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COLETÂNEA DE ARTIGOS

DO

PROFESSOR

JOÃO WZOREK
 João Wzorek nasceu em Campo Largo, Paraná, em 04/03/1912.
 Faleceu na localidade de Rio da Areia de baixo, Canoinhas, Santa Catarina em
19/06/1989.
Filho de Leonardo Wzorek (Leon) e de Mariana Wzorek (Maria).

João Wzorek, além de agricultor foi professor da escola estadual de Rio da Areia de
Baixo por 28 anos.
Escrevia com frequência para os jornais de Canoinhas. Também colaborava com o
jornal polonês “LUD” de Curitiba.
Nesta coletânea estão alguns dos artigos publicados nos jornais Correio do Norte e
Barriga Verde de Canoinhas
EDITORIAL

Sempre foi assim: a cidade é que dita moda, lança as novidades, impõe a regra
do jogo, orgulhosa de sua segurança. O mundo rural, a gente simples não tem escolha
nem vez: ou acompanha, atrelada a exigência que não pode suportar, ou desliga-se da
locomotiva do progresso e para no tempo. Sempre foi assim. Em todos os campos:
político, social, cultural e religioso.
Paradoxalmente, é na cidade onde mais o homem deixa de encontrar o seu
próprio equilíbrio e sofre um drama global: contestação da juventude, desagregação da
família, decomposição dos costumes, conflitos ideológicos, poluição das mentes e do
ambiente, crise da fé, deterioração e exploração desenfreadas das pessoas. A cidade
tornou-se a arena do implacável.
Não é nosso intuito exaltar a ignorância popular, cantar a doença e a pouca
higiene, nem bendizer a estagnação. Queremos é acenar para os valores perdidos da
simplicidade, da naturalidade, da franqueza, substituídos pela vaidade, pela falsidade e
pela mentira. Vaidade das posses, falsidade do comportamento, mentira das atitudes.
Quem nos dará o profeta universal que grite a alegria de viver, que ensine a
verdade perdida do conviver e anuncie a alvorada do sorrir? Os profetas, porque
incomodam, são trucidados. Porque apontam o caminho são presos. Por dizerem a
verdade são calados.
O mundo dos homens acostumou-se demais a só ouvir a voz dos detentores de
mando, a só deixar-se guiar pelos “donos da verdade”, como se a verdade só pudesse e
costumasse emergir da porta principal dos palácios e dos templos.
Esquecem, quem sabe? Que Deus prefere revelar-se “tímido”. Não se dá bem
com trombetas – prefere a placidez do silêncio. Não busca as luzes ou o esplendor-
elege, para chegar, a paz silente dos corações. Escolhe a porta de serviço, sem recepção
ou intermediários. Uma só vez ele usou a porta principal: foi no Domingo de Ramos... e
sabemos por que: para ser crucificado.
As pistas asfaltadas, via de regra, levam à planície. Os caminhos ásperos, as
picadas difíceis, sim, conduzem à pureza e ao silêncio das alturas.
O silêncio interior é um pouco do céu que chega até nós.

Publicado 13/02/1982 Correio do Norte Nº 1657

A POLÍTICA E OS JORNAIS.
Quanto mais se aproxima 3 de Outubro, tanto ,mais intensa se torna a campanha
eleitoral, pois todos os partidos querem alcançar a vitória. É bom e justo que assim se
faça, pois a democracia é uma das mais belas conquistas do povo que tem o direito de
escolher os seus governantes.
A imprensa também redobra as suas atividades. Justamente o “nó da questão”
está em jornais e jornalecos, pois os que escrevem para serem lidos, nem sempre sabem
distinguir a crítica construtiva de um falatório vulgar. A liberdade democrática- é claro-
não nos pode dar o direito de dizer tudo sem mais nem menos porque ela não nos
dispensa do cumprimento do dever de civilidade.
Ao lado da boa imprensa, circulam pelo Brasil, periódicos que não estão a altura
de sua missão de instruir, iludindo os menos esclarecidos e não vacilam em fazer uma
reprovável exploração dos sentimentos religiosos do eleitor desprevenido.
Anos atrás, alguém colocou em minhas mãos uma folha de jornal com a seguinte
recomendação: “Leia isso e mostre aos seus amigos”. De fato, li e depois exclamei com
toda convicção: Não obstante a ignorância seja um grande mal, bendito seja o
analfabetismo de muita gente boa, porque sendo assim, não se contaminará por escritos
de tão baixo quilate.
Os jornais, por mais modestos que sejam, têm a sublime tarefa e o dever de
proporcionar aos seus leitores uma orientação sadia dizendo sempre a verdade,
apresentando os fatos tais quais eles são na realidade.
Há jornalistas que antes do pleito parecem bradar a plenos pulmões, querendo
convencer instantaneamente a todos... Mas, em primeiro lugar eles próprios deveriam se
convencer de que a obra de instruir, esclarecer e finalmente, por assim dizer, conquistar
a opinião do leitor, só se consegue com um longo e perseverante trabalho, pois, o “fogo
de palha” que se acende repentinamente antes das eleições para logo depois se apagar,
só pode confirmar a existência de fanatismo momentâneo e improducente.
Ao contrário, as ideias, e os trabalhos que geram algo produtivo, exercem a
benéfica influência durante muitos anos, pois, as boas ideias nada têm de transitório, a
não ser sua duração material.

Publicado no Correio do Norte nº603 em 13/08/1960


PRUDÊNCIA NÃO ESTORVA

Certo agricultor começou a envelhecer. Seus filhos insistiam


continuamente, para que, enquanto vivo, fizesse o testamento, entregando-lhes a
herança; e eles, com bons e gratos filhos prometem dar-lhe alimentação e
vestuário até o fim da vida. Mas, o velho meneava a cabeça adiando tudo até a
próxima primavera. Quando, finalmente veio a esperada primavera e os pardais
começaram a fazer os seus ninhos, o agricultor escolheu um ninho com
pardaizinhos novos. Tomou-o e fechou numa gaiola, a qual dependurou na frente
da janela de sua casa.
Logo os pais-pardais, ouvindo o chilreio dos filhotes, voaram para junto
deles e, através das grades, começaram a alimentá-los com carinho e dedicação.
Os passarinhos já se haviam tornados maiores, bem alados, aptos para
voar, mas, os seus genitores os alimentavam com a mesma solicitude. O
agricultor, então, armou um alçapão, prendeu os pássaros velhos e libertou os
novos que fugiram com alegria. Prendendo na gaiola os pássaros velhos, o
agricultor não lhes forneceu alimento, esperando que os filhotes voltassem,
trazendo com gratidão, alimentos para seus velhos pais. Mas... tudo em vão...
Os velhos pássaros chilreiam e chilreiam tristemente, mas, nenhum dos
filhotes vem trazer-lhes comida. Certamente morreriam de fome se alguém não
se apiedasse deles.
O velho pai convocou, então, seus filhos e, depois de contar-lhes o
acontecido, soltou os velhos pardais e disse: se pegarem agora os velhos e os
novos pardais, lhes entregarei os meus bens e vocês alimentar-me-ão até a
morte.
(traduzido do polonês)
Publicado no jornal Barriga Verde – Canoinhas- em 18/03/1973

REMINISCÊNCIAS

Uma das manifestações folclóricas da Região de Canoinhas introduzidas pelos


povoadores, constava de ajuda mútua no preparo da terra, para a plantação, notadamente
a roçada de capoeira e capinação dos milharais. Os convidados, com brados de alegria,
efetuavam todo o trabalho durante o dia. À noite, ao som da gaita, realizava-se o baile
como parte integrante do “pichirum”.
Além destes trabalhos, os moradores do interior participavam com alegria das
tradicionais festas populares, procissões e ladainhas cantadas, o que contribuía para
irmanar o povo, estreitando cada vez mais os laços de amizade.
Tomei parte de tais reuniões, pela primeira vez, na década de 1930 e gostei
muito dos trabalhos e festejos.
A fogueira era indispensável. Após a queima ficava ainda o brasido fumegando,
pelo qual, cada festeiro devia pular três vezes, porque, diziam, a brasa da fogueira da
festa de São João não queima o pé de quem tem fé.
O mastro com a bandeirinha do santo, pintado toscamente, os foguetes e bombas
da marca “Relâmpago”, as rezas e os cantos, cujos textos foram transmitidos pelas
gerações passadas e chegaram até aquela época com muitas palavras originais
substituídas pelo vocabulário próprio do sertanejo, palavras essas, que só eram usadas
em cantos e orações e que as gerações presentes, - e mesmo as passadas-, não mais
atinavam com o significado de tão modificadas que eram... mas, eram sempre poéticas,
lindas, coloridas, provindas da alma daquela gente simples e boa.
À tarde os festejos continuavam no pátio e a capela ficava deserta. Somente uma
ou outra devota entrava de vez em quando e atirava um beijo simbólico nas pontas dos
dedos ao santo. Às vezes aproximava-se mais para colocar, devotamente, uma fitinha
vermelha sobre a estátua do altar.
Mocinhas vestidas graciosamente de chita circulavam pelo pátio, e se depois de
várias voltas não encontravam o eleito do coração, voltavam à capela para rezar mais.
Às vezes deixavam aos pés do santo um bilhetinho pedindo um bom casamento.
Faziam-se também promessas para que o pedido fosse realizado. Uma dessas
promessas era dançar o fandango de São Gonçalo, que consistia num gracioso sapateado
ao som da viola e com um cantador.

Publicado no jornal Correio do Norte – Canoinhas- em 21/01/1982.


DO NOSSO FOLCLORE

Um barulho no sótão da casa...algo ocorreu...partiu...correu...


Seu Bastião debateu-se por um momento com a ideia: seria uma alma penada de
um defunto?
Acendeu o lampiãozinho a querosene, que no sertão era conhecido como “zóio
de cão” e subiu os degraus da escada.
Silêncio... nada... Cada segundo parece uma eternidade... No canto, no semi
crepúsculo, um velho apero, uma badana roída pelos ratos... parece que algo se mexeu
por baixo das fraldas daqueles couros.
Leve e suavemente desceu pelos mesmos degraus trazendo consigo receios,
medos e cabelos eriçados, duros, quais arames de aço...
É visagem – sussurrou ao ouvido da esposa já pálida de susto. E continuou:
“Certamente uma alma do outro mundo, que anda por aí desejando livrar-se das penas e
contar onde enterrou a panela com dinheiro durante sua vida terrena.
Quem não tiver medo, continuou Seu Bastião, poderá desenterra-la à meia noite
em ponto, livrar a alma das penas e ficar com o dinheiro”.
Neste interim alguém bateu na porta: toc toc toc.
Lobisomen ou que diacho?
-Abre, compadre, sou eu.
-Eu, quem?
-Eu, o Manuel.
Oh sente-se, por favor. Pensei que era uma outra alma, por isso não quis abrir a
porta.
Seu Manuel acomodou-se num banquinho de três pernas, típico da região de
Canoinhas, côncavo e bem ajustado aos seus magros quadris e depois de acender o
tradicional palheiro que lhe foi oferecido, antes da primeira cuiada de mate, segundo as
regras herdadas, a conversa continuou:
-Compadre falou de “outra alma” disse Manuel. Apareceu alguma por aí?
- Se apareceu! Agora mesmo, ou momentos antes, andou pelo sótão da casa!
E narrou pormenorizadamente o acontecido, não esquecendo de incorporar à
estória muitos “rabinhos” e comentários novos que pareciam tão reais quanto o medo
sofrido instantes atrás.
E tudo passou... sem maiores novidades, a não ser a estória que ficou conosco
até hoje como mais uma linda história folclórica, que de vez em quando anda de boca
em boca dos contadores de “causos”, afirmando que as almas penadas andam mesmo
por este mundo, assustam os moradores mais ousados, aos quais, se aguentarem os
medos da meia noite, indicam posteriormente os lugares onde estão enterradas as
riquezas, os antigos tesouros, patacões e onças de prata e ouro deixados não somente
pelos jesuítas, mas, também pelos jagunços depois das lutas do Contestado.

Publicado no jornal Correio do Norte – Canoinhas 04/04/1984.


DE TUDO UM POUCO

CASTIGOS – Para que os castigos -caso realmente necessários- possam ter


alguma eficiência, devem ser raros. A criança deve saber que a castigamos com pesar.
Os bons pais e educadores, nos casos comuns, geralmente obtém a correção necessária
antes que seja preciso recorrer aos métodos severos. A boa norma educativa não se
coaduna com os extremos, tanto de brandura como de rigor.

LEITURAS – A leitura sadia e bem orientada é um dos meios eficazes na


difusão de boas ideias que exercem poderosa influência na formação dos jovens. Por
isso, todos os cidadãos, principalmente no interior dos município, onde pouco se lê,
deveriam cuidar desse magno fator educacional, incentivando, propagando a leitura de
escritos bons; assim poderiam com mais facilidade trazer grandes benefícios para as
crianças e jovens.

MISTÉRIO E FÉ – Geralmente acontece que aqueles que se insurgem contra fé


e mistérios, são os que preenchem a lacuna com fé falsa, com crendices e superstições
como horóscopo e similares.

MENTIRAS – Escreveu alguém que... ”mentira muito em voga é a mentira


política e mesmo de políticos no tempo de eleição”. Assim a gente fica sabendo quantos
“amigos” possuímos, pois, a mentira tem pernas curtas.

REMÉDIOS – Disse o Senhor Secretário Estadual da Saúde do Rio Grande do


Sul Dr. Sérgio Bechelli que “são as multinacionais que estão complicando o
abastecimento, porque estão interessadas em descongelar os preços dos remédios”...
Muitos são os produtos ausentes nas prateleiras das farmácias... deixando que se acabe
os estoques de determinados produtos, para lançarem outros, com a mesma fórmula ,
mas, com nome diferente.
DE TUDO UM POUCO

AGRICULTURA – Escreveu alguém no “Correio Riograndense” que “dez dias


de lua minguante beneficia especificamente o plantio de raízes, entre as quais figuram
os bulbos (cebola e alho) e os tubérculos (batatas). Raros são os agricultores que não
levam em conta a influência lunar... Mas, raros são também os agrônomos, os que não
assumem uma expressão de desprezo quando se fala na possível influência da lua sobre
o desenvolvimento das plantas”.
È isso aí mesmo. Esta influência realmente existe – como pessoalmente tive a
oportunidade de verificar. E, para trocar em miúdos: há notável diferença no
desenvolvimento das plantas, não somente devido as fases da lua, mas, muitas vezes de
um dia para outro. Não é superstição, é antes um mistério da natureza que ainda não foi
desvendado pelos estudiosos.

SAÙDE – Saber comer é o melhor remédio.


Há um livro sobre o assunto. È do Dr. Flávio Rotman, o qual ensina na pratica
sobre os efeitos dos alimentos na nossa saúde. Incute um novo conceito da área da
saúde, de medicina preventiva popular; ou seja, a utilização da horta e da dispensa que
podem funcionar como verdadeira farmácia. O livro pode ser adquirido na Livraria
Sulina, Rua Demétrio Ribeiro, 1168, P. Alegre, RS.

LITERATURA DA RUA – Escritos e ilustrações obscenas com os quais se


mercadeja em tantas cidades do Brasil (inclusive Canoinhas), são de péssimas
consequências para adolescentes e jovens, pois, de fato eles nada ensinam de positivo,
mas, minam os alicerces da moral e da boa educação.

Publicado no jornal Correio do Norte – Canoinhas

Correio do Norte n. 3.723 de 19/08/1981- “Opinião do Leitor”:

Caro irmão “João Ninguém”: Eu sou alguém que tem o seu lugar debaixo do sol,
um lugarzinho que Deus deu a cada um de nós.
Ninguém dos deres humanos pode ser “ninguém”. Sou também agricultor, já
grisalho e, além disso, sou professor e, enquanto puder trabalhar, não me interessa a
aposentadoria, mas, é viável que haja muitos outros “Joãos que necessitam dela. O
magistério não é profissão, mas, uma missão a cumprir, diria eu, uma vocação que,
creio, é exercida pelos professores não em atenção ao salário mínimo ou mesmo
máximo, pois, a remuneração ou aposentadoria não são pagamento, mas, uma
gratificação justa. Acrescento ainda, pela própria experiência, que o trabalho intelectual
cansa quatro vezes mais do que o trabalho da lavoura, mas, depende de como se
trabalha.
NEM TUDO É LUZ...
Disse Castro Alves: “O livro caindo na alma, é gérmen que faz a palma, é gota
que faz o mar”.
O livro pode ser o gérmen do bem, como pode, por outro lado, ser também a
semente do mal.
Vejamos o que escrever Russeau: “Não olho para nenhuma das minhas obras
sem estremecer. Em lugar de instruir perverto...enveneno; porém a paixão me cega, e
apesar de minhas formosas frases não sou mais do que um malvado”.
Muitas vezes a paixão cega aos que leem e aos que escrevem. Apaixonados por
leituras de romances e novelas –notadamente jovens e adolescentes- são os que
avidamente sugam as páginas sem necessidade de indagar sobre o valor moral de seus
autores. Talvez sentem ainda um leve movimento de revolta, mas, se tranquilizam
pensando que são bastante formados e que podem ler do ruim ao pior, pois, acham que
sabem discernir o bem do mal. Entretanto, o veneno, embora seja sugado em doses
pequenas, mas continuamente, acabará minando as belas forças vitais da juventude e
descobre-se tardiamente que nem tudo era verdadeira luz e cultura.

A IMPRENSA

As famílias de hoje não podem dispensar a leitura de jornais, revistas, livros e


nem deixar de ouvir programas de rádio e televisão.
Aquilo que lemos, vemos e ouvimos exerce grande influência, mesmo quando
não o percebemos, pois, a transmissão de ideias através da imprensa também é – ou
deveria ser- um poderoso fator educacional, o qual, pouco a pouco vem substituindo o
poder exercido pela família e pela escola e passou a ser usado e abusado em larga
escala. Frequentemente, sem tomar em consideração os mais elementares princípios da
moral, propagam erotismo como se fôssemos um povo pagão e sem cultura.
Os homens de boa vontade não podem ficar indiferentes diante de tais fatos,
pois, que a difusão do mal não depende somente de autores perversos, mas, daqueles
que levianamente o reforçam comprando jornais, revistas e novelas perniciosas,
assistindo espetáculos pouco recomendáveis, etc..
Sem o dinheiro das famílias cristãs, certamente tal imprensa ver-se-ia em apuros
e, consequentemente corrigir-se-ia.
Além disso, os escritos pornográficos estão quase sempre longe de ocupar o
lugar de verdadeira arte literária (são escritos vulgares “da rua”). Em vez de cultivar o
belo, elevar os pensamentos ao mais alto cume do sublime, proporcionar ao leitor
distração sadia, rebaixa a dignidade do homem eliminando a beleza e introduzindo o
sensacionalismo barato e doentio.

Publicado no jornal Barriga Verde – Canoinhas- em 29/07/1986.


DE TUDO UM POUCO

PREÇO DE INSUMOS – As cooperativas têm um papel importante e


insubstituível na fiscalização dos preços dos insumos já que os pequenos agricultores,
pela natureza de suas ocupações, morando longe das cidades tem dificuldades de
comparações de preços, exercer controle e denunciar os abusos.

HORÁRIO DOS BANCOS – Outra dificuldade que surgiu para os interioranos é


a não coincidência do horário dos bancos, pois, no interior levanta-se cedo para “pegar”
ônibus, vai-se à cidade e perde-se muito tempo esperando os bancos abrirem as portas.

FEIJÃO E OUTROS PRODUTOS – O pacote econômico tem seus lados


positivos e negativos. Um dos negativos é a dificuldade de comercializar a produção de
feijão. Vários atacadistas acham que a margem de lucro é pequena, por isso, preferem
não comprar. Não é só: os industriais e outros produtores também foram escolhidos para
servirem de ‘bode expiatório” do pacote.

ESTRADAS E BOEIROS – Já foram recuperados em nossa comunidade de Rio


da Areia de Baixo os bueiros e estradas que conduzem à BR 280. Nossa gratidão ao
Senhor Prefeito. Porém, o empedramento do nosso trechinho foi esquecido.

POLÌTICA – No interior ainda ninguém se interessa pelos candidatos a cargos


eletivos. Todos esperam de que lado começarão a soprar mais fortes ventos...só então
irão ou não na onda...
Publicado no jornal Correio do Norte – Canoinhas- em 01/05/1986
DE TUDO UM POUCO

DEMOCRACIA – A família é e deve ser o lugar onde se exerce a democracia.


Sem isso não haveria família com pleno gozo de direitos e deveres.
Diz Wilson João: “Quem não está cansado de ver o pai dizendo: aqui nesta casa
quem manda sou eu... calem a boca... criança não se mete em conversa... mulher é para
obedecer...” E a mãe com expressão ditatorial grita: filho não faça isso... olha que o pai
vai te pegar... etc, etc.
Seriam muitas as citações, mas, vamos parar por aqui, acrescentando que a
democracia começa na família, no consciencioso exercício de pequenas tarefas.

PROBLEMAS E DIFICULDADES – A vida nas zonas rurais é muito diferente


da vida nos centros urbanos. Os problemas, as dificuldades, a pobreza e a riqueza são os
polos que devem ser levados em conta, e não como um termômetro pelo qual se mede a
capacidade de governar...
Por conseguinte, não é fácil governar,.. mas, também não é impossível achar um
denominador comum para o contento de todos olhando os problemas e ouvindo as
vozes, as justas reinvindicações tanto da gente da cidade como do interior.
Cá, em Rio da Areia de Baixo, há tempos estamos pedindo o empedramento da
estrada que dá acesso à BR 280, ao menos um trechinho que liga núcleo de lavradores
para que estes possam transportar seus produtos até a estrada geral. Disseram-nos que,
para que este pedido possa ser atendido, torna-se necessário retirar todos os portões da
estrada. E, como a criação de vacas, cavalos, carneiros, etc. também é uma necessidade
das zonas rurais, não se podendo soltar estes “bichos” na BR 280 nem nas plantações,
somos de opinião de que o trecho sem portões deve ser empedrado com urgência, sem
esperar as vésperas de eleições!

FEIJÂO - Os atravessadores na compra de feijão estão em atividade e alegando


que “não fazem descontos”. Mas, é mais vantajoso para o produtor vender na
Cooperativa, onde o desconto de umidade e impureza é feito de forma honesta e mesmo
assim o preço permanece melhor.

Publicado no jornal Correio do Norte – Canoinhas

DE TUDO UM POUCO
LIDERANÇAS – Hoje, no interior dos municípios, está melhor do que foi
ontem. Em cada localidade acha-se sempre um, dois, três ou mais líderes que fazem as
vezes de cabeça. Mas nem sempre foi assim. Decênios atrás tínhamos também muita
gente capacitada para “fazer a frente”, mas, nem sempre conseguiram por motivo de um
acanhamento que os inibia.
Sabe-se que o antigo interior foi muito menos povoado e não houve
comunicação com as cidades. Tal isolamento, certamente, contribuiu para este
acanhamento. Mas, hoje a grande maioria conscientizou-se de que os homens, pela
natureza, são todos iguais embora sejam diferentes pelas aptidões.
Disse Sobral Pinto que “a vitória, nas atividades de cada homem, está sempre
condicionada ao equilíbrio mais ou menos perfeito entre o QUERER e o PODER.
Ninguém deve querer mais do que pode nem menos do que também pode...”.
Para os líderes exageradamente arrojados e exibidos, tanto das cidades como das
zonas rurais convém se convencer de que a harmonia entre o “querer” e o “poder” é
absolutamente necessária em todas as atividades sociais.

SUGESTÕES – Os agentes de publicidade sabem que os ouvintes e/ou leitores


sofrem sugestões e os anúncios impingem consumo e mais consumo. O pior ainda é que
charlatões exploram também tais recursos para semear ideias extravagantes através de
livros baratos.
O subconsciente não discute, mas aceita tudo se a gente topar.

PERANTE A LEI – Somos todos iguais perante a lei. Mas a lei não é igual para
todos. Vejamos: Se um operário faltar seguidamente ao trabalho , ele é despedido. O
deputado e o senador não.

ELOGIO E CRÍTICA – No setor de educação o elogio rende muito mais do que


a crítica. A própria crítica, se necessária, deve ser feita com muita prudência e
delicadeza para não provocar desconfiança e desânimo no aluno.
Isto vale na educação, mas não nos meios de comunicação, pois estes são o porta
voz e consciência coletiva. Cabe-lhes o dever de elogiar também as boas iniciativas.
Mas, não é só. Devem ainda denunciar as coisas erradas, sem cair no extremismo e sem
trair a sua verdadeira missão.

Publicado no jornal Correio do Norte – Canoinhas em 25/01/1986


AVE MARIA

Tangem os sinos
No fim do dia
Hora sagrada
De ave Maria

Do meigo Angelus
Que o povo reza
Cá na capela,
Com singeleza.

Sino pequeno
Com fá sustenido
E grande sino
Com ré definido

Belos acordes
Sobem aos céus,
Elevam as almas
Bem junto de Deus

Ave Maria,
Cheia de graça
Reza o povo...
E o tempo passa...

Publicado no jornal Correio do Povo em 25/01/1986


Jornal Barriga Verde em 08/11/1986
ONTEM E HOJE

Lembro-me quando um agricultor já casado e com filhos, comprou e instalou o


primeiro rádio nesta localidade, tocado a bateria de carro, e teve o receio de mostra-lo à
sua mãe para que esta não reclamasse que foi esbanjamento de dinheiro na compra de
tal objeto. O segundo morador logo também comprou. Os vizinhos o xingaram...
dizendo que seria melhor comprar uma vaca, e ele se defendia dizendo que a vaca
poderia morrer e o rádio não.
E assim fomos dando os primeiros passos, caminhando na senda do progresso,
Hoje chegamos ao extremo oposto, quando o rádio, a televisão prenderam os moradores
num universo sonoro e barulhento, um verdadeiro martírio para os de espírito sensível
às belezas naturais e artificiais. Músicas em alto volume, comerciais aos gritos, sem
nenhuma suavidade.
Não obstante o progresso nos meios de comunicação, o homem ficou sozinho,
pois, se antigamente pouco se sabia quem é o próximo e pouco se dialogava, hoje a
separação entre os membros da família é maior ainda. Todos adquirem o costume de
ouvir a máquina, não havendo mais tempo para o diálogo fraterno com o próximo...
Talvez as mães e pais de hoje poderiam inverter os papeis e recomendar que se
dê mais atenção às pessoa do que às máquinas falantes...

Publicado no Correio do Norte em 18/01/1986


NOSSOS PIONEIROS

Pensa-se que o progresso de hoje é um bom progresso porque todos nós


trabalhamos a valer. Nas lavouras, nas escolas, na indústria não há mais aqueles antigos
e pouco produtivos métodos de trabalho. Mas, nem sempre é fácil lembrar-se que este
progresso custou muitos e esforços e sacrifícios aos nossos antepassados.
De modo especial, no interior a lembrança de nossos pioneiros apagou-se nas
mentes não somente na memória dos jovens, mas também na de muitos adultos e velhos
que não mais se recordam dos grandes feitos daqueles que contribuíram para que
sejamos hoje o que somos. A história do interior do município é muito pouco
conhecida, pois, ninguém ou quase ninguém escreveu nem se quer os principais fatos
ocorrido nas zonas rurais. Os que sabiam ler e escreve nada anotaram pelo simples
motivo que tais anotações não representavam valor algum. Quem haveria de ler ou
ouvir? Escrever para quê e para quem?
Entretanto há pessoas que, no passado, apesar de muitas dificuldades,
granjearam grandes méritos, colaborando na construção do aperfeiçoamento nos mais
diversos povoados.
Entre uma plêiade devemos destacar Orty de Magalhães Machado, o quaç, por
volta de 1938 exerceu o cargo de Inspetor Municipal de Ensino e, não dispondo de
melhores meios de locomoção, montado a cavalo, visitava as escolas do interior
trazendo a todos o ânimo, o entusiasmo, solucionando os problemas das comunidades
rurais.
Naquela época destacaram-se também em nosso meio os grandes incentivadores
do ensino primário: Leopoldo Figura de Valinhos e Evergistro Nunes de Rio da Areia
de Baixo que colaboraram muito na difusão da luz da instrução em nossas localidades
primitivas.
Publicado no jornal Barriga Verde em 12/01/198
NOSSO COLONO

De sol a sol,
Muito cansado,
Lavra colono
O seu roçado

Não mais usa


Sanco ou enxada,
Só guia máquina
Sofisticada

Gota por gota


Escorre suor
Não há descanso
Em seu labor.

E assim produz
Bons cereais
Para consumo
Dos comensais.

As sobras vende
Lá no mercado
Por preço mínimo
E tabelado.

Lavra colono
A nossa terra!
Perseverança
Glória encerra!

Publicado no jornal Correio do Norte em 11/01/1986


A PALAVRA

A palavra é,
Quando prudente,
Um excitante
Muito potente.

Ela anima
Os inteligentes,
Ativa a vida
Dos diligentes.

Se imprudente,
Mina união,
Solapa forças,
Faz destruição.

Use prudência
Em o seu falar,
Assim poderá
Bem melhor amar.

Publicado no jornal Barriga Verde em 12/01/1986

O MUNDO DOS LIVROS

“O INFINITO DE SUA MENTE”, de autoria do conhecido psicólogo Dr. Lauro


Trevisan, editado pela Editora Mente de Santa Maria, RS, é um “best-seller” brasileiro.
A melhor prova disso é que a obra já está em sua 81ª edição, com duzentos mil
exemplares vendidos em apenas quarente e cinco meses.
Através desta leitura podemos descobrir e usar adequadamente a grande força e
maravilha da nossa mente, pois o autor explica, com simplicidade compreensível para
todos que “assim como as leis universais da química, da mecânica, da eletricidade,
igualmente são infalíveis as leis da mossa mente, do nosso pensar”.
Embora não nos demos conta disso, nós somos os nossos pensamentos, as nossas
ideias, quer queiramos ou não...
O autor ressalva que não existe fatalismo e indica, com precisão, o melhor modo
de viver, o método pelo qual podem ser solucionados os mais complicados problemas.
A obra é de grande utilidade para todos. Ajuda resolver com facilidade as
dificuldades individuais e sociais e ensina como manter sempre o nosso físico e
psíquico em perfeita harmonia e saúde.

Publicado no jornal Correio do Norte em 21/12/1985


VIDA MODERNA

Várias impressões excitantes


Reclamam nossa atenção:
Negócios mui intrincados,
Cinema, rádio, televisão

Bombardeiam a nossa mente


Dia e noite, sem cessar,
Não permitem olhar com nitidez
Nem mais corretamente pensar.

Vivemos no meio de explosões,


Com ideias precipitadas,
Não ouvimos sons que tranquilizam,
Só temos ideias agitadas.

Soltam-se todas as rédeas


Da inconstância, da indecisão.
Vem a grande abulia,
A psiquê humana erra direção.

Publicado no jornal Correio do Norte em novembro de 1986


Publicado no jornal Barriga Verde em 16/03/1986

ESCRITAS E LEITURAS

Escrever não é tão fácil como poderia parecer à primeira vista. Se alguém escreve algo,
escreve porque venceu o tal “algo”. Com isso, porém, não se afirma que o escritor
venceu todos os “algos”. Longe disso, pois ninguém é perfeito, mas todos podem e
devem procurar a perfeição ao longo da vida, vencendo a si mesmo.
Ao escrever, de mil tons, do caos, selecionar um único tom para que todos sejam
servidos a contento, é possível, pois cada leitor tem o seu modo de ver, ler e julgar.
Por vezes pode parecer que ninguém, depois de conhecer as simples e “secas”
regras gramaticais possa ter dificuldades em escrever. Realmente é fácil quando se
escreve maquinalmente incontável número de palavras, ou números matemáticos certos,
mas, pelos quais não se tem objetivo de transmitir ideias, ou, por assim dizer, um
pedaço do coração para comunica-lo aos outros, porque os escritos assim automatizados
não tomam o corpo e a forma das vivências que surgem das profundezas da psique
humana.
Cada escritor comunica suas ideias e emoções, refletindo, quase infalivelmente,
a sua personalidade através de seus escritos, pois o estilo – segundo H. Montezuma-
determina o que o escritor é e não o que ele sabe.
Por outro lado é necessário que o público leitor possua o senso crítico adequado
para poder selecionar e assimilar o que é útil para o bem comum e rejeitar o que é
corrompido.

Publicado no Correio do Norte – Canoinhas em 30/11/1985.

FELICIDADE

O professor sentou na cátedra e, para iniciar a aula, ditou o seguinte trecho: “pousa o
passarinho na árvore e contempla o povo... E admira-se por que nenhum deles sabe
onde está a felicidade... O suor lhes escorre dos rostos e os espinhos lhes dilaceram os
pés...”
A seguir explicou o texto, deu sinônimos das palavras mais difíceis e disse: Amanhã
cada um de vocês trará um trabalho individual sobre a felicidade. Poderão escrever
livremente o que acharem de melhor sobre o assunto, mas cuidem para não se
distanciarem do tema.
No dia seguinte lhe foi entregue uma pilha de cadernos para corrigir. À margem
de algumas “felicidades” ele colocou notas de 2 a 10, conforme maior ou menor
perfeição na arte redacional do aluno.
Um dos alunos, além de relatar o que os outros pensam sobre oasuunto, afirmou
que ser feliz é “ter consciência limpa”.
Aquelas notas vermelhas nas margens dos cadernos não significavam o grau de
felicidade do respectivo aluno, pois cada qual, individualmente, modelava-a em sua
mente e em seu coração. E muitos conseguiram encontra-la ao longo da vida, enquanto
outros a procuravam não só “SER” mas no “TER”, e por isso, ontem como hoje não
conseguiram descobrir por onde ela anda.

Publicado no Correio do Norte – Canoinhas em 23/11/1985


PONDERAÇÕES

Escreveu D. Mascarenhas Rosa em seu livro “Teologia do Cosmos” que a


humanidade encontra-se esmagada pela menor parcela do universo, o átomo, pois se
esse explodir, poderá dar cabo dos homens. Diz o mesmo autor:”... enquanto a
inteligência humana descobre que na obra menos perfeita do criador, a matéria
inanimada, na menor parcela possível desta matéria há tanta força, ela se nega a concluir
o silogismo e reconhecer a grandeza infinita de Deus.”
O homem moderno progrediu tanto no setor tecnológico e tem-se a impressão que está
chegando ao ponto culminante do progresso científico. Mas, quando se esforça para
dominar o espaço sideral e promover “guerra nas estrelas”, esquece de que na realidade
ele carece de uma profunda, verdadeira cultura, - uma cultura espiritual e religiosa -
que acompanhe ao menos o progresso da técnica moderna...
Para que o homem possa sentir o peso da sua responsabilidade e ser correto no uso da
ciência em todos os setores se suas atividades, permanecer preparado para enfrentar os
crescentes problemas, e solucioná-los eficientemente, é necessário que, ao lado de
conhecimentos gerais, ele tenha uma formação religiosa à altura, pois, é evidente que o
ser humano não é apenas um organismo físico.
Publicado no Jornal Barriga Verde – Canoinhas em 15/12;/1985
FUTEBOL

Jogos sadios,
Não mui pesados
Ajudam muito
Se bem dosados.
O exagero
Neste setor
Traz cansaço
E segue torpor.

Quanta emoção
E fanatismo:
Gol acertado
Vibra psiquismo!
(Diz o turista
Que nesta terra
O tal excesso
Sempre impera).

Tanto no rádio
Como na tevê
Programas longos
Quem é que não vê?
Os jornais todos
Enchem medidas,
Enchem colunas
Bem compridas.

Mas, se no estádio
Surge violência
Dá baita zebra
E impaciência.
Mas não por demais,
Sem exageros,
Sem dores e ais!

Publicado No Correio do Norte em 08/12/1985.


MEIOS DE COMUNICAÇÃO

Nos últimos tempos os meios de comunicação progrediram tanto que a distância


não mais nos separam. As informações, notícias, mensagens correm como a velocidade
da luz.
Mas, no meio da gente do povo que desejaria ver todo o progresso usado para
aumentar a felicidade e o bem estar real de todos, surge a grave, persistente e
inquietante pergunta: este progresso traz realmente frutos desejados e benéficos de
acordo com a nobre e elevada missão dos responsáveis pelo uso destes meios de
comunicação?

Em nossos dias há uma urgente necessidade de interessar-se mais na formação


dos adolescentes e jovens através do uso inteligente da imprensa escrita, falada e
televisada. Mas, em vez de instruir, orientar, formar e informar, muitas vezes estes
veículos de comunicação tornam-se um instrumento de manipulação da opinião pública
para moldá-la segundo mesquinhos interesses econômicos ou políticos, pois, em
maioria, poucos grupos econômicos detém o monopólio da informação.
Presenciamos hoje em todos os lugares o grande movimento, o despertar da
juventude, associando-se em grupos com a finalidade de incentivar o progresso
religioso, aprofundando, de modo notável, a sua espiritualidade. Mas, quem os ajuda
nestas nobre iniciativa e tarefa? Televisão? Talvez algumas emissoras de rádio e
televisão dediquem uns 30 minutos por domingo para este nobre serviço, enquanto,
durante toda a semana, bombardeiam ininterruptamente as jovens mentes com
programações frívolas ou mesmo às vezes contrária à moral cristã.
Que fazem as famílias e escolas para ajudar a formar o senso crítico da
juventude?

Publicado no jornal Barriga Verde - Canoinhas em 19/11/1985

LUZES E SOMBRAS

Como Antigamente, assim hoje, o mundo foi e é lindo. É bela cada flor, cada
passarinho, cada bichinho... As crianças, de modo especial foram e são lindas como
verdadeira poesia...
Entretanto, a nossa época está sendo dominada pela “dona moda” que manda,
moderniza tudo e todos, procura novidades e caminha com passos acelerados, com tanta
pressa que nem sequer temos tempo para contemplar as verdadeiras belezas.
Algumas das coisas consideradas modernas são mais velhas do que as
bugigangas jogadas na penumbra dos sótãos das casas onde as aranhas tecem suas teias
para capturar insetos.
A beleza foi sempre moderna, atual, pois ela nunca envelhece. O que acontece é
o seguinte: muitas vezes, ao em vez de apreciarmos – imbuídos como somos de uma
paixão doentia e filosofia hedionista – olhamos por um prisma enfumaçado, sem ver a
realidade, sem distinguir o belo do medíocre e mesmo do nocivo menos digno de
merecer apreciação.
Isto também acontece na literatura moderna, ou melhor dizendo, somente com
alguns autores das novelas televisadas, revistas em fotonovelas e outras
“especializadas” só em nudismo, superficialidade, e imoralidade.
A arte deve ocupar o elevado, o sagrado lugar da arte, do belo, sem rebaixar-se a
níveis menos dignos.
Espera-se que tal assunto será bem regulamentado pela nova Carta Magna sem
necessidade de recorrer à censura dos países totalitários, pois somos um povo de alta
cultura.
Publicado no Correio do Norte em 02/11/1985

VOCE TEM PRESSA?


Talvez cada um de nós tem algum “hobby” com o qual gosta de distrair-se nos
momentos livres. Mas, existem realmente momentos livres? Sim e Não; há quem
sempre está com pressa e nunca tem tempo, ou simplesmente não consegue programar
os trabalhos para que o tempo seja aproveitado com o mínimo de cansaço e o máximo
de rendimento.
Durante as tarefas diárias quando nos sentimos fatigados, podemos descansar
brevemente tantas vezes quantas forem necessário para o bom andamento do trabalho.
Para tanto bastaria desligar o pensamento das preocupações e fazer um breve
relaxamento.
Para uma larga série de recreações, além da real distensão dos músculos e
espírito, pertencem também aquelas ocupações não profissionais ou “hobbys” que nos
causam prazer, contribuindo realmente para aliviar as tensões.
Um dia ouvi uma conversa entre duas pessoas: A primeira delas queixou-se que
está sempre em apuros com os seus trabalhos, preocupa-se muito desde manhã com a
ideia de que não poderá vencer os encargos até o final do expediente.
O outro respondeu: É o que acontece também comigo, mas, nunca me deixo
“cair em tentação”. Logo de manhã anoto os trabalhos do dia começando pelos mais
importantes, mais urgentes, e vou despachando um após outro sem pressa. No fim da
tarde confiro tudo e vejo sempre que sobra ainda um bom tempo para me distrair.
A agitação, a impaciência, a pressa, são geralmente mais cansativos que o
próprio trabalho. Era isso que acontecia diariamente com o queixoso. Ele fazia menos,
com menor perfeição do que aquele que trabalhou com calma.

Publicado no Correio do Norte em 09/11/1985


PÁGINAS DO PASSADO

Foi na década de 1950, quando a localidade era ainda pouco povoada e seus raros
moradores parcialmente imbuídos de preconceitos e sentimentos de um lado no temor
infundado e d’outro na confiança exagerada nas coisa extraordinárias. Entre outras
práticas escrupulosamente cumpridas uma delas era a “corrente de Santo Antônio”.
Um belo dia recebemos cartas com este assunto. Houve também uma para mim.
Abri o envelope e li: fui intimado pelo autor anônimo, sob ameaça de azar, mal estar,
infelicidades etc. a copiar o conteúdo 13 vezes e remetê-lo a 13 pessoas para alcançar
plena felicidade e ganhar um boa soma na loteria! Em primeiro momento, tive vontade
de rasgar a carta em 13 pedaços e exclamar 23 vezes: “foi um insensato quem escreveu
isto”. Mas, o dinheiro poderia servir... Não pude, porém, entender como Santo Antônio,
o pai da pobreza, poderia oferecer-me tão apreciável soma.
Achei a solução: o Frei que visita a comunidade é filho espiritual de Santo
Antônio; ele conhece toda esta “sorte”; apresentar-lhe-ei, pois, a carta na próxima visita.
Dito e feito.
.................
O padre subiu ao púlpito, tirou do bolso o lencinho e tossiu classicamente. Os olhos dos
fiéis dirigiram-se ao sábio e eloquente orador.
Ambiente sério e sublime – pensei com os meus botões – mais um momento e
haverá trovoadas...
Frei Fabiano, após a leitura e interpretação do evangelho do dia, chegou à segunda parte
da homilia ou sermão, encaixando perfeitamente o assunto da carta. Tirou-a do bolso,
rasgou em pedaços e jogou no chão, provando assim que não haverá desastre, nem
infelicidade ou azar... Seria, sim, falta de bom senso copiar 13 vezes e tentar 13
pessoas...
Mas, não é só isso. Alguns dias depois um menino achou no gramado defronte
da capela, uma minúscula almofada e veio correndo mostra-la. Com cuidado abri-a e
dentro dela encontrei uma folha com escrita, cujo conteúdo anunciava, grave e
solenemente, que este amuleto possui um imenso poder de afastar todos os males,
inclusive contra balas e balaços de qualquer calibre e facões tipo paraguaios ou
maiores...
Os nossos líderes, nos primeiros tempos, portavam-se, quase sempre, diante
destes fatos com todo respeito. Era uma crença quase folclórica, embora nem sempre
boa. Quando se tornava demasiadamente negativa e prejudicial, foi necessário, de vez
em quando, “trovejar” ou erguer a voz e usar as palavras prudentemente, a fim de sanar
as mentes ainda meio primitivas.
Hoje poder-se-ia fazer o mesmo para diminuir a influência negativa das
superstições propagadas pela imprensa barata, pois, em pleno século 20 as crendices
saíram da zona rural e alojaram-se nas grandes metrópoles, prejudicando muito mais
pessoas.

Publicado no Correio do Norte em 26/10/1985

VOCE É VELHO?
Dizem os autores de “Family Circle” que, se os nossos avós paternos e maternos
viveram para além dos 80 anos de idade, há grande chance de vivermos, no mínimo, 4
anos mais do que os nossos contemporâneos de mesma idade. Se moramos
permanentemente na zona rural – dizem eles – viveremos mais tempo do que se
morássemos na cidade. Estes seriam os resultados obtidos através de estatísticas
médicas segundo o citado “Family”.
Todos nós possuímos idade tridimensional, ou seja, cronológica, biológica e
psicológica. Esta última define-se respondendo às perguntas: Qual é nossa idade sob o
aspecto das atividades que realizamos? Quantos anos de idade julgamos realmente ter
sob o aspecto de nossas atividades?
A idade começa a ter qualquer significado somente quando achamos que
estamos velhos, dizendo, por exemplo: para realizar isto ou aquilo sou velho demais.
O processo de grisalhar começa, em geral, por volta dos 35 anos, mas, pode
aparecer também aos 20 anos. Os cabelos começam a branquear mais cedo aos que
foram desnutridos na infância, com desarranjos estomacais, e por vezes, logo após
algum grande abalo físico ou psíquico,
Podemos retardar o envelhecimento? Certamente sim. Em primeiro lugar, não se
deve comer em demasia. Para os que trabalham mentalmente, acrescente-se um pouco
de trabalho físico.
Os cientistas relacionam o processo de envelhecimento com o fato da
diminuição de células ativas no organismo. Assim, as células restantes tem mais tarefas
a executar, por isso “cansam” mais e tornam-se menos eficientes.
Entre diversas opiniões, uma delas diz que todo o homem nasce com um
“relógio biológico” incrustado em seu organismo e cuja “corda” é dada pelos genes
hereditários para um certo tempo “determinado”; ou melhor dizendo, o homem possui
uma determinada quantidade de energias vitais. Estas energias são usadas para luta
contra os estresses, doenças, acidentes e fome. Tal energia não é ilimitada. Com o correr
dos anos, suas reservas se esgotam. Mas, o fator mais importante para conservar estas
energias vitais, é o estado psíquico. Quem é calmo, sereno, não sente o peso da idade
avançada.

Publicado no Correio do Norte em outubro de 1985


VIDA TOTAL

Os anos da vida
Que fogem,
Que passam
Sem voltar,

Relembram
Que tempo não passa,
Pois ele não pode findar.

Só há movimento e VIDA
(não vemos essência)...
E a história segue...
E seguem reticências...

Publicado no jornal Barriga Verde em 20/10/198

LUZES E TREVAS

Musa,
Você está perto
De mim,
De nós.
No meio há uma cortina
Grossa,
Opaca.
De um lado luz e felicidade,
do outro trevas e adversidade.
Quem removerá a cortina?
Eu,
Você,
Nós?
Isto acontecerá quando aquilo que é material
Não mais pesará.

Publicado no jornal Barriga Verde


HORÓSCOPOS

O fato está consumado


Que há pouca seriedade;
Procura-se onde não existe
A tal da felicidade
Se gado é magro,
Não se tem sorte.

Na plantação
É bom procurar
(Isto, sim)
Melhorar a instrução
Tanto na escola
Como na imprensa
(Isto, sim)
É o que recompensa.

- Horóscopos?
- Nada ajudam.
- Astros
- Não regem destinos.
(Ninguém é autômato)!
Pra que desatinos?

Publicado no jornal Barriga Verde em 13/10/1985

PÁGINAS DO PASSADO

ESCOLA E ROÇA DE MILHO – Corria o mês de setembro de 1934. Terminei,


dia 30, as aulas particulares com 17 alunos, filhos de colonos que vieram para cá,
procedentes de Pulador, Colônia Vieira, Itaiópolis, Serra Chata e outras localidades. A
escola era mantida pela Sociedade Agrícola Instrutiva Agricultor”, recém fundada no
coração da mata, onde começava a prosperar o pequeno núcleo de moradores.. Os
membros da Sociedade, além de cuidarem da aquisição de sementes selecionadas para
o plantio, sementes essas procedentes de Curitiba, via Valões, pagavam na tesouraria
um mil réis mensalmente destinado ao estipêndio do professor. As aulas funcionavam
oito horas por dia. Os alunos e o professor eram os “boia fria” de hoje: levavam o
almoço para a escola e lá ficavam o dia todo. Assim, em nove meses, foi possível
alfabetizar a todos e transmitir-lhes algumas noções de conhecimentos gerais. Mas, os
pais acharam que um mil réis era muito dinheiro e, além disso, as crianças deviam
ajudar nos trabalhos das lavouras. E... que lavouras! Toda a terra preparada a mão,
sementes lançadas com os dedos: indicador, médio e polegar num buraquinho feito com
o chacho... A capina feita com facão, pois não era fácil enfiar a enxada no meio dos
galhos dos sassafrases, imbuias e cedros que abundavam nas áreas queimadas...
Deixei de lecionar e arrendei um bom pedaço de capoeira em Valinhos, onde
estacionei durante a temporada de plantio e capinas. Consegui roçar e plantar milho
numa área de ¾ de alqueire. Embora o adubo e a técnica agrária fossem, naquela época
desconhecidas, a produção foi ótima.
MOINHOS COLONIAIS DE TRIGO – Por que relembrei estas coisas do
passado? Foi porque... dias atrás, visitei, em Valinhos, o dono (já octogenário) daquele
sítio arrendado em 1934 e ele me disse: “Olá, João, eu não posso escrever no jornal,
mas, se eu pudesse, escreveria perguntando: Onde estão os moinhos coloniais de
antigamente? Meu sogro criou 14 filhos, seu cunhado também 14; todos eles tinham pão
crioulo à vontade, não compraram durante a vida inteira sequer 100 gramas de trigo...
Era uma beleza ver por toda parte nas lavouras dos pequenos e médios agricultores
aqueles trigais verdejantes que ondulavam ao sopro do vento. Depois de maduros, eram
colhidos a mão e levadas as sementes aos pequenos moinhos que existiam em quase
todas as localidades. Hoje nada mais disso... Temos que comprar o nosso pão de cada
dia nos mercados...
É isso mesmo... Praticamente (com todo o nosso progresso) não há mais
lugar para os trigais, nem para os pequenos agricultores.

Publicado no jorna Correio do Norte em 05/10/1985

PÁGINAS DO PASSADO

Ele chamava-se Jorge. Era um rapazinho inteligente. Na década dos quarenta


trabalhou algumas vezes comigo na lavoura. Depois dos trabalhos diários voltávamos
juntos para casa onde a cuia de mate nos esperava.
Enquanto o chimarrão fazia a tradicional volta, ele puxava conversa num
agradável bate papo. Sabia contar muitos “causos”.
Também não desejei ficar para trás, sem nada contar e, e como as histórias de
boitatás, dos lobisomens e das mulas sem cabeça já eram muito repetidas no Rio da
Areia, resolvi contar-lhe, resumidamente, o conteúdo de “O Guarani” de José de
Alencar. Ele ficou todo ouvidos, escutando com muita atenção, as passagens sobre os
Aventureiros, Peri, Aimorés e o Desastre Final.
Finda a narração, o rapazinho, muito entusiasmado desse: “ Eu vô lê dizê”, que o
avô do meu pai era índio legítimo. Ele contou aos seus filhos muita coisas boas que
ainda hoje os seus descendentes guardam de memória. Na nossa tribo a gente às vezes
tinha necessidade de esconder-se rapidamente para não ser percebido por outras
pessoas. O meu pai ainda hoje faz isso com perfeição. Ele observa o sujeito com o
máximo de atenção, anota bem os seus mínimos movimentos e, e quando percebe que o
outro distraiu-se, num piscar de olhos, ele some atrás de uma moita ou árvore próxima.
(Eu mesmo presenciei tal fato).
E não é só. Por vezes fazia-se necessário atravessar um campo sem ser visto. Era
mais fácil: Ele amarrava em volta de seu corpo ramos verdes e caminhava num passinho
muito vagaroso, de maneira que quem de certa distância, concluía que o arbusto se
mexe e remexe ao sopro da brisa. Quando verificava que ninguém olhava corria alguns
passos mais rápidos. Assim ele atravessava o campo sem ser visto.

Publicado no Correio do Norte em agosto de 1985


TELEVISÃO

Com a crescente eletrificação rural, a televisão entrou em quase todos os lares


dos agricultores. É um ótimo (ou pelo menos deveria ser) meio de comunicação com
amplas possibilidades de contribuir para a elevação da cultura popular. Mas nem sempre
isso acontece.
De um lado, na maioria dos anúncios, tenta-se impingir o consumidores a
compra de supérfluos a preços onde já estão incluídos os altos custos da propaganda.
Que dirá, por exemplo, um colono que, após o trabalho de sol a sol, com
músculos doloridos, senta-se diante do televisor para ver e ouvir uma comunicação mais
ou menos assim: “Tomou doril a dor sumiu”. Ele sabe pela experiência própria
que as dores têm suas causas e não somem tão repentinamente. Sabe também que,
quando necessário, quem deve receitar os remédios é o médico, depois de examinar o
paciente.
Mas não é só. Aparecem também as novelas das seis e das sete, Dizemos que
este é o horário nobre, porque muitas famílias já estão reunidas para trocar ideias ou
executar vários serviços em casa e nos galpões. Mas aqui entram as novelas para
embaraçar os familiares. Os mais ocupados geralmente preferem não assistir, enquanto
os ociosos optam pelas imagens do vídeo. Não se poderia colocar nestes horários uma
programação com assuntos instrutivos, suprimindo, ou ao menos adiando as novelas
para outras horas?
O modo de pensar, de interpretar o amor, a vida do ponto de vista dos autores e
personagens ensina, eleva o telespectador? É apenas um passatempo mesclado de
hedonismo.

Estas e outras perguntas estão pairando nos ares rurais, enquanto outros ainda
julgam que podem contemplar e ouvir tudo o que é transmitido, pois que – dizem – são
bastante instruídos, formados e sabem discernir o fútil e inútil do proveitoso.
Nos países democráticos não há censura, não se ditam nem impõe ideias, mas, se
eleva sempre os níveis de cultura do povo. E isso pode ser também feito através das
emissoras em colaboração com os Ministérios da Educação e da Cultura.

Publicado no Correio do Norte em 03/08/1985

NAS SENDAS DO AMOR

De um lado, muita gente pobre esperou ansiosamente o desabrochar da


democracia, de uma nova ordem social, imaginando que a Nova República solucionaria
todos os problemas de um dia para outro e que todos os cidadãos usufruiriam de
melhores condições de vida, com os mais elevados níveis salariais, etc. Porém, nem
todos podiam compreender que as grandes reformas, as transformações de vulto no
âmbito nacional não podem surgir como ao toque de uma varinha mágica. Antes de tudo
são necessárias a paciência, a colaboração, o patriotismo de todos, oferecendo sua
contribuição, mesmo que seja pequena, para a reconstrução da pátria.
Por outro lado aconteceu que, pequenos grupos políticos, não precisamente os
pobres e mais necessitados, mas sim, os mais providos, os que não se conformam com a
realidade, com o fato de que o Brasil entrou no caminho da paz, da ordem e do
progresso, - começaram a promover greves - algumas razoavelmente justas e outras
infundadas e desnecessárias, pois, acumularam dificuldades nestes tempos de transição
em que os patriotas fazem tudo para erguer o Brasil do caos..
A nossa esperança, a esperança de toda a Nação que orou unida aos ideais de
Tancredo Neves, continua hoje e continuará sempre firme, alicerçada numa autêntica,
inquebrantável fé de que este gigante pela própria natureza chegará à verdadeira ordem
e progresso, não através de greves e prejuízos, mas sim, pela senda do amor, justiça e
diálogo fraterno com as classes trabalhadoras, condenando a anarquia, punindo quando
necessário e justo, os responsáveis pelas desordens e desfalques, sem o uso da violência
e arbitrariedade.

NOSSOS COLABORADORES

Entre a plêiade dos desbravadores posteriores ao povoamento inicial de Rio da


Areis de Baixo – que ainda vivem entre nós – acha-se o o nosso amigo e colaborador o
Sr. Raimundo Damazo da Silveira, residente na localidade chamada Rio da Areia
Thomazzi, mas, todos nós conhecemos como Rio da Arei do Raimundo.
Foi nesta comunidade que, em 1948, veio morar o Sr. Raimundo Damazzo da
Silveira. Ele é natural de São Mateus do Sul, Paraná, nascido em 14/09/1890
(completará no corrente ano 95 anos de idade).
Trabalhou conosco por mais de 35 anos prestando serviços na organização das
festas escolares e religiosas. Foi sempre o braço direito dos professores, colaborando
com a Associação de Pais e professores e diversas comissões que tinham por objetivo
promover o bem comum e o progresso da comunidade.
Atualmente está acamado já por mais de cinco anos.
Depois de viuvar, casou pela segunda vez com Dona Helena D. da Silveira. Dos
dois matrimônios nasceram catorze filhos, todos já casados, tendo no total cinquenta
netos. Aos trinta anos de idade começou a estudar como auto-didata a Homeopatia,
ajudando com seus serviços e medicamentos a todos aqueles que o procuravam para
aliviar os sofrimentos. Mantinha sempre à mão uma pequena farmácia com os principais
remédios homeopáticos, haurindo continuamente novos conhecimentos e orientações de
um volumoso livro de homeopatia.
Ele é mais um desses pioneiros que merecem toda a nossa gratidão e respeito.

Publicado em 09/04/1985

DE TUDO UM POUCO
AGROTÓXICOS – Fala-se muito sobre o assunto, surgem projetos de leis,
falações ( e... sei lá o que mais) para controlar o uso de defensivos agrícolas. Enquanto
isso os fumicultores continuam poluindo as lavouras, mesmo quando não há maiores
necessidades para tanto agrotóxico. Orientar ou fiscalizar?

DIFERENÇAS - Os jornais revelam que 8% dos brasileiros consomem 62%


de tudo o que é produzido no Brasil e que somos o maior exportador de alimentos do
mundo. Por que tanta gente passa fome enquanto uns poucos nadam na opulência?

ESTRADAS – Apareceu no interior uma máquina consertando e aplainando a


estrada. Um camponês olhou curiosamente pela janela e disse: “Comé qui é que num
tem eleição e a máquina tá aqui?”.

FESTIVAL – Domingo, 23 de Dezembro de 1984 foi um dia inesquecível, pois,


em Rio da Areia de Baixo tivemos a honra e o prazer de receber nada menos do que
catorze clubes esportivos da região.
Os clubes presentes foram: 1)Valinhos, 2)DER – Canoinhas, 3) Motoqueiros, 4) São
Pascoal, 5) Internacional, 6)Cupel, 7)Inter-Rio Feminino, 8) Misto Feminino, 9)
Flamengo, 10)Valinhos – Feminino, 11) Entre- Rios, 12)Colorado, 13) São Pascoal –
feminino, 14) União dos Colorados de Curitiba – U.C.C.
Os jogos começaram as 8 horas e prolongaram-se até as 19 horas. A partida
principal foi Inter – Rio x U.C.C.
Grande e agradável surpresa durante o festival esportivo organizaram os jovens
de Curitiba e Rio da Areia de Baixo: pelas 11 horas, veio com toda solenidade, o Papai
Noel, falou às crianças e distribuiu presentes. Foi grande a alegria de todos.

Publicado Fevereiro de 1985 no Jornal Barriga Verde – Canoinhas.

NOTAS DO CAMPO
MIGRAÇÕES- Nas década passadas a maioria da nossa população
concentrava-se nos campos. Hoje, com o crescente êxodo rural, aumenta
significativamente o número de habitantes nas cidades, mas nem por isso diminui nos
campos. Pois, aqueles que possuem terras em áreas diminutas foram engajados à nova
tecnologia agrária e, apesar de muitas dificuldades, a maioria conseguiu superar os
apertos e crises. Entretanto a população cresceu e, para as novas gerações –
adolescentes e jovens – não poderiam sobrar recursos suficientes nas áreas já ocupadas.
Embora... foram cantados muitos hinos em louvor aos agricultores e às belezas
do campo, essas novas gerações foram impelidas a abandonar as roças, transferindo-se
para as cidades buscando emprego nas indústrias, e no comércio; outros para continuar
os estudos, chegando grande número deles a concluir inclusive cursos superiores, o que
impulsionou a arte, a técnica e a cultura tanto nas cidades como no interior dos
municípios, dando-lhes novos rumos imbuídos dos modos de pensar dos camponeses.
A cidade que mais atraiu os catarinenses foi Curitiba, onde muitos filhos de
nossos agricultores estudam e trabalham. (Os estudiosos do assunto calculam que no
Paraná há aproximadamente cem mil pessoas provenientes de Santa Catarina).
Virando, porém, a medalha para o outro lado, constatamos logo que nem tudo é
tão simples, pois nestas andanças também estão incluídos os menos felizes ou menos
dotados – aqueles que não achando trabalho nas cidades, nem espaço no campo,
engrossaram o número de favelados nas periferias...
Alguém disse num longo discurso político que a reforma agrária já foi
feita.
Por que então o pequeno agricultor não viu esta reforma? Por que os
grandes detém centenas de alqueires de terras com uma produção proporcionalmente
ínfima, em comparação aos resultados obtidos pelos minifúndios?
Será que os latifúndios bem administrados não poderiam dar trabalho para
aqueles que fugiram das “belezas” do campo para engrossar as favelas?

Fevereiro e 1985 – publicado no Correio do Norte

DEIXEMOS A NATUREZA TRABALHAR

O vagalume, a joaninha, o sapo, as aranhas, a corruira são muito úteis em


nossas hortas. Eles não danificam as verduras e plantas. Ao contrário, destroem grande
quantidade de outros incetos nocivos. Causa até um arrepio o uso de agrotóxico na
horta, mesmo em pequena quantidade, pois, destroem o bom e o útil junto com o
nocivo. Conheçamos antes os bichinhos para não eliminá-los à toa e deixemos a
natureza trabalhar a nosso favor.
Alguém calculou que só um sapo pode devorar aproximadamente 230
insetos em 24 horas. As aranhas também alimentam-se principalmente de insetos. A
joaninha come grande quantidade de larvas, enquanto o vagalume regala-se com lesmas.
O principal cardápio da bela e ágil corruíra são os grilos, gafanhotos, percevejos, ovos
de insetos, etc.
Décadas atrás o grande problema regional das lavouras eram os pombos
silvestres, as perdizes, e de modo especial, os grandes bandos de chupins que
arrancavam da terra grande parte das sementes plantadas logo que começavam a brotar.
E depois, quando os cereais maduravam, vinham os papagaios, baitacas, periquitos, os
ouriços e outros animais para se regalar com os frutos prontos.
Ninguém, porém usou meios químicos para “proteger” as plantações.
Replantava-se pacientemente outras sementes no lugar das arrancadas, apressavam-se as
colheitas guardando tudo nos paióis bem protegidos e ... deixavam-se os pássaros em
paz para procurar o seu alimento nas matas...
Alguém poderia objetar que hoje os tempos, os métodos, os meios, o
modo de trabalhar e de viver são outros, modernos e progressistas. Mas, para sermos
mais realistas, hoje, em vez de comprarmos produtos químicos e nocivos em
quantidades absurdamente exageradas, deveríamos proteger os pássaros que ainda
restam, os insetos amigos e os animais que trazem benefícios às nossas plantações.

Publicado no Correio do Norte em 1984


ROCK IN RIO

Foi ótimo o artigo “Rock in Rio” de Wilson João publicado no Correio


Riograndense de 16/01/1985. Realmente este título estrangeiro revolta muita gente.Mas,
não é só. Foram faturados milhões e milhões com a venda de camisetas com inscrições
estrangeiras vendidas por ocasião da festança. Será que este país não tem dono e nem a
própria língua?
Jovens brasileiros e estrangeiros chegaram ao Rio procurando, talvez, superar ,
não tanto a crise econômica, mas sim a crise do “vazio” e acabaram por se convencer
que tudo era vaidade... e o vazio cresceu mais ainda. A Rede Globo transmitiu tudo,
tim-tim por tim-tim, mas muitos telespectadores preferiram não assistir, assim como não
assistem outros programas alienantes que visam somente propagar a libertinagem e
faturam grosso, sem se preocupar com o progresso, com o bem estar do povo brasileiro.
Outro artigo de destaque que deve ser lido, relido e meditado é o de Aldo
Colombo, sob o título “O Número dos Estultos”. Muita gente frouxa as rédeas nos
prazeres sensuais desregrados, sem raciocínio, ou melhor, sem vontade racional. E
quando para, na falta da verdadeira fé, recorre aos astrólogos como se os astros
exercessem alguma influência sobre o nosso comportamento. Realmente a profecia do
Rei Salomão baseou-se na experiência: “o número dos estultos é infinito”.

Publicado em 06/02/1985

NOTAS DO CAMPO

No dia 23/09/84 realizou-se a bela festa na comunidade de Rio da Areia de


baixo. Compareceu muita gente. A missa foi celebrada as 10 horas pelo Revmo. Frei
Edésio Schelbauer, o qual, durante a liturgia da palavra, como sempre, prendeu a
atenção do povo com a sua bela, clara e bem fundamentada prática compreendida por
todo o povo.
Na parte da festa foi coroada a rainha da festa, Srta. Wilma Scholze, filha do
presidente da comissão Walter Ademar Scholze, o qual ao longo dos anos vem
contribuindo com os trabalhos para o progresso do CAP e da SPP.
As festas são boas, refrescantes como as chuvas para as plantas, pois, de manhã
a gente se renova espiritualmente na Capela. Mas, não é só, porque depois, tivemos a
ocasião de rever os nossos amigos – alguns deles vindos de longe – para participar dos
festejos e renovar as amizades. Entre outras pessoas de destaque , veio também o Sr.
João Augusto Brauhart, residente em Curitiba e ora em serviço na Fazenda Thomazzi de
Valinhos. Estava em companhia do engenheiro agrônomo Hélio Nardi de Valinhos.
João Augusto, no passado, foi oficial d Registro Civil no Distrito de Felipe Schmidt
onde prestou muitos serviços à população. Foi sempre e é um dos melhores amigos e
companheiros da população desta comunidade. Na ocasião entregou-nos um convite, no
qual a comunidade de Valinhos diz que, na festa anterior, a chuva atrapalhou, mas, isso
não impediu totalmente seus ideais. Por isso - dizem eles – farão nova festa em
Valinhos no dia 21 de outubro de 1984, quando, além do churrasco e outras atrações,
estará se realizando a Corriteca, onde se defrontarão os gordos de Canoinhas e
municípios vizinhos. Boa!
À tarde daquele memorável dia 23 voltaram as nossas jovens catequistas
De Canoinhas que abrangem sete paróquias. Trouxeram a notícia de que estiveram
reunidas no ginásio de esportes aproximadamente 700 catequistas. Belo número!
Disseram que o Sr. Bispo, ao ver tanta gente de boa vontade, ficou muito comovido,
pois realmente dá alegria ver o fermento na massa em boa ação.
Até a próxima
João Wzorek
Publicado em 1984

DE TUDO UM POUCO

Na luta pelo poder fala-se em apoios, provável número de votos, etc, mas,
quanto aos objetivos concretos, o planejamento para melhorar a situação econômica dos
médios e pequenos agricultores, quase nada se diz, tudo é ainda confuso, indefinido; e o
povo do outro lado espera que se equilibrem e ajustem as coisas assim como os preços
dos insumos com os valores dados aos produtos da lavoura, pois, em se plantando, nem
sempre dá...

O jornal “José”, N° 423 de Brasília, entre muitos outros assuntos, tem a seguinte
introdução ao artigo intitulado “Mercado livre para produzir e vender”:
“As multinacionais foram o segmento mais privilegiado da economia brasileira. Embora
o nacionalismo brasileiro seja uma força de marcante presença histórica, seus resultados
são mais retóricos e emocionais do que racionais.” Falou!

A revista “Ciência Ilustrada” N° 18 trouxe um interessante artigo sob o título


“Os átomos do apocalipse”, no qual, entre outras coisas o autor afirma que “talvez
tenhamos o mesmo fim dos dinossauros. No entanto estes grandes répteis foram vítimas
de um acidente natural, acima de suas forças enquanto no caso do apocalipse nuclear, a
destruição seria de nossa inteira responsabilidade”.

É regular o número de mascates no interior do município, inclusive nos grandes


e pequenos cafundós. Alguns são de Canoinhas, outros de longe. Há também aqueles
que oferecem bugigangas e sugestionam... Talvez, nessa escassez de empregos o fato
em si seja normal, mas, ruralistas bem que poderiam pedir a estes vendedores a carteira
de identidade e, no caso de afirmarem que o dinheiro da venda é para tal e tal
beneficência comunitária, apresentar também autorização das respectivas entidades... e
mais ainda: exibir a licença oficial para percorrer zonas rurais para este fim. Stop.

Publicado Dezembro de 1984


FEITIÇOS

Uma das definições mais acertadas está contida no “Dicionário Brasileiro


Contemporâneo” de Francisco Fernandes que explica em cheio, com clareza:
“sortilégio ou malefício de feiticeiros; objeto material, adorado como ídolo pelos
selvagens ou ignorantes; amuleto”.
Aprofundemo-nos agora ligeiramente sobre esta suposta arte mágica que, no
pensar dos supersticiosos, produziria efeitos contrários à ordem natural. Um dos
especialistas no assunto da equipe redacional da “Família Cristã”, tempos atrás, já
explicou que, todos nós possuímos, além dos cinco sentidos, o conhecimento extra-
sensorial. Inconscientemente conhecemos os acontecimentos, inclusive futuros. O nosso
inconsciente funciona sempre e ‘adivinha’ que nos estão fazendo “feitiço”. Real ou
imaginário dá no mesmo. É o temor, fundado ou não, que entra em cena. Mas, quem
educou o seu inconsciente está convencido que o feitiço é uma simples superstição, o
seu inconsciente fica calmo, seguro, tranquilo, não se assusta e, por conseguinte, o
feitiço “não pega”. Se, porém, alguém supersticioso, desequilibrado, inclusive
inconscientemente, se possuir personalidade dividida, ou seja um segundo “eu”, então o
inconsciente assustado poderá atuar... porque nós somos aquilo que pensamos, somos
nossas ideias...
O pensamento é energia que nos leva para aquilo que estamos imaginando.
Há, entretanto em nosso país literatura barata e supersticiosa que atua
negativamente no intelecto de nossos irmãos patrícios.

Publicado no Correio do Norte em 1985

VOCÊ É JOVEM?

Um bom amigo vale mais que ouro e prata, pois, que a riqueza material, o
apetite de ter sempre mais, jamais poderão substituir o contentamento, o prazer que
emanam do verdadeiro amor. Assim, os amigos sinceros contribuem para aumentar a
nossa felicidade, e, -coisa natural- para melhorar nossa saúde.
Tempos atrás presenciei uma cena que confirma a veracidade dos dizeres acima:
Depois de muitos anos de ausência encontraram-se dois grandes amigos. O primeiro
deles disse: Quando o vejo sinto-me mais rejuvenescido, alegre, contente, sadio.
O outro respondeu com toda convicção: - Também percebo estar mais forte e
saudável, pois que, por motivo deste encontro, novas energias me trazem a alegria de
viver!
Realmente, algo como ondas positivas, velhas como o universo, mas, sempre
renovadas emanam da verdadeira amizade, do amor profundo embora não as possamos
ver à luz da física.
Outro caso apanhado: Num outro dia fui ver uma velha pilha de cadernos com
diversas anotações muito antigas. Nas horas de folga foi necessário rever tudo isso e
jogar fora, para que não estorve, o que estava desatualizado para os tempos de hoje.
Mas, revendo aqueles papéis amarelados pelo tempo, encontrei uma frase que
alguém me ditou na década de 1960: “Não esqueça de conservar sempre a serenidade da
mente e o bom humor, -caso contrário,- você estará perdendo o seu tempo”. Os
cadernos eram velhos, desatualizados, mas o conteúdo daquela frase jamais poderá
envelhecer.
O próprio homem pode ser velho de acordo com o calendário, mas jovem
psicologicamente. Também, no dizer do P. Zezinho, “O jovem pode ser maduro quando
descobre ter-se tornado jovem, não pelo número de anos, mas pelo que já tem a oferecer
ao seu povo e à sua época”.
O jovem psicologicamente com vontade de servir sempre melhor os seus
semelhantes é como uma vela acesa que derrama a luz por todos os lados sem se apagar
mesmo quando sopram os ventos frios da crítica e contrariedade, porque a satisfação de
haver cumprido o dever fornece-lhes as energias necessárias .

Publicado No Correio do Norte em 26/05/1984

PÁGINAS DO PASSADO

Disse alguém que, antigamente, os homens realizavam e não falavam.


Depois passaram a falar e realizar. Hoje falam, mas, não realizam.
Tempos atrás, não havia tantas reuniões e tantas conversas como hoje.
Aparentemente, cada qual curtia os seus próprios problemas em separado. Agora,
falando muito, dizemos, entre outras coisas, que resolvemos tudo de comum acordo
porque somos mais comunidade. Mas, em muitos povoados do interior dos municípios a
realidade, os fatos, a vida cotidiana tal como ele é nos dizem algo de contrário.
Vejamos, por exemplo, como se realizavam os mutirões ou “pixiruns”:
Quando um ou outro agricultor não conseguia vencer os trabalhos da roçada, da
capina ou da colheita, convidava todos os vizinhos e o trabalho era feito em um só dia.
Havendo muito milho para descascar, convocava-se vinte ou trinta pessoas à tardezinha,
e, antes da meia noite tudo estava realizado. No caso de não haver ajuda total, tínhamos
os “dias trocados”. Se os trabalhos de um vizinho eram menos urgente do que o do
outro, o primeiro ia ajudar o outro e vice-versa.
Em geral, no Planalto Norte Catarinense, as terras de planta eram
separadas do caíva e pastagens por uma longa cerca comum. De um lado se plantava e
do outro, todos podiam criar rebanhos juntos. O rico, o pobre e o remediado criavam
com muita facilidade.
Hoje, tudo isso desapareceu. Na maioria dos casos, dia a dia, cada qual executa
suas tarefas isoladamente, tanto na lavoura como nos cercados. Quem possui poucas
terras e, não tendo recursos para construir cerca, ficou condenado a desistir de criar e,
por conseguinte empobrecer, aumentando o número dos que abandonam as roças,
mesmo quando os teóricos utopistas falam bonito, louvando as belezas do campo...

Publicado no Correio do Povo em 24/01/1976


REFLEXÕES

Podemos constatar com facilidade que, nas últimas décadas, o progresso


acentuou-se rapidamente, mas, não em todos os setores. Para caracterizar os tempos
atuais – diz Waclaw Netter – de cujos pensamentos me sirvo para tecer estas reflexões,
a melhor definição, segundo o autor citado, seria época de grande progresso em ciências
exatas; mas, há quem prefere chama-la era atômica ou ainda de grandes transformações.
Hoje se afirma que o certo é somente aquilo que é comprovado pelos
especialistas, cabendo sempre a última palavra ao cientista. Nem sempre sabemos quais
as bases que alicerçam essa ciência, mas sempre quedamo-nos diante dela... No meio de
especialistas um simples mortal sente-se desorientado sem atinar com seus objetivos. Se
uma criança não tem apetite, se houve relaxamento no cumprimento dos deveres diários
e consequentemente os respectivos distúrbios – logo é necessário consultar um
especialista e este explica os motivos e dá conselhos. Tudo, à primeira vista, torna-se
simples e fácil. Mas, por que esta situação tão simplificada e facilitada não traz
felicidade?
Aos poucos deixamos de refletir, de dirigir o próprio destino, a vida, e
enfraquecendo a nossa vontade, deixamos os nossos problemas a cargo dos
especialistas.
Não há dúvida que a ciência impulsiona realmente o progresso da civilização e o
bem estar material dos homens. Mas, os que usufruem destes benefícios, nem sempre
estão preparados para tanto, pois, que o progresso espiritual requer mais trabalho e
sacrifício do que o adiantamento científico.

Publicado no Correio do Norte em 09/12/1978

TELERGIA E CLARIVIDÊNCIA

Desde alguns decênios estão sendo feitas muitas pesquisas sobre certos
fenômenos que se definem como paranormais, pois que não parecem estar de acordo
com as leis naturais até então conhecidas, como, por exemplo, a telergia –uma espécie
de eletricidade, ou melhor dizendo, bioeletricidade que não se submete às leis físicas
conhecidas que governam a eletricidade e cujos efeitos dependem da vontade
inconsciente da pessoa dotada.
Outro assunto muito discutido é a clarividência.
Tenho lido um relatório de quase setenta páginas sobre as previsões contidas nas
Centúrias de Nostradamus que foram editadas e começaram a proliferar a partir de
1555.
Estas previsões se realizaram quase ao pé da letra até ao seu limite de três
gerações que é prazo médio existencial, e depois começaram a falhar. Embora nestas
Centúrias os acontecimentos eram previstos até a nossa época, - não se realizaram...
Não há dúvida que existem raras pessoas clarividentes e podem prever os
acontecimentos dentro dos limites que são possíveis ao ser humano; mas, é uma
presunção querer predizer aquilo que não está ao nosso alcance.
Por outro lado, proliferam, ainda, em nosso meio profetas milagreiros sem
nenhum preparo, apregoando suas ideias extravagantes, explorando a ignorância para
ganhar dinheiro...

Publicado no correio do Norte em 14/07/1984

ANALISANDO OS FATOS

Não há dúvida que hoje o mundo progride em passos acelerados. Dominamos a


técnica na lavoura, na indústria, na escola e nos demais setores.
Nos campos desaparecem os métodos de trabalho primitivo que requeria muito
esforço e sacrifício do agricultor. Dir-se-á que podemos produzir muito com menos
esforço.
Mas, por outro lado, parece que o homem vai se tornando escravo da técnica...
Enquanto estamos passando rapidamente de um extremo ao outro, desprezando um justo
equilíbrio.
Anos atrás, a maioria dos agricultores, pequenos e médios, produziam
suficientemente e mesmo em abundância, cereais e legumes. Hoje, os mesmos
produtores têm necessidade de comprar vários gêneros alimentícios nos mercados.
Somente os mais fortes poderiam produzir tudo o que é necessário para o bem estar das
famílias rurais.
No lugar das florestas devastadas, temos hoje os inseticidas em abundância que
infestam terras e águas, mas os insetos os superam...
Por vezes, o agricultor, em nome do progresso, segue à risca as orientações
originárias das esferas burocráticas superiores com bons propósitos, mas, ramificando-
se cada vez mais, esmiuçaram-se tanto que tendem a deter-se em detalhes
insignificantes, secundários, sem acertar no grosso dos problemas que afligem o povo
rural.
E o setor educacional?
Aqui vai um apanhado de fatos da Inglaterra, o que não é menos verdadeiro
também em outros países, inclusive o Brasil:
Tempos atrás, o Sr. Thed Richmind escreveu no Suplemento Dominical de “The
Daily Telegraph” que em 1974 havia naquele país um milhão de analfabetos. Somente
na cidade de Birmigham eram 25.000. Organizaram-se cursos de alfabetização... fato
curioso: Noventa por cento daqueles analfabetos frequentaram as escolas quando
crianças de 5 a 10 anos (cinco anos de aulas).
Também o escritor londrino Andrezej Giertych, ao comentar o fato, diz: “Não
sei o que estudaram eles naquelas escolas, pois, nem sequer a insignificância de ler e
escrever aprenderam”. E continua adiante o mesmo escritor: “São os resultados dos
métodos pedagógicos ‘modernos’ impostos às escolas de todo o mundo que dominou o
ensino. Teoriazinhas, concebidas em escritórios pelas pessoas que não lidam com as
crianças, dizem que não há necessidade de ensinar; as crianças devem aprender
sozinhas, descobrindo a verdade que lhes desejamos apresentar... Quase nada de
disciplina... devem estudar brincando... Se quiserem fazer barulho que o
façam...Concentração de pensamento – dizem- é um esforço inútil... Que enriqueçam a
sua personalidade pela vivência, etc”.
Os frutos destes belos métodos estão aparecendo!
PROBLEMAS E SOLUÇÕES

Qual é a mais interessante, a mais importante notícia dos tempos de hoje?


Certamente seria um “furo” jornalístico, se um homem, dirigindo com sucesso uma
nave interplanetária, desembarcasse em Marte ou Vênus.
Realmente, há gente a pensar que o mais importante seria conquistar o espaço
sideral, pois, o progresso da técnica, da ciência avançaram extraordinariamente em
muitos setores, beneficiando imensamente a humanidade. As máquinas substituem os
esforços físicos e mentais do homem. Mas, infelizmente, o progresso moral não
acompanhou os avanços da ciência, - daí o desequilíbrio. O homem tornou-se como que
uma máquina automática que produz diariamente dinheiro, pão, roupa... porque a
matéria escraviza... O trabalho nem sempre e nem por todos é considerado como meio
de aperfeiçoamento das qualidades físicas e intelectuais do indivíduo.
Eis porque surgem no mundo atual tantos e tão complicados problemas, os quais
poderiam ser solucionados satisfatoriamente, se ao lado do progresso técnico-material,
surgisse paralelamente o progresso moral.

Publicado no Barriga Verde e no Correio do Norte – Canoinhas

LOUCURAS DO CLIMA

“O clima está mudando. alguma coisa está acontecendo”. Esta é a opinião do


ecólogo José Lutzemberger. Diz ele ainda que a humanidade está mexendo em todos os
mecanismos que controlam o clima e afirma: “Estamos nos comportando como um
bando de macaquinhos que estivessem na cabine de comando de um grande avião em
pleno voo,, mexendo e brincando com todos os botões, manivelas e chaves sem saber o
que estamos fazendo...”
De acordo com a explicação do citado cientista, - o primeiro fator a descontrolar
o clima seria a concentração de gás carbônico na atmosfera, a qual foi alterada pela
queima dos derivados de petróleo.
Outro fator segundo, Lutzemberger é a devastação das florestas, especialmente
as tropicais.
Estamos, pois, mexendo nos mecanismos do clima, mas não impunemente.
Escreveu alguém que Deus perdoa sempre, os homens de vez em quando, mas a
natureza nunca...
As leis naturais são suaves, leves, harmoniosas; mas, quando surge a
interferência irreflexiva do homem, - elas não perdoam, revoltam-se, castigam...
O cientista deve também ter profunda consciência de que não foi ele que
construiu o mundo com todas suas belezas naturais. Se ele é totalmente “livre em suas
pesquisas, nem sempre pode ser livre na aplicação de suas descobertas técnicas”.
Publicado em 06/08/1983

O FEITIÇO VIROU...

As teorias se multiplicam continuamente, mesmo quando isso pouco ajuda aos


pequenos e médios produtores rurais.
Disse alguém que, antigamente os homens realizavam e não falavam, depois
passaram a falar e realizar e, finalmente falam mas não realizam. Certamente há uma
boa dose de exagero nesta afirmação. Porquanto tínhamos sempre e temos hoje pessoas
bem intencionadas e socialmente organizadas com objetivo de servir a todos e,
principalmente os mais fracos e necessitados.
Entretanto, fala-se muito, escreve-se ainda mais no sossego dos gabinetes sem
experienciar, ou ao menos ver e sentir de perto os problemas, as dificuldades do
minifundiário, do agregado, do boia fria, do operário, do desempregado... Nas décadas
passadas, em nome do progresso louvou-se com exageros a alta tecnologia agrária sem
levar em conta o despreparo do agricultor que não podia arcar com o ônus provindo de
tal prática, pois, faltava-lhe o planejamento racional... Essa técnica foi exaltada de um
modo semelhante como se enaltecem ainda hoje muitos produtos supérfluos com o
único fito de faturar mais, formando o crescimento do consumismo, sem preocupar-se
com a economia popular.
Os fabricantes de inseticidas fizeram bons negócios. Os agricultores pagaram.
Os insetos daninhos acostumaram-se com a droga... Os pássaros, que eram os melhores
defensores das plantações, estão cada vez mais raros, quase exterminados...
E os herbicidas? Acabaram somente com o feno e outros capins delgados dando
espaço aberto para o guanxuma e Pico-Pico ou Picão comum que são muto mais
daninhos.
E que dizer da poluição que resultou desta tecnologia? Por que as águas de
alguns poços, após as chuvas, ficam com gosto e densidade anormais?
O agricultor, impulsionado pelos teoristas em nome do progresso, constatou que
o feitiço virou contra o feiticeiro tornando-o escravo da técnica. Pagos os insumos,
máquinas, juros e correção monetária, seguros, viagens, taxas, as pequenas
propriedades ficaram descapitalizadas e tiveram que diminuir a produção.
Aplaudimos a acertada evolução da tecnologia, mas, não podemos ser escravos
da irreflexão e burocracia. É necessário progredir mais na simplicidade e amparar
realmente a economia popular para o bem de todos.

Publicado em 02/06/1983 no Correio do Norte – Canoinhas


NOTAS DO CAMPO

*Estão prosseguindo em ritmo acelerado os trabalhos de asfaltamento da BR-


280. Por vezes, quando chove, fica interrompido o tráfego do interior para a cidade,
surgindo vários problemas para a população das adjacências desta rodovia. Os ônibus
também. Em dias de chuva deixam de rodar... Não é fácil evitar tudo isso nos dias de
chuva.
Mas, não é só: As estradas municipais que dão acesso a BR-280 nem todas estão
empedradas. Uma delas é a que liga Rio da Areia de Baixo com Valinhos-Figura.
Quando chove e precisamos transportar os produtos agrícolas o problema surge antes de
alcançar a BR-280.
Esperamos que esta estrada seja finalmente recuperada...pois estamos batendo na
mesma tecla (nota bene: tecla com minúscula que significa monotonia, repetição) mas,
nem por isso o empedramento cai do céu.

*Passou o Rock in Rio.


Passou o Carnaval.
A Rede Globo transmitiu tudo. É uma pena que os responsáveis pela transmissão
desgostaram os habitantes das zonas rurais, pois, ao lado da beleza, da arte, colocaram
também com destaque, algumas cenas que realçam os instintos menos nobres.

Publicado em 23/02/1985 no Correio do Norte

PIONEIROS DE CANOINHAS

Tendo por alicerces fatos históricos – os trabalhos de nossos antepassados –


podemos hoje apreciar em muitos setores da nossa vida pública – não somente o
progresso tecnológico e material, mas também o desenvolvimento intelectual das
gerações presentes, que graças aos sólidos fundamentos plantados pelos nossos avós,
hoje todos gozam de relativo conforto e adiantamento.
Lançando os olhos sobre este “Gigante pela própria natureza” e, de modo
especial, sobre a região de Canoinhas e sua história, podemos chamar esta união e
cooperação de todos como um milagre histórico, onde centenas e milhares deram as
suas contribuições para que Canoinhas – sede e interior – fosse o que é hoje.
Dentro desta plêiade , seria impossível citar todos os nomes. Por ora
relembraremos ao menos alguns, de saudosa memória, que deixaram um marco de
progresso na região.
O primeiro deles, Alinor Vieira Corte, com aquele atendimento todo especial,
servindo sempre de boa vontade, atenciosamente, tanto a população da cidade como do
interior.
Outro cidadão benemérito que se destacou foi Benedito Therézio de Carvalho
Júnior. Graças ao seu labor e patriotismo houve um acelerado progresso não somente no
município e região, mas em todo o estado de Santa Catarina. Hoje os seus descendentes
continuam com dignidade a grande obra patriótica por ele iniciada.
Em Rio da Areia de Baixo, já na década de 1940, tínhamos entre nós Evergistro
Nunes e seus descendentes que, por longo tempo cooperaram e administraram a escola
nova, construída nesta localidade por Therézio Júnior. Os Nunes, posteriormente, com o
êxodo rural, transferiram-se para outros lugares, mas suas obras ficaram aqui.
Na localidade de Valinhos, o maior pioneiro foi Leopoldino Figura. Hoje, em
sua homenagem, aquela localidade tem o nome de Valinhos-Figura. Seus moradores, na
maioria, são descendentes de Leopoldino Figura e Rosa Oliskovicz Figura, sua mulher.

Publicado em 21/01/1984

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