Documentos de Académico
Documentos de Profesional
Documentos de Cultura
Rio de Janeiro.
2014
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
1 IDADE PARA O ENSINO DO CANTO
2 A LARINGE INFANTIL
3.2.5 TESSITURA
4 CONCLUSÃO
INTRODUÇÃO
Como este trabalho de iniciação científica tem como objetivo maior buscar
estabelecer uma coleta de dados científicos por meio de revisão bibliográfica para ser a
base de reflexões coerentes sobre o tema e também servir de alicerce para a
continuidade do estudo em novas investidas científicas empíricas em um futuro breve,
efetivou-se buscas em livros, artigos científicos encontrados na Bireme, Google
Educacional, entre outros.
O presente trabalho está dividido em seis partes, nas quais temos a primeira
composta pela presente introdução, na segunda apresentamos as principais discussões
sobre a idade ideal para o ensino do canto, na terceira abordamos os aspectos da laringe
infantil e seus desdobramentos anatomofisiológicos e de uso da voz cantada em
crianças, na quarta as aplicabilidades das técnicas vocais em crianças e por fim as
nossas considerações finais sobre este relevante tema. No final do trabalho são
encontradas as referências bibliográficas usadas para a realização deste texto.
Temos como palavras chave voz, saúde vocal, voz cantada, coral infantil, voz
infantil, Fonoaudiologia.
1 IDADE PARA O ENSINO DO CANTO
Maria José Chevitarese, regente do Coral Infantil da UFRJ, reconhecido por sua
qualidade técnica propõe exercícios vocais para coros infantis em sua dissertação de
Mestrado “A questão da afinação infantil discutida a partir do “Guia Prático” de Villa-
Lobos e das “20 rondas infantis” de Edno Krieger”.
Marsico citando Nitsche (1967) diz que é sempre preferível prevenir com o uso
do trabalho vocal na infância a adiar para a idade adulta (como em geral se faz) a
correção de deformações e desgastes devidos a função vocal inadequada. Para o autor
quanto menor for a criança tanto mais a aprendizagem se dará de forma inconsciente,
através de exercícios lúdicos, de natureza espontânea. Idalete Giga afirma que "a idéia
generalizada de que a criança é incapaz de assimilar um mecanismo fonatório
destinado aos adultos tem constituído um álibi para mascarar a penúria educativa
neste campo. O desconhecimento de que é possível ajudar a criança a construir
progressivamente a sua voz cantada antes da puberdade, tem levado a descurar este
aspecto importantíssimo da educação vocal infantil."( GIGA, 2004, P. 1).
A Laringe tem função vital respiratória e proteção das vias aéreas superiores, e
também se torna uma estrutura de complexa função fonatória. "Ao nascimento a laringe
é muito pequena. Existe alguma diferença de opinião quanto ao comportamento real das
pregas vocais. Existe um grande aumento no tamanho da laringe entre os 2,5 anos e 5
anos (CANDIDO, 1999, p. 12)"
O comprimento das pregas vocais não difere entre os sexos até os 10 anos. A
partir daí inicia-se a diferenciação e após os 15 anos as pregas vocais são mais longas no
sexo masculino.
Na presente pesquisa, entendemos que o estudo técnico pode e deve ser usado na
preparação vocal de crianças. Utilizando a definição sugerida por Perelló, técnica vocal
seria: “um conjunto de diretrizes sistematizadas, cuja realização progressiva por um
sujeito saudável pode proporcionar uma capacidade de execução vocal bela e correta em
termos de altura, intensidade, timbre e sem fadigar-se” (PERELLÓ, 1982). O objetivo
da técnica vocal, segundo o autor (e concordamos com tal afirmação) consiste em
aprender a respirar corretamente, impostar a voz de forma adequada e articular
claramente os fonemas (tendo em vista que as palavras “corretamente” e “adequada”
podem apresentar diversas interpretações conforme a linha de estudo em questão). O
que seria um treinamento vocal correto e adequado, tendo em vista a multiplicidade de
técnicas e ideais timbrísticos? Escolher um caminho para tal treinamento não é fácil.
Para tanto, a presente pesquisa propõe apresentar mediante referencial teórico aspectos
que devem ser observados na busca de um caminho técnico- vocal satisfatório baseados
na plena consciência corporal.
Coelho faz uma analogia entre o canto e outros instrumentos musicais para
explicar a relevância de uma postura corporal ideal durante a fonação:
"Em qualquer instrumento musical, a sonoridade não depende apenas da técnica e do
sentimento do artista, mas também da qualidade do material empregado e do
refinamento presente em cada detalhe de sua construção. No canto, o instrumento a ser
executado é o próprio corpo. Fazendo uma analogia: a saúde geral, física e psíquica,
corresponde à qualidade do material empregado; a postura, ao refinamento de sua
construção."(COELHO, 1994, p. 25- 27). O processo de consciência corporal deve
vincular-se desde sempre à conscientização postural. Segundo Hofbauer (1978, apud
Coelho, 1994) “os principais objetivos de um trabalho de postura são: adquirir
consciência do próprio corpo, colocá-lo em posição natural, manter ou restabelecer sua
elasticidade, e desenvolver equilíbrio e autocontrole.”. Uma postura consciente dá
leveza e flexibilidade ao corpo inteiro, incluindo os órgãos ligados à fonação. Cantar
por si só implica numa série de movimentos musculares. Tais músculos precisam
equilibrar relaxamento e tensão em doses corretas. Se por um lado os músculos de
pescoço e ombros devem estar relaxados para o canto, outros músculos ligados ao
manejo respiratório precisam de tonicidade para o seu melhor aproveitamento. É através
de uma boa postura que tal equilíbrio é atingido.
Entende-se como uma boa postura para o canto segundo os autores consultados:
"É importante observar as seguintes alterações: arqueamento
de ombros, posicionamento da coluna, anteriorização do
queixo, inclinação e/ou rotação da cabeça, pois elas
comprometerão a qualidade vocal e, com o uso prolongado
da voz, possivelmente prejudicarão a livre excursão de
laringe, o mecanismo respiratório e o processo vocal como
um todo. As posições da cabeça, do pescoço, dos ombros, do
tórax são particularmente importantes, pois estas partes do
corpo contribuem diretamente para a emissão da voz agindo
sobre a laringe, as pregas vocais, a respiração e as cavidades
de ressonância" (Souza, D.P.D.; Silva, A.P.B.V.; Jarrus,
M.E.; e Pinho, S.M.R.; 2006; p. 218).
2
Osso hióideo - pequeno osso em forma de ferradura situado na parte anterior e média do pescoço, entre
a base da língua e a laringe (HOUAISS, 2000) - Músculos supra-hióideos: Músculos digástrico, estilo-
hióideo, milo-hióideo, e genio-hióideo (http://www.auladeanatomia.com/sistemamuscular/pescoco.htm).
“No canto, como na palavra falada, a laringe, que é um órgão móvel, deve estar livre
para executar movimentos de elevação ou abaixamento que estão relacionadas com as
flutuações da linha melódica (...). Ela muda também de lugar conforme a posição da
cabeça (inclinada à frente, ela se abaixa; levantada, ela se eleva)” (DINVILLE, 1993, p.
32). As crianças devido abaixa estatura tendem a levantar o pescoço freqüentemente
para cantar ou falar.
3
While children cannot and need not undertake the intensive training in breath control required by adult
singers in certain musical genres, they can be encouraged to be aware of their breathing, and that it is
important in their singing. I find it to draw their attention away from the chest area, to minimize the
chance of tightness in the neck and shoulders, and to help maintain a relaxed feeling in those areas.
4
NITSCHE, P.. Higiene de la voz infantil. Buenos Aires, Eudeba, 1967.
definição de Coelho: "Apoio, portanto, é o controle elástico e consciente da força retrátil
passiva e espontânea do movimento de elevação do diafragma ao promover a expiração,
e é conseguido pelo domínio de seus antagônicos-- músculos abdominais e intercostais--
com a finalidade de manter o equilíbrio da coluna de ar e aplicá-la a fonação". Em
resumo o apoio respiratório consiste em dosar a saída de ar de acordo com a duração,
com a intensidade e com o objetivo da frase musical (Souza, D.P.D.; Silva, A.P.B.V.;
Jarrus, M.E.; e Pinho, S.M.R.; 2006, p.218).
Uma boa voz implica em articular com precisão cada som do texto e pronunciar
com clareza e flexibilidade permitindo a compreensão.
3.2.5 TESSITURA
O ataque vocal diz respeito a como se inicia a adução glótica durante a fonação.
Pode ser suave, brusco ou aspirado. O ataque vocal suave consiste na adução glótica
suave, sincronizada com a expiração controlada. O ataque vocal brusco pode ser
causado por uma adução intensa, ou adução precoce e fluxo expiratório excessivo diante
de adução intensa. O ataque vocal aspirado pode ser fruto de uma adução deficiente ou
atrasada (SOUZA, D.P.D.; SILVA, A.P.B.V.; JARRUS, M.E.; e PINHO, S.M.R.; 2006;
p. 219). “Ataque é, no canto lírico, o termo para definir se o ar deve sair antes (ataque
macio), ao mesmo tempo (ataque sincronizado) ou depois (ataque duro) das pregas
vocais se fecharem para a emissão vocal” (FARAH, 2010, p. 64).
O ataque vocal que incentivamos nesta pesquisa é suave, ou seja, uma adução
glótica suave, sincronizada com a expiração controlada.
4 CONCLUSÃO
BIBLIOGRAFIA
GIGA, I. A Educação Vocal da Criança. Instituto Politécnico do Porto. Acesso em: 25/10/2014.
Disponível em <http://recipp.ipp.pt/bitstream/10400.22/3153/1/ART_IdaleteGiga_2004.pdf>
LAURENCE, F. Children’s singing in POTTER, J.. The Cambridge companion to singing.
Cambridge, Cambridge University Press, UK, 2000, p.221 – 230..
SUNDBERG, J. The science of the singing voice. Northean Illinois University Press, Dekalb,
Illinois, 1987.