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Doutoranda em Literatura Brasileira na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
176 Ensaios
Lola é a segunda.
Menos uma (Vigna: 2016, 14).
Mudei. Mudaram.
São de homens, hoje, os meus desenhos.
É o que desenho hoje. Homens nus.
Raramente a cara incluída. Só o sexo. Uma inversão de sé-
culos e séculos de história da arte, em que homens vestidos
desenharam mulheres nuas (Vigna: 2016, 148).
Conclusão
O caráter farsesco e ridículo do homem moderno frustrado,
encarnado por João, é exposto de maneira risível e as mulheres
ganham relevo e significação amplificada, uma vez que são elas que
dão sentido à ação dramática, visto que nem mesmo a voz que re-
almente narra é a de João, mas de uma narradora (a designer). Há,
desse modo, um desvio do código, uma espécie de contranarrativa
histórica que mostra a assimetria das relações entre homens e mu-
lheres, posto que os domínios de expressão artística e intelectual,
inclusive o literário, sempre foram masculinos. Assim, no romance
de Elvira Vigna podemos perceber como é trabalhada a investigação
acerca dos vestígios dos relacionamentos humanos, como aquilo que
sobra da encenação de si para o outro (e para si mesmo) e a terrível
incomunicabilidade entre homens e mulheres (e mesmo entre ho-
mens e homens, mulheres e mulheres) inseridos em uma construção
social que os distingue e rotula.
A ressubjetivação da mulher e a desconstrução do mito do homem moderno 201
Referências
Resumo
Abstract