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TEORIAS DA HISTORIA “Tradugio e Preficio de viror Matos = sh FUNDAGAO CALOUSTE GULBENKIAN | LISBOA A Interpretagao do Processo Historico [ICO (1668-3744) yramarrista Vico nasceu em Népoles em 1668. Desde jedicou-se a0 estado da histéria e do Estava também familiarizado com as emergiu, em Népoles, durante as tl que envolvia uma revolta geral contra o medievalismo uma atencio Wva para com os progressos contemporineos da filosofia, da ciéncia da teoria do direito. Em 1699 Vico foi designado para a cadeira de Retdrica da Universidade de Napoles. O seu estudo, nos anos seguintes, Plato, Técito, Bacon e Grotius, desempenhou um papel essencial aa srmagio do seu prdprio pensamento, pois considerou 2s obras deles ppelos problemas importantes que punham como, também, pelos de geande importincia que inclulam: os ensaios que escreveu 1708 © 1725, em particular De Antiguisina Italoram Sapientia Diritto Universal (1721-22), ilusteam, de vitios modos, este teresse, a par da sua crescente preocupacéo com a natureza e a his- t6ria do direito, da poesia, do mito e da linguagem. Depois de uma ‘mal sucedida tentativa de melhorar a sua posigio académica, Vico rublicou a primeira edicio da sua obra principal, a Sienze Nuova ( Ciéncia iova) em 1725, que havia de aparecer novamente, numa edigio icamente revista, em 1730. Surgiu ainda uma terceica edigio da €m 1744 —o ano da sua morte, ito novo, A Citncia Nova de Vico € uma obsa de génio, mas foi s6 hé rela- fivamente pouco tempo que o seu valor foi largemente reconhecid _ Embora isto fosse devido, em parte, 4 escassa divulmacio das ide ae AA kTwerpreawyun wy + rueecoy sa vorer ee que continha, pode também afirmar-se que a forma em que Vico as expés nfo contribuiu para uma fécil compreensio. Assistemitica e frequentemente obscura, a sua obra caracteriza-se mais pelo que tem de sugestivo ¢ penetrante do que pela coeténtia légica ¢ pela lucidez de expresso. Sob este aspecto, bem como em muitos outros, encontra-se no pélo oposto ao de Descartes, cujo proéesso ele tinha em mente 20 escrever que era um erro «sujeitar tudo ao método da geometria» ¢ que © método que adoptamos deve necessiriamente variar conforme as coi- sas de que estamos tratando. “Mesto hoje, Vico € principalmente conhecido como 0 proponente de uma teoria cfelica da histéria segundo a qual as «mages» humanas passam inevitavelmente através de certas e discernfveis fases de desen- volvimento. Mas tratar este aspecto da sua obra abstraindo-o das, ideias que The séo mais caracteristicas equivale a ocultar o papel que desempenhou na articulagio da sua bastante original contribuigio para fo pensamento histérico. Os extractos aqui apresentados (todos prove- nientes da edigio de 1744) foram escolhidos para ilustrar alguns dos ptincipsis temas de Vico; sfo extraidos das primeiras partes do seu livso, onde se empenha em planesr, sob a forma de «Blementos ¢ «Princlpios», as ideias basics que desenvolve ¢ aplica mais tarde. Antes de mais, porém, algumas obsetvagies gerais sobre os objectivos métodos de Vico. ( interesse de Vico pela histéria estava ligado a uma determinada ‘Teotia do conhecimento. Segundo ele cria, para se conhecer realmente a natureza de qualquer coisa era necessitio té-la feito. Ao contrério do mundo dos objectos dos acontecimentos naturais, que «uma vez gue Deus 0s criou, s6 ele os conhecey, 0 «mundo das nagbes», ou historia humana, foi de facto criado pelos homens ¢ é, portanto, algo que os homens podem «esperar conhecem. Desta forma, fica tragada uma linha entre a histéria e a ciéncia da natureza e inicia-se uma tentativa de caractetizagio dos aspectos distintivos da indagagio histérica em contraste com outros ramos de conhecimento, Por outro lado, Vico nfo pretenden sugerir que a histéria humana 0 produto de espititos exactamente iguais aos nossos ¢ que é inteligivel para nés por essa razio, Pelo contririo, a natureza humana s6 pode, ela propria, ser compreendida através da histétia pois @ tém os varios modos pelos quais os homens se exptimiram em épocas diferentes, e € em tais formas de expresso que 2 natuteza humana se revela, directamente, a ela mesma. Nao pode set compreendida 4 luz de qualquer diagrama artificial do_espirito humano, do tipo que os tedricos constroem 2 partir de um modelo dos actuais interesses e capa- cidades dos homens. A imposigio de um tal quadro sobre o passado foi (pensa Vico) a fonte de erros varios ¢ de «pseudomitos» acerca dos tos de vista € das actividades de sezes humanos que viveram em Wifodoe diferentes do nosso, Os homens no foram sempre come, 9 Bom: e Vico contasta 2 «sabedoriay riconal ou reflesiva das historias er recentes das nagbes com a «sabedoria poética» — espontinea, ima: iva, popular — dos tempos antigos. : - ‘Uma ‘ver considerada sob esta nova perspectiva como expressio milo a que Vico chama «as modifieagbes do expirito humano», ¢ nora apresenta um aspecto inteiramente diferente de 0 que Ihe ¢ Ugavencionalmente atsibuido, Para Vico é inteiramente falso, por " imaginar que a poesia é, essencialmente, um produto de Gpocas relativamente «sofaticadam ou que desempenhou sempre um papel puramente cornamental na vida dos povos; contudo, tas crengas eee yama bastante difundidas. 1 igualmente simplista atribuir-se a ori- instituigd i io sacional “em das instituigdes politicas e juridicas a actos de planificagio racional tre aossos remotos antepassados, motivados, ou por consideragies de con- tsclarecido interesse prdprio, ou pelo respeito por uma abstrac Jogos» (1) capazes de recriarem imaginativamente o carfcter das épocas emque surgiram. Os fldsofos, ao descurasem isto, foram levados, por seus raciocinios, a postular como verdades eternas, reconhecidas por todos os homens em todas as épocas, ideias que apénas emergiam em ~ consequéncia de longos periodos de desenvolvimento histérico; dat as suas teorias do diteito, da linguagem, da arte ¢ do proprio espirito - hhumano se terem todas ressentido dos mesmos defeitos. ‘Mas como se pode conseguir a compreensio de que fala Vico? |A Gifucia Nove expoe certas regras directivas e mostra como se podem aplicar. A histéria, dado que é feita por homens, pode ser compreendida los homens, mas 86 através de esforgo imaginativo ¢ de discernimento “caltico é possivel tomar transparentes as provas ¢ as fontes hist6ricas, recuperando-se ¢ reapreendendo-se as formas de pensar ¢ de sentit ‘que elas encettam. Para Vico, cada «nagio» passava por varias fases dominadas pela religiio e pelo mito (periodos «teol6gico» e «herSico>) dio lugar a ulteriores perfodos «civis», equivale, 20 mesmo tempo, & teconhecer os principios fundamentais da metodologia histérica, A luz ®) Vico define como flélogos «todos os gramiticos, historiadores, ue se consagearam 20 estudo das aguas © acgbes dos povos» (§ 139)-

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