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Caderno Didático de
Biologia Celular (BLG 138)
Élgion Loreto
Página
Introdução 3
Primeira Parte
Uma breve revisão de Biologia Celular 4
A lógica da composição molecular dos seres vivos 4
Segunda Parte
Recomendações de ordem geral a serem observadas no uso do Laboratório. 27
O uso do microscópio óptico (mo) 29
Observando células de epitélio de escamas de cebola 40
Propriedades físico-químicas dos componentes da membrana plasmática. 41
Comparando células procariotas e eucariotas. 42
Um pouco de físico-química: pH 44
Estudando a passagem de solutos e solventes pela membrana plasmática. 47
Fracionamento celular :
centrifugação. 49
cromatografia 51
eletroforese 53
Observação de ciclose e cloroplastos em células de Elodea 54
Observando cílios e sistema de endomembranas 57
Preparação de lâminas permanentes 59
Observação de complexo de Golgi em lâminas permanentes de epidídimo 60
Observação de células musculares estriadas 61
Observação de mitose em ponta de raiz de cebola 62
Atividades de práticas de biologia como componente
de formação pedagógica.
atividade 1 – Biologia na cozinha. 65
atividade 2 - O uso de modelos didáticos e simulações 65
2
INTRODUÇÃO
Biologia Celular (BLG 138) é uma disciplina do primeiro semestre, e ministrada com duas
horas/aula (h/a) teóricas e duas h/a práticas semanais.
Os principais objetivos da disciplina são o dar ao aluno:
- uma visão atual da organização e funcionamento celular, assim como o domínio dos
conceitos básicos dessa área do conhecimento;
- uma visão histórica sobre as principais descobertas que levaram aos paradigmas atuais
dessas ciências;
- instrumentalização para busca de informação e atualização, de forma autônoma nessa
área do conhecimento;
- instrumentalização para o desenvolvimento de atividades didáticas de Biologia Celular,
para todos os níveis de ensino, incluindo as atividades práticas.
O presente Caderno Didático foi escrito para auxiliar a atingir os objetivos descritos acima.
Para tal, ele consta de duas parte:
1a) Uma breve revisão teórica atualizada, porém escrita em nível de ensino médio. Este
texto servirá de base para as primeiras semanas de aula teórica que consistirá de uma revisão
geral de Biologia Celular.
2a) Protocolos das aulas práticas. Estas atividades serão executadas durante as aulas
práticas e cabe ao aluno fazer o registro solicitado nos protocolos. Pensamos ser este material
uma posterior fonte de consulta para a execução de atividades didáticas.
CARVALHO, H.F. e RECCO-PIMENTEL, S.M. A célula 2001. Barueri,SP, Ed. Manole, 2001.
JUNQUEIRA , L.C. e CARNEIRO, J. Biologia Celular e Molecular. 7a Ed. Rio de Janeiro,
Guanabara-Koogan, 2000.
DeROBERTIS, E.D.P. e DeROBERTIS, E.M.F. Bases da Biologia Celular e Molecular. 14 ed, Rio
de Janeiro, Guanabara-Koogan, 2003.
COOPER, G.M. A célula, uma abordagem molecular. 2 ed P. Alegre, Artes Médicas, 2001.
ALBERTS, B. e colaboradores. Fundamentos da Biologia Celular. P. Alegre, Artes Médicas,
1999.
ALBERTS, B. e colaboradores. Biologia Molecular da Célula. 4 ed. P. Alegre, Artes Médicas,
2004.
3
Uma breve revisão de Biologia Celular
Unidade I
1. A água e suas propriedades especiais
A lógica da composição molecular A água é a molécula mais abundante
dos seres vivos:
nos sistemas vivos e perfaz 70%, ou mais, do
peso da maioria das formas de vida. Sempre
DE QUE SÃO FEITAS AS CÉLULAS?
admitimos a água como um líquido inerte,
Os conceitos primordiais para o
suave, conveniente para muitos propósitos
entendimento dos seres vivos são aqueles
práticos. Embora seja quimicamente estável,
relacionados aos tipos de moléculas que os
ela é uma substância com propriedades
compõem. Os seres vivos são formados por
incomuns. Na verdade, a água e seus
células e todas as células são constituídas
produtos de ionização, os íons H+ e OH-,
pelos mesmos componentes químicos,
influenciam profundamente nas propriedades
organizados em uma “lógica” muito simples:
de muitos componentes importantes das
átomos se agrupam para formar moléculas,
células, como as enzimas, as proteínas, os
estas, nos seres vivos são as vezes muito
ácidos nucléicos e os lipídios.
grandes, e por isto chamadas de
A molécula da água é eletricamente
macromoléculas, que se associam para
neutra, mas o arranjo dos átomos de
formar as organelas e demais partes da
hidrogênio e oxigênio em forma de V torna
célula. (Figura 1).
essa molécula um dipolo elétrico. Pela
presença dos dois pólos (+ e -) a água é dita
um solvente polar.
A água é melhor solvente do que a
maioria dos líquidos comuns. Quase todos os
sais minerais, podem ser dissolvidos na água
sob forma de íons, como por exemplo, os
íons de Na+, Cl -, K+, Mg++ . Estes íons, em
especial, são de fundamental importância no
controle da quantidade de água nas células
(pressão osmótica), e atuam também no
funcionamento de muitas enzimas e na
excitabilidade das células.
Figura 1. Organização das estruturas
celulares a partir dos átomos.
As moléculas orgânicas, que são as
moléculas mais importantes na constituição e
4
funcionamento dos seres vivos, podem que as moléculas biológicas podem ser
apresentar três diferentes comportamentos organizadas em apenas 4 classes. Além
com relação a água: a) são solúveis (se disso, deve-se levar em conta que as
solubilizam totalmente na água, como a moléculas orgânicas são formadas por,
maioria dos glicídios); b) são insolúveis (por aproximadamente, 30 componentes básicos.
exemplo, as gorduras neutras), ou c) são Entender esta classificação é fundamental
anfipáticos, isto é, possuem uma parte da para a compreensão da química da vida.
molécula que se dissolve na água e outra
As quatro classes de moléculas
que é insolúvel. Temos,como exemplo desse
orgânicas que estão presentes nas células
último tipo, os lipídios e proteínas que
são as seguintes:
compõem as membranas.
A) Glicídios (também chamados de
A forma e propriedades funcionais
açúcares ou carboidratos)
que as macromoléculas vão apresentar são
B) Ácidos nucléicos
profundamente influenciadas pelo modo com
C) Proteínas
que elas interagem com a água. Sendo
D) Lipídios (gorduras)
assim, esse líquido “inodoro, incolor e sem
As três primeiras classes formam
gosto” desempenha, no funcionamento
MOLÉCULAS POLIMÉRICAS, isto é , são
celular, um papel muito importante.
moléculas compostas por “unidades que se
repetem”, denominadas MONÔMEROS.
2. As moléculas orgânicas
Em uma primeira observação,
podemos constatar que os seres vivos são
quimicamente muito complexos. Suas
moléculas orgânicas são “gigantescas”
quando comparadas as moléculas “dos seres
brutos” e, além disso, são extremamente
variáveis. Por exemplo, um organismo bem
simples como uma bactéria, pode ter mais de
2.000 proteínas diferentes. Um ser humano
Figura 2. Formação de polímeros
deve ter em torno de 100.000 tipos de
proteínas.
Podemos resumir a composição das
Como poderemos estudar
macromoléculas orgânicas dos seres vivos
quimicamente estes seres, se, considerando
na Figura 3, em que encontramos os átomos
somente as proteínas, temos uma
que compõem cada classe de
diversidade tão grande ?
macromolécula, os monômeros de cada
Esta tarefa, que aparentemente é
classe e o polímero formado.
impossível, torna-se facilitada pelo fato de
5
Devemos lembrar que na Figura 3 as No grupo dos glicídios, o principal
moléculas poliméricas aparecem formadas monômero é a glicose. Nas proteínas, os
por poucos monômeros, mas na realidade, monômeros são 20 diferentes aminoácidos
geralmente, elas são formadas por milhares e, nos ácidos nucléicos, são “basicamente”
deles. 8 nucleotídeos. Somando-se a estes alguns
tipos predominantes de lipídeos, teremos
então, aproximadamente os 30- 40
componentes químicos básicos, e suas
variações, que são predominantes nos
seres vivos.
2.1 PROTEÍNAS
As proteínas são as moléculas
responsáveis pelo funcionamento da
célula.
6
no corpo humano, cerca de 100.000 tipos estrutura primária . A substituição de um
diferentes de proteínas, cada uma sendo único aminoácido em uma cadeia protéica,
especialista em uma função. provoca uma alteração na estrutura primária
As proteínas são construídas a partir dessa proteína. A conseqüência da
de 20 tipos de aminoácidos, que diferem modificação pode ser grave, resultando em
entre si através de uma parte da molécula, uma nova proteína que não funcione
chamada de radical. corretamente dentro da célula.
Chamamos de estrutura secundária a
interação entre os aminoácidos vizinhos um
uma cadeia polipeptídica. A interação entre
radicais + e – ou hidrofóbicos e hidrofílicos
fazem com que parte da cadeia se organize
em α hélice ou pregas (folhas) β.
Na Figura 5, está representada a
estrutura primária da ribonuclease bovina, que
é uma enzima que degrada o RNA. Na
estrutura primária, está explícito apenas qual é
a ordem dos aminoácidos que compõem uma
proteína, ou seja, qual é o primeiro, o segundo,
o terceiro... até o último aminoácido.
7
proteínas depende da seqüência de O modo como uma proteína irá
aminoácidos (estrutura primária). desempenhar a sua atividade dependerá de
sua forma tridimensional, ou seja, depende
de sua estrutura terciária, que em última
análise depende da seqüência de
aminoácidos que compõe a proteína
(estrutura primária).
A troca, acréscimo ou retirada de um
aminoácido PODE ocasionar alterações na
estrutura dessa proteína, alterando sua forma
e, portanto, sua função. A troca de um
aminoácido na proteína ribonuclease, por
exemplo, a substituição do terceiro
aminoácido (treonina) por uma glicina
resultará em uma proteína com outra forma
Figura 6. Estrutura secundária e
terciária da mioglobina. tridimensional e incapaz de executar sua
função.
Forma e Função das Proteínas
Somos formados por aproximadamente 100
Para todo o lado que olhamos,
trilhões de células. As células são estruturas
podemos observar que a forma dos objetos é
muito organizadas cujo funcionamento é,
que ditam a sua função. Na Figura 7, temos a
essencialmente, realizado por uma classe de
representação de uma tesoura e de uma
moléculas, as proteínas. São as proteínas
colher. É muito difícil cortar um pano com
que irão dar forma as estruturas celulares,
uma colher, ou comer sopa com uma
transportar substâncias, realizar as reações
tesoura. A forma desses objetos é que
químicas necessárias a sobrevivência e
permite sua função.
crescimento da célula, enfim são elas que
irão pôr as células a funcionar. Existem
milhares de proteínas diferentes em cada
célula. Cada proteína está envolvida em uma
função ou atividade específica. Diferentes
células apresentam proteínas diferentes, o
que explica as variações nas formas e
funções observadas em cada tipo celular
8
proteína como um colar de pérolas, cada um deles está relacionada à sua forma.
aminoácido sendo uma pérola. Existem 20 É a estrutura tridimensional que permitirá
diferentes tipos de aminoácidos, o que a uma enzima (proteína que ativa
poderia ser representado em nosso colar por
reações químicas) encaixar-se
pérolas de 20 cores diferentes. O número de
perfeitamente ao seu substrato e alterá-
pérolas e a seqüência nas cores das pérolas
lo. Vamos a um exemplo: o fator VIII é
(aminoácidos) variam de proteína para
uma proteína de 2.531 aminoácidos e
proteína, como nos dois "colares" vistos na
Figura 8.
está envolvida na coagulação sanguínea.
A ausência ou a redução da atividade
dessa proteína no sangue causa a
hemofilia clássica (hemofilia A), condição
em que a pessoa pode morrer devido à
hemorragia intensa e de longa duração,
desencadeada por qualquer pequeno
ferimento.
9
indivíduos, sendo, no entanto, normal e As Proteínas na Nossa Dieta
não hemofílica. As proteínas, enquanto
macromoléculas, não são essenciais na dieta
humana. Alguns monômeros que formam as
Figura 9 Esquema de uma reação enzimática organismo e criaria anticorpos contra elas.
As proteínas são moléculas muito
grandes. Por exemplo, o colágeno é
composto por aproximadamente 3.000
10
aminoácidos. Essa proteína fibrosa é o Resumindo o que foi apresentado
principal componente da matriz extracelular e sobre proteínas, podemos dizer que:
do tecido conjuntivo. Se considerarmos que a
molécula da água (que é bem menor que a
O funcionamento de um organismo
de um aminoácido) tem dificuldade de depende de suas proteínas.
atravessar a pele, como poderia ser
absorvida uma molécula de 3.000 O funcionamento de cada proteína
aminoácidos? Mas muitos cremes “vendem” depende de sua forma.
a idéia de que podemos “repor” o colágeno
que está faltando em nossa derme, usando A forma de uma proteína depende da
colágeno de galinha. Na verdade essa seqüência dos aminoácidos que a compõem.
proteína não consegue atravessar a pele e
A questão agora é explicar:
chegar na derme, onde normalmente está
Como o organismo estabelece seqüência
depositada. Caso isso acontecesse,
de aminoácidos que deve estar presente
provocaria uma reação alérgica (seria um em cada proteína?
antígeno).
Os aminoácidos são divididos em A seqüência de aminoácidos das
essenciais, isto é, aqueles que precisam proteínas “está escrita” (codificada) nos
fazer parte de nossa dieta, pois não temos a genes. Os genes são compostos de outro
capacidade de sintetizá-los e não essenciais tipo de molécula orgânica, os ácidos
(aqueles que podemos sintetizar). nucléicos.
A quantidade de proteínas
necessárias na dieta varia conforme a idade 2.2.ÁCIDOS NUCLÉICOS
e o estado fisiológico. Crianças, gestantes e Os ácidos nucléicos também são
lactantes necessitam mais proteínas do que macromoléculas poliméricas, formadas por
adultos. Um adulto jovem, com intensa monômeros chamados de nucleotídeos.
atividade física, deve consumir em torno de Cada nucleotídeo é formado por uma base
56g diária de proteínas. Os alimentos de nitrogenada, um açúcar (ribose ou
origem animal, como carne, leite e ovos são desoxirribose) e fosfato (Figura 10):
ricos em proteínas. Os vegetais também têm
proteínas porém em quantidades menores.
Por exemplo, uma fatia de pão de trigo
integral possui 2 gramas de proteína, mas
como essa é uma proteína de baixa
qualidade, um adulto jovem precisaria comer
72 fatias diárias para obter as 56 g de
proteínas.
Figura 10. Nucleotídeo
11
Estes monômeros se unem para 1) Capacidade de replicação. Com o auxílio
formar dois tipos de polímeros, o DNA (ácido de enzimas, a dupla hélice de DNA se abre,
desoxirribonucléico) e o RNA (ácido formando fita simples e pode ser duplicada,
ribucléico). originando cópias exatamente iguais a
Os ácidos nucléicos são formados molécula original.
pela união de nucleotídeos (Figura 11). 2) Capacidade de conter a informação da
seqüência de aminoácidos que compõe as
proteínas. As seqüências de nucleotídeos do
DNA determinam a estrutura primária das
proteínas.
Figura 11- Molécula de ácido nucléico
12
a) Monossacarídeos - como por exemplo a As principais funções
glicose e a frutose. Os monossacarídeos desempenhadas pelos glicídios são:
podem unir-se formando dissacarídeos. Por -ENERGÉTICA: são fonte de energia
exemplo, a sacarose (açúcar de cana) é a para a célula (ou reserva de energia)
união de uma frutose e uma glicose. A - ESTRUTURAL: formam as paredes
maltose é formada pela união de duas das células vegetais
moléculas de glicose e a lactose (açúcar do -RECONHECIMENTO: estão
leite) é formada pela união de galactose e envolvidos no processo de reconhecimento
glicose. célula-célula nos tecidos dos animais
pluricelulares, através do glicocalix.
2.4. LIPÍDIOS
Os lipídios ou gorduras
desempenham importante papel na estrutura
e função celular. Há várias classes de
lipídios e cada uma possui funções biológicas
específicas.
Os ácidos graxos são a unidade
fundamental da maioria dos lipídios e junto
com os triglicerídios constituem as principais
gorduras neutras que funcionam como
reservas energéticas.
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estas moléculas terão uma parte polar muito específica, a amilase desdobra o
(hidrofílica) e uma parte apolar (hidrofóbica) amido em glicose.
Os fosfolipídios e esfingolipídios são Se ao invés de acrescentar saliva na
componentes fundamentais das membranas mistura, acrescentássemos os aminoácidos
biológicas (será visto adiante). que compõem a amilase, iria ocorrer a
Outra classe de lipídio é a dos reação de degradação do amido? É claro que
esteróides que podem ter função estrutural, não. Uma pilha de tijolos não é o mesmo que
como o colesterol que é um componente da uma casa. Uma mistura de aminoácidos
membrana plasmática. Outra função isolados, não possui as propriedades da
desempenhada pelos esteróis é a hormonal, proteína que poderia ser formada pela união
como por exemplo a testosterona, desses aminoácidos.
progesterona. Para que uma proteína desempenhe
uma função definida, é necessário que ela
tenha uma forma específica. A estrutura
tridimensional de uma proteína é resultado
ESTRUTURAS SUPRA-MOLECULA-
da união de aminoácidos em uma seqüência
RES E A EMERGÊNCIA DE NOVAS
também específica. Portanto, é a ligação
PROPRIEDADES sucessiva de um aminoácido ao outro que irá
determinar a forma final de uma proteína e
Um conceito importante para o
sua capacidade funcional.
entendimento dos seres vivos é o de
As macromoléculas apresentam
“propriedades emergentes”. Vejamos um
propriedades novas que não estão presentes
exemplo bem simples: um professor
nos seus componentes isolados. A amilase,
demonstra a ação enzimática da amilase
por exemplo, tem a capacidade de degradar
salivar, através de um experimento muito
o amido, porém esta propriedade não está
comum, que pode (e deve) ser realizado em
presente em nenhum dos aminoácidos que
sala de aula. Nesse experimento, uma
compõem a amilase. Quando, pela união de
solução de Maizena é fervida e distribuída
aminoácidos em uma seqüência específica, a
em dois frascos. Em apenas um dos frascos
macromolécula amilase se forma, EMERGE
adiciona-se um pouco de saliva e ,depois,
uma nova propriedade (capacidade de
uma gota de lugol (ou solução de iodo) é
degradar a amido) que não está presente nos
acrescentada em ambos os frascos.
seus componentes.
Neste caso, a alteração de cor que
As propriedades emergentes são um
se observa no frasco é explicada pelo fato da
atributo da forma esterioquímica da
enzima presente na saliva ter a
macromolécula. Do mesmo modo que a
PROPRIEDADE de degradar o amido da
forma da tesoura confere a esse instrumento
Maizena. Essa é uma propriedade catalítica
uma propriedade nova (capacidade de
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cortar), a forma da proteína amilase lhe Os ribossomos são estruturas
permite catalisar a reação amido➜glicose. capazes de auto-montagem, isto é, basta
Muito do funcionamento celular colocarmos todos os componentes juntos e,
depende das propriedade emergentes de em condições físico-químicas apropriadas,
suas macromoléculas. Mas as células não automaticamente as sub-unidades do
são formadas apenas de macromoléculas, ribossomo montam-se. É possível, portanto,
elas possuem também ESTRUTURAS desmontar e remontar os ribossomos em
SUPRAMOLECULARES. tubos de ensaio. E sempre, após a auto-
Estruturas supramoleculares são montagem, uma PROPRIEDADE nova
estruturas formadas por várias EMERGE : “os ribossomos são capazes de
macromoléculas. Um exemplo de estrutura fazer síntese de proteínas”.
supramolecular é o ribossomo (Figura 16). Todas as organelas intracelulares
Cada sub-unidade do ribossomo é formada são estruturas supramoleculares. A
por várias macromoléculas. A sub-unidade mitocôndria, por exemplo, é formada por um
maior é formada por 3 diferentes RNAs grande número de proteínas, lipídios, DNA,
ribossômicos: um com 120 nucleotídeos RNA... que formam suas membranas, os
(nts), outro com 160 nts e o terceiro com seus ribossomos, corpúsculos elementares,
4700 nts. Além dos RNAs a sub-unidade etc... Estas macromoléculas, ao se
maior apresenta 49 diferentes proteínas associarem, formam a mitocôndria que
(denominadas L1, L2, L3, ... até L49). Na possui propriedades novas que não estão
sub-unidade menor temos apenas um rRNA presentes nos componentes isolados. Por
de 1900 nts associado a 33 proteínas exemplo, a síntese quimiosmótica do ATP só
(denominadas S1, S2, ..até S33). é possível graças à estrutura da mitocôndria
que é dada pela totalidade de seus
componentes associados, e não pode ser
realizada apenas por um ou outro
componente da mitocôndria. Este é outro
exemplo de uma propriedade emergente, que
só se manifesta a partir do surgimento de
uma estrutura com organização
supramolecular.
15
UNIDADE II dependia exclusivamente do microscópio
óptico e de alguns corantes. Neste período, o
que mais chamava a atenção, quando se
A ORGANIZAÇÃO CELULAR observava uma célula, era a presença do
O tema de estudo da Biologia, a núcleo. Posteriormente, verificou-se que, no
VIDA é uma propriedade emergente de uma núcleo, estavam os cromossomos e inferiu-
supraestrutura: a célula. A Vida originou-se se que estes eram depositários dos genes.
na Terra a +/- 3.5 bilhões de anos atrás Assim, a idéia de que, no núcleo,
quando “montaram-se” as primeiras células. estava o controle do funcionamento celular é
O CONCEITO DE CÉLULA MÍNIMA relativamente antiga, porém por muito tempo
A definição mais comum para célula não foi possível saber exatamente como
é: “unidade morfo-fisiológica dos seres esse controle era exercido.
vivos”. Mas o que caracteriza uma célula?
Quais são os componentes MÍNIMOS para
que uma estrutura possa ser considerada
uma célula?
De uma forma geral, quando
perguntamos como é constituída e como
funciona uma célula, a resposta mais comum
é:
“...formada por membrana, citoplasma e Figura 17. Aspecto geral da organização
núcleo. A membrana reveste a célula, celular de um procarionte.
fazendo as trocas com o meio, o
citoplasma contém as organelas CARACTERÍSTICAS BÁSICAS DE UMA
responsáveis pelo funcionamento da CÉLULA (uma concepção atual)
célula e o núcleo controla este Se a descrição de uma célula como
funcionamento.” um conjunto de membrana, citoplasma e
Devemos considerar, entretanto, dois núcleo é uma visão originária do fim do
aspectos importantes: século passado, quais seriam as
1) As bactérias e demais procariontes são características da organização celular em
organismos celulares e não possuem núcleo; uma visão contemporânea?
2) Quando dizemos que o núcleo “controla” o Para responder essa questão temos
funcionamento celular, não fornecemos que pensar em características que sejam
nenhuma idéia de como isto ocorre. comuns a todas as células, sejam elas
Esta visão da constituição e procarióticas e eucarióticas.
funcionamento celular é originária do fim do São quatro as partes essenciais que
século passado e, nessa época, o estudo da podemos encontrar em toda célula:
estrutura e do funcionamento celular
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① Membrana - delimita a célula, separando ambiente. Estas trocas são controladas pela
os demais elementos celulares do meio membrana plasmática. Por isto a principal
ambiente e regulando as trocas da característica da membrana é a
célula com o meio; PERMEABILIDADE SELETIVA.
② Maquinaria metabólica – conjunto de Assim, a membrana é permeável
enzimas e proteínas capazes de utilizar porque deixa passar substâncias através
a matéria e energia do meio ambiente dela, porém, faz isso seletivamente, ou seja,
para realizar as funções celulares; escolhendo o que deve entrar e sair da
③ Informação genética - informação de célula.
como, quando e onde montar as Para se entender como a membrana
proteínas da máquina metabólica e realiza esta função de permeabilidade
demais proteínas estruturais da célula seletiva, temos que estudar como a
④ Maquinaria de síntese protéica – é membrana é constituída quimicamente e
constituída por ribossomos, mRNAs e como estes componentes atuam.
tRNAs capazes de transformar a Os lipídios da membrana são
informação genética em maquinaria diferentes dos lipídios que são usados como
metabólica. reserva de energia (ácidos graxos e
Estes componentes celulares podem triglicerídios). Enquanto os lipídios
ser facilmente reconhecidos nos energéticos são insolúveis em água, os
Mycoplasma, um tipo de bactéria, que são os lipídios que compõe a membrana (chamados
seres celulares estruturalmente mais simples de fosfolipídios, esfingolipídios e outros) são
que conhecemos (Ver Figura 17). ANFIPÁTICOS, ou seja, têm uma parte da
molécula que é eletricamente carregada e
Vamos, a seguir, tratar de cada uma hidrofílica (solúvel em água), e outra parte
dessas partes que compõem o que podemos que é hidrofóbica (insolúvel em água) -
chamar de uma célula mínima. Figura 18.
MEMBRANA CELULAR
ou membrana celular.
A célula não pode se isolar do meio Tendo esta característica anfipática,
constante troca de matéria e energia com o vão ter uma organização típica, formando
17
finas membranas em BICAMADAS, conforme proteínas da membrana também terão uma
representado na Figura 19. parte hidrofílica e uma parte hidrofóbica.
18
TRANSPORTE DE SUBSTÂNCIAS PELA
MEMBRANA
As substâncias passam pela
membrana de três formas diferentes:
1) Difusão simples: Algumas substâncias
como o O2, CO2, álcool e éter, por serem
solúveis tanto em água como em gorduras,
podem passar diretamente pelos
fosfolipídios. Para estas substâncias, a
Figura 21- Modelo do MOSAICO membrana não constitui uma barreira, e suas
FLUIDO da membrana biológica moléculas vão difundir de onde elas estão
mais concentradas para aonde estão menos
Este modelo é chamado de concentradas (1 na Figura 22).
MOSAICO, porque os componentes da
membrana se organizam como um mosaico
(associação de pequenas peças que se
encaixam ou sobrepõe para formar uma
estrutura). A denominação de Mosaico
FLUÍDO é justificada pelo fato de seus
componentes (fosfolipídios e proteínas) não
serem fixos na membrana, podendo
apresentar movimentos laterais.
Podemos resumir a atuação dos Figura 22 – Passagem de substâncias
componentes da membrana da seguinte através da membrana
forma:
a) OS FOSFOLIPÍDIOS atuam como uma A maioria das substâncias não pode
barreira, impedindo que as substâncias que atravessar livremente pela membrana e
estão dentro da célula saiam e evitando que precisam passar pelas proteínas. Essa
as substâncias que estão fora da célula passagem pode ocorrer de duas maneiras:
entrem. 2) Transporte passivo ou difusão
b) AS PROTEÍNAS funcionam como facilitada. O transporte passivo ocorre,
“portões” (tecnicamente chamados de quando uma substância está mais
CARREADORES ou POROS), por onde concentrada de um lado da membrana do
passam as moléculas; são as elas que que do outro, e há interesse da célula que
reconhecem as substâncias que devem esta substância passe pela membrana.
entrar ou sair da célula. Proteínas específicas, chamadas de
CARREADORES, permitem que essas
19
substâncias atravessem (geralmente através
de aberturas ou canais nas próprias NA INTERNET:
proteínas). Entenda melhor a membrana celular comparando-
No caso do transporte passivo, não a com bolhas de sabão:
há gasto de energia, porque é a favor do www.sbbq.org.br/revista/artigo.php?artigoid=41
gradiente de concentração ( 2 na Figura 22).
3) Transporte Ativo: Quando é do interesse
da célula transportar substâncias contra um
gradiente de concentração, (ou seja, de onde
tem pouco de uma substância para aonde já
existe bastante dessas mesmas moléculas) a
célula precisa gastar energia para fazer esse
transporte (3 na Figura 22).
Como podemos ver, somente
moléculas não muito grandes podem entrar e
sair da célula pelos carreadores. Moléculas
grandes como as proteínas, ácidos nucléicos BRINCAR COM BOLHAS DE SABÃO PODE
ou polissacarídeos, somente em condições AJUDAR A ENTEDER A
muito especiais podem passar pela
membrana.
Moléculas grandes
(macromoléculas), assim como estruturas
ainda maiores como vírus ou células não
passam diretamente pela membrana celular,
e só entram na célula através de
mecanismos de TRANSPORTE DE MASSA,
chamado endocitose (fagocitose e
pinocitose). Mas vale ressaltar que através
da fagocitose e pinocitose as substâncias ou
estruturas entram na célula, mas não
“passam a membrana” pois entram MEMBRANA SEGUNDO O MODELO
envolvidas em membrana. MOSAICO-FLUIDO
20
MAQUINARIA METABÓLICA os em energia ou em outras moléculas
estruturais da célula; as proteínas motoras
O que permite que uma lacto- que produzem movimento dos componentes
vinho no leite, ela não vai se desenvolver, o da célula, enzimas transformarão estes
iogurte, quando colocada no vinho. Por que aceto-bactéria. Enfim, possibilitam o “sonho
21
nucléicos. Para todas as células seqüência de DNA que é essencial para uma
(procarióticas ou eucarióticas), a função específica. Três tipos de genes são
macromolécula informacional é o DNA. reconhecidos:
Somente alguns vírus apresentam suas
informações armazenadas sob forma de 1) genes que codificam para
RNA. proteínas. São transcritos para RNA
A informação genética total, mensageiro (mRNA) e subseqüentemente
carregada por um organismo ou célula, é traduzidos, nos ribossomos, para proteínas.
denominada de GENOMA. Por exemplo, na
nossa espécie, o genoma das células
somáticas é constituído por 46 moléculas de 2) genes que especificam RNAs
DNA. Cada uma dessas moléculas se funcionais, como os RNAs ribossômicos
organiza sob forma de um cromossomo, ou (rRNA); RNAs transportadores (tRNA) e
seja, cada cromossomo contém uma única RNAs que desempenham funções
molécula de DNA que é contínua, regulatórias na célula como os snoRNA e
começando em uma extremidade do miRNA.
cromossomo e prolongando-se sem
interrupção até a outra extremidade. Temos
também uma 47a molécula de DNA que é o 3) genes não transcritos. São
cromossomo mitocondrial. seqüências de DNA que, embora não sejam
O genoma de células mais simples, transcritas, desempenham alguma função.
como as bactérias, está organizado em um Por exemplo, os genes de replicação,
único cromossomo circular. Em torno de envolvidos na duplicação do DNA; genes de
2000 genes estão presentes no genoma de recombinação, que são seqüências
uma bactéria, como a Escherichia coli. envolvidas no processo de crossing-over;
O cromossomo bacteriano como de seqüências teloméricas, envolvidas na
6
E. coli possui aproximadamente 4,2x 10 proteção das extremidades dos
pares de bases. Ou seja, se contássemos o cromossomos...
número de diferentes nucleotídeos
ATCCGGTAACC... em uma das fitas do
DNA, este número seria de, Assim, o genoma contém um grande
aproximadamente, 4.200.000 nucleotídeos. É número de genes que, quando necessários,
na seqüência de bases desta imensa são ativados, ou seja, são copiados em RNA
molécula de DNA que “está escrito” a (ver Figura 23).
informação genética, nos genes dessa
bactéria.
Estudos moleculares recentes tem
ampliado o conceito de gene: é uma
22
Figura 23) Exemplo hipotético do
genoma de um procarionte O genoma
contém muitos genes. Alguns são genes
para tRNA, outros para rRNA e outros ainda
codificam para polipeptídios (mRNA).
23
MAQUINARIA DA SÍNTESE PROTÉICA tenha uma trinca de bases que seja
o início da fita de mRNA e se liga ao mRNA . modo, as três bases do mRNA (códon) que
Essa ligação permite que a subunidade maior ocupam o sítio A, ao selecionar qual o tRNA
ocupar o sítio A, porém para que o tRNA ocupados por tRNAs, que tenham anticodons
permaneça nesse sítio é necessário que ele complementares ao mRNA, na parte superior
24
da subunidade maior do ribossomo, ocorre a polipeptídica. É comum encontrar, no
ligação entre os aminoácidos que esses citoplasma, vários ribossomos realizando
tRNAs transportam. Quando essa ligação tradução a partir da mesma fita de mRNA.
ocorre, o ribossomo se desloca sobre a fita Desse modo, a célula pode originar várias
de mRNA e esse deslocamento corresponde moléculas da mesma proteína com um único
exatamente a três nucleotídios. Assim, a RNA mensageiro.
cada ligação entre dois aminoácidos, um h Final da síntese - os ribossomos
novo códon ocupa o sítio A e determina a seguem se deslocando na fita de mRNA e
entrada de um novo tRNA que trará o quando o sítio A é ocupado por uma trinca
próximo aminoácido a ser ligado. Com o UAA, ou UAG ou UGA o crescimento da
deslocamento do ribossomo, o tRNA que cadeia polipeptídica é interrompido. Nenhum
trouxe o último aminoácido adicionado passa tRNA possui anticodons complementares a
a ocupar o sítio P e o tRNA, que antes estava essas trincas e por isso esses codon são
nesse sítio, é liberado pelo ribossomo, chamados “sem sentido” e sinalizam o fim da
podendo voltar a participar da síntese de tradução. Depois que o ribossomo atinge um
proteínas quando estiver de novo ligado a um desses codon, as subunidades se separam.
aminoácido específico. Por exemplo, na A subunidade menor pode, então, se
Figura 26, no início da tradução, o sítio P associar novamente com a parte inicial de
está ocupado pelo códon AUG e pelo tRNA um mRNA, iniciando novamente um
da metionina, e o sítio A está ocupado com o processo de tradução.
códon UUU e o tRNA da fenilalanina. Após a
ligação entre os dois primeiros aminoácidos
(metionina e fenilalanina), com o Através dos mecanismos de
deslocamento do ribossomo, o tRNA da transcrição e tradução, a informação genética
metionina perde sua ligação com esse “se transforma” em maquinaria metabólica.
aminoácido e sai do ribossomo. O tRNA da Assim, em uma célula simples como uma
fenilalanina passa, então, a ocupar o sítio P lacto-bactéria, a informação contida no
e se mantém ligado à fenilalanina, que por genoma é traduzida, isto é, esta informação é
sua vez está ligada à metiona. À medida que capaz de conduzir a síntese de um bom
o ribossomo se desloca, a cadeia número de proteína que estarão aptas a
polipeptídica vai crescendo, sempre ligada ao utilizar os “nutrientes” presentes no leite, para
tRNA que acabou de fornecer o último manter a estrutura celular e ainda criar mais
aminoácido. macromoléculas e permitir o crescimento
Deve-se ressaltar que, logo após o desta bactéria e posterior reprodução.
primeiro deslocamento do ribossomo, o
códon de iniciação AUG fica liberado e outro
ribossomo pode se associar ao mRNA e
iniciar a síntese de uma segunda cadeia
25
Unidade III
DA CÉLULA PROCARIÓTICA PARA
A CÉLULA EUCARIÓTICA.
26
apresenta seu grau mínimo de enrolamento, Em (C) a fibra de nucleossomos se
constituindo a Cromatina. Conforme enrola sobre si mesma, originando a fibra em
podemos ver na Figura 27, a cromatina solenóide, em um formato de “fio de
apresenta vários graus de compactação: em telefone”; é nesse formato de solenóide que
(A) temos a molécula de DNA com seu a cromatina se encontra no núcleo na
–9
diâmetro de 2 namômetros (nm = 10 m) interfase.
não associado a nenhum tipo de proteína. A
Algumas proteínas ácidas unem as
dupla hélice sem proteínas associadas não é
fibras da cromatina formando às alças de
encontrada no núcleo das células, pois em
cromatina (letra D na figura). As alças vão
seu estado funcional o DNA eucariótico
sendo unidas em grupos cada vez mais
sempre está ligado a proteínas. Em (B) a
condensados, no centro da cromátide. No fim
molécula de DNA apresenta-se enrolada nas
desse processo, o cromossomo atinge seu
histonas, formando as fibras dos
grau máximo de dobramento, que
nucleossomos com 11 nm. Quando a célula
corresponde ao cromossomo metafásico, ou
inicia o processo de divisão, pode-se notar
seja, ele é observável na fase de metáfase
uma mudança no aspecto do núcleo. A
da divisão celular. (letras E e F na figura
medida que a célula avança na fase de
abaixo).
prófase, é possível visualizar, no núcleo, uma
condensação progressiva da cromatina.
Para dar uma idéia de como é longo
os fios de cromatina, apresentamos, na
Figura 28, a cromátide de um cromossomo
mitótico que teve as proteínas ácidas
removidas. Esse tratamento permitiu que as
alças constituídas pela fibra de cromatina se
desprendessem do centro da cromátide.
27
Ter genomas grandes é uma As principais vantagens da
característica dos eucariotes. Esses compartimentalização celular são:
organismos apresentam grandes  Permitir a separação e a associação dos
quantidades de DNA em suas células, mas sistemas enzimáticos;
boa parte desse DNA não é considerado  Aumentar a superfície interna da célula,
gene, pois não é transcrito, e não apresenta
aumentando o campo de ação enzimática e
função para a célula.
facilitando as reações químicas,
principalmente as que ocorrem em cadeia;
 Permitir diferentes valores do pH
intracelular.
Componentes do sistema de
endomembranas
ª Retículo endoplasmático:
O retículo endoplasmático é
constituído por endomembranas que limitam
túbulos (pequenos tubos) e cisternas
(cavidades em forma de sacos achatados).
O retículo endoplasmático é dividido em:
28
proteínas terão dois destinos: c podem ser temos as células glandulares. As células do
enviadas para fora da célula (secreção);d pâncreas produzem insulina, que é uma
proteína importante para todas as células do
podem ser enviadas para outra organela
organismo. A esta exportação de substância
(lisossomo) para participar da digestão
chamamos SECREÇÃO CELULAR.
intracelular.
A secreção celular tem várias
FASES. Vamos ver o exemplo da secreção
da insulina para entendermos estas fases. A
insulina é uma proteína, portanto, tem uma
seqüência específica de aminoácidos. Esta
seqüência está codificada no gene da
insulina que está no núcleo da célula. n A
primeira fase da secreção celular ocorre
então, no núcleo da célula, onde o gene é
transcrito em RNA mensageiro (mRNA). o
Este mRNA é então processado e sai do
núcleo. No citoplasma, ele irá se ligar aos
ribossomos no retículo endoplasmático
rugoso (RER) e, lá, ocorre a síntese da
proteína (insulina) que entra no RER.p A
insulina é transportada do RER até o
Figura 29- -Sistema endomem-
Complexo de Golgi, onde sofrerá algumas
branas da célula eucariótica
modificações (amadurecimento) e será
A Figura 29 apresenta o esquema de uma empacotada em vesículas.q As vesículas
célula eucariótica: produzidas pelo Complexo de Golgi,
mp=memb. plasmática; ri= ribossomos; mi= chamadas vesículas secretoras, serão
mitocôndrias; REG= retículo endoplasmático levedas para fora da célula. Neste caso, a
granular (rugoso); REA= ret. end. agranular insulina cairá na corrente sanguínea e será
(liso); c= centríolo; G= golgi; Li= lisossomos; levada para todas as células do organismo.
Pe= peroxissomos; vs= vesícula secretora;
ve= vesícula endocítica; mv= ª Lisossomos:
microvilosidade. São vesículas que contém hidrolases
ácidas (enzimas digestivas que atuam em pH
Secreção celular: ácido) e estão envolvidas no processo de
Muitas células produzem substâncias digestão intracelular.
de exportação, isto é, são substâncias que
vão atuar fora da célula. Como exemplo,
29
Digestão intracelular: às vezes o lisossomo primário
Chamamos de digestão intracelular a quebra envolve partes da própria célula, que por
de macromoléculas como proteínas, ácidos algum motivo não estão mais funcionais,
nucléicos e polissacarídeos em seus formando o AUTOFAGOSSOMO, que é um
respectivos monômeros, ocorrendo no lisossomo que digere uma parte da célula
interior da célula. Para fazer estas quebras, (AUTOFAGIA - auto= por si próprio / fagos=
são necessárias enzimas (PROTEASES, comer ).
DNAses, etc...). Estas enzimas não podem
ficar soltas no interior da célula, pois Como podemos notar, tanto na digestão
quebrariam as proteínas, DNA.... da própria celular como na secreção celular, nenhuma
célula. Por isso elas são isoladas no interior parte do sistema de endomembranas atua
de um compartimento, os lisossomos aonde sozinha, ao contrário, são processos em que
ocorre a digestão intracelular. várias partes do sistema de endomembranas
A digestão intracelular também atuam em conjunto.
ocorre em FASES: nop as três primeiras
fases da digestão são idênticas a secreção ª Peroxissomas:
celular, uma vez que para fazer digestão, Os peroxissomas ou microssomas são
precisamos enzimas que quebrem pequenas vesículas de forma esférica,
macromoléculas, e enzimas são proteínas, e semelhantes aos lisossomos, porém as
a mensagem de como fazer as proteínas enzimas que carregam são muito diferentes.
estão nos genes; q na quarta fase, ocorre a Os peroxissomas carregam OXIDASES
internalização do que vai ser digerido através (peroxidases, catalases e superoxido
da vesícula endocítica, ou seja, por dismutase) que são enzimas que quebram as
fagocitose ou pinocitose, a célula vai formas ativas do oxigênio (RADICAIS
internalizar o alimento dentro de uma LIVRES). Como exemplo de radicais livres
vesícula (vesícula endocítica) e r ocorre a podemos citar a água oxigenada (H2O2). A
união da vesicula endocítica com o lisossoma água oxigenada, chamada também de
primário (produzido no complexo de golgi, peróxido de hidrogênio é uma molécula muito
contendo as enzimas já prontas para atuar reativa, podendo reagir com as proteínas e
na digestão). Da união da vesícula endocítica outras macromoléculas quebrando-as. Por
com o lisossomo primário formar-se-á o isso muitas pessoas usam água oxigenada
lisossoma secundário, onde ocorrerá a para “branquear” os cabelos, pois a molécula
digestão. Após a digestão, os monômeros de H2O2 quebra a melanina que é uma
serão lançados para o hialoplasma (líquido proteína que dá a cor ao cabelo.
que envolve todos os compartimento do No interior de nossas células,
sistema de endomembrana), onde servirão milhares de reações químicas estão
para a célula montar novos polímeros. continuamente sendo realizadas, a estas
30
reações chamamos METABOLISMO. Muitas
reações metabólicas produzem,
normalmente, muitas formas reativas de
oxigênio do tipo da água oxigenada, ou
mesmo alguns mais reativos, como o
superoxido (O2-). Para impedir que estes
radicais livres degradem as nossas própria
proteínas e DNAs, as nossas células
Figura 30- Esquema trimensional do sistema
produzem algumas enzimas (oxidases) que
de endomembranas. Podemos ver o REG na
degradam estes radicais livres. Estas
forma de cisternas (sacos achatados) e o
enzimas são armazenadas nos
REL na forma de túbulos. O golgi também
PEROXISSOMAS.
apresenta a forma de cisternas, porém são
Crianças que nascem com um
menores e não possui ribossomos aderidos.
defeito genético em que estas enzimas não
são produzidas, morrem nos primeiros dois
anos de vida (Síndrome de Zellsweger).
CITOESQUELETO
ª Mitocôndria:
Um compartimento (organela) A habilidade da célula eucariótica em
citoplasmático muito importante é a adotar variedades de formas, assim como
mitocôndria, uma vez que este promover movimentos coordenados dos
compartimento está envolvido no processo componentes de seu interior, depende de
de transdução de energia (transferência de uma complexa rede de proteínas
energia provinda dos alimentos, filamentosas chamadas de
principalmente de moléculas de glicídios e CITOESQUELETO (Figura 31).
lipídios para a molécula de ATP - Adenosina
Tri-Fosfato. Citoesqueleto: rede de
proteínas filamentosas que dão
ª Núcleo: forma e movimento à célula
Este que é o maior compartimento do
sistema de endomembranas contém a
Diferente de um esqueleto feito de
informação genética, conforme já descrito
ossos, a rede de proteínas do citoesqueleto é
anteriormente.
muito dinâmica, reorganizando-se
continuamente. De fato, o citoesqueleto
poderia bem ser chamado de
“citomusculatura”, já que é responsável
pelas mudanças de forma das células, pelos
31
movimentos das células sobre um substrato
(movimento amebóide), atua na contração
muscular, assim como em todos os
movimentos intracelulares, tais como
transporte de organelas, segregação dos
cromossomos, etc...
32
durante a divisão celular, um feixe de são responsáveis por movimentos
microtúbulos se estende de um pólo da intracelulares (ex.: ciclose e movimentos
célula até o outro, estes microtúbulos amebóides). Essa função é executada
servirão como “trilhos” por onde as proteínas principalmente por uma proteína motora, a
motoras levarão os cromossomos para os MIOSINA, que também usa o ATP como
pólos da célula. fonte de energia e produz movimentos ao se
Cílios e flagelos (ex.: flagelo da ligar e “puxar” as fibras de actina.
“cauda” do espermatozóide), são formados
por muitos microtúbulos e proteínas motoras.
As proteínas motoras fazem com que os ªFILAMENTOS INTERMEDIÁRIOS
microtúbulos apresentem movimentos Os filamentos intermediários são
rítmicos, dando capacidade de deslocamento filamentos com um diâmetro em torno de 10
para a célula. Cílios e flagelos têm uma nm, formado por vários tipos de proteínas,
organização peculiar: nove pares de sendo a mais importante delas a
microtúbulos formarão um feixe em volta de QUERATINA.
um par central. Os filamentos intermediários
ªMICROFILAMENTOS filamentos associam-se a proteínas da
Os microfilamentos são formados, membrana plasmática e formam ligações
principalmente por uma proteína chamada entre células vizinhas, mantendo-as unidas.
ACTINA. Esta, é uma proteína globular, mas Nas células epiteliais, por exemplo, os
ao polimerizar-se formará longos filamentos filamentos intermediários são mais
de 5 a 9 nm. Estes filamentos formam uma abundantes pois a união entre as células
rede logo abaixo da membrana plasmática, deve ser mais forte.
servindo de sustentação para essa estrutura
que é muito fina e frágil.
DO UNICELULAR AO PLURICELULAR
33
muscular é tão diferente daquele de um
neurônio?
A medida que ocorre o
desenvolvimento dos organismos
pluricelulares, diferentes genes serão
ativados. ( VER FIGURA 34) As células vão
sofrer um processo chamado de
diferenciação, tomando as suas várias
funções. Embora todos os genes estejam
presentes em todas as células, nas células
musculares apenas alguns genes são ativos
(são transcritos) e então só as proteínas
codificadas pelos genes transcritos estão
presente nessas células. Já em uma célula
nervosa, embora possua os mesmos genes
da célula muscular, outros genes estão
ativos, resultando a tradução de outras
proteínas.
34
PRÁTICAS DE BIOLOGIA CELULAR*
Recomendações de ordem geral a serem
observadas no uso do Laboratório**
1
35
trabalhará, até obter a maior semelhança b) determine exatamente o espaço que
possível com o observado. vai ocupar o desenho, marcando com linha
9) Na Figura 2.2, encontrará um exemplo suave;
de proporção, formas, espaços, distâncias e c) observe a relação que guardam
grossuras dos traços. entre si os elemento a desenhar, isto é, sua
10) Antes de começar a desenhar o proporção, tamanho e forma, fixe-os com
contorno dos objetos: linhas auxiliares dentro do contorno geral
a) observe bem o preparado. Estude-o (Figura 2.2).
e interprete-o;
36
1a Aula
O USO DO MICROSCÓPIO ÓPTICO (MO)
37
observada. Em muitos aparelhos, a intensidade e “qualidade” da luz também pode ser controlada
através de um parafuso que permite subir ou baixar o condensador.
Duas lentes ou conjuntos de lentes permitem o aumento da imagem da preparação, são as
lentes oculares e as objetivas. As oculares, como o próprio nome diz, ficam próximas ao olho do
observador. Já as objetivas ficam próximas ao objeto a ser observado. As objetivas são afixadas
em um sistema rotativo, o revólver, que permite que sejam trocadas com facilidade. Quanto maior
o tamanho da objetiva, maior o aumento que ele proporciona. As objetivas e oculares, trazem
escrito no seu corpo, várias informações e entre elas o seu valor de aumento. O aumento final
dado por um conjunto de lentes é obtido multiplicando o aumento da objetiva pelo aumento da
ocular. Assim, se o aumento da objetiva é de 10X e a ocular também é de 10X o aumento final é
de 100 vezes.
Como proceder para focalizar no microscópio:
1) Mova o revolver de modo a deixar a objetiva panorâmica (menor aumento) na posição
de observação, e abaixe totalmente a mesa.
2) Coloque a lâmina na mesa (platina), fixando-as com as garras do charriot (obs: a
lamínula deve estar voltada para cima).
3) Ligue o sistema de iluminação e ajuste o charriot de modo a centrar o material a ser
observado na região iluminada do orifício da platina.
4) Olhe pela ocular ao mesmo tempo em que a mesa é lentamente elevada, girando o
parafuso macrométrico, até que a preparação esteja focalizada. Use o micrométrico para fazer o
ajuste fino do foco.
5) Mova a lâmina usando o charriot de forma a encontrar campos interessantes a serem
observados. Interprete o que estas vendo, registre e se necessário desenhe.
6) Quando mais detalhes de uma região da lâmina são necessários, utilize as objetivas de
maior aumento (10X; 40X). Para tal, basta girar o revólver e fazer um ajuste fino do foco com o
micrométrico.
PARA USAR A OBJETIVA DE 100X, se faz necessário colocar uma gota de óleo de
imersão entre a lamínula e a lente. Focalize mexendo somente o micrométrico.
Após o uso da lente de imersão não esqueça de retirar o óleo da objetiva e também da
preparação.
Outros lembretes importantes:
Cada pessoa tem uma distância entre os seus olhos. Para que possamos olhar em
microscópios binoculares (com duas oculares), estes possuem um sistema de regulagem da
distância interorbital, ou seja, um mecanismo que permite movimentar os dois canhões para a
medida exata da distância entre os olhos de cada usuário. Além disso, ao menos uma das
oculares tem uma regulagem de foco independente. Assim, ao começar a observação em um
microscópio binocular, primeiro focalize olhando somente a ocular que não tem regulagem,
posteriormente, focalize com a outra ocular, girando o controle de foco da ocular.
A iluminação, é de fundamental importância na visualização ao microscópio óptico. Após a
focalização, movimente o condensador e o diafragma deste, até encontrar a iluminação ideal.
38
Ao encerrar as observações ao microscópio não esqueça de deixa-lo com a platina
abaixada, com a objetiva panorâmica, e desligado.
Procedimento:
1) Corte um pedaço de jornal que contenha algumas letras, coloque sobre uma lâmina e
leve ao microscópio.
2) Focalize algumas letras. O que acontece? Desenhe.
3) Mude as objetivas. O que acontece? Desenhe.
4) Pegue um fio de cabelo, coloque entre lâmina e lamínula. Leve ao microscópio, observe
e desenhe.
39
2a aula
observando células de epitélio
de escamas de cebola
Um dos materiais mais apropriados para um primeiro contato com as células é uma
preparação “a fresco” de epitélio de escamas de cebola. É uma prática extremamente simples e as
células desse material são grandes de tal forma que com qualquer microscópio mesmo rudimentar
permite a visualização dessas células. Com um microscópio de uma boa óptica é possível observar
o núcleo, nucléolo, plasmólise, parede celular, e plasmodesmos.
40
PARA FAZER EM CASA (As questões e desenhos dessa atividade deve ser entregue junto com as
questões e desenhos da segunda aula)
Procedimento:
1) Em um recipiente com um pouco de azeite de cozinha (que é um lipídio- portanto
apolar), coloque uma pitada de açúcar (que é um glicídio). Mexa bem. O que aconteceu? Por que?
- Repita com sal de cozinha, o que aconteceu? Por que?
3) Em 3 recipientes, coloque:
41
Responda:
a) Faça um desenho de como são organizadas as moléculas anfipáticas de detergentes
em uma bolha de sabão.
b) Faça um desenho de como são organizadas as moléculas de lipídios e proteínas nas
membranas plasmáticas (Consulte os modelos nos livros de Biologia Celular).
c) Que propriedades podemos esperar da Membrana Biológica segundo o modelo do
Mosaico Fluído ?
d) Qual a função dos lipídios (fosfolipídios) nas membranas biológicas segundo o modelo
do M-F ?
e) Qual a função das proteínas nas membranas biológicas segundo o modelo M-F?
3a Aula:
COMPARANDO CÉLULAS PROCARIOTAS E EUCARIOTAS.
42
Material necessário:
Lâmina, lamínula, palito de fósforo, placa com bactérias, alça de platina, lamparina, álcool
70%, corante azul de metileno 0,05%, papel filtro, copo Becker 250 ml (ou vidro de Nescafé),
microscópio.
Procedimento:
1) Com uma alça de platina, encoste levemente em uma colônia de bactérias na placa de
Petri.
2) Esfregue a alça na lâmina até espalhar bem as bactérias.
3) Fixe as bactérias pelo calor, passando a lâmina na chama de uma lamparina, com as
bactérias voltadas para cima, tomando o cuidado para a lâmina não aquecer demais (controle nas
costas da mão).
4) Com um palito de fósforo, raspe a bochecha, posteriormente,esfregue o palito em cima
da região da lâmina em que previamente foram colocadas as bactérias.
5) Fixe as células em álcool 70% por 1 minuto.
6) Coloque uma gota de corante (azul de metileno 0,3%) e espere 1 minutos.
7) Tire o corante, deixando passar um pequeno fluxo de água, sob a torneira.
9) Cubra com lamínula, seque os lados da lâmina e observe ao microscópio.
Questões a serem respondidas:
1) Compare as células procariotas e eucariotas (observe e desenhe):
a) Quanto ao tamanho - Faça um desenho com as relações de tamanho, não esquecendo
de anotar o aumento usado.
b) Quanto à forma.
c) Quanto à presença de núcleo.
d) Porque fixamos as bactérias na chama ?
e) Qual a função da fixação em álcool ?
f) Qual a função de cada um dos componentes do corante?
43
Para fazer na cozinha (2)
UM POUCO DE FÍSICO-QUÍMICA:
(as questões dessa atividade devem ser respondidas e entregues junto com as da 3a aula)
O que é pH ?
INFORMAÇÕES TEÓRICAS:
Muitas moléculas estão continuamente formando íons. A água, por exemplo, forma os íons
H+ e OH-, que permanecem por algum tempo nesta forma iônica e voltam a se associar para
formar nova molécula de água. A molécula de água ao se dissociar, forma quantidades iguais de
íons H+ e OH- .
Algumas moléculas formam quantidades desiguais de íons H+ ou OH-. Por exemplo:
a) HCl (ácido clorídrico) forma os íons H+ e Cl - . Sempre que a dissociação de uma molécula em
seus íons forma prótons H+, ela é um ÁCIDO.
b) NaOH (hidróxido de sódio) forma os íons Na+ e OH-. Sempre que a dissociação de uma
molécula em seus íons forma hidroxilas OH-, ela é uma BASE.
44
Agora, se começarmos a adicionar um ácido em uma solução básica, o pH vai diminuindo,
torna-se neutro e passa a ácido.
45
I . Preparando a atividade:
PROCEDIMENTO:
Responda as questões:
46
4 a Aula
Material necessário:
Lâmina, lamínula, agulha hipodérmica descartável, lâmina de barbear, conta gotas, água
destilada, soro fisiológico (NaCl 0,9%), solução hipertônica (solução saturada de NaCl e/ou
açúcar); papel filtro, MO, luvas descartáveis, água sanitária, algodão, glicerina.
Procedimento:
1) Coloque uma gota de soro fisiológico em duas lâminas limpas (o uso de soro fisiológico
e opcional, se a gota de sangue for de um volume razoável -uma gota grande- não se faz
necessário o uso de soro fisiológico).
2) Fazer um pequeno furo na ponta de um dedo, com uma agulha descartável estéril e
colocar uma gota de sangue sobre cada lâmina (todas as agulhas devem ser dispensadas em um
frasco com uma solução 20% de água sanitária).
3) Cubra com lamínula e observe ao MO. Descreva e desenhe as hemácias.
47
4) Em uma das lâminas, com um conta-gotas coloque uma gota de uma solução
hipertônica em um dos lados da lamínula e encoste um papel filtro do outro lado para substituir o
soro da lâmina. Dessa forma, o papel filtro puxará um pouco do sangue da lâmina e no outro lado,
um pouco da solução hipertônica entrará em contato com as células sanguíneas.
5) Observe ao MO, principalmente na região da lâmina onde as hemácias mais entraram
em contato com a solução hipertônica que as hemácias “murcharam”, ficando crenadas.
6) Na outra lâmina, repita o mesmo procedimento anterior, só que em vez de solução
saturada, use água destilada. Observe na região da lâmina onde as hemácias mais entraram em
contato com a solução hipotônica que as células estão túrgidas, quase estourando (e as vezes
realmente “estouram”).
Terminada esta parte da prática, as lâminas devem ser mergulhadas em uma solução de
água sanitária 20% (ou álcool 96 GL) por no mínimo 1/2 hora, para depois ser limpo e
reaproveitadas. Cada aluno deve passar um algodão com álcool, na mesa e demais partes
manuseadas do microscópio.
48
5a aula
FRACIONAMENTO CELULAR
As células podem ser rompidas de várias maneiras, como por choque osmótico, vibrações
ultrasônicas, forçadas a passar por um pequeno orifício ou homogeneizadas por força mecânica.
Quando cuidadosamente aplicadas, estes procedimentos deixam as organelas como núcleo,
mitocôndrias, complexo de Golgi, peroxissomos... intactos. Assim como muitas vesículas derivadas
do retículo endoplasmático, chamadas microssomos, mantém muito de suas propriedades
bioquímicas originais.
Como todos estes componentes tem grandes diferenças de tamanho, eles podem ser
separadas por centrifugação.
Postos em um tubo a girar em altas rotações, os vários componentes vão sofrer a ação da
força centrífuga. Os componentes maiores como células intactas e núcleos vão sedimentar
primeiro no fundo do tubo (p/ ex: 1000 rpm por 5'); rotações medianas em maior tempo farão
sedimentar componentes um pouco menores como mitocôndrias, lisossomas e peroxissomas
(20.000 rpm por 10'). Altas rotações em tempos ainda maiores (80.000 rpm por 3 horas)
sedimentam ribossomos e grandes macromoléculas.
Ver esquema de fracionamento por centrifugação em Junqueira e Carneiro (2000).
Material Necessário:
Folhas de Tradescantia; gral e pistilo; tubos de centrífuga; pipetas Pasteur; centrífuga;
soro fisiológico; SDS 10% (sódio-duodecil-sulfato) ou detergente, água destilada. lâmina, lamínula
e microscópio.
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Procedimento:
Primeira parte: Observação de um corte transversal de folha de Tradescantia
1) com uma gilete afiada, corte transversalmente uma folha de Tradescantia, o mais fino
possível.
2) Coloque o corte em uma lâmina com uma gota de água, cubra com lamínula e leve ao
microscópio.
3) Observe: a) que células tem pigmento roxo. Desenhe
b) Que células tem cloroplastos. Identifique os cloroplastos e desenhe.
Responda as questões:
1) Que método usamos para romper as células, nesta prática?
2) Porque usamos soro fisiológico e não água?
3) O que encontramos no sobrenadante após a primeira centrifugação? E no precipitado?
4) Por que usamos o SDS?
5) Por que o sobrenadante agora é verde e o precipitado incolor?
6) o que é uma ultracentrífuga?
7) Faça um esquema de fracionamento celular, que você poderia fazer se tivesse uma
ultracentrífuga, e desejasse fracionar hepatócitos nos seus vários componentes.
6a aula
50
FRACIONAMENTO MOLECULAR POR CROMATOGRAFIA
Para o desenvolvimento da Biologia Celular, foi crucial obter as moléculas que compõe a
célula, como as proteínas, em seu estado puro, isto é, isolado das outras moléculas da célula. Mas
mesmo uma bactéria bem simples possui mais de 2000 tipos de proteínas, como podemos isolar
só uma enzima que nos interesse?
Um dos métodos mais utilizados para este fim é a cromatografia de coluna, na qual uma
mistura de moléculas em solução é aplicada na parte superior de uma coluna, que contém uma
matriz sólida, porosa. Posteriormente, um grande volume do solvente passa pela coluna e é
coletado em tubos separados, à medida que emerge na parte inferior da coluna. As diferentes
moléculas são retardadas diferencialmente, pela sua interação com a matriz, moléculas diversas
atravessam a coluna com velocidades diferentes e são então fracionados em uma série de tubos.
Atividade experimental:
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2- Faça uma solução de Sílica gel em um copo volumétrico ou becker, usando água de torneira
levemente acidulada com 1 gota de vinagre para cada 10 ml. Com um conta-gotas, coloque a
resina (sílica gel) na coluna. A este procedimento chamamos empacotamento da coluna.
3- Em um gral, coloque uma folha de manto-de-viuva (Tradescantia), com umas gotas de água-
acidulada e esmague com o pistilo.
4- Colocar aproximadamente um ml desse líquido na coluna
5- Com uma pipeta de Pasteur coloque água na ponta superior da coluna e observe que um líquido
roxo começa a descer, enquanto uma camada verde se deposita na ponta superior da coluna.
Após algum tempo começa a pingar uma solução roxa (antocianina). Colete amostra desta fase.
6- Substitua o líquido que passa pela coluna, coloque etanol na parte superior da coluna e observe
que o pigmento verde começa a descer
7- Quando começar a pingar o pigmento verde, colete uma amostra deste.
Responda:
1) Faça um desenho esquemático representando o experimento e explique-o.
2) Porque o pigmento roxo é diluído primeiro na coluna?
3) Por que o pigmento verde fica retido não coluna enquanto estava passando água pela coluna?
4) Por que ele desceu na presença de álcool?
5) Qual a localização intracelular das antocianinas?
6) Qual a localização intracelular das clorofilas?
7) Qual a solubilidade desses pigmentos?
Procedimento:
1) Pique uma cebola grande (250g) em pequenos pedaços (ou rale com um ralador). Faça uma
solução misturando 10 ml de detergente de louça, 1/2 colher de sopa de sal e complete com água
até 100 ml. Aqueça a solução até +/- 60oC e adicione esta mistura ao picadinho de cebola,
deixando 10 minutos em banho-maria a 60oC.
52
2) Resfrie rapidamente a mistura colocando o recipiente em uma bacia contendo água e gelo. Coe
a mistura em um filtro de papel para café, aparando o filtrado em um vidro.
3) Adicione delicadamente álcool (gelado) no filtrado de cebola, deixando o etanol escorrer pela
parede do vidro. Observe a formação de fios esbranquiçados que sobem para onde está o álcool.
Estes fios correspondem aos ácidos nucléicos - DNA e RNA.
4) Você pode retirar o DNA da solução enrolando em um bastão.
5) Deixe o bastão secar ao ar e coloque o bastão em um tubo com água para re-dissolver o DNA.
Aplique este DNA no processo de eletroforese explicado a seguir.
7a aula
ELETROFORESE
Moléculas que possuem carga elétrica, como as proteínas e os ácidos nucléicos, podem
ser separadas por eletroforese. Eletroforese é o movimento de moléculas eletricamente carregadas
em um campo elétrico.
Geralmente, em um processo eletroforético, as proteínas ou ácidos nucléicos são
colocadas a migrar sob um campo elétrico, no interior de um suporte gelatinoso (um gel) de
poliacrilamida, agarose ou amido.
A seguir será apresentado o processo de eletroforese vertical para separação de proteínas. O que você
virá em aula será eletroforese horizontal de ácidos nucléicos, preste atenção na aula e faça as devidas
observações das diferenças entre a técnica descrita para proteínas e a feita em aula para DNA.
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As amostras contendo uma mistura de proteínas são aplicadas em um gel. Posteriormente uma
corrente elétrica é aplicada neste gel por algumas horas, as proteínas mais negativas e menores
migrarão mais rapidamente que as positivas e maiores.
Atividade experimental:
1) Montar um gel de agarose 0,8% da seguinte forma:
Ferver em microondas 0,8 gramas de agarose, em 100 ml de uma solução tampão (TAE) e
após fundir a agarose, acrescentar 25 microlitros de Brometo de etídio. (usar luvas sempre que
usar esta droga, pois ela é cancerígena).
Colocar a agarose ainda quente em uma placa com um pente
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Esperar esfriar e colocar o gel na cuba eletroforética de gel horizontal
2) Misturar 5µl de uma solução de DNA com 5µl de uma solução de tampão de amostra
(Glicerina e azul de bromofenol) . Aplicar com uma micropipeta em um dos pocinhos do gel.
3) Ligar a fonte de eletroforese a 100 volts e deixar o azul de bromofenol migrar
aproximadamente 3 cm
4) Observar o gel no transluminador ultravioleta (UV).
8a Aula
OBSERVAÇÃO DE CICLOSE E CLOROPLASTOS EM
CÉLULAS DE Elodea
Elodea é uma planta usada como ornamental em aquários, facilmente adquirida em lojas
que vendem produtos para aquariofilia. É uma monocotiledônea pertencente à família
Hydrocharitaceae. As folhas dessa planta são ótimas para observação de ciclose que é o
movimento contínuo do citoplasma no interior da célula, assim como de cloroplastos.
Geralmente, os componentes das células são incolores. Por isso, ao se observar direto ao
microscópio, pouco se pode observar de seus constituintes. Para se superar este problema,
geralmente fazemos uso de corantes que vão evidenciar alguma parte da célula.
Os cloroplastos, organela presente somente nas células vegetais e responsáveis pela
fotossíntese, são naturalmente corados. Em virtude disto, e também por serem organelas bastante
grandes, os cloroplastos podem ser facilmente visualizados ao microscópio.
As folhas de Elodea apresentam apenas duas camadas de células, em que se pode
observar com facilidade os cloroplastos.
As células eucariontes possuem um citoesqueleto que promove o movimento dos
componentes no interior da célula. Às vezes estes movimentos são correntes citoplasmáticas que
chamamos CICLOSE. Se todos os componentes do interior da célula são incolores, é muito difícil
se observar os movimentos citoplasmáticos. A presença dos cloroplastos que são naturalmente
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corados torna possível a visualização da ciclose. Devemos lembrar que a ciclose é o movimento do
citoplasma causado pela ação do citoesqueleto. Os cloroplastos são levados por essa corrente do
citoplasma.
Procedimento
1) Com o auxílio de uma pinça ou gilete, retire uma folha de Elodea.
2) Em uma lâmina para microscopia com uma gota de água, coloque a folha de Elodea, por
sobre a gota.
3) Cubra com lamínula, e leve ao microscópio para observação.
4) Observe o tamanho e forma dos cloroplastos. Geralmente após alguns minutos de
observação, podemos ver a ciclose. Descreva como é a ciclose.
Procedimento:
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Responda as questões:
1) Por que podemos ver facilmente os cloroplastos, mas não outros componentes do
sistema de endomembranas como o complexo de Golgi, retículo endoplasmático ou
mitocôndrias?
2) Que parte do citoesqueleto está envolvida na ciclose? De que forma?
3) Por que a ciclose nas células da Elodea ocorrem no interior de toda a célula enquanto
na célula da Tradeschantia ocorre apenas dentro de estruturas que lembram “canais”?
9a Aula
Podemos observar com facilidade a atuação do citoesqueleto, através dos cílios e dos
pseudópodes em protozoários de vida livre. Nos Paramecium podemos ver os cílios e em Amoeba
os pseudópodes. Além disso, vários componentes do sistema de endomembranas, como vacúolos
digestivos (e pulsátil em Paramecium) são também facilmente observáveis.
Paramecium é o nome genérico de um protozoário ciliado muito comum em mananciais de
água como os açudes e riachos. Estes protozoários são de fácil cultivo, se alimentando
principalmente de bactérias, pequenas algas e outros protozoários menores. Podem ser mantidos
em recipientes com um pouco de água e uma pequena pitada de leite em pó (+/- 60mg para cada
100 ml de água). Como a qualidade da água é importante para este protozoário, devemos trocar
um pouco da cultura velha (mais ou menos a metade) por água nova com leite, a cada semana.
Assim, podemos manter infinitamente o Paramecium. Outro meio de cultivar este ciliado é colocar
um pouco de gérmen de trigo na água a cada semana, e sempre trocando a metade do volume da
cultura por água nova a cada semana.
Por ser de fácil cultivo e apresentar cílios e o sistema de endomembranas facilmente
observável, além de ter uma taxa de reprodução assexual bem alta, este protozoário é um
excelente recurso para atividades práticas de Biologia Celular. Antes, porém, de descrever estas
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práticas, vamos mencionar alguns aspectos importantes sobre a biologia e estrutura dos
Paramecium.
As espécies mais comuns de Paramecium possuem em torno de 0,5 mm de comprimento.
Os ciliados são excepcionais entre os eucariontes, uma vez que possuem no mínimo dois núcleos
com funções distintas. O macronúcleo participa das atividades do dia a dia como crescimento,
metabolismo e reprodução. O micronúcleo permanece relativamente dormente até que a célula
entre em reprodução sexuada. Os Paramecium possuem dois tipos de reprodução; a) divisão
binária: em condições favoráveis a célula se divide em duas. As duas novas células,
geneticamente idênticas, crescem rapidamente e voltam a se dividir. Mantendo as condições
favoráveis estes organismos podem se dividir duas a três vezes em um dia; b) conjugação: em
condições ambientais desfavoráveis, dois indivíduos de sexos diferentes entram em contato e
formam uma ponte citoplasmática temporária, por meio da qual trocam micronúcleos.
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8) Identifique e desenhe o citostoma e a citofaringe. (O que são fagossomas e onde estes
se formam nos Paramecium ?
9) Faça um desenho comparando a ultra-estrutura de um cílio e de um centríolo.
10a Aula
PREPARAÇÃO DE LÂMINAS PERMANENTES (aula demonstrativa).
Estruturas biológicas grandes não podem ser vistas diretamente ao microscópio, por que a
luz não pode atravessá-las. Precisamos, então, fazer cortes o mais fino possível, para que a luz
possa passar pelas estruturas, e assim ser visto ao microscópio. Para sofrer tais cortes, o material
deve ser fixado, emblocado em parafina ou outra resina e, imerso neste suporte, cortado em
pequenas "fatias", através de um aparelho chamado micrótomo. Posteriormente este material é
corado e a lâmina é montada.
Nesta prática, vamos visitar os laboratórios de anatomia vegetal do Dep. de Biologia, em
que lâminas permanentes de vegetais são preparadas.
Preste atenção as explicações (e faça as perguntas que achar necessário) e
posteriormente responda as seguintes questões:
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3) As substâncias citadas na pergunta anterior, geralmente não são usadas em conjunto,
constituindo fluídos fixadores. Alguns destes fluídos são muito usados, como o Fluido de Carnoy; o
F.A.A; o Bouin. Diga qual a composição destes fixadores e suas características.
4) Porque desidratamos o material em uma série alcoólica antes de emblocar em parafina?
5) Para que emblocar em parafina?
6) Que outros suportes ou estratégias podem sem usadas no lugar do emblocamento em
parafina?
7) O que é orientação do corte?
8) Para que re-hidratar o material antes de cora-lo?
9) Qual a importância do uso de corantes na preparação de lâminas?
10) O que significam: coloração vital; corante acidófilo; corante basófilo?
11) Entre os principais corantes podemos citar: Carmim; hematoxilina; azul de metileno;
Cristal violeta (violeta genciana); Eosina; Fast Green; Fucsina ácida, safranina; Sudan black; diga
quais as características principais destes corantes (que estruturas eles coram, solubilidade,
concentrações usadas...)
11a Aula
Procedimento:
1) Localize e desenhe as células nos túbulos de epidídimo.
2) Observe e desenhe a posição do núcleo.
3) Observe e desenhe a posição e a forma do complexo de Golgi.
Responda as questões:
1) Por que foi escolhido o epidídimo para observar o complexo de Golgi? Que outro tipo de
célula poderia ser usada?
2) Que método de coloração foi usada e por que?
3) Como se forma o Complexo de Golgi?
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Observação de neurônios em cerebelo de camundongo.
Procedimento:
Observe ao microscópio a região entre as substâncias branca e cinzenta, nela existem
alguns neurônios gigantes em que podemos ver perfeitamente o corpo celular (com núcleo), o
axônio e dendritos.
Responda:
1)Observe e desenhe estas células, suas partes, e descubra como são chamadas estas
células.
2)Qual a relação existente entre forma e função nestas células?
12a Aula
OBSERVAÇÃO DE CÉLULAS MUSCULARES ESTRIADAS
O desenho esquemáticos de células presente nos livros são muito comuns e úteis. Porém,
muitas vezes os alunos tem dificuldade de reconhecer que em um ser pluricelular, a diferenciação
celular é a regra. Muitas células acabam com formatos muito diferentes. As células musculares
estriadas esqueléticas são um exemplo.
Células musculares estriadas são células muito longas, polinucleadas apresentando os
núcleos na periferia da célula. O citoesqueleto é hipertrofiado, sendo que os microfilamentos de
actina e miosina, vão ocupar a maior parte da fibra muscular, constituindo estruturas específicas
das células musculares estriadas, que são os sarcômeros. Essas estruturas é que dão uma
aparência estriada a essas células quando vistas ao microscópio.
Material necessário:
Lâmina, lamínula, agulha histológica e lâmina de barbear, abelhas (ou outro inseto grande),
solução de verde Janus (0,7% em etanol 70%).
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Procedimento:
1) Com uma gilete, abra o tórax de uma abelha, vespa ou outro inseto voador grande
(previamente morta em vapores de éter).
2) Com uma agulha histológica retire algumas fibras musculares e transfira para uma
lâmina com uma gota de corante.
3) Cubra com lamínula, deixe corar por 3 minutos, e observe ao microscópio.
Alguns questionamentos :
a) Como estão organizados os sarcômeros e como estes funcionam? (faça um desenho).
b) Quais as fases da contração muscular?
c) Como está organizado o citoesqueleto em uma célula muscular lisa?
d) Relacione as regiões estriadas que podemos ver nas fibras musculares com o sarcômero.
e) Qual a função do Verde Janus?
13 a aula
OBSERVAÇÃO DE MITOSE EM PONTA DE RAIZ DE CEBOLA,
Allium cepa (2n = 16).
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Quando as raízes tiverem atingido pelo menos cinco milímetros poderão ser facilmente
destacadas do bulbo, com auxílio de uma lâmina de barbear, estilete ou mesmo agulha. Não é
necessário deixar as raízes crescerem mais do que os cinco milímetros, pois o material que nos
interessa está na ponta.
As pontas de raiz devem ser imediatamente fixadas em solução de álcool e ácido acético
(3:1). Essa solução não dever ser estocada, recomenda-se que seja preparada no momento em
que vai ser usada.
O tempo mínimo que as pontas de raiz devem ficar no fixador é duas horas, as vezes, se o
material fica muito tempo no fixador ocorre um amolecimento excessivo do tecido dificultando a
preparação da lâmina.
Após o tempo de imersão no fixador as pontas de raiz podem ser estocadas em álcool 70%
(de preferência em refrigerador) ou então preparadas para a observação das mitoses.
3. COLORAÇÃO
Antes de adicionar o corante sobre a ponta de raiz, pode-se remover (ou simplesmente
romper com uma agulha) a parte mais extrema do material (correspondente à região da coifa), pois
isso facilitará a coloração e a observação ao microscópio.
Para coloração um dos corantes mais usados é a orceína acética 2% (outros corantes
produzem o mesmo efeito e podem substituir a orceína). Uma gota desse corante é suficiente para
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uma boa coloração, desde que se espere no mínimo vinte minutos, antes de “bater” ou “esmagar”
o tecido.
Ao colocar a lamínula deve-se cuidar para deixar o menor número possível de bolhas de ar
para que a observação do material não seja prejudicada.
Depois que o corante atuou sobre o tecido pode-se envolver a lâmina com um papel filtro e
pressionar com o dedo polegar a região onde está a lamínula. Esse movimento fará com que o
tecido se espalhe pela lâmina e seja possível observar camadas de células isoladas. Nesses
grupos de células é que será possível observa as mitoses. Não se deve colocar uma quantidade
muito grande de tecido na lâmina pois isso ira dificultar o espalhamento. Dois milímetros de ponta
de raiz produz material suficiente para observação.
Outra forma de realizar o espalhamento é segurar a região da lamínula com um papel
absorvente e bater com um lápis borracha ou com a ponta da tampa de uma caneta.
Após o esmagamento do material, a lâmina deve ser observada inicialmente em menor
aumento (x10), para que se localize rapidamente onde estão as células em divisão.
5. LAMINAS SEMI-PERMANENTES
As lâminas que estiverem boas podem ser temporariamente conservadas (uma semana)
se forem vedadas com esmalte para unhas ou cola para câmera de pneu de bicicleta.
6. LÂMINAS PERMANENTES
As lâminas semi permanentes podem ser transformadas em permanentes, para isso basta
remover o vedante (esmalte ou cola) e colocar as lâminas no freezer até que seja possível soltar a
lamínula.
Após a remoção da lamínula, mergulhar rapidamente as lâminas em alcool absoluto e
deixar secar. Colocar uma gota de Resina para microscopia (Permonte; Entelan ou Balsamo do
Canadá) na região onde está o material. Fechar com uma lamínula e deixar secar.
Procedimento:
1) Pegue uma raiz já fixada
2) Hidrólise: coloque as pontas de raiz em uma solução 1N de HCl por 5 min.
3) Lavagem: deixe as raÍzes em água por 5 min.
4)Corte com uma gilete +/- 3mm da ponta da raiz, logo após os 2 primeiros mm (coifa).
5) Coloque este material em uma lâmina com uma gota de orceina acética, deixe corar por
5 minutos.
6) Cubra com uma lamínula, colocando a lâmina entre papel higiênico e aperte fortemente
para espalhar o material ( com o polegar).
7) Vede as bordas da lamínula com luto (ou esmalte de unha).
8) Observe ao microscópio.
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Questões:
a) Descreva e desenhe o que ocorre na: interfase; prófase; metáfase; anáfase; telófase.
b) O que é uma célula 2n=16?
c) O que é centrômero e qual sua função?
d) O que são cromátides? o que representam?
Vvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvv
Atividade 1 –
Biologia na cozinha.
A cozinha de nossa casa pode ser um excelente laboratório. As “experiências” feitas nas 2a e 3a
aula são exemplos disso. Em grupos, a turma elaborará um experimento relacionado ao programa
de biologia celular e apresentará em aula em data a ser marcada.
Atividade 2:
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papel e com a participação dos alunos pedir que eles encontrem uma seqüência correspondente
ao sítio de clivagem de uma enzima de restrição. Podemos pedir que os alunos cortem com
tesoura este sítio e posteriormente o mesmo sítio de um plasmídeo. Posteriormente podemos
simular como seria uma reação de ligação de todos esses fragmentos, e uma transformação
bacteriana com os plasmídeos gerados. Por fim podemos discutir conceitos como clonagem de
genes e bancos genômicos.
Apresentamos exemplos de alguns dos modelos que podem ser construído na página
www.ufsm.br/auladebio
LORETO, E.L.S. & SEPEL, L. M.N. Atividades experimentais e didáticas de Biologia Molecular e
Celular. Ribeirão Preto, ed. Da Sociedade Brasileira de Genética. 2003. 2a ed.
www.sbg.org.br
DEPARTAMENTO DE BIOQUÍMICA, UFPR. Bioquímica: aulas práticas. 5 ed.Curitiba, Ed. da
UFPR, 1997.
JORDÃO, B.Q e colaboradores. Práticas de Biologia Celular. Londrina, Editora UEL, 1998.
JUNQUEIRA, L.C.U e JUNQUEIRA, L.M.M.S. Técnicas Básicas de Citologia e Histologia. São
Paulo, Ed. Santos, 1983.
MANARA, N.T.F. Roteiro de aulas práticas de citologia vegetal. Santa Maria, Faculdade de
Agronomia-UFSM, (mimeografado-sem data).
MELLO, M.L.S. e VIDAL, B.C.; Práticas de Biologia Celular. São Paulo, Edgar Blücher, 1980.
POLIZELI, M.L.T.M., Manual Prático de Biologia Celular. Ribeirão Preto, Holos editora, 1999.
QUESADO, H.L.C. e colaboradores. Biologia: Práticas. Fortaleza, Edições UFC, 1996.
SLATER, J. Experiments in molecular biology. Clifton, N.J., The Humana Press, 1986.
VALLE, F.C., Práticas de citologia e genética. Rio de Janeiro, MEDSI, 2001.
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