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Diplomatas
- Capistrano: “Os termos dos Tratados prestavam-se às vezes a mais de uma interpretação; os
mapas do reino, muitos feitos a olho e sobre informes infidedignos, aplicavam-se mal aos
terrenos”.
- O Império estava, ademais, inseguro sobre a validade do último dos tratados de limites
colonais, o de Santo Idelfonso e sobre a oportunidade de negociar suas raias amazônicas.
- Os livros de História do Brasil dos nossos dias costumam dizer que o tratado de 1777 não era
válido e, não havendo nenhum tratado em vigor sobre as fronteiras, é preciso para estabelece-
las recorrer-se a algum princípio regulador: o que se encontrou foi o Uti Possidetis, que
determina que cada parte fique com o que possui no terreno.
- O princípio do “uti possidetis” passou a ser norma geral da diplomacia imperial, a partir de
1849, quando assumiu o então chamado “Ministério dos Negócios Estrangeiros” Paulino José
Soares de Souza, depois feito Visconde de Uruguai. A doutrina em que se baseia foi claramente
formulada em 1857 pelo Visconde do Rio Branco, em memorando apresentado ao Governo
argentino.
- A utilização do princípio do “Uti Possidetis”, tal como entendido pela nossa diplomacia, foi
sem dúvida uma vantagem para o Brasil, nação de mais dinamismo na ocupação do território
do que seus vizinhos amazônicos, fato reconhecido por autores de nacionalidade neutra.
- Na verdade, o princípio adapta-se como uma luva aos interesses da nação mais
expansionista; é a resposta diplomática dinâmica a uma política territorial também dinâmica.
- Na América do Sul, o Brasil é o único país que não tem problema de fronteira com nenhum
país limítrofe e todos os outros têm entre si (década de 70).
- O Tratado de 1851 foi o primeiro assinado e ratificado pelo Império e um país amazônico. O
título oficial é “Convenção Especial de Comércio, Navegação Fluvial, Extradição e Limites”.
a) estabeleceu o padrão pelo qual todos os outros tratados de limites com as nações
amazônicas seriam negociados.
b) adotou, pela primeira vez, entre as nações sul-americanas independentes o princípio do “Uti
Possidetis”
c) estabeleceu a prática salutar de se negociar apenas com uma república de cada vez.
- Assim que o Brasil celebrou o tratado de 1859 com a Venezuela, o Governo colombiano
protestou alegando que ele dividia terras colombianas, na região do Negro. Era já a rotina de
protestos de nações vizinhas, após a celebração de tratado de limites entre uma república
amazônica e o Brasil.
- Uma das razões alegadas pelo Brasil é que só aqui havia um marco notável: a própria
povoação.
- É curioso notar que, quando surgiram os problemas acreanos, o acordo de 1867 começou a
ser atacado no Brasil por motivos opostos. Alegavam que o Brasil poderia ter conseguido
muito mais, mas, em 1867, em plena Guerra do Paraguai, o Brasil precisava de apoio na
América Latina e por isso tinha pressa em resolver suas questões fronteiriças com a Bolívia,
país com a qual temos a mais longa divida em comum.
4) A Amazônia e a Política de Limites no Século XIX
- Ernani Silva Bruno cita que a Amazônia foi uma região que não se libertou do domínio
português e suas classes dominantes não esconderam o então desejo de que o extremo-norte
permanecesse fiel ao Reino.
- Ernani Silva Bruno diz que foram períodos de “sangue e decadência” – de 1823 a 1853,
podendo ser exemplificado com a Cabanagem (1835-1840).
- Conforme constata Capistrano, “em 1850, o Pará e o Amazonas eram menos povoados e
menos prósperos do que um século antes” => abandono da Amazônia no séc XIX, pela
importância que nesse período assumiram as chamadas questões platinas, que atraíram para o
Sul as energias governamentais.
- Por volta de 1850, ocorreram dois fatos que mudaram fundamentalmente a vida econômica
da região amazônica: a navegação a vapor, que tornou muito mais acessível os pontos
distantes da grande bacia fluvial e a crescente produção de borracha, que atraiu contingentes
expressivos de nordestinos, que se deslocavam para zonas até então inabitadas.
- Fatos que contribuíram para o sucesso da Política Externa Brasileira nesse período: