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oe ‘AEDUCAGAO DO ENTORNO PARA A INTERCULTURALIDADE E 0 PLURILINGUISMO Terezinha Machado Maher O objetivo deste trabatho é ponderar sobre culdados que se deve ter ao planejar programas educacionals voltados para o respelto ds esperificilades linglistico- cul — jlo “apenas de seu fortalecimento politico ou da existéncia de legislacies a cles Tavordvels, mas também da edueacto do seu entomo para garantir esse respeito ‘Aponto primelramente alguns dos cuidados a serem tomados quando se pensa esse tipo de educagao, focaltzando 0$ equivocos dos modelos acriticos de educacto multicultural ¢ os grandes obsticulos do complexo ¢ difll didlogo intercultural. Em ‘seguida, apresento alguns dos principios que devem orentar a educacto para a es ecco ree A motivasao inicial para escrever este texto adveio de um certo desconforte.que venho sentindo com. a nogao, tao cara a Lingiistica Aplicada, de empocteramento. O ‘trabalho de Cameron et ali (1992) contributu, de forma decisiva, para colocar 0 conceito na agenda de investigagao de muitos lingdistas aplicados. Apolada nesses autores, eu mesma Inserevi o estudo que fiz em meu doutorado “no rol das pesquisa ‘que clegem como meta, além da producao de conhecimento clentifl, 0 cmpodesa- Mento (empowerment) dos sujcitos pesquisados” (Maher 1996, p. 59), Aliado ao meu Interesse académico de melhor entender a relacio lingua, discurso e identidade, ‘xistia a Intengio politica de que aquele Gabalho contribuisse tanto para dar voz © Vistilidade a0 grupo de professores indigenas acreanos. sujeitos da_pesquisa,! {quanto para forné-tos mals conscientes de seus direitos linglisticos e do modo como -<38e3 direitos estavam sendo aviltados. Esse dttimo objetivo fol contemplado nas 1. Estos pressor, mands de sete series rpc Gc (Karna, Yanan, Jaina, Shaws, Kauina Menino Aho) faze pare do un poeta de magn cua par 0 magic Me. corer pel cpio no goverment Conissto Pino do Ae (CP Ae) Mara Caan eu ns, ono cacao 190, aan esse pole cao cas, consis pasqsctas ass si: eS Seas convert qv ve les dort o easy de srata ds dab © nas Sakis ne roe care neta epee, Coma consoqea, ne SSenas dese nos conver, escent, ns mb devils Ouran tes seuritns no inrbe do poco de cdwcgio no qusl ees docele elk F os professorestdigenns em questo esto rut mals fortalecKdos poll Ccmentes para eles, suas linguas nao s4o mais “grias” ~ como foram lvados a crear Sabem, hoje, que 8 lngtinsindgenas ao Hinguas plenas, so linguas de dete. Nto leram Berens (2003), mas adqulrira conselénela de que oconfisco sa tegmsdnde de suns lingua € resultado de process histricos que permitiram 313 cee nowrenoc um ene de nh ¢ on vn de gin sone: fabem que sto exces os fatos que explicam a atual stuagto de isco Ingtistco erm 5 © que se encontram stias comunidades de fala, Se as lnguas indigenas acreanas vem 3g entraquecendo, se em algunas aldcias as famtias 4 optaramn’ por crlar seus foe smanaingice cr agua portugues, ces pesorssabem que ito se deve em +3 & ganic pare, a uma crete Henge, A uma certo pretanenteexpeave © 2 rastreselhistoricamente: a construgso de um “Bras, de uma "Nagao Bras epeadia da capacidade de se construlr una unlformidade interna, ua waorm- Sate tnghistica,inchusive. As demalslinguas all presents prclsavam ser apagadas _para tanto, ra preciso comerar por desaboné-lasnaconselénca de todos. ncusive Som de seus proprio falanten |S Tendo feito o deslocamento teolgico necesérto sites legal PR falar ch Wi ras consichee fs linguas indigenas, do ponte de vista sisttmico © discursive, sio Kinguas tho ricas e complexas como as . no sao “firias” -, tendo tomado consciencia da necessidade urgente de Seumentar o prestigio de stas linguuas maternas para tentar conter oavango predatorio #2 lingua portuguesa nas aldcias, 98 professores indigenas bilingtes-acreands, ‘ammparados por um conjunto de legislagies favordvel,”sncliramn suas linguas trad ‘ionals em seus curriculos escolares, tanto como objeto de ensino, quanto como P vingua de insirucio. & investiram, pesadainente, na elaboragao de materiats didat- Mas ia do a i S Gunto. adenine ‘cos adequadios: hoje, eles podem contar com matertals escritos em suas lingua para ensnar Matematica, Gongrafia, Hit et. Earn anulcld 0-6. da.aciia= = ees _Dessas mesinas cacolas, efam elaboradas efettns em portugués! F nao em qualquer \portugués, diga-se de passagem, mas na variedade considerada padrao dessa lingua: 12. A Cori de 12, Ll de Dee Bane a Eee Nacoral Pro Non de Eaaro sanate spur ss goes niga rts aren ss gs, seus costes esas eps eco repos ro ronesa te xa ra (Cio 201) 2. Aires cae ste ceatzas erp at se ipod rks pr capo una poi de manson # lane te gins reganas ears ea ects m Mat (208). © Portugués Indigena também ¢ menosprezado na regido (Maher 1996). & 0 cercea 2 mento aos direitos indigenas nfo vem ocorrendo apenas no que se tefere a quest0es Jvels, alguns (senicos de secretarias de edencao imprimento do programa”, por exemplo, lingoisticas. Culturalmente in locais pressionam os professares para 0 ‘sem considerar que as pedagogias indigenas esto freqdentemente assentadas utras nogdes de tempo de ensino e tempo de aprendizagem. Bm outras ocasiées, « cobranga refere-se A “observaneia estrita ao ealendarlo escolar”, Ora, 08 Referenclais Curriculares Nacionals para as Escolas Indigenas (RCNEI) contemplam, entre outras coisas, a construgae de calendérios escolares especiicos para esses ambientes educativos: em época de colheita ¢ dos rituals a ela associados, por exemplo, as alividades escolares em muitas comunidades indigenas tém que ser interrompidas, de modo a permitir que os alunos possam acompanhar os adultos nessa importante = cesfera de socializagdo. Mas nao pense o leitor que apenas quando tém que Hidar.com 3) oaparato escolar que os professores indigenas se véem em sttuagdes dificels por conta S| de suas especifickdades culturais e lingifsticas. S4o imimeros os contextos em que se véem discriminados por falarem ou se comportarem de forma diferenciada, Varios eles relatam, por exemplo, o constrangimento que sentem quando tém que rar documentos: ‘As ves, quan ofc val para o caro para tar um docuento ele quer registro eu ftho com nome Indigena, eles néo aceltam, ro querem rgitar. Eos zam que o nome s6 pode sar em poruguésl Ces Ssriinam os Hun Kui. [Pro Tadeu Mateus Sa Kaxinawa! Com © que venho dizendo, quero argumentar que nao basta as minorias ‘rasiletras—e aqul estou, como muitos autores, utilizando “minorias” ei umn sentido politico, ndo necessariamente demogrifico -terem consciéncia de seus direitos para ue o cenvio de opressio Lingtistico-cultural em que vivem seja, na pratica, no cer aca Se ace Gol oo tlzagdo ou fortalecimento polio dos grupos socials dealt je melhor © que buscamos com nossas pesulsas ¢ aghes educalivas. Porque o emo ‘deramento de grupos minoritarios ¢, parece-me, decorréncia de trés cursos de acdo: (1) de sua poltizacao:; (2) do estabelecimento de legislagdes a cles favordvets:¢ (8) da, > be educagao do seu entorno para o respeito a diferenca. A politizagao ¢ apenas um dos allcerces ~ umn alicerce absolutamene necessario, mas no suficiente -. quando se ppensa a arquitetura de projetos emanctpatérios para eles voltados. Sem que 0 entomno “4 Han Au comoo poo Kasia 0 aedeagus cose '5, Ver presen, Tlelsn (6), Cava) o Cod Barrens (201). * a respeltar ea conviver com diferentes manifestagdes ingdisticas e cultural ‘mesmo que fortalecidos politteamente ¢ amparados legalmente, estou convencida de ‘que os grupos que esto & margem do mainstream nio conseguirao exercer, de forma [plena, sua cidadania, sii laxativos: defendem 08 modelos de pensamento cas prtcas escolares eurocén trleas; deslegtimam tudo que no seja hegenonico (erencas, valores, conhccimentos ‘nguas) eacredfam que o papel da escola € contribuir para aassimilagao dos grupos sosials que julgam inferiores 4 ordem estabelecida, Os que subserevem a essa perspectiva - denominada por McLaren (2000) Multiculturalism Conservador — condenam veementemente o8 defensores do ensino de base multicultural, os defen sores da edueacao bilingde para minorlas, por julgarem que esses fomentam elsdes € conflitos sociais.” Os que elegem 0 multiculturalismo como bandeira, no entanto, ‘nao podem ser enquadrados em uma ‘nica perspectiva: mul sio os sentidos de Educagio intercultural: algumas consideracdes iniciais ‘Como a escola nos moldes ccitentals entra nas aklelas como decorréncla do contato com a sociedade envolvente, com 0s no-indios, a quealia da intercultural Sect aMnee dade, isto &, 40.00 fazer dialogar conheciment at _ ‘multiculturalisme no Interior desse bloco, Grosso modo, no entanto, les podem ser os sob bases culturais distintas e freqientemente confitantes, deve ser entencdida divididos em duas categorias: hi aqueles que adotam uma perspectiva liberal face a xy como 0 esteio, como a razio de ser da escola ndigena. Como ja afirmel anteriormente, fendmeno ¢ ha aqueles que assumem uma perspectiva critica a0 examins-to, idade nao pode, nesse contexto, ser entendido co smo Liberal, por sua vez, reconhecem, todos eles, “um plus, como um enriquecimento, como um bonus, porque 9 investimento no. como legitimas, as diferencas. O enfoque dado ao tratamento do diverso, no entanto, nao € 0 mesino: hé aqueles cuja grande aposta é na universalidade © ha aqueles que ‘apostam todo o seu cacife na propria diferenca. Q primetro grupo enfatiza que, apesar das diferencas, (odos os scres humanos so Jntelectualmentc iguals,° Freqientemen- sade! allcsrcs.€ 0 que jusifica mesmo a existéncia dessa escola, ¢ 0 que da aclarelevancia politica (Maher 2006a). E esse grande desaflo tem que ser estendido para todas a8, ‘sscalas do pala. Porgue se antes as culturaseslavam, mals hadase,porisso mesina tebem intencionados, argument m que, desde que se garania igualdade de condich- mais protezidas. 0 fato é que a crescente urbanizacae, a intensificagao dos movimen- tos a a ampliagao ¢ a expansio vertiginosa dos. ‘comunicacgo vem, cada ver mais, expondo as culturas umas as outras, E ¢ essa ser bem sucedidos, Essa énfase na eqiiade e na meritocracia individual abre espac “exposicto que exige, sem mais adiamentos, que nos preparemos para o sempre dificl para posturas que culpam a propria vitima pelo fracasso escolar: se oindividuo falhou ‘cncontro com o outro, com o diferente. Claro esta que muito mals fil seria viver em € porque nao estava motivado o suficiente, nao se esforgou o suficiente para aprender ‘um mundo afinado por um mesmo diapasdo cultural, como desejavamn os teéricos da, ula 2008, seeds, equboendanente gue toe oe sree humanen 8d / modemidade. Mas 0 mundo no ¢ assiin: ele ¢ extremamente diverso, dissonante, E {otalmente “livres” para fazer suas escolhas. Mas eles nao so, Suas escolhas, como Scorer mraacocnnr se Tacs one cin sociopoliticos mais amplos. Nao € como se um aluno provenlente de un grupo A retérica do mutticulturalismo e os processos educativos, Ay {fez parte do mundo; 0 fato,em sh, nfo € (© que € now € a atengao que ela vem recebendo, principalmente por parte de ‘educadores. O multiculturalism ~ termo preferido, na tradi¢ao anglo-saxonica, para referie 0 fendmeno - tem sido tema de publicagées de varios estudiosos, 08 quits, dada @ polissemia do termo, 6¢ preocupam em expltcttar 08 muitiplos usos que dele se vern fazendo* Em primelro lugar, ha que se fazer uma distingao entre, por um Jado, aqueles que atribuem ao termo umn valor negativo e, por outro, aquetes que veem ‘omulticulturalismo na educagao como uma benesse, Os adeptos da primeira pinto 7. Omir Ergeh On aman encore sade Uno, alata pean, sn ees, cashes ‘reared desea acm. Oe com vt, peas pr retest, mas bi yor lec ‘epee ail pis "Ey On, eno como opie progamas de edo ng pa as nis pho xaanercras, a pela who as orem, unarnds qn cls arian ogi winger ‘neuf angi dia orgs ds min eateries arp xr, Cou 205) Ena ssa ‘eto mars no fra, no Bash, oma canes ama d um mens sci amo 0 “Erg Ch assassins siecle anti ar bese, ode ~ meno we eafeso ble mas (ro Maer 156; Cac 1956, Gps 200; Sela 209) Crlo on epsgn SO ss mitral © quo com uno apo dts eo ar rt pu ro uso en apo arama come ats, sa vo camespanie 0 que Melaten 20) donnin Muteuaisra Humarit Lbr © Mein (212, Ns Bovina (6 Vaz px eng, Candas 202, Mere 2002, Veg 2009 Hata (20,

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