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Materiais de Construção I

Introdução ao estudo dos materiais

Capítulo 1 – Introdução ao estudo dos materiais

1.1. Introdução ................................................................................................... 2


1.2. Definições.................................................................................................... 2
1.3. Ciclo dos materiais ...................................................................................... 3
1.4. Diversidade ................................................................................................. 4
1.5. Evolução...................................................................................................... 5
1.6. Ciência e engenharia de materiais .............................................................. 5
1.7. Níveis de informação ................................................................................... 6
1.8. Relação materiais / engenharias ................................................................. 7
1.9. Importância para a Engenharia Civil ........................................................... 7
1.10. Classificação dos Materiais ....................................................................... 8
1.10.1. Materiais metálicos ............................................................................... 10
1.10.2. Materiais cerâmicos.............................................................................. 10
1.10.3. Materiais poliméricos ............................................................................ 11
1.10.4. Materiais compósitos ............................................................................ 11
1.11. Competição entre materiais..................................................................... 12
1.12. Tendências futuras dos materiais ............................................................ 14
Bibliografia de referência .................................................................................. 16

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Introdução ao estudo dos materiais

1.1. Introdução
Os materiais têm sido utilizados pelo Homem desde os primórdios da civilização para
satisfazer as suas necessidades básicas e melhorar os seus padrões de vida. O seu
papel na própria evolução do Homem é de tal modo relevante que as denominações
atribuídas aos tempos pré-históricos se encontram relacionadas com o domínio de
técnicas de produção e utilização de diferentes materiais (por exemplo: Idade da
Pedra, Idade do Bronze, Idade do Ferro). Como tal, os materiais são uma parte
integrante da nossa vida e cada vez mais um componente essencial ao modo de vida
moderno. Actualmente, a produção de materiais e o seu processamento de modo a
obterem-se produtos acabados constituem uma fatia significativa nas economias
modernas. São ainda um mecanismo e um indicador do desenvolvimento das
sociedades.

1.2. Definições
A palavra material é vulgarmente utilizada, no entanto, não possui uma definição
inequívoca. De facto, verifica-se que a palavra material pode ter âmbitos diferentes na
linguagem corrente, consoante seja utilizada no singular ou no plural:
Material: “substância utilizada para fazer coisas” (Encarta); “o conjunto
de tudo o que entra na composição de alguma obra, à parte da habilidade
do artista e dos utensílios de que ele se serve” (Dicionário – A. M.
Silva);
Materiais: “os utensílios e outras coisas necessárias para
desempenhar uma determinada tarefa” (Encarta); “matérias que
entram na construção de um edifício” (Dicionário – A. M. Silva).

Deste modo a designação de “materiais” no seu sentido mais lato engloba elementos
(prata, ouro) e substâncias naturais (madeira, borracha natural) e artificiais (aço,
plástico).

Na Engenharia de Materiais a definição corrente é a de “as substâncias com as quais


se fazem as coisas”. Por vezes é utilizada a designação de “Materiais de Engenharia”
para referência aos materiais que se utilizam no fabrico de produtos técnicos.

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1.3. Ciclo dos materiais


Ciclo dos materiais (Figura 1): inter-relação entre as matérias provenientes da
exploração da terra (matérias primas) que são depois convertidas em matérias
básicas, para darem origem a materiais técnicos e produtos, que uma vez utilizados
pelo homem, voltam há origem ou são reciclados para uso posterior até acabarem por
ser rejeitados.

• Matérias-primas – obtidas através da exploração dos recursos naturais da


Terra (por exemplo: minério de ferro; calcário e argila).
• Matérias básicas – resultantes da transformação das matérias primas (por
exemplo: gusa-aço; clínquer-cimento).
• Materiais técnicos – produzidos pela conversão das matérias básicas (por
exemplo: varões para armaduras; betão).
• Produto – o processamento e eventual combinação de vários materiais permite
a obtenção de produtos (por exemplo: pilar, viga, ponte, etc.).
• Disposição final ou reciclagem/reutilização – findo o ciclo de vida do produto, os
materiais são depositados novamente na natureza ou reutilizados/reciclados
(por exemplo: aço - sucata; betão - inertes, camada de base).

Actualmente, o forte ritmo de consumo dos recursos naturais e os problemas


ambientais que diversos materiais levantam, têm conduzido a uma crescente
preocupação na necessidade de reutilizar/reciclar e na utilização de materiais mais
limpos.

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Figura 1 - Ciclo dos materiais

1.4. Diversidade
A enorme diversidade de materiais que hoje existem teve origem na espantosa
evolução, que se assistiu nesta e noutras áreas, no século passado (principalmente na
segunda metade). Essa evolução resultou do forte trabalho de engenheiros de
Investigação e Desenvolvimento Tecnológico (IDT), motivada pela necessidade de:

• Satisfação de exigências crescentes em termos de desempenho


(comportamento em serviço e durabilidade) e a emergência de novas
necessidades (indústrias aeronáutica, aeroespacial e electrónica).
• Satisfazer as crescentes preocupações ambientais relacionadas com a
escassez de recursos, degradação do meio ambiente e consumo de energia.

Os materiais (de construção) actuais podem ser agrupados em duas classes:

• Materiais correntes - pedra, madeira, betão, aço, entre outros.


• Materiais novos - matrizes (epoxídicas, fenólicas) reforçadas com fibras (vidro,
carbono), betões e aços especiais...

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1.5. Evolução
Podem separar-se os materiais em quatro níveis distintos, mediante as
transformações de que foram alvo:

• Nível 1 - materiais que existem na natureza sem alteração das suas


propriedades (pedras, madeiras);
• Nível 2 - materiais que são produzidos pelo Homem, isto é envolvem a
alteração das propriedades originais da matéria prima ou a sua afinação
(cerâmica de barro vermelho, metais);
• Nível 3 - materiais que são alterados por tratamentos térmicos (eventualmente
outros) e/ou adição de outras substâncias (cimentos, aços);
• Nível 4 - materiais avançados cuja obtenção resulta do conhecimento da
relação entre produção, estrutura, propriedades e desempenho dos materiais
(polímeros de um modo geral - plásticos; cerâmicos avançados - vidros,
semicondutores; fibras; ligas metálicas).

1.6. Ciência e engenharia de materiais


As Ciências Básicas (Matemática, Física, Química, Geologia, entre outras) são a base
para a Ciência e Engenharia de Materiais, cujos âmbitos são os seguintes:

• Ciência dos materiais visa a aquisição dos conhecimentos básicos sobre a


estrutura interna, as propriedades e o processamento dos materiais;
segundo Dobrzański (2006), o objectivo da ciência dos materiais é avaliar
efeito da estrutura interna, em várias escalas (micro e macro), sobre as
propriedades dos materiais.
• Engenharia dos materiais destina-se à aplicação desses conhecimentos
científicos, de modo a que os materiais possam ser convertidos em
produtos úteis e/ou desejados pela sociedade.
• Constata-se que estas áreas de saber se encontram em extremos opostos
do espectro de conhecimento sobre materiais (Figura 2), não existindo
uma linha de separação entre os dois conceitos. A designação Ciência e
Engenharia dos materiais forma uma ponte de conhecimento no domínio
dos materiais, ligando as ciências básicas às outras especialidades da
engenharia (Figura 3).

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Figura 2 - Figura ilustrativa do âmbito da ciência e da engenharia dos materiais

Figura 3 - Relação entre as ciências básicas e a ciência e engenharia dos materiais

1.7. Níveis de informação


Os materiais podem ser descritos a três níveis diferentes de acordo com a escala que
se analisa:

• Nível molecular (análise de aspectos físicos e químicos à escala microscópica):

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fundamental para compreender o comportamento do material;
permite prever as propriedades e desenvolver novos materiais.
• Nível estrutural (elaboração de modelos de previsão a partir do comportamento
das várias fases):
geometria;
estado físico e propriedades das fases;
efeitos de interface.
• Nível da engenharia:
material considerado como um todo;
em geral admite-se homogéneo e contínuo;
assume-se que as propriedades tomam valores médios.

1.8. Relação materiais / engenharias


A necessidade de possuir conhecimentos básicos e/ou aplicados de materiais é
comum a todas as engenharias, independentemente da área ou especialidade.

• Engenheiros de I.D.T. - tarefa de criação de novos materiais ou modificar


propriedades em materiais já existentes.
• Engenheiros de materiais - concepção da maioria dos produtos fabricados e
definição das tecnologias utilizadas na sua fabricação.
• Engenheiros de Projecto - utilização dos materiais existentes para conceber e
criar novos produtos ou sistemas.
• Engenheiro Civil - utilizar conhecimentos relativos aos materiais de construção,
de modo que com base na sua formação científica e conhecimentos técnicos,
possa tomar decisões tendo em vista a sua escolha ou aplicação no sentido de
atingir um determinado fim.

1.9. Importância para a Engenharia Civil


As Ciências Aplicadas (a Resistência dos Materiais, a Estática, a Mecânica) são
requisitos para os engenheiros civis (permitem projectar), mas devem ser
complementadas com conhecimentos sobre os materiais de modo a:

• permitir seleccionar os materiais mais adequados em cada situação


(desempenho - suporte, compartimentação, isolamento, revestimento; estética;
economia; durabilidade; impacto ambiental; facilidade de
manutenção/substituição; etc.);

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• compreender os fenómenos de degradação dos materiais, permitindo assim
intervir no sentido de os eliminar ou mitigar (em elementos novos ou
existentes);
• decidir sobre quais as propriedades e, consequentemente, quais os ensaios a
realizar para analisar o comportamento de um dado material/elemento/produto;
• evitar eventuais incompatibilidades entre diferentes materiais;
• controlar o processo até à obtenção do produto final, garantindo as
propriedades requeridas;
• compreender e decidir sobre aspectos relacionados com o aprovisionamento, o
transporte e a aplicação;
• aceitar ou rejeitar determinado lote de materiais;
• apresentar, analisar e seleccionar materiais alternativos (que podem significar o
recurso a técnicas e processos construtivos alternativos).

1.10. Classificação dos Materiais


Dada a diversidade de substâncias, processos produtivos, propriedades e aplicações,
existem várias formas de agrupar os materiais, nomeadamente:

• Quanto ao arranjo atómico:


o cristalinos (arranjo espacial de longo alcance em que se encontram os
átomos ou moléculas no mineral. Exemplo.: areia de quartzo ou
argilas);
o amorfos (estrutura que não têm ordenação espacial a longa distância
(em termos atómicos), como os sólidos regulares. Estes podem ser
rígidos, mas no entanto não possuem estrutura de uma substância
sólida. Exemplo.: vidro ou poliestireno).
• Quanto à aplicação:
o materiais de construção:
estruturais (betão, aço, pedra, madeira);
aglomerantes (cimento, cal, gesso, betumes, resinas, colas);
auxiliares (vernizes, tintas).
o materiais de embalagem;
o materiais isolantes (eléctricos, térmicos, acústicos).
• Quanto à origem:
o naturais:
de origem vegetal - madeira, palha, borracha;

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de origem mineral - pedras naturais, areia, metais.
o artificiais (gesso, colas, cimentos, aglomerados, entre outros).
• Quanto à forma
o Com forma fixa - tijolos, telhas, tubos, produtos vazados, produtos
laminados, entre outros;
o Sem forma fixa - agregados, cimentos, tintas, resinas moldáveis, entre
outros.
• Quanto à natureza:
o metálicos (metais e ligas metálicos);
o inorgânicos não metálicos (cerâmicos);
o orgânicos ou poliméricos (polímeros);
o compósitos.

Este último critério (natureza) é o mais generalizado e o que melhor permite a


caracterização dos materiais pelas suas propriedades específicas das quais vão
decorrer as suas utilizações (existem ainda outros grupos como os materiais
electrónicos ou os biomateriais).

A classificação dos materiais quanto à sua natureza (Figura 4) tem ainda a vantagem
de permitir relacionar a estrutura interna dos materiais em cada um dos grupos com as
propriedades características.

Figura 4 - Classificação dos materiais quanto à sua natureza e materiais resultantes da


conjugação entre eles

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1.10.1. Materiais metálicos


Substâncias inorgânicas com um ou mais elementos metálicos extraídos de minérios
naturais, podendo ainda conter alguns elementos não metálicos (carbono, azoto e o
oxigénio).
Existe uma grande variedade de materiais básicos e técnicos pelo que são
habitualmente organizados por subgrupos:
o Metais ferrosos:
Aços (Não-ligados - aços de base, de qualidade e especiais;
Ligados - aços de qualidade e especiais).
Ferro fundido (Cinzento - grafite lamelar, grafite esferoidal;
Branco - maleável).
o Metais não-ferrosos:
Elevada densidade (Cobre, Níquel, Zinco, Chumbo).
Baixa densidade (Alumínio, Prata, Titânio).

Todos estes metais não-ferrosos entram na composição das ligas, sendo as mais
frequentes as que têm como componente fundamental o alumínio, o cobre, o níquel e
o titânio.

1.10.2. Materiais cerâmicos


Substâncias inorgânicas essencialmente compostas por átomos não-metálicos,
geralmente ricas em oxigénio (matriz).
Têm sido objecto de um grande desenvolvimento, sobretudo nos últimos tempos, o
que levou a considerá-los divididos em:
o Cerâmicos tradicionais (cerâmica de barro vermelho, refractários
tradicionais);
o Cerâmicos novos (óxidos puros, carbonetos, boretos, silicietos,
sulfuretos).
Com a actual definição (material inorgânico essencialmente não-metálico, geralmente
frágil), é habitual a seguinte divisão:
o Materiais obtidos por cozedura:
Com formação da fase vítrea (cerâmicos refractários e não-
refractários e ligantes hidráulicos);
Sem formação da fase vítrea (óxidos cerâmicos, refractários de
carbono e grafite).

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o Materiais obtidos por fusão (vidros, vitrocerâmica, esmaltes, refractários
electrofundidos, fibras cerâmicas).

1.10.3. Materiais poliméricos


São substâncias orgânicas quimicamente baseadas no carbono, podendo ser naturais
(madeira, amido, lã, seda, borracha natural, etc.) ou sintéticos, sendo os plásticos os
mais conhecidos.
Os principais polímeros sintéticos são habitualmente agrupados da seguinte forma:
o Termoplásticos - podem sofrer aquecimentos repetidos sem alteração
(cadeias lineares). São recicláveis;
o Termo-endurecíveis - sofrem alterações químicas quando aquecidos e
enformados (cadeias reticuladas). Não são recicláveis;
o Elastómeros - semelhantes à borracha natural, flexíveis à temperatura
ambiente e amolecendo com elevação de temperatura (cadeias
enroladas).
Consideram-se ainda no grupo dos materiais poliméricos os alcatrões, os betumes, as
ceras, as tintas, os vernizes, as lacas, as colas e os silicones.

1.10.4. Materiais compósitos


São constituídos por dois ou mais materiais e apresentam propriedades diferentes das
dos componentes isoladamente. A maioria dos materiais compósitos consiste numa
mistura de um material de reforço ou de enchimento, com um material compatível que
serve de ligante ou matriz, de modo a serem obtidas determinadas características ou
propriedades. Geralmente os componentes não se dissolvem uns nos outros e os
materiais podem ser fisicamente identificados pelas interfaces que os separam.
Os compósitos podem ser:
o Compósitos naturais (madeira);
o Compósitos artificiais (betão armado, betão reforçado com fibras de
aço, betão reforçado com fibras de vidro, PRFV - polímeros reforçados
com fibra de vidro, PRFC - polímeros reforçados com fibras de carbono,
ARFB - alumínio reforçado com fibras de boro).
A classificação dos materiais compósitos é ainda bastante difícil dada a sua
diversidade e dependência da natureza dos componentes e do modo de preparação,
no entanto podem considerar-se dois grandes grupos:
o Compósitos bifasados - PRFV, PRFC, ARFB;

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o Compósitos polifasados:
Compósitos fibrosos (fibra contínua ou descontínua):
Matriz+Fibras - Resina; Metal; Cerâmico;
Compósitos por dispersão. cermetes (metálicos e cerâmicos);
Compósitos laminares: Placas metálicas; Laminados plásticos;
Materiais “Sandwich” (espuma alumínio);
Compósitos de crescimento eutético (os pontos de fusão e
ebulição são muito parecidos, não podendo assim, separar suas
substâncias componentes por meio de fusão fraccionada);
Compósitos de crescimento dentrítico (forma ramificada, onde de
um ramo central saem ramos secundários, os quais também se
dividem em ramos menores).

1.11. Competição entre materiais


A existência de materiais alternativos para uma mesma aplicação promove a sua
competição pela conquista dos mercados actuais e futuros. A competição é feita em
termos de:

• Custo global:
o investimento inicial (aquisição, transporte, aplicação);
o manutenção/exploração;
o disposição final/reciclagem/reutilização.
• Propriedades:
o resistência mecânica, química, ao desgaste, entre outras propriedades.
• Desempenho/comportamento em serviço:
o face ao fogo;
o fluência;
o ductilidade;
o entre outros.
• Durabilidade;
• Impacto ambiental.

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Visão tradicional da competitividade entre materiais Paradigma da sustentabilidade ambiental na


construção

Novos desafios para a sustentabilidade dos materiais e do processo construtivo

Figura 5 - Mudança de pensamento relativamente aos critérios de selecção dos materiais


(adaptado de Bordeu et al., 1998)

De facto, tradicionalmente, apenas se levavam em consideração três factores: o custo;


a qualidade e o tempo de utilização. No entanto, com as crescentes preocupações
ambientais, também os critérios de selecção têm vindo a evoluir (Figura 5).

Esta competição e o aparecimento de novas exigências e/ou necessidades são os


grandes impulsionadores da investigação na área dos materiais.

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A Figura 6 ilustra a utilização dos diferentes materiais ao longo dos anos, bem como
as datas correspondentes à descoberta desses materiais; verifica-se que nos
primórdios da civilização os cerâmicos e os polímeros eram os materiais mais
utilizados (o homem pré-histórico usava apenas materiais naturais); constata-se ainda
que desde a Época Medieval, onde foram desenvolvidos os métodos para trabalhar os
metais, assim, como os equipamentos tecnológicos necessários (Dobrzański, 2006),
estes materiais assumiram uma enorme importância; actualmente, os polímeros
voltaram a adquirir uma importância considerável.

Figura 6 - Evolução da utilização dos materiais (retirado de


http://in3.dem.ist.utl.pt/mscdesign/02ed/01materiais/pres3_1.pdf)

1.12. Tendências futuras dos materiais


• Materiais metálicos:
o prevê-se que a produção dos materiais metálicos fundamentais
acompanhe de perto a economia do país;
o as actuais ligas podem ser melhoradas, no controlo da composição e
nas técnicas de processamento;
o novas e melhores ligas (superligas à base de níquel) estão
constantemente a ser investigadas, no sentido de aumentarem ainda

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mais a sua resistência mecânica e a sua resistência à corrosão a altas
temperaturas;
o novas técnicas de processamento (prensagem isostática a quente e
forjamento (conformação por impacto) isotérmico) podem aumentar a
resistência à fadiga (actualmente a ser utilizado em ligas para a aviação
e aeroespacial);
o a tecnologia de solidificação rápida permite obter pós metálicos que
podem ser posteriormente consolidados (novas ligas de alumínio e de
titânio têm sido obtidas com este processo).
• Materiais poliméricos
o os plásticos foram os que mais cresceram em utilização, nos últimos
anos, no entanto, depois de 1995, a taxa anual de crescimento para os
plásticos sofreu uma desaceleração significativa;
o esta diminuição da taxa de crescimento era previsível uma vez que os
plásticos já substituíram os metais, o vidro e o papel na maioria dos
principais mercados em que podiam fazê-lo, como o das embalagens,
automóveis, náutica, aeronáutica e o da construção;
o pensa-se que os plásticos para aplicações estruturais, como o nylon,
possam competir com os materiais metálicos, no futuro próximo.
• Materiais cerâmicos
o são geralmente baratos, mas a sua transformação em produtos é
normalmente morosa e dispendiosa pelo que se tem assistido a uma
desaceleração do crescimento nos cerâmicos tradicionais;
o caso se desenvolvam técnicas para a obtenção de cerâmicos
resistentes ao impacto, estes materiais poderão ter uma procura
enorme para aplicações técnicas em ambientes onde existam
temperaturas altas e situações de desgaste intenso;
o no último quarto do século XX, surgiu uma família inteiramente nova de
cerâmicos técnicos, à base de nitretos, carbonetos e óxidos,
desenvolvendo-se continuamente novas aplicações para estes
materiais, em especial utilizações a alta temperatura e também na
indústria electrónica.
• Materiais compósitos

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o na construção, o betão armado é o compósito mais corrente mas, de um
modo geral, na indústria, os plásticos reforçados com fibras são os mais
utilizados;
o esta é uma classe de materiais onde se tem assistido a um forte
crescimento e desenvolvimento;
o os compósitos avançados, como as combinações de fibra de vidro-
resina epoxídica e de grafite-resina epoxídica, estão a tornar-se cada
vez mais importantes para aplicações estruturais de grande exigência
técnica.
• Materiais electrónicos
o o consumo de silício e outros materiais semicondutores utilizados em
microelectrónica sofreu um crescimento enorme desde 1970, cenário
que se espera que continue.

Bibliografia de referência
Bourdeau, L.; Huovila, P.; Lanting, R.; Gilham, A. “Sustainable Development and the
Future of Construction. A comparison of visions from various countries”. CIB Report
225, Rotterdam, 1998.

Dobrzański, L. A. “Significance of materials science for the future development of


societies”. Journal of Materials Processing Technology, Vol. 175 (1-3), 2006, pp. 133-
148.

“Os materiais no projecto” [Em linha] [consultado a 25/08/10]. Disponível em:


http://in3.dem.ist.utl.pt/mscdesign/02ed/01materiais/pres3_1.pdf

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