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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) JUIZ(A) FEDERAL DA __

VARA FEDERAL DE SEÇÃO JUDICIÁRIA DO DISTRITO FEDERAL

PAULO FERNANDO MELO DA COSTA,


brasileiro, casado, advogado, OAB/DF n. 19.772, portador do RG.
954.733 SSP/DF, CPF.: 279.723.801-04, residente e domiciliado à
SBS Quadra 1, Bloco K, Sala 613, Edifício Seguradoras, Setor Bancá
rio Sul, Brasília/DF, CEP: 70.093-900, e-mail
providafamilia@hotmail.com, com inscrição eleitoral n.
0003.2904.2054, zona 0001, seção 0117, Brasília-DF; e KARLOS
GAD GOMES PINTO, brasileiro, solteiro, estudante, OAB/DF
14507/E, portador do RG: 1.982.130 SESP-DF, CPF: 699.012.871-20,
email: karlos@kolbe.adv.br, com inscrição eleitoral n.
0222.4718.2011, zona 004, seção 0019, Brasília-DF, vêm, por meio
de seus advogados in fine assinado, à honrosa presença de Vossa
Excelência, com fundamento na lei 4.717, de 29 de junho de 1965, e
nos artigos 5º, LXXVIII, e 37, caput, da CF, impetrar
AÇÃO POPULAR
(COM PEDIDO LIMINAR INAULDITA ALTERA PARS)

contra ato praticado pela PRESIDENTE DA REPÚBLICA


FEDERATIVA DO BRASIL, DILMA ROUSSEFF, que nomeou o Sr.
Luiz Inácio Lula da Silva, ex-Presidente da República Federativa do
Brasil, como Secretário Geral da Presidência da República, nos termos
do art. 84, I, da Constituição Federal, com o intuito de obstruir o
exercício da justiça, ofendendo desta forma a motivação e a
finalidade do ato administrativo, em flagrante violação aos preceitos
constitucionais e legais, podendo ser localizada na Praça dos Três
Poderes, CEP: 70.150-900, Brasília/Distrito Federal; e o SENHOR
MINISTRO DE ESTADO LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA, brasileiro,
casado, RG desconhecido, CPF: 070.680.938-68, podendo ser
encontrado no Gabinete da Casa Civil da Presidência da República
localizado no Palácio do Planalto – Praça dos Três Poderes, CEP:
70.058-900, pelos motivos de fato e de direito a seguir expendidos:

I. PREÂMBULO

Trata-se de ação popular impetrada em face


de ato praticado pela Presidente da República do Brasil, Dilma
Rouseff, que nomeou o Sr. Luiz Inácio Lula da Silva, ex-presidente da
República Federativa do Brasil, para o cargo de Ministro da Casa Civil,
conforme nota oficial emitida pelo Palácio do Planalto no dia
16/03/2016, conforme documento em anexo1.

Ocorre que o Sr. Luiz Inácio Lula da Silva,


conforme amplamente divulgado pela imprensa, além de investigado
pela prática de inúmeros delitos, foi recentemente denunciado pelo
Ministério Público de São Paulo pela prática dos crimes previstos no
art. 299 do Código Penal c/c art. 1º, caput, da Lei no 12.683/12,
tendo a Justiça Comum de São Paulo declinado da competência para
a Justiça Federal do Paraná por serem os crimes conexos aos da
Operação Lava Jato, sendo que, a princípio, sua nomeação para o
cargo de Ministro de Estado ensejaria o deslocamento de competência
do processo para o Supremo Tribunal Federal, nos termos do art.
102, I, “b” da Constituição Federal, o que por si só demonstra uma
flagrante ofensa à moralidade administrativa, por desvio de finalidade
do ato, eis que o motivo resultante do ato não se coaduna numa relaç
ão de congruência.

Com relação à congruência entre o motivo e


resultado do ato, José dos Santos Carvalho Filho (Manual de Direito
Administrativo, p. 108) disciplina que “sendo um elemento calcado
em situação à pratica do ato, o motivo deve ser sempre ajustado ao
resultado do ato, ou seja, ao fins a que se destina. Impõe-se, deste
modo, uma relação de congruência entre o motivo, de um lado, e o
objeto e a finalidade, de outro. Nas corretas palavras de Marcelo

1http://g1.globo.com/politica/blog/cristiana-lobo/post/lula-na-casa-civil-wagner-na-chefia-de-
gabinete.html
Caetano, ‘os motivos devem aparecer como premissas donde se
extraem logicamente a conclusão, que é a decisão”2

Desta forma, não há motivo ou razoabilidade


em se nomear o Sr. Luiz Inácio Lula da Silva como Ministro de
Estado, conforme será amplamente demonstrado neste remédio
constitucional.

Além disso, o ato lesivo atacado é sem dúvida


uma manobra pífia para burlar o princípio do juiz natural, decorrente
das regras prevista na Constituição, quanto, diga-se de passagem, à
prerrogativa de foro do denunciado Sr. Luiz Inácio Lula da Silva,
ferindo, desta forma, o entendimento do Supremo Tribunal Federal na
AP 634 QO/DF e AP 396/RO3 com relação ao tema e consequente
ofensa a Lei 4717/65, pois em seu artigo 2º, alínea “d” e “e”,
considera nulos os atos que tenham por vício a inexistência de
motivos e o desvio de finalidade.

Desta forma, é certo que a Presidente da


República cometeu um ato nulo por inexistência de motivos e desvio
de finalidade, conforme será demonstrado neste petitório.

2
Princípios, p. 148
3
Jurisprudência do Plenário do STF: na Ação Penal 396, de relatoria da Min, Carmem Lúcia, a
Corte decidiu em 28/10/2010, que quando o cargo é utilizado como subterfúgio para
deslocamento da competência constitucionalmente definidas, que não podem ser objeto de
escolha pessoal, é de ser reconhecida a fraude e mantida a competência do juízo original, ante a
“impossibilidade de ser aproveitadas como expediente para impedir o julgamento”.
Nesse diapasão, promove-se a presente ação
constitucional com o objetivo de tutelar a moralidade administrativa e
impedir a obstrução da justiça, eis que é dever do cidadão preservar
o bem público, seja ele material ou moral.

II. DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA

Dispõe a Carta Magna que a Ação Popular é


uma ação gratuita, isenta de custas judiciais e de ônus de sucumbê
ncia, sendo somente paga quando comprovada a litigância de má-fé
do Autor.

Como se demonstrará no decorrer de toda peç


a, a pretensão da presente demanda é resguardar a moralidade
administrativa e o livre exercício do Poder Judiciário, principalmente
as regras do juízo natural, não havendo risco nenhum de ser
considerada má-fé do Impetrante.

Nesse ponto, transcrevem-se as lições de


Maria Sylvia Zanella Di Pietro:

“Com relação às custas judiciais, ficou


revogado o artigo 10 da Lei n° 4.717/65, que
previa o pagamento a final, pois o artigo 5º,
LXXIII, da Constituição isenta o autor da
custas e do ônus da sucumbência, salvo
comprovada má-fé.”
Logo, não há o que se falar em pagamento de
custas.

III. DO CABIMENTO

Segundo José Afonso da Silva (Comentário


Contextual à Constituição, p. 171), o objeto da ação popular foi
ampliado, em nível constitucional a proteção da moralidade
administrativa, do meio ambiente e do patrimônio histórico e cultural.
Este último já estava contemplado na lei que regula o processo
popular. Não gera maior dificuldade a compreensão do que seja ‘meio
ambiente’, que é conceito adotado pela Constituição (art. 225). Será
mais difícil a compreensão da “moralidade administrativa” como
fundamento para anular ato que a lese. A “moralidade” é definida
como um dos princípios da administração pública (art. 37). Todo ato
lesivo ao patrimônio agride a moralidade administrativa. Mas o texto
constitucional não se conteve apenas à moralidade. Quer que a
moralidade administrativa em si seja fundamento de nulidade do ato
lesivo. Deve-se partir da ideia que a “moralidade administrativa” não
é moralidade comum, mas moralidade jurídica. Essa consideração nã
o significa necessariamente que o ato legal seja honesto. Significa -
com disse Hauriou – que a moralidade administrativa consiste no “
conjunto de regras de condutas da disciplina interior da administraçã
o.”4

Baseado nesse ensinamento a ação popular,


embora o ato administrativo de escolha de Ministro de Estado seja

4
Apud Hely Lopes Meirelles, Direito Administrativo Brasileiro, 34ª. ed.; p. 90
discricionário, tem como escopo reparar os efeitos dos atos lesivos
praticados pelo Poder Público em face do patrimônio público de que o
Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao
patrimônio histórico e cultural.

Ao contrário do que pode pressupor a leitura


do inciso LXXIII do artigo 5º da Constituição Federal, não há a
necessidade de haver dano patrimonialmente aferível para a
propositura da ação popular.

Na verdade, é suficiente a ofensa à


moralidade administrativa para ser possível o ajuizamento da ação e
o deferimento do pleito pelo juízo no sentido de anular o ato lesivo.

Nesse ponto, anota-se novamente a explicaçã


o de Maria Sylvia Zanella Di Pietro sobre o tema:

“Quanto à moralidade administrativa, sempre


houve os que defendiam como fundamento
suficiente para a ação popular. Hoje, a ideia
se reforça pela norma do art. 37, caput, da
Constituição, que inclui a moralidade como um
dos princípios a que a Administração Pública
está sujeita. Tornar-se-ia letra morta o
dispositivo se a prática de ato imoral não
gerasse a nulidade do ato da Administração.
Além disso, o próprio dispositivo concernente
à ação popular permite concluir que a
imoralidade se constitui fundamento autô
nomo para a propositura da ação popular,
independentemente de demonstração de
ilegalidade, ao permitir que ela tenha objeto
anular ato lesivo à moralidade administrativa”.

Assim, frisa-se à exaustão que o ato atacado


é completamente imoral, permitindo, assim, o ajuizamento da
presente ação popular, devendo este nobre juízo declarar nulo o
referido ato, conforme será demonstrado.

De mais a mais, a lei disciplina que será


motivo para ajuizamento da ação popular o ato que for praticado por
desvio de finalidade. Ora, é latente que o ato de nomeação do Sr.
Luiz Inácio Lula da Silva para o cargo de Ministro Chefe da Casa Civil
tem por finalidade impedir o seu julgamento em primeira instância,
retardando, deste modo, o curso do processo, cuja denúncia foi
oferecida em 9 de março do 2016, que passaria a tramitar no âmbito
do STF, o que foge e muito da finalidade do ato de se nomear um
Ministro de Estado.

A Lei n°. 4717/65 determina a anulação do


ato por inexistência de motivo e desvio de finalidade:

Art. 2º São nulos os atos lesivos ao patrimô


nio das entidades mencionadas no artigo
anterior, nos casos de:
(...)
d) inexistência dos motivos;
e) desvio de finalidade.

Parágrafo único. Para a conceituação dos


casos de nulidade observar-se-ão as seguintes
normas:
(...)
d) a inexistência dos motivos se verifica
quando a matéria de fato ou de direito, em
que se fundamenta o ato, é materialmente
inexistente ou juridicamente inadequada ao
resultado obtido;
e) o desvio de finalidade se verifica quando o
agente pratica o ato visando a fim diverso
daquele previsto, explícita ou implicitamente,
na regra de competência.

A jurisprudência do STF caminha exatamente


no sentido de aceitar ação popular em razão de ofensa à moralidade
administrativa:

Embargos de declaração em recurso


extraordinário. (...) 2. Embargos de declaraçã
o recebidos como agravo regimental. Princípio
da fungibilidade recursal. 3. Ação Popular. Uso
de propaganda oficial para promoção pessoal
por Secretário de Estado. 4. Ofensa aos princí
pios da impessoalidade e da moralidade. Art.
37, § 1º, da Constituição Federal 5. Ausência
de argumentos suficientes a infirmar a decisão
recorrida. 6. Agravo regimental a que se nega
provimento. (ARE 921282 ED, Relator(a):
Min. GILMAR MENDES, Segunda Turma,
julgado em 15/12/2015, ACÓRDÃO ELETRÔ
NICO DJe-024 DIVULG 10-02-2016 PUBLIC
11-02-2016)

IV. DA COMPETÊNCIA

No âmbito da competência, é curial salientar


que apesar de ser ato impugnado praticado pela Presidente da
Republica, o juízo competente é o juiz de primeira instância nos
termos do art. 5ª da Lei n°: 4717/65:

Art. 5º Conforme a origem do ato impugnado,


é competente para conhecer da ação,
processá-la e julgá-la o juiz que, de acordo
com a organização judiciária de cada Estado,
o for para as causas que interessem à União,
ao Distrito Federal, ao Estado ou ao Município.

O entendimento de que a competência é do


juiz de primeira instância já se encontra pacificado tanto na
jurisprudência quanto a doutrina, vejamos o ensinamento do
Procurador da Fazenda Nacional Matheus Carvalho5:

“Incialmente, ressalta-se não haver


prerrogativa de foro para julgamento da ação
popular, sendo assim, a ação tramitará,
necessariamente, perante o juiz singular,
competindo à justiça federal a análise do feito,
nas hipóteses previstas no art. 109 da
Constituição Federal. Em caso contrário, a açã
o será proposta perante juiz estadual”

Assim, o Supremo Tribunal Federal – por ausê


ncia de previsão constitucional – não dispõe de competência originá
ria para processar e julgar ação popular promovida contra qualquer ó
rgão ou autoridade da República, mesmo que o ato cuja invalidação
se pleiteie tenha emanado do Presidente da República, das Mesas da
Câmara dos Deputados ou do Senado Federal, ou, ainda, de qualquer
dos Tribunais Superiores da União. Assim sendo, a competência para

5
CARVALHO, Matheus, Manual de Direito Administrativo, 3ª Edição, Editora JusPodium, 2016, p. 389,
390
julgar ação popular proposta em face de qualquer autoridade, até
mesmo do Presidente da República, é, via de regra, do juízo
competente de primeiro grau.6

V. DA LEGITIMIDADE ATIVA AD CAUSUM

No que se refere à legitimidade ad causam


para a propositura da ação popular, esclarece que a Carta
Republicana de 1988 estabelece que qualquer CIDADÃO é parte
legitima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao
patrimônio público ou entidade de que o Estado participe, à
moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histó
rico e cultural.

Por cidadão, entende a doutrina mais balizada


sobre o tema que é qualquer brasileiro, nato ou naturalizado, que
está no gozo dos direitos, ou seja, dos direitos de votar e ser
votado7.

Para dirimir qualquer dúvida, Seabra


Fagundes leciona que não obstante a discriminação que se faz
doutrinariamente entre cidadania ativa e passiva e apesar da
Constituição empregar o vocábulo cidadão, sem qualquer
qualificativo, ”deve entender-se que essa palavra, no que concerne
ao direito de agir judicialmente, se refere ao titular da cidadania ativa
ou seja, ao eleitor”

6
(AO 859-QO, Rel. p/ o ac. Min. Maurício Corrêa, julgamento em 11-10-01, Plenário, DJ de 1º-8-03)
7
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella, Direito Administrativo, Vigésima Sexta Edição, Ed. Atlas, 2013, pá
g. 869.
Desta feita, os Impetrantes colacionam cópia
dos seus títulos de eleitor e/ou certidão de quitação eleitoral para
comprovar a sua legitimidade ativa para ajuizamento da presente açã
o conforme determinação do §3º do art. 1º da Lei de Ação Popular.

VI. DA LEGITIMIDADE PASSIVA AD


CAUSUM

Quanto à legitimidade passiva ad causam, a


Lei 4.717/65 no seu artigo 6º disciplina quem são as pessoas que
respondem no polo passivo da ação popular, in verbis:

Art. 6º A ação será proposta contra as


pessoas públicas ou privadas e as entidades
referidas no art. 1º, contra as autoridades,
funcionários ou administradores que
houverem autorizado, aprovado, ratificado ou
praticado o ato impugnado, ou que, por
omissas, tiverem dado oportunidade à lesão, e
contra os beneficiários diretos do mesmo.

Nota-se, pela leitura do artigo supracitado,


que é parte passiva legítima da ação popular a autoridade que pratica
o ato e aquele se beneficia da prática do ato.

Neste diapasão, é certo que a legitimidade


passiva no referido caso é da Presidente da Republica do Brasil, Sra.
DILMA ROUSEFF, por nomear o Sr. Luiz Inácio Lula da Silva em
franca ofensa à moralidade administrativa e obstrução ao exercício da
justiça e o Sr. Luiz Inácio Lula da Silva por ser beneficiário da nomeaç
ão.

Preenchidos todos os requisitos para


conhecimento e processamento da presente ação, traz a baila a causa
de pedir que justifica de forma cabal o ajuizamento da demanda.

VII. DOS FATOS

Em 17 de março de 2014, a Polícia Federal do


Brasil iniciou sua maior operação contra a corrupção no país. Na
oportunidade, foram realizadas centenas de mandados de busca e
apreensão, de prisão temporária, de prisão preventiva e de condução
coercitiva com o objetivo de apurar um esquema de lavagem de
dinheiro suspeito de movimentar mais 40 bilhões de reais.

Daquela data pra cá, vários empreiteiros e


congressistas foram investigados pela Policia Federal e denunciados
pelo Ministério Público Federal, por diversos crimes, como lavagem de
dinheiro, formação de quadrilha, corrupção ativa e passiva, concussã
o, dentre outros.

Dentre os investigados encontra-se o Sr. Luiz


Inácio Lula da Silva, ex-presidente da República Federativa do Brasil,
denunciado por lavagem de capital e falsidade ideológica, no último
dia 9 de março de 2016, conforme amplamente noticiado pela
imprensa, pelo Ministério Público do Estado de São Paulo, processo
de n. 0017018-25.2016.8.26.0050.
Além do mais, em deleção premiada do
Senador Delcídio do Amaral, do mesmo partido da Presidente da
República e do Sr. Luiz Inácio Lula da Silva, homologada pelo Ministro
do STF Teori Zavascki, processo n. 22854-2016-GTLJ/PGR, o ex-
presidente foi citado 156 vezes, conforme amplamente noticiado pela
imprensa.

Segundo o portal de notícias G18, segue os


principais trechos da delação premiada onde o ex-presidente e, frisa-
se, a atual Presidente são citados em reiteradas práticas criminosas
que atentam contra a Lei 8.429/92 (Lei de Improbidade
Administrativa), ou seja, atos que importem em enriquecimento ilí
citos, atos que causam prejuízo ao erário e atos que atentam contra
os princípios da administração pública, sendo que nesta última fase
as investigações convergiram para o ex-presidente da República, Sr.
Luiz Inácio Lula da Silva, senão vejamos:

(...)

Dilma Rousseff

Delcídio contou que Dilma agiu para manter na


Petrobras os diretores comprometidos com o
esquema de corrupção e atuou para interferir no
andamento da Lava Jato. Procurada pelo G1, a
assessoria de imprensa do Palácio do Planalto
informou que "esses assuntos já foram tratados
em entrevistas concedidas pela presidente

8
http://g1.globo.com/politica/operacao-lava-jato/noticia/2016/03/veja-os-principais-pontos-da-delacao-
do-senador-delcidio-do-amaral.html
Dilma e por ministros, como José Eduardo
Cardozo, da Advocacia-Geral da União".
Segundo o senador, uma dessas ações da
presidente foi a (sic) nomeação para o Superior
Tribunal de Justiça (STJ) do ministro Marcelo
Navarro, que se teria se comprometido a votar,
em julgamentos no tribunal, pela soltura de
empreiteiros já denunciados pela Lava Jato.
Delcídio também afirma que outra tentativa de
Dilma em interferir nas investigações se deu em
uma reunião entre ela, o então ministro da
Justiça e atual advogado-geral da União, José
Eduardo Cardozo, e o presidente do STF,
Ricardo Lewandowski. A reunião, realizada em
julho do ano passado em Portugal, foi
convocada, oficialmente, para tratar do reajuste
aos servidores do Judiciário. Na delação, porém,
Delcídio afirma que a razão principal do
encontro foi a tentativa da presidente em mudar
os rumos da Lava Jato. Delcídio afirma ainda na
delação que, como presidente do Conselho de
Administração da Petrobras, Dilma sabia que
havia um esquema de superfaturamento por trá
s da compra da refinaria de Pasadena, nos
Estados Unidos, e atuou para que Nestor
Cerveró, ex-diretor da estatal e um dos presos
na Lava Jato, fosse mantido na direção da
Petrobras. A presidente, segundo o senador,
indicou Cerveró para a diretoria financeira da BR
Distribuidora. Delcídio descreveu ainda uma
operação de caixa dois na campanha de Dilma
em 2010 feita pelo doleiro Adir Assad, também
preso na Lava Jato. Segundo o senador, o
esquema seria descoberto pela CPI dos Bingos,
mas o governo conseguiu barrar a investigação
dos parlamentares. Ele afirma que, quando o
governo percebeu que a quebra de sigilo da CPI
dos Bingos levaria à campanha de Dilma 2010,
foi determinado o encerramento imediato dos
trabalhos.

(...)

Aloizio Mercadante

Delcídio afirmou que houve uma tentativa do


ministro da Educação, Aloizio Mercadante, de
oferecer ajuda política e financeira para evitar
que o parlamentar petista firmasse o acordo de
delação premiada. Segundo a delação, o
ministro fez a oferta em conversas com um
assessor de Delcídio, que gravou os diálogos. “
[Mercadante] disse a Eduardo Marzagão para o
depoente ter calma e avaliar muito bem a
conduta a tomar diante da complexidade do
momento político; que a mensagem de Aloísio
Mercadante, a bem da verdade, era no sentido
do depoente não procurar o Ministério Público
Federal, para, assim, ser viabilizado o
aprofundamento das investigações da Lava
Jato”, afirma o documento. O senador petista
afirma ainda, na delação, que acredita que
Mercadante agiu como “emissário de Dilma
Rousseff”, em função da confiança que a
presidente da República tem no ministro da
Educação. “Que Aloísio Mercadante é um dos
poucos que possui a confiança de Dilma
Rousseff, tendo afirmado, inclusive, que ‘se ela
tiver que descer a rampa do Planalto sozinha,
eu descerei ao lado dela’. Que, em razão disso,
entendeu o depoente que Aloísio Mercadante
agiu como emissário da presidente da República
e, portanto, do governo.” Em entrevista
coletiva, Mercadante afirmou que "jamais"
tentou impedir o senador de firmar um acordo
de delação premiada com a Procuradoria Geral
da República.

(...)

Lula e Palocci

Na delação, Delcídio também diz que, para


comprar o silêncio do empresário Marcos Valério
sobre as investigações do mensalão, foi
prometido o pagamento de uma quantia de R$
220 milhões. Valério foi condenado no
julgamento do mensalão no STF, em 2012, e
considerado o operador do esquema. Segundo
Delcídio, a promessa foi feita a Valério por Paulo
Okamoto, atual presidente do Instituto Lula. Em
14 de fevereiro de 2006, Delcídio diz que
aconteceu uma reunião em Brasília, para tratar
do pagamento do valor. Participaram dela
Marcos Valério e Rogério Tolentino (ex-
advogado de Valério, também condenado no
mensalão). Ainda segundo o senador, nos dois
dias seguintes ele se reuniu com Paulo Okamoto
e com o presidente Lula para tratar do assunto.
Delcídio diz que comunicou ao ex-presidente
Lula na ocasião: “acabei de sair do gabinete
daquele que o senhor enviou a Belo Horizonte
[Okamoto]. Corra, presidente, senão as coisas
ficarão piores do que já estão.” Delcídio disse
ainda que recebeu no dias seguintes ligações do
então ministro da Justiça, Márcio Thomaz
Bastos, e do então ministro da Fazenda, Antonio
Palocci. Ambos falaram sobre a reunião que o
senador havia tido com Lula. Segundo a delação
de Delcídio, Palocci disse, na ligação, que “o
Lula estava injuriado com ele em razão do teor
da conversa.” Além disso, Palocci disse que “
estaria, a partir daquele momento, assumindo a
responsabilidade pelo pagamento da dívida.”
Delcídio diz que Marcos Valério recebeu
pagamento, mas não os R$ 220 milhões que
haviam sido prometidos. Ele não diz qual foi o
valor que Valério recebeu. Delcídio afirma que “
de todo modo, a história mostrou a
contrapartida: Marcos Valério silenciou.”

(...)

CPI do Carf

Em seu depoimento, o senador diz que “por vá


rias vezes” o ex-presidente Lula pediu a ele que
“agisse para evitar a convocação” do lobista
Mauro Marcondes e a esposa dele, Cristina
Mautoni, pela CPI do Carf do Senado. A CPI do
Senado terminou em dezembro do ano passado
e pediu o indiciamento de 28 pessoas entre
conselheiros, assessores, lobistas, e empresá
rios. Um dos pedidos de indiciamento foi o do
lobista Mauro Marcondes. Segundo o senador,
Lula estaria preocupado com a implicação de
seus filhos, Fabio Luis Lula da Silva e Luis Clá
udio Lula da Silva, nas denúncias de
irregularidades no conselho. Delcídio disse que
essa versão foi confirmada a ele por Maurício
Bumlai, que, segundo ele, “conhece muito bem
a relação dos familiares de Lula com o casal.”
Na delação, Delcídio diz que, em resposta “à
insistência de Lula”, mobilizou, como líder do
governo no Senado, a base para derrubar
requerimentos de convocação do casal, em
reunião em 5 de novembro de 2015. Em
depoimento à Justiça, Cristina Mautoni, acusada
de intermediar propinas para compras de
medidas provisórias durante o governo Lula,
confirmou ter realizado um depósito para a
empresa LFT Marketing Esportivo, pertencente a
um dos filhos do ex-presidente e contratada por
sua consultoria, a Marcondes e Mautoni. À é
poca, Cristina Mautoni disse, no entanto, não ter
conferido se o serviço foi efetivamente prestado
pela empresa de Luís Claudio Lula da Silva.
Segundo as investigações do Ministério Público,
a LFT recebeu R$ 2,5 milhões da Marcondes e
Mautoni. A defesa de Luís Claudio sustenta que
os serviços foram efetivamente prestados pela
LFT. A Polícia Federal suspeita, porém, que a
empresa serviu para repasse de propina. (...)

Desta forma, fica evidenciado que a nomeação


do Sr. Luiz Inácio Lula da Silva para o cargo de Ministro de Estado é
mais uma das tentativas de frustrar e/ou obstruir as investigações
criminais em curso, ou seja, trata-se literalmente de uma fraude com
cabal desvio de finalidade do ato administrativo da Sra. Presidente da
República que deve ser reprimido por este douto magistrado.
Além do mais, é imperioso ressaltar que de
maneira ardilosa a alta plumagem partidária em reunião previamente
marcada, com pauta específica, frisa-se, de vislumbrar qual seria a
saída mais benévola para blindar o Sr. Luiz Inácio Lula da Silva,
decidiu, internamente, a margem dos interesses da Nação, que o
melhor caminho seria a sua nomeação do ex-presidente ao cargo de
Ministro de Estado, inclusive, sem saber ao certo qual a pasta que
seria ocupada por ele, ou seja, o que corrobora com a tese inequí
voca que os interesses partidários, a margem do interesse social e da
finalidade do ato administrativo, estão acima dos interesses da Naçã
o, algo que deve ser veementemente reprimido pelo Poder Judiciário.

E não só isso, ao final das tratativas internas


do partido dos trabalhadores – PT, decidiu-se de maneira engenhosa
que o cargo mais propício a ser exercido pelo Sr. Luiz Inácio Lula da
Silva seria o de Ministro Chefe da Casa Civil, que segundo o art. 3°,
da Lei 10.683/2003, a qual dispõe sobre as atribuições da Organizaçã
o da Presidente da República, em especial do cargo em tela9, assim
assevera:

Art. 3o À Secretaria de Governo da Presidê


ncia da República compete assistir direta e
imediatamente o Presidente da República no
desempenho de suas atribuições,
especialmente: (...)

IX - na coordenação política do Governo


federal;

9
Segundo a Lei Lei 10.683/2003 a Secretaria de Governo da Presidência da República está subordinada a
Casa Civil.
X - na condução do relacionamento do
Governo federal com o Congresso Nacional e
com os partidos políticos;

(...)

XII - na prevenção da ocorrência e na


articulação do gerenciamento de crises, em
caso de grave e iminente ameaça à
estabilidade institucional;

XIII - na coordenação das atividades de


inteligência federal e de segurança da
informação;

(...)

Desta forma, a simples leitura do inciso XII,


do art. 3°, da Lei 10.683/2003, deixa claro que uma das atribuições
do cargo de Secretário Geral da Presidente da República é o
gerenciamento de crises, em caso de grave e iminente ameaça à
estabilidade institucional, do qual, não podemos nos olvidar, que ele
próprio figura como protagonista, o que demonstra, de maneira
inequívoca, o total desvio de finalidade do ato administrativo
praticado pela Presidente da República, pois ele, o Sr. Luiz Inácio Lula
da Silva, utilizando-se do amparo estatal, será gestor de sua crise
pessoal, deixando de lado os interesses da Nação e a estabilidade
institucional do país para favorecer os interesses intrínsecos do
Partido dos Trabalhadores – PT e seus aliados.

E não é só. Causa espanto que nas atribuições


do inciso XIII, do art. 3°, da referida lei, será de sua competência a “
coordenação das atividades de inteligência federal e de segurança da
informação”, ou seja, o Ministro investigado se valerá de todo o
aparato governamental não em defesa da segurança ou da soberania
nacional, mas, não há dúvida, por meio de informações privilegiadas,
dentre elas obtidas pelo serviço da Agência Brasileira de Inteligência
– ABIN, que conforme inciso VI, § 2°, do art. 3°, da Lei 10.683/2003,
é órgão subordinado a pasta sob o seu comando, onde tecerá gestão
em benefício próprio e do Partido dos Trabalhadores – PT,
arquitetando manobras maléficas para eximir-se da responsabilidade
que por ventura lhe será imputada pela Justiça a si e seus
comparsas, podendo, inclusive, vir a cometer os delitos de prevaricaç
ão e tráfico de influência nos moldes dos art. 319 e 332 do CP,
respectivamente, o que corrobora, mais uma vez, com o desvio de
finalidade do ato administrativo, objeto da presente ação.

Desta forma, não pairam dúvidas de que a


presente ação popular deverá ser julgada procedente no intuito de
anular ato administrativo visivelmente eivado de vício insanável por
parte da Presidente da República que nomeou o Sr. Luiz Inácio Lula
da Silva ao cargo de Ministro Chefe da Casa Civil.

Diante de tamanho descalabro e do absurdo


teratológico que permeia a subjunção do nefasto ato administrativo,
só nos resta, em última análise, suplicar o inequívoco amparo
jurisdicional a fim de preservar as instituições políticas e democrá
ticas no intuito de chancelar o prescrito no lábaro com seus ideais
positivistas de ORDEM E PROGRESSO, fazendo valer os princípios
basilares que fundamentam o Estado Democrático de Direito.
IV. DO DIREITO

DA OFENSA À MOTIVAÇÃO E FINALIDADE


DO ATO ADMINISTRATIVO

O Poder Executivo, no âmbito da União, é


formado pela Presidência da República, atualmente exercida pela Sra.
Dilma Rousseff, e pelos Ministros de Estados, nos termos do artigo 76
da Carta Republicana de 198810.
A função do Ministro de Estado é auxiliar a
Presidência da República na governabilidade do país, cabendo a estes
expedir instruções para viabilizar a execução a execução das leis,
decretos e regulamentos11.

10
Art. 76. O Poder Executivo é exercido pelo Presidente da República, auxiliado pelos Ministros
de Estado.

11
Art. 87. Os Ministros de Estado serão escolhidos dentre brasileiros maiores de vinte e um
anos e no exercício dos direitos políticos.

Parágrafo único. Compete ao Ministro de Estado, além de outras atribuições estabelecidas


nesta Constituição e na lei:

I - exercer a orientação, coordenação e supervisão dos órgãos e entidades da administração


federal na área de sua competência e referendar os atos e decretos assinados pelo Presidente
da República;

II - expedir instruções para a execução das leis, decretos e regulamentos;

III - apresentar ao Presidente da República relatório anual de sua gestão no Ministério;


O cargo de Ministro de Estado é de livre
nomeação e exoneração, sendo assim reconhecido como ato
discricionário da Presidência da República.

Ocorre que mesmo que seja um ato


discricionário, o ato está diretamente vinculado aos preceitos
fundamentais descritos no art. 37, caput, da CF e naqueles que
podem ser extraídos das normas constitucionais e
infraconstitucionais, principalmente os limites de motivos e finalidade.

O Doutrinador José Carvalho do Santos Filhos


é cirúrgico quanto a limitação do poder discricionário da Administraçã
o Pública:

“A moderna doutrina, sem exceção, tem


consagrado a limitação ao poder discricioná
rio, possibilitando maior controle do judiciário
sobre os atos que dele derivem.

Um dos fatores exigidos para a legalidade do


exercício desse poder consiste na adequação
da conduta escolhida pelo agente à finalidade
que a lei expressa. Se a conduta eleita destoa
da finalidade da norma, é ela ilegítima e deve
mercer o devido controle judicial”

IV - praticar os atos pertinentes às atribuições que lhe forem outorgadas ou delegadas pelo
Presidente da República.
De acordo com esse entendimento, o poder
discricionário é limitado principalmente pelo motivo e a finalidade do
ato administrativo, este último sempre descrito na lei.

Primeiramente, o motivo do ato administrativo


deve ser guiado por um raciocínio lógico que leva ao entendimento de
preservação da Supremacia do Interesse Público e da
Indisponibilidade do Interesse Público.

O ato de nomear o Sr. Luiz Inácio Lula da


Silva como Ministro Chefe da Casa Civil, não se amolda ao interesse
de auxiliar a Presidência da República na governabilidade do país. O
que se vê é uma manobra pífia da Sra. Presidente para blindar os ex-
presidente das diversas acusações que o Sr. Luiz Inácio Lula da Silva
responde e é de conhecimento geral de todos no país. Isto porque
com a sua nomeação o processo deverá ser encaminhado para o
Supremo Tribunal Federal.

Neste diapasão, a ofensa ao artigo 2º, alínea “


d” da Lei 4.717/65 é flagrante, já que a nomeação do ex-presidente
Petista não se coaduna com a motivação de auxiliar a presidência da
república, mas sim realizar a transferência do processo criminal, que
atualmente tramita na 13ª Vara Federal do Paraná, de titularidade do
Ilustre Juiz Sergio Moro, para o Supremo Tribunal Federal.

Não havendo congruência entre a motivação


do ato e a sua finalidade é certo que há uma ofensa ao motivo do ato
administrativo.
Já no que tange a finalidade do ato
administrativo também deve ser observado estritamente na atuação
no ditame da Supremacia do Interesse Público e na Indisponibilidade
do Direito Público.
Maria Sylvia Zanella Di Pietro leciona que
tanto o motivo como a finalidade contribuem para a formação da
vontade da Administração: diante de certa situação de fato ou de
direito (motivo), a autoridade pratica certo ato (objeto) para alcançar
determinado resultado (finalidade).12

Todavia, a vontade da administração deve ser


sempre a finalidade pública não podendo o ato administrativo ser
utilizado como subterfúgio para macular o princípio do juiz natural.

A finalidade se divide em dois pontos: (a)


sentido amplo: finalidade correspondente à consecução de um
resultado de interesse público; neste sentido, se diz que o ato
administrativo tem que ter finalidade pública; em sentido restrito,
finalidade é o resultado específico que cada ato deve produzir,
conforme definido em lei; nesse sentido, se diz que finalidade do ato
administrativo é sempre a que decorre explicita ou implicitamente da
lei.13
Trazendo a lição para o caso concreto, é certo
que além de não haver motivação válida por falta de coerência lógica
entre o ato e a sua finalidade, é também conclusivo que o ato de

12
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella, Direito Administrativo, Vigésima Sexta Edição, Ed. Atlas, 2013, pá
g. 217.
13
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella, Direito Administrativo, Vigésima Sexta Edição, Ed. Atlas, 2013, pá
g. 218
nomeação do Sr. Luiz Inácio Lula da Silva não atinge a finalidade pú
blica, (sentido amplo), pois o interesse público exige a nomeação de
Ministro de Estado para auxiliar a Presidência da República e não para
manobra política de crimes graves contra administração, a finalidade
descrita na lei não é também abarcada pelas atribuições do cargo a
ser assumido pelo Sr. Luiz Inácio Lula da Silva.

Segundo o art. 3°, da Lei 10.683/2003, o


cargo assumido pelo ex-presidente da República possui as seguintes
atribuições:

Art. 3o À Secretaria de Governo da Presidê


ncia da República compete assistir direta e
imediatamente o Presidente da República no
desempenho de suas atribuições,
especialmente: (...)

IX - na coordenação política do Governo


federal;

X - na condução do relacionamento do
Governo federal com o Congresso Nacional e
com os partidos políticos;

(...)

XII - na prevenção da ocorrência e na


articulação do gerenciamento de crises, em
caso de grave e iminente ameaça à
estabilidade institucional;

XIII - na coordenação das atividades de


inteligência federal e de segurança da
informação;

(...)
Fica demonstrado de forma inequívoca que o ó
rgão secundário da Secretaria Geral da Presidência da República,
vinculado a Casa Civil, tem como o escopo o gerenciamento de crises,
em caso de grave e iminente ameaça à estabilidade institucional, não
se refere a crise em que o próprio investigado é o Ministro Chefe da
Casa Civil.

Não te como se olvidar que um dos objetivos


de se nomear o Sr. Inácio Lula da Silva é que ele possa estabilizar a
crise na qual ele mesmo é o principal acusado, o que demonstra total
desvio de finalidade e abuso de poder por parte da Sra. Presidente da
Republica.

Além do absurdo de nomear o Sr. Inácio Lula


da Silva para gerenciar uma crise na qual ele mesmo é investigado, o
cargo ainda possibilitará que este tenha acesso a toda maquina
administrativa para que possa se eximir da responsabilidade que lhe
é imputada, o que não é objetivo do cargo de Ministro como visto
anteriormente.

Ao fim e ao cabo, deve-se assinalar que por


ofender a motivação do ato e a sua finalidade, a Sra. Presidente da
República comete desvio de poder com a máquina administrativa,
para satisfazer interesse pessoal.

DA OFENSA A MORALIDADE
ADMINISTRATIVA
Inobstante não haver conceito legal quanto o
que seja moralidade administrativa, resta indubitável que o ato de
nomeação do Ex Presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva
ofende veemente a moralidade administrativa.

Sobre o conceito de moralidade administrativa


trazido pela doutrina, anota-se o conceito de José dos Santos
Carvalho Filho:

“O princípio da moralidade impõe que o


administrador público não dispensa os
preceitos éticos que devem estar presentes
em sua conduta. Deve não só averiguar os
critérios de conveniência, oportunidade e
justiça e suas ações, mas também distinguir o
que é honesto do que é desonesto.
Acrescentamos que tal forma de conduta deve
existir não somente nas relações entre a
administração e os administrados em geral,
como também internamente, ou seja, na relaç
ão entre a Administração e os agentes pú
blicos que a integram”

Perceba que o ato de nomear o Sr. Luiz Inácio


Lula da Silva, objeto de investigação pela operação Lava Jato,
denunciada pelos crimes de falsidade ideológica e lavagem de capital,
citado 156 na delação premiada realizada pelo Senador Delcídio do
Amaral, por diversas infrações, dentre eles o tráfico de influência,
para comandar um cargo na qual terá a possibilidade de atuar
exatamente na investigação da qual está sendo investigado extrapola
qualquer limite da moralidade do ato, sendo inquestionável a sua
imoralidade.

De outra sorte, a moralidade está


intrinsicamente ligada ao motivo e finalidade do ato administrativo,
eis que se o ato legal pode ser considerado imoral, o que se afirmar
então do ato que é flagrantemente ilegal?

Nessa linha de raciocínio e convergindo tudo o


que foi afirmado, não resta dúvida que o ato de nomeação do Sr. Luiz
Inácio Lula da Silva é ato imoral, pois ele estará sob o controle da
investigação da qual ele mesmo é investigado, como, por exemplo,
está sob sua autoridade a ABIN.

A ofensa à moralidade é tão grande que o


referido ato ataca até mesmo Convenção da ONU contra a Corrupção,
ironicamente internalizada no ordenamento jurídico pelo Decreto
5.687 de 31 de janeiro de 2006, por meio do então ex-presidente
Luiz Inácio Lula da Silva:

A estratégia por trás da nomeação de Lula a


um ministério aparenta ser motivada pela
concessão ao ex-presidente dos benefícios de
foro privilegiado, prerrogativas do cargo de
ministro, conforme estabelecido na Constituiçã
o Federal. Se for nomeado ministro de Estado,
as atuais acusações a Lula, averiguadas pelo
juiz Sergio Moro, seriam julgadas diretamente
pelo STF.

Nesse contexto, a Convenção da ONU diz que


a aplicação de prerrogativas jurisdicionais de
funcionários, como o foro privilegiado de
ministros de Estado, deve ser sopesada com a
possibilidade de se proceder à investigação
efetiva e a sentença apropriada. Em seu
Artigo 30, inciso 2º a Convenção das Nações
Unidas contra a Corrupção estabelece que “
cada Estado Parte adotará as medidas que
sejam necessárias para estabelecer ou
manter, em conformidade com seu
ordenamento jurídico e seus princípios
constitucionais, um equilíbrio apropriado
entre quaisquer imunidades ouprerrogativas
jurisdicionais outorgadas a seus funcionários
públicos para o cumprimento de suas funções
e a possibilidade, se necessário, de proceder
efetivamente à investigação, ao indiciamento
e à sentença dos delitos qualificados de
acordo com a presente Convenção”.

A princípio, nada na Convenção impede que


determinados cargos de governo tenham
acesso a prerrogativas jurisdicionais, como
aquelas concedidas à ministros de Estado. No
entanto, o uso dessas prerrogativas deve ter
como papel proteger o cargo e as funções de
Estado, mas nunca o indivíduo que
eventualmente as exerça.

A nomeação de um ministro de Estado com a


principal finalidade de conceder acesso a foro
privilegiado é justamente o tipo de conduta
que a Convenção da ONU tenta coibir.

Considerando que o artigo 30, inciso 2º da


Convenção determina que o Estado Parte deve
adotar medidas para assegurar um equilíbrio
entre prerrogativas jurisdicionais outorgadas a
funcionários públicos e a possibilidade de se
proceder ao indiciamento, investigação e
sentença dos delitos, a eventual nomeação de
Lula violaria frontalmente a Convenção. Ao
passo que, ao conceder privilégios em decorrê
ncia da mudança de foro, a nomeação
funcionaria como um freio à investigação
atualmente conduzida em Curitiba e São
Paulo, ao mesmo tempo violaria o princípio do
juiz natural da causa, ao possibilitar ao
acusado eleger sua jurisdição14.

Assim, deve ser declarado nulo o ato de


nomeação do Ex Presidente para o cargo de Ministro Chefe da Casa
Civil por ofensa a moralidade administrativa.

DA OFENSA A IMPESSOALIDADE

A Administração Pública também é regida pelo


princípio da impessoalidade, não sendo possível a utilização da má
quina da administração para beneficiar terceiros em detrimento ao
interesse público.
O grande administrativista Hely Lopes
Meirelles já consignava o teor deste princípio em suas obras:

“Esse princípio também deve ser entendido


para excluir a promoção pessoal de
autoridades ou servidores públicos sobre suas
realizações administrativas (art. 37, caput)

Por esse princípio, a nomeação do Ministro de


Estado não se pode dar para satisfazer o interesse pessoal de
qualquer pessoa, principalmente do ex-presidente da República, que

14
http://www.conjur.com.br/2016-mar-16/nomeacao-lula-ministerio-viola-convencao-corrupcao-onu
é denunciado por falsidade ideológica e lavagem de capital, crimes
esse cometido, frisa-se, contra a administração pública.

Com esse fundamento, nomear o ex


presidente para favorecê-lo tanto no campo da Justiça quanto na
possibilidade deste ter poder de interferir em órgãos objetos de
investigação, por exemplo, Petrobrás, BNDES, Fundo de Pensão, CEF,
etc, é ofender de morte o princípio da impessoalidade, maculando a
ato de nomeação para o cargo de Ministro de Estado.

DA OFENSA POR OBSTRUÇÃO DA JUSTIÇ


A.

Como explicitado pelo Ministro do Supremo


Tribunal Federal Gilmar Ferreira Mendes, o caminho trilhado pelas
constituições brasileira sempre foi no sentido de dedicar atenção ao
especial estatuto de responsabilização do Presidente da Republica,
para que não haja comando de poder sem responsabilização.

A Constituição Federal, por seu turno, elencou


de forma genérica e abstrata o rol de atos praticados pelo presidente
da República que atentem contra a Constituição. Dentre esse rol, há o
livre exercício do Poder legislativo, do Poder Judiciário, do Ministé
rio Público e dos Poderes Constitucionais das unidades da Federação.

Ao se nomear o ex-presidente para o cargo de


Ministro da Casa Civil da Presidência da República, tentou-se burlar o
princípio do juiz natural para que pudesse levar o processo criminal
que tramita contra o nomeado para o STF, retirando-se a competê
ncia do juízo de 1ª instância, mais especificamente do Juiz Federal Sé
rgio Moro, titular da 13ª Vara Federal do Estado do Paraná.

O conceito de juiz natural é claramente


explicitado pelo Doutrinador Fredie Didier Jr.:

“Juiz natural é o juiz devido. À semelhança do


que acontece com o devido processo legal e o
contraditório, o exame do direito fundamental
ao juiz natural tem um aspecto objetivo,
formal e aspecto substantivo, material.
Formalmente, juiz natural e juiz competente
de acordo com as regras gerais e abstratas
previamente estabelecidas. Não é possível a
determinação de um juiz post facto ou ad
personam. A determinação do juiz competente
para a causa deve ser feita por critérios
impessoais, objetivos e pré-estabelecidos.
Tribunal de exceção é aquele designado ou
criado, por deliberação legislativa ou não,
para julgar determinado caso. Os juízes de
exceção são juízes ad hoc e estão vedados.” 15

Percebe-se por esse conceito que não é possí


vel criar situações para só depois se estabelecer um juízo, o que deve
acontecer é ser estabelecido o juízo e se aguardar a ocorrência da
situação.

No caso em comento, trata-se de crime de


falsidade ideológica e de lavagem de capitais, promovida pelo MP/SP
em face de uma pessoa comum, isto é, sem foro privilegiado.

15
DIDIER Jr. Fredie, Curso de Processo Civil Teoria Geral do processo e processo de conhecimento
volume 1, 9ª edição, Editora JusPodium, 2008, pág. 90
Ocorre que como foi dito, a prática criminosa
exercida pelo “Sr. Lula”, ex-presidente da República Federativa do
Brasil, faz parte de uma grande cadeia de crimes que movimentou
bilhões e caracterizou o maior caso de corrupção da história do país,
logo, em razão da sua força política e amizade intima com a atual
presidente, esta realizou ato nulo para que fosse interrompido o
processo em trâmite na primeira instância e fosse remetido ao STF,
obstaculizando, desta forma, a justiça e ferindo de morte do art. 4,
II, da Lei 1.079/50.

Nesse diapasão, baseado no principio do juiz


natural, tal manobra é ilegal e imoral, devendo ser reconhecido a sua
nulidade de plano.

Veja que o STF por diversas vezes já


reconheceu que esse tipo de manobra para alterar a regra de
competência do juiz fere o princípio do juiz natural e macula de
nulidade o ato praticado.

Na ação penal n° 396, da relatoria da Ministra


Cármen Lúcia, foi pacificado que quando o cargo com foro de por
prerrogativa de função é utilizado como subterfúgio para
deslocamento da competência constitucionalmente definidas, que não
podem ser objeto de escolha pessoal, é de ser reconhecida a fraude
e mantida a competência do juízo original, ante a “impossibilidade de
ser aproveitadas como expediente para impedir o julgamento”
Ora, é latente e de conhecimento de todos
que o objetivo de nomeação do Sr. Luiz Inácio Lula da Silva para
Ministro de Estado Chefe da Casa Civil, assim, o ato de nomeação da
Presidente ofende o princípio da finalidade do ato administrativo e
obstrui o regular prosseguimento da justiça.

Em raciocínio contrário, o STF que entendeu a


renúncia ao cargo para deslocamento da competência do juízo é ato
sem efeito perante o Tribunal em razão do princípio do juiz natural.

STF – AP 634 QO/DF, Rel. Min. Roberto


Barroso (06.02.2014): “O Colegiado reiterou o
entendimento no sentido da prorrogação de
sua competência para julgar penalmente
detentor de foro por prerrogativa de função na
hipótese de o réu deixar de possuir o cargo
atrativo dessa competência durante o
julgamento nesta Corte. “

STF – AP 396/RO, Rel. Min. Carmem Lúcia;


Ver. Min Dias Toffoli (28.10.2010): “1. Renú
ncia de mandato: ato legítimo. Não se presta,
porém, a ser utilizada com subterfúgio para
deslocamento de competências
constitucionalmente definidas, que não podem
ser objeto de escolha de competência
aproveitada como expediente para impedir o
julgamento em tempo à absolvição ou á
condenação e, neste caso, à definição de
penas. 2. No caso, a renúncia do mandato foi
apresentada à Casa Legislativa em 27 de
outubro de 2010, véspera de julgamento da
presente ação penal pelo Plenário do Supremo
Tribunal: pretensões nitidamente incompatí
veis com os princípios e regras constitucionais
porque exclui a aplicação da regra de competê
ncia deste Supremo Tribunal”
Ora, se para afastar o julgamento do Supremo
Tribunal Federal o Pretório Excelso não admite a renúncia para
transferência de competência quiçá poderia ele entender pela
possibilidade de nomeação para deslocamento de ação penal de
primeira instância para o seu âmbito.

Nesse passo, o ato é ilegal e corresponde a


crime de responsabilidade cometido pela Presidente da República
para criar obstáculos o exercício do Poder Judiciário.

Da concessão da liminar

A pretensão dos Impetrantes, em sede de


tutela antecipada, inaldita altera pars, com sua ulterior manutenção
em sede de mérito, é no sentido de declarar a nulidade do ato
administrativo praticado pela senhora Presidente da República em
nomear o Sr. Luiz Inácio Lula da Silva ao cargo de Ministro Chefe da
Casa Civil da Presidência da República, pelos motivos outrora
elencados, determinando, inclusive, a multa pecuniária e diária de R$
1.000.000,00 (um milhão de reais) em caso de descumprimento com
ulterior envio dos autos a Câmara dos Deputados, nos moldes do art.
51, I, da CF, para eventual instauração, de ofício ou por representaçã
o deste magistrado(a), de crime de responsabilidade praticado pelo
descumprimento da ordem judicial, nos moldes do art. 85, VII, da CF
Do periculum in mora e do fumus boni
juris

Nesse ínterim, o periculum in mora, que é a


probabilidade de dano ao erário, eis que com a nomeação do Sr. Luiz
Inácio Lula da Silva poderá prejudicar toda a máquina administrativa,
principalmente, repita-se, a persecução penal instaurada contra ele,
sendo ferido assim o princípio do motivo, da finalidade, da
impessoalidade, da moralidade e demais princípios constitucionais
previstos no caput do art. 37 da CF.

Por outro lado, sob a ótica do periculum in


mora inverso, não há qualquer prejuízo para o bom funcionamento da
máquina administrativa a declaração liminar da nulidade do ato ora
atacado, eis que o cargo de Ministro Chefe da Casa Civil em outros
pelo petista Jacques Wagner, não sendo possível crer em qualquer
prejuízo

É curial salientar que a demora na prestação


jurisdicional também causa danos ao patrimônio público e a
moralidade administrativa, dano esses que podem não ser
restaurados, além de agravar ainda mais a crise política econômica
do país.

Noutro prisma, o fumus boni iuris está


cabalmente demonstrado por todos os argumentos outrora
sustentados, especialmente, frise-se, a demonstração da violação da
Constituição, das leis infraconstitucionais n° 4717/65 e nº 1.079/50,
infringido, repita-se, os princípios da impessoalidade, da isonomia, da
publicidade, da moralidade administrativa.

IV. DO PEDIDO

Ante o exposto, requer:

a) a concessão liminar, inaldita altera pars,


com sua ulterior manutenção em sede de mérito, da declaração de
nulidade do ato administrativo praticado pela senhora Presidente da
República em nomear o Sr. Luiz Inácio Lula da Silva ao cargo de
Ministro Chefe da Casa Civil, pelos motivos outrora elencados,
determinando, inclusive, multa pecuniária e diária de R$
1.000.000,00 (um milhão de reais) em caso de descumprimento com
ulterior envio dos autos a Câmara dos Deputados, nos moldes do art.
51, I, da CF, para eventual instauração, de ofício ou por representaçã
o deste magistrado(a), de crime de responsabilidade praticado pelo
descumprimento da ordem judicial, nos moldes do art. 85, VII, da
CF;

b) que seja JULGADA PROCEDENTE A


presente AÇÃO POPULAR, acolhendo os pedidos dos IMPETRANTES
para determinar à nulidade do ato administrativo praticado pela
senhora Presidente da República em nomear o Sr. Luiz Inácio Lula da
Silva ao cargo de Ministro Chefe da Casa Civil, pelos motivos outrora
elencados;

c) em sendo julgada a AÇÃO PROCEDENTE,


configurar-se-á ofensa ao art. 85, V, da CF, que assevera ser crime
de responsabilidade atos contrários a probidade na administração,
devendo, por tal razão, ser encaminhado ofício a Câmara dos
Deputados para que sejam tomadas as providências cabíveis;

d) sejam citados os réus, nos endereços


mencionados, para, assim querendo, apresentar defesa no prazo
legal, sob pena dos efeitos da revelia;

e) a intimação do representante do parquet,


nos moldes do art. 7°, I, “a”, da Lei 4.717/65;

f) que seja deferida a gratuidade de justiça


aos impetrantes, conforme preceitua o art. 5°, LXXIII, da CF;

g) que sejam os réus condenados nos ônus


sucumbenciais;

h) a produção de provas documental,


testemunhal, pericial, e, especialmente, o depoimento pessoal dos
demandados por quem de direito;

Dá-se a presente ação o valor de R$ 1.000,00


(mil reais).
Termos em que,

Pede deferimento.

Brasília/DF, 16 de março de 2016


.

MAXIMILIANO KOLBE NOWSHADI SANTOS


OAB/DF 25.548

LEONARDO MENDES MEMÓRIA


OAB/DF 36.838

VINÍCIUS PIRES LUZ FERREIRA


OAB/DF 38.281

YURE GAGARIN SOARES DE MELO


OAB/DF 11.172

THIAGO HENRIQUE DOS SANTOS SOUSA


OAB/DF 43.360

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