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Discentes do curso de Letras/Inglês Licenciatura em Língua Inglesa e Literatura, da Universidade do Estado da
Bahia- UNEB. E-mail: angleicesousa@hotmail.com, fredyloy@hotmail.com , mara_oliveira_09@hotmail.com,
tatianagnovaes@yahool.com.br .
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Orientadora da disciplina de Núcleo de Estudos Interdisciplinares
RESUMO
INTRODUÇÃO
Este trabalho tem por objetivo refletir sobre a relevância dos aspectos culturais no
ensino da Língua estrangeira (LE), e como o contato com esta língua pode interferir na
identidade cultural do aprendiz, podendo provocar uma crise de identidade em virtude do amplo
processo de mudanças sofridas nas sociedades modernas.
O que se sabe, é que a Língua Franca é uma língua comercial/política que tem como
objetivo aproximar os países através de uma determinada língua, no caso a língua inglesa que
está em evidência. O que se pretende saber é como o ensino desta língua interfere na vida do
aprendiz e como pode ser ensinada sem que haja uma interferência cultural, a fim de que o
aprendiz não acabe assimilando ingenuamente a cultura do outro em detrimento da sua, durante
este artigo serão citados alguns autores que confirmam essa ideia.
Um método que poderia ser adotado seria através de comparações culturais produtivas
contrastando a cultura do aprendiz com a cultura da língua alvo, produzindo assim um
conhecimento amplo e diversificado tanto da língua propriamente dita quanto das várias culturas
envolvidas. Appel & Muysken, (1987); Hyde, (1994); Scovel, (1980) (apud Lima, 1990)
acreditam que cultura e língua não têm envolvimento uma com a outra e o que importa são os
aspectos gramaticais. Bennett, (1997) (apud Lima, 1990) acredita que o ensino da LE não se
restringe somente às práticas de traduções e ensino gramatical. E por fim, Mirian Jorge (2009)
afirma que não existe língua neutra, pois as línguas estão envolvidas com as questões culturais e
ideológicas, o aprendiz e o educador não podem separá-las.
1. CONCEITOS DE CULTURA
Existem diversos conceitos para definir cultura, contudo, nenhum deles poderia chegar a
uma definição completa e acabada. Como afirma Hall:
A cultura é uma produção. Tem sua matéria-prima, seus recursos, seu ‘trabalho
produtivo’ [...] nossas identidades culturais, em qualquer forma acabada, estão à nossa
frente. Estamos sempre em processo de formação cultural. A cultura não é uma questão
de ontologia, de ser, mas de se tornar. (HALL, 2003, p.43.)
Segundo Lima (1996), cultura de forma geral é um meio de vida ou um contexto pelo
qual nós existimos, possuímos emoções e nos relacionamos em sociedade. Em sentido restrito,
cultura é um pré-projeto ou um sistema de exclusão social, com a finalidade de isolar o
comportamento verbal e não verbal do ser humano.
Com base nos três conceitos de cultura que foram expostos, a opinião apresentada por
Adaskou, Britten & Fahsi trás de forma mais clara, completa e dinâmica a ideia central que será
abordada a respeito de cultura. Uma vez que, os autores analisam este conceito de forma
específica levando em consideração os vários fatores que contribuem para a formação do que se
entende por cultura. Como por exemplo, temos os fatores estéticos, sociológicos, semânticos,
sociolinguísticos e pragmáticos, os estudos dessas especificidades colaboram para uma melhor
compreensão do conceito de cultura.
1.1.Identidade cultural
Após terem sido apresentados alguns conceitos de cultura, faz-se necessário expor o
conceito de identidade cultural, como parte importante para entender a questão cultural
relacionada ao ensino de língua inglesa nas escolas. Stuart Hall (2004) diz que uma identidade
cultural enfatiza aspectos relacionados à nossa pertença às culturas étnicas, raciais, linguísticas,
religiosas, regionais e nacionais.
Ao analisar tal questão, este autor (2004) focaliza particularmente as identidades
culturais referenciadas às culturas nacionais. Para Hall, a nação além de ser uma entidade
política, é um sistema de representação cultural. Noutros termos, a nação é composta de
representações e símbolos que fundamentam a constituição de uma dada identidade nacional. As
culturas nacionais produzem sentidos com os quais podemos nos identificar e constroem, assim,
suas identidades. Esses sentidos estão contidos em estórias, memórias e imagens que servem de
referências, de nexos para a constituição de uma identidade da nação.
1.2.Globalização e Multiculturalismo
Hall afirma que a crise de identidade que se instaurou no mundo é resultado do processo
de globalização que vem se estabelecendo.
Diante dos fatores mencionados anteriormente cria-se uma nova configuração de mundo
dentro das perspectivas culturais e identitárias. Como afirma Gimenez e Salles (2010) uma vez
que, cultura e a identidade abrem o canal para diversas possibilidades envolvendo
multiculturalismo e globalização, incentivando o surgimento de uma língua global comum, que
facilite o contato entre os povos. É notável a expansão do inglês no mundo e seu uso via
comunicação internacional, já visto como um novo fenômeno capaz de alterar até mesmo a
ordem linguística mundial.
A expansão do inglês e suas implicações para o ensino devem ser abordadas na escola
pelo professor e exposta aos alunos com o intuito de conscientizá-los para a crescente demanda
do uso do inglês e a real necessidade de se aprender essa língua.
Quanto ao estudo das culturas das nações onde se fala inglês, a cultura deve ser
utilizada como instrumento capaz de mostrar que esta língua está além das fronteiras dos Estados
Unidos e da Inglaterra e que ao aprendê-la não há necessidade de um assimilacionismo cultural.
Entende-se que, não se pode adotar a cultura e a identidade do outro em prol da aprendizagem de
uma língua, basta que haja entendimento. Deve-se levar ao conhecimento dos alunos a existência
das variações linguísticas e as influências sofridas em caráter fonético e fonológico. Assim como
é importante aprender também a estrutura da língua padrão, deve-se abordar dentro do ensino de
inglês como língua franca todos os componentes que ajudam na formação da mesma, que estão
envolvidos no contexto cultural, social, identitário, entre outros.
No campo do estudo da linguagem existem autores, como por exemplo, Young (1972)
(apud De Lima, 1990, p.185) o qual acredita que a língua e a cultura estejam intimamente
ligadas, por que segundo ele, do ponto de vista cultural, o sujeito é constituído pela linguagem. É
imprescindível que os alunos que estudam língua estrangeira saibam distinguir a diferença entre
os valores locais e globais, além de terem consciência das normas e crenças de outras culturas,
utilizando seu conhecimento da língua estudada sem deixar de lado seu conceito de cultura, suas
origens étnicas e religiosas.
Em contrapartida, autores como Appel & Muysken, (1987); Hyde, (1994); Scovel,
(1980), (apud De Lima, 1990, p. 182), entendem que não existe uma ligação tão forte entre
língua e cultura. Em alguns países o ensino de língua inglesa enfatiza apenas os aspectos
gramaticais. Como afirma Lima (2009), “No Japão, por exemplo, a língua inglesa é ensinada,
muitas vezes, como sistema codificado, sem que haja nenhuma ênfase no aspecto intercultural”.
Já C. Alptekin e N. Alptekin (1984), (apud Lima, 1990, p.183) compreendem que o
ensino da língua inglesa não deve ser alicerçado nas culturas dos países de fala inglesa, mas
como língua internacional. Os autores defendem o trabalho intercultural contrastando a cultura
do aprendiz, com a cultura da língua alvo.
Segundo Bennett (1997), (apud De Lima, 1990, p.184), alguns estudantes e professores
de LE, usam a língua como um meio de comunicação, esquecendo que ela é também um sistema
de percepção e representação do pensamento. Portanto, o ensino da língua estrangeira não se
restringe a traduções e aplicações gramaticais.
Entretanto Mirian Jorge (2009), (apud De Lima, 1990, p.163) afirma que alguns
estudiosos da Linguística Aplicada Crítica, questionam esse status de língua internacional, pois
segundo a autora não existem línguas neutras. Uma vez que as línguas estão vinculadas a
questões culturais, e tanto o aprendiz quanto o educador não podem desvincular-se das mesmas.
(grifo do autor).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Sabe-se que existem várias divergências sobre o conceito de cultura e de como ela pode
ser ensinada dentro do ensino de Língua Inglesa. Mas deve-se considerar a importância dos
aspectos culturais para o ensino de língua estrangeira, já que a cultura e língua estão intimamente
interligadas.
Diante disso, ensinar uma língua estrangeira é aprender sobre determinadas culturas,
assim Politzer (1959), (apud De Lima, 1990, p.169) confirma que se não for ensinado o inglês
vinculado à cultura, estaremos ensinando símbolos sem significados, ou símbolos aos quais é
vinculado a um significado errôneo.
REFERÊNCIAS
LIMA, Diógenes Cândido de. O ensino da língua inglesa e a questão cultural In: Ensino e
aprendizagem de língua: conversas com especialistas. Editora Parábola, São Paulo, p. 179 – 189,
2009.
GIMENEZ, Telma e SALLES, Michele Ribeiro. Ensino de inglês como língua franca: uma
reflexão In: Belt Jornal, Porto Alegre, v.1, n.1, p. 26 – 33, 2010.
JORGE, Mirian Lúcia dos Santos. Preconceito contra o ensino de língua estrangeira na rede
pública In: Ensino e aprendizagem de língua: conversas com especialistas, Editora Parábola,
São Paulo, p. 161 – 168, 2009.