itamar Franco, e em outubro
desse mesmo ano realizaram-se eleições para presidente da
República. Fernando Henrique Cardoso foi eleito no primeiro turno
das eleições com mais de 54% dos votos, em segundo lugar ficou o
candidato Luís Inácio Lula da Silva com 27% dos votos.

Durante o governo de Itamar Franco, FHC foi ministro das Relações


Exteriores (1992-1993) e da Fazenda (1993-1994). A criação
do Plano Real que estabeleceu a nova moeda brasileira (o Real), a
contenção da inflação, e o aumento do consumo, promoveram FHC
que galgou o cargo de presidente da República, sucedendo Itamar
Franco, em 1994.

A proposta política de Fernando Henrique Cardoso era adequar o


Brasil ao neoliberalismo. Assim declarou que o governo dele poria fim
a Era Vargas, ou seja, a intervenção do Estado na economia seria
mínima, seriam realizadas privatizações de empresas estatais, e
reduzidos os direitos trabalhistas por meio de flexibilização das
legislações. O primeiro governo presidencial de Fernando Henrique
Cardoso, portanto, foi marcado por privatizações e pela entrada de
capital estrangeiro no país. Dentre as empresas que foram vendidas
nesse período estiveram a Vale do Rio Doce, a Empresa Brasileira de
Telecomunicações (Embratel), e a Companhia Siderúrgica Nacional,
todas vendidas por valores muito aquém do estimado.

O aumento dos juros e a política de investimento das importações


para o país geraram o fechamento de empresas e a demissão de
muitos trabalhadores. Em 1998, a taxa de desemprego atingiu cerca
de 9% da população economicamente ativa no país. Nesse mesmo
ano de 1998, o Congresso aprovou uma lei que possibilitou a
reeleição para os cargos de governadores, prefeitos, e presidente da
República. Dessa forma, Fernando Henrique Cardoso conseguiu
reeleger-se presidente da República no primeiro turno das eleições de
1998, com o total de 53% dos votos válidos. Em segundo lugar com
31% dos votos, ficou o candidato do Partido dos Trabalhadores, Luís
Inácio Lula da Silva.

No segundo governo de Fernando Henrique Cardoso houve a


implementação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação, em 1996,
que propunha a universalização do Ensino Básico. Dessa maneira,
reduziu o analfabetismo na população com mais de dez anos de
idade, em 4 pontos percentuais, entre os anos de 1995 e 2001. E
ampliou, progressivamente, a inclusão de crianças e jovens na
escola, reduzindo em nove pontos percentuais a evasão escolar entre
os 7 e 14 anos de idade. No que se referiu à saúde, o Brasil tornou-se
referência no tratamento do HIV e Aids, e reduziu significativamente
a mortalidade infantil. Em 2000, foi criada a Lei de Responsabilidade
Fiscal que previa punições aos políticos que gastassem mais do que
tivessem em caixa nos governos.

No segundo mandato, Fernando Henrique Cardoso teve a


popularidade reduzida, principalmente, pela ampliação do
desemprego. Os movimentos sociais manifestavam-se contra a
política neoliberal de FHC que sujeitava o trabalhador à falta de
emprego e a baixos salários, gerando acentuada pauperização das
camadas proletarizadas do país. Outro fator que acarretou nessa
diminuição de popularidade do governo FHC foi o
“apagão”, secas nas usinas hidrelétricas causavam falhas na geração
de energia, deixando vastas regiões do país sem o fornecimento de
energia elétrica. O governo FHC foi acusado de não ter investido e
planejado o suficiente no setor de energia, ocasionando mudanças
nos hábitos da população para a economia desse bem.

Fernando Henrique Cardoso foi sucedido pelo candidato do Partido


dos Trabalhadores (PT), Luís Inácio Lula da Silva, na presidência da
República. Nas eleições de 2002, Lula obteve mais de 61% dos votos
válidos, vencendo o candidato do PSDB, José Serra que obteve mais
de 38% dos votos.

Após ter ficado em segundo lugar nos pleitos eleitorais entre 1989 e
1998, Lula foi eleito presidente da República com mais de 61% dos
votos, no ano de 2002. Nesse mandato estabeleceu como prioridade
o combate à fome, lançando o projeto “Fome Zero”. Segundo uma
pesquisa feita no ano de 2001 havia, aproximadamente, 46 milhões
de pessoas em situação de “insegurança alimentar”, ou seja, que não
consumiam os alimentos necessários para estarem nutridas da forma
adequada. Estavam relacionados ao “Fome Zero” programas de
educação alimentar e o projeto “Bolsa Família”. O “Bolsa Família”
consiste em um valor que é fornecido a famílias em situação de
pobreza ou extrema pobreza. Esse auxílio já existia no governo
antecessor de Fernando Henrique Cardoso dividido em quatro
programas (auxílios para compra de gás, alimentação, e artigos
escolares), no governo Lula eles foram unificados e ampliados.

O governo Lula também manteve a política econômica neoliberal


adotada pelo governo antecessor, de Fernando Henrique Cardoso. O
ministro da Fazenda do governo Lula, Antonio Palocci deu
continuidade às altas taxas de juros para conter a inflação, no
entanto, essas taxas eram menores do que as do governo anterior. O
governo Lula ampliou os parceiros comerciais estrangeiros com
países da África, América do Sul e Oriente (principalmente a China),
anteriormente destacava-se apenas o comércio com o Estados Unidos
da América.

No final do primeiro mandato de Lula na presidência surgiram


denúncias de corrupção na base governista, destacadamente no
Partido dos Trabalhadores (PT), Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), e
Partido Progressista (PP). Esses casos de corrupção ficaram
conhecidos como “mensalão”, que consistiram no desvio de dinheiro
público para as campanhas eleitorais do PT e para que deputados
votassem nas pautas levantadas pelo governo Lula. Esses casos
foram investigados em Comissões Parlamentares de Inquérito (CPI’s),
e foram condenados ao cárcere o publicitário Marcos Valério, o ex-
ministro da Casa Civil José Dirceu, o ex-tesoureiro do PT Delúbio
Soares, o ex-presidente do PP Paulo Corrêa, o ex-presidente da
Câmara dos Deputados João Paulo Cunha, e o delator, deputado
Roberto Jefferson (PTB).

Apesar de abalada a confiança dos eleitores do PT, Lula galgou o


segundo mandato a frente da presidência da República, nas eleições
de 2006, obtendo no segundo turno mais de 60% dos votos. Em
segundo lugar ficou Geraldo Alckmin, do PSDB. Também disputou
pela primeira vez as eleições para a presidência da República a
senadora Heloísa Helena, pelo Partido Socialismo e Liberdade (PSOL).
Esse partido foi formado por uma ala de dissidentes do PT que
criticaram a adesão de uma agenda neoliberal pelo governo Lula.

No segundo mandato do governo Lula a inflação foi controlada e o


índice de desemprego diminuiu. Para desenvolver a infraestrutura do
país foi criado o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), em
2007, que construiu portos, rodovias, ferrovias, investiu-se
em saneamento básico. Com o crescimento da economia brasileira, o
país ingressou no Bloco de países emergentes (BRIC) formado
também por Rússia, Índia e China, em 2011. O crescimento
econômico brasileiro também o levou ao ingresso no G-20,
constituído pela União Europeia e as dezenove maiores economias
mundiais. A crise econômica mundial de 2008 teve pouca ressonância
no Brasil, gerando um clima de otimismo. Além disso, houve a
descoberta de jazidas de petróleo abaixo das camadas de sal no solo,
que ficaram conhecidas como Pré-sal, prometendo ainda maior
crescimento econômico para o país.

Houve crescimento dos níveis de escolarização, e foi criado o


Programa Universidade Para Todos (Prouni), que concede bolsas em
universidades privadas para estudantes carentes. Esse programa foi
bastante criticado, pois se destinaram verbas para universidades
privadas que poderiam ser aplicadas nas universidades públicas.
Nesse período, mais de 20 milhões de pessoas saíram da pobreza e
ingressaram na classe C (com renda familiar entre 1126 e 4854
reais). Esse fenômeno foi considerando como inclusão social; visto
que na perspectiva neoliberal o crescimento de renda está associado
à inclusão social, mesmo que essa parcela da população não tenha
acesso a serviços de qualidade em setores básicos como educação e
saúde. A prática de financiar com recursos públicos a iniciativa
privada para a resolução de problemas sociais passou a ser
largamente utilizada.

Em janeiro de 2011, o governo Lula foi sucedido pelo de Dilma


Rousseff, candidata do PT à presidência do país, que obteve a maioria
dos votos no pleito de 2010.

O governo de Dilma Rousseff deu continuidade a política do governo


antecessor de Luís Inácio Lula da Silva, também do Partido dos
Trabalhadores (PT). Desse modo, foram mantidos os programas de
assistência social como “Bolsa Família” e “Minha Casa, minha vida”.
Economicamente, a pauta neoliberal continuou sendo adotada. Os
problemas sociais do país foram incumbidos à iniciativa privada, por
meio de programas que investiam dinheiro público no setor privado
(“Minha casa, minha vida”, “Pro-uni”, dentre outros).

Quando Dilma assumiu a presidência havia forte recessão econômica


mundial, que também atingiu a economia nacional. Tentando reverter
essa crise, aumentou os investimentos na infraestrutura do país por
meio do Programa de Aceleração do Crescimento 2 (PAC 2), em
2011. Como os países da União Europeia e Estados Unidos estavam
em crise, recorreu-se à continuidade de estender comércio com
países da América Latina e a China. As taxas de juros foram
reduzidas, facilitando o crédito para as empresas e pessoas físicas.
Essas medidas, no entanto, não contiveram a crise econômica, que
acarretou em uma crise política do governo Dilma. A crise política
avultou, sobretudo, porque o governo Dilma não conseguiu apoio às
pautas propostas no Congresso Nacional.
A crise econômica que abateu a classe trabalhadora e setores
proletarizados da população não foi empecilho para o governo investir
verbas bilionárias para a realização da Copa das Confederações no
Brasil. Em junho de 2013, a juventude brasileira tomou as ruas em
protesto contra a precarização da vida de modo geral, sendo o alto
custo das passagens do transporte público uma das questões
principais levantadas pelos manifestantes. As manifestações de junho
de 2013 ocorreram em diversas cidades do país, destacadamente São
Paulo, Rio de Janeiro e Brasília, que contaram com atos com até um
milhão de pessoas. Em represália, grupos de manifestantes foram
processados e presos por meses. A insatisfação popular com o
governo Dilma cresceu significativamente nesse período.

No ano de 2014 vieram à tona casos de desvio e lavagem de dinheiro


envolvendo a Petrobrás. Esses casos foram investigados pela Polícia
Federal, surgindo a operação “Lava Jato”. Descobriu-se que grandes
empreiteiras pagavam propinas para receberem vantagens nos
pleitos para escolha de empresas que executariam obras para a
Petrobrás. No mesmo ano de 2014, ocorreram as eleições para
presidente do país e Dilma Rousseff foi reeleita com mais de 51% dos
votos válidos, em segundo lugar ficou o candidato Aécio Neves do
PSDB.

No segundo mandato de Dilma a situação econômica brasileira se


agravou ainda mais, e no ano de 2015 foi registrado PIB (Produto
Interno Bruto) negativo no país (-3,8%). As taxas de desemprego e
inflação cresceram. Os aliados da presidência no Parlamento,
reduziram. Manifestantes foram às ruas pedindo o impeachment da
presidente, e outros em defesa do governo Dilma, gerando
polarização política no país. Em abril de 2016, a maioria dos
deputados federais foi favorável ao impedimento do governo Dilma
Rousseff. Em maio de 2016, a maioria do Senado votou pela abertura
de processo de impeachment de Dilma, por crime de responsabilidade
fiscal. Os senadores decidiram pelo impeachment de Dilma Rousseff,
que foi sucedida pelo vice-presidente Michel Temer, do Partido
Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), em 31 de agosto de 2016.

Nesse mês completam dois anos de afastamento de Dilma Rousseff da


Presidência da República e da ascensão de Michel Temer ao (su)posto de
Presidente, à época ainda como interino, mas já provocando intensos
reordenamentos no governo (com g minúsculo). Esses dois anos, em
tese, deveriam ser de continuidade em relação ao programa eleito em
2014 e de continuidade em relação às regras e institucionalidades
estabelecidas, em respeito à Constituição e à estabilidade
democrática. Ao contrário, esse tem sido um governo de grandes
mudanças em um período que deveria realizar uma transição mais
suave para o governo que (esperamos) assuma em 2019.
As mudanças ocorridas foram muito mais profundas, bruscas e com
mínimo ou inexistente debate público consistente. A começar pela
desaparição dos ministérios do Desenvolvimento Agrário e o
Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos,
voltados ao combate das desigualdades, mas passando pelas
ampliação da influência de grupos poderosos dentro do governo,
como mostram a aprovação da Medida Provisória da Grilagem ou
a Medida Provisória do Trilhão, que libera petroleiras internacionais de
impostos que podem somar R$ 1 trilhão nos próximos 22 anos. E
claro não se pode esquecer das reformas aprovadas pelo governo,
como a fiscal (com a Emenda Constitucional 95) e a trabalhista. Isso só
pra falar de algumas poucas medidas… “O Brasil voltou, 20 anos em
2”, é o slogan comemorativo do governo para a data. É só tirar a
vírgula que fica perfeito.
Para o povo, Temer e Meirelles assumiram com a proposta de fazer o
Brasil voltar a crescer e moralizar a política. Para o mercado, Temer e
Meirelles assumiram com a proposta de colocar em prática o Ponte
para o Futuro, como discutimos aqui. Mas, dois anos depois, o
Brasil apresenta crescimento fraco, com pouca sustentabilidade e, não
menos importante, com muito pouco efeito para a população, que
hoje conta com quase 27 milhões de pessoas classificadas como
“subutilizadas” (dentre os quais quase 14 milhões de desocupados
segundo a última medição da PNAD Contínua, mas também aqueles
que desistiram de procurar emprego e os que trabalham menos horas
do que gostariam). Isso as pessoas sentem em seu dia-a-dia. E sobre
moralizar a política, creio não ser preciso nem comentar.
Mas, de fato, o governo conseguiu implementar grande parte da
agenda proposta lá atrás no Ponte para o Futuro (exemplos) para
atender aos interesses do mercado, notadamente com a Emenda
Constitucional 95 (popularmente “teto de gastos”), que restringe em
linhas gerais o gasto social mas não o pagamento de juros, e a
Reforma Trabalhista, que reduz as travas para demissão, permite
contratos mais variáveis (no caso do trabalho intermitente), entre
outras diversas medidas. Essa reforma retira muitos direitos dos
trabalhadores e não coloca nenhuma contrapartida para os
empregadores, tornando o jogo mais desequilibrado, o que é
completado pelo enfraquecimento dos sindicatos, que se tornam mais
importantes na teoria com a reforma trabalhista, que traz a
prerrogativa do negociado sobre o legislado mas perdem as fontes de
financiamento. A prometida segurança jurídica que seria trazida pela
reforma ainda não foi confirmada, dadas as diversas interpretações
da mesma e a insegurança dos próprios empregadores em utilizar-se
de práticas previstas pela nova regulamentação.
Em todo caso, nas eleições deste ano (caso ocorram), está em jogo a
legitimação do projeto aplicado por Temer e Meirelles: querem que a
população escolha para o cargo executivo máximo da nação um
candidato chamado “reformista”, aqui entendido como um candidato
comprometido com reformas que reduzem o papel do Estado de lutar
contra as desigualdades, como as aplicadas pelo governo Temer. No
entanto, esse projeto já se mostrou ser altamente impopular, vide a
baixíssima aprovação do governo Temer e a alta rejeição às reformas
computadas em pesquisas de opinião diversas (e no entanto essa
política continua, pois ela não foi feita pra agradar o povo).
Querem também defender a necessidade de um “candidato de
centro” como sinônimo de “candidato reformista”, tal como usamos o
conceito nesse texto. No entanto, um candidato que defenda
reformas liberalizantes e o “legado” do governo Temer nunca será um
candidato de centro propriamente dito, pois essa agenda é uma
agenda neoliberal e isso precisa ser dito claramente. Querem passar
a impressão de que defender essas reformas é algo com que todos
concordam (pois obviamente na mídia tradicional grande parte do
espaço só é dado a especialistas que reforçam essa impressão), que
elas estão “acima do bem e do mal” e que defendê-las é ser “de
centro”, mas é preciso colocar os pingos nos is e reforçar para a
população os efeitos deletérios da aplicação desse projeto na vida das
brasileiras e dos brasileiros.
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