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MILLON

INVENTÁRIO CLÍNICO MULTIAXIAL DE MILLON


(Millon, 1982)

NOTAS DE APOIO

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Perfil 100 – Esquizóide Perfil 458 - Histriónico Narcisista
Perfil 120 – Esquizóide Evitante Negativista
Perfil 128 – Esquizóide Evitante Perfil 468 - Histriónico Antisocial
Negativista Negativista
Perfil 132 – Esquizóide Dependente Perfil 470 - Histriónico Compulsivo
Evitante Perfil 480 - Histriónico Negativista
Perfil 137 – Esquizóide Dependente Perfil 500 – Narcisista
Compulsivo Perfil 520 - Narcisista Evitante
Perfil 138 – Esquizóide Dependente Perfil 530 - Narcisista Dependente
Negativista Perfil 540 - Narcisista Histriónico
Perfil 170 – Esquizóide Compulsivo Perfil 546 - Narcisista Histriónico
Perfil 200 – Evitante Antisocial
Perfil 230 – Evitante Dependente Perfil 548 - Narcisista Histriónico
Perfil 231 – Evitante Dependente Negativista
Esquizóide Perfil 564 - Narcisista Antisocial
Perfil 238 – Evitante Dependente Histriónico
Negativista Perfil 580 - Narcisista Negativista
Perfil 250 – Evitante Narcisista Perfil 600 - Antisocial
Perfil 260 – Evitante Anti-social Perfil 612 - Antisocial Esquizóide Evitante
Perfil 280 – Evitante Negativista Perfil 650 - Antisocial Narcisista
Perfil 300 – Dependente Perfil 653 - Antisocial Narcisista
Perfil 320 – Dependente Evitante Dependente
Perfil 321 - Dependente Evitante Perfil 658 - Antisocial Narcisista
Esquizóide Negativista
Perfil 327 - Dependente Evitante Perfil 670 - Antisocial Compulsiva
Compulsivo Perfil 640 - Antisocial Negativista
Perfil 328 - Dependente Evitante Perfil 700 – Compulsivo
Negativista Perfil 720 - Compulsivo Evitante
Perfil 340 - Dependente Histriónico Perfil 736 - Compulsivo Dependente
Perfil 348 - Dependente Histriónico Antisocial
Negativista Perfil 738 - Compulsivo Dependente
Perfil 354 - Dependente Narcisista Negativista
Histriónico Perfil 740 - Compulsivo Histriónico
Perfil 356 - Dependente Narcisista Perfil 750 - Compulsivo Narcisista
Antisocial Perfil 800 – Negativista
Perfil 357 - Dependente Narcisista Perfil 812 - Negativista Esquizóide
Compulsivo Evitante
Perfil 360 - Dependente Antisocial Perfil Perfil 820 - Negativista Evitante
370 - Dependente Compulsivo Perfil 823 - Negativista Evitante
Perfil 380 - Dependente Negativista Dependente
Perfil 382: Dependente Negativista Perfil 826 - Negativista Evitante Antisocial
Evitante Perfil 837 - Negativista Dependente
Perfil 400 - Histriónico Compulsivo
Perfil 438 - Histriónico Dependente Perfil 840 - Negativista Histriónico
Negativista Perfil 856 - Negativista Narcisista
Perfil 450 - Histriónico Narcisista Antisocial
Perfil 456 - Histriónico Narcisista Perfil 860 - Negativista Antisocial
Antisocial Perfil 864 - Negativista Antisocial
Histriónico

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Escala do MCMI Padrão do MCMI Classificação do DSM-III
1 Desapegado – Passivo Personalidade Esquizóide
2 Desapegado – Activo Personalidade Evitante
3 Dependente – Passivo Personalidade Dependente
4 Dependente – Activo Personalidade Histriónica
5 Independente – Passivo Personalidade Narcísica
6 Independente – Activo Personalidade Anti-Social
7 Ambivalente – Passivo Personalidade Compulsiva
8 Ambivalente – Activo Personalidade Passivo-Agressiva
Tabela 1. Padrões básicos de personalidade do MCMI e as correspondências no DSM-III

Os resultados do MCMI-II são considerados inválidos sempre que ocorre qualquer uma das seguintes
condições:
1. Dois, ou mais, dos quatro itens de validade são assinalados como verdadeiros (itens 62, 90,
152, 169);
2. Doze, ou mais, itens são omitidos ou assinalados duplamente;
3. O resultado bruto, na escala X (Nível de Revelação), é menor que 145 ou maior que 590.

Escalas de Verdade
Escala X - Nível de Revelação - avalia até que ponto o sujeito foi franco e revelador nas suas respostas,
ou pelo contrário reticente e reservado. Este índice é calculado a partir do grau positivo, ou negativo, do
desvio da mediana do resultado bruto compósito das 10 escalas básicas da personalidade (de 1 a 8B).
Um resultado BR menor que 35, nesta escala, indica hesitação, reserva, ou mesmo falta de vontade para
entrar em contacto com sentimentos e problemas psicológicos. Um resultado BR, na Escala X, maior que
75, sugere uma atitude muito aberta e reveladora. Se o Resultado Bruto da Escala X for menor que 145,
ou maior que 590, o questionário deve ser considerado inválido.
Escala Y - Padrão de Desejabilidade - permite identificar até que ponto os resultados foram influenciados
pelo desejo do paciente parecer socialmente atractivo, moralmente virtuoso e/ou emocionalmente
equilibrado. Na Escala Y, os resultados BR superiores a 75, revelam uma tendência para passar uma
imagem favorável, se não mesmo cativante, do próprio. Quanto mais elevado o resultado maior foi a
preocupação em esconder as dificuldades psicológicas ou interpessoais.
Escala Z - Medida de Humilhação - Reflecte tendências opostas às expressas pela Escala Y, embora
por vezes ambas as escalas apresentem elevações, em particular, em pacientes que são invulgarmente
reveladores (Escala X). Na escala Z, valores BR superiores a 75, revelam um sujeito com tendência para
se desvalorizar ou depreciar a si próprio, apresentando dificuldades emocionais e interpessoais, mais
proeminentes que aquelas descobertas após uma revisão objectiva. Valores particularmente elevados
podem significar um pedido de ajuda, um chamar de atenção, por um paciente que experimenta uma
perturbação emocional muito inquietante.
São efectuadas correcções aos resultados BR das Escalas S, C, A, H e D, a partir do grau em que
diferem os resultados entre a Escala Y e a Escala Z. (Ponderado através da fórmula: BRY-BRZ/10).

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Interpretação dos Resultados
Padrões de Personalidade (Eixo II) (1,2,3,4,5,6A,6B,7,8A,8B)- Um Perfil que compreende as duas, ou
três, escalas mais elevadas, permite identificar várias dimensões do padrão interpessoal, afectividade,
estilo cognitivo e tendências comportamentais daquele paciente. As escalas empregues nesta análise
devem limitar-se apenas às duas, ou três, com resultados BR mais elevados, em particular se estes são
superiores a 75. A codificação de um Perfil, a partir de cerca de 336 combinações possíveis, processa-
se do seguinte modo: o primeiro algarismo representa a maior elevação psicopatológica (maior que 75)
entre as sub-escalas (de 1 a 8B), o segundo algarismo remete para a segunda dessas elevações e o
algarismo final para a terceira elevação. O algarismo zero significa que não existe elevação patológica
de uma escala.
Perturbações de Personalidade Severas (Eixo II) (S,C,P)- Cada escala deve ser abordada
individualmente, num primeiro momento. Os resultados BR inferiores a 60 não possibilitam recolher
informação diagnóstica precisa; já resultados BR compreendidos entre 73 e 84 sugerem um nível crónico
e moderadamente severo de funcionamento da personalidade; resultados BR superiores a 85 remetem,
frequentemente, para um padrão de personalidade mais descompensado.
Síndromas Psicopatológicos Moderadamente Severos (Eixo I) (A,H,N,D,B,T)- Estas 6 escalas devem ser
consideradas isoladamente, num primeiro momento. Os resultados BR entre 60 e 74 são sugestivos,
mas não são suficientemente indicativos de sintomas patológicos, excepto quando são os resultados
mais elevados deste segmento do perfil. Pontuações BR entre 75 e 84 sugerem a presença da
perturbação dessa escala; e superiores a 85 constituem fortes indícios da presença daquela entidade
psicopatológica.
Psicopatologia Severa (Eixo I) (SS, CC, PP) - Estas três escalas podem revelar um nível de
funcionamento psicótico quando os resultados BR excedem 74; já valores de BR, maiores ou iguais a
85, suportam fortemente esta evidência. Cada escala deve ser abordada individualmente para averiguar
a natureza particular da perturbação, sendo comuns constelações complexas de psicopatologia. Esta
informação deve, então, ser analisada sob a retaguarda do perfil/perturbação da personalidade
anteriormente aferida.

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Padrões Básicos de Personalidade (Eixo II)
Escala 1 (37 itens): Esquizóide. Estes pacientes são tipicamente desinteressantes, quietos e
inexpressivos socialmente, com fracas necessidades de afecto e emoções. Funcionam
essencialmente como observadores temporários, amplamente desligados das recompensas e
afectos, assim como dos problemas dos relacionamentos humanos. Possuem relativamente
pouca força ou capacidade para experienciar prazer ou dor intensos, e tendem a ser apáticos,
introvertidos e pouco sociáveis. Os seus pares descrevem-nos como pessoas apagadas que
preferem estar sozinhas do que misturar-se com outras pessoas e que tendem a desvanecer-
se no fundo social. Não é que eles temam ou evitem os outros activamente; em vez disso, são
indiferentes aos relacionamentos sociais e parecem ter pouca necessidade de comunicar ou
relacionar-se afectivamente com as pessoas. Estes pacientes demonstram um baixo nível
geral de força física, procura mínima de estímulos e défices de afectividade. Normalmente
exibem pouco interesse na exploração interna e aparentemente possuem um conceito de self
pouco claro e tranquilo. Do mesmo modo, demonstram um baixo nível de alerta para o que os
rodeia, uma insipidez emocional e uma insensibilidade para com os seus sentimentos e para
com os dos outros. O seu mundo interno não é complicado e os seus processos de
pensamento, apesar de não serem deficientes, aparentam por vezes serem vagos,
particularmente no que respeita a assuntos sociais e interpessoais.
Escala 2 (47 itens): Evitante. Estes pacientes são geralmente apreensivos, receosos e
desconfiados. Tendem a ser retirados e inábeis em situações sociais porque temem que os
outros os rejeitem. Apesar de terem fortes desejos de se relacionarem e de serem aceites
pelos outros, escolhem negar essas necessidades de afecto e manterem uma medida de
distância interpessoal segura. Como consequência desta tendência de auto-protecção,
sentem-se muitas vezes sós e isolados. Infelizmente, a sua típica inabilidade, receio e
hipersensibilidade muitas vezes despoletam reacções humilhantes nos outros, o que reforça a
sua timidez auto-protectora e as suas tendências para se retirarem. As suas tendências para
a aversão social derivam de uma antecipação de depreciação por parte dos outros. Existe
também uma desarmonia afectiva que deriva de um conflito entre os seus desejos sociais e
os seus medos sociais. Não são apenas sensíveis à censura interpessoal mas também tendem
a censurar-se e a desvalorizar-se a eles próprios.
Escala 3 (33 itens): Dependente. Estes pacientes são auto-erradicados e não competitivos.
Procuram constantemente relações em que possam contar com o outro para os guiarem e
securizarem. Assumem um papel passivo nas relações interpessoais, aceitando qualquer
gentileza e apoio que possam encontrar, e submetem-se prontamente aos desejos e valores
dos outros para manterem o seu afecto. O seu medo de serem abandonados e de serem
deixados por conta própria leva-os a serem obedientes e cooperativos. Este estilo não deve
ser visto como uma fachada que esconde fortes impulsos contraditórios e ressentimentos:
estes pacientes tendem a ser genuinamente dóceis e frágeis. Na sua procura pela aceitação,
e como um meio para diminuir as probabilidades dos outros serem ameaçadores para eles,
diminuirão muitas vezes os seus talentos. Além disso, depreciando o seu próprio valor, eles

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esperam que os outros não exijam demasiado deles, permitindo assim que permaneçam no
seu preferido estado dependente. Estes pacientes tendem a não possuir animosidades nem
qualidades passivo-agressivas. Mais notável do que a sua dependência passiva são as suas
auto-erradicações e a sua agradibilidade social. Isto é mais claramente evidenciado nas suas
aquiescências sociais, nas suas tendências para se ligarem a uma pessoa, para se diminuírem
como frágeis e incompetentes, para serem amáveis e generosos, e para evitarem lidar com
acontecimentos desconfortáveis ou enfrentarem pensamentos contraditórios e problemáticos.
Escala 4 (30 itens): Histriónico. Peritos socialmente e superficialmente charmosos, estes
pacientes tendem a procurar estimulação, excitação e atenção – frequentemente através de
caprichos, sedução, exibicionismo e comportamentos dramáticos. Apesar das suas maneiras
socialmente simples muitas vezes darem a impressão de um ego forte e de independência,
eles temem a autonomia genuína e têm uma forte necessidade de obter repetidos sinais de
aprovação social e afecto. As suas relações interpessoais são caracteristicamente superficiais
e de pouca duração, e são muitas vezes abandonadas quando novas atracções aparecem em
cena. O mais notável são as elevadas indecisões que caracterizam as suas emoções, a sua
tendência para serem facilmente excitáveis e rapidamente aborrecidos, e a sua intolerância à
inactividade e ao atraso. Habitualmente empregam uma variedade de manobras sociais
designadas para obter atenções favoráveis e admiração. Quase tipicamente, eles armam um
“bom espectáculo” nos encontros sociais iniciais mas enfraquecem e vão-se embora quando
são requeridas profundidade e durabilidade nas relações. Os processos cognitivos são
superficiais, embora tipicamente expressos de uma forma simples e muito segura.
Escala 5 (43 itens): Narcísico. Estes pacientes são pretensiosos, orgulhosos e arrogantes.
Gentilmente repressivos nas suas relações sociais, de alguma forma eles arrogantemente
assumem que os outros se vão aperceber do seu magnífico valor e ceder aos seus desejos.
Embora esperem que os outros providenciem as suas necessidades e desejos, sentem-se
relativamente livres de obrigações recíprocas. Estes indivíduos muitas vezes agem como se a
sua exigência de status especial fosse justificada, apesar das suas frequentes faltas de
realização. Similarmente, têm pouca noção de que os seus comportamentos autoritários
podem ser presunçosos e não ter nenhuma consideração pelos outros. Dadas as suas ilusões
de uma auto-valorização superior, tendem a passar pela vida tomando como garantido que é
de seu direito receberem uma consideração especial. Quando o seu estilo arrogante repele os
outros, respondem à rejeição com desdém e racionalizações superficiais. No entanto, podem
sentir que não conseguem viver à altura da notoriedade que eles próprios criaram.
Consequentemente, em vez de se testarem com desafios reais, eles podem racionalizar –
retendo então as suas auto-ilusões sem medo ou desaprovação. Apesar de extremamente
relutantes em se submeterem ao exame terapêutico, estas pessoas podem fazê-lo se
receberem uma marcada censura à sua auto-estima. O efeito de restrição da censura fazem-
nos parecer menos seguros e narcísicos do que basicamente e tipicamente são. A sua
confiança pode ser recarregada, no entanto, com o mínimo encorajamento, e as suas

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tendências para se centralizar nele próprio e para a sua auto-grandiosidade características
podem vir à superfície com facilidade.
Escala 6A – Antisocial – A orientação activa/independente aproxima-se do temperamento e
comportamentos socialmente inaceitáveis que correspondem ao transtorno de personalidade
Antisocial, como descrito no DSM-III-R. Estes indivíduos actuam de forma a induzirem dor,
depreciando os outros, mediante comportamentos ilegais que visam manipular os resultados
a seu próprio favor. A tendência para o engrandecimento pessoal, reflecte o cepticismo que
sentem a respeito das motivações dos outros, assim como um desejo de autonomia, de
recompensa e de vingança, uma vez que acreditam que foram maltratados no passado. São
indivíduos irresponsáveis e impulsivos, qualidades que julgam necessárias, uma vez que
partem do princípio que os outros são desleais e hipócritas; deste modo a insensibilidade e a
crueldade prefiguram-se como a única forma de evitar abusos e enganos.
Escala 6B - Agressivo/Sádico – A orientação activa/discordante estende os limites do DSM-
III-R, numa nova e importante direcção, abrangendo aqueles indivíduos que, não sendo
publicamente julgados como antisociais, manifestam acções que remetem para a obtenção de
prazer e satisfação pessoais em comportamentos que humilham os outros e violam os seus
direitos e sentimentos. Comsoante a classe social e outros factores mediadores, podem exibir
os sintomas clínicos daquilo que, na literatura, surge como carácter sádico ou, por outro lado,
exibirem um estilo caracterial que se aproxima do esforço competitivo da personalidade dita
do Tipo A. Aquilo a que Millon chama de personalidades agressivas, perfila indivíduos hostis,
facilmente susceptíveis, aparentando indiferença, ou mesmo agrado, pelas consequências
destrutivas dos seus comportamentos contenciosos, abusivos e brutais. Mesmo que, muitos
destes indivíduos, recubram as suas tendências mais dominadoras com papeis e profissões
socialmente aceites, revelam sempre algumas condutas dominantes, antagónicas e, com
frequência, persecutórias.
Escala 6 (32 itens): Anti-Social. Estes pacientes tendem a ser socialmente directos e muitas
vezes agem de uma forma intimidante e dominadora. Enérgicos, assertivos e competitivos, por
vezes demonstram uma argumentatividade agressiva desnecessária naquele contexto. Com
algumas excepções, estas personalidades evitam expressões calorosas, gentis e de
intimidade, são cautelosos com a compaixão e a bondade e suspeitam da genuinidade dos
impulsos humanitários. São orgulhosos da sua auto-confiança e “realismo”, aparentando
receio de que os outros os vejam como indecisos ou pacatos. Quando são irritados ou
enfrentam uma situação de embaraço, respondem rapidamente, muitas vezes tornando-se
vingativos; também atribuem as suas tendências maliciosas aos outros e são facilmente
provocados até à raiva. Acreditam que o caminho mais válido é estarem em guarda, em
controlo e duros. Apesar de alguns destes pacientes poderem ser caracterizados de acordo
com o DSM-III como personalidades “anti-social”, a maioria deles não demonstra um
comportamento rude anti-social mas, em vez disso, encontram um nicho social aceitável para
eles em vocações físicas, competitivas, de poder e orientadas para os negócios.

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Escala 7 (42 itens): Compulsivo. Estes pacientes manifestam caracteristicamente rigidez, um
grande controlo das emoções e respeito pelas regras e pela autoridade. Tendem a ser sérios,
moralistas, honestos e preocupados, talvez compulsivamente, com a ordem, organização e
eficiência. No geral, estas pessoas demonstram um respeito excessivo pelas figuras de
autoridade mas, em contraste, tendem a tratar os seus subordinados de uma forma algo
autocrática. Esperando por detrás das suas fachadas típicas de modéstia e controlo estão
intensos sentimentos contrários, que ocasionalmente ultrapassam esse controlo como uma
explosão de raiva. Para unir estas necessidades opostas, eles sobreorganizam as suas vidas
com uma auto-restrição tensa e disciplinada, na qual os seus desejos e sentimentos menos
socialmente aceitáveis são inibidos. Devido a esta necessidade de disciplina e ordem, tendem
a estar em conformidade – de uma forma cautelosa, prudente e, por vezes, perfeccionista –
próxima com as expectativas das figuras de autoridade. A maioria destes pacientes não exibe
obsessões ou compulsões identificáveis. Os outros geralmente vêem-nos como trabalhadores
e eficientes, mas com falta de espontaneidade ou flexibilidade. Muitos são indecisos, tendem
a adiar as coisas e são facilmente perturbados por aquilo que não lhes é familiar ou por desvios
das suas rotinas. Cognitivamente, são notáveis os esforços que fazem para não reconhecerem
as contradições entre os seus impulsos socialmente indesejáveis e a sua modéstia explícita.
Muitos expressam um forte sentido de “dever”, por vezes manifestado por sentimentos de
culpa, particularmente no que concerne a desiludir os outros. O medo de provocar a
condenação das figuras de autoridade é central para as suas tensões, culpas ocasionais,
produtividade e perfeccionismo.
Escala 8A - Passiva/Agressiva – A orientação activa/ambivalente, destes sujeitos, aproxima-
se da perturbação de personalidade passiva/agressiva descrita pelo DSM-III-R,
compreendendo, no entanto, um número ainda mais abrangente de características. São
indivíduos que hesitam entre seguir os reforços proporcionados por terceiros e a motivação
gerada internamente. Esta indecisão representa uma incapacidade de resolver um conflito
semelhante ao passivo/ambivalente dos sujeitos compulsivos; no entanto, os conflitos da
personalidade activa/ambivalente permanecem próximos da consciência e invadem a vida
quotidiana. Estes pacientes envolvem-se em discussões e rixas intermináveis, uma vez que
oscilam entre a deferência e obediência, e o desafio e negativismo agressivo. O seu
comportamento manifesta um padrão errático de obstinação, ou aborrecimento explosivo,
intercalado por períodos de culpabilidade e vingança.
Escala 8B - Autodestrutiva (Masoquista) - A orientação passiva/discordante corresponde à
perturbação de personalidade autodestrutiva, ou masoquista, descrita pelo DSM-III-R. São
pacientes que se relacionam com os outros de forma despojada e auto-sacrificada, ao ponto
de permitirem, ou mesmo fomentarem, que os outros os explorem ou deles se aproveitem.
Muitos destes sujeitos sentem que, de facto, merecem ser envergonhados e humilhados. De
modo a integrar a dor e a angústia, emoções que experimentam como reconfortantes,
recordam de forma activa e incessante os seus percalços passados, transformando mesmo os
resultados mais positivos em consequências dramáticas. Agem de forma modesta e tentam

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passar despercebidos, frequentemente exagerando os seus defeitos e situando-se num plano
inferior ou numa posição deplorável.
Escala 8 (26 itens): Passivo-Agressivo. Estes pacientes demonstram humores imprevisíveis,
irritabilidade tensa e atitudes pessimistas. Vacilam entre agradibilidade social num momento e
petulância ou irritação no momento a seguir. As suas breves exibições de explosões de raiva
são muitas vezes seguidas por expressões genuínas de remorsos e culpa. Devido ao seu
comportamento errático – por vezes amigável e razoável, outras vezes ressentido e arrogante
– mantêm as outras pessoas “na orla”. Estas personalidades frequentemente sentem que a
vida os têm enganado muitas vezes, que o seu comportamento é mal compreendido e que
eles não são apreciados. Tendem a antecipar os desapontamentos e por vezes precipitam
estes desapontamentos através do seu comportamento obstrutivo e negativo. O pessimismo
e as emoções imprevisíveis que as outras pessoas atribuem apenas a eles, reflectem, dizem
estes pacientes, a sua sensibilidade e a desconsideração que os outros mostraram
relativamente a eles. Mas também aqui a sua ambivalência é muitas vezes expressa; talvez,
dizem eles, as suas próprias falhas e o “mau temperamento” sejam as causas. Esta luta entre
sentimentos de culpa e sentimentos de ressentimento preenchem muitos aspectos das suas
vidas.

Perfil 100 – Esquizóide


A Escala 1 contém itens relacionados com a ausência de relacionamentos próximos/íntimos
com os outros e falta de interesse, ou de habilidade, para expressar sentimentos e emoções.
Os sujeitos, com pontuações elevadas nesta escala, são pessoas privadas, preferindo estar
sozinhos do que com outros; embora a tendência para o isolamento não pareça um mecanismo
de defesa, uma vez que, em interacção social, estas pessoas não revelam a falta de à vontade,
que caracteriza algumas fobias. São sujeitos pouco interessados em explorar os seus
sentimentos pessoais, não valorizando os dos outros e, muitas vezes, sentindo-se mais
recompensados com objectos inanimados. Levam vidas pouco emotivas e pouco reactivas aos
bons e maus momentos.
Perfil 120 – Esquizóide Evitante
Descreve indivíduos que se sentem mais confortáveis realizando tarefas sozinhos, reduzindo
ao mínimo o contacto humano. A sua história frequentemente revela a incapacidade, ou falta
de desejo, de estabelecer relações significativas fora da família nuclear. As amizades são, elas
próprias, superficiais. A tendência para levarem vidas solitárias deve-se a duas razões básicas:
por um lado, o pequeno interesse nas relações interpessoais, em termos de dinâmica, afectos
e subtilezas comunicacionais; por outro, são sujeitos extremamente sensíveis, que temem
serem rejeitados pelos outros. Como consequência, as situações sociais são fontes de tensão
e ansiedade, que leva ao evitamento deste tipo de actividades. Apesar disso, estes sujeitos,
gostariam de ser aceites e apreciados e reconhecem que têm de realizar actividades sociais
para obterem este tipo de gratificação.

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Do lado positivo, as pessoas com o perfil Esquizóide Evitante são auto-suficientes, não
dependentes de terceiros, levando vidas mais ou menos livres de percalços emocionais, que
para os outros se afiguram como empobrecidas e vazias.
Perfil 128 – Esquizóide Evitante Negativista
Caracteriza pessoas com traços de introversão, evitamento e negativismo nas suas
personalidades. Mostram pouco interessem em experimentar as dinâmicas subtis das relações
interpessoais, voltando os seus interesses para áreas que não envolvem terceiros, como
leitura e arte, podendo parecer, aos outros, como insensíveis e distantes. Têm poucos amigos
e fraco investimento nas relações interpessoais.
Este perfil também descreve pessoas pouco reactivas a estímulos, quer internos quer
exteriores, pouco entusiásticas e enérgicas, de pensamento vago, indistinto e algo
empobrecido. Têm dificuldade em aprender com as experiências passadas, no sentido de
planearem o futuro, sendo indivíduos algo apáticos, evasivos e pouco interessantes.
O alheamento face aos outros surge associado a conflitos, no decurso das interacções sociais,
sentindo-se muitas vezes inadequados e desejando alguém que lhes proporcione protecção,
conforto e orientação. Mas, o medo de serem rejeitados leva, estes sujeitos, a parecerem
nervosos, mal-humorados e ressentidos. Algumas vezes, podem ser amigáveis e
cooperativos, mas a raiva e a insatisfação podem inviabilizar muitas relações.
Perfil 132 – Esquizóide Dependente Evitante
Este perfil equaciona um estilo de personalidade caracterizado pela introversão e
acompanhado por traços cooperativos e evitantes. São indivíduos que revelam um interesse
diminuto pela área emocional da experiência, sendo pouco reactivos às situações agradáveis
e às adversas. São sujeitos discretos, observadores passivos da realidade, raramente emitindo
juízos ou opiniões fortes, evitam tornar-se o centros das atenções e facilmente se dissolvem
na retaguarda de um grupo social. Têm um número restrito de amigos e as relações tendem a
ser superficiais; são socialmente indiferentes e, aparentemente, não carecem do apoio de
terceiros.
Juntamente com a indiferença emocional, este indivíduos evidenciam traços de dependência
que os fazem sentir menos capazes, ou importantes, que os outros. Isto torna-os facilmente
influenciáveis, submissos e dependentes, levando-os a evitar situações de competição e a
adoptar uma postura conciliadora. O medo que sentem da rejeição torna-os pouco confortáveis
no decurso das interacções. Contudo, sendo pessoas cooperativas e de fácil trato podem ser
vistos, pelos outros, como agradáveis e emocionalmente estáveis.
Perfil 137 – Esquizóide Dependente Compulsivo
Caracteriza traços introvertidos da personalidade, associados a tendências cooperativas e
disciplinadas. Descreve sujeitos que se caracterizam por falta de interesse e consciência das
emoções e das interacções sociais. São pouco reactivos às boas e más circunstâncias,
observadores passivos da realidade e solitários. Raramente emitindo juízos, ou opiniões fortes,
evitam tornar-se o centros das atenções e facilmente se dissolvem na retaguarda de um grupo

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social. Têm um número restrito de amigos e as relações tendem a ser superficiais, não por
medo, ou evitamento activo, mas pela indiferença que os caracteriza.
Juntamente com a indiferença emocional, este indivíduos evidenciam traços de dependência
que os fazem sentir menos capazes, ou importantes, que os outros. Isto torna-os facilmente
influenciáveis, submissos e dependentes, levando-os a evitar situações de competição e a
adoptar uma postura humilde e conciliadora.
Estes sujeitos, acreditam que se não cometerem erros, poderão depender dos outros para a
satisfação das suas necessidades. Os traços obsessivos são compatíveis, não só com a suas
necessidades de dependência, mas também com a sua tendência para o distanciamento social
e emocional, uma vez que lhes proporcionam controlo afectivo e tolerância à solidão. A
tendência para evitar cometerem erros faz estes indivíduos parecerem rígidos, inexpressivos
e excessivamente formais. O traço compulsivo, provavelmente, pode torná-los ordeiros,
organizados, confiáveis e responsáveis, mas também distantes, despegados e objectivos.
Perfil 138 – Esquizóide Dependente Negativista
Descreve pacientes em que predominam traços de introversão e cooperação, ainda que se
sintam desconfortáveis com a sua dependência. Mostram-se também pouco emotivos, com
baixa reactividade de humor; são pessoas calmas, voltadas para si mesmas, adoptando
preferencialmente a atitude de observadores passivos da realidade, não tomando partidos,
nem emitindo opiniões. Evitam ser o centro das atenções e facilmente se dissolvem na
retaguarda de um grupo social. Têm um número restrito de amigos e as relações tendem a ser
superficiais, não por medo, ou evitamento activo, mas pela indiferença que os caracteriza.
Pela falta de interesse e apetência interpessoal, estes sujeitos têm baixa auto-estima e são
submissos, evitando situações competitivas e tendendo a ser superficialmente agradáveis e
conciliatórios, para tal escondendo os seus sentimentos (especialmente se agressivos, ou
censuráveis).
Alguns indivíduos, mais submissos, podem sentir-se confortáveis numa relação de
dependência com outra pessoa que se lhes afigure como competente e digna de confiança.
Contudo, a falta de interesse e de consciência emocional tornam difícil mesmo este tipo de
relação, pelo que a sensação de desconforto crónico irá manifestar-se numa película ténue de
labilidade emocional, ou numa atitude negativista em relação à vida.
Perfil 170 – Esquizóide Compulsivo
Caracteriza indivíduos distantes e controlados, com pouco interesse, ou apetência, para
experimentarem as subtilezas que caracterizam as relações interpessoais. Investem, por
conseguinte, em actividades que não envolvam o contacto humano, podendo parecer
insensíveis, distantes e apáticos. Consequentemente, têm poucos amigos e relacionamentos
interpessoais verdadeiros. São, ainda, pouco reactivos à estimulação interna e externa.
Adicionalmente, são indivíduos muito controlados, disciplinados e correctos, como se as suas
emoções fossem tão confusas, ou ameaçadoras, que tivessem de ser escondidas. Por este
motivo, tudo fazem para não cometer erros, exibindo um comportamento ordeiro, empenhado,
eficiente, digno de confiança, industrioso e persistente. Com as figuras de autoridade

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relacionam-se com respeito e dedicação, mas tratam os subordinados com desdém, devido
ao seu perfeccionismo. Estes indivíduos acreditam na disciplina e no autocontrole, tornando-
os muito formais e rígidos, e também indecisos quando não têm a possibilidade de controlar
todas as alternativas possíveis. De forma positiva, são pessoas organizadas, precisas e
meticulosas.
Perfil 200 – Evitante
Este perfil de personalidade caracteriza-se pela tendência para o evitamento, daqueles
indivíduos hipersensíveis à possibilidade de rejeição. Estes presumem que os outros não
valorizam a sua amizade e temem constantemente uma humilhação interpessoal. Este temor
torna-os pouco à vontade nas interacções sociais, levando-os a darem constantemente o seu
melhor e a estarem sempre defensivos. São, com frequência, pessoas sensíveis, que
demonstram compreensão e compaixão pelos outros mas que se sentem, não obstante,
nervosas e desconfortáveis socialmente. Por forma a minimizarem o desconforto, estes
indivíduos, acabam por evitar a exposição social, o que vai constituir um problema, uma vez
que se tratam de pessoas que apreciam ter amigos e a aceitação num grupo.
Consequentemente, o desconforto, associado ao risco de exposição social, pode inviabilizar a
amizade que doutro modo suscitariam nos outros. São sujeito que se isolam facilmente e que
interagem melhor com um número restrito de pessoas de cada vez.
Perfil 230 – Evitante Dependente
Descreve uma personalidade em que predominam os traços evitantes e dependentes.
Encontra-se em sujeitos que não têm amigos íntimos, vivendo isolados. Consideram-se fracos,
inadequados, sem recursos e pouco atractivos. Mas, apesar do seu grande medo da rejeição
desejam, acima de tudo, serem gostados e aceites. São tímidos, nervosos, defensivos e
sentem-se desconfortáveis nas situações sociais, que experimentam como negativas. Deste
modo, o relacionamento com terceiros é uma experiência ameaçadora que tentam evitar. Está
então criado um conflito de interesses entre a necessidade de aceitação e o
desconforto/exposição que a aproximação acarreta. Estes indivíduos são normalmente
sensíveis, compassivos e emocionalmente receptivos, mas também nervosos, desajustados,
desconfiados e solitários.
Perfil 231 – Evitante Dependente Esquizóide
Remete para sujeitos que experimentam apreensão social, sentimentos de inadequação e
introversão. A preocupação predominante destes indivíduos é a de serem gostados e
apreciados pelos seus pares, ainda que estejam constantemente apreensivos face a uma
possível rejeição. Esta atitude coloca os sujeitos num beco sem saída: se evitarem as
interacções com os outros podem sentir-se mais confortáveis mas lamentarão a sua falta de
apoio; se por outro lado, arriscarem cultivar novos relacionamentos, o medo da rejeição poderá
deixá-los tensos, nervosos e pouco confortáveis. Paralelamente, estes sujeitos sentem-se
inadequados e inseguros, quando comparados com outros, sentindo-se sem valor e com
menos capacidades que eles. Por conseguinte, muitos destes pacientes podem ser
cooperativos, ao ponto da submissão; esta dependência, por seu lado, parece justificar o medo

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de rejeição nas relações interpessoais, tendo por base a crença que se, os outros, o
conhecessem melhor veriam o seu pouco valor e perderiam interesse naquela amizade.
O outro traço predominante, manifesta-se num interesse diminuto pelos sentimentos pessoais
e pelas interacções sociais. São sujeitos pouco conscientes das suas emoções, mostrando-se
esquivos, despegados, superficialmente complacentes e apáticos nos seus relacionamentos
afectivos. São indivíduos privados, solitários, que cultivam algumas relações superficiais mas
quase nenhumas amizades íntimas.
Perfil 238 – Evitante Dependente Negativista
Caracteriza um perfil de personalidade dominada por sentimentos de inadequação, medo da
rejeição e tendência para alterações do humor. São indivíduos que desejam grandemente
serem aceites e gostados mas que temem ser rejeitados nas suas aproximações sociais.
São provavelmente dependentes e cooperativos, revelando uma certa tendência para se
subvalorizarem e que quando se comparam com os outros sentem-se menos capazes, menos
atraentes, ou menos válidos como seres humanos. São, com frequência, pessoas pouco
assertivas, que nada exigem dos outros, ainda que possam ser controladores de uma forma
submissa e dependente. Estes indivíduos, sentem-se particularmente confortáveis quando
dependem de alguém que tome decisões por eles e lhes proporcione apoio e protecção. Os
sentimentos de inadequação surgem a par do medo de rejeição, uma vez que acreditam que,
mais cedo ou mais tarde, os outros terão deles má opinião, por isso se afastarão.
Como consequência desta estrutura de personalidade, estes pacientes, sentem-se sempre
apreensivos quando se relacionam com os outros, passando uma imagem de timidez e
nervosismo. Isto coloca-os num dilema: por um lado, gostariam muito de interagir com os
outros, por forma a serem gostados e apreciados; porém tendem a evitar os contactos sociais,
numa tentativa de evitar a ansiedade que essas situações lhes suscitam.
Este conflito psíquico, manifesta-se exteriormente num comportamento indeciso e
ambivalente: uma vezes amigáveis e abertos, noutras esquivos, distantes, sarcásticos, mal-
humorados ou desinteressados dos outros. No momento em que projectam a frustração,
imanente do seu conflito básico, podem ainda ser desconfiados, hostis e capazes de culpar os
outros pelos seus erros, porém este movimento cedo se volta contra o próprio sujeito, fazendo-
o sentir-se ainda mais inadequado e culpado.
Perfil 250 – Evitante Narcisista
Remete para um estilo de personalidade em que predominam traços evitantes e confiantes,
característico de sujeitos hipersensíveis à possibilidade de rejeição. Presumem que os outros
não irão valorizar a sua amizade e preocupam-se com o risco de humilhação, o que os deixa
pouco à vontade durante as interacções sociais, uma vez que sentem que têm sempre que
dar o seu melhor e estão constantemente a jogar à defesa. Por forma a evitar a ansiedade,
assim gerada, estes indivíduos podem evitar mesmo o contacto social, apesar de desejarem
ter amigos e ser aceites, isolando-se, ou lidando com poucas pessoas de cada vez.
O seu medo da rejeição deriva, em parte, da sobrevalorização que fazem de si próprios, que
os leva a sentirem-se especiais, ou superiores aos outros. Observa-se também uma tendência

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para exagerarem as próprias capacidades e qualidades positivas, construindo racionalizações
sobre o seu valor. Estes indivíduos consideram-se inteligentes, extrovertidos, encantadores e
sofisticados, sentindo uma necessidade constante de serem apreciados e apaparicados pelos
outros, que muitas vezes se transforma num sentimento de rejeição que leva ao evitamento
(por projecção). Para os outros, estes sujeitos, aparecem como egocêntricos, com a mania
das grandezas e desdenhosos.
Perfil 260 – Evitante Anti-social
Refere-se a um estilo de personalidade em que predominam traços evitantes e competitivos,
em sujeitos hipersensíveis à possibilidade de rejeição e que adoptam estratégias de
confrontação, para se adaptarem ao seu meio. Consequentemente, revelam-se pessoas
desconfiadas que se vêm a si próprias como assertivas, enérgicas, confiantes, fortes e
realistas, sentindo que só pela dureza, hostilidade e esperteza conseguem garantir aquilo que
pretendem. Estes indivíduos desprezam, constantemente, os mais fracos, não se importando
se são, ou não, gostados. É o medo que os outros se aproveitem deles, que torna estes sujeitos
pouco confortáveis e muito defensivos, no decurso das interacções sociais.
As pessoas, com este perfil, são frequentemente impulsivas, agressivas, intimidantes e por
vezes, mesmo frias, ofensivas, cruéis e maliciosas. Quando as coisas correm à sua maneira
podem ser amigáveis e optimistas mas, na maior parte dos casos, comportam-se de forma
reservada, defensiva e ressentida.
Perfil 280 – Evitante Negativista
Descreve uma personalidade com um predomínio de traços evitantes e negativistas. O traço
evitante manifesta-se numa hipersensibilidade à crítica e à rejeição, em indivíduos que
encaram os contactos sociais como arriscados, podendo conduzir à humilhação e à rejeição.
O conflito psíquico subjacente resume-se ao seguinte: por um lado, desejavam ser aceites e
apreciados por terceiros (pelos outros), contudo o medo de serem rejeitados deixa-os
apreensivos e pouco confortáveis, no decurso das interacções, ao ponto de conduzir ao
evitamento. São sujeitos que levam vidas solitárias, fechados nos seus mundos privados e
desconfortáveis e nervosos nas relações interpessoais. Para além disso, são frequentemente
sensíveis aos seus próprios sentimentos e às reacções emocionais que despertam nos outros.
Este padrão de funcionamento está presente em pessoas que questionam as suas
competências e não se consideram nem muito interessantes, nem merecedoras de atenção,
julgamento que generalizam para toda a humanidade que consideram fria e rejeitante. Por
conseguinte, apesar da pobre auto-imagem, estes indivíduos também não idolatram outras
pessoas e estão muito conscientes das limitações alheias.
Quando, estes pacientes, conseguem estabelecer relações significativas e estáveis, as
interacções são, muitas vezes, conflituosas, agindo de forma ressentida e mal-humorado,
oscilando entre a cooperação amigável e a hostilidade e o pessimismo, apenas para se
sentirem culpados e tentarem redimir-se sendo mais agradáveis, e assim sucessivamente.

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Perfil 300 – Dependente
Encontra-se em sujeitos com um estilo de personalidade marcadamente cooperativo e que
não se sentem muito capazes de tomar conta de si, preferindo confiar essa tarefa a terceiros,
alguém que lhes proporcione apoio e protecção, nem que seja emocional. Sentem-se
frequentemente inadequados, inseguros e menos capazes que os demais, tendem por
conseguinte a formar laços afectivos, muito fortes, com as pessoas de que dependem e a
evitar situações competitivas. O seu perfil faz deles seguidores e não lideres, pelo padrão de
submissão que adoptam nas interacções.
Temendo perder os seus amigos, estes indivíduos, podem esconder as suas emoções, quando
as consideram agressivas, ou condenáveis. Trata-se de pessoas humildes, que se esforçam
por agradar àqueles que as rodeiam, sendo facilmente apreciadas. Também podem parecer
muito volúveis, influenciáveis, por nunca emitirem pareceres pessoais, e criticáveis pela sua
submissa dependência e falta de auto-estima.
Perfil 320 – Dependente Evitante
A elevação patológica, nas referidas escalas, determina um perfil de personalidade em que
predominam os traços cooperativos e dependentes, que caracterizam indivíduos com baixa
auto-estima e que consideram os outros mais capazes e interessantes que eles próprios. Estes
sujeitos, adoptam papeis de seguidores, não de líderes, e procuram, nos outros, o apoio e a
protecção; ainda que as interacções os deixem desconfortáveis e ansiosos.
Este desconforto, deriva da crença que se, os outros, os conhecerem melhore formarão, a seu
respeito, uma opinião consonante com a sua própria, ou seja, constatem que eles nada valem.
Consequentemente, estes indivíduos estão sempre à defesa, escondendo os seus verdadeiros
sentimentos (quando agressivos, ou censuráveis) e mostrando-se tensos, nervosos e
distantes. Estas dificuldades, que emergem no contacto social, podem conduzir ao seu
evitamento, e portanto à solidão e ao isolamento.
Perfil 321 - Dependente Evitante Esquizóide
Caracteriza um perfil de personalidade com elementos cooperativos, evitantes e introvertidos,
típico de indivíduos com baixa auto-estima, que se consideram menos capazes e interessantes
que os demais. Estes sujeitos, adoptam papeis de seguidores, não de líderes, e procuram nos
outros apoio e protecção, ainda que as interacções os deixem desconfortáveis e ansiosos.
Simultaneamente, experimentam dificuldades na compreensão dos sentimentos e motivações
das outras pessoas e podem comportar-se de forma excessivamente branda e apática.
As dificuldades, nos relacionamentos sociais, derivam da crença de que se os outros os
conhecessem melhor formariam, a seu respeito, uma opinião consonante com a sua própria,
ou seja, constatariam que eles nada valem. Consequentemente, estes indivíduos, estão
sempre à defesa, escondendo os seus verdadeiros sentimentos (quando agressivos, ou
censuráveis), mostrando-se tensos, nervosos e distantes. Por este motivo, e porque não têm
verdadeiro interesse, ou compreensão, pela área interpessoal, estes sujeitos raramente
desenvolvem relações afectivas profundas, o que os torna solitários, isolados dos outros. No

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entanto, estes pacientes, podem ser bastante cooperativos e amáveis, raramente
sobressaltados por emoções violentas, podem viver vidas agradáveis e controladas.
Perfil 327 - Dependente Evitante Compulsivo
Descreve um perfil de personalidade em que sobressaem os elementos cooperativos,
evitantes e disciplinados, presente em sujeitos com baixa auto-estima, que se consideram
menos capazes e interessantes que os demais. Estes sujeitos adoptam papeis de seguidores,
não de líderes, e procuram, nos outros, apoio e protecção, apesar desse desejo acarretar um
considerável desconforto.
Este desconforto, deriva da crença que se, os outros, os conhecerem melhor formarão, a seu
respeito, uma opinião consonante com a sua própria, ou seja, constatem que eles nada valem.
Consequentemente, estes indivíduos estão sempre à defesa, escondendo os seus verdadeiros
sentimentos (quando agressivos, ou censuráveis), mostrando-se tensos, nervosos e distantes.
Estas dificuldades, que emergem no contacto social, podem conduzir ao seu evitamento, e
portanto à solidão e ao isolamento.
Uma das defesas utilizadas, para compensar a baixa auto-estima, é a procura de apoio e de
orientação em terceiros; outro dos mecanismos de defesa, mais empregue, é a crença num
resultado positivo, desde que não cometam qualquer tipo de erro. Indivíduos, com esta
tendência compulsiva, são organizados e planeiam sempre o futuro; são também
conscenciosos, eficientes, dignos de confiança, industriosos, persistentes, respeitosos,
perfeccionistas e auto-disciplinados. Têm, contudo, uma certa tendência para a indecisão e
alguma dificuldade em tomarem decisões sozinhos. O elemento compulsivo pode, também,
gerar um sentimento de inadequação que se manifesta numa procura exaustiva dos seus
próprios erros, sempre que as coisas correm mal.
Perfil 328 - Dependente Evitante Negativista
A elevação nas referidas sub-escalas caracteriza um perfil de personalidade com elementos
cooperativos, evitantes e negativistas, presente em sujeitos com baixa auto-estima, que se
consideram menos capazes e interessantes que os demais. O desconforto que experimentam,
nas interacções sociais, deriva da crença que se, os outros, os conhecerem melhores
formarão, a seu respeito, uma opinião consonante com a sua própria, ou seja, constatem que
eles nada valem. Assim, o desejo de encontrar apoio e protecção em terceiros é obliterado
pelo seu medo da rejeição. Consequentemente, estes indivíduos estão sempre à defesa,
mostrando-se tensos, nervosos e distantes. Estas dificuldades, que emergem no contacto
social, podem conduzir ao seu evitamento, e portanto à solidão e ao isolamento.
Os pacientes, com estes resultados, estão frequentemente ressentidos com as outras pessoas
e têm tendência para atribuir a culpa por acontecimentos negativos a factores exteriores.
Consequentemente, são pouco cooperantes e difíceis de lidar. A projecção defensiva ajusta-
se ao mecanismo de evitamento social, uma vez que, a sua hostilidade, tende a alienar os
outros. A projecção também serve de argumento racional para que abandonem os outros,
antes de serem abandonados. São sujeitos que se ressentem com o controlo dos outros mas
que, simultaneamente, não sabem funcionar em situações competitivas, em que têm de agir

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de forma independente e de tomar as suas próprias decisões. Este desconforto, cria um ciclo
vicioso de dependência e ressentimento face à mesma.
Perfil 340 - Dependente Histriónico
Descreve um perfil de personalidade cooperativo, com elementos dramáticos, típico de
indivíduos com baixa auto-estima, que se consideram menos capazes e interessantes que os
demais. A auto imagem empobrecida conduz a sentimentos de insegurança e ansiedade, em
situações mais competitivas. Em simultâneo, trata-se de sujeitos com uma grande
necessidade de captar a atenção dos outros, o que os torna permanentemente conspícuos,
procurando a afirmação do afecto e da aprovação das figuras significativas. Estes sujeitos,
desenvolvem uma grande sensibilidade aos humores dos outros e usam, este conhecimento,
para evocarem as reacções que desejam. Podem mostrar-se encantadores e extrovertidos,
dramáticos, ou sedutores.
São ainda pessoas cooperantes e agradáveis, coloridas e em contacto com as suas emoções.
Contudo, podem passar por dificuldades sempre que tenham de resolver sozinhas uma
contrariedade. A perda dos entes significativos é profundamente sentida.
Perfil 348 - Dependente Histriónico Negativista
Este estilo de personalidade tem dominância de elementos cooperativos, dramáticos e
negativistas, o que cria um beco sem saída: são pessoas com baixa auto-estima que sentem
que, de alguma forma, têm de esconder aquilo que realmente pensam de si próprias,
aparentando autoconfiança e determinação.
Indivíduos com este perfil sentem-se menos capazes e válidos que as outras pessoas. Uma
pobre auto-imagem conduz a sentimentos de insegurança que, por sua vez, geram ansiedade
em situações competitivas. Tratam-se efectivamente de seguidores não de líderes, que tentam
funcionar de forma cooperativa, relacionando-se com os outros de forma fácil e significativa,
correndo o risco de se tornarem dependentes de terceiros. É, precisamente, porque precisam
dos outros para protecção e orientação, que estes sujeitos estão pouco preparados para
agirem independentemente e assim conseguirem os seus objectivos.
A elevação na escala histriónica revela que, estes sujeitos, precisam de constante atenção,
por parte dos outros, o que os torna conspícuos e exigentes de uma reafirmação frequente de
aprovação e afecto. Indivíduos, com este perfil, têm um papel activo no envolvimento
interpessoal, desenvolvendo uma sensibilidade particular aos sentimentos dos outros e
utilizando este conhecimento para provocarem as reacções que desejam. Podem ser
encantadores, extrovertidos, dramáticos, ou sedutores; dependendo do seu grau de
funcionalidade, podem empregar esta habilidade para lidarem efectivamente com o ambiente,
ou podem tornar-se manipuladores e desonestos.
Estes sujeitos, podem mostrar-se amigáveis e cooperativos, quando se sentem mais
inadequados; contudo podem começar a sentir que deveriam projectar uma imagem diferente,
adoptando uma atitude mais arrogante e exigente. Têm ainda tendência para se aborrecerem
com relações estáveis e para deslocarem, os seus conflitos internos, para a esfera dos

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contactos interpessoais. Por isso, podem revelar de humores variáveis, facilmente irritáveis,
imprevisíveis, ou negativistas.
Perfil 354 - Dependente Narcisista Histriónico
Uma elevação patológica nas referidas escalas é típica de sujeitos que exibem elementos
cooperativos, confiantes e dramáticos, ancorados numa baixa auto-estima. São sujeitos que
se sentem menos dotados e válidos que os outros; a baixa auto-imagem conduz a sentimentos
de insegurança e ansiedade, face a situações competitivas. São, por outro lado indivíduos,
que publicitam publicamente o seu valor, porque apesar de não confiarem em si, em muitas
áreas, são muito auto-confiantes noutras. Muitas vezes, este Ego inflaccionado funciona como
mecanismo de defesa contra a sua baixa auto-estima, sendo sempre latente o conflito entre
as duas imagens projectadas. Este conflito, torna-se evidente na oscilação entre
comportamentos sociáveis e uma atitude arrogante e problemática.
Também parece evidente que, estes sujeitos têm uma grande necessidade de atenção, o que
os torna conspícuos e exigentes de constante aprovação e afeição. A atenção a que aspiram
é activamente conquistada, uma vez que dispõe de grande sensibilidade aos humores dos
outros e utilizam esse conhecimento para conseguirem os seus objectivos. São, no seu
relacionamento com os outros, pessoas encantadoras, extrovertidas, dramáticas, ou
sedutoras.
Estes indivíduos, são frequentemente cooperativos e afáveis, interessantes e, em contacto,
com as suas emoções; contudo podem sentir dificuldades quando se sentem sozinhos,
podendo depender apenas de si próprios. A perda dos entes queridos é profundamente
sentida.
Perfil 356 - Dependente Narcisista Antisocial
Presente em sujeitos que, de uma forma geral, se sentem inadequados, adoptando, para
compensá-lo, uma atitude cooperativa, generosa, agradável, ou insinuante. São indivíduos que
desejam ser gostados pelos outros e que se sentem muito especiais. Assim, apesar de se
sentirem menos capazes em alguns aspectos, acreditam possuir qualquer qualidade, ou valor
intrínseco, que os torna superiores aos demais.
Estes pacientes adaptam-se ao seu conflito interior, desenvolvendo uma postura defensiva
que permite que ambas as concepções permaneçam activas. A imagem que deixam
transparecer é algo dura, enfatizando os aspectos competitivos da realidade, acham que têm
de adoptar uma postura aguerrida, para não ficarem para trás. A crença na força pessoal
esconde, muitas vezes, um sentimento de inadequação, ou seja, uma fraqueza que segundo
estes sujeitos poderia ser usada contra eles, uma vez do conhecimento de terceiros. Apesar
de serem emocionalmente dependentes dos outros, transmitem uma imagem de quem não
precisa de ninguém e se basta a si próprio. Podem ser também bastante controladores e algo
desconfiados.
Este mecanismo de defesa mal-adaptativo, que se manifesta no culto/exercício do poder
pessoal, observa-se quando são postos em causa, por alguém que questione a sua força,

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quando toda a sua hostilidade e agressividade se manifestam numa tentativa de salvaguardar
o seu próprio autocontrole.
Perfil 357 - Dependente Narcisista Compulsivo
Personalidade com predomínio de traços cooperativos, confiantes e disciplinados, ancorados
a uma baixa auto-estima. Estes indivíduos sentem-se menos capazes e válidos que os outros,
adoptando uma postura cooperante, uma vez que se sentem mais confortáveis quando estão
sob a orientação, ou protecção, de um mentor poderoso. A auto imagem depauperada conduz
a sentimentos de insegurança e ansiedade em situações competitivas.
Por outro lado, indivíduos com este perfil, são frequentemente orgulhosos, expressando
publicamente o seu valor próprio. Esta tendência deriva da concepção díspar que têm de si
próprios, uma vez que, apesar de se considerarem pouco capazes em determinadas áreas,
noutras são extremamente confiantes. A inflação do Ego, juntamente com a tendência para
racionalizarem os seus erros, pode ser considerada como reacção defensiva à baixa auto-
estima, assim aplacando as suas inseguranças e proporcionando algum conforto.
Estes pacientes também podem adoptar formas compulsivas de aumentar a sua auto-imagem.
São, de uma forma geral, pessoas correctas e respeitadoras nas suas relações, com um
polimento perfeccionista e moralista; são trabalhadores, meticulosos e com uma visão, algo
simplista do mundo (preto e branco). Esta fachada de rectidão e disciplina é usada para
enfatizar o seu valor intrínseco e combater o sentimento de que, afinal, podem não valer
grande coisa.
Perfil 360 - Dependente Antisocial
Presente em sujeitos com um estilo de personalidade cooperativo, com elementos
competitivos. O lema de vida destes sujeitos é, uma vez que não se sentem capazes de tomar
conta de si próprios, devem encontrar alguém digno de confiança que os proteja e apoie,
formando fortes laços sentimentais com estas figuras significativas. Sentem-se
frequentemente inadequados, ou inseguros, e consideram-se menos determinados e capazes
que as outras pessoas. A preocupação de perderem amigos pode levá-los a esconder os seus
sentimentos, em particular, quando os consideram agressivos, ou censuráveis. Com os outros,
são pessoas humildes e afáveis.
O ambiente é sentido como um lugar competitivo, o que gera desconfiança e suspeita em
relação a terceiros. Frequentemente, o seu comportamento é defensivo e reservado, mas
estes sujeitos acreditam que, com ajuda dos seus entes de confiança, podem tornar-se fortes,
realistas e determinados. Embora não se sintam muito seguros de si próprios, depositam uma
fé inabalável naqueles que lhes proporcionam protecção, num mundo que vêm como
insensível, onde todos apenas estão interessados em ganhos pessoais.
Perfil 370 - Dependente Compulsivo
Caracteriza-se por uma baixa auto-estima e natureza disciplinada e ordeira, presente em
indivíduos que consideram os outros pessoas mais válidas, interessantes, ou capazes que
eles próprios. São seres humildes, humanos e capazes de formar relações interpessoais
fortes; simultaneamente, procuram ser o mais agradável possível por forma a conquistarem o

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apoio que pretendem. Como resultado, são indivíduos consideravelmente submissos, ou
coniventes, que se intimidam face a situações competitivas, em que se sintam sem apoio e
vulneráveis. Contudo, sempre que se sentem protegidos podem estar muito à vontade e sem
conflitos.
Deste modo, através da protecção e orientação de terceiros, estes indivíduos, procuram
compensar a insegurança que deriva da sua baixa auto-estima. Outro mecanismo de defesa,
está presente na crença de que se evitarem cometer um erro, podem esperar sempre
resultados positivos.
Sujeitos com o referido elemento compulsivo, são ordeiros e disciplinado, planeando o futuro
de forma conscienciosa; são também eficientes, dignos de confiança, industriosos e
persistentes. No seu relacionamento com os outros são respeitadores, elogiosos,
perfeccionistas e exigentes. São pessoas que acreditam na disciplina, mas que podem ter
dificuldades quando são chamadas a resolver problemas, ou a tomar decisões por si próprias.
A tendência compulsiva também pode reforçar os sentimentos de inadequação, pois sempre
que as coisas correm mal irão culpar-se a si próprios.
Perfil 380 - Dependente Negativista
Este perfil encontra-se em indivíduos que tiveram elevações patológicas nas Escalas
Dependente e Negativista. São indivíduos que, de uma forma geral, são inseguros e têm uma
baixa auto-estima, sentindo-se pouco à vontade em situações competitivas, não têm perfil de
liderança e são pouco assertivos.
A maioria dos sujeitos com baixa auto-estima procura nos outros conforto e protecção, não
sem uma dose de conflito. Apesar de se sentirem inseguros das suas próprias capacidades,
ao ponto de precisarem de depender de outros, também se sentem desconfiados em relação
a estes. Estes indivíduos não sentem que os outros são de confiança e ressentem-se da
dependência que os faz precisar de terceiros para resolverem os seus próprios problemas.
Algumas pessoas com este dilema exteriorizam-no aparentando serem cooperativas e
coniventes sem contudo deixarem de resistir, de alguma forma, ao líder. Outros tendem a
vacilar: por vezes, são muito amigáveis e cooperantes, mas quando se sentem ressentidos
podem ficar desconfiados e zangados, apenas para se sentirem culpados, retraindo-se e
começando o ciclo outra vez.
Perfil 382: Dependente Negativista Evitante
Caracteriza um estilo de personalidade em que abundam elementos dependentes, negativistas
e evitantes, típico de indivíduos que não se consideram nem muito capazes nem dotados para
atingirem, pelos seus próprios meios, os seus objectivos. Antes, preferem delegar num terceiro
a tarefa de tomar conta deles e suprir as suas necessidades. No entanto, como os sujeitos
também se ressentem e desconfiam desta capacidade nos outros, acabam por inviabilizar
também qualquer hipótese de coexistência.
Estes pacientes revelam uma grande labilidade de sentimentos e humores., umas vezes
parecendo amigáveis e cativantes, outras ressentidos e enraivecidos, outras ainda culpados e
retraídos, e assim sucessivamente. Por outras palavras, eles defendem-se das suas

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inseguranças projectando a culpa, umas vezes sobre si próprios outras vezes sobre os outros.
O mesmo estilo de personalidade tem ainda outra modalidade defensiva predominante, o
negativismo: assim os pacientes tentam controlar o ressentimento através de manobras
obstrucionistas que permitem o escoamento da raiva de forma dissimulada, não
comprometendo assim um relacionamento de que dependem.
São também abundantes os sentimentos de insegurança que fazem estes sujeitos
percepcionarem os outros como mais talentosos, capazes, ou dignos, que eles próprios. Por
consequência, vão temer que os outros, ao reconhecerem a sua falta de valor, os rejeitem; é
também essa a razão que os deixa nervosos e desconfortáveis em situações sociais, porque
temem impor-se a terceiros que não gostem deles. O evitamento das relações interpessoais
surge como forma de amenizar o desconforto, o que consequentemente pode conduzir ao
isolamento e ao distanciamento de relações consideradas de pouca confiança, ou
excessivamente críticas.
Tratam-se de pessoas sensíveis que gostariam de ser apreciadas e de se relacionarem melhor
com os outros, sendo contudo vítimas do seu próprio dilema: entre ter de depender e não
conseguir confiar.
Perfil 400 - Histriónico
Revela uma predominância de traços dramáticos na estrutura base da personalidade. Os
indivíduos histriónicos são interessantes e emocionais, procurando estímulos, excitação e
atenção. Por conseguinte, tendem a reagir prontamente às situações em seu redor, sendo
profundo o seu envolvimento, se bem que não muito duradouro. Este padrão de envolvimento
- abandono repete-se ao longo do tempo.
Os pacientes histriónicos, normalmente causam boas primeiras impressões; graças à sua
reactividade, à sua perspicácia e à sua necessidade de atenção são frequentemente o centro
colorido das atenções onde quer que vão. Muitas vezes, contudo, podem ser excessivamente
barulhentos, exibicionistas e dramáticos. Quanto maior for o seu envolvimento maior é o risco
de se tornarem exigentes e fora de controlo. As pessoas histriónicas têm momentos
emocionais muito intensos mas as suas amizades são, com frequência, de curta duração,
substituíveis sempre que o tédio bate à porta. A dependência de terceiros, tem mais a ver com
a atenção, do que com a protecção, ou orientação, que estes outros podem proporcionar, pelo
que os histriónicos são muito menos submissos que os sujeitos dependentes.
Perfil 438 - Histriónico Dependente Negativista
A elevação nestas sub-escalas remete para uma combinação de traços dramáticos,
dependentes e negativistas. Encontramos indivíduos interessantes e emocionais, que
procuram estímulos, excitação e atenção e que reagem, muito facilmente, às situações que os
rodeiam, envolvendo-se de forma intensa mas durante um curto período de tempo. Observa-
se a repetição deste padrão de envolvimentos rápidos e curtos, ao longo da vida do sujeito.
São sujeitos que, apesar de possuírem uma baixa auto-estima, sentem a necessidade de
exteriorizar uma imagem de confiança e segurança. Efectivamente, estes sujeitos, sentem-se
menos dotados, ou competentes, quando se comparam com os outros; contudo rejeitam

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depender de terceiros, com medo de transmitirem uma imagem de fraqueza. Perante este
conflito podem revelar-se, em algumas circunstâncias, cooperantes ou coniventes, apenas
para resistirem, de alguma forma, ao seu líder; ou seja, vão oscilando entre serem
extremamente amigáveis e solidários, ou então ressentidos, agressivos e zangados, ou ainda,
mostrando-se culpados e retraídos. Esta solução reconcilia o desejo de protecção, com o
desejo de independência e de auto-suficiência a que também aspiram, às custas de frequentes
conflitos interpessoais.
Estes pacientes podem ser criticados por serem, de algum modo, barulhentos, exibicionistas
e dramáticos, captando a atenção dos outros; podem também ser de humores instáveis e mal-
humorados, mas são sempre pessoas interessantes e expressivas que cativam os outros e se
envolvem de forma intensa, durante curtos períodos de tempo.
Perfil 450 - Histriónico Narcisista
São sujeitos que requerem muita atenção e gostam de estar no centro das atenções.
Consideram-se pessoas especiais, inteligentes, extrovertidas, encantadoras, ou sofisticadas.
Muitas vezes, propagandeiam as suas próprias capacidades de forma exagerada,
empregando racionalizações para inflamar o seu valor próprio e denegrindo aqueles que se
recusam a aceitar a imagem que eles tentam projectar. Causam boas primeiras impressões,
porque são capazes de expressar os seus sentimentos, com um toque de dramatismo e um
talento natural para chamar a atenção. Adicionalmente, são pessoas interessantes que podem
desenvolver um bom sentido de humor.
Os outros, frequentemente, consideram estes sujeitos como sendo simpáticos e prestáveis,
divertidos e sedutores. Contudo, como aquilo que estes pacientes mais procuram são os
elogios, podem aborrecer-se rapidamente e revelam fraca capacidade discriminação, quando
estão sozinhos.
Perfil 456 - Histriónico Narcisista Antisocial
Nas pessoas, com elevações patológicas nas referidas escalas, observa-se um estilo de
personalidade dramático, com traços de autoconfiança e competitivos. São sujeitos que
necessitam constantemente de atenção e afecto; por conseguinte, procuram estimulação e
tornam-se o centro das atenções, com a sua atitude dramática. Exibem uma certa tendência
para manipularem as interacções sociais, de modo a conseguirem a atenção que desejam,
i.e., ao serem muito sensíveis aos sentimentos dos outros, depressa descobrem quais os
comportamentos que podem evocar as reacções que pretendem.
São indivíduos que expressam os seus sentimentos livremente e que acalentam emoções
intensas, ainda que de curta duração. Mostram-se extrovertidos, encantadores e sofisticados,
contudo a sua necessidade de terceiros torna-os vulneráveis à possibilidade de serem, por
eles, rejeitados, ou ignorados. Podem então revelar-se algo caprichosos e pouco tolerantes à
frustração. Algumas vezes, a sua atitude dramática pode parecer superficial, falsa, ou apenas
sedutora, em vez de expressar verdadeiros sentimentos. São sujeitos que também podem ter
dificuldades ao desenvolver um sentimento coeso de identidade.

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Observou-se que estes sujeitos, na sua busca de atenção, podem sentir que são muito
especiais e que terão sempre sucesso nas suas tentativas. São indivíduos que, no decurso
das interacções com os outros, se sentem melhores que os demais. Também consideram o
mundo um local competitivo, em que a atenção, que se suscitar nos outros, é o melhor
indicador de sucesso individual. Em consequência destas atitudes podem revelar-se algo
conflituosos e irascíveis.
Perfil 458 - Histriónico Narcisista Negativista
É um perfil que prefigura um estilo de personalidade que exibe traços dramáticos, confiantes
e negativistas, típico de indivíduos que carecem de atenção constante, que vivem
apressadamente e apreciam estimulação e excitação; podem procurar emoções fortes e
aventuras. São pessoas socialmente cativantes, interessantes, dramáticas e emotivas, mas
também caprichosas, exigentes e algo dissimuladas. São sujeitos que facilmente se
apaixonam, ainda que os seus envolvimentos sentimentais tenham curta duração; podem
ainda revelar-se imaturos, incapazes de adiar a gratificação, sem disciplina e irresponsáveis.
De forma geral, são extrovertidos com carisma e brilho próprio.
Estes sujeitos têm-se em alta consideração, considerando-se melhores e mais capazes que
as outras pessoas. Por conseguinte, costumam comportar-se com autoconfiança, tomando
posições fortes em ocasiões importantes, mesmo quando em desacordo com a maioria. Esta
característica pode, contudo, levá-los a tratar os outros com desdém e insensibilidade, o que
os fará sentir ameaçados quando alguém questionar a sua superioridade.
Quando estes pacientes encontram qualquer tipo de oposição, os elementos negativistas
podem vir à superfície, tornando-os irascíveis, ou provocadores, mostrando os sentimentos de
forma hostil e agressiva. Este estado emocional violento é de curta duração e, após a sua
remissão, os outros traços de personalidade tornam-se mais proeminentes.
Perfil 468 - Histriónico Antisocial Negativista
Observável em pacientes dramáticos, competitivos e negativistas, que apreciam ser o centro
das atenções e que, para além de serem algo dramáticos, carismáticos e extremamente
sociáveis, podem parecer superficiais, pouco sérios, facilmente entediados e incapazes de
terminarem os projectos a que se propõe.
Outro aspecto fundamental, do padrão de personalidade destes indivíduos, encontra-se na sua
visão competitiva do mundo, ou seja, acreditam que existe um número limitado de recursos e
que todos os desejam. Assim, a vida é uma espécie de corrida e o mundo é um local cruel e
hostil, onde ninguém é digno de confiança e à que jogar sempre à defesa. São, pois, sujeitos
que se consideram, a si próprios, duros realistas que evitam deixar-se abusar por alguém.
Estas duas tendências podem provocar um conflito: a busca de atenção, precisa dos outros, o
que torna estes sujeitos dependentes de terceiros; já os traços antisociais, tornam difícil o
confiar nos outros. A saída para este conflito pode apresentar-se numa, de duas formas: alguns
indivíduos, desenvolvem flutuações de humor, assim podem comportar-se de forma simpática
e cooperativa, até sentirem medo de serem explorados, tornando-se subitamente resistentes,
distantes, desconfiados e mesmo hostis e agressivos; outros indivíduos, podem contornar o

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conflito comportando-se de forma passiva - agressiva, ou seja, superficialmente cooperantes,
mas internamente negativistas e obstrucionistas, assim descarregando os seus impulsos
agressivos.
Perfil 470 - Histriónico Compulsivo
Característico de pessoas dramáticas e emotivas que procuram estimulação, divertimentos e
atenção. Podem também ser algo caprichosas, activamente exigindo confirmação de
aprovação, ou de afectos, dos outros. Com frequência, tornam-se sensíveis ao estado de
espírito alheio, usando este conhecimento para evocarem as reacções que desejam.
Respondem rapidamente às situações, envolvendo-se emocionalmente de forma muito
intensa, imediata, mas pouco duradoura. São indivíduos que causam primeiras impressões
muito boas, o que os torna companhias agradáveis e cativantes, no decurso das interacções
sociais; tudo isto graças à sua capacidade de reacção a situações inesperadas, à sua
perspicácia e carisma.
Estes indivíduos provavelmente valorizam, devido aos traços compulsivos, uma construção de
imagem que tem por base a rectidão, a persistência, a ordem e a disciplina. Esta tendência
pode, algumas vezes, entrar em conflito com os traços histriónicos: ou seja, os pacientes
histriónicos são muito emotivos, de relacionamentos intensos e impulsivos; já os pacientes
compulsivos, controlam excessivamente as suas emoções, são distantes no seu
relacionamento com outros e comportam-se com prudência. Indivíduos que exibem ambas as
tendências são incapazes de integrá-las convenientemente o que gera conflitos intrapsíquicos
mais, ou menos, intensos. Podem parecer de humores variáveis e emocionalmente lábeis:
umas vezes, comportando-se de forma sentimental e intensa; outras vezes, temendo as
consequências de tais explosões, desenvolvem uma postura mais rígida e controlada.
Perfil 480 - Histriónico Negativista
Predominam os traços dramáticos e competitivos, neste perfil de personalidade. As elevações
na escala Histriónica revelam que, estes indivíduos, desejam ser o centro das atenções; são
pessoas dramáticas, emotivas, sensíveis aos seus próprios sentimentos e aos dos outros,
usando esse conhecimento para conquistarem atenção e apoio. São seres muito sociáveis,
encantadores, de relacionamentos superficiais e que requerem um nível considerável de
estímulos e diversão, ou correm o risco de se aborrecerem. Quando isto acontece, afastam-
se facilmente, de forma impulsiva.
São sujeitos muito sensíveis à imagem que as pessoas projectam; para eles a construção de
uma imagem passa, em parte, por uma atitude negativa em relação aos outros, ou seja, têm
uma certa tendência para os diminuírem, comportando-se de forma desdenhosa. Esta
tendência acrescenta um elemento de agressividade, ou hostilidade, à sua maneira de ser,
pelo que alguns destes sujeitos são constantemente negativistas e obstrucionistas de uma
forma velada, assim escoando o negativismo sem comprometerem a sua necessidade de
apoio e atenção. Outros sujeitos, podem tentar controlar os seus sentimentos agressivos, que
acabarão por vir ao de cima, através de explosões de hostilidade, após as quais sentirão culpa

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e arrependimento, tentando apaziguar os ofendidos e recuperar o seu afecto. Esta maneira de
ser torna, estes indivíduos, mal-humorados, emocionalmente excessivos e imprevisíveis.
Perfil 500 - Narcisista
São sujeitos que se consideram, de algum modo, especiais, acreditam que são superiores aos
outros e têm uma certa tendência para exagerarem as suas habilidades e atributos positivos,
construindo racionalizações que aumentam o seu valor próprio e depreciam aqueles que não
aceitam a visão grandiosa que eles têm de si próprios. Com frequência, estes indivíduos,
consideram-se inteligentes, extrovertidos, encantadores e sofisticados, tornando-se facilmente
conspícuos e captando a atenção e o afecto dos outros. Causam boas primeiras impressões,
porque têm as suas próprias opiniões e têm uma capacidade intrínseca para atraírem a
atenção; são pessoas orgulhosas, seguras de si e podem desenvolver um bom sentido de
humor. Contudo, experimentam dificuldades quando não se sentem suficientemente
apreciados, são forçados a aceitar a opinião de alguém, ou a optarem por soluções de
compromisso.
Perfil 520 - Narcisista Evitante
São pessoas que se sentem, de alguma forma, especiais e superiores aos outros, com uma
certa tendência para exagerarem as suas competências e atributos positivos, para construírem
racionalizações que enalteçam o seu valor próprio e depreciem aqueles que não aceitam a
imagem grandiosa que eles têm de si próprios. Descrevendo-se apenas em traços positivos,
eles consideram-se inteligentes, extrovertidos, sedutores, ou sofisticados; qualquer atributo
negativo que reconheçam, em si, é imediatamente minimizado.
No entanto, estes indivíduos desenvolvem uma considerável apreensão quanto ao seu
relacionamento com os outros, sentindo que estes podem não valorizar a sua ‘verdadeira’
competência e excelência. Isto deixa-os muito sensíveis a qualquer sinal de rejeição, porque
a rejeição é interpretada como uma negação da imagem que sentem que devem transmitir e
com que sentem confortáveis. Consequentemente, quando interagem com os outros, sentem
sempre que têm de dar o seu melhor, mostrando-se tensos, nervosos, e excessivamente auto
conscientes com quase todas as pessoas. Deste modo, a interacção social, processa-se sobre
um conflito latente: por um lado, gostariam de se dar com os outros, de forma pacífica e
agradável, para serem apreciados, mas sentem-se tão pouco confortáveis socialmente, que
acabam por evitar as interacções. Podem passar anos até que este conflito seja resolvido.
Perfil 530 - Narcisista Dependente
Caracteriza um estilo de personalidade em que predominam elementos de autoconfiança e
tendências cooperativas. A justaposição destes dois estilos é pouco frequente e algo
problemática. Uma elevação patológica na escala do Narcisismo revela que estes sujeitos têm-
se em alta conta, sentindo-se mais capazes que os outros e considerando-se especiais, em
qualquer coisa. Como consequência, têm uma certa tendência para exagerarem os seus
atributos positivos e a minimizarem os próprios defeitos. Gostam de ser notados e relacionam-
se com os outros com autoconfiança; desejam ainda ser líderes, atingir posições de poder e
estatuto elevados e não se sentem confortáveis nos papeis secundários.

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O conflito subjacente a este perfil deve-se ao facto da segunda elevação patológica ocorrer
numa escala que é directamente oposta ao Narcisismo. Assim, a escala Dependente, é típica
de indivíduos que são seguidores e não líderes, pouco seguros das suas próprias capacidades.
A coexistência destas tendências antagónicas gera um conflito intrapsíquico muito intenso. Isto
leva a que, estes sujeitos, se comportem ora de forma submissa e de compromisso, ora de
forma muito assertiva e dominante.
Perfil 540 - Narcisista Histriónico
A pontuação elevada, em ambas as escalas, caracteriza aqueles indivíduos que se têm em
elevada conta, sentindo-se especiais e superiores aos outros. Exibem também uma certa
tendência para exagerarem as suas competências e atributos positivos e para depreciarem
aqueles que contrariam a imagem grandiosa que têm de si próprios. O seu narcisismo
manifesta-se, provavelmente, numa aparência de convicção e autoconfiança, que levadas ao
máximo os tornam arrogantes e presunçosos.
Este sentimento de superioridade tem, com frequência, raízes na auto imagem que estes
sujeitos acalentam. São sujeitos que valorizam as aparências: uma boa pessoa é alguém que
parece inteligente, extrovertida, competente, sofisticada, etc. Sob esta superfície, contudo
existe uma necessidade de chamar a atenção, de ser aceite, apreciado e gostado pelos outros.
São indivíduos que causam primeiras impressões muito marcantes, porque expressam os
seus pensamentos facilmente, são dramáticos, emocionais e carismáticos.
Podem também revelar-se caprichosos e pouco tolerantes à frustração, aborrecendo-se
facilmente. Por causa dos referidos factores, estes pacientes sentem-se confortáveis quando
são admirados e respeitados, ou seja, sempre que são o centro das atenções.
Perfil 546 - Narcisista Histriónico Antisocial
Perfaz um estilo de personalidade que se caracteriza por uma abundância de autoconfiança e
elementos dramáticos e competitivos. São indivíduos que se têm em elevada conta, sentindo-
se especiais e superiores aos outros; exibem também uma certa tendência para exagerarem
as suas competências, feitos passados e atributos positivos e para depreciarem aqueles que
contrariam a imagem grandiosa que têm de si próprios. O seu narcisismo manifesta-se,
provavelmente, numa aparência de convicção e autoconfiança que, levadas ao máximo, os
tornam arrogantes e presunçosos.
Estes sujeitos, prestam muita atenção à sua própria imagem quando se relacionam com os
outros. São sujeitos que valorizam as aparências: uma boa pessoa é alguém que parece
inteligente, extrovertida, competente, sofisticada, etc. Sob esta superfície, contudo existe uma
necessidade de chamar a atenção, de ser aceite, apreciado e gostado pelos outros. São
indivíduos que causam primeiras impressões muito marcantes, porque expressam os seus
pensamentos facilmente, são dramáticos, emocionais e carismáticos. Podem, também,
revelar-se caprichosos e pouco tolerantes à frustração, aborrecendo-se facilmente e saltando
de ocupação em ocupação.
Outro elemento, do seu complexo de superioridade, leva-os a considerarem o ambiente como
um local competitivo; sentem que têm de se defender se querem funcionar eficazmente. Por

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conseguinte, são sujeitos algo desconfiados e suspeitosos, que se consideram a si próprios
como: assertivos, energéticos, independentes, fortes e realistas. Sentem que têm de ser duros
para sobreviverem num mundo duro; pelo que para eles a compaixão e o carinho são emoções
de pessoas fracas, que os poderiam colocar numa posição de inferioridade. A tendência
competitiva ajusta-se bem ao complexo de superioridade, sempre que estes sujeitos estão em
posição de vencedores.

Perfil 548 - Narcisista Histriónico Negativista


Caracteriza aqueles indivíduos que se têm em elevada conta, sentindo-se especiais e
superiores aos outros, revelando uma certa tendência para exagerarem as suas competências
e atributos positivos e para depreciarem aqueles que contrariam a imagem grandiosa que têm
de si próprios.
Simultaneamente, desejam parecer inteligentes, extrovertidos, encantadores e sofisticados,
tornando-se conspícuos para conseguirem cativar a atenção, o apreço e o afecto dos outros.
Causam boas primeiras impressões, porque expressam facilmente os seus sentimentos, têm
um ar dramático e chamam naturalmente a atenção dos outros; são sujeitos interessantes,
com bom sentido de humor, sentidos como simpáticos e prestáveis nos relacionamentos
interpessoais. Procurando activamente o reconhecimento, podem comportar-se de forma
divertida, ou sedutora. A sua preocupação com recompensas e aclamação exterior pode deixá-
los com um sentimento de identidade pouco definido, quando sozinhos.
Teoricamente, este tipo de personalidade, pode surgir quando as figuras parentais sobre-
estimularam as capacidades e qualidades dos filhos. Os pais também podem ter reforçado a
área da imagem pessoal que o sujeito considera importante; muitos destes sujeitos foram
apaparicados e mimados durante a infância, tendo recebido muita atenção e tolerância em
casa.
Estes pacientes, têm contudo um conflito básico: por um lado consideram-se carismáticos,
mais capazes e, em geral, superiores aos outros; por outro são dependentes de constante
atenção, afecto e aprovação por parte destes. Nalguns indivíduos, este conflito vem ao de cima
num comportamento hipersensível, ou negativista, i.e., podem ser cooperativos mas de forma
ressentida, ou derrotista. Noutros, o conflito expressa-se através de mudanças de humor:
umas vezes podem ser submissos e coniventes, outras podem mostrar-se ressentidos e
irascíveis, outras ainda revelam-se retraídos, arrependidos e excessivamente cooperantes.
Perfil 564 - Narcisista Antisocial Histriónico
Perfaz um estilo de personalidade em que abundam traços confiantes, competitivos e
dramáticos. São indivíduos que se têm em elevada conta, sentindo-se especiais e superiores
aos outros; exibem também uma certa tendência para exagerarem as suas competências,
feitos passados e atributos positivos e para depreciarem aqueles que contrariam a imagem
grandiosa que têm de si próprios. O seu narcisismo manifesta-se, provavelmente, numa
aparência de convicção e autoconfiança que, levadas ao máximo, os tornam arrogantes e
presunçosos.

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Em parte, os sentimentos de superioridade, derivam da tendência de considerarem o ambiente
como um local competitivo; sentem, então, que têm de se defender se querem funcionar
eficazmente. Por conseguinte, são sujeitos algo desconfiados e suspeitosos, que se
consideram a si próprios como: assertivos, enérgicos, independentes, fortes e realistas.
Sentem que têm de ser duros para sobreviverem num mundo duro; pelo que a compaixão e o
carinho são emoções de pessoas fracas, que os poderiam colocar numa posição de
inferioridade. A tendência competitiva ajusta-se bem ao complexo de superioridade, sempre
que estes sujeitos estão em posição de vencedores.
Simultaneamente, observou-se que estes sujeitos, prestam muita atenção às suas próprias
imagens, quando se relacionam com os outros. São sujeitos que valorizam as aparências: uma
boa pessoa é alguém que parece inteligente, extrovertida, competente, sofisticada, etc. Sob
esta superfície, contudo existe uma necessidade de chamar a atenção, de ser aceite,
apreciado e gostado pelos outros. São indivíduos que causam primeiras impressões muito
marcantes, porque expressam os seus pensamentos facilmente, são dramáticos, emocionais
e cativantes. Podem também revelar-se caprichosos e pouco tolerantes à frustração.
Perfil 580 - Narcisista Negativista
Indivíduos com pontuações elevadas, nas referidas escalas, têm personalidades confiantes e
explosivas. Podem sentir que são especiais e superiores às outras pessoas, com tendência
para exagerarem as suas habilidades e atributos positivos, construírem racionalizações que
enalteçam o seu valor próprio e para diminuírem aqueles que depreciam a imagem grandiosa
que têm de si próprios.
Estes pacientes querem parecer inteligentes, extrovertidos, encantadores, sofisticados e têm
necessidade de serem conspícuos, assim atraindo a atenção e o afectos dos outros. Em regra,
causam boas primeiras impressões porque são prestáveis e simpáticos nas relações
interpessoais, contudo como não aceitam críticas e projectam todos os sentimentos de
inadequação que tenham, atribuem sempre os próprios erros à irresponsabilidade e
incompetência de terceiros.
Nestes pacientes, um desejo de superioridade face aos outros surge, a par, de uma baixa auto-
estima, dando origem a um conflito intrapsíquico, mais ou menos aceso. Por um lado, desejam
afirmar a sua supremacia face aos outros, por outro sentem-se inseguros e penosamente
conscientes das suas próprias limitações. Em alguns indivíduos, este conflito manifesta-se em
hipersensibilidade e negativismo, i.e., o sujeito pode ser cooperante mas de forma ressentida
e contrariada; noutros, o conflito transparece em alterações do humor, ou seja, o sujeito pode
portar-se ora de forma submissa e cúmplice, ora ressentida e zangada, ora retraída,
arrependida e excessivamente humilde.

Escala 6A - Antisocial
A orientação activa/independente aproxima-se do temperamento e comportamentos
socialmente inaceitáveis que correspondem ao transtorno de personalidade Antisocial, como
descrito no DSM-III-R. Estes indivíduos actuam de forma a induzirem dor, depreciando os

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outros, mediante comportamentos ilegais que visam manipular os resultados a seu próprio
favor. A tendência para o engrandecimento pessoal, reflecte o cepticismo que sentem a
respeito das motivações dos outros, assim como um desejo de autonomia, de recompensa e
de vingança, uma vez que acreditam que foram maltratados no passado. São indivíduos
irresponsáveis e impulsivos, qualidades que julgam necessárias, uma vez que partem do
princípio que os outros são desleais e hipócritas; deste modo a insensibilidade e a crueldade
prefiguram-se como a única forma de evitar abusos e enganos.
Escala 6B - Agressivo/Sádico
A orientação activa/discordante estende os limites do DSM-III-R, numa nova e importante
direcção, abrangendo aqueles indivíduos que, não sendo publicamente julgados como
antisociais, manifestam acções que remetem para a obtenção de prazer e satisfação pessoais
em comportamentos que humilham os outros e violam os seus direitos e sentimentos.
Consoante a classe social e outros factores mediadores, podem exibir os sintomas clínicos
daquilo que, na literatura, surge como carácter sádico ou, por outro lado, exibirem um estilo
caracterial que se aproxima do esforço competitivo da personalidade dita do Tipo A. Aquilo a
que Millon chama de personalidades agressivas, perfila indivíduos hostis, facilmente
susceptíveis, aparentando indiferença, ou mesmo agrado, pelas consequências destrutivas
dos seus comportamentos contenciosos, abusivos e brutais. Mesmo que, muitos destes
indivíduos, recubram as suas tendências mais dominadoras com papeis e profissões
socialmente aceites, revelam sempre algumas condutas dominantes, antagónicas e, com
frequência, persecutórias.
Perfil 600 - Antisocial
O traço predominante, destes indivíduos, sendo a competitividade, leva-os a considerar o
mundo um local hostil, onde apenas o mais forte e atento pode sobreviver. Por conseguinte,
indivíduos, com este perfil, são algo desconfiados em relação aos outros. Simultaneamente,
consideram-se assertivos, enérgicos, independentes, fortes e realistas, qualidades que julgam
fundamentais para vencer na vida. Deste modo, justificam a sua assertividade, como forma de
evitarem ser explorados e o desprezo que sentem pelos sujeitos mais fracos, sob o mote: ‘os
bons rapazes ficam em último lugar’.
Este tipo de personalidade é típico de sujeitos impulsivos, considerados agressivos e
intimidantes pelos outros; por vezes revelam-se frios, insensíveis e impermeáveis aos
sentimentos alheios, outras podem exibir comportamentos de antagonismo, provocação e
oposição deliberadas, outras podem mesmo ser ofensivos, cruéis e maldosos. Quando as
coisas lhes correm de feição podem adoptar uma atitude agradável, optimista e simpática,
ainda que, no seu estado habitual, sejam defensivos, reservados e competitivos e quando
contrariados, podem responder impulsivamente, de forma irada e vingativa.
Perfil 612 - Antisocial Esquizóide Evitante
Com predomínio de traços competitivos, introvertidos e evitantes, são sujeitos que consideram
o seu ambiente como um torneio, em que todos são adversários; pelo que a única forma de
sobreviver, nesse mundo hostil, é estar sempre à defesa, desconfiando dos outros e não se

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compadecendo com os mais fracos. Trata-se de pessoas auto-suficientes, que não dependem
de terceiros para atingirem os seus objectivos e que se vêm, a si próprios, como assertivos,
enérgicos, independentes, fortes e realistas.
Os outros tendem a considerá-los algo frios, insensíveis e indiferentes, mas também irritáveis
e conflituosos. Quando as coisas lhes correm de feição podem adoptar uma atitude agradável,
optimista e simpática, ainda que, no seu estado habitual, sejam defensivos, reservados e
competitivos; no entanto quando contrariados, podem responder mesmo impulsivamente, de
forma irada, ou vingativa.
Simultaneamente, estes sujeitos mantêm um certo distanciamento emocional dos outros,
mostrando pouco interesse nos relacionamentos interpessoais e pouca compreensão das
subtilezas que caracterizam as emoções humanas, o que pode resultar em apatia. Para além
de temerem ser rejeitados, sentem necessidade de se protegerem desse mundo competitivo,
o que conduz ao evitamento das situações sociais, por serem desconfortáveis e geradoras de
ansiedade. Assim, estes indivíduos limitam o número de relacionamentos e mantém-nos
superficiais.
Perfil 650 - Antisocial Narcisista
Pontuações elevadas, nas referidas escalas, caracterizam um perfil de personalidade com
traços competitivos e confiantes, típico de sujeitos que consideram o mundo um local hostil,
onde apenas o mais forte e atento pode sobreviver. Por conseguinte, indivíduos com este perfil
são algo desconfiados em relação aos outros. Simultaneamente, consideram-se assertivos,
enérgicos, independentes, fortes e realistas, qualidades que julgam fundamentais para vencer
na vida. Deste modo, justificam a sua assertividade, como forma de evitarem ser explorados
por outros e o facto de desprezarem sujeitos mais fracos, sob o mote: ‘os bons rapazes ficam
em último lugar’.
Outra característica deste perfil de personalidade é a inflação da auto-imagem. São sujeitos
que, provavelmente, se consideram mais capazes, mais interessantes, ou mais dignos que os
outros; crenças estas que são exteriorizadas numa postura de convicção, autoconfiança,
independência e mesmo de presunção e arrogância.
Os outros podem considerar estas pessoas algo agressivas e intimidantes, uma vez que a sua
assertividade se afigura como frieza e insensibilidade aos sentimentos alheios. Estes
indivíduos tendem a ser conflituosos e polémicos e mesmo abusivos, cruéis e maldosos.
Quando as coisas lhes correm de feição podem adoptar uma atitude agradável, optimista e
simpática, ainda que, no seu estado habitual, sejam defensivos, reservados e competitivos. No
entanto, quando contrariados, podem responder mesmo impulsivamente, de forma irada, ou
vingativa.
Perfil 653 - Antisocial Narcisista Dependente
Remete para um estilo de personalidade em que abundam elementos competitivos, confiantes
e cooperativos. A sobreposição destas três tendências é pouco frequente e potencialmente
problemática. A elevação da escala Antisocial é característica daqueles sujeitos que vêm o
mundo como um local competitivo, onde todos são rivais. Por conseguinte, indivíduos com

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este perfil são algo desconfiados em relação aos outros. Simultaneamente, consideram-se
assertivos, energéticos, independentes, fortes e realistas, qualidades que julgam fundamentais
para vencer na vida. Deste modo, justificam a sua assertividade, como forma de evitarem ser
explorados, e o facto de desprezarem sujeitos mais fracos, sob o mote: ‘os bons rapazes ficam
em último lugar’.
Outra característica deste perfil de personalidade é a inflação da auto-imagem. São sujeitos
que provavelmente se consideram mais capazes, mais interessantes, ou mais dignos, que os
demais. Gostam de ser notados e admirados e desejariam ser líderes, numa posição de poder
e estatuto. Assim, a sua falta de interesse em se guiarem por padrões alheios é exteriorizada
como convicção, autoconfiança e independência que, levados a um extremo, podem confundir-
se com presunção e arrogância.
Os outros podem considerar estas pessoas algo agressivas e intimidantes, uma vez que a sua
assertividade se afigura como frieza e insensibilidade aos sentimentos alheios. Quando as
coisas lhes correm de feição podem adoptar uma atitude agradável, optimista e simpática,
ainda que, no seu estado habitual, sejam defensivos, reservados e competitivos: No entanto,
quando contrariados, podem responder mesmo impulsivamente, de forma irada, ou vingativa.
O complexo de superioridade parece coadunar-se com os traços mais competitivos,
proporcionando a autoconfiança necessária a um comportamento assertivo. O problema, com
este perfil, é que a terceira elevação ocorre numa escala que é praticamente o oposto das
duas primeiras. A escala Dependente caracteriza pessoas que são seguidores e não líderes e
que se sentem pouco seguras das suas capacidades, preferindo confiar em alguém que tome
conta delas. Uma forma possível, de resolver este conflito, pode passar por uma capa de
autoconfiança e determinação que mascare os sentimentos de inadequação destes sujeitos.
Perfil 658 - Antisocial Narcisista Negativista
Este perfil caracteriza um estilo de personalidade competitivo, com traços de autoconfiança e
negativismo. A elevação da escala Antisocial é característica daqueles sujeitos que vêm o
mundo como um local competitivo, onde todos são rivais. Por conseguinte, indivíduos com
este perfil são algo desconfiados em relação aos outros. Simultaneamente, consideram-se
assertivos, enérgicos, independentes, fortes e realistas, qualidades que julgam fundamentais
para vencer na vida. Deste modo, justificam a sua assertividade, como forma de evitar serem
explorados, e o facto de desprezarem sujeitos mais fracos, pouco se importando com aquilo
que os outros pensam deles, desde que consigam triunfar.
Apesar de qualquer vitória ser conseguida às custas da derrota de alguém, estes pacientes
não se deixam afectar por sentimentos humanitários, ou pela culpa. De facto, parecem sentir
esse tipo de preocupações como uma forma de fraqueza, ou uma desvantagem, e não como
algo admirável. Estes pacientes querem que os outros os vejam como duros, invulneráveis,
argutos e capazes de tomar conta deles próprios.
Uma outra característica, deste padrão de personalidade, é a inflação da auto-imagem. São
sujeitos que, provavelmente, se consideram mais capazes, mais interessantes, ou mais dignos
que os demais. Esta forma de pensar é, muitas vezes, exteriorizada com convicção,

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autoconfiança e independência que, levadas a um extremo, podem confundir-se com
presunção e arrogância.
Para os outros, estas pessoas parecem algo agressivas e intimidantes, uma vez que a sua
assertividade se afigura como frieza e insensibilidade aos sentimentos alheios. Quando as
coisas lhes correm de feição podem adoptar uma atitude agradável, optimista e simpática,
ainda que no seu estado habitual sejam defensivos, reservados e competitivos; no entanto,
quando contrariados, podem responder mesmo impulsivamente, de forma irada, ou vingativa.
De facto, as elevações nas referidas escalas remetem para a possibilidade de existirem
conflitos interpessoais. Por vezes, estes indivíduos desejariam manter relacionamentos mais
próximos e afectuosos, podendo arrepender-se de terem maltratado os outros, no auge das
suas irrupções antisociais. O conflito intrapsíquico é, geralmente, projectado negativamente
sob a forma de ressentimento, ou raiva; alguns indivíduos, contudo, em vez de expressarem
livremente este ressentimento adoptam comportamentos obstrucionistas e negativistas
velados.
A predominância do traço antisocial, neste perfil de personalidade, deixa estes indivíduos bem
à vontade nas profissões genericamente reconhecidas enquanto competitivas como alta
finança, comércio, desportos agressivos, etc. Já em situações que requerem lealdade e
espírito de equipa estas pessoas experimentarão consideráveis dificuldades.
Perfil 670 - Antisocial Compulsiva
A elevação nas referidas escalas sugere um perfil de personalidade em que predominam
traços competitivos e disciplinados, em sujeitos que consideram a vida como uma espécie de
torneio. Assim, todas as pessoas são vistas a competir pelas mesmos recursos, que existem
em quantidades limitadas. Para superarem esta situação, estes indivíduos, sentem que têm
que jogar à defesa, o que os torna algo desconfiados e suspeitosos dos outros. São sujeitos
que se consideram a si próprios como: assertivos, enérgicos, independentes, fortes e realistas,
portando-se de forma dura para sobreviverem no mundo; têm também tendência para
desprezar os mais fracos (de quem não reza a história); e o seu comportamento habitual é
defensivo e reservado.
Simultaneamente, estes sujeitos consideram que o mais importante na vida é evitar cometer
qualquer tipo de erro. Esta convicção molda sujeitos ordeiros, conscienciosos, que planeiam e
antecipam o futuro, eficientes, dignos de confiança, industriosos e persistentes. São indivíduos
que acreditam na disciplina e exercem um forte autocontrole, em particular, no que diz respeito
às suas próprias emoções. Esta característica torna-os pessoas formais, convencionais,
fechadas e pouco espontâneas com os outros. São vistos como seres perfeccionistas,
distantes, ocasionalmente inflexíveis e indecisos, antes de estudarem todas as alternativas
possíveis. Por outras palavras, a estratégia que elegeram para ganharem a competição é
adoptando uma postura cuidadosa, deliberada, digna de confiança e trabalhadora.
Perfil 640 - Antisocial Negativista
Este perfil de personalidade indica um predomínio de traços competitivos, coexistindo com
elementos negativistas, observado em sujeitos que consideram a vida como uma espécie de

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torneio. Assim, todas as pessoas são vistas a competir pelas mesmos recursos, que existem
em quantidades limitadas, o que os torna algo desconfiados e suspeitosos dos outros. Sentem
que têm de ser fortes e auto-suficientes, uma vez que pedir auxílio ou apoio a terceiros apenas
diminuirá a sua hipótese de triunfar sobre os adversários. Querem que os outros os considerem
como duros, invulneráveis, perspicazes e capazes de protegerem os seus próprios interesses,
sem se deixarem atrapalhar por sentimentalismo, ou culpa.
Apesar deste perfil, são sujeitos que podem experimentar alguns conflitos, na esfera dos seus
relacionamentos interpessoais: umas vezes, desejando um envolvimento mais próximo e
profundo, rejeitando a sua atitude competitiva, mais usual. Este conflito é, frequentemente,
expresso através de ressentimento, negativismo e raiva; outros indivíduos, em vez de
exteriorizarem o ressentimento abertamente, podem valer-se de uma estratégia obstrucionista,
ou passivo - agressiva.
A predominância do traço antisocial, neste perfil de personalidade, deixa estes indivíduos bem
à vontade nas profissões genericamente reconhecidas, enquanto competitivas como finanças,
comércio, desportos de competição, etc. Por outro lado, o relacionamento superficial que
estabelecem com os outros e a atitude agressiva, podem ter um efeito negativo nas situações
que requerem lealdade e cooperação.
Perfil 700 - Compulsivo
Esta estrutura de personalidade tem um predomínio de elementos disciplinados. São
indivíduos que acreditam que todos devem esforçar-se, para não cometerem erros. São
sujeitos organizados, que planeiam o futuro, conscienciosos, precisos e pontuais, eficientes,
dignos de confiança, industriosos e persistentes. Perante figuras de autoridade, comportam-
se de forma respeitadora e elogiosa, contudo perante subordinados, podem tornar-se
excessivamente perfeccionistas e exigentes.
Estes indivíduos acreditam na disciplina e praticam o autocontrole, sobretudo sobre as suas
emoções, o que os deixa algo formais e convencionais no trato, fechados e pouco
espontâneos. Os outros vêm-nos como perfeccionistas, distantes, inflexíveis e indecisos, antes
de estudarem todas as possibilidades envolvidas numa escolha. São, contudo, pessoas
cautelosas, deliberadas, justas, honestas, dignas de confiança e trabalhadoras.
Este estilo de personalidade dificulta a adaptação, dos pacientes, a situações muito
imprevisíveis, em que as regras não conduzem ao resultado mais desejado. Por outro lado, os
sujeitos mais disciplinados tendem a ter sucesso naquelas situações que apelam ao seu lado
mais preciso e meticuloso.
A elevação na Escala da Compulsão, também pode ser atingida por sujeitos que, não sendo
organizados e rigorosos, estão interessados em passar uma boa imagem de si próprios, ou
são psicologicamente defensivos. Isto porque, os referidos sujeitos, não aceitam qualquer
falha pessoal e respondem ao teste de forma perfeccionista. Se for este o caso do paciente
então, na descrição anteriormente efectuada, deve enfatizar-se a posição defensiva, em
detrimento do carácter meticuloso, organizado, ou precavido.

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Perfil 720 - Compulsivo Evitante
As pessoas, com este perfil de personalidade, revelam tendências disciplinadas e evitantes,
que têm no não cometer erros uma importante força motivacional. Este traço pode surgir como
formação de compromisso, em que os sujeitos desenvolvem uma forma perfeccionista e justa
de pensar para se convencerem, a si próprios, que não são imperfeitos, incapazes, ou sem
valor. Esta postura pode emergir naqueles sujeitos que foram muito castigados, sempre que
cometiam um erro, nunca sendo encorajados para correrem riscos.
Por conseguinte, são sujeitos organizados, que planeiam o futuro. Perante as figuras de
autoridade, comportam-se de forma excessivamente respeitadora, elogiosa e dependente;
contudo, perante subordinados, podem tornar-se algo arrogantes, perfeccionistas, ou
desdenhosos. Estes indivíduos, acreditam na disciplina e praticam o autocontrole, sobretudo
sobre as suas emoções.
Simultaneamente, existem indicações que, estes pacientes, desejariam relacionar-se mais
com os outros, assim conquistando o seu afecto e apreço. Contudo, as pessoas, representam
para eles um problema, porque podem ser muito emotivas e imprevisíveis, o que os deixa
pouco confortáveis. Deste modo, os relacionamentos interpessoais, constituem um risco que
os deixa particularmente vulneráveis e os leva a relacionarem-se de forma superficial e fria, ou
a evitarem mesmo qualquer contacto.
Estes indivíduos manifestam, também, uma certa tendência para serem muito convencionais
e formais. São, no geral, pessoas cautelosas, deliberadas, justas, honestas, dignas de
confiança e trabalhadoras, que os outros podem considerar perfeccionistas, rígidas, picuinhas
e indecisas.
Perfil 736 - Compulsivo Dependente Antisocial
Caracterizado por uma abundância de elementos disciplinados, cooperativos e competitivos,
em indivíduos que se sentem inadequados e têm baixa auto-estima. Superficialmente, podem
ser simpáticos, agradáveis, assim procurando o apoio dos outros; contudo, têm as suas
próprias ideias sobre a realidade e embora, por vezes, se acomodem aos desejos alheios,
dificilmente apoiarão ideias que não as suas.
São pacientes que consideram o mundo um local competitivo, onde cada um procura satisfazer
as suas próprias necessidades, o que os deixa algo desconfiados nos seus relacionamentos
com os outros. Provavelmente, estes sujeitos, não partilham todos os seus sentimentos,
suspeitando que os outros podem usá-los. A par dos sentimentos de inadequação, a visão
competitiva do mundo, reforça os traços compulsivos, pelo que, estes sujeitos, sentem que
devem evitar cometer erros, para que os outros não ganhem vantagem sobre eles.
Estes pacientes, perfilam-se como rígidos, inseguros, distantes e desconfiados; contudo,
sujeitos bem adaptados com este perfil de personalidade podem usar estas tendências em seu
benefício. Assim, a natureza disciplinada pode torná-los conscienciosos e trabalhadores, com
perspicácia para o detalhe e capacidade para seguir regras. O traço dependente pode, então,
traduzir-se numa certa dose de simpatia e motivação, alimentadas pelo desejo de serem
gostados e apreciados. Por fim, a sua competitividade torna-os pessoas realistas,

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suficientemente maduras para compreenderem que nada é de graça neste mundo e que é
importante ponderar os riscos e as alternativas antes de agir.
Perfil 738 - Compulsivo Dependente Negativista
Nesta estrutura de personalidade sobressaem os elementos disciplinados, dependentes e
negativistas, presentes em pessoas que acreditam que devem trabalhar duramente, para não
cometerem erros. São sujeitos organizados, que planeiam o futuro, conscienciosos, pontuais,
eficientes, de confiança, industriosos e persistentes.
Apesar das suas tendências perfeccionistas, eles temem não ser muito capazes, ou dotados,
não confiando completamente nos seu próprios recursos para atingirem os objectivos.
Consequentemente, desejariam que alguém cuidasse deles e assegurasse as suas
necessidades, mas ressentem-se de qualquer controlo que os outros possam exercer, como
preço pelo apoio emocional. Este ressentimento inviabiliza a hipótese de se tornarem
dependentes de um benfeitor.
O conflito de querem apoio mas resistirem ao controlo e à dependência também leva, estes
pacientes, a mudarem de sentimentos, sem uma razão aparente. Por vezes, podem ser muito
simpáticos e cativantes, tornando-se então zangados e ressentidos, apenas para se sentirem
culpados e arrependidos; completando-se o ciclo quando, de novo, se mostram amigáveis e
cooperantes. Por outras palavras, estes sujeitos defendem-se das suas inseguranças,
projectando a culpa ora sobre si próprios, ora sobre os outros.
O mesmo conflito básico poder dar origem a um estilo defensivo diferente que, tem por base,
mecanismos passivo - agressivos: neste caso, os sujeitos tentam controlar o seu
ressentimento, através de manobras obstrucionistas, que lhes permitem escoar a raiva de
forma dissimulada, sem comprometerem flagrantemente a relação de dependência.
O elemento compulsivo, deste estilo de personalidade, pode dificultar a adaptação, destes
pacientes, a situações muito imprevisíveis, em que as regras não conduzem ao resultado
esperado. Por outro lado, os sujeitos mais disciplinados terão sucesso naquelas situações que
apelam ao seu lado mais preciso e meticuloso.
Perfil 740 - Compulsivo Histriónico
A elevação das referidas escalas remete para um perfil de personalidade onde predominam
elementos disciplinados e dramáticos, que facilmente entram em conflito. As pessoas
dramáticas, por exemplo, são normalmente muito emotivas, intensas nos seus envolvimentos
afectivos, e impulsivas; já os sujeitos disciplinados, exercem um autocontrole repressivo sobre
as suas emoções, relacionam-se de forma algo distante e planeiam cuidadosamente o seu
comportamento. Como a integração destas tendências dificilmente se revela pacífica, os
indivíduos com este perfil, revelam-se de humores instáveis e emocionalmente lábeis, umas
vezes mais interessados e intensos, outras, receando as consequências desse
comportamento, muito rígidos e controlados.
Há indicações que estes indivíduos valorizam as aparências, portando-se de forma correcta e
digna de confiança e evitando cometer qualquer erro que os comprometa. São sujeito que dão
muita importância ao vestir-se bem e ao manter uma casa agradavelmente decorada e

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arrumada. Tentam, acima de tudo, parecer conscenciosos, eficientes, confiáveis, industriosos
e persistentes.
Apesar de tudo, existe uma faceta, nestes indivíduos, que não é nem conscenciosa, nem de
confiança, e que, frequentemente, irrompe ao autocontrole exercido. Esse outro lado, procura
a estimulação, a excitação e a atenção dos outros, e tem uma natureza emocional e cheia de
matizes. Então, por vezes, estes pacientes tornam-se conspícuos e procuram activamente
aprovação e afecto, estão muito reactivos ao seu ambiente e envolvem-se profundamente,
ainda que por pouco tempo.
São sujeitos que causam boas primeiras impressões e a sua capacidade de reacção perante
situações imprevisíveis, a sua atenção, interesse e a sua procura de aprovação, coloca-os no
centro das atenções em festas e reuniões similares. Contudo, podem experimentar alguma
dificuldade em gerir a necessidade de controlar as suas próprias emoções e a necessidade de
atrair a atenção, estimulação e afectos.
Perfil 750 - Compulsivo Narcisista
O padrão de pontuações obtido nestas escalas remete para a predominância de traços de
personalidade disciplinados e confiantes. Os aspectos compulsivos sugerem uma
sobrevalorização do perfeccionismo e o desejo de manter controlo sobre o ambiente. As
pessoas com a elevação destas escalas são algo defensivas, dificilmente admitindo os seus
erros, ou fracassos, muitas vezes parecendo também excessivamente inflexíveis, formais, ou
convencionais e relacionando-se com os outros de maneira algo distanciada.
Juntamente com os elementos compulsivos, estes indivíduos, também mostram uma certa
tendência para se sentirem mais especiais, capazes, ou válidos que os demais. São sujeitos
independentes, que se regem pelas suas próprias opiniões e julgamentos e não por terceiros,
exibindo um ar de autoconfiança e revelando extrema dificuldade em aceitar aquilo que os
outros pensam e em acatar as suas indicações. Isto torna-os propensos aos conflitos
interpessoais.

Escala 8A - Passiva/Agressiva
A orientação activa/ambivalente, destes sujeitos, aproxima-se da perturbação de
personalidade passiva/agressiva descrita pelo DSM-III-R, compreendendo, no entanto, um
número ainda mais abrangente de características. São indivíduos que hesitam entre seguir os
reforços proporcionados por terceiros e a motivação gerada internamente. Esta indecisão
representa uma incapacidade de resolver um conflito semelhante ao passivo/ambivalente dos
sujeitos compulsivos; no entanto, os conflitos da personalidade activa/ambivalente
permanecem próximos da consciência e invadem a vida quotidiana. Estes pacientes
envolvem-se em discussões e rixas intermináveis, uma vez que oscilam entre a deferência e
obediência, e o desafio e negativismo agressivo. O seu comportamento manifesta um padrão
errático de obstinação, ou aborrecimento explosivo, intercalado por períodos de culpabilidade
e vingança.
Escala 8B - Autodestrutiva (Masoquista)

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A orientação passiva/discordante corresponde à perturbação de personalidade autodestrutiva,
ou masoquista, descrita pelo DSM-III-R. São pacientes que se relacionam com os outros de
forma despojada e auto-sacrificada, ao ponto de permitirem, ou mesmo fomentarem, que os
outros os explorem ou deles se aproveitem. Muitos destes sujeitos sentem que, de facto,
merecem ser envergonhados e humilhados. De modo a integrar a dor e a angústia, emoções
que experimentam como reconfortantes, recordam de forma activa e incessante os seus
percalços passados, transformando mesmo os resultados mais positivos em consequências
dramáticas. Agem de forma modesta e tentam passar despercebidos, frequentemente
exagerando os seus defeitos e situando-se num plano inferior ou numa posição deplorável.
Perfil 800 - Negativista
Remete para um perfil de personalidade conflituoso, pela coexistência de duas concepções da
realidade que são de difícil integração: por um lado, estes indivíduos, acreditam que têm de
depender dos outros, porque não podem passar sem o seu apoio; por outro, sentem que não
podem depender dos outros, ou porque acham que estes não estão suficientemente
interessados para serem de confiança, ou porque consideram que, depender de outros, não é
socialmente aceitável, arruinando a sua imagem, ou ainda porque os outros aproveitar-se-iam
deles se não estiverem continuamente à defesa.
Estas concepções antagónicas, conduzem à adopção de um, de dois comportamentos
possíveis. No estilo negativista, o conflito é resolvido com uma aparência superficial de
concordância sem, contudo, apoiar efectivamente os esforços de terceiros. Já o estilo
explosivo, em que os sujeitos ora agradecem a sua sorte por receberem da vida mais do que
mereciam, ora se sentem enganados e abusados, caracteriza-se por mudanças bruscas de
comportamento: umas vezes, comportam-se de forma simpática e agradável, noutras irritada,
agressiva ou hostil, noutras ainda, podem sentir-se culpados e mostrar-se avidamente
cooperantes e arrependidos. Umas vezes, podem ser optimistas, enérgicos e produtivos,
noutras pessimistas e pouco motivados.
Estas pessoas podem ser muito flexíveis e mutáveis, sensíveis e reactivas ao seu ambiente,
mas também se revelam de humores instáveis e imprevisíveis. A projecção é um mecanismo
de defesa muito frequente, embora a sua direcção (sobre o próprio, ou sobre os outros) tenda
a variar. Em última instância, apresentam-se como pessoas revoltadas, conflituosas e
ressentidas, de difícil convivência e problemáticas.
Perfil 812 - Negativista Esquizóide Evitante
Os pacientes que obtêm este perfil têm um estilo de personalidade negativista, com elementos
introvertidos e evitantes, que deriva da difícil integração de duas concepções sobre a realidade
que são, basicamente, antagónicas: por um lado, estes indivíduos, acreditam que têm de
depender dos outros porque não podem passar sem o seu apoio; por outro, sentem que não
podem depender dos outros porque acham que estes não estão suficientemente interessados
para serem de confiança, porque consideram que depender de outros não é socialmente
aceitável, arruinando a sua imagem, ou ainda porque, os outros, aproveitar-se-iam deles se
não estiverem continuamente à defesa.

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Estas concepções antagónicas conduzem a um, de dois padrões de comportamentos
possíveis. No estilo negativista, o conflito é resolvido com uma aparência superficial de
concordância, sem contudo, apoiar efectivamente os esforços de terceiros. Já o estilo
explosivo (em que os sujeitos ora agradecem a sua sorte por receberem da vida mais do que
mereciam, ora se sentem enganados e abusados) caracteriza-se por mudanças bruscas de
comportamento: umas vezes comportam-se de forma simpática e agradável, noutras irritada,
agressiva ou hostil, noutras ainda, podem sentir-se culpados e mostrar-se avidamente
cooperantes e arrependidos. Umas vezes, podem ser optimistas, enérgicos e produtivos,
noutras pessimistas e pouco motivados.
Estas pessoas, podem ser muito flexíveis e mutáveis, sensíveis e reactivas ao seu ambiente,
mas também se revelam de humores instáveis e imprevisíveis. A projecção é um mecanismo
de defesa muito frequente, embora a sua direcção (sobre o próprio, ou sobre os outros) tenda
a variar. Em última instância apresentam-se como pessoas revoltadas, conflituosas e
ressentidas, de difícil convivência e problemáticas.
Simultaneamente, estas pessoas mantêm algum distanciamento emocional dos outros, não
mostrando muito interesse nas relações interpessoais, pouco compreensivos que são das
subtilezas emocionais, envolvidas nas interacções humanas. Isto pode levar a uma certa
apatia que, juntamente, com o medo da rejeição, tornam o contacto social pouco confortável e
tenso; o que, por sua vez, pode conduzir ao evitamento. Assim, o número de relacionamentos
é reduzido e mantêm-se preferencialmente a um nível superficial, assemelhando-se mais a
uma sociedade do que a uma verdadeira amizade.
Perfil 820 - Negativista Evitante
Remete para um estilo de personalidade em que predominam as tendências conflituosas e de
evitamento, característico de indivíduos com baixa auto-estima, que se consideram
inadequados, pouco interessantes e inválidos. A projecção é um mecanismo, frequentemente
empregue; uma vez que, estes indivíduos, revelam uma certa tendência para culparem
alguém, para além deles próprios, quando qualquer coisa corre mal. Na sua visão pessimista
do mundo, os outros afiguram-se como seres frios e rejeitantes. Por conseguinte, apesar da
sua auto - imagem empobrecida, não são propensos a colocarem terceiros num pedestal,
sempre muito atentos também às limitações alheias.
Estes pacientes, provavelmente, revelam alguns conflitos na esfera dos relacionamentos
interpessoais porque, como temem causar má impressão, consideram todas as interacções
humanas potencialmente arriscadas. Por um lado, desejariam ser apreciados pelos outros,
contudo, o medo da rejeição, deixa-os muito apreensivos. São sujeitos que gostariam de
conhecer pessoas e relacionar-se com elas mas, sentem-se tão desconfortáveis nas situações
sociais, que acabam por evitá-las. A maioria destes indivíduos são solitários, retirando-se para
o seu mundo de fantasia privado e ressentindo-se quando estão com outros. No entanto, são
pessoas sensíveis, conscientes dos seus próprios sentimentos e das reacções emocionais que
evocam nos outros.

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Paralelamente com o seu conflito básico. sobre se devem ou não relacionar-se com os outros,
estes pacientes, podem ser de humores instáveis e de ressentimentos. Pelo que, ora se
comportam de forma amigável e cooperante, ora se tornam obstrucionistas, negativistas e
hostis, apenas para se sentirem culpados e se mostrarem arrependidos. Em alguns casos, as
oscilações de humor são menos perceptíveis, já que o conflito é manejado através de um
antagonismo velado. Mesmo o dualismo, que caracteriza estes pacientes, pode ter um impacto
positivo quando alguns indivíduos se excedem, mesmo adoptando uma posição rebelde face
à sociedade.
Perfil 823 - Negativista Evitante Dependente
Indivíduos, com estes resultados, exibem um perfil de personalidade que se caracteriza pela
presença de tendências conflituosas, de evitamento e dependentes e se manifesta numa
instabilidade de humores, pensamentos e afectos. Algumas vezes, portam-se de forma
cativante e amigável, noutras mostrar-se-ão zangados e ressentidos, para mais tarde se
sentirem culpados e arrependidos e tudo sem razão aparente. Uma variante, deste mesmo
estilo de personalidade, observa-se em indivíduos que escoam o seu ressentimento através
de manobras obstrucionistas, que lhes permitem dissipar a raiva sem ameaçar o seu apoio
interpessoal.
Estes indivíduos possuem consideráveis sentimentos de insegurança, sentido que os outros
são mais dotados, capazes e dignos que eles próprios. Deste modo, vão recear que assim que
alguém os conheça melhor, compreenda a sua falta de valor e os rejeite. Mostram-se
frequentemente nervosos, quando se relacionam, sentindo que não são gostados e que se
estão a impor. Os outros, por sua vez, são considerados como excessivamente críticos e
dignos de pouca confiança. Evitando as relações interpessoais podem minimizar parte do seu
desconforto, o que pode conduzir ao isolamento e à solidão.
Estes sujeitos, são sensíveis: gostariam de ser apreciados pelos outros e relacionar-se de
forma mais eficaz com eles. Contudo, vivem atormentados pelo conflito que se estabelece
entre o seu desejo de depender e confiar nos outros e o receio de sair magoado dessas
relações. As alterações de humor espelham este conflito essencial.
Perfil 826 - Negativista Evitante Antisocial
Observa-se uma prevalência de traços conflituosos, evitantes e competitivos, em indivíduos
que se caracterizam pela sua extrema ambivalência quando se relacionam com os outros.
Parecem ter baixa auto-estima, não se achando particularmente interessantes, ou capazes,
concepção que tendem a generalizar sobre outras pessoas. Por conseguinte, apesar de não
se sentirem bem consigo mesmos, acabam por deitar os outros a baixo, sentindo-se
igualmente indignos.
Como estes pacientes têm baixa auto-estima, muitas vezes acreditam que precisam do apoio
de terceiros para conseguirem os seus objectivos, contudo experimentam alguma dificuldade
em aceitar a sua ajuda, porque frequentemente vêm o mundo como um local competitivo, onde
todos estão interessados nos mesmos recursos limitados. Deste modo, confiar nos outros é
posto de parte, pelo receio de serem usados e abusados.

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Também, como consequência da sua baixa auto-estima, estes pacientes, são particularmente
sensíveis às apreciações negativas dos outros; temem que estes formem má opinião de si e
não valorizem a sua amizade. Consequentemente, são sujeitos que andam sempre à procura
de sinais de rejeição, o que os leva experimentar as relações interpessoais com ansiedade e
desconforto, que a médio prazo pode conduzir ao evitamento das interacções sociais, ou à
adopção de uma postura de distanciamento, superficialidade e apreensão.
Estes indivíduos, conseguem alcançar algum ajustamento aos seus conflitos interpessoais,
adoptando uma forma ambivalente de relacionamento com os outros, que passa por uma
atitude oposicionista e negativista, que não se manifesta na forma de antagonismo directo.
Doutro modo, estes sujeitos, têm tendência para terem flutuações de humor muito severas:
umas vezes, muito cooperantes, noutras incapazes de controlar a sua raiva, que pode ser
explosiva. Quando os sentimentos de hostilidade eventualmente regridem, os sujeitos,
mostram-se arrependidos, tentando ser simpáticos e cativantes, mais uma vez.
Perfil 837 - Negativista Dependente Compulsivo
As pessoas que obtém estes resultados apresentam traços negativistas, dependentes e
disciplinados. São sujeitos que não têm, as próprias capacidades e feitos, em alta conta; pelo
que sentem que têm de depender de terceiros se querem atingir os seus objectivos. São,
contudo, perfeccionistas, sendo muito difícil para os outros estarem à altura das suas
expectativas. O mundo, destes sujeitos, é extremamente idealizado mas sem heróis, porque
nem eles, nem os outros, se afiguram como suficientemente bons. Esta situação, deixa-os num
dilema: por um lado, sentem-se inadequados e incapazes de suprir as suas próprias
necessidades, desejando encontrar alguém em quem pudessem depender; contudo, têm
reservas quanto às intenções de terceiros e, muitas vezes, rejeitam a ajuda quando esta lhes
é oferecida.
A forma que, muitos indivíduos com este perfil, encontram para se adaptarem a este conflito
passa por adoptar uma atitude cooperativa, carente de ajuda, atenção e apoio. Outras vezes,
podem revelar-se algo convencionais, formais e controladores e num extremo mostrarem-se
zangados e obstrucionistas. Contudo, mais frequentemente, esta hostilidade é mantida sob
controlo e é escoada de formas menos evidentes.
Perfil 840 - Negativista Histriónico
São abundantes os traços conflituosos e dramáticos, em sujeitos que não têm uma opinião
positiva, nem deles próprios, nem dos outros (considerados pouco empáticos, interessados ou
compreensivos). As suas relações podem ser intensas, de início, mas depressa se tornam
ameaçadoras, ou pouco excitantes, logo esmorecendo.
Alguns indivíduos, inseguros sobre as suas próprias capacidades, podem sentir-se
apaziguados, encontrando alguém em quem confiar; contudo, a atitude destes pacientes,
inviabiliza, à partida, esta opção. Estes sujeitos, sentem que a dependência de terceiros não
é aceitável, prejudicando a sua imagem e deixando-os vulneráveis à crítica.
Consequentemente, estão sempre perante um conflito sem solução: ora se aproximam, ora
evitam o contacto. Se não dependem de alguém sentem-se desconfortáveis, porque temem

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não conseguir suprir as próprias necessidades; por outro lado, se formarem as relações de
dependência, não têm de se preocupar com as próprias necessidades, mas sentir-se-ão pouco
confortáveis com a posição que ocupam.
Os indivíduos com este perfil de personalidade, frequentemente apresentam padrões de
comportamento flutuantes. Algumas vez, mostram-se bastante amigáveis e cativantes, porém
em breve se ressentirão dos outros, passando a comportar-se de forma agressiva, ou mesmo
hostil, que pode transformar-se, facilmente em culpa e em arrependimento. Outros indivíduos,
com o mesmo perfil, podem resolver o conflito apresentando um padrão de comportamento
aparentemente mais estável. Este padrão, manifesta-se numa superfície amigável e cativante,
enquanto vão desempenhando um papel algo negativista e obstrucionista.
Perfil 856 - Negativista Narcisista Antisocial
A elevação nas referidas escalas sugere uma personalidade basicamente conflituosa, que
apresenta ainda elementos confiantes e competitivos. Esta combinação, muitas vezes, conduz
a ressentimentos e dificuldades em gerir a agressividade. Muitas pessoas, com este perfil de
personalidade, revelam-se conflituosas, com grande instabilidade de humor, pensamentos,
comportamentos e afectos. A sua atitude é negativista, instável, ou imprevisível, aborrecendo-
se facilmente e apresentando baixa tolerância à frustração. Podem oscilar entre parecerem
entusiastas e optimistas ou, então, tristes e desalentados. Algumas vezes, estes pacientes
podem sentir-se culpados, tentando ser amigáveis e cooperativos, mas muito facilmente
começam a ressentir-se com os outros tornando-se críticos, zangados e vingativos. Em vez
de se mostrarem mal-humorados, ou explosivos, outros indivíduos, com o mesmo perfil de
personalidade, escoam o seu ressentimento, adoptando atitudes negativistas e de oposição.
A sua agressividade pode ser menos evidente mas, com o seu negativismo, passividade e
invulnerabilidade, acabam por deixar os outros furiosos.
Parte do ressentimento provém de se acharem melhores que a maior parte das pessoas, à
sua volta. Também vêm o mundo como um local competitivo, em que todos lutam pelos
mesmos objectivos e recursos limitados. Contudo, não são capazes de integrar estas duas
concepções do mundo, porque se fossem mesmo superiores, deveriam ter a suas
necessidades satisfeitas, sem terem de competir com seres humanos menores. É este conflito,
e a impossibilidade de integração, que conduz a quaisquer que sejam os problemas no seu
funcionamento psíquico.
Positivamente, sujeitos com este estilo de personalidade são pessoas independentes, que não
se colam aos outros de forma dependente e carente; são frequentemente orgulhosos e evitam
as situações em que possam ser humilhados.
Perfil 860 - Negativista Antisocial
Resultados elevados nestas escalas sugerem um estilo de personalidade marcado por
elementos negativistas e competitivos; combinação esta que molda sujeitos conflituosos e
mal-humorados, com tendência para alterarem os seus sentimentos e comportamentos de um
momento para o outro. São também pessoas que facilmente se aborrecem e que têm uma
baixa tolerância à frustração. Por vezes, podem sentir-se culpados, comportando-se de forma

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amigável e cooperativa, mas cedo começam a ressentir-se dos outros, tornando-se mais
críticos, irascíveis e vingativos.
Estas oscilações, teoricamente, resultam das concepções antagónicas que possam ter sobre
si próprios e sobre o ambiente. De alguma forma, estes pacientes, podem estar conscientes
das suas limitações e sentirem que precisam de depender de alguém que satisfaça as suas
necessidades; mas, como consideram o mundo um local competitivo, sentem que só podem
triunfar mostrando-se fortes, dominantes, adequados e assertivos. Por conseguinte, estes
sujeitos, podem ser conduzidos a suprimirem emoções, mais amenas, como simpatia,
generosidade e gentileza, porque estas podem torná-los fracos e vulnerável à exploração
alheia. Na sua opinião, a chave do sucesso, é mostrarem-se determinados, enérgicos,
independentes e alerta. Sentem que devem estar atentos à possível manipulação dos outros,
tentando sair por cima, sempre que possível.
Perfil 864 - Negativista Antisocial Histriónico
Elementos conflituosos, competitivos e dramáticos caracterizam indivíduos, frequentemente,
irascíveis e mal-humorados, mudando de sentimentos e comportamentos, de um momento
para o outro. Os outros vêm-nos como negativistas, ou obstrucionistas, muito complicados e
pouco tolerantes às opiniões alheias.
Existem provas que a propensão para o antagonismo, tem origem num conflito, já que estes
sujeitos são tipicamente agressivos, se não mesmo hostis, quando se relacionam com os
outros. São pacientes que enfatizam a sua independência e obstinação, pouco inclinados que
estão em fazerem aquilo que os outros esperam deles. A sua natureza antisocial dá-lhes uma
aparência de invulnerabilidade que se manifesta numa vontade de sair sempre em primeiro
lugar, doa a quem doer. São muitas vezes desconfiados, dos motivos alheios, assumindo que
têm de estar alerta e protegidos se querem sobreviver. Estes sujeitos, culpam frequentemente
os outros por aquilo que corre mal; são melindrosos, excitáveis e irritáveis, facilmente
perturbados, instáveis, abruptos, insensíveis para os outros, e extremamente agressivos
quando confrontados, ou contrariados.
A agressividade e labilidade emocional que estes pacientes apresentam deriva, teoricamente,
da concepção antagónica que têm deles próprios e do ambiente. De alguma forma, estes
pacientes, podem estar conscientes das suas limitações e sentirem que precisam de depender
de alguém que satisfaça as suas necessidades. Mas, como consideram o mundo um local
competitivo, sentem que só podem triunfar mostrando-se fortes, dominantes, adequados e
assertivos. Por conseguinte, estes sujeitos, podem ser conduzidos a suprimirem emoções,
mais amenas, como simpatia, generosidade e gentileza, porque estas podem torná-los fracos
e vulnerável à exploração alheia. Sentem que devem estar atentos à possível manipulação
dos outros, tentando sair por cima, sempre que possível.
O oposicionismo, destes pacientes, pode ser alimentado pelas suas tendências histriónicas:
parecem querer ser o centro das atenções e facilmente se aborrecem de situações rotineiras.
A sua resistência nata provavelmente serve a sua necessidade de atenção (mesmo que de
forma corrosiva e improdutiva) porque o comportamento de oposição é facilmente notado. De

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facto, o antagonismo e o desejo de atenção podem criar um ciclo vicioso, porque o
oposicionismo parece satisfazer parte das suas necessidades psicológicas. A par das suas
tendências histriónicas, estes pacientes, podem ser superficiais, defensivos e desdenhosos da
proximidade interpessoal.

Perturbações da Personalidade Patológica


Escala S (44 itens): Esquizotípica. Estes pacientes não se interessam por assuntos sociais,
evitam relacionamentos interpessoais próximos e demonstram um padrão de pensamento
autista, embora não necessariamente delirante. Levam vidas sem sentido, à deriva de uma
actividade sem objectivo para outra, permanecem na periferia da vida social, e raramente
desenvolvem ligações íntimas ou aceitam responsabilidades a longo termo. Podem distinguir-
se dois subtipos. Os pacientes de um desses subgrupos mostram um déficit marcado de
afectividade e aparentam ser brandos, tranquilos, indiferentes, desmotivados e insensíveis ao
mundo externo. Os seus processos cognitivos parecem obscuros, vagos e tangenciais; eles
são ou impermeáveis ou não conseguem perceber os diferentes tipos de experiências
interpessoais e emocionais. O seu discurso tende a ser monótono e letárgico, e são vistos
pelos outros como estranhos, desligados e não intrusivos, parecendo absorvidos neles
próprios e sem vida. Os pacientes do segundo subgrupo deste síndroma são apreensivos;
retiram-se de encontros sociais para se prevenirem de experienciarem a dor que eles
antecipam nos relacionamentos interpessoais. A sua aparente apatia e indiferença não deriva
de uma falta de sensibilidade, como no primeiro grupo, mas sim para construir uma apertada
armadura em volta deles próprios e para reduzir uma sensibilidade excessiva. Estes pacientes
ocasionalmente interferem com os seus processos cognitivos num esforço para romper com
os elementos perturbantes que o pensamento racional pode conter.
O transtorno de personalidade esquizotípico, como apresentado no DSM-III-R, caracteriza-se
por um padrão de distanciamento disfuncional, ao nível cognitivo e interpessoal. São pessoas
que cultivam o isolamento social, com mínimas obrigações e investimentos pessoais. Muitas
vezes mostram-se quase autistas, ou cognitivamente confusos, pensando de forma tangencial
e, com frequência, ensimesmados, ou reflexivos. As excentricidades do comportamento são
notórias e, os outros, consideram estes indivíduos como estranhos, ou diferentes. Dependente
da sua estrutura básica, sendo ela activa ou passiva, mostram respectivamente ou uma cautela
ansiosa e hipersensível, ou um desacerto emocional e falta de afectos.
Escala C (44 itens): Borderline. Estes pacientes são caracterizados pela profundidade e
variabilidade dos seus humores recorrentes, durante os quais eles experienciam prolongados
períodos de futilidade, tristeza e auto-desvalorização, misturados com um período “normal”,
assim como com breves episódios de elevada energia, euforia, ou explosões de raiva. Tendem
a ser pessoas extremamente dependentes que necessitam de segurança e atenção
considerável dos outros para manter a sua calma, e são particularmente vulneráveis aos
medos de separação daqueles que providenciam este encorajamento e apoio. Em análise, os
períodos de alegria e euforia muitas vezes são encobrimentos temporários de medos

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profundos de insegurança e abandono. Muitos sentem intensos ressentimentos relativamente
àqueles de quem dependem, porque foram sujeitos a períodos de rejeição e desaprovação
destas fontes. Ocasionalmente, nas suas breves explosões de ira, estes pacientes podem
atacar verbalmente os outros por terem falhado em reconhecer as suas necessidades de
afecto. Claro que a tal segurança que eles tão desesperadamente necessitam é ameaçada
quando eles expressam estes ressentimentos. Para conter esta raiva, e assim protegerem-se
de uma possível perda, estes pacientes voltam-se tipicamente para eles próprios; eles retiram-
se, pedem perdão e sentem-se com remorsos e deprimidos.
O transtorno de personalidade Limite, pode conter diversos conteúdos associados como
oposicionista, independente e ambivalente. Todas as perturbações limite da personalidade
apresentam falhas estruturais, levando os indivíduos a experimentarem toda uma paleta de
estados de ânimo díspares, intensos e endógenos, com períodos recorrentes de abatimento e
apatia, intercalados por períodos de aborrecimento, inquietude, ou euforia. Aquilo que permite
efectuar um diagnóstico diferencial (em relação à perturbação Esquizotípica e Paranóide) é a
instabilidade dos seus afectos, vista, mais claramente, através de uma grande labilidade de
humor. Simultaneamente, muitos sujeito Borderline, desenvolvem pensamentos recorrentes
de suicídio, auto-mutilações, preocupação excessiva com a obtenção de afecto, dificuldade
em manter um sentimento coerente de identidade e ambivalência cognitiva e emocional, com
sentimentos simultâneos de raiva, amor e culpabilidade.
Escala P (36 itens): Paranóide. Estes pacientes são caracterizados por uma desconfiança
desnecessária dos outros, um medo de perderem o seu poder de auto-determinação,
hostilidade velada e por vezes declarada, tendências para a sua própria importância e uma
inclinação para interpretar as acções dos outros como sinais de decepção e traição. A sua
prontidão para perceber a desonestidade e para atribuir os seus próprios motivos maliciosos
aos outros precipita inumeráveis dificuldades sociais, as quais servem apenas para reforçar
as suas expectativas. Sentem que já é suficientemente mau depositar a sua confiança nos
outros e ainda pior ser sujeitado ao controlo dos outros e ao seu poder. Mesmo temerosos da
dominação, eles resistem às influências externas e encarregam-se cuidadosamente que
ninguém lhes “roube” a sua autonomia. A característica dissimulada da vigilância defensiva e
hostil raramente cede; permanecem sensíveis e irascíveis, prontos para humilhar e ridicularizar
qualquer pessoa cujas atitudes evoquem a sua ira e desaprovação. Um subgrupo destes
pacientes faz reivindicações extravagantes de status e poder, dotando-se de talentos
superiores, nos quais as competências objectivas mas triviais são ampliadas, apesar das
óbvias contradições e da ocasional ridicularização por parte dos outros. No entanto, muitos
são extremamente preocupados com a “estupidez” e “malevolência” que vêem à sua volta,
arranjando cuidadosamente as suas vidas para assegurar que não serão “enfraquecidos ou
enganados”.
A perturbação de personalidade paranóide, descrita pelo DSM-III-R, manifesta-se em três
traços fundamentais: a conduta independente, a discordante e a ambivalente. São pessoas
que revelam uma desconfiança vigilante em relação aos outros e uma antecipação nervosa e

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defensiva das críticas e da rejeição. Facilmente irritáveis, exasperáveis e coléricos, expressam
também medo de perderem a independência, pelo que oferecem muita resistência ao controlo
e influência externos. Os Paranóides caracterizam-se pela imutabilidade dos seus sentimentos
e pela rigidez dos seus pensamentos, o que permite distingui-los das outras perturbações da
personalidade, nomeadamente a Borderline (com instabilidade afectiva) e a Esquizotípica
(com desorganização do pensamento).

Síndromas de Sintomas Clínicos (Eixo I)


Escala A (37 itens): Ansiedade. O paciente que obtém resultados elevados muitas vezes relata
sentir-se vagamente apreensivo ou especificamente fóbico; é tipicamente tenso, indeciso e
impaciente, e tende a queixar-se de uma variedade de desconfortos físicos, tais como rigidez,
sudação excessiva, dores musculares e náuseas. Uma revisão dos itens específicos da escala
servirá para determinar se o paciente é primeiramente fóbico e, mais especificamente, se é do
tipo “simples” ou “social”. No entanto, os pacientes que obtêm elevados resultados evidenciam
um estado generalizado de tensão, manifestada por uma inabilidade para relaxar, movimentos
nervosos e uma prontidão para reagir e para serem facilmente perturbados. Desconfortos
somáticos – por exemplo mãos suadas ou dores de estômago – são também característicos.
São também notáveis as preocupações e as apreensões de que os problemas estão iminentes,
uma agitação e uma sensibilidade generalizada, e o facto de serem hiper-alertas no seu
ambiente.
São pacientes que exibem sintomas de vaga apreensão, ou claramente fóbicos, mostram-se
frequentemente tensos, indecisos e inquietos e queixam-se de mal-estar físico generalizado,
desde tensão, excessiva sudação, dores musculares indefinidas e náuseas. A análise
pormenorizada dos itens da escala permitirá indagar se o sujeito apresenta fobias simples,
sociais, ou como a maioria, um estado generalizado de tensão que se manifesta numa
dificuldade de relacionamento, movimentos nervosos e reactividade fácil. As perturbações
somáticas (como as mãos suadas e os problemas digestivos) também são característicos. São
sujeito que se mostram particularmente excitados e antecipam os problemas com apreensão,
revelando hiper-sensibilidade ao ambiente, inquietude e grande susceptibilidade.
Escala H (44 itens): Somatoforme. O paciente com resultados elevados expressa dificuldades
psicológicas através de canais somáticos, relata períodos persistentes de fadiga e fraqueza, e
pode estar preocupado com falta de saúde e uma variedade de dores dramáticas, mas não
especificadas, em regiões diferentes e não relacionadas do corpo. Alguns pacientes
evidenciam uma perturbação de somatização primária que se manifesta por queixas somáticas
múltiplas e recorrentes, muitas vezes apresentada numa forma dramática, vaga ou exagerada.
Outros têm um historial melhor considerado como hipocondríaco, já que interpretam os
menores desconfortos ou sensações físicas como significativos de uma doença séria. Se as
doenças estão realmente presentes, tendem a ser demasiado interpretativos, apesar da
securização do médico. Tipicamente, as queixas somáticas são empregues para obter
atenção.

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As dificuldades psicológicas são expressas através de manifestações somáticas, períodos
persistentes de esgotamento e abatimento, preocupações com a perda da saúde física e uma
variedade dramática, ainda que pouco específica, de dores em zonas diferentes e não
relacionada do corpo. Alguns sujeitos, com esta patologia, evidenciam uma perturbação
primária de somatização que se manifesta em queixas somáticas, recorrentes e múltiplas,
apresentadas de forma dramática, insidiosa e exagerada. Outros, revelam uma história de
hipocondria, uma vez que interpretam as sensações, ou mal-estar físico menor, como se se
tratasse de uma doença grave. Se existem verdadeiras doenças, tendem a piorar apesar das
opiniões optimistas do médico. Normalmente as queixas somáticas pretendem chamar a
atenção.
Escala N (47 itens): Hipomania. O paciente que exibe levados resultados evidencia períodos
de euforia superficial, muita actividade e distracção impacientes, discurso ansioso,
impulsividade e irritabilidade. Também se evidenciam o entusiasmo não selectivo, o excessivo
planeamento para objectivos irreais, uma qualidade intrusiva nas relações interpessoais, fuga
de ideias e mudanças rápidas de humor. Resultados muito elevados podem significar
processos psicóticos, incluindo delírios ou alucinações.
Presente em pacientes que revelam períodos de alegria superficial, elevada auto-estima,
hiperactividade nervosa, fraca capacidade de concentração, fala acelerada, impulsividade e
irritabilidade; também manifestam um entusiasmo não selectivo, excessiva planificação de
objectivos pouco realistas. Já nas relações interpessoais adoptam comportamentos invasivos,
exigentes e dominadores. Observa-se também uma diminuição da necessidade de sono, fuga
de ideias, oscilações rápidas e labilidade de humor. As pontuações muito elevadas podem
significar a presença de processos psicóticos, incluindo alucinações e delírios.
Escala D (36 itens): Distimia. O paciente com resultados elevados permanece envolvido no
quotidiano da sua vida mas preocupa-se com sentimentos de desencorajamento ou culpa,
exibe uma falta de iniciativa e apatia comportamental, e frequentemente verbaliza comentários
de auto-depreciação e inutilidade. Durante os períodos de tristeza pode haver crises de choro,
um pessimismo relativamente ao futuro, retiro social, uma fadiga crónica, um marcado
desinteresse por actividades aprazíveis e uma diminuição da eficiência em realizar as tarefas
comuns e rotineiras da vida. Exceptuando se a Escala CC (Depressão Psicótica) for também
notavelmente elevada, é pouco provável que características de depressão psicótica estejam
em evidência. Um exame minucioso aos itens específicos com resultados elevados deve
permitir ao clínico distinguir as características particulares do humor distímico (por exemplo,
baixa auto-estima ou desespero).
Pontuações elevadas indicam que, sem razão aparente, durante dois ou mais anos, o paciente
tem sido afectado por sentimentos de desanimo, ou culpabilidade, carência de iniciativa e
apatia no comportamento, baixa auto-estima, expressões de inutilidade e comentários auto -
depreciativos. Durante este período de depressão, pode haver prantos, ideias suicidas,
sentimentos pessimistas em relação ao futuro, dificuldades sociais, alterações do apetite
(escasso ou excessivo), esgotamento crónico, fraca capacidade de concentração,

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desinteresse por actividades lúdicas e diminuição da eficiência do desempenho, em tarefas
quotidianas e/ou rotineiras. Exceptuando quando a escala CC (Depressão Major), também se
eleva notoriamente, é pouco provável tratar-se de uma depressão psicótica. O exame
detalhado dos itens que terão contribuído para esta elevação, permitirá aferir os aspectos
particulares do estado de ânimo depressivo daquele paciente.
Escala B (35 itens): Abuso de Álcool. Os resultados elevados do paciente provavelmente
indicam uma história de alcoolismo, tendo este feito esforços para superar esta dificuldade
com um êxito mínimo e, como consequência, experienciando um mal-estar considerável, tanto
na família como no ambiente de trabalho. O importante nesta escala e na escala seguinte
(Abuso de Drogas) é a oportunidade de situar o problema dentro do contexto do estilo global
de funcionamento da personalidade do paciente.
A elevação das pontuações da referida escala provavelmente evidenciam uma história de
alcoolismo, tendo sido efectuados esforços para superar esta dificuldade com êxito mínimo e,
consequentemente experimentado um mal-estar considerável na sua vida familiar e
profissional. A importância desta escala e da que se segue (Abuso de Drogas) permite situar
a problemática da dependência no contexto do estilo de personalidade ao nível da resistência
e do funcionamento do paciente.
Escala T (46 itens): Abuso de Drogas. É provável que o paciente com resultados elevados
tenha tido uma história recente ou recorrente de abuso de drogas; tende a ter dificuldade em
reprimir os impulsos ou mantê-los dentro de limites sociais convencionais e mostra uma
incapacidade para manejar as consequências pessoais destes comportamentos. Esta escala
é composta por muitos itens “subtis” e indirectos, assim como a escala de Abuso de Álcool, e
pode ser útil para identificar sujeitos com problemas de abuso de drogas que não estão
dispostos a admitir o seu problema.
É provável que pontuações elevadas remetam para uma história recente, ou recorrente, de
abuso de drogas, em sujeitos com dificuldade em reprimir os impulsos e mantê-los dentro dos
limites socialmente convencionados, revelando também uma incapacidade de manejar as
consequência pessoais dos seus comportamentos. Esta escala é composta por muitos itens
indirectos e subtis, como a escala de abuso de álcool, e pode ajudar a identificar sujeitos com
problemas de dependências químicas que não estão dispostos a assumir o seu problema.

Escala SS (33 itens): Pensamento Psicótico. Dependendo da extensão e do decurso do


problema, os pacientes que obtêm elevadas pontuações são habitualmente classificados como
”esquizofrénicos”, “psicose reactiva breve” ou “esquizofreniformes”. Podem demonstrar
periodicamente um comportamento incongruente, desorganizado ou regressivo, parecendo
com frequência confusos e desorientados, e ocasionalmente mostrando afectos inapropriados,
alucinações dispersas e delírios não sistemáticos. O pensamento pode ser fragmentado ou
estranho. Pode haver embotamento afectivo e existir uma sensação profunda de estarem
isolados e incompreendidos pelos outros. Podem ser retraídos e estar afastados ou mostrar-
se com um comportamento sigiloso ou vigilante.

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Dependendo da extensão e progressão do problema, pode classificar sujeitos esquizofrénicos,
com psicose breve reactiva, ou com transtornos esquizofreniformes. São sujeito que podem
manifestar periodicamente um comportamento incongruente, desorganizado, ou regressivo,
aparecendo, com frequência, confusos e desorganizados, e podendo mesmo revelar afectos
desajustados, alucinações dispersas e delírios não sistemáticos. O pensamento pode ser
fragmentado, ou bizarro; podem também apresentar embotamento afectivo, com sentimentos
de estranheza em relação a si próprios, ao mundo e aos outros. Isto pode levar ao isolamento,
ao retraimento e a comportamentos de vigilância e sigilo.
Escala CC (24 itens): Depressão Psicótica. Estes pacientes são habitualmente incapazes de
funcionar num ambiente normal, deprimem-se gravemente e expressam medo do futuro,
ideação suicida e um sentimento de resignação desesperada. Alguns exibem uma marcada
lentificação motora, enquanto que outros demonstram um carácter agitado, passeando
continuamente e lamentando o seu estado triste. Vários processos somáticos são perturbados
com frequência durante este período – notavelmente, uma diminuição do apetite, extenuação,
insónias ou despertar precoce. São comuns os problemas de concentração, assim como
sentimentos de inutilidade ou culpabilidade. Evidenciam-se com frequência repetidas
apreensões e ideias obsessivas. Dependendo do estilo de personalidade subjacente, pode
existir um padrão tímido, introvertido e afastado, ou um tom irritável, queixoso e choroso.
Estes pacientes habitualmente são incapazes de funcionar na realidade quotidiana,
deprimindo-se gravemente e expressando receios face ao futuro, ideias suicidas e sentimentos
de resignação. Alguns manifestam uma lentificação motora pronunciada, outros estão muito
agitados, movendo-se continuamente e expressando a sua tristeza. Durante este período,
vários processos somáticos são perturbados, destacando-se diminuição notória do apetite,
ganho ou perda de sono, alterações do sono (insónia ou despertar precoce). São comuns os
problemas de concentração, assim como sentimentos de inutilidade e culpabilidade,
apreensão e ideias obsessivas. Dependendo da personalidade subjacente, pode haver um
padrão tímido, introvertido e evitante, caracterizado por uma imobilidade penosa, ou um tom
irritável, queixoso e choroso.
Escala PP (16 itens): Delírios Psicóticos. Estes pacientes, frequentemente considerados
paranóides agudos, podem chegar a ser ocasionalmente adversos, experienciando delírios
irracionais, mas interligados, de natureza persecutória ou de grandeza. Dependendo da
constelação de outras escalas elevadas, pode haver claros sinais de transtornos do
pensamento e ideias de referência. O estado de humor é habitualmente hostil e expressam
sentimentos de estarem a ser alvo de embirrações e maus tratos. São tipicamente
concomitantes uma tensão persistente, suspeitas, vigilância e alerta perante a possibilidade
de traição.
São pacientes frequentemente considerados paranóides agudos, podem chegar a ser
ocasionalmente beligerantes, experimentando delírios irracionais de natureza celotípica
(ciúme), persecutória, ou de grandeza. Dependendo da constelação dos outros síndromas
concorrentes, pode haver sinais claros de perturbações do pensamento e ideias delirantes. O

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estado de ânimo é habitualmente hostil, expressando sentimentos de serem perseguidos e
maltratados, a par de uma tensão persistente, suspeitas, vigilância e alerta ante a possibilidade
de traição.

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