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ANÁLISE DE SISTEMA DE POTÊNCIA II

CURSOS DE GRADUAÇÃO – EAD

Análise de Sistema de Potência II – Prof. Dr. Aparecido de Arruda Sobrinho

Olá! Meu nome é Aparecido de Arruda Sobrinho, possuo doutorado em Físico-Química teórica pela
Universidade Federal de São Carlos – UFSCar, mestrado em Física Atômica e Molecular e
licenciatura e graduação em Física pela mesma instituição.
E-mail: arrudasb@gmail.com
Aparecido de Arruda Sobrinho

ANÁLISE DE SISTEMA DE POTÊNCIA II

Batatais

Claretiano

2018
© Ação Educacional Claretiana, 2017 – Batatais (SP)
Trabalho realizado pelo Claretiano – Centro Universitário

Cursos: Graduação
Disciplina: Análise de Sistema de Potência II
Versão: fev./2018
(Original do Autor)

Reitor: Prof. Dr. Pe. Sérgio Ibanor Piva


Vice-Reitor: Prof. Dr. Pe. Cláudio Roberto Fontana Bastos
Pró-Reitor Administrativo: Pe. Luiz Claudemir Botteon
Pró-Reitor de Extensão e Ação Comunitária: Prof. Dr. Pe. Cláudio Roberto Fontana Bastos
Pró-Reitor Acadêmico: Prof. Ms. Luís Cláudio de Almeida

Coordenador Geral de EaD: Prof. Ms. Evandro Luís Ribeiro


Coordenador de Material Didático Mediacional: J. Alves
Corpo Técnico Editorial do Material Didático Mediacional

Preparação Revisão
Aline de Fátima Guedes Eduardo Henrique Marinheiro
Camila Maria Nardi Matos Filipi Andrade de Deus Silveira
Carolina de Andrade Baviera Rafael Antonio Morotti
Cátia Aparecida Ribeiro Rodrigo Ferreira Daverni
Dandara Louise Vieira Matavelli Vanessa Vergani Machado
Elaine Aparecida de Lima Moraes
Projeto gráfico, diagramação e capa
Josiane Marchiori Martins
Bruno do Carmo Bulgarelli
Lidiane Maria Magalini
Joice Cristina Micai
Luciana A. Mani Adami
Lúcia Maria de Sousa Ferrão
Luciana dos Santos Sançana de Melo
Luis Antônio Guimarães Toloi
Patrícia Alves Veronez Montera
Raphael Fantacini de Oliveira
Raquel Baptista Meneses Frata
Tamires Botta Murakami
Simone Rodrigues de Oliveira
Videoaula
André Luís Menari Pereira
Bruna Giovanaz
Marilene Baviera
Renan de Omote Cardoso

Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução, a transmissão total ou parcial por qualquer forma e/ou qualquer meio (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia,
gravação e distribuição na web), ou o arquivamento em qualquer sistema de banco de dados sem a permissão por escrito do autor e da Ação Educacional Claretiana.

Claretiano - Centro Universitário


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SUMÁRIO
CONTEÚDO INTRODUTÓRIO
1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................................................................... 9
2. GLOSSÁRIO DE CONCEITOS ................................................................................................................................... 10
3. ESQUEMA DOS CONCEITOS-CHAVE ...................................................................................................................... 13
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................................................................. 13
5. E-REFERÊNCIAS ..................................................................................................................................................... 13

UNIDADE 1 - CONCEITOS BÁSICOS DE SISTEMAS DE POTÊNCIA


1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................................................................ 15
2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA .................................................................................................................... 16
2. 1. SISTEMAS ELÉTRICOS DE POTÊNCIA - SEP .................................................................................................... 16
2. 2. GERADORES, TRANSFORMADORES E MOTORES.......................................................................................... 19
2. 3. LINHAS DE TRANSMISSÃO ............................................................................................................................ 23
3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR ....................................................................................................................... 29
3. 1. SISTEMAS ELÉTRICOS DE POTÊNCIA - SEP .................................................................................................... 29
3. 2. GERADORES, TRANSFORMADORES E MOTORES.......................................................................................... 30
3. 3. LINHAS DE TRANSMISSÃO ............................................................................................................................ 30
4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ............................................................................................................................. 31
5. CONSIDERAÇÕES ................................................................................................................................................... 32
6. E-REFERÊNCIAS ..................................................................................................................................................... 32
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................................................................. 34

UNIDADE 2 - ESTUDO DE FALTAS EM SISTEMAS DE POTÊNCIA


1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................................................................ 36
2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA .................................................................................................................... 37
2. 1. FALTAS SIMÉTRICAS .......................................................................................................................................... 38
2. 2. COMPONENTES SIMÉTRICAS ........................................................................................................................ 44
2. 3. FALTAS ASSIMÉTRICAS ................................................................................................................................. 49
3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR ....................................................................................................................... 54
3. 1. FALTAS SIMÉTRICAS ..................................................................................................................................... 54
3. 2. COMPONENTES SIMÉTRICAS ........................................................................................................................ 55
3. 3. FALTAS ASSIMÉTRICAS ................................................................................................................................. 55
4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ............................................................................................................................. 56
5. CONSIDERAÇÕES ................................................................................................................................................... 57
6. E-REFERÊNCIAS ..................................................................................................................................................... 58
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................................................................. 58

UNIDADE 3 - ESTABILIDADE EM SISTEMAS DE POTÊNCIA


1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................................................................ 60
2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA .................................................................................................................... 61
2. 1. O PROBLEMA DA ESTABILIDADE ....................................................................................................................... 61
2. 2. ESTUDO DE TRANSITÓRIOS ............................................................................................................................... 66
2. 3. ESTABILIDADE ROTÓRICA ............................................................................................................................. 72
3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR ....................................................................................................................... 81
3. 1. O PROBLEMA DA ESTABILIDADE .................................................................................................................. 81
3. 2. ESTUDO DE TRANSITÓRIOS .......................................................................................................................... 82
3. 3. ESTABILIDADE ROTÓRICA ............................................................................................................................. 82
4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ............................................................................................................................. 82
5. CONSIDERAÇÕES ................................................................................................................................................... 84
6. E-REFERÊNCIAS ..................................................................................................................................................... 84
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................................................................. 85
UNIDADE 4 - PROTEÇÃO DE SISTEMAS DE POTÊNCIA
1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................................................................ 87
2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA .................................................................................................................... 87
2. 1. PROTEÇÃO DO SISTEMA ............................................................................................................................... 87
2. 2. DISPOSITIVOS DE PROTEÇÃO ....................................................................................................................... 92
2. 3. MODELO DO SETOR ELÉTRICO ..................................................................................................................... 97
3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR ..................................................................................................................... 101
3. 1 PROTEÇÃO DO SISTEMA .............................................................................................................................. 101
3. 2. DISPOSITIVOS DE PROTEÇÃO ..................................................................................................................... 102
3. 3. MODELO DO SETOR ELÉTRICO ................................................................................................................... 102
4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ........................................................................................................................... 102
5. CONSIDERAÇÕES ................................................................................................................................................. 104
6. E-REFERÊNCIAS ................................................................................................................................................... 105
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................................................................... 105
CONTEÚDO INTRODUTÓRIO

CONTEÚDO INTRODUTÓRIO

Conteúdo
Apresenta e analisa o desempenho estático de um sistema elétrico de potência (SEP), em seguida o resultado das faltas
no sistema, contextualizar a análise da dinâmica e dos transitórios do sistema elétrico, compreendendo os períodos de
estabilidade transitória e dinâmica. Também irá analisar o desempenho sobre análise de redes em regime permanente
pois é desta forma que as redes operam quase que na totalidade do tempo.

Bibliografia Básica
SCHIDT, H.P.; KAGAN, N.; ROBBA, E.J.; OLIVEIRA, C. C. B. Introdução a sistemas elétricos de potência. São Paulo: Edgard Blucher, 1996.
ZANETTA JUNIOR, L. C. Fundamentos de sistemas elétricos de potência. São Paulo: Livraria da Física, 2006.
WEEDY, B. M. Sistemas electrônicos de granpotência. Madrid: Reverte, 1981.

Bibliografia Complementar
ALBUQUERQUE, R. O. Análise de circuitos em corrente alternada. São Paulo: Érica, 2006.621.3192 A313a
KAUFMAN, M. Eletrônica básica. São Paulo: McGraw-Hill do Brasil, 1984.
ORIOL, V. Sistemas eletrônicos de potência. Madrid: Thomson Paraninfo, 1998.
STEVENSON JÚNIOR, W. D. Elementos de Análise de Sistemas de Potência. Tradução de A. R., Mayer. 2. ed. São Paulo: McGraw-Hill,
1986.
TELLO, M. Aterramento elétrico impulsivo em baixa e alta. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2007.

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CONTEÚDO INTRODUTÓRIO

É importante saber: ______________________________________________________________


Esta obra está dividida, para fins didáticos, em duas partes:
Conteúdo Básico de Referência (CBR): é o referencial teórico e prático que deverá ser assimilado para aquisição das
competências, habilidades e atitudes necessárias à prática profissional. Portanto, no CBR, estão condensados os princi-
pais conceitos, os princípios, os postulados, as teses, as regras, os procedimentos e o fundamento ontológico (o que é?) e
etiológico (qual sua origem?) referentes a um campo de saber.
Conteúdo Digital Integrador (CDI): são conteúdos preexistentes, previamente selecionados nas Bibliotecas Virtuais
Universitárias conveniadas ou disponibilizados em sites acadêmicos confiáveis. São chamados “Conteúdos Digitais Inte-
gradores” porque são imprescindíveis para o aprofundamento do Conteúdo Básico de Referência. Juntos, não apenas
privilegiam a convergência de mídias (vídeos complementares) e a leitura de "navegação" (hipertexto), como também
garantem a abrangência, a densidade e a profundidade dos temas estudados. Portanto, são conteúdos de estudo obriga-
tórios, para efeito de avaliação.
_______________________________________________________________________________

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CONTEÚDO INTRODUTÓRIO

1. INTRODUÇÃO
Caros alunos, prontos para iniciar esta jornada?
Os sistemas elétricos de potência para fornecimento de energia são formados por três partes
principais: as centrais geradoras de energia, as linhas de transmissão e as redes de distribuição, pro-
jetadas e construídas para fornecer energia com qualidade, continuidade e também economicamen-
te acessível (CAMARGO, 2009; STEVENSON JUNIOR, 1986).
Atualmente, se considerados em conjunto, os sistemas elétricos de fornecimento de energia
interligados formam a maior obra de engenharia do mundo, a qual estende-se em escala global até
as mais remotas localidades do planeta, e isso ocorre mesmo sem considerar os consumidores fi-
nais, tais como o setor produtivo, comercial, serviços, público (com ênfase a iluminação) e residen-
ciais etc.
A partir do final século 19 a eletricidade, o magnetismo e a óptica conquistaram papel funda-
mental no desenvolvimento da sociedade tecnológica e industrial em que vivemos hoje. Esses fe-
nômenos permitiram processos e tecnologias que substituíram com vantagem os processos térmi-
cos para a geração de trabalho e calor utilizados na primeira revolução industrial, iniciada em 1750,
na Inglaterra. O desenvolvimento tecnológico da produção, transmissão e utilização da energia elé-
trica se tornou, na verdade, um dos pilares da segunda revolução industrial.
O fornecimento de energia elétrica iniciou-se em 1880 na cidade de Nova York, com uma linha
de corrente contínua, contudo, logo se consolidaram a geração e a distribuição em corrente alter-
nada devido ao desenvolvimento de geradores, transformadores e motores baseados no fenômeno
da indução eletromagnética, no qual o movimento de rotação nos geradores cria pulsos de corrente
de mesma frequência nas bobinas colocadas em torno do eixo. Os transformadores permitem gerar
numa determinada tensão, transmitir em outra e distribuir em outra ainda. O advento da invenção
dos motores de gaiola, simples, robusto e confiável, (CAMARGO, 2009; CAÑIZARES; GÓMES; EXPÓ-
SITO, 2011).
O conjunto de conhecimento: eletricidade, magnetismo e óptica podem ser tratados por meio
de uma abordagem única e abrangente denominada de teoria eletromagnética, a qual será aplicada
nas unidades para analisar o funcionamento de centrais geradoras e linhas de transmissão, além do
consumo de energia (carga), em regime de potência elevada.
As centrais geradoras se utilizam de uma ou mais dentre diversas fontes de energia, as quais
não serão consideradas aqui, desde que o objetivo será estudar o funcionamento da máquina gera-
dora propriamente dita. Essa máquina é constituída de duas partes: uma máquina primária que
converte a energia da fonte utilizada em energia mecânica, e uma máquina secundária para conver-
ter essa energia mecânica em energia elétrica.
As Linhas de distribuição não serão estudadas por serem muito menos problemáticas, por se-
rem radiais, apresentarem menores potências e praticamente não possuírem interconexões. As li-
nhas de transmissão normalmente são classificadas em linhas de transmissão, subtransmissão e
interconexão, cada uma com características próprias.
A apresentação dos tópicos através das unidades seguirá a ordem:
Na Unidade 1, serão apresentadas todas as propriedades e características estáticas importan-
tes de um sistema elétrico de potência, com a descrição do conjunto completo que integra o siste-
ma, seguido do detalhamento de suas partes relevantes para a análise elétrica do comportamento

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CONTEÚDO INTRODUTÓRIO

do sistema. Para em seguida apresentar um tratamento das máquinas síncronas, tais como gerado-
res, transformadores e motores, no que diz respeito às suas características e ao modelamento de
seus circuitos para serem representados em equações. E, finalmente, uma descrição das linhas de
transmissão completam a unidade, em que também é apresentada suas características e de seus
modelos de circuito para linhas curtas, médias e longas.
Na Unidade 2, serão estudadas as faltas que podem ocorrer nos sistemas de potência, as quais
provocam quedas de tensão ou sobretensões, ambas indesejáveis, pois geram perturbações ou dis-
túrbios na rede. Mas, especialmente, devem ser analisados curtos-circuitos que provocam correntes
excessivas, que também causam perturbações, além dos possíveis danos a equipamentos. Essa aná-
lise será feita para determinar as correntes elevadas durante o curto-circuito, por meio da avaliação
da queda de impedância, nas situações de faltas trifásica simétricas e faltas assimétricas. A técnica
de componentes simétricas deve ser utilizada no cálculo da segunda.
Na Unidade 3, os conteúdos estudados são a estabilidade de sincronismo, tensão e frequência,
com objetivo de determinar a capacidade do sistema de manter o sincronismo entre suas máquinas
síncronas. A equação da oscilação frente ao conjugado de forças no gerador será obtida pela análise
da estabilidade rotórica, e também será levantado e analisado o comportamento do sistema imedia-
tamente após a ocorrência do curto-circuito, uns poucos ciclos depois e o retorno ao regime perma-
nente. Será determinada a estabilidade transitória e a dinâmica do sistema, além dos limites de es-
tabilidade.
Na Unidade 4, os mecanismos e lógica de proteção são apresentados, enquanto os dispositi-
vos de proteção utilizados nos sistemas elétricos de potência são analisados quanto as suas funcio-
nalidades e limitações. Dispositivos modernos de controle também serão apresentados, como os
FACTs, no tópico que descreve o modelo do setor elétrico.
O engenheiro de sistemas de potência deve conhecer os métodos para fazer estudos de car-
gas, análise de faltas e estudos de estabilidade, e também saber os princípios que balizam o despa-
cho econômico, tendo em vista que esses estudos afetam o projeto e operação dos sistemas, bem
como a escolha de sua aparelhagem de controle.
Antes de estudar esses problemas em maior detalhe, é preciso estudar alguns conceitos fun-
damentais relacionados aos sistemas de potência, de modo a entender como esses conceitos resol-
vem aquelas necessidades.

2. GLOSSÁRIO DE CONCEITOS
O Glossário de Conceitos permite uma consulta rápida e precisa das definições conceituais,
possibilitando um bom domínio dos termos técnico-científicos utilizados na área de conhecimento
dos temas tratados.
1) Alternador: o mesmo que gerador de corrente alternada.
2) Ampacidade: a capacidade de transportar corrente de condutores ou equipamentos,
expressa em amperes.
3) Ampere: a unidade de medida básica no SI da quantidade de eletricidade. A unidade
de corrente elétrica. Um ampere é um coulomb por segundo.
4) Arco Voltaico: descarga elétrica, sendo geralmente luminosa, através de plasma entre
dois pontos com potenciais diferentes.

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CONTEÚDO INTRODUTÓRIO

5) Barra: ponto no sistema destinado à conexão de um ou mais elementos (geradores,


transformadores, linhas de transmissão etc.).
6) Capacidade de potência: para geração é a máxima potência que uma planta é capaz de
produzir.
7) Carga balanceada: sistema de potência que usa mais de dois condutores, no qual a
corrente e a tensão têm o mesmo valor em cada condutor energizado.
8) Carga: uma carga, em termos elétricos representa uma potência consumida por um
dispositivo ou circuito. Carga é também uma expressão usada para descrever o total de
todos os consumidores de eletricidade em um sistema de potência.
9) Circuito elétrico: é um caminho fechado por onde circula uma corrente elétrica.
10) Cogeração: o processo no qual o combustível é usado para produzir calor para uma
turbina a vapor ou gás, onde a turbina move um gerador para produzir eletricidade e o
excesso de calor para produzir vapor.
11) Compensação de potência reativa: é o montante de energia reativa injetada a uma
rede CA para a correção do fator de potência. Adicionam-se indutores ou capacitores
com objetivo de deixar as ondas senoidais da tensão e da corrente em fase.
12) Corrente alternada: corrente que inverte a direção do fluxo periodicamente.
13) Corrente contínua: corrente que não inverte a direção do fluxo periodicamente,
algumas vezes se mantendo constante.
14) Fasor: representação matemática de uma grandeza. Utilizado para representar a
amplitude e a fase (ou deslocamento) em relação a uma certa referência.
15) Fator de potência: a relação entre a potência ativa (W) e a potência aparente (VA)
quando comparadas, apenas a tensão e a corrente de uma fase são consideradas.
16) Frequência: o número de ciclos completos de uma onda CA que ocorre durante um
segundo (Hz).
17) Gerador: dispositivo que converte movimento mecânico rotativo em energia elétrica.
A corrente produzida pode ser alternada (CA) ou contínua (CC).
18) Impedância: a total oposição que um circuito oferece ao fluxo de corrente alternada
ou alguma outra corrente variável em uma frequência em particular.
19) Ligação delta: circuito formado por três equipamentos elétricos ligados em forma de
loop, sendo conectados à rede de alimentação pelo ponto comum de dois desses
equipamentos.
20) Ligação estrela: circuito formado por três equipamentos elétricos ligados de forma que
exista um ponto comum (ponto neutro). A tensão a que ficam esses equipamentos é
1,73 vezes menor do que a tensão da linha.
21) Limite de estabilidade: em sistemas elétricos, é a máxima abertura angular possível
para que dois sistemas sejam considerados “conectados”. Quando um sistema
ultrapassa esse limite, dizemos que o sistema perdeu o sincronismo.
22) Linha de transmissão: transmite eletricidade em alta voltagem da central geradora ou
subestação até outra subestação elétrica no sistema de distribuição.
23) Otimização: processo de operação de um sistema próximo do ideal ou mais efetivo
possível.

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CONTEÚDO INTRODUTÓRIO

24) Perdas elétricas: refere-se à energia elétrica que é perdida devido à ineficiência no
sistema de transmissão, distribuição ou no uso da eletricidade. As perdas dependem
da distância, do tipo de condutor, do material; são influenciadas pelo quadrado do
valor da corrente transportada pela seção transversal de um condutor. Para minimizar
perdas, elevadas potências são transmitidas a elevados níveis de tensão – isso reduz a
corrente e, portanto, o montante de perdas na transmissão. A maioria dos sistemas de
transmissão opera em tensões entre 110 e 800 kV.
25) Potência aparente: produto de uma tensão aplicada pela corrente em circuito CA. Esse
produto não leva em conta o fator de potência. Unidade volt-amperes (VA).
26) Potência especificada: valor da potência líquida presente numa barra do sistema.
Equivale à soma de todas as gerações subtraídas de todas as cargas.
27) Potência ativa (kW): é a parcela da potência que é realmente transformada em
trabalho pelas cargas. Nesse caso, leva em conta o fator de potência.
28) Potência reativa (kVAr): potência que é "emprestada" e devolvida ao sistema pela
carga a cada ciclo – não gera trabalho útil. Conceito que descreve a perda de potência
em um sistema resultante da produção dos campos elétricos e magnéticos. A potência
reativa serve para manutenção do sistema e não para o consumo final. Se um
elemento na rede não recebe a quantidade de energia reativa necessária ao seu
funcionamento das fontes mais próximas, ele “puxará” essa energia através de todo o
sistema, podendo levar todo o sistema ao colapso. K.
29) Queda de tensão: é a redução da tensão disponível para atender certa carga.
Equipamentos supridos com subtensão podem apresentar um desempenho abaixo da
nominal, aquecer etc.
30) Reatância: é a oposição à passagem da corrente num circuito CA, introduzida por uma
indutância ou capacitância.
31) Reatância capacitiva: a força que age no sentido de limitar a variação da tensão. Essa
força cria um fator de potência adiantado em sistemas CA.
32) Reatância indutiva: a força que age no sentido de limitar o fluxo de corrente. Essa
força cria um fator de potência atrasado em sistemas CA.
33) SEP: sigla genérica para um Sistema Elétrico de Potência.
34) Subestação: as subestações são instalações-chave na rede elétrica. Nela estão
abrigados equipamentos para a proteção e controle do sistema de transmissão e
distribuição, incluindo transformadores, seccionadoras e equipamentos de medição.
35) Susceptância: é oposta à reatância. É a medida da facilidade que a corrente elétrica
encontra num sistema CA.
36) Transformador: é um equipamento usado para transferir a energia de um circuito CA
para outro. Ele eleva ou abaixa a tensão conforme solicitado.
37) Valor por Unidade (PU): valor utilizado para simplificação dos cálculos em um sistema
elétrico de grande porte. Representa a normalização dos valores em função de um
valor de base.
38) Variável de perturbação: representa as variáveis afetam a operação normal do
sistema. Correspondem às alterações de carga (entrada ou saída) e de topologia da
rede (interrupções por falhas no sistema.

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CONTEÚDO INTRODUTÓRIO

3. ESQUEMA DOS CONCEITOS-CHAVE


O Esquema a seguir possibilita uma visão geral dos conceitos mais importantes deste estudo.

Figura 1 Esquema dos Conceitos-chave de Análise de Sistema de Potência II.

4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CAMARGO, C. C. de B. Transmissão de energia elétrica. 4. ed. Florianópolis: Editora da UFSC, 2009.
CAÑIZARES, C.; CONEJO, A. S.; GÓMEZ-EXPÓSITO, A. Sistemas de energia elétrica –análise e operação. Rio de Janeiro: LTC, 2011.
STEVENSON JÚNIOR, W. D. Elementos de análise de sistemas de potência. Tradução de A. R. Mayer. 2. ed. São Paulo: McGraw-Hill,
1986.

5. E-REFERÊNCIAS
AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA. Atlas de energia elétrica do brasil. Disponível em:
<www2.aneel.gov.br/arquivos/pdf/livro_atlas.pdf>. Acesso em: 8 jan. 2018.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA INDÚSTRIA ELÉTRICA E ELETRÔNICA. Aperfeiçoamento do setor elétrico brasileiro. 10 pontos capitais.
Disponível em: <www.abinee.org.br/programas/imagens/aseb.pdf>. Acesso em: 8 jan. 2018.
INSTITUTO NACIONAL DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA. A eficiência energética e o novo modelo do setor energético. Disponível em:
<www.inee.org.br/down_loads/escos/ee_novo%20modelo.pdf>. Acesso em: 08 jan. 2018.
OPERADOR NACIONAL DO SISTEMA ELÉTRICO. Homepage. Disponível em: <www.ons.org.br/home>. Acesso em: 8 jan. 2018.
UNITED STATES DEPARTMENT OF LABOR. Occupational Safety and Health Administration. etools Home – Electric Power: Illustrated
Glossary. Disponível em: <https://www.osha.gov/SLTC/etools/electric_power/illustrated_glossary/index.html>. Acesso em: 5 jan.
2018.

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UNIDADE 1
CONCEITOS BÁSICOS DE SISTEMAS DE
POTÊNCIA

Objetivos
• Descrever e explicar o conjunto e as partes dos sistemas elétricos de potência.
• Compreender a importância dos sistemas elétricos de potência para a sociedade em que vivemos e construímos.
• Compreender as principais características do funcionamento de um sistema elétrico de potência.
• Conhecer conceitos relativos ao funcionamento em regime permanente dos sistemas.

Conteúdos
• Sistemas Elétricos de Potência: propriedades e características, importância e tratamento.
• Geradores, Transformadores e Motores: as suas propriedades e importância para o sincronismo.
• Linhas de Transmissão: seus componentes, tipos e características, seus parâmetros elétricos.

Orientações para o estudo da unidade


Antes de iniciar o estudo desta unidade, leia as orientações a seguir:
1) Não se limite ao conteúdo deste material didático; busque outras informações em sites confiáveis e/ou nas
referências bibliográficas apresentadas ao final de cada unidade. Lembre-se de que, na modalidade EaD, o
engajamento pessoal é um fator determinante para o seu crescimento intelectual.
2) O estudo das partes dos sistemas de potência é importante para uma análise integrada de seu funcionamento
diante de sua complexidade. A compreensão das máquinas síncronas que o compõem e das peculiaridades das
linhas de transmissão será crucial para o desenvolvimento das equações que permitam calcular as tensões,
correntes e impedâncias dos elementos do sistema tanto em regime permanente quanto em situações de
contingências. E para realizar esses estudos é necessário acessar o Conteúdo Digital Integrador.
3) O estudo de exemplos e resolução de exercícios contidos no material digital indicado também é muito
importante para o domínio dos cálculos desenvolvidos, que são amplamente utilizados a partir do
modelamento dos componentes dos sistemas apresentados nesta unidade.

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Unidade 1 – Conceitos Básicos de Sistemas de Potência

1. INTRODUÇÃO
Prezado aluno, para que você tenha uma visão abrangente do que sejam os sistemas elétricos
de potência responsáveis pela geração, transmissão e distribuição de energia elétrica, o qual é um
assunto bastante específico, será apresentada aqui inicialmente uma descrição de sua infraestrutura
como um todo para, em seguida, o detalhamento de suas partes, até situar a posição de cada ele-
mento de interesse dentro da estrutura maior.
Prontos para apreender sobre o sistema integrado?
A infraestrutura de um país é formada por vários sistemas, ou setores, contribuindo em dife-
rentes atividades para compor um sistema integrado. Os principais sistemas são: o produtivo, de
transporte, o financeiro, de telecomunicações, o governamental ou o público, de fornecimento de
energia etc.
A gestão adequada dessa infraestrutura, no mais alto nível, requer o conhecimento preciso de
suas demandas, viabilidades técnicas, custos de expansão e operação, impactos ambientais e urba-
nísticos e logísticas envolvidas. Quando essa infraestrutura for bem planejada, articulada e imple-
mentada, ela promoverá o pleno desenvolvimento econômico e social da nação.
A geração, transmissão e distribuição de energia é um dos componentes estratégicos da maior
relevância para o pleno desenvolvimento de uma região e de um país. Deste modo, é fundamental o
entendimento de que o fornecimento de energia com qualidade, preço acessível, regular e confiá-
vel, resulta no perfeito funcionamento de todo o sistema integrado. E na verdade, devido a impor-
tância da energia para alimentar todos os outros sistemas, e sendo notória a escassez de fontes de
energia, torna-se claro que essa limitação é o fator principal a estrangular o crescimento econômico.
A partir de uma infraestrutura bem planejada e do acesso a recursos naturais diversos, inclusi-
ve de recursos para a própria geração de energia, é que se estabelece uma sociedade industrial e
tecnológica em desenvolvimento sustentável.
Resumidamente, há fontes a partir de combustíveis fósseis tais como: petróleo, gás, carvão,
xisto; combustíveis renováveis tais como: madeira, bagaços, biogás, biomassa, óleos vegetais, eta-
nol, etc.; combustíveis nucleares; e a partir de fontes naturais tais como: solar, eólica, geotérmica,
efeito de maré e hidráulica e etc. Essas fontes alimentam usinas que produzem energia na forma de
calor ou mecânica, que posteriormente transformada em energia elétrica por geradores será trans-
mitida aos centros consumidores próximos ou distantes.
Vamos enfrentar esse desafio?
No primeiro tópico desta Unidade 1 estão tratadas as partes do sistema de potência quanto a
sua funcionalidade e características elétricas, e também os componentes construtivos dos sistemas
de potência.
No segundo tópico, a atenção se volta para as máquinas síncronas do sistema, as suas propri-
edades elétricas, seus tipos, parâmetros de construção, e sua operação frente aos fenômenos ele-
tromagnéticos.
Já no terceiro tópico se apresenta uma descrição construtiva e das propriedades das linhas de
transmissão e distribuição, mas estudaremos apenas seus aspectos elétricos relevantes as análises
realizadas.

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Unidade 1 – Conceitos Básicos de Sistemas de Potência

As abordagens incluirão a representação dos circuitos elétricos de geradores, transformado-


res, motores, linhas de transmissão e outros equipamentos que trabalhem em conjunto para que
seu modelamento sirva ao tratamento de faltas e análise de estabilidade e proteção das próximas
unidades.

2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA


O Conteúdo Básico de Referência apresenta, de forma sucinta, os temas abordados nesta uni-
dade. Para sua compreensão integral, é necessário o aprofundamento pelo estudo do Conteúdo
Digital Integrador.

2. 1. SISTEMAS ELÉTRICOS DE POTÊNCIA - SEP


Um sistema de fornecimento de energia elétrica é formado por unidades geradoras e unida-
des consumidoras, ligadas por meio de uma sequência de linhas de transmissão, de subtransmissão
e de distribuição, sendo que as linhas de subtransmissão ocorrem em vários níveis. A distinção entre
as linhas de transmissão e de subtransmissão nem sempre é muito clara desde que linhas com as
mesmas características podem ser classificadas como distintas dependendo do papel que desempe-
nham no sistema em que compõem (FUCHS, 1977, CAÑIZARES, CONEJO, GÓMEZ-ESPÓSITO, 2011).

Fonte: Silva (2016, p. 8).


Figura 1 Sistema de fornecimento de energia elétrica: subsistemas básicos de um sistema de fornecimento de energia elétrica.

Os sistemas de fornecimento de energia são independentes e autônomos, mas podem ser in-
terligados, formando um sistema maior, integrado por meio de linhas de interconexão. Esse último
tipo de linha adicionado aos anteriores resulta em quatro tipos distintos de linhas de transmissão. A
articulação conveniente dessas linhas define a melhor composição possível, dentre as várias possibi-
lidades para os sistemas independentes e para o sistema integrado, nos quais a composição utiliza-
da será denominada topologia do sistema.

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Unidade 1 – Conceitos Básicos de Sistemas de Potência

Figura 2 (a) Modelo de sistema de potência com interconexão.

Os fenômenos elétricos, magnéticos e ópticos, conhecidos desde a antiguidade, e estudados


extensamente a partir do final do século 18, foram unificados em uma única teoria denominada
eletromagnética, em 1862. Desde então, foi ainda mais estudada, tanto cientificamente quanto tec-
nologicamente, tornando-se a mais conhecida e a melhor entendida das disciplinas.
As pesquisas mostraram desde o início fenômenos novos e surpreendentes, com enorme po-
tencial para gerar dispositivos com novas aplicações. E de fato, ao longo de pouco mais de 200 anos
foram criados dispositivos e máquinas que revolucionaram o modo de vida da civilização. Enquanto
que, do ponto de vista científico, o eletromagnetismo está na base da explicação da maioria dos
fenômenos naturais.
A geração e a transmissão de energia elétrica tornaram-se preponderantes pela facilidade com
que o fenômeno de indução permite converter a energia mecânica em eletromagnética. Essa ener-
gia, então, fica armazenada nos campos eletromagnéticos que, uma vez formados, se propagam
como uma onda seguindo a linha de transmissão, a qual se comporta como um guia de onda.
Na outra extremidade da linha de transmissão, os campos então são convertidos de volta para
a forma de energia mecânica em cargas indutivas. As cargas puramente resistivas podem também
receber essa energia e dissipá-la na forma de calor, ou ainda as cargas capacitivas podem armazená-
la.
A energia na forma elétrica possui uma desvantagem com relação as outras formas de ener-
gia, devido à dificuldade em se estocar energia elétrica. Somente pequenas quantidades podem ser
armazenadas em baterias e capacitores. Além disso, o custo para um armazenamento em grande
escala se torna proibitivo.
Por outro lado, há uma enorme vantagem na transmissão praticamente instantânea da ener-
gia que viaja como onda com velocidade próxima à da luz. Assim, mesmo em distâncias tão longas
quanto 5.000 km basta carregar um dos extremos da linha que a energia se torna disponível na ou-
tra extremidade de imediato. Essa vantagem supera em muito a desvantagem de não ser viável o
armazenamento da energia elétrica desde que é possível enviar pacotes de energia rapidamente de
um sistema para outro compensando a falta de estoque.

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Unidade 1 – Conceitos Básicos de Sistemas de Potência

Essa estratégia favoreceu a interligação dos sistemas, mas trouxe como uma dificuldade a ne-
cessidade de que todos os geradores síncronos do sistema devem ter a mesma frequência e estar
em fase (STEVENSON JUNIOR, 1986).
A interligação traz benefícios para ambos os sistemas, pois permite que sejam acionadas em
sequência as geradoras com menores custos que são a base do sistema e, conforme a necessidade
entram em ação as unidades menos eficientes, problemáticas ou poluentes, considerando-se tam-
bém o custo de transporte dos blocos de energia. Uma resposta rápida a entrada súbita de carga no
sistema e as contingências que podem ocorrer (CAMARGO, 2009, p 24).
Como as usinas hidrelétricas contribuem significativamente para a matriz energética e devido
a sazonalidade e adversidade dos recursos hídricos, ocorrendo sobras e faltas nessas usinas, a pos-
sibilidade de troca de energia é de grande valia a qualidade do fornecimento. O mesmo ocorre com
a diversidade de carga, diminuindo o nível de ponta do sistema como um todo.
Ocorre aumento no nível de confiabilidade de todos os sistemas conectados, desde que, caso
um sistema encontre dificuldades os demais podem auxiliar. Os sistemas de controle encontram
melhores condições de regulação a partir desse intercambio de energia. A manutenção programada
também é facilitada porque vários sistemas auxiliam a suprir a demanda de algum que esteja inope-
rante.
Apesar das enormes vantagens da conexão dos sistemas, alguns problemas surgem e precisam
ser contornados, como a transferência de distúrbios entre as regiões e o aumento do nível de curto-
circuito superando a limitação dos disjuntores das substações. Para superar todas as incompatibili-
dades do sistema total, o projeto deve buscar a melhor aproximação para a situação ideal em que
todas as usinas geradoras estão ligadas ao mesmo barramento, assim como a situação de que todos
os consumidores também estão no mesmo barramento.
Além disso, as linhas de transmissão por serem meios fixos, sem partes móveis, com estrutu-
ras relativamente simples, custo baixo de construção e operação, e custo médio de manutenção,
representam a melhor opção para a transmissão de energia, principalmente a longas distâncias.
Encerramos aqui a apresentação resumida do sistema elétrico de potência.
No próximo tópico, estudaremos as máquinas indutivas do sistema: geradores, transformado-
res e motores.

Importante! O sistema interligado apresenta um dos maiores desafios para a engenharia dos sistemas elétricos de potência apesar das enormes vantagens
do ponto de vista de qualidade, segurança e economia que proporciona, considerando que os controles da tensão, da frequência, das faltas e principalmente
do sincronismo se tornam bastante complexos.

As leituras indicadas no Tópico 3. 1. tratam sobre a definição dos sistemas de potência, suas
partes e características. Contudo, as apostilas apresentadas neste e em outros tópicos são extensas
e contém itens de outros tópicos e unidades. A superposição dos conteúdos nas apostilas é inevitá-
vel e cada conteúdo deve ser aproveitado em seu respectivo tópico. Neste momento, você deve
realizar essas leituras para aprofundar o tema abordado.

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2. 2. GERADORES, TRANSFORMADORES E MOTORES


Os geradores, também denominados de alternadores, são os dispositivos fundamentais na
produção de energia elétrica, sendo que os geradores síncronos constituem a imensa maioria nas
centrais elétricas, desde que a frequência e o sincronismo de geração devem ser controlados. Uma
ressalva deve ser feita para a crescente produção de energia eólica, que deve utilizar gerador de
indução assíncrono, desde que ele permite maior excursão na rotação da máquina primária (INCO-
TE, KOCHOLIK, 2009).
As centrais de fornecimento de energia elétrica em grande escala, tais como a grandes hidre-
létricas, são constituídas por vários geradores operando em paralelo, de modo a proporcionar
confiabilidade no fornecimento e economia de investimentos. E como exemplo, podemos citar a
usina de Itaipú que possui vinte (20) unidades geradoras operando em paralelo.
Quando ocorre grande paralelismo, ou interligação entre sistemas de fornecimento, que é o
caso do Sistema Interligado Nacional (SIN), estudar o comportamento do gerador se torna mais
simples o efeito deste único gerador sobre a barra comum em que ele está conectado é desprezível,
e não pode alterar de forma significativa a tensão e a frequência do conjunto, que é denominado
neste caso de barramento infinito. Desta forma, no modelo circuito do gerador esse barramento é
representado com tensão e frequência constantes.
A seguir será apresentada uma breve descrição dos tipos de geradores e motores, seguida de
uma descrição e considerações sobre transformadores. O objetivo da descrição não é apenas
aprender os detalhes técnicos construtivos dessas máquinas, mas entender suas características de
funcionamento para estabelecer os circuitos que representam essas características, com vistas a
utilizá-los nas análises de faltas, e de estabilidade transitória e dinâmica dos sistemas.
Existem três tipos principais de geradores/motores, onde todos se utilizam do princípio da in-
dução de Faraday para o seu funcionamento, a despeito de apenas um deles ser denominado gera-
dor/motor de indução. Os tipos principais são denominados: gerador/motor de corrente contínua,
gerador/motor síncrono e, por último, o gerador/motor assíncrono (ou de indução). (CASTRO,
2014a; FERREIRA, 2014; MARQUES, SAMBAQUI, DUARTE, 2013; MODESTO, 2011; WEG INDÚSTRIA
LTDA, S/D).
Por definição, o termo de gerador é dado a qualquer máquina capaz de transformar energia
mecânica em energia elétrica, e o termo motor é dado a qualquer máquina capaz de realizar o con-
trário, transformar energia elétrica em energia mecânica. Mas, por simplicidade quando o termo
máquina for utilizado ele genericamente se refere tanto a gerador como a motor. Para ambos os
dispositivos a parte fixa (estacionária), e por isso, denominada de estator, é uma estrutura compos-
ta de material ferromagnético com ranhuras que contém em seus sulcos fios formando enrolamen-
tos de bobina. Enquanto a sua parte móvel (rotatória), que também é formada por material ferro-
magnético com enrolamento de bobinas, é denominado de rotor.
Uma diferença entre as máquinas de corrente contínua de um lado e as de corrente alternada,
síncronas e assíncronas, de outro, é o posicionamento dos enrolamentos de armadura, os quais for-
necem (geradores), ou recebem (motores), a energia para a rede ou da rede, e dos enrolamentos de
campo, que tem apenas a função gerar campos magnéticos fixos (ou girantes), os quais interagirem
por indução com os campos da armadura. As máquinas síncronas e assíncronas possuem enrola-
mentos de armadura no estator e de campo no rotor, enquanto as máquinas contínuas, ao contrá-
rio, possuem enrolamentos de armadura no rotor e enrolamentos de campo no estator. O enrola-
mento de campo, geralmente, é de menor potência em todos os casos.

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Unidade 1 – Conceitos Básicos de Sistemas de Potência

Os motores de corrente contínua são ainda utilizados em equipamentos, em que é necessário


a variação de velocidade. Seu maior inconveniente é precisar alimentar o enrolamento do rotor por
um comutador rotativo e escovas para mudar a polaridade da tensão contínua de entrada.
As máquinas de indução assíncrona (geradores/motores), funcionam de uma maneira um
pouco diferente, nas quais os campos são girantes pela aplicação de tensões senoidais no campo e
na armadura. Essas tensões podem ser monofásicas, bifásicas, trifásicas, ou enfim, polifásicas. Con-
tudo, a utilização predominante dessas máquinas ocorre como motores industriais e motores de uso
geral. Praticamente, não são utilizados como geradores (MADRUGA, 2017; PESTANA, 2007).
Os motores assíncronos recebem a excitação na armadura, onde as correntes alternadas de
excitação são diretamente aplicadas. Embora, os enrolamentos de campo também recebam corren-
tes alternadas nas máquinas assíncronas o rotor não gira em sincronismo com o campo magnético
girante que é criado no estator, havendo um escorregamento do rotor em relação ao fluxo. Esse
escorregamento dá origem às correntes no rotor, as quais são produzidas por indução.
Nas máquinas síncronas os enrolamentos de armadura estão alojados no estator enquanto os
enrolamentos de campo no rotor. A diferença para o motor assíncrono está na corrente de campo
desse enrolamento pois nele circula corrente contínua, a qual é fornecida através de um sistema de
excitação.
O posicionamento do enrolamento de campo em máquinas síncronas ocorre por ordem práti-
ca e econômica, desde que é vantajoso ter um único enrolamento de campo no rotor com baixa
potência e os enrolamentos de armadura de elevada potência no estator. Nessas máquinas, os
campos magnéticos do rotor e do estator giram na mesma velocidade e de forma sincronizada.
A máquina síncrona básica apresenta os enrolamentos de armadura, (aa´, bb´, cc´), alojados
na sua estrutura estacionária externa, o estator, fabricado de material ferromagnético. Os três enro-
lamentos recebem tensão senoidais defasadas de 120 graus entre si, caracterizando um gerador
trifásico. Enquanto que o rotor, por sua vez, possui bobina, sobre material ferromagnético, e ali-
mentada por corrente contínua para gerar um campo magnético fixo, que varre os enrolamentos do
estator. Observe a Figura 3.

Figura 3 Máquina Síncrona Básica.

O rotor mostrado na Figura 3 é do tipo saliente com apenas um polo, enquanto na Figura 4
são do tipo liso e saliente dois polos respectivamente (CASTRO, 2014a).

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Figura 4 Tipo de Polos e sua Multiplicidade em Geradores Síncronos.

Os rotores, em conformidade as características de projeto, possuem, então, polos lisos ou po-


los salientes, os quais podem ocorrer em múltiplos pares, de acordo com a Figura 4. Essa multiplici-
dade dos polos é utilizada para ajustar a frequência a partir da velocidade da máquina primaria,
permitindo mais flexibilidade ao projeto de geradores e motores. Aqueles de polos lisos podem ope-
rar em velocidades mais altas, e são, geralmente, utilizados na geração termelétrica com turbinas a
vapor ou a gás, enquanto os de polos salientes utilizados na geração em hidrelétrica, pois as turbi-
nas hidráulicas operam em velocidades mais baixas.
A operação de um gerador pode ser considerada como o componente básico de um sistema
de potência, envolvendo: a turbina, a excitatriz e o sistema elétrico externo.
O gerador pode, então, ser controlado por duas entradas: o torque mecânico no eixo da
turbina (Tm) e a corrente de excitação no campo do rotor (IF). A variação de uma ou ambas destas
resulta com que duas saídas sejam alteradas: a potência ativa (P) e a potência reativa (Q), se
considerado o gerador conectado ao barramento infinito. A Figura 5 ilustra um esquema básico
desses controles do gerador síncrono, e suas respectivas saídas (INCOTE, KOCHOLIK, 2009). Observe:

Figura 5 Modelo de Gerador Síncrono.

Além das grandezas de saída mostradas na Figura 5, existem outras, tais como o ângulo de
carga, o fator de potência e a corrente estatórica, que também variam com a operação dos contro-
les de entrada. O comportamento das grandezas de saída do gerador, em função das variáveis de
entrada Tm e IF, é modelado por meio de equações não lineares, que são mais complexas para os
geradores de polos salientes do que para geradores de polos lisos. A análise dos geradores de polos
salientes é realizada por meio de diagramas fasoriais das tensões e correntes da máquina.

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Unidade 1 – Conceitos Básicos de Sistemas de Potência

Figura 6 Controles possíveis para o gerador síncrono.

Os transformadores são também máquinas indutivas, que operam sem partes móveis, mas
permitem transformar tensões, corrente e impedâncias para o melhor acoplamento dos diversos
dispositivos elétricos. No aspecto construtivo consiste de dois ou mais enrolamentos e um circuito
magnético que acopla esses enrolamentos.
O transformador ideal é aquele em que o acoplamento entre todas as suas bobinas é perfeito,
concatenando o mesmo fluxo, possuindo altíssima permeabilidade magnética do núcleo ferromag-
nético. O circuito magnético deve ser fechado, resultar em dispersão desprezível do fluxo. Além dis-
so, o transformador deve apresentar perdas baixíssimas no núcleo ou enrolamentos.

Os transformadores de potência são construídos para operar com correntes relativamente al-
tas, mas a transformação de alta tensão é prioritária no seu projeto (MODESTO, 2011). Observe:

Figura 7 Transformador monofásico básico.

Importante: o princípio da indução de Faraday é fundamental para a existência dos sistemas elétricos de potência desde que a própria geração em escala
de energia elétrica somente é possível a partir de geradores indutivos. A geração química ou física de diferenças de potencial (DDP) são utilizadas em pilhas
e geradores eletrostáticos, que sabemos ainda serem muito limitados em potência e carga.

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A apresentação resumida das máquinas indutivas utilizadas nos sistemas de potência se encer-
ra por aqui.
No próximo tópico, estudaremos as Linhas de Transmissão.

A leitura indicada no Tópico 3. 2. trata da descrição de geradores, motores e outras máquinas


síncronas do sistema. Neste momento, você deve realizar essas leituras para aprofundar o tema
abordado.

2. 3. LINHAS DE TRANSMISSÃO
As linhas de transmissão, conforme estudado anteriormente, destinam-se a transportar blocos
de energia por meio de grandes e médias distâncias entre as unidades geradoras de médio e grande
porte, que geralmente estão afastadas de grandes centros, e as redes de distribuição ou de sub-
transmissão próximas a esses centros.
As linhas de distribuição formam, por sua vez, uma rede radial e ramificada permeando toda
extensão geográfica das unidades consumidoras de uma determinada região, a partir de uma termi-
nação ou derivação das linhas de transmissão e subtransmissão. As terminações e derivações são
denominadas de subestações (CAMARGO, 2009); (FUCHS, 1977).
Uma linha de transmissão (LT) típica, ilustrada na Figura 8, apresenta os quatro (4)
componentes construtivos básicos, a saber: condutores (1), isoladores (2), estrutura de suporte (3) e
cabos de proteção contra descargas atmosféricas (4). Observe:

Figura 8 Componentes Básicos de uma Linha de Transmissão - LT.

Os componentes funcionais utilizados na construção de linhas de transmissão elétrica são ba-


sicamente os mesmos em qualquer linha, entretanto os requisitos de cada situação variam ampla-
mente, desde que as linhas são empregadas em extremos de curta, média e longa distância, em
meios aéreo, subterrâneo e subaquático, baixas e altas potências, em corrente contínua e alternada,
operando em tensões bastante variadas, formando um verdadeiro mosaico de configurações.
Algo importante a ser dito sobre as linhas de transmissão enquanto meio de conexão, é que
elas diferem significativamente dos circuitos elétricos convencionais em ao menos dois aspectos.

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Unidade 1 – Conceitos Básicos de Sistemas de Potência

Primeiro, pela sua extensão ser da ordem de grandeza do comprimento da onda eletromagné-
tica da qual ela é guia, pois na frequência de 60 Hz essa onda eletromagnética no ar possui o com-
primento de onda de 5.000 km.
Então, enquanto os circuitos convencionais, exceto aqueles em altíssimas frequências, apre-
sentam todos os pontos de sua malha oscilando na mesma fase, o mesmo não ocorrerá ao longo da
extensão de uma linha de transmissão que possua de várias dezenas a poucos milhares de quilôme-
tros de comprimento.
Portanto, uma variação senoidal da amplitude da tensão e da corrente ocorrerá ao longo das
grandes distâncias percorridas pela linha e inevitavelmente a ligação entre as duas barras de dife-
rentes sistemas apresentará ângulo de abertura dependente de sua distância de separação.
Como segunda diferença haverá ao longo da linha valores distribuídos uniformemente dos
denominados parâmetros da linha: resistência, indutância, capacitância e condutância a terra. Como
os valores destas grandezas determinam a impedância e admitância da linha, ocorrerá uma defasa-
gem entre a tensão e a corrente também. A defasagem implica em potência aparente com compo-
nentes ativas e reativas, e um fator de potência a determinar.
Apresentadas características, propriedades e componentes construtivos das linhas de trans-
missão passa-se a considerar alguns aspectos que definem toda uma matriz de configurações possí-
veis para as linhas de transmissão.
Estes são denominados, então, de modelos ou modalidades de transmissão (CAMARGO, 2009;
CAÑIZARES, CONEJO, GÓMEZ-ESPÓSITO, 2011; LEÃO, 2017).
Em resumo, os aspectos considerados para a classificação das linhas são os seguintes:
1) Extensão da linha.
2) Meio de passagem da linha.
3) Tipos de corrente da linha.
4) Valores para a tensão da linha.
Uma variedade de outros aspectos pode diversificar ainda mais as linhas, tais como: número
de fases, tipo e arranjo dos cabos, número de subcondutores, número e tipo de isoladores, cabos
neutros e de aterramento, tipos de controle, proteção e manejo da linha etc.
A extensão da linha será o primeiro aspecto considerado, pois antes mesmo de qualquer ava-
liação de quais serão os valores de operação e os parâmetros da linha, a sua extensão já estará defi-
nida, sendo outro aspecto relacionado o meio de passagem da linha.
Os meios de passagem das linhas são basicamente de três tipos: aéreo como o mais utilizado,
o subterrâneo e o submerso, sendo as últimas opções um tanto problemáticas para o caso da
transmissão em corrente alternada, pois os reativos se tornam muito elevados para percursos maio-
res do que 30 km ou 40 km (CAMARGO, 2009, p. 191). As linhas aéreas basicamente utilizam o cabo
condutor nu, o que diminui substancialmente os custos.
O critério utilizado para classificar as linhas em curta, média ou longa não é o comprimento da
linha, mas o comportamento elétrico dela, o qual é dependente tanto do comprimento, quanto da
tensão de operação da linha, e se refere ao comprimento máximo da linha que pode ser tratada
dentro de uma primeira aproximação da solução da equação que modela a linha. O valor máximo
depende basicamente da tensão da linha (FUCHS, 1977, p. 118; ZANETTA, 2006), que poderá valer:
• De 60 km a 80 km para linhas de até 150 kV, na qual a variação no comprimento surge
porque há dependência dos reativos (indutância) da linha também;

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Unidade 1 – Conceitos Básicos de Sistemas de Potência

• De 40 km para linhas entre 150 kV e 400 kV; e


• De 20 km para linhas acima de 400 kV.
De modo geral, são consideradas linhas curtas aquelas menores que 80 km (FUCHS, 1977, p.
120; STEVENSON, 1986, p. 93).
As linhas serão consideradas como médias quando dois ou mais termos da expansão em série
da solução precisam ser utilizados. Para linhas entre 150 kV e 400 kV seu comprimento máximo é
200 km. E para linhas acima de 400 kV o comprimento máximo é de 100 km (FUCHS, 1977, p. 123).
As linhas serão consideradas longas quando é necessário utilizar termos adicionais da expan-
são ou mesmo trabalhar com a solução exata. Os comprimentos mínimos das linhas variam entre
100 e 200 km, neste caso (FUCHS, 1977).
De maneira geral, as linhas de transmissão podem ser representadas por equações diferenci-
ais e resolvidas por meio de métodos analíticos que fornecem a solução exata do sistema. Embora,
os parâmetros elétricos das linhas sejam introduzidos nas equações de forma uniformemente distri-
buída, o que não é rigorosamente exato, isso não inválida as equações e nem mesmo as soluções
obtidas.
Geralmente, uma precisão melhor que 0,5% é considerada suficiente para a maioria das apli-
cações, contudo, soluções tão precisas quanto se queira podem ser obtidas bastando, para isso,
introduzir valores mais realistas para os parâmetros elétricos utilizados.
Entretanto, os métodos analíticos utilizados são trabalhosos e requerem conhecimento ade-
quado por parte do projetista, enquanto que processos simplificados podem ser derivados dos mé-
todos analíticos com garantias de que a sua precisão seja elevada o suficiente (FUCHS, 1979, p.114).
Apenas algumas hipóteses simplificadoras a respeito da consideração ou não de todos os pa-
râmetros distribuídos, permitem obter soluções aproximadas para cada comprimento real da linha
analisado em comparação com o comprimento de onda. Quanto maior a relação mais preciso deve
ser o cálculo.
A simplificação é realizada na escolha do circuito elétrico equivalente utilizado para represen-
tar o comportamento da linha de transmissão. Desde que sua adequação seja devidamente justifi-
cada o modelo será realista o suficiente para descrever a situação. Os respectivos modelos matemá-
ticos são adotados da forma racional e compatível com a precisão desejada.
A seguir apresenta-se as equações gerais mais conhecidas para ondas, aplicadas as linhas de
transmissão:

d 2U x dU x d 2U x


= r ⋅ g ⋅U x + ( r ⋅ C + L ⋅ g ) ⋅
 + L ⋅C ⋅ 2 Equação 1
dx 2 dt dt

d 2 Ix dIx d 2 Ix


= r ⋅ g ⋅U x + ( r ⋅ C + L ⋅ g ) ⋅
 + L ⋅C ⋅ 2 Equação 2
dx 2 dt dt

Onde r, g, L e C são os parâmetros da linha de transmissão, resistência, condutância, indutân-


cia e capacitância, distribuídas na rede, e, portanto, todas por km de linha. Enquanto U e I são os
fasores da formas senoidais da corrente alternada:

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Unidade 1 – Conceitos Básicos de Sistemas de Potência

u U x ⋅ sen (ωt )
=
e Equações 3

I x ⋅ sen ( wt + ϕ )
i=

Cujas soluções gerais, são:


 U + I ⋅ z / y  ( x⋅ )  U 2 − I2 ⋅ z / y  ( − x⋅ z⋅ y )
U x  2 2
z ⋅ y
=  ⋅ e +  ⋅ e
 2  2
   
e Equações 4

 U + I ⋅ z / y  ( x⋅ z⋅ y )  U 2 − I2 ⋅ z / y  ( − x⋅ z⋅ y )


=Ix  2 2 ⋅e + ⋅e
 2 ⋅ z / y   2 ⋅ z / y 
   
Essas são as soluções gerais exatas para a linhas de transmissão em regime permanente ope-
rando em corrente alternada. Sendo possível conhecer tensões e correntes em qualquer ponto da
linha em função das condições existentes no receptor.
A partir destas equações exatas é possível derivar equações aproximadas com a precisão dese-
jada, específica para cada comprimento de linha, curta, média ou longa. Desde que a linha seja mo-
delada com o respectivo circuito equivalente. Em termos de fasores cada termo possui o seu signifi-
cado físico (FUCHS, 1979).
As equações podem ser adaptadas a forma exponencial e já levando em conta o comprimento
conhecido da linha a ser tratada, definido como l. Obtém-se:

   eγl + e −γl     eγl − e −γl 


=U1 U 2   + I2 Zc  
 2   2 
e Equações 5

 eγl + e −γl  U 2  eγl − e −γl 


= I1 I2  +   
 2  Zc  2 
Onde = γ z ⋅ y , e γl= z ⋅ l ⋅ y ⋅ l= Z ⋅ Y , sendo então Z e Y , a impedância e a admitância
totais da linha, respectivamente.
Colocando as funções exponenciais em termos de funções hiperbólicas:
U1 =U 2 ⋅ cosh ( γl ) + I2 Z c ⋅ senh ( γl )
U
= I1 I2 cosh ( γl ) + 2 senh ( γl )
Z c

e
Equações 6
U 2 =U1 ⋅ cosh ( γl ) + I1Z c ⋅ senh ( γl )
U
= I2 I1 cosh ( γl ) + 1 senh ( γl )
Z c

Onde o índice 1 vale para o transmissor e o índice 2 para o receptor.

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Unidade 1 – Conceitos Básicos de Sistemas de Potência

As funções cosseno hiperbólico e seno hiperbólico podem ser expandidas em termos de po-
tências:
(γl ) (γl ) (γl )
2 4 6

cosh(γl ) =
1+ + + + ....
2! 4! 6!
   e Equações 7

(γl ) (γl ) (γl )


3 5 7

senh(γl ) =( γl ) + + .... + +


3! 5! 7!
Neste ponto que a aproximação é realizada tomando tantos termos da série quanto forem ne-
cessários para precisão desejada.
Observe pela Figura 9, a primeira aproximação válida para linhas curtas:

Fonte: Benedito (2017, p. 4).


Figura 9 Modelo de Linha Curta Para Uma das Fases.

A segunda válida para linhas médias é ilustrada na Figura 10.

Fonte: Benedito (2017, p. 4).


Figura 10 Modelo de linha média para uma das fases.

E, por fim, a terceira válida para linhas longas, é.

Fonte: Benedito (2017, p. 4).


Figura11 Modelo de linha longa para uma das fases.

As respectivas linhas são representadas por circuitos do tipo Pi e as equações se referem ao


tratamento aproximado para as linhas de transmissão em termos de constantes generalizadas.

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Unidade 1 – Conceitos Básicos de Sistemas de Potência

A energia elétrica pode ser transmitida tanto por corrente contínua, CC, como por corrente al-
ternada, CA, impelidas em diversas classes de tensão e frequências de rede, as quais sejam mais
adequadas à distância e a potência de transmissão da linha.
Existe uma enorme predominância da transmissão em corrente alternada, mas a transmissão
em corrente contínua começa a recuperar espaço, para ser utilizada em interconexões, ou seja, em
longas distâncias sem derivações, entre as grandes redes de corrente alternada, todavia cada modo
de transmissão apresenta vantagens e desvantagens (CAMARGO, 2009).
A linha projetada para operar em corrente alternada, terá tanto a própria corrente quanto a
tensão da linha oscilando com frequência consonante as rotações do gerador que alimenta esta
linha. A frequência necessita ser padronizada e controlada dentro de uma rede interligada, sendo
necessários equipamentos de conversão de frequência nos acoplamentos entre as duas redes que
operam em frequências distintas. As redes brasileiras trabalham numa frequência de 60 Hz enquan-
to que a de países vizinhos trabalham em uma frequência de 50 Hz.
Enquanto as linhas de distribuição necessitam operar em baixas tensões (BT < 600V), que são
adequadas aos consumidores primários e secundários. Para as linhas de transmissão tem-se atual-
mente essa padronização que facilita muito a fabricação, a especificação e a substituição dos com-
ponentes utilizados nas linhas (CASTRO, 2014b):
1) Baixa Tensão (BT): 110 V, 220 V, <600 V.
2) Média Tensão (MT): 13,8; 23; 34,5; 69.
3) Alta Tensão (AT): 115, 138 e 230.
4) Extra Alta Tensão (EAT): 345, 440, 500, 600CC e 765.
5) Ultra Alta Tensão (UAT): 1100.
As tensões a partir de Média Tensão estão expressas em unidades de kV (quilovolts). Outras
tensões também podem ser encontradas: 33 kV, 46 kV, 88 kV, 161 kV, 1200 kV e 1500 kV.
A linha Itaipú-Sudeste opera em 765 kV, e apenas a título de comparação convém salientar
que ela carrega o equivalente a 30 linhas de 138 kV com aproximadamente apenas o dobro da es-
trutura física, justificando o motivo da escalada rumo a Extra Altas Tensões e recentemente a Ultra
Altas Tensões, na faixa de 800 kV a 1.500 kV (1,5 MV) (CAMARGO, 2009, p. 27).
Os valores de corrente e tensão escolhidas para a operação da linha correntes constituem as
variáveis elétricas de otimização da linha no aspecto econômico, ao equilibrar custo de cabos, estru-
tura, isoladores, e minimização do efeito Joule.
Antes de finalizar este tópico, convém acrescentar que o sistema integrado será um mosaico
formado de linhas com essas diferentes configurações e dos outros componentes do sistema. A de-
nominada topologia do sistema de fornecimento de energia é definida pelas relações existentes
entre seus subsistemas.

Condutores _____________________________________________________________________
Os condutores utilizados em linhas de transmissão aéreas são cabos metálicos na forma de arame, na maioria das vezes
multifiliares, formando duas ou mais camadas sobrepostas e espiralizadas, formato que recebe o nome de encordoamen-
to. Algumas vezes o material de uma ou mais camadas internas (alma) são de um material com maior resistência mecâni-
ca como o aço, para aumentar o limite de tração geral do cabo e permitir maior espaçamento (lance) entre as torres de
transmissão. Assim, os cabos com formato espiral formam um solenoide aumentando sua indutância, especialmente,
quando a alma é um material magnético, e nos cabos elétricos essas espiras serão sempre em direções contrárias com o
intuito de minimizar o efeito de indutância (PIRES, 2016; CASTRO, 2017b; ANDRADE, 2011).
_______________________________________________________________________________

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Unidade 1 – Conceitos Básicos de Sistemas de Potência

Dica! Para saber mais sobre as propriedades elétricas dos componentes das linhas de transmissão consulte as referências indicadas ao longo do material.

Os isoladores devem ser de elevada rigidez dielétrica desde que devem suportar as elevadas
tensões que tornam as linhas mais eficientes e econômicas e, na verdade, a escalada em direção as
altas tensões somente foi possível devido ao desenvolvimento de isoladores compatíveis.

Antes de prosseguir seus estudos, realize a leitura indicada no Tópico 3. 3, que trata acerca de
Linhas de Transmissão por meio de apostilas de cursos de engenharia da Unicamp e da Unesp.

Vídeo complementar _____________________________________________________________


Neste momento, é fundamental que você assista ao vídeo complementar.
• Para assistir ao vídeo pela Sala de Aula Virtual, clique no ícone Videoaula, localizado na barra superior. Em seguida,
selecione o nível de seu curso (Graduação), a categoria (Disciplinar) e o tipo de vídeo (Complementar). Por fim, clique
no nome da disciplina para abrir a lista de vídeos.
• Para assistir ao vídeo pelo seu CD, clique no botão “Vídeos” e selecione: Análise de Sistema de Potência II – Vídeos
Complementares – Complementar 1.
_______________________________________________________________________________

3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR


O Conteúdo Digital Integrador é a condição necessária e indispensável para você compreender
integralmente os conteúdos apresentados nesta unidade.

3. 1. SISTEMAS ELÉTRICOS DE POTÊNCIA - SEP


A fim de complementar seus conceitos acerca dos sistemas elétricos de potência é recomen-
dável a leitura das seguintes apostilas de aula:
• BENEDITO, R. A. S. Introdução a sistemas elétricos de potência. Apostila de Aula. Uni-
versidade Tecnológica Federal do Paraná. 2015. Disponível em:
<http://paginapessoal.utfpr.edu.br/raphaelbenedito/sistemas-eletricos-de-potencia-
i/aulas/SEP%201%20-%20Cap%202%20Introducao%20a%20SEP%20-
Modo%20de%20Compatibilidade.pdf/at_download/file>. Acesso em: 07 jan. 2018.
• MODESTO, A. M. GTDEE - Geração transmissão e distribuição de energia elétrica. Apos-
tila de Aula. 2011. Disponível em:
<http://edsonjosen.dominiotemporario.com/doc/Apostila_de_GTD_de_EE_-
_Eng_Andre_Modesto.pdf>. Acesso em: 04 jan. 2018.
• WEG INDÚSTRIAS LTDA. Módulo 4: Geração de energia. Manual de Treinamento. Dis-
ponível em: <http://www.academia.edu/7609553/M%C3%B3dulo_4_-
_Gera%C3%A7%C3%A3o_e_Distribui%C3%A7%C3%A3o_de_Energia>. Acesso em: 04
jan. 2018.

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Unidade 1 – Conceitos Básicos de Sistemas de Potência

3. 2. GERADORES, TRANSFORMADORES E MOTORES


Para saber mais sobre como são construídos os geradores e motores, leia as apostilas de aula
referenciadas a seguir:
• CASTRO, C. A. Geração, sistemas de energia elétrica I. Capítulo 3: geradores síncronos.
Apostila de Aula. DSE – FEEC - UNICAMP. 2014. Disponível em:
<http://www.dsee.fee.unicamp.br/~ccastro/cursos/et720/Cap3.pdf>. Acesso em: 08
jan. 2018.
• FERREIRA, A. C Máquina síncrona: regime permanente. Universidade Federal do Rio de
Janeiro. Apostila de Aula. 2014. Disponível em:
<http://www.coep.ufrj.br/~ferreira/EEE455_maq_Sinc_2014.pdf>. Acesso em: 04 jan.
2018.
• MARQUES, L. S. B; SAMBAQUI, A. B. K.; DUARTE, J. Apostila de máquinas elétricas.
Apostila de Aula. Instituto Federal de Santa Catarina – Joinville. 2013. Disponível em:
<http://www.joinville.ifsc.edu.br/~janderson.duarte/Apostila.pdf>. Acesso em: 4 jan.
2018.
• MODESTO, A. M. GTDEE - Geração transmissão e distribuição de energia elétrica. Apos-
tila de Aula. 2011. Disponível em:
<http://edsonjosen.dominiotemporario.com/doc/Apostila_de_GTD_de_EE_-
_Eng_Andre_Modesto.pdf>. Acesso em: 4 jan. 2018.

3. 3. LINHAS DE TRANSMISSÃO
As linhas de transmissão são estruturas bastante complexas e diversificadas, mas as apostilas
de aula indicadas mostram o assunto com bastante abrangência.
• BOVOLATO, L. F.; BOVOLATO, M. C. Geração, transmissão e distribuição de energia elé-
trica - parte 1. Apostila de Aula. Unesp de Ilha Solteira. 2009. Disponível em:
<http://www.ebah.com.br/content/ABAAAfMo0AL/geracao-transmissao-distribuicao-
energia-eletrica-gtd-transmissao-apostila-unesp-ilha-solteira-parte-1#>. Acesso em: 4
jan. 2018.
• BOVOLATO, L. F.; BOVOLATO, M. C. Geração, transmissão e distribuição de energia elé-
trica (parte 2). Apostila de Aula. Unesp de Ilha Solteira. 2009. Disponível em:
<http://www.ebah.com.br/content/ABAAAfMo4AK/geracao-transmissao-distribuicao-
energia-eletrica-gtd-transmissao-apostila-unesp-ilha-solteira-parte-2#>. Acesso em: 7
jan. 2018.
• CASTRO, C. A. Geração, sistemas de energia elétrica I. Capítulo 5: linhas de transmissão
(parte 1). Apostila de Aula. DSE – FEEC - UNICAMP. 2014. Disponível em:
<http://www.dsee.fee.unicamp.br/~ccastro/cursos/et720/Cap5-parte1.pdf>. Acesso
em: 4 jan. 2018.
• CASTRO, C. A. Geração, sistemas de energia elétrica I. Capítulo 5: linhas de Transmissão
(parte 2). Apostila de Aula. DSE – FEEC - UNICAMP. 2014. Disponível em:
<http://www.dsee.fee.unicamp.br/~ccastro/cursos/et720/Cap5-parte2.pdf>. Acesso
em: 4 jan. 2018.

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Unidade 1 – Conceitos Básicos de Sistemas de Potência

4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
A autoavaliação pode ser uma ferramenta importante para você testar o seu desempenho. Se
encontrar dificuldades em responder as questões a seguir, você deverá revisar os conteúdos estu-
dados para sanar as suas dúvidas.
1) Sistema de geração da usina de Itaipu: turbina Francis/gerador com velocidade de 92;3 rpm a 60 Hz (lado
brasileiro) e 90;9 rpm a 50 Hz (lado paraguaio).
• Determine o número de polos das máquinas.
• A expressão que relaciona o número de polos (p), a velocidade em rpm (n) e a frequência da tensão
gerada em Hertz.
100. f
a) Polos: Brasil (75) e Paraguai (66). Expressão: p = .
n
100.n
b) Polos: Brasil (68) e Paraguai (56). Expressão: p= .
f
100. f 2
c) Polos: Brasil (75) e Paraguai (50). Expressão: p= .
n2
80.p
d) Polos: Brasil (70) e Paraguai (56). Expressão: f = 2 .
n
120. f
e) Polos: Brasil (78) e Paraguai (66). Expressão: p= .
n

2) Considere uma linha de transmissão, LT, trifásica a qual opera a frequência de f=60 [Hz], e que possui os
seguintes parâmetros elétricos:
= =
R 0,107 [ohm / km] , L 1,355
= [ mH / km] e C 0,00845 [ µF / km].
Sendo o seu comprimento, L=100 [km], quais impedâncias, Z, e admitâncias, Y, devem ser utilizadas nas suas
representações através de seus circuitos “Pi” e “Te” nominais.
= =
Te : Z 52,19. e Y 0,1593.10−3 [ siemens ].
e j .78,17° [ ohm ]    
a)
= =
 Pi : Z 52,19.e j .78,17° [ ohm ]    
e Y 0,1593.10−3 [ siemens ].
= =
 Te : Z 36, 42.e j .78,17° [ ohm ]    
e Y 0,3533.10−3 [ siemens ].    
b)
= =
Pi : Z 36, 42.e j .78,17° [ ohm ]    
e Y 0,3533.10−3 [ siemens ].
= =
Te : Z 52,19.e j .54,23° [ ohm ]    
e Y 0,1593.10−6 [ siemens ].      
c)
= =
Pi : Z 26,09.e j .54,23° [ ohm ]    
e Y 0,3186.10−6 [ siemens ].
= =
Te : Z 26,09.e j .78,17° [ ohm ]    
e Y 0,3186.10−3 [ siemens ].      
d)
= =
Pi : Z 52,19.e j .78,17° [ ohm ]    
e Y 0,1593.10−3 [ siemens ].
= =
 Te : Z 13,05.e j .208,17° [ ohm ]    
e Y 0,3186.10−7 [ siemens ].      
e)
= =
Pi : Z 33, 49.e j .208,17° [ ohm ]    
e Y 0,1741.10−7 [ siemens ].
3) Para uma linha de transmissão com a seguinte impedância total Z=52,19 ej.(78,17)° [ohm], com admitância total de
Y= j.0,3186.10-3 [siemens], e tensão no barramento receptor igual a U2=135 [kV], quando a carga no sistema e
de 50 MVA sob cos(θ)=0,95 (IND), calcular a tensão entre as fases no barramento do transmissor, bem como a
potência entregue a linha, empregando os métodos “Te” e “Pi” nominal.
Fórmulas Modelo “Te”:
[V ] ,
U1 = U 2 (1 + Z .Y / 2 ) + I 2 Z ·(1 + Z .Y / 4 )   
[ A] .
I1 = U 2 .Y + I 2 (1 + Z .Y / 2 )   

Fórmulas Modelo “Pi”:


U1 =U 2 .(1 + Z Y / 2 ) + Z ·I 2    [V ] ,
I=
1 U 2 .Y . (1 + Z .Y / 4 ) + I 2 (
. 1 [ A] .
+ Z .Y / 2 )   

Dados:

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Unidade 1 – Conceitos Básicos de Sistemas de Potência

= =
U 2 135 / ( 3)1 / 2.e j .0° 77,942.e j .0°   [ kV ] ,
N 2 =( 50 / 3) .( 0,95 + j.0,3122 ) = 15,833 + j.5, 203  [ MVA] ,
N 2 = 16,666 e j .18,2°   [ MVA] ,
= =
I 2 16,666 e − j .18,2° / 77.942,00.e j .0° 213,826,00.e − j .18,2°  [ A].

=Te : U1 =
144,00 [V ]    
e N1 17,8.e j .18,22°        
a)
=Pi : U1 =
145,00 [V ]    
e N1 17, 2.e j .18,27°
=Te : U1 =
168.333,00 [V ]    
e N1 17.234,8.e j .28,22°        
b)
=Pi : U1 =
168.666,00 [V ]    
e N1 17.243,5.e j .28,27°
= Te : U1 =
144.505,00 [V ]    
e N1 17.158,8.e j .18,22°        
c)
= =
Pi : U1   144.587,61 [V ]    
e N1 17.169,5.e j .18,27°
= Te : U1 =
144.587,61 [V ]    
e N1 17.000,8.e j .19,22°        
d)
= =
Pi : U1   144.505,00 [V ]    
e N1 17.100,5.e j .19,47°
= Te : U1 244.505,00 [V ]    
= e N1 27.158,8.e j .36,45°        
e)
= 244.587,61 [V ]    
Pi : U1   = e N1 27.169,5.e j .36,45°

Gabarito
Confira, a seguir, as respostas corretas para as questões autoavaliativas propostas:
1) e.
2) d.
3) c.

5. CONSIDERAÇÕES
Chegamos ao final da primeira unidade, na qual você teve a oportunidade de conhecer o sis-
tema de fornecimento de energia elétrica, um pouco de sua organização e suas partes funcionais,
incluindo geradores e motores dos quais pode compreender as características principais. Ao final,
também, pôde conhecer os componentes básicos utilizados na construção de uma linha de trans-
missão, suas características, propriedades e funcionamento.
Também aprofundou seus estudos por meio do Conteúdo Digitai Integrador, que ampliou seu
conhecimento sobre o assunto.
Na próxima unidade, você aprenderá quais os cálculos que devem ser feitos para tratar das
faltas que ocorrem no sistema.

6. E-REFERÊNCIAS
BENEDITOa, R. A. S. Introdução a sistemas elétricos de potência. Apostila de aula. Universidade Tecnológica Federal do Paraná. 2015.
Disponível em: <http://paginapessoal.utfpr.edu.br/raphaelbenedito/sistemas-eletricos-de-potencia-i/aulas/SEP%201%20-
%20Cap%202%20Introducao%20a%20SEP%20-Modo%20de%20Compatibilidade.pdf/at_download/file>. Acesso em: 7 jan. 2018.
BENEDITOb, R. A. S. Elementos de sistemas elétricos de potência – modelos de linhas de transmissão. Universidade Tecnológica
Federal do Paraná. 2015. Disponível em: <http://paginapessoal.utfpr.edu.br/raphaelbenedito/sistemas-eletricos-de-potencia-
i/aulas/SEP%201%20-%20Cap%203%20item%203.1.5%20-%20Modelos%20de%20Linhas.pdf/at_download/file>. Acesso em: 11 jan.
2018.
CASTROa, C. A. Geração, sistemas de energia elétrica I. Capítulo 3: Geradores síncronos. Apostila de aula. DSE – FEEC - UNICAMP.
2014. Disponível em: <http://www.dsee.fee.unicamp.br/~ccastro/cursos/et720/Cap3.pdf>. Acesso em: 08 jan. 2018.
CASTROb, C. A. Geração, sistemas de energia elétrica I. Capítulo 5: Linhas de transmissão. Apostila de aula. DSE – FEEC - UNICAMP.
2014. Disponível em: <http://www.dsee.fee.unicamp.br/~ccastro/cursos/et720/Cap5-parte1.pdf>. Acesso em: 4 jan. 2018.

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Unidade 1 – Conceitos Básicos de Sistemas de Potência

FERREIRA, A. C. Máquina síncrona: regime permanente. Universidade Federal do Rio de Janeiro. Apostila de aula. 2014. Disponível
em: <http://www.coep.ufrj.br/~ferreira/EEE455_maq_Sinc_2014.pdf>. Acesso em: 04 jan. 2018.
INCOTE, M. C. M.; KOCHOLIK. Simulador fasorial para análise do comportamento do gerador síncrono de polos salientes conectado em
barramento infinito operando em regime permanente. Trabalho de TCC. UTFPR 2009. Disponível em:
<http://www.daelt.ct.utfpr.edu.br/professores/andreal/TCCAlineMarcia.pdf>. Acesso em: 07 jan. 2018.
LEÃO, R. Linhas de transmissão de energia elétrica. Capítulo 3. Instituto Federal de Santa Catarina, Joinville. Disponível em:
<www.joinville.ifsc.edu.br/~edsonh/Repositorio/PIP-
Projeto_e_Instalacoes_Eletricas_Prediais/Material%20de%20Aula/Parte_I_GTD/Complemento/IIITransmissao.pdf>. Acesso em: 11
jan. 2018.
MADRUGA, G. Máquinas assíncronas de indução trifásicas. Instituto Federal de Santa Catarina - Lages. 2017. Disponível em:
<https://docente.ifsc.edu.br/gabriel.madruga/MaterialDidatico/ELETRO03%20-%20M%C3%A1quinas%20El%C3%A9tricas%20-
%202017-2/Aula%2003%20-
%20M%C3%A1quinas%20Ass%C3%ADncronas%20de%20Indu%C3%A7%C3%A3o%20Trif%C3%A1sicas.pdf>. Acesso em: 10 jan. 2018.
MARQUES, L. S. B; SAMBAQUI, A. B. K.; DUARTE, J. Apostila de máquinas elétricas. Apostila de aula. Instituto Federal de Santa
Catarina – Joinville. 2013. Disponível em: <http://www.joinville.ifsc.edu.br/~janderson.duarte/Apostila.pdf>. Acesso em: 04 jan. 2018.
MODESTO, A. M. GTDEE - Geração transmissão e distribuição de energia elétrica. Apostila de Aula. 2011. Disponível em:
<http://edsonjosen.dominiotemporario.com/doc/Apostila_de_GTD_de_EE_-_Eng_Andre_Modesto.pdf>. Acesso em: 04 jan. 2018.
PESTANA, L. M. A Máquina assíncrona. Escola Superior de Tecnologia de Viseu - Portugal. 2007. Disponível em:
<http://www.estgv.ipv.pt/PaginasPessoais/lpestana/maquinas%20el%C3%A9ctricas%202/aulas%20te%C3%B3ricas/M%C3%A1quina
%20ass%C3%ADncrona.pdf> Acesso em: 10 jan. 2018.
SILVA, P. R. C. Distribuição e transmissão de energia elétrica. Disponível em:
<https://www.passeidireto.com/arquivo/25151336/distribuicao-e-transmissao-de-energia-eletrica---aula-01---02-02-16>. Acesso em:
07 jan. 2018.
WEG INDÚSTRIAS LTDA. Módulo 4: geração de energia. Manual de Treinamento. Disponível em:
<http://www.academia.edu/7609553/M%C3%B3dulo_4_-_Gera%C3%A7%C3%A3o_e_Distribui%C3%A7%C3%A3o_de_Energia>.
Acesso em: 04 jan. 2018.

Lista de figuras
Figura 1 Sistema de fornecimento de energia elétrica. Disponível em:<https://www.passeidireto.com/arquivo/25151336/distribuicao-
e-transmissao-de-energia-eletrica---aula-01---02-02-16>. Acesso em: 7 jan. 2018.
Figura 2 Modelo de sistema de potência com interconexão. Disponível em:
<http://paginapessoal.utfpr.edu.br/raphaelbenedito/sistemas-eletricos-de-potencia-i/aulas/SEP%201%20-
%20Cap%202%20Introducao%20a%20SEP%20-Modo%20de%20Compatibilidade.pdf/at_download/file>. Acesso em: 7 jan. 2018.
Figura 3 Máquina síncrona básica. Disponível em:<http://www.dsee.fee.unicamp.br/~ccastro/cursos/et720/Cap3.pdf>. Acesso em: 8
jan. 2018.
Figura 4 Tipo de polos e sua multiplicidade em geradores síncronos. Disponível
em:<http://www.dsee.fee.unicamp.br/~ccastro/cursos/et720/Cap3.pdf>. Acesso em: 8 jan. 2018.
Figura 5 Modelo de gerador síncrono. Disponível em: <http://www.daelt.ct.utfpr.edu.br/professores/andreal/TCCAlineMarcia.pdf>.
Acesso em: 7 jan. 2018.
Figura 6 Controles possíveis para o gerador síncrono. Disponível em:
<http://www.dsee.fee.unicamp.br/~ccastro/cursos/et720/Cap3.pdf>. Acesso em: 7 jan. 2018.
Figura 7 Transformador monofásico básico. Disponível em:
<http://edsonjosen.dominiotemporario.com/doc/Apostila_de_GTD_de_EE_-_Eng_Andre_Modesto.pdf>. Acesso em: 4 jan. 2018.
Figura 8 Componentes básicos de uma linha de transmissão - LT. Disponível em:
<http://www.dsee.fee.unicamp.br/~ccastro/cursos/et720/Cap5-parte1.pdf>. Acesso em: 4 jan. 2018.
Figura 9 Modelo de linha curta para uma das fases. Disponível em: <http://paginapessoal.utfpr.edu.br/raphaelbenedito/sistemas-
eletricos-de-potencia-i/aulas/SEP%201%20-%20Cap%203%20item%203.1.5%20-
%20Modelos%20de%20Linhas.pdf/at_download/file>. Acesso em: 11 jan. 2018.
Figura 10 Modelo de linha média para uma das fases. Disponível em: <http://paginapessoal.utfpr.edu.br/raphaelbenedito/sistemas-
eletricos-de-potencia-i/aulas/SEP%201%20-%20Cap%203%20item%203.1.5%20-
%20Modelos%20de%20Linhas.pdf/at_download/file>. Acesso em: 11 jan. 2018.
Figura 11 Modelo de linha longa para uma das fases. Disponível em: <http://paginapessoal.utfpr.edu.br/raphaelbenedito/sistemas-
eletricos-de-potencia-i/aulas/SEP%201%20-%20Cap%203%20item%203.1.5%20-
%20Modelos%20de%20Linhas.pdf/at_download/file>. Acesso em: 11 jan. 2018.

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Unidade 1 – Conceitos Básicos de Sistemas de Potência

Sites pesquisados
PESTANA. L. M. F. M. Home page. Departamento de Engenharia Eletrotécnica. Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Viseu.
Portugal. Disponíveis em: <http://www.estgv.ipv.pt/PaginasPessoais/lpestana/>. Acesso em: 11 jan. 2018.
ENGENHEIROSASSOCIADOS. Home page. Disponível em: <https://engenheirosassociados.com.br/home/>. Acesso em: 11 jan. 2018.
OENGENHEIROELETRICISTA. Home page. <http://oengeletricista.blogspot.com.br/2012/08/componentes-simetricas.html>. Acesso
em: 11 jan. 2018.
BENEDITO. R. A. S. Home page. Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Disponível em:
<http://paginapessoal.utfpr.edu.br/raphaelbenedito>. Acesso em: 11 jan. 2018.
DEPARTAMENTO DE SISTEMAS DE ENERGIA ELÉTRICA. Home page. UNICAMP. Disponível em:
<http://www.dsee.fee.unicamp.br/~ccastro/Disciplinas.html>. Acesso em: 11 jan. 2018.

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CAMARGO, C. C. de B. Transmissão de energia elétrica. 4. ed. Florianópolis: Editora da UFSC, 2009.
CAÑIZARES, C.; CONEJO, A. S.; GÓMEZ-EXPÓSITO, A. Sistemas de energia elétrica: Análise e Operação. Rio de Janeiro: Editora LTC,
2011.
FUCHS, R. D. Transmissão de energia elétrica. Linhas Aéreas. 2. ed. Itajubá: LTC, 1977. v. 1.
STEVENSON JÚNIOR, W. D. Elementos de análise de sistemas de potência. (Trad). MAYER A. R. 2. ed. São Paulo: McGraw-Hill, 1986.
ZANETTA JUNIOR, L. C. Fundamentos de sistemas elétricos de potência. São Paulo: Livraria da Física, 2006.

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UNIDADE 2
ESTUDO DE FALTAS EM SISTEMAS DE
POTÊNCIA

Objetivos
• Conhecer as possíveis faltas (falhas) que podem ocorrer em sistemas de potência.
• Compreender a importância de análise para saber se o sistema vai se recuperar rapidamente de faltas que podem
ocorrer no sistema de potência.
• Compreender os mecanismos das faltas e de suas consequências para atuar corretamente e manter o bom funcio-
namento do sistema.
• Desenvolver os cálculos relativos ao comportamento da corrente para os diversos tipos de faltas que comprome-
tam os sistemas.

Conteúdos
• Faltas simétricas: propriedades e características, faltas trifásicas.
• Componentes simétricas: sua teoria e propriedades, importância no estudo das faltas.
• Faltas assimétricas: características, tratamento por decomposição em componentes.

Orientações para o estudo da unidade


Antes de iniciar o estudo desta unidade, leia as orientações a seguir:
1) Não se limite ao conteúdo deste material didático; busque outras informações em sites confiáveis e/ou nas
referências bibliográficas apresentadas ao final de cada unidade. Lembre-se de que, na modalidade EaD, o
engajamento pessoal é um fator determinante para o seu crescimento intelectual.
2) O estudo das faltas (falhas) que ocorrem em um sistema elétrico é muito amplo dada a extensão e
complexidade do sistema. Para avaliar as causas das faltas é necessário o domínio sobre diversos conteúdos,
por ser muito abrangente os fenômenos que podem afetar as centrais geradoras, os diversificados tipos de
linhas de transmissão, subestações, interconexões e os consumidores (carga). Assim, um conhecimento amplo
pode somente ser adquirido na vasta literatura sobre o tema.
3) O estudo de exemplos e resolução de exercícios também é muito importante para o domínio dos cálculos
desenvolvidos e que são utilizados na antecipação, controle e manejo das faltas que ocorrem em diversas
contingências, e também aquelas associadas com as manobras de rotina. Dessa forma, a aprendizagem do
recurso do cálculo de faltas pelo profissional engenheiro é fundamental.

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UNIDADE 2 – Estudo de Faltas em Sistemas de Potência

1. INTRODUÇÃO
As faltas podem ser muito prejudiciais aos sistemas de potência, e podem provocar interrup-
ções da energia, dano aos equipamentos, representar perigo as pessoas próximas, ou no mínimo
prejudicar a qualidade da energia fornecida, ao inserir surtos diversos no sistema (STEVENSON JU-
NIOR, 1986).
Uma falta num circuito se caracteriza como qualquer falha ou evento que interfira no fluxo
normal de corrente e nos valores de tensão, frequência e sincronismo. Pode ser um curto circuito,
uma fuga de corrente ou uma interrupção, mas, nesta unidade trataremos basicamente de curto
circuitos, embora, as análises desenvolvidas sejam de aplicação geral. As principais fugas de corren-
te ocorrem de forma contínua e não chegam a perturbar significativamente o sistema. Por outro
lado, rupturas de circuito causam uma falta grave desde que colocam a linha ou o sistema fora de
serviço (STEVENSON JUNIOR, 1986; WEEDY,1981).
As causas de curto-circuito mais comuns são as descargas elétricas na própria rede ou o conta-
to direto entre condutores em potenciais diferentes, provocado por acidentes naturais, pela ação de
animais, intempéries, incêndios etc.
No modo indireto, as causas ocorrem:
• Através de um arco elétrico (voltaico) entre fases ou a estrutura de suporte, originado
pela ruptura dielétrica do ar ou do material de isoladores, onde a ruptura dielétrica das
cadeias de isoladores ocorre devido as falhas de fabricação, envelhecimento, sobrecar-
gas, etc.
• Ou pela condução superficial em isoladores se estiverem sujos e úmidos, manobras in-
corretas ou sabotagem etc. (BENEDITO, 2015a; SCHMIDT et al., 1996).
As faltas podem ainda ser surtos de tensão originados por descargas atmosféricas, as quais
elevam o potencial na rede e acabam forçando a abertura de aterramento ou no caso de extra e
ultra altas tensões, por surtos de chaveamento. Nestes casos, dispositivos de proteção como para
raios e aterramento por centelhadores ou por resistores variáveis são empregados para aliviar a
sobretensão (STEVENSON JUNIOR, 1986).
A análise de curtos-circuitos é de suma importância para a proteção de sistemas elétricos,
desde que os cálculos de redes em curto são fundamentais no dimensionamento e ajuste dos dispo-
sitivos de proteção. A seleção de um disjuntor para um sistema de potência depende dessa análise
preliminar.
A realização do cálculo da corrente de curto-circuito é fundamental para a especificação dos
equipamentos do sistema elétrico. Pois, durante o curto-circuito são estabelecidas altas correntes,
provocando solicitações térmicas, dissipação de calor e elevação de temperatura, os quais degra-
dam (envelhecem) o material e, ainda, provocam deformações ou esforços mecânicos que podem
ter ruptura ou levar as peças a uma situação de não conformidade. Os dispositivos de proteção des-
ses sistemas devem ser ajustados para atuar o mais rápido possível e o tempo de resposta deve ser
levado em conta na avaliação dos requisitos do material empregado nos sistemas (ZANETTA JUNI-
OR, 2006).
A abordagem matricial mais avançada ou a metodologia convencional com aplicação das com-
ponentes simétricas são as ferramentas utilizadas para o tratamento de curto circuitos em sistemas
de potência. O comportamento transitório provocado pelas faltas, principalmente os curtos-

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UNIDADE 2 – Estudo de Faltas em Sistemas de Potência

circuitos, sobre as máquinas e linhas de transmissão, operando em regime permanente também


necessita ser avaliado (ZANETTA JUNIOR, 2006).
As faltas mais graves precisam ser isoladas do sistema pela atuação de disjuntores controlados
por um circuito lógico, que é baseado em sensores com diferentes respostas e sensibilidades. Após
o isolamento da parte em falta grave, ou mesmo para faltas amenas, o sistema que estava operando
em regime permanente será afetado por transitórios que o afastarão desta condição. O cálculo das
correntes que circulam antes e depois das faltas devem balizar a atuação do circuito de controle
(STEVENSON JUNIOR, 1986).

Fonte: Gomes (2013a).


Figura 1 Tipos de curto-circuito para um sistema trifásico.

As faltas são classificadas, de acordo com a Figura 1, como simétricas ou assimétricas. Para
qualquer contingência, seja de curto-circuito ou interrupção, envolvendo apenas uma ou duas fases
será do tipo assimétrica, enquanto somente a falta trifásica será do tipo simétrica (STEVENSON JU-
NIOR, 1986).
A grande maioria (cerca de 70%) das falhas por curtos-circuitos ocorrem entre uma fase e o
terra, um menor número envolve as falhas trifásicas (cerca de 5%), e as faltas envolvendo apenas
duas fases, e de duas fases envolvendo o fio terra, completam as possibilidades (STEVENSON JUNI-
OR, 1986).
A análise por componentes simétricas, visto adiante, permite tratar as faltas assimétricas qua-
se tão facilmente como são tratadas as faltas simétricas (trifásicas). O tratamento das faltas assimé-
tricas será mostrado no último tópico desta unidade.
O comportamento transitório será estudado na próxima unidade e devem fornecer o tempo
de atuação ideal para os dispositivos de proteção utilizados (STEVENSON JUNIOR, 1986).

2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA


O Conteúdo Básico de Referência apresenta, de forma sucinta, os temas abordados nesta uni-
dade. Para sua compreensão integral, é necessário o aprofundamento pelo estudo do Conteúdo
Digital Integrador.

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UNIDADE 2 – Estudo de Faltas em Sistemas de Potência

2. 1. FALTAS SIMÉTRICAS
As faltas simétricas em sistemas trifásicos são somente aquelas que envolvem todas as três fa-
ses, seja num curto entre si, ou seja das três para o neutro ou terra, desde que as tensões sejam
idênticas nas fases e a carga esteja equilibrada entre essas fases, situação em que se diz que o sis-
tema está balanceado. Mas, como existe uma defasagem de 120° entre as fases, durante a falta,
cada fase terá uma curva de evolução transitória diferente, conforme apresentado na Figura 2. Ain-
da, assim, a solução é a mesma para as três fases, a menos das constantes (valor inicial) da solução
de cada uma (STEVENSON JUNIOR, 1986; CHAPMAN, 2013). Observe:

Fonte: Chapman (2013, p. 247).


Figura 2 Evolução temporal das correntes de curto-circuito para cada fase de um sistema trifásico.

A corrente que circula numa máquina síncrona após uma falta é variável, possuindo um valor
no início da falta e depois de poucos ciclos apresenta um valor menor e, após isso, o valor que será
sustentado em estado permanente. Tais valores diferem apreciavelmente, pois são provocados pelo
efeito da corrente de armadura sobre o fluxo de campo que gera a saída de tensão na máquina sín-
crona e mais o efeito do enrolamento de amortecimento (STEVENSON JUNIOR, 1986; CHAPMAN,
2013).
Essa corrente deve variar lentamente desde o valor inicial até o valor final, no estado perma-
nente, na situação de curto-circuito, mas com impedâncias diferentes em cada período do transitó-
rio. A Figura 3 mostra o gráfico típico do transitório para uma das fases, quando a amplitude é má-
xima (CHAPMAN, 2013). Vejamos:

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UNIDADE 2 – Estudo de Faltas em Sistemas de Potência

Fonte: Chapman (2013, p. 248).


Figura 3 Componente CA simétrica da corrente de falta.

A falta trifásica simétrica sem envolver o neutro (terra) é o curto-circuito de maior gravidade
que pode ocorrer num gerador síncrono, pois o contato franco e simultâneo entre as três fases com
maior diferença de potencial provoca as maiores correntes em todas as fases. Os gráficos das Figu-
ras 1 e 2 mostram que há componentes de corrente alternada, CA, e de corrente contínua, CC, for-
mando a corrente total, que será diferente para cada fase, dependendo de seus ângulos de fase no
momento da falta.
O comportamento transitório observado na Figura 3 está dividido em três períodos de tempo
após a falta:
• a partir do início do curto-circuito, no qual a corrente é muito elevada, mas também
cai rapidamente, denominado de período subtransitório; e
• até o início do segundo período, em que a taxa de decaimento é menor, denominado
simplesmente de período transitório, que, por sua vez, termina no período de regime
permanente.
A explicação para os comportamentos distintos durante o transitório está na taxa de decai-
mento, devido aos efeitos de diferentes enrolamentos do gerador síncrono, onde no primeiro perí-
odo predomina o efeito das bobinas de amortecimento do gerador, enquanto que, no segundo pe-
ríodo, predominam as bobinas de campo do gerador e, no último período esses efeitos desapare-
cem e a corrente se estabiliza, como ilustrado na Figura 4 (CHAPMAN, 2013).

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UNIDADE 2 – Estudo de Faltas em Sistemas de Potência

Fonte: Chapman (2013, p.249).


Figura 4 Gráfico sublogarítimico dos períodos do transitório provocado por curto circuito.

Devido as resistências e reatâncias internas das bobinas de amortecimento e de campo serem


diferentes, as suas constantes de tempo também o serão, produzindo componentes contínuas inde-
pendentes, com taxas de decaimento distintas, as quais acabam, ambas, se sobrepondo a corrente
alternada para compor a corrente total (CHAPMAN, 2013).
Na condição anterior, a falta havia somente correntes CA no sistema. As componentes CC sur-
gem no exato momento da falta, como reação indutiva da variação brusca de corrente provocada
pelo curto circuito. Os geradores são basicamente constituídos por enrolamentos e, assim, possuem
grande reatância, a qual deve responder ao repentino aumento de corrente e gerar uma tensão
instantânea (f.e.m.) contrária para manter a corrente próxima do valor anterior. Essa tensão induzi-
da no momento da falta, então, se torna a componente contínua, CC, em decaimento. Observe co-
mo isso ocorre nas ilustrações dispostas nas Figuras 5 e 6.

Figura 5 Evolução temporal de transitórios de curto circuitos perto de geradores.

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UNIDADE 2 – Estudo de Faltas em Sistemas de Potência

Figura 6 Evolução temporal de transitórios de curto circuitos longe de geradores.

As Figuras 5 e 6 mostram que o transitório é diferenciado em distintos pontos do sistema.


As componentes contínuas caem muito rapidamente, mas, no início do curto-circuito podem
até dobrar o valor da corrente, dependendo do ângulo de fase da componente alternada, CA, no
momento da falta. Normalmente, seu fator fica de 1,5 a 1,6 vezes o valor máximo da corrente ante-
rior a falta.
O valor calculado da corrente de falta para os diferentes períodos, explica as mudanças na re-
atância e na tensão interna da máquina síncrona à medida que a corrente varia de seu valor inicial
até seu valor final em regime permanente.
Durante uma falta de curto-circuito em um sistema de potência, determina-se a corrente cir-
culante por meio das forças eletromotrizes internas das máquinas no sistema, de suas impedâncias
internas e das impedâncias das linhas entre as máquinas e a falta (MATOS, 1996; STEVENSON JUNI-
OR, 1986).
Para calcular a corrente inicial quando um gerador síncrono é curto circuitado analisa-se a
aplicação de uma tensão alternada a um circuito com resistência e indutância constantes, na qual a
tensão pode ser escrita, como:
=V Vmax sen(ωt + α ) Equação 1

Considerando o tempo, t=0 s, no instante de aplicação da tensão, então, o ângulo α depende-


rá de quanto vale o módulo da tensão ao ser fechado o circuito nesse instante.
A equação diferencial para este circuito, será:
di
V = Vmax sen(ωt + α ) = Ri + L Equação 2
dt
Onde R é a resistência e L é a indutância do circuito.
A solução para o valor da corrente na Equação 2 se expressa por:
Vmax  − R⋅t

=  sen(ωt + α − θ ) − ε ⋅ sen(α − θ )  Equação 3
L
i
Z  
Onde Z é a impedância do circuito e θ é o ângulo de defasagem entre tensão e corrente pro-
duzido pela impedância do circuito, dados por: Z = tg −1 (ω L )
R 2 + (ω L ) e θ = .
2
R

O primeiro termo da solução representa uma variação senoidal com o tempo e, o segundo
termo, uma variação exponencial, cujo decaimento é determinado pela constante de tempo L/R.

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UNIDADE 2 – Estudo de Faltas em Sistemas de Potência

Este segundo termo não periódico é denominado de componente contínua da corrente. Enquanto
que o termo senoidal representa o valor da corrente num circuito RL para a tensão aplicada ao sis-
tema em regime permanente.
A componente contínua da corrente não existirá se o curto-circuito ocorrer no momento em
que a tensão estiver passando por zero, nos casos em que o valor de (α-θ) = 0, π, ou seja, for igual 0
ou π, situação representada na Figura 7.

Fonte: Stevenson Junior (1986, p. 266).


Figura 7 Evolução da corrente do transitório para (α-θ) = 0 ou (α-θ) = π.

Por outro lado, a componente contínua da corrente terá valor máximo se o curto-circuito
ocorrer no momento em que a tensão estiver passando por zero, nos casos em que o valor de (α-θ)
= π/2, 3π/2, ou seja, for igual π/2 ou 3π/2, situação representada na Figura 8. Observe:

Fonte: Stevenson Junior (1986, p. 267).


Figura 8 Evolução da corrente do transitório para (α-θ) = π/2 ou (α-θ) = 3π/2.

A corrente máxima no circuito durante a situação de falta dependerá de quanto cairá a impe-
dância do circuito e de como ocorrem os três períodos distintos no transitório, em cada um haverá
uma corrente, respectivo a impedância (ou reatância) relevante no circuito durante o período.
As correntes e reatâncias, aplicáveis a um alternador funcionando em vazio antes da ocorrên-
cia da falta trifásica em seus terminais são dadas por:
Eg Eg Eg
=I = , I′ = e I ′′ Equação 4
Xd X d′ X d′′
Onde |I| é corrente em regime permanente, |I´| é a corrente transitória, |I´´| é a corrente
subtransitória, Xd é a reatância síncrona do eixo direto, Xd´ é a reatância transitória do eixo direto,
Xd´´ é a reatância subtransitória do eixo direto, |Eg| é a tensão eficaz entre um terminal e o neutro,
em vazio.

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UNIDADE 2 – Estudo de Faltas em Sistemas de Potência

Exemplo 1
Um gerador síncrono trifásico de 100 MVA, 13,8 kV, 60 Hz e ligado em Y, está operando na
tensão nominal e a vazio quando uma falta trifásica acontece em seus terminais.
Suas reatâncias, por unidade em relação à própria base da máquina, são:
•= X S 1,=0 X ′ 0, 25= X ′′ 0,12, e suas constantes de tempo, são:
=T ′ 1,10
= s T ′′ 0, 04 s
A componente CC inicial dessa máquina é em média 50% da componente CA inicial.
a) Qual é a componente CA de corrente desse gerador no instante imediatamente após
a ocorrência da falta?
b)Qual é a corrente total (CA mais CC) que circula no gerador imediatamente após a
ocorrência da falta?
c) Qual será a componente CA de corrente após dois ciclos? Após 5s?

Resolução do exercício:
A corrente de base desse gerador é dada pela equação:
Sbase 100 MVA
= I L ,base = = 4.184 A Equação 5
3 ⋅ VL ,base 3 ⋅ (13,8kV )
As respectivas correntes subtransitória, transitória e regime permanente, por unidade e em
ampères, são:
E A 1, 0
I ′′
= = = 8,333
X ′′ 0,12 Equação 6
I ′′ =(8,333) ⋅ (4.184) A =34.900 A
E A 1, 0
I′
= = = 4, 0
X ′ 0, 25 Equação 7
I′ =
(4, 0) ⋅ (4.184) A =
16.700 A
E A 1, 0
I=
SS = = 1, 0
X S 1, 0 Equação 8
I′ =
(1, 0) ⋅ (4.184) A =
4.184 A
a) A componente CA inicial de corrente é: I ′′ = 34.900 A .
b) A corrente total (CA mais CC) no início da falta é: TTotal = 1,5 ⋅ I ′′ = 52.350 A
c) A componente CA de corrente em função do tempo é dada pela Equação:
−t −t
I (t ) = ( I ′′ − I ′) ⋅ e T ′′
+ ( I ′ − I SS ) ⋅ e T′
+ I SS
 −t
s
−t
s  Equação 9
I (t )= 18.200.e 0,04 + 12.516.e1,1 + 4184  A
 
Após dois ciclos, t = 1/ 30 segundos, a corrente total é:

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 1 
I   = 7.910 A + 12.142 A + 4.184 A = 24.236 A Equação 10
 30 
Após dois ciclos, a componente transitória de corrente é claramente a maior e isso ocorre no
período transitório do curto-circuito. Aos 5 s, a corrente desceu até:
I ( 5 ) = 0.0 A + 133 A + 4.184 A = 4.317 A Equação 11

Correspondendo ao regime permanente do curto-circuito.


Com esse exemplo acerca das faltas simétricas encerra-se este tópico. No tópico seguinte, tra-
balha-se com o método de componentes simétricas.

Importante! Para solucionar os cálculos em engenharia, muitas vezes são feitas aproximações, para simplificar as equações dentro de suposições razoáveis
e aceitando certos limites na precisão das respostas. No estudo de curto circuitos são tomados modelos simplificados baseados em modelos de circuitos,
nos quais são considerados apenas os parâmetros mais relevantes. Dessa forma, exemplos e problemas podem parecer diferentes à primeira vista, mas, na
verdade, somente estão incluindo mais ou menos detalhes na sua formulação.

Componente contínua na solução do curto simétrico _________________________________


Para entender o surgimento da componente contínua na solução do curto simétrico e sua relação com o ângulo α na
Equação 1 consulte o anexo das obras de:
• MATOS, M. A. Introdução ao cálculo de curtos circuitos trifásicos simétricos. Apostila de Aula. FEUP. 1996. Dis-
ponível em: <https://paginas.fe.up.pt/~mam/curtocircuitos.pdf> Acesso em: 19 jan. 2018.
• CHAPMAN, S. J. Fundamentos de máquinas elétricas. (Trad) LASCHUK, A. 5. ed. Porto Alegre. McGraw-Hill,
2013.
_______________________________________________________________________________

As leituras indicadas no Tópico 3. 1. tratam sobre as faltas (falhas) em sistemas elétricos de


potência, especialmente, sobre os cálculos das correntes em situação de curto-circuito em gerado-
res síncronos. Neste momento, você deve realizar essas leituras para aprofundar o tema abordado.

2. 2. COMPONENTES SIMÉTRICAS
As faltas assimétricas seriam intratáveis sem um poderoso método apresentado por Fortes-
cue, em 1918, desenvolvido para tratar com circuitos polifásicos desequilibrados, e denominado
método de componentes simétricas. Este método logo se tornou de fundamental importância e foi
utilizado em muitos artigos e pesquisas experimentais (STEVENSON JUNIOR, 1986).
O trabalho demonstra que sistemas desequilibrados com N fasores correlacionados podem ser
decompostos em N sistemas de fasores equilibrados, os quais são os componentes simétricos dos
fasores originais, sendo que os N fasores de cada conjunto de componentes são iguais em compri-
mento e os ângulos entre os fasores adjacentes do conjunto são iguais também.
As faltas assimétricas em sistemas de geração, transmissão e distribuição podem consistir em
curtos-circuitos, impedância entre linhas, impedância de uma ou duas linhas para terra, ou conduto-
res em aberto, e todas essas faltas podem ser estudadas pelo método das componentes simétricas.
De acordo com o teorema de Fortescue, três fasores desequilibrados de um sistema trifásico
podem ser decompostos em três sistemas equilibrados de fasores. Os componentes, são:

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1) Componentes de sequência positiva: são constituídos por três fasores iguais em


módulo, defasados de 120° entre si e possuem a mesma sequência de fase que os
fasores originais.
2) Componentes de sequência negativa: são constituídos por três fasores iguais em
módulo, 120° defasados entre si, possuindo uma sequência de fase oposta à dos fasores
originais.
3) Componentes de sequência zero: são constituídos por três fasores iguais em módulo e
com defasagem nula entre si.
Embora o método seja plenamente aplicável a qualquer sistema polifásico desequilibrado,
neste tópico, focaremos o estudo de sistemas trifásicos.
A ilustração da Figura 9 mostra uma decomposição de um sistema trifásico em que as fases
“abc” não possuem o mesmo módulo e sequer seus ângulos estão distribuídos com regularidade.
Mas, uma decomposição é sempre possível utilizando as componentes simétricas de sequencias (+).
(-) e (0). Observe:

Figura 9 Decomposição gráfica em componentes simétricas.

Também é possível a recuperação da sequência assimétrica original pela composição das se-
quências simétricas obtidas como componentes na decomposição anterior, conforme ilustramos na
Figura 10.

Figura 10 Composição gráfica a partir de componentes simétricas.

Ao se resolver um problema por componentes simétricas, a prática é designar as três fases do


sistema, como: (a, b, c), de tal forma que a sequência positiva de fases das tensões e das correntes

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UNIDADE 2 – Estudo de Faltas em Sistemas de Potência

dos fasores desequilibrados no sistema seja (abc), e a sequência negativa (acb). Da mesma forma, se
estabelece para os três conjuntos de componentes simétricas, com as componentes de sequência
positiva designados por (abc), enquanto que os componentes de sequência negativa serão repre-
sentados pela sequência (acb) (STEVENSON JUNIOR, 1986).
Quando os fasores desequilibrados originais são tensões, sua nomenclatura será: Va, Vb e Vc. E
os três conjuntos de componentes simétricos são indicados adicionando-se 1, 2 e 0, respectivos aos
componentes de sequência positiva, negativa e zero. Resultando em:
Va1 Vb1 Vc1
Va 2 Vb 2 Vc 2 Equação 11
Va 0 Vb 0 Vc 0
Na ilustração da Figura 11, observamos como o fasor desequilibrado de um sistema pode ser
escrito como uma combinação única dos conjuntos de componentes simétricas descrito nas Equa-
ções 11.

Fonte: Stevenson Junior (1986, p. 296).


Figura 11 Componentes simétricas de um fasor desequilibrado V(abc).

Os fasores que representam correntes são representados da mesma forma, sendo designados
por “I” com os mesmos índices que foram atribuídos as tensões.
As muitas vantagens da análise de sistemas de potência pelo método dos componentes simé-
tricos se tornarão evidentes gradualmente a medida que for sendo aplicado ao estudo de faltas as-
simétricas ocorridas em sistemas simétricos.
O método é bastante simples e consiste em encontrar os componentes simétricos da corrente
no ponto de falta. Para somente, então, encontrar os valores da corrente e da tensão nos vários
pontos do sistema (STEVENSON JUNIOR, 1986).

OPERADOR ROTAÇÃO: __________________________________________________________


Em sistemas polifásicos com N fases o ângulo de separação entre as fases é dado por ϕ=360/N.
Portanto em um sistema trifásico a separação é de ϕ=120° entre as fases a,b e c.
Como as grandezas elétricas são na maioria das vezes expressas como fasores, seria conveniente se utilizar de um fasor
que funcionasse simplesmente como operador de rotação de um fasor dado.

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UNIDADE 2 – Estudo de Faltas em Sistemas de Potência

O operador de rotação, então, é obtido com facilidade pela operação de multiplicação de dois fasores, cujo resultante é o
produto dos módulos e a soma dos ângulos destes fasores.
Assim, o operador que apenas provoca a rotação de um fasor qualquer por ângulos de 120°, 240, 360, mas mantendo seu
módulo são dados respectivamente, por:

_______________________________________________________________________________

A Figura 11 ilustra como se escreve os três fasores assimétricos a partir das componentes dos
três conjuntos de fasores simétricos. Agora, o objetivo é decompor os fasores assimétricos em sua
componentes simétricas. Partindo de:
Va = Va1 + Va 2 + Va 0
Vb = Vb1 + Vb 2 + Vb 0 Equação 12
Vc = Vc1 + Vc 2 + Vc 0
E substituindo nas Equações 12 as expressões obtidas com o Operador Rotação, aplicando [a],
[a2] e [a3] ao conjunto de componentes simétricas, tem-se:
=Vb1 a=2
Va1 Vc1 aVa1
= =
Vb 2 aV a2 Vc 2 a 2Va 2 Equação 13

= Vb 0 V=a0 Vc 0 Va 0
A partir da expressão anterior, obtém-se uma expressão em que o número de incógnitas foi
reduzido, nesse caso, basta determinar apenas um dos fasores de cada sequência de componentes
simétricos:
Va = Va1 + Va 2 + Va 0
Vb = a 2Va1 + aVa 2 + Va 0 Equação 14
Vc =aVa1 + a 2Va 2 + Va 0
Que na forma matricial, após trocar a ordem dos termos nas somas da Equação 14, obtém-se:
Va 1 1 1 Va 0
=Vb 1 a 2
a ⋅ Va1 Equação 15
Vc 1 a a 2 Va 2
Definindo, então, a matriz A, tem-se:
1 1 1
A = 1 a2 a Equação 16
1 a a2
Que possui como matriz inversa a equação:
1 1 1
1−1
A = 1 a a2 Equação 17
3
1 a2 a
Com essa matriz inversa é possível, então, encontrar as componentes simétricas a partir do
conhecimento dos fasores assimétricos (desequilibrados), segundo a expressão matricial:

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UNIDADE 2 – Estudo de Faltas em Sistemas de Potência

Va 0 1 1 1 Va
1
=Va1 1 a a 2 ⋅ Va Equação 18
3
Va 2 1 a2 a Va
E finalmente, essa importante relação obtida é utilizada diretamente para o cálculo das com-
ponentes simétricas do fasor assimétrico. Escrevendo-a por extenso, tem-se:
1
Va =
0 (Va + Vb + Vc )
3
1
3
(Va + aVb + a 2Vc )
Va1 = Equação 19

Va 2 = (Va + a 2Vb + aVc )


1
3
Para o cálculo das demais componentes simétricas as relações da Equação 13 podem ser utili-
zadas.
Relações idênticas podem ser obtidas para as correntes das fases, ou genericamente, para
qualquer conjunto de fasores desequilibrados.

Exemplo 2
Um condutor de uma linha trifásica está aberto. A corrente que circula para uma carga conec-
tada em triangulo por meio da linha “a” vale 10 A. Tomando a corrente da linha “a” como referência
e considerando que a linha “c” esteja aberta, encontre os componentes simétricos das correntes de
linha.
Resolução do exercício:
O diagrama do circuito é:

Figura 12 Diagrama do circuito.

As correntes de linha, são:


= =
I a 10 =
0 A e I b 10 180 
A e Ic 0 A
O desenvolvimento das Equações 19, aqui adaptadas para encontrar as correntes resulta na
solução para a linha “a”:

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UNIDADE 2 – Estudo de Faltas em Sistemas de Potência

1
=
Ia0 0 ) 0 [ A]
(10∠0° + 10∠180° +=
3
e

=
I a1
1
3
(10∠0° + 10∠ (180° + 120°) + 0 )
I a1 = 5 − j 2,89 = 5, 78∠ − 30° [ A]
e

=
Ia2
1
3
(10∠0° + 10∠ (180° + 240°) + 0 )
I a 2 = 5 + j 2,89 = 5, 78∠30° [ A]

E o desenvolvimento das Equações 13, (adaptadas as correntes) resulta na solução para as li-
nhas “b” e “c”:
I b1 5, 78∠ − 150° [ A] e =
= I c1 5, 78∠90° [ A]
I=
b2 5, 78∠150° [ A] e I=c2 5, 78∠ − 90° [ A]
= [ A]
I b 0 0= e I c 0 0 [ A]
Observamos que os componentes lc1 e Ic2 apresentam valores definidos, embora a linha “c”
esteja aberta e não possa transportar nenhuma corrente. Entretanto, como é esperado, a soma dos
componentes na linha “c” vale zero. Naturalmente, a soma dos componentes na linha “a” vale:
10∠0° [ A] e a soma dos componentes na linha “b” vale: 10∠180° [ A] .

Com este exemplo encerramos este tópico, analisando uma falta assimétrica numa linha de
transmissão pelo método das componentes simétricas. A seguir, abordaremos acerca do tópico so-
bre características de faltas assimétricas.

Importante! Para resolver as questões avaliativas é necessário estudar a Seção 11.4 da Obra de
STEVENSON JÚNIOR, W. D. Elementos de análise de sistemas de potência. Trad. A. R. Mayer. 2. ed. São Paulo: McGraw-Hill, 1986.

A leitura indicada no Tópico 3. 2. trata da utilização do método de componentes simétricas


para efetuar cálculos sobre curto circuitos de sistemas de potência. Neste momento, você deve rea-
lizar essas leituras para aprofundar o tema abordado.

2. 3. FALTAS ASSIMÉTRICAS
O estudo das faltas assimétricas é muito importante desde que a grande maioria das falhas
que ocorrem em sistemas de potência são faltas assimétricas. Estima-se que essa proporção seja
maior que 90% das ocorrências (STEVENSON JUNIOR, 1986).
As faltas assimétricas consistem em curtos-circuitos, falhas assimétricas por meio de impedân-
cias, ou ainda, condutores em aberto. Os tipos de falha que ocorrem são as faltas fase-terra simples,
faltas linha-linha, ou faltas fase-terra duplas. O curto-circuito pode ser franco, sem impedância al-

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UNIDADE 2 – Estudo de Faltas em Sistemas de Potência

guma, ou o caminho para a corrente entre as linhas, ou entre a linha e terra, pode conter um certo
valor baixo de impedância.
Os circuitos em aberto também resultam em uma falta assimétrica porque desequilibram o
sistema, provocados pelo rompimento de um ou mais condutores, ou pela ação de fusíveis e disjun-
tores, ou de outros dispositivos de controle que podem falhar ao abrir as três fases simultaneamen-
te.
Desde que as faltas assimétricas apresentam ocorrência generalizada e provocam o fluxo de
correntes desequilibradas no sistema, o método das componentes simétricas se tornam de grande
valia na determinação das correntes e tensões em pontos estratégicos do sistema na contingência
de uma falta. As faltas nos terminais de um gerador em vazio serão estudadas neste tópico.
Qualquer que seja o tipo de falta que ocorra nos terminais de um gerador, podemos aplicar as
Equações:
Va 0 0 Z0 0 0 Ia0
Va1 =Ea − 0 Z1 0 ⋅ I a1 Equação 20
Va 2 0 0 0 Z2 Ia2
A Equação 23, deduzida em notação matricial, será empregada para cada tipo de falta assimé-
trica descrita anteriormente, juntamente com as equações que descrevem as condições da falta,
para se encontrar a corrente la1 em termos dos valores de Ea , Z1 , Z2 e Z0.
Analisando, então, uma falta fase – terra simples para um gerador ligado em Y e em vazio,
com seu neutro aterrado através de uma reatância, conforme ilustrado na Figura 13 e com a falta
ocorrendo na fase (a).

Fonte: Stevenson Junior (1986, p. 327).


Figura 13 Diagrama do circuito de gerador com neutro aterrado através de reatância.

As condições na falta são expressas pelas equações:


=I b 0=
e I c 0=
e Va 0 Equação 21

O que implica:

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UNIDADE 2 – Estudo de Faltas em Sistemas de Potência

Ia0 1 1 1 Ia
1
=I a1 1 a a2 ⋅ 0 Equação 22
3
Ia2 1 a2 a 0
Essas componentes simétricas da corrente são todas iguais a Ia/3. Então:
I=
a1 I=
a2 Ia0 Equação 23

Substituindo então Ia0 e Ia2 por Ia1 na Equação 19, obtém-se:


Va 0 0 Z0 0 0 I a1
Va1 =
Ea − 0 Z1 0 ⋅ I a1 Equação 24
Va 2 0 0 0 Z 2 I a1
Efetuando as operações da Equação 24 e multiplicando ambos os lados pela matriz linha:
1 1 1 Equação 25

Obtém-se a seguinte expressão:


Va 0 + Va1 + Va 2 =
− I a1Z 0 + Ea − I a1Z1 − I a1Z 2 Equação 26

Como:
Va = Va 0 + Va1 + Va 2 = 0 Equação 27

A expressão da Equação 26 se reduz a:


Ea
I a1 = Equação 28
Z1 + Z 2 + Z 0
E, finalmente, obtém-se a componente simétrica da corrente da fase (a).
As Equações 23 e 27 são especificas para uma falta fase-terra simples e são utilizadas junta-
mente com a Equação 20 e as relações de componentes simétricas para determinar todas as ten-
sões e correntes durante o curto circuito.
Quando as três redes de sequência do gerador se conectam em série, como ilustrado na Figura
14, verifica-se que as correntes e tensões assim resultantes satisfazem as equações desenvolvidas
anteriormente, desde que as impedâncias das sequências estejam em série com a tensão Ea. A ten-
são em cada rede de sequência será a componente simétrica de Va daquela sequência, se as redes
de sequência estiverem conectadas desta maneira.
Com as conexões das redes de sequência apresentada na Figura 14 foi possível memorizar as
equações da solução de curto-circuito fase-terra simples, em que todas as equações necessárias
podem ser determinadas a partir dessa conexão das redes de sequência. Observe:

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UNIDADE 2 – Estudo de Faltas em Sistemas de Potência

Fonte: Stevenson Junior (1986, p. 327).


Figura 14 Conexão das redes de sequência para um gerador em vazio e falta na fase (a).

Na situação em que não houver aterramento do neutro do gerador, sua rede de sequência ze-
ro estará em aberto e Z0 terá valor infinito. A Equação 27 mostra que a corrente Ia1 é zero quando Z0
é infinito, e segundo a Equação 23 as correntes la2 e Ia0 também devem ser nulas. O que implica que,
na fase (a), não haverá nenhuma corrente, pois a corrente Ia é soma dessas três componentes de
corrente nulas.

Exemplo 3
Um gerador de pólos salientes sem amortecedores tem os valores nominais de placa de 20
MVA, 13,8 kV e uma reatância subtransitória de eixo direto de 0,25 p.u. As reatâncias de sequência
negativa e zero são, respectivamente, de 0,35 e 0,10 por unidade. O neutro do gerador esta solida-
mente aterrado. Determine a corrente subtransitória no gerador e as tensões de linha em condições
subtransitórias quando ocorre uma falta fase-terra simples nos terminais do gerador, quando está
operando sem carga com tensão nominal. Despreze a resistência.
Resolução do exercício:
Em uma base de 20 MVA, 13,8 kV, Ea= I por unidade, pois a tensão interna em vazio é igual a
tensão terminal. Então, por unidade, tem-se:
Ea 1, 0 + j 0
I a1 = = = − j1, 43 p.u
Z1 + Z 2 + Z 0 j 0, 25 + j 0,35 + j 0,10
I a = 3I a1 = − j 4, 29 p.u.
20.000
= = 837 [ A]
Correntebase
3 ⋅13,8
A corrente subtransitória na linha (a) é dada por:

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UNIDADE 2 – Estudo de Faltas em Sistemas de Potência

Ia = − j 3.590 [ A]
− j 4, 29 ⋅ 837 =
As componentes simétricas da tensão entre o ponto (a) e a terra, são:
Va1= Ea − I a1Z1= 1, 0 − ( − j1, 43) ⋅ ( j 0, 25 )
Va1 = 1, 0 − 0,357 = 0, 643 p.u.
Va 2 =− I a 2 Z 2 =− ( − j1, 43) ⋅ ( j 0,35 ) =−0,50 p.u.
Va 0 =− I a 0 Z 0 =− ( − j1, 43) ⋅ ( j 0,10 ) =−0,143 p.u.
As tensões entre fase e terra, são:
Va = Va1 + Va 2 + Va 0
Va = 0.643 − 0,50 − 0,143 = 0

Vb = a 2Va1 + aVa 2 + Va 0
Vb 0.643 ⋅ ( −0,5 − j 0,866 ) − 0,50 ⋅ ( −0,5 + j 0,866 ) − 0,143
=
Vb = −0.322 − j 0,557 + 0, 25 − j 0, 433 − 0,143
Vb = −0, 215 − j 0,990 p.u.

Vc =aVa1 + a 2Va 2 + Va 0
Vc 0.643 ⋅ ( −0,5 + j 0,866 ) − 0,50 ⋅ ( −0,5 − j 0, 866 ) − 0,143
=
Vc =
−0.322 + j 0,557 + 0, 25 + j 0, 433 − 0,143
Vc = −0, 215 + j 0,990 p.u.
As tensões de linha, são:
Vab = Va − Vb = 0, 215 + j 0,990 = 1, 01∠77, 7° p.u.
Vbc =Vb − Vc =0 − j1,980 =1,980∠270° p.u.
Vca = Vc − Va = −0, 215 + j 0,990 = 1, 01∠102,3° p.u.

Sendo a tensão gerada entre fase e neutro Ea tomada igual a 1,0 p.u., as tensões de linha ante-
riormente descritas são representadas em p.u. da tensão de base ao neutro. Em volts, pode-se re-
presentar as tensões de linha após a falta, como:
13,8
Vab = ⋅1, 01∠77, 7° = 8, 05∠77, 7° [ kV ]
3
13,8
Vbc = ⋅1,980∠270° = 15, 78∠270° [ kV ] .
3
13,8
Vca = ⋅1, 01∠102,3° =8, 05∠102,3° [ kV ] .
3

Antes da falta, as tensões de linha eram equilibradas e iguais a 13,8 kV. Para comparação com
as tensões de linha após a falta, as tensões antes da falta, onde Van =Ea é utilizado como referência,
são dadas por:

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UNIDADE 2 – Estudo de Faltas em Sistemas de Potência

Vab= 13,8∠30° [ kV ]
Vbc = 13,8∠270° [ kV ]
Vca = 13,8∠150° [ kV ]
O diagrama fasorial das tensões pré-falta e o das tensões pós-falta são mostrados na Figura
15.

Fonte: Stevenson Junior (1986, p. 330).


Figura 15 Diagramas fasoriais das tensões de linha antes e depois das faltas.

Encerramos este último tópico analisando como exemplo uma falta assimétrica em um gera-
dor de pólos saliente sem enrolamentos amortecedores pelo método das componentes simétricas.
Na próxima unidade, será estudada a estabilidade dos sistemas de potência.

Antes de prosseguir seus estudos, realize a leitura indicada no Tópico 3. 3, que discorre sobre
as faltas assimétricas e o tratamento pelo método das componentes simétricas.

Vídeo complementar _____________________________________________________________


Neste momento, é fundamental que você assista ao vídeo complementar.
• Para assistir ao vídeo pela Sala de Aula Virtual, clique no ícone Videoaula, localizado na barra superior. Em seguida,
selecione o nível de seu curso (Graduação), a categoria (Disciplinar) e o tipo de vídeo (Complementar). Por fim, clique
no nome da disciplina para abrir a lista de vídeos.
• Para assistir ao vídeo pelo seu CD, clique no botão “Vídeos” e selecione: Análise de Sistemas de Potência II – Vídeos
Complementares – Complementar 2.
_______________________________________________________________________________

3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR


O Conteúdo Digital Integrador é a condição necessária e indispensável para você compreender
integralmente os conteúdos apresentados nesta unidade.

3. 1. FALTAS SIMÉTRICAS
O estudo do material indicado deve complementar seus conceitos e aumentar o entendimen-
to do conteúdo tratado, especialmente, diante da abordagem que necessita de cálculos, com justifi-
cativa de modelos e apresentação de exemplos:

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UNIDADE 2 – Estudo de Faltas em Sistemas de Potência

• BENEDITOa, R. A. S. Análise de curtos-circuitos ou faltas: introdução geral a curtos si-


métricos. Apostila de Aula. Universidade Tecnológica Federal do Paraná. 2015. Dispo-
nível em: <http://paginapessoal.utfpr.edu.br/raphaelbenedito/sistemas-eletricos-de-
potencia-i/aulas/SEP%201%20-
%20Cap%205.1%20Analise%20de%20Curtos%20Simetricos.pdf/at_download/file>.
Acesso em: 4 jan. 2018.
• GOMESa, F. V. Curto-circuito simétrico. Apostila de Aula. Universidade Federal Juiz de
Fora 2013a. Disponível em: <http://www.ufjf.br/flavio_gomes/files/2012/11/Aula-
14_ENE005.pdf>. Acesso em: 4 jan. 2018.
• MOREIRA, C. Análise de curto-circuito simétrico. Apostila de Aula. Faculdade de Enge-
nharia - Universidade do Porto. Portugal. 2010. Disponível em:
<https://paginas.fe.up.pt/~ee06226/images/bibliografia/17.pdf>. Acesso em: 4 jan.
2018.

3. 2. COMPONENTES SIMÉTRICAS
Para conhecer mais sobre a solução para o comportamento dos sistemas elétricos de potência
na condição de curto circuito, leia as apostilas referenciadas a seguir:
• BENEDITOb, R. A. S. Análise de curtos circuitos ou faltas: componentes simétricos.
Apostila de Aula Universidade Tecnológica Federal do Paraná. 2015. Disponível em:
<http://paginapessoal.utfpr.edu.br/raphaelbenedito/sistemas-eletricos-de-potencia-
i/aulas/SEP%201%20-
%20Cap%205.%202%20Componentes%20Simetricas.pdf/at_download/file>. Acesso
em: 4 jan. 2018
• GOMESb, F. V. Componentes Simétricas. Apostila de Aula. Universidade Federal Juiz de
Fora 2013. Disponível em: <http://www.ufjf.br/flavio_gomes/files/2012/11/Aula-
10_ENE005.pdf>. Acesso em: 4 jan. 2018.
• GUEDES, M. V. Corrente alternada: sistemas polifásicos. Faculdade de Engenharia -
Universidade do Porto. Portugal. Disponível em:
<https://paginas.fe.up.pt/maquel/AD/CA_Asistpoli.pdf>. Acesso em: 4 jan. 2018.

3. 3. FALTAS ASSIMÉTRICAS
A resolução para faltas assimétricas é necessária em mais de 95% dos casos, sendo a situação
mais comum de curto-circuito. Esta metodologia se torna de fundamental importância para a abor-
dagem no caso de curtos-circuitos em apenas uma das fases do sistema.
• BARBOZA, L. V. Faltas simétricas e assimétricas e análise de estabilidade. Apostila de
Aula. Universidade Católica de Pelotas. 2015. Disponível em:
<https://docslide.com.br/download/link/analisedesistemasdepotenciaii1-faltas-
simetricas-e-assimetricas-e-enalise-de-estabilidade>. Acesso em: 19 jan. 2018.

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UNIDADE 2 – Estudo de Faltas em Sistemas de Potência

• BENEDITO, R. A. S. Análise de curtos circuitos ou faltas: curtos circuitos assimétricos.


Apostila de Aula. Universidade Tecnológica Federal do Paraná. 2015. Disponível em:
<http://paginapessoal.utfpr.edu.br/raphaelbenedito/sistemas-eletricos-de-potencia-
i/aulas/SEP%201%20-
%20Cap%205.3%20Curtos%20Assimetricos.pdf/at_download/file>. Acesso em: 04 jan.
2018
• YOUTUBE. Componentes simétricos aula 01. Disponível em: <
https://www.youtube.com/watch?v=7xR0SgNxF18>. Acesso em: 20 jan. 2018.
• YOUTUBE. #13 SEP2 - Estudo de Faltas Assimétricas. Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=QuClOpLXb3U>. Acesso em 19 jan. 2018.

4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
A autoavaliação pode ser uma ferramenta importante para você testar o seu desempenho. Se
encontrar dificuldades em responder as questões a seguir, você deverá revisar os conteúdos estu-
dados para sanar as suas dúvidas.

1) Dois Geradores são ligados em paralelo ao lado de baixa tensão de um transformador trifásico Δ-Y como
mostrado na figura. O gerador 1 possui valores nominais de 50.000 kVA e 13,8 kV. O gerador 2 tem 25.000 kVA
e 13,8 kV. Cada gerador tem uma reatância subtransitória de 25%. O transformador apresenta como valores
nominais 75.000 kVA e 13,8Δ/69Y kV, com uma reatância de 10%. Antes de ocorrer a falta, a tensão do lado de
alta tensão do transformador era de 66 kV. O Transformador está em vazio, e não há corrente circulando entre
os geradores. Achar a corrente subtransitória em cada gerador quando ocorre um curto-circuito trifásico no
lado de alta do transformador. (Dica: escolha como base, no circuito de alta tensão, valores de 69 kV e 75,000
kVA. Então a tensão base no lado baixa tensão será 13,8 kV.)

Figura 16 Diagrama unifiliar do circuito.

Figura 17 Diagrama das reatâncias.

a) I1′′ 505
= = A e I 2′′ 215 A .

=b) I1′′ 6.105


= kA e I 2′′ 1.008kA .

=c) I1′′ 1.505


= pu e I 2′′ 2.015 pu .

=d) I1′′ 5.700


= A e I 2′′ 2.860 A .

=e) I1′′ 6.800


= A e I 2′′ 1.806 A .

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UNIDADE 2 – Estudo de Faltas em Sistemas de Potência

2) Um gerador e um motor síncronos possuem os valores nominais de 30.000 kVA e 13,2 kV, e ambos possuem
reatância subtransitórias de 20%. A linha de conexão entre eles apresenta uma reatância de 10% na base dos
valores nominais da máquina. O motor consome 20.000 kW sob fator de potência 0,8 capacitivo, com uma
tensão de 2,8 kV em seus terminais quando ocorre uma falta trifásica nos teminais do motor. Achar a corrente
subtransitória no gerador, no motor e no ponto de falta, usando a tensão interna das máquinas. (Dica: escolher
como base 30.000 kVA e 13,2 kV).

Figura 18 Circuitos Equivalentes.

( 905 − j3.550 ) A I m′′ =


a) I g′′ = ( 905 − j 7.050 ) A I ′′f =
( j10.600 ) A .
( 9.050 − j3.650 ) A I m′′ =
b) I g′′ = ( 9.050 − j 7.650 ) A I ′′f =
( j 20.300 ) A .
( 750 − j 2.333) A I m′′ =
c) I g′′ = ( 950 − j 4.333) A I ′′f =
( j5.780 ) A .
( 70 − j 233) kA I m′′ =
d) I g′′ = ( 90 − j333) kA I ′′f =
( j 780 ) kA .
( 7.000 − j 2.330 ) pu I m′′ =
e) I g′′ = ( 9.000 − j3.733) pu I ′′f =
( j17.800 ) pu
3) Três resistores idênticos estão conectados em Y ao lado Y de baixa tensão de um transformador Δ-Y. As tensões
=
na carga de resistores são: Vab 0,8 = p.u. e Vbc 1,=2 p.u. e Vca 1, 0 p.u.
Suponha que o neutro da carga não está ligado ao neutro do secundário do transformador. Achar as tensões e
correntes de linha em p.u. no lado Δ do transformador.
V= 2,19∠ − 21, 6° [V ] e V= 0, 782∠225,8° [V ] e V= 9, 028∠106,9° [V ]
a)
AB BC CA

I=
A 1, 20∠ − 45,3° [ A] e I=b 1, 0∠210, 0° [ A] e I C= 2,80∠92,9° [ A]

V= 2,19∠ − 32, 6° p.u. e V= 1, 782∠215,8° p.u. e V= 4, 028∠106,9° p.u.


b)
AB BC CA

I A= 2, 20∠ − 81,3° p.u e I=b 1,5∠190, 0° p.u e I C= 1,80∠94,9° p.u

V= 1,19∠ − 22, 6° p.u. e VBC


= 0, 782∠215,8° p.u. e V= 1, 028∠116,9° p.u.
c) .
AB CA

I=
A 1, 20∠ − 41,3° p.u e I =
b 1, 0∠180, 0° p.u e I =
C 0,80∠82,9° p.u

V= 3, 45∠ − 21, 6° [ kV ] e V= 0,92∠245,8° [ kV ] e V= 9, 028∠106,9° [ kV ]


d)
AB BC CA

I=
A 2, 60∠ − 55,3° [ A] e I=b 1, 0∠220, 0° [ A] e I C= 2,80∠92,9° [ A]

V= 2,32∠ − 25, 6° p.u. e V= 3, 48∠275,9° p.u. e V= 1, 28∠216,9° p.u.


e)
AB BC CA

IA =
1,30∠ − 43,3° p.u e Ib =
1,9∠280, 0° p.u e IC =0,96∠282, 7° p.u

Gabarito
Confira, a seguir, as respostas corretas para as questões autoavaliativas propostas:
1) d.
2) a.
3) c.

5. CONSIDERAÇÕES
Esta unidade apresentou a abordagem para tratar de curtos-circuitos em sistemas de potên-
cia, especialmente, para as máquinas síncronas como geradores e transformadores, com foco em

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UNIDADE 2 – Estudo de Faltas em Sistemas de Potência

cálculos para determinar as correntes máximas a que essas ficam submetidas, e determinar a evolu-
ção dos transitórios que permanecem na condição de falta.
O tema é extremamente amplo e, portanto, o ideal é que você complemente seus estudos por
meio das referências bibliográficas citadas no Conteúdo Digital Integrador. Como continuação do
assunto, a próxima unidade tratará da estabilidade transitória, da dinâmica e do regime permanen-
te.

6. E-REFERÊNCIAS
BENEDITOa, R. A. S. Análise de curtos circuitos ou faltas: introdução geral a curtos simétricos. Apostila de Aula, Universidade
Tecnológica Federal do Paraná. 2015. Disponível em: <http://paginapessoal.utfpr.edu.br/raphaelbenedito/sistemas-eletricos-de-
potencia-i/aulas/SEP%201%20-%20Cap%205.1%20Analise%20de%20Curtos%20Simetricos.pdf/at_download/file>. Acesso em: 4 jan.
2018.
GOMESa, F. V. Componentes simétricas. Apostila de Aula. Universidade Federal Juiz de Fora 2013. Disponível em:
<http://www.ufjf.br/flavio_gomes/files/2012/11/Aula-14_ENE005.pdf>. Acesso em: 4 jan. 2018.
MATOS, M. A. Introdução ao cálculo de curtos circuitos trifásicos simétricos. Apostila de Aula. FEUP. 1996. Disponível em:
<https://paginas.fe.up.pt/~mam/curtocircuitos.pdf> Acesso em: 19 jan. 2018.

Lista de figuras
Figura 1 Tipos de curto-circuito para um sistema trifásico. Disponível em: <http://www.ufjf.br/flavio_gomes/files/2012/11/Aula-
14_ENE005.pdf>. Acesso em: 4 jan. 2018.
Figura 5 Evolução temporal de transitórios de curto circuitos perto de geradores. Disponível em:
<https://paginas.fe.up.pt/~mam/curtocircuitos.pdf> Acesso em: 19 jan. 2018.
Figura 6 Evolução temporal de transitórios de curto circuitos longe de geradores. Disponível em:
<https://paginas.fe.up.pt/~mam/curtocircuitos.pdf>. Acesso em: 19 jan. 2018.
Figura 9 Decomposição gráfica em componentes simétricas. Disponível em: < Fonte: Gomes (2013b) >. Acesso em:04 jan.
2018.
Figura 10 Composição gráfica a partir de componentes simétricas. Disponível em: < Fonte: Gomes (2013b) >. Acesso em: 4 jan.
2018.

Sites pesquisados
BENEDITOa, R. A. S. Análise de curtos circuitos ou faltas: introdução geral a curtos simétricos. Apostila de Aula, Universidade
Tecnológica Federal do Paraná. 2015. Disponível em: <http://paginapessoal.utfpr.edu.br/raphaelbenedito/sistemas-eletricos-de-
potencia-i/aulas/SEP%201%20-%20Cap%205.1%20Analise%20de%20Curtos%20Simetricos.pdf/at_download/file>. Acesso em: 4 jan.
2018.
GOMESa, F. V. Componentes simétricas. Apostila de Aula. Universidade Federal Juiz de Fora 2013. Disponível em:
<http://www.ufjf.br/flavio_gomes/files/2012/11/Aula-14_ENE005.pdf>. Acesso em: 4 jan. 2018.
MATOS, M. A. Introdução ao cálculo de curtos circuitos trifásicos simétricos. Apostila de Aula. FEUP. 1996. Disponível em:
<https://paginas.fe.up.pt/~mam/curtocircuitos.pdf> Acesso em: 19 jan. 2018.

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CHAPMAN, S. J. Fundamentos de máquinas elétricas. Trad, A. Laschuk 5 ed. Porto Alegre. McGraw-Hill, 2013.
SCHMIDT, H.P.; KAGAN, N.; ROBBA, E.J.; OLIVEIRA, C. C. B. Introdução a sistemas elétricos de potência. São Paulo: Edgard Blucher,
1996.621.3191 I48.
STEVENSON JÚNIOR, W. D. Elementos de análise de sistemas de potência. Trad. A. R. Mayer. 2. ed. São Paulo: McGraw-Hill, 1986.
ZANETTA JUNIOR, L. C. Fundamentos de sistemas elétricos de potência. São Paulo: Livraria da Física, 2006.621.3192 Z32f.
WEEDY, B. M. Sistemas electronicos de granpotência. Madrid: Reverte, 1981.621.3815 W412s.

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UNIDADE 3
ESTABILIDADE EM SISTEMAS DE
POTÊNCIA

Objetivos
• Compreender a importância e os problemas decorrentes de manter a estabilidade nos sistemas de potência.
• Identificar os estudos e os métodos para tratar da estabilidade do sincronismo, tensão e frequência em sistemas de
potência.
• Compreender as causas externas e os mecanismos dos distúrbios que comprometem a qualidade e a estabilidade
do sistema.
• Descrever a estabilidade rotórica do conjugado entre máquina mecânica e máquina elétrica no gerador através da
equação da oscilação.

Conteúdos
• O Problema da Estabilidade: esclarece as causas das perturbações, suas consequências e os métodos para sua aná-
lise.
• Estudo de Transitórios: analisar as perturbações transitórias que ocorrem nos sistemas e o retorno, ou não, ao
equilíbrio.
• Estabilidade Rotórica: equaciona e soluciona as oscilações do gerador que possam comprometer a estabilidade do
sistema.

Orientações para o estudo da unidade


Antes de iniciar o estudo desta unidade, leia as orientações a seguir:
1) O Estudo e o domínio técnico dos aspectos da estabilidade dos sistemas elétricos de potência é tão importante
quanto o estudo do próprio fluxo de energia, pois está relacionado com a continuidade e a qualidade deste
serviço. O que faz desta unidade a mais importante, pois apresenta os seus problemas mais relevantes e suas
soluções. Desenvolver os exemplos e exercícios nas obras indicadas como conteúdo digital é fundamental para
consolidar seu aprendizado.
2) Os valores nominais de tensão e frequência devem apresentar desvios pequenos, dentro da norma, e o
sincronismo entre as máquinas do sistema devem ser mantidos dentro de estreita margem também. A
avaliação teórica destes desvios representa enorme desafio desde que o sistema interligado é um sistema
complexo e muitas vezes não linear. As aproximações de modelos de circuitos e sua representação matemática
devem ser bem entendidos.

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UNIDADE 3 – Estabilidade em Sistemas de Potência

1. INTRODUÇÃO
A qualidade e a confiabilidade no fornecimento de energia são fundamentais para que os
equipamentos receptores desta energia funcionem corretamente, e não ocorram atrasos, danos,
riscos ou perdas aos usuários, embora as situações inesperadas e inevitáveis sempre possam com-
prometer esses objetivos.
Normalmente, o fornecimento se mantém estável e dentro de um regime permanente (esta-
cionário), o qual é rigidamente definido por normas, que estabelecem valores nominais para as
grandezas características do sistema e tolerâncias máximas para os desvios. Contudo podem ocorrer
diversas perturbações que levam a quebras nas condições ideais estabelecidas.
A intenção sempre é evitar as interrupções por qualquer motivo, e promover o rápido e total
restabelecimento do sistema após as contingências, localizando rápido as faltas e realizando as ope-
rações para isolar e corrigir essas faltas.
Os principais distúrbios que comprometem a estabilidade são: desequilíbrios na carga, inter-
rupções por rompimentos de circuito, impulsos e ruídos eletromagnéticos, ondas refletidas, distor-
ções harmônicas, além de flutuação e recortes diversos na tensão etc. (STEVENSON JUNIOR, 1986).
As perturbações, ou distúrbios, são causadas por descargas atmosféricas, rompimentos de li-
nha, curto circuitos diretos ou através de arcos voltaicos, chaveamentos, etc. Algumas causas cita-
das acima são eventos imprevisíveis tais como as descargas atmosféricas e curto circuitos provoca-
dos por acidentes.
A tensão do fornecimento é a principal característica de um sistema de potência, que deve ser
bem controlada, pois ela sofre afundamentos e elevações, as quais são originados pelo próprio
comportamento da curva diária de carga. Mas, outras grandezas, tais como frequência e sincronis-
mo também devem ser bem controladas (STEVENSON JUNIOR, 1986; ZANETTA JUNIOR, 2006).
As análises empregadas em sistemas de potência devem propiciar conhecimento para uma
gestão e prevenção otimizadas das contingências, ao identificar a causa, local e magnitude dos dis-
túrbios, essenciais para o manejo adequado do sistema.
A estabilidade de um sistema de potência se refere a capacidade desse sistema de retornar a
sua condição normal de operação após sofrer uma perturbação, permitindo as máquinas síncronas
que o compõem responder a tal perturbação quando em regime normal de operação, retornando a
esse regime sem maiores problemas (SCHMIDT, 1996; STEVENSON JUNIOR, 1986; ZANETA JUNIOR,
2006).
A partir da necessidade de monitorar e controlar cada vez melhor a qualidade da energia, fo-
ram elaborados refinamentos aos conceitos de qualidade e compatibilidade eletromagnética, além
de critérios para uma melhor classificação dos distúrbios com base em suas características e assina-
turas espectrais. E métodos para a detecção dos distúrbios, tais como a análise através das ondas
viajantes, também são utilizados.

O conteúdo desta unidade a ser trabalhado:


O primeiro tópico de que trata esta unidade discutirá o problema da estabilidade como um
todo, para, em seguida, apresentar um modelo mais simplificado para a avaliação da estabilidade de
frequência e sincronismo.
No segundo tópico, serão tratadas as abordagens mais poderosas destinadas a análise de dis-
túrbios em geral, inclusive as mais graves, nas quais a evolução do comportamento do sistema após

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UNIDADE 3 – Estabilidade em Sistemas de Potência

as perturbações precisa ser entendida para definir se haverá ou não uma recuperação para um es-
tado estacionário.
E para finalizar, no terceiro tópico, será equacionada e avaliada a estabilidade eletromecânica
do gerador, para obter a equação da oscilação do eixo.
Vamos iniciar os estudos?

2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA


O Conteúdo Básico de Referência apresenta, de forma sucinta, os temas abordados nesta uni-
dade. Para sua compreensão integral, é necessário o aprofundamento pelo estudo do Conteúdo
Digital Integrador.

2. 1. O PROBLEMA DA ESTABILIDADE
O sistema elétrico de potência é considerado funcionando em condições normais somente
quando duas condições básicas são cumpridas: a demanda de todas as cargas alimentadas por esse
sistema é satisfeita e sua frequência é mantida constante em seu valor nominal (60Hz) (STEVENSON
JUNIOR, 1986).
O motivo mais importante para manter a frequência muito próxima do seu valor nominal,
dentro de uma estreita margem especificada por norma, é o fato de que ela é um indicador de que
o balanço de potência ativa está sendo cumprido, pois a potência ativa fornecida pelos geradores do
sistema deve ser também muito próxima a potência ativa solicitada pelas cargas.
A tensão pode apresentar variações com desvios um pouco menos rígidos, mas também deve
cumprir tolerâncias balizadas por normas, embora a demanda de carga possa variar de forma acen-
tuada durante dia. O desempenho de vários componentes da carga, como o torque de motores de
indução, fluxo luminoso de lâmpadas, é proporcional à tensão aplicada, além de que a tensão tam-
bém é um indicador para o balanço da potência ativa e da potência reativa (STEVENSON JUNIOR,
1986; ZANETTA JUNIOR, 2006).
A utilização de fontes locais de reativos, como os bancos de capacitores, compensadores sín-
cronos e estáticos, reatores e aplicação de outros meios de controle além da excitação dos gerado-
res faz com que sejam toleradas variações de tensão bem maiores do que é normalmente admitido
para a frequência.
O controle de sistemas elétricos de potência é facilitado pelo desacoplamento entre os pares
de variáveis: potência ativa (P) e ângulo da tensão nas barras (δ), como sendo o primeiro par, e po-
tência reativa (Q) e magnitudes de tensão (V) como sendo o segundo (STEVENSON JUNIOR, 1986;
ZANETTA JUNIOR, 2006).
Embora, teoricamente variações em P possam influenciar V e mudanças em Q possam tam-
bém influenciar δ, quando, dentro da faixa operação considerada normal, estes efeitos cruzados são
marginais. Desta forma, pelo controle do torque entregue pelas máquinas primárias aos geradores é
exercido controle direto sobre a potência ativa e, em consequência a frequência, que varia em fun-
ção do ângulo de tensão na barra (δ). Da mesma maneira, po meio de variações controladas da exci-
tação do campo dos geradores pode-se regular a potência reativa gerada e, por consequência, a
tensão terminal da máquina elétrica (COSTA e SILVA, 2002).

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UNIDADE 3 – Estabilidade em Sistemas de Potência

Os principais meios de controle que atuam sobre o gerador síncrono são: o controle primário
de velocidade; o controle suplementar de carga-frequência, ou o controle automático de geração
(CAG); o controle da excitação (BARBOSA, 2013).
O controle primário de velocidade é local e monitora a velocidade do eixo do conjunto turbi-
na-gerador e controla o torque mecânico da turbina de modo a casar a potência elétrica gerada pela
unidade com as variações de carga. As constantes de tempo do controle primário são de ordem de
alguns segundos.
Desde que a atuação do controle primário resulta em excursões no valor da frequência, é ne-
cessário a atuação de um outro sistema de controle para reajustar a frequência ao seu valor nomi-
nal. Este sistema é denominado controle suplementar (ou Controle Automático da Geração) que, no
caso de sistemas interligados, tem ainda a tarefa de manter o intercâmbio de potência entre esses
sistemas próximo dos valores previamente programados. Trata-se de um sistema de controle cen-
tralizado, executado no centro de operações das empresas, operando com constantes de tempo da
ordem de poucos minutos.
Os objetivos de controle da excitação, que também é local, são resumidos, como:
• manter a tensão do terminal do gerador dentro de tolerâncias especificadas; e
• regular o fluxo de reativo entre máquinas e amortecer as oscilações do rotor da má-
quina se ocorrerem perturbações no sistema.
Esta última função de regulador de tensão resulta da tensão do campo do gerador modifica de
forma acentuada o torque elétrico da máquina. As constantes de tempo do sistema de controle de
excitação são de ordem de milésimos de segundos.
A condição de estabilidade decorre da manutenção do sincronismo entre as várias máquinas
do sistema de potência, e a instabilidade, por outro lado, denota uma condição de perda desse mú-
tuo sincronismo. A Figura 1 mostra um diagrama com os controles que devem ser exercidos para
manter a estabilidade do sistema.

Fonte: Barbosa (2013).


Figura 1 Diagrama da Classificação dos Controles e das Variáveis Controladas no SEP.

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UNIDADE 3 – Estabilidade em Sistemas de Potência

Em todos os tipos de estudo de estabilidade o objetivo é saber se o sistema retornará ao seu


regime de velocidade e sincronismo e como será este retorno. Assim, três considerações devem ser
feitas:
1) Consideração somente das correntes e das tensões de frequência síncrona nos
enrolamentos, desprezando as componentes continuas e harmônicas.
2) Utilização do método de componentes simétricas para representar as faltas
desequilibradas.
3) A tensão gerada é considerada como não afetada pelas variações de velocidade da
máquina.
Assumindo estas condições: a utilização de álgebra fasorial é permitida, as sequências negati-
va e zero são incorporadas à solução e as técnicas usuais de fluxo de carga também.
O estudo da estabilidade dinâmica, próprio a pequenas perturbações, mostrará se as oscila-
ções de pequena intensidade são bem amortecidas com base nas equações linearizadas da rede,
enquanto o estudo da estabilidade estática mostrará os limites operativos na condição de regime
permanente (ZANETTA JUNIOR, 2006).
A estabilidade transitória, por sua vez, analisa as grandes perturbações para investigar a capa-
cidade do sistema elétrico em absorver os impactos oriundos de grandes mudanças estruturais, re-
lacionadas a curtos-circuitos, chaveamentos com mudanças de carga impactantes, efeitos em casca-
ta, que podem até mesmo provocar desligamentos temporários e subsequentes tentativas de reli-
gamento. A análise deve basicamente mostrar se o sistema tem capacidade de desenvolver torques
sincronizantes para não perder a operação síncrona, quando aplicada a vários geradores, transfor-
madores e motores interligados em rede.
Contudo, o modelo elementar de um gerador conectado a um barramento infinito deve servir
ao propósito de introdução ao método. Esse barramento mantém a tensão e a frequência constan-
tes, com as oscilações angulares ocorrendo apenas no gerador.
O modelo clássico de tal sistema é mostrado na Figura 2, consistindo de uma máquina síncro-
na acoplada a um barramento infinito por meio de um caminho com uma reatância. O Gerador é
representado por uma tensão interna constante E, na qual se supõe que os fluxos se mantém inalte-
rados, o que não ocorrerá se forem levados em conta máquinas com pólos salientes. Observe:

Fonte: Zanetta Junior (2006, p. 286).


Figura 2 Modelo Clássico - Circuito mais Elementar para Representar uma Máquina Síncrona Conectada a um Barramento Infinito.

No circuito, V ∠0° é a tensão no barramento infinito, E∠δ é a tensão interna do gerador,


com E fixo e δ variável. Sendo a reatância total entre o barramento e o gerador dada por: X , que

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UNIDADE 3 – Estabilidade em Sistemas de Potência

pode incorporar a reatância da linha, do transformador e a reatância transitória da máquina síncro-


na X d′ .
Convém lembrar que quanto mais realista for o modelo, tanto melhor será a solução, e isso
implica que para uma solução representativa, deve ocorrer a inclusão de reatâncias individuais, ex-
plicitadas como indutivas ou capacitivas, colocadas em série ou em paralelo (derivação), e também
a inclusão de resistências e condutâncias, além de outros detalhes.
A partir do modelo aplicam-se as leis de Kirchhoff, na qual a lei das malhas permite obter uma
equação para as tensões e a lei dos nós permite obter uma equação para as correntes, e com o pro-
duto de ambas, pode ser obtida uma expressão para a potência que seja dependente do ângulo de
conjugado , δ , (ou de potência), que representa o ângulo rotor do gerador com relação ao ângulo
do barramento infinito.
O gráfico na Figura 3 mostra a potência em função de δ . Observe:

Fonte: Zanetta Junior (2006, p. 287).


Figura 3 Curva da Potência Transmitida P em Função do Ângulo δ.

Os valores são representados por unidade, p. u., e mostram uma função com variação senoidal
e um máximo de potência que depende de E , V e X , localizado em δ = π 2 .
A corrente no circuito do modelo será:
E∠δ − V ∠0°
I= , Equação 1
jX
Cujo valor conjugado vale:
E∠(−δ ) − V ∠0°
I∗ = j , Equação 2
X
A potência complexa fornecida pelo gerador pode ser, então, obtida por:
 E ∠(−δ ) − V ∠0° 
S = E ⋅ I ∗ = ( E ∠δ ) ⋅  j , Equação 3
 X 
 E2   E ⋅ (V ∠δ ) 
=S j − j , Equação 4
 X   X 

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UNIDADE 3 – Estabilidade em Sistemas de Potência

 E2   EV EV 
S=
j − j cos δ + j senδ  , Equação 5
 X   X X 

Para obter a potência ativa basta tomar a parte real desta expressão:
EV
= =
P Re( S) senδ Equação 6
X
Neste modelo clássico não foram considerados resistências e, portanto, não há perdas a con-
siderar, sendo que a potência ativa transferida é a mesma em qualquer ponto do circuito.
A Figura 4 ilustra o sistema operando em uma potência menor que a máxima. Observe:

Fonte: Zanetta Junior (2006, p. 288).


Figura 4 Curva da Potência Ativa Transmitida em Função do Ângulo δ numa Condição de Equilíbrio.

Numa condição estável, em regime permanente, ocorre o equilíbrio entre a potência mecâni-
ca, m , no eixo e a potência elétrica transmitida, Pe , e dois pontos de equilíbrio no gráfico podem
P
ser encontrados. Mas, somente o que está à esquerda do ponto de máximo (ponto 3) será estável e,
portanto, o ponto de máximo será a condição limite de estabilidade. Considera-se aqui que Pm é
constante e sem regulação.

Exemplo 1
Obtenha a curva P × δ e o ponto de operação de uma máquina ligada diretamente ao barra-
mento infinito. Os dados são fornecidos em valores por unidade:
• Reatância transitória do gerador: xd′ = 0,3 p.u.
• Tensão no barramento infinito: v = 1∠0° p.u.
• Potencia entregue ao barramento infinito:
= =
p 0,9 p.u. e cos ϕ 0,9 e= ϕ 25,84° .
Resolução do exercício
A tensão interna, E , pode ser calculada pela queda de tensão, a partir da corrente e da po-
tência complexa. Sabendo que v = 1, 0 p.u. , tem-se: s = i ∗ .

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UNIDADE 3 – Estabilidade em Sistemas de Potência

s =p + jq =0,9 + j 0, 436,
e =1, 0 + j 0,3 ⋅ (0,9 − j 0, 436),
Onde, e = 1,163∠13, 43° , é a tensão interna do modelo clássico dado em p.u. e a curva P × δ
obtida pela Equação 6, será, então:

Fonte: Zanetta Junior (2006, p. 289).


Figura 5 Curva P × δ do Gerador Ligado ao Barramento Infinito.

Com este exemplo de cálculo das propriedades de um sistema de potência a partir de um mo-
delo simples finaliza-se o primeiro tópico.
No tópico a seguir será dada continuidade ao estudo da análise de transitórios e estabilidade.

Importante! O material disponibilizado no Conteúdo Digital Integrador é constituído basicamente de apostilas utilizadas para aulas em cursos de engenharia
de importantes universidades públicas e privadas.
Como se tratam de apostilas, sendo que algumas delas cobrem todo o curso da disciplina, o seu conteúdo vai além dos tópicos tratados aqui. Algumas
servem a vários tópicos que são abordados nesse material, embora estejam indicadas em apenas um dos tópicos.

As leituras indicadas no Tópico 3. 1. descreve o problema da estabilidade em sistemas de po-


tência com diversos exemplos de cálculo. Neste momento, você deve realizar essas leituras para
aprofundar o tema abordado.

2. 2. ESTUDO DE TRANSITÓRIOS
As causas de surtos transitórios, em pequenas e grandes perturbações, no sistema, são muitas
vezes devido a atuação dos próprios dispositivos da rede, tais como o chaveamento de disjuntores
em alta tensão, utilizados para realizar a entrada ou saída de cargas, entrada e saída de centrais
geradoras, conexão de outras redes, isolamento partes com sobretensões, conectar compensado-
res, etc.
As perturbações ou distúrbios que ocorrem nos sistemas de potência são classificadas em três
(3) tipos básicos, as quais depende da magnitude e da natureza do distúrbio, e que são denomina-

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UNIDADE 3 – Estabilidade em Sistemas de Potência

das: estabilidade transitória, dinâmica e regime permanente. Atualmente, a metodologia desenvol-


vida para a estabilidade transitória constitui a principal ferramenta analítica para o estudo do com-
portamento dos sistemas, e são utilizados no caso de faltas graves, variações rápidas e acentuadas
de carga, perdas de geradoras e chaveamentos na rede (STEVENSON JUNIOR, 1986).
As análises necessárias para a estabilidade dinâmica, e em regime permanente, são menos
complicadas desde que envolvem perturbações lentas e graduais nas condições de operação e per-
mitam uma acomodação do sistema ao mesmo ponto, ou algum ponto próximo, no seu regime
permanente. A diferença entre essas duas abordagens refere-se apenas ao detalhamento de mode-
lagem das máquinas e sua representação matemática, que são obtidas de equações diferenciais não
lineares, mas que são linearizadas para permitir um tratamento simplificado, desde que utilizadas
para variações incrementais pequenas e, portanto, próximas ao ponto de equilíbrio.
Por outro lado, os estudos de estabilidade transitória são mais elaborados, não permitindo a
linearização das equações. Assim, o tratamento desenvolvido é poderoso exatamente por resolver
as equações originais por métodos diretos ou iterativos, e pode ser aplicado aos grandes distúrbios
com bons resultados.
O método da estabilidade transitória pode ser subdividido em dois tipos: o da primeira oscila-
ção e das múltiplas oscilações. No primeiro caso, se a recuperação do sistema ocorre no primeiro
segundo após a falta o sistema é considerado estável. No segundo caso, a análise se estende por um
longo e considera efeitos da malha de controle do gerador. Os modelos de circuito utilizados devem
ser mais sofisticados para garantir realismo e precisão nos resultados (STEVENSON JUNIOR, 1986).
As origens de perturbações num sistema de potência são diversas e podem resultar de faltas
(falhas) em algum ponto do sistema, em consequência de condições climáticas adversas, de defeitos
nos materiais e manobras na rede. As manobras são o resultado de reconfigurações no sistema,
como as entradas e saídas de cargas, ou entradas e saídas de centrais geradoras (STEVENSON JUNI-
OR, 1986).
Podem resultar também pelo próprio funcionamento de partes do sistema, tais como as osci-
lações que ocorrem nos acoplamentos entre as máquinas primária e secundária dos geradores, pois
as variações periódicas no conjugado aplicado nesses acoplamentos causam variação periódica na
velocidade das máquinas, que por sua vez causam variação na tensão e na frequência de operação
do sistema.
Os sistemas de potência são projetados para amortecer as oscilações que surjam, mas caso
ocorra ressonância entre as oscilações naturais das máquinas primária, secundária e motores acio-
nados pelo sistema, o distúrbio será, então, ampliado e não amortecido, levando a total perda de
sincronismo. A ação de amortecimento da oscilação é obtida pela perda resultante de correntes
induzidas produzidas pelo movimento relativo entre o rotor e o campo girante produzido pela cor-
rente de armadura sobre enrolamentos estrategicamente colocados nos geradores e motores. A
manutenção do sincronismo se torna mais difícil na medida que ocorre o aumento da interligação
da rede.
A estabilidade de tensão está intrinsicamente relacionada ao fluxo de potência reativa na re-
de, a resposta das cargas diante as variações de tensão, a atuação de dispositivos automáticos de
controle de tensão e limitação de sobre-excitação de geradores, etc. Para um tratamento qualitativo
do problema da tensão, então, é necessário levantar as características P-V da rede, gerador e cargas
(COSTA, 2007b).
Para realizar uma análise da estabilidade da máquina síncrona em relação a um barramento
infinito, inicialmente considera-se que o sistema está operando em condição de equilíbrio, em que a

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UNIDADE 3 – Estabilidade em Sistemas de Potência

potência mecânica transmitida ao gerador por sua máquina primária é igual a potência elétrica pro-
duzida pelo gerador e, que a máquina síncrona opera com velocidade constante.
A posição angular do rotor se expressa pelo ângulo δ , escrito como:
δ= ωr t + ωs t + δ 0= ( ωr + ω s ) ⋅ t + δ 0 . Equação 7

Onde:
• ωr : velocidade angular do rotor.
• ωs : velocidade síncrona de referência.
• δ 0 : ângulo inicial.
Desse modo, δ representa desvios angulares em relação a referência síncrona, e a velocidade
angular ω = dδ dt representa uma velocidade relativa a velocidade síncrona:
ω
= ωr − ω s Equação 8

Num gerador síncrono com polos salientes, o ângulo δ indica a posição angular do eixo de
quadratura em relação a alguma referência da rede.
Conforme menção anterior, somente o modelo clássico de geradores será estudado, sem con-
siderar a saliência rotórica ou a multiplicidade de pólos do rotor, para simplificar o tratamento de
variáveis mecânicas e elétricas. Assim, em regime permanente, para um observador posicionado em
uma referência síncrona, denominada de referência síncrona, o ângulo δ será constante e nulo in-
clusive se essa referência for coincidente com a posição angular do rotor, o que dificilmente ocorre
devido a extensão da linha de transmissão, como por exemplo no circuito da Figura 2, onde a refe-
rência angular está posicionada na tensão síncrona do barramento infinito.
No modelo em estudo é considerado que os transitórios tem curta duração e desse modo po-
de-se admitir que Pm é constante, não havendo tempo hábil para que os controladores de potência
mecânica atuem. Portanto, assume-se aqui como constantes a potência mecânica Pm e o módulo de
tensão interna E . Observe:

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UNIDADE 3 – Estabilidade em Sistemas de Potência

Fonte: Zanetta Junior (2006, p. 290).


Figura 6 Gerador com Potências Mecânicas Aplicadas ao Eixo, Pm e Pm1 .

Desta forma, quando ocorrem distúrbios elétricos na rede, haverá variações na potência elé-
trica transmitida, que poderá acelerar ou frear a máquina síncrona.
Na Figura 6 observa-se que, na condição de equilíbrio, Pm = P , e existem duas soluções para o
ângulo do gerador relativo ao barramento infinito. δ 0 e π − δ 0 .
No gerador, sabe-se que quando Pm > P a rotação aumenta e eleva o ângulo δ . Mas, quando
Pm < P , a rotação diminui e o ângulo também. Assim, somente o ângulo δ 0 corresponde a um ponto
de operação estável, pois se ocorrer uma perturbação pequena nas condições iniciais, com aumento
da velocidade e do ângulo δ , a potência elétrica passa a ser maior do que a potência mecânica,
causando o retorno à operação no valor do ângulo δ 0 .
Todavia, se houver redução da velocidade, com diminuição do ângulo δ , a potência mecânica
passa a superar a potência elétrica desenvolvida, e haverá uma aceleração com o retorno ao ângulo
operativo δ 0 .
Da mesma forma, verifica-se que o ponto π − δ 0 não vai corresponder a uma condição está-
vel, pois numa perturbação que aumente a velocidade e o ângulo δ , a potência mecânica supera a
potência elétrica, com uma aceleração e elevação ainda maior do angulo δ . Da mesma maneira,
com uma redução da velocidade e do angulo δ , a potência elétrica passa a ser maior do que a po-
tência mecânica, causando uma redução desse ângulo até que se estabilize no valor δ 0 .
No caso de uma elevação da potência mecânica de Pm para Pm1 , de acordo com a Figura 6. o
gerador, que operava antes com o ângulo δ 0 , deverá se estabilizar, agora, na nova condição de
equilíbrio δ1 . Para que isso ocorra, uma aceleração positiva na velocidade acontece com Pm1 > P ,
aumentando o ângulo δ até atingir o ângulo δ1 , e ao atingir o ângulo δ1 , embora, nesse ponto a
aceleração seja nula, o rotor tem velocidade suficiente para ultrapassar este ângulo.

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UNIDADE 3 – Estabilidade em Sistemas de Potência

Uma vez ultrapassado o ângulo δ1 a aceleração então se transforma em negativa, agora com
Pm1 < P , reduzindo a velocidade e o rotor passa a ser submetido a uma condição de freio eletrome-
cânico. A velocidade se reduz até atingir um valor nulo na excursão máxima do angulo δ , denomi-
nado δ f . Apesar da velocidade nula, nesse ponto existe uma aceleração negativa que leva a redu-
ção do ângulo δ . Após oscilar algumas vezes, o ângulo se estabiliza no seu novo ponto de equilíbrio,
com valor δ = δ1 , se forem consideradas as componentes de torque causadoras do amortecimento
das oscilações.
Os torques são proporcionais às acelerações angulares e como trabalha-se com torques iguais
as potências em valores p.u., as acelerações são conhecidas pela diferença Pm - P , chamada de po-
tência acelerante.
Uma outra condição igualmente simplificada é a de um curto-circuito trifásico aplicado no
terminal da máquina síncrona, durante um certo período de tempo, dado pelo tempo de eliminação
do defeito pelo disjuntor, que supõem-se ocorrer quando o ângulo atingir o valor δ = δ a , onde δ a
é o ângulo no qual ocorrerá a abertura do disjuntor.

Fonte: Zanetta Junior (2006, p. 292).


Figura 7 Curto Circuito no Terminal da Máquina Síncrona.

A reatância X 1 representa a reatância interna do gerador e X 2 a reatância da conexão do ge-


rador ao barramento infinito. Durante a ocorrência do curto, assume-se que a potência elétrica
transmitida é nula, pois a tensão no terminal do gerador também é nula. Nessa situação, a potência
mecânica fica maior do que a potência elétrica (conjugado resistente) e a máquina acelera, com a
sua velocidade superando a velocidade síncrona. Por causa da elevação da velocidade ocorre um
aumento do ângulo δ do rotor, conforme indicado na Figura 8, observe:

© Análise de Sistema de Potência II Claretiano - Centro Universitário | 70


UNIDADE 3 – Estabilidade em Sistemas de Potência

Fonte: Zanetta Junior (2006, p. 293).


Figura 8 Curva P × δ para Curto Circuito no Terminal da Máquina Síncrona.

O ângulo inicial δ = δ 0 aumenta até δ a , durante o período de tempo ta , dado pela eliminação
do curto-circuito. Durante esse tempo ta a máquina é acelerada pela potência acelerante Pa = Pm -
P , pois Pm é maior do que P , sendo P , neste caso particular, igual a zero. Na eliminação do defei-
to em ta , correspondente ao ângulo δ a , a potência elétrica desenvolvida passa a ser a da curva
original, sendo que agora a potência elétrica volta a ser transferida para o barramento infinito e
nessa condição P é maior do que Pm , começando a máquina a frear com aceleração negativa cres-
cente, até atingir a velocidade síncrona, conforme indicado na Figura 9 pelo ponto f .
No ponto f tem-se uma velocidade relativa nula em relação a velocidade angular síncrona de
referência ωr . Nesse ponto, correspondente a máxima excursão do ângulo δ = δ f encontra-se a
máxima aceleração negativa.

Fonte: Zanetta Junior (2006, p. 293).


Figura 9 Curva P × δ com a Abertura do Disjuntor em δ a , Eliminando o Curto.

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UNIDADE 3 – Estabilidade em Sistemas de Potência

Na Figura 9, as setas indicam sequencialmente a potência elétrica P desenvolvida pelo gera-


dor:
1) curto;
2) aceleração durante o curto, com o aumento de δ ;
3) eliminação do curto;
4) aceleração negativa, com o aumento de δ e redução da velocidade; e
5) redução do ângulo δ e oscilação em torno do ponto de equilíbrio.
Ao atingir o ponto f , como P é maior que Pm como indicado na Figura, obtém-se uma acele-
ração negativa que tende a diminuir o ângulo e, assim, por diante.
O novo ponto de equilíbrio final depende da curva P × δ e da potência mecânica Pm , para a
condição final do sistema. Neste caso particular, a curva P × δ final coincide com a inicial, assim
como a potência mecânica Pm , retornando o sistema ao seu ponto de equilíbrio original δ 0 . Em um
caso geral, se ocorrer uma modificação permanente no sistema, a sua curva P × δ deverá se alterar
na condição final, assim como o novo ponto de equilíbrio.
Um critério que pode ser empregado, para análise da estabilidade, é o critério das áreas
iguais, com o qual pode-se demonstrar que a condição de estabilidade é dada por uma área de ace-
leração A1 menor ou igual a área de freio A2 .
Para a estabilidade, vê-se então que alguns aspectos são básicos, como as condições de ope-
ração do sistema ( Pm , P , E , δ , X ) antes da ocorrência e o tipo de defeito. Nesse caso, vimos
um defeito muito grave, que leva a potência elétrica a zero, no entanto, existem outros nos quais
parte da potência ainda é transmitida. Pode-se incluir outros aspectos como o tempo de eliminação
do curto, e sequência de atuação da proteção etc.
Os fenômenos elétricos reais são mais complexos que os exemplos simplificados expostos até
agora, sendo necessário representar a existência de outros torques elétricos, dados por representa-
ções mais detalhadas de enrolamentos da máquina e da atuação de reguladores de tensão e veloci-
dade, etc.
Terminadas essas análises do comportamento angular dos geradores síncronos frente as per-
turbações no sistema e na máquina mecânica que o impulsiona, parte-se para o próximo desafio.
No tópico a seguir haverá continuidade no tratamento de transitórios por meio da análise da
estabilidade rotórica.

As leituras indicadas no Tópico 3. 2. tratam dos impactos que surtos transitórios no sistema ou
variações de velocidade da máquina mecânica sobre a rotação do eixo do gerador e a evolução do
seu sincronismo. Neste momento, você deve realizar essas leituras para aprofundar o tema aborda-
do.

2. 3. ESTABILIDADE ROTÓRICA
Os geradores sendo compostos de uma máquina mecânica e uma máquina elétrica acopladas
no mesmo eixo, submetem esse eixo a um conjugado de torques que devem permanecer equilibra-
dos na operação em regime permanente. Entretanto, nos momentos em que esse equilíbrio for des-
feito por qualquer motivo, os torques tendem a produzir oscilações no eixo, os quais provocam vari-

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UNIDADE 3 – Estabilidade em Sistemas de Potência

ações periódicas na velocidade, e variações resultantes na tensão e na frequência de operação do


gerador (STEVENSON JUNIOR, 1986; ZANETTA JUNIOR, 2006).
As perturbações no gerador, sejam aquelas provocadas por variações de velocidade na má-
quina mecânica que alimenta o eixo do gerador com energia cinética de rotação, ou originadas de
sobretensões externas que alteram por indução as forças já sincronizadas entre os enrolamentos da
máquina elétrica em regime permanente, é que causam o desequilíbrio dos torques.
Ambas as perturbações que levam ao desequilíbrio foram analisadas no tópico anterior para
se determinar a excursão máxima provocada no ângulo do rotor, e que o levam para longe do sin-
cronismo de referência. O objetivo neste tópico é estudar as oscilações, que uma vez iniciadas terão
um comportamento próprio para determinar qual seu efeito e quanto tempo deve demorar sua
extinção. A Figura 10 ilustra o conjugado descrito.

Fonte: Incote e Kocholik (2009, p. 66).


Figura 10 Eixo de um Gerador Síncrono Submetido a Torques Mecânicos e Elétricos.

Essas variações sendo transmitidas as cargas, colocam as mesmas sob condições de trabalho
diferentes do qual foram projetadas, causando sobretensão ou falta de potência, riscos e perdas.
Algumas vezes, total perda de sincronismo se houver coincidência da frequência natural de oscila-
ção da carga com a frequência rotórica.
Como uma primeira solução para o problema da oscilação foram colocados enrolamentos
amortecedores para se opor as variações de velocidade do rotor. A ação de amortecimento da osci-
lação é obtida pela perda resultante de correntes induzidas produzidas pelo movimento relativo
entre o rotor e o campo girante produzido pela corrente de armadura sobre esses enrolamentos
estrategicamente posicionados nos geradores e motores.
Atualmente, com um melhor controle sobre a máquina mecânica do gerador esse problema
foi minimizado, porém a manutenção do sincronismo entre as partes dos sistemas se tornam cada
vez mais difíceis a medida em que esses sistemas interligam cada vez mais máquinas. A Figura 11
ilustra o ângulo de sincronismo e a referência.

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UNIDADE 3 – Estabilidade em Sistemas de Potência

Fonte: Incote e Kocholik (2009, p. 67).


Figura 11 Eixo de Referência Para um Gerador Síncrono.

A estabilidade dos geradores, na maioria das vezes, uma máquina síncrona, é estudada por
meio da equação que descreve o movimento do rotor, ou seja, a equação que é a equivalente rota-
cional da segunda Lei de Newton. A saber que o torque é igual ao produto do momento de inércia
do rotor pela sua aceleração angular (INCOTE e KOCHOLIK, 2009; STEVENSON JUNIOR, 1986; ZAN-
ETTA JUNIOR, 2006).
d 2θ m
J = T=
a Tm − Te Equação 9
dt 2
Onde J é o momento de inércia total das massas do rotor, em [kg-m2], e θ m o deslocamento
angular do motor, em [rad], e t o tempo, em [s], e os torques: Tm mecânico da máquina primária,
Te eletromagnético da máquina secundária, Ta de aceleração resultante, todos expressos em [N-m].
Essa expressão é denominada de equação dinâmica do movimento angular do gerador, ou
simplesmente equação da oscilação (swing), e permite construir um modelo eletromecânico de aná-
lise que inclui o comportamento mecânico do sistema ao comportamento elétrico que já foi estuda-
do no segundo tópico.
Na condição de equilíbrio (regime permanente) a rotação é uniforme, e o torque de acelera-
ção resultante, Ta , é igual a zero, implicando que Tm e Te são iguais e se anulam.
θ m ωsmt + δ m
= Equação 9

Neste ponto, é conveniente realizar uma troca de variáveis nas equações para expressar as va-
riações de δ apenas, desde que essa variável representa as variações angulares adicionais sobre um
sistema que já possui velocidade angular em relação ao sistema de referência estacionário, expressa
por ωsm , sendo essa mudança de variável justificada pela mudança de referencial mostrada na Figu-
ra 10.
Após a mudança de referência a Equação 9 se torna:
d 2δ
J 2 = Ta Equação 11
dt

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UNIDADE 3 – Estabilidade em Sistemas de Potência

Onde o ângulo δ representa desvios do deslocamento angular do rotor em relação a posição


angular síncrona θ s ., dado por:
δ= ( ωr − ω s ) ⋅ t + δ 0 Equação 12

Onde ωr é a velocidade angular do rotor e, ωs é a velocidade angular síncrona.


Outra modificação conveniente é feita para continuar a utilizar o sistema por unidade (p.u.)
agora adaptado as variáveis eletromecânicas.
Reescrevendo a equação da oscilação após modificações:
 2 H  d 2δ
  = Tm pu − Te pu Equação 13
 ωn  dt
2

Onde ωn = ωs , devido a velocidade angular de sincronismo ter sido renomeada para veloci-
dade angular nominal, e onde H é a constante de inércia, dada por:
J ωn2
H= Equação 14
2 Pn
Onde Pn . é a potência nominal e J o momento de inércia.

Leitura Complementar ____________________________________________________________


As modificações nas equações citadas neste tópico, tais como mudança de variável através de mudança de referencial e
mudança de base para as unidades das grandezas físicas estão muito bem explicadas nas obras de:
• STEVENSON JÚNIOR, W. D. Elementos de análise de sistemas de potência. Trad. A. R. Mayer. 2. ed. São Pau-
lo: McGraw-Hill, 1986. Capítulo 14.
• ZANETTA JUNIOR, L. C. Fundamentos de sistemas elétricos de potência. São Paulo: Livraria da Física, 2006.
Capítulo 8.
_______________________________________________________________________________

Uma observação precisa ser feita para evitar erros na resolução dos exercícios. Caso a base
utilizada para definir a p.u. for alterada a constante H precisa ser corrigida.
A seguir, uma aproximação é adotada assumindo que os valores em p.u. do torque e da po-
tência são aproximadamente iguais: Tpu  Ppu , pois as velocidades não se alteram de forma signifi-
cativa em relação a velocidade síncrona.
Assim, obtém-se a seguinte equação em p.u.:
 2 H  d 2δ
  = pm − p Equação 15
 ωn  dt
2

O critério de áreas iguais aplicado aos fenômenos que envolvem a estabilidade de máquinas
elétricas permite resolver os problemas de potência através dos gráficos.
A potência acelerante pode ser definida como:
p=
a pm − p . Eq. 16
Se analisada na Figura 12, regiões 1 e 2, mostra que em:
1) pa > 0 , região de aceleração.
2) pa < 0 , região de freio.

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UNIDADE 3 – Estabilidade em Sistemas de Potência

Fonte: Zanetta Junior (2006, p. 297).


Figura 12 Curva P × δ Regiões de Aceleração (1) e de Freio (2).

2H
Considerando: α = , a Equação 15 (de oscilação) pode ser escrita:
ωn
d 2δ dw pa
= = . Equação 17
dt 2 dt α

Pode-se escrever a derivada parcial a seguir pela regra da cadeia.


d δ d δ dw
= . Equação 18
dt d ω dt
Realizando as substituições pertinentes, obtém-se a expressão incremental:
p
ω dω = a dδ , Equação 19
α
onde ω é uma velocidade angular relativa a velocidade angular síncrona ωs , ou seja ω= ωn − ω s .
Agora, integrando a equação a partir de uma condição de equilíbrio onde a diferença entre as duas
velocidades é nula, o que implica ω0 = 0 , obtém-se:
ω δ
pa
∫ ω dω = δ∫ α
ω
dδ ,
0 0
Equação 20
δ
1 2 p
ω = ∫ a dδ ,
2 δ0 α

Ou ainda:
δ
pa
ω= ∫
δ α
dδ . Equação 21
0

Por meio desta expressão se justifica o critério de áreas iguais, conforme pode se observar na
Figura 13.
A partindo de um ângulo δ 0 e sabendo que pm > p e, portanto pa > 0 , a velocidade do rotor
aumenta com o aumento do ângulo δ e assim A1 é uma área de aceleração, que se torna nula no

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UNIDADE 3 – Estabilidade em Sistemas de Potência

ponto δ e , mas com velocidade máxima. Ultrapassado esse ponto a aceleração passa a ser negativa,
reduzindo, então, a velocidade até que essa se anule no ângulo δ f , somente se as áreas A1 e A2
forem iguais em módulo.

Fonte: Zanetta Junior (2006, p. 298).


Figura 13 Justificativa Para o Critério de Áreas Iguais.

Essa análise é bem apropriada para o caso mostrado na Figura 14, que trata de um curto cir-
cuito seguido de uma abertura de linha.

Fonte: Zanetta Junior (2006, p. 299).


Figura 14 Diagrama e Gráfico de Curto Circuito Seguido de Abertura de Linha.

A avaliação deve informar se após a eliminação da falta, o sistema terá capacidade de desen-
volver torques sincronizantes que o levem a uma condição de equilíbrio. A resposta será dada pela
análise das áreas de aceleração e freio.

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UNIDADE 3 – Estabilidade em Sistemas de Potência

Uma questão relativa aos tempos críticos de atuação da proteção, associados aos ângulos crí-
ticos de abertura de faltas, definido pela igualdade das áreas, pois quando os disjuntores abrirem a
energia a ser descarregada será próxima da nula.
Nesse caso, para que o sistema seja estável é necessário que a soma de todas as áreas, que
coloquem e retirem energia cinética, produzam um resultado nulo para a energia no sistema.

Resumo para um Modelo Eletromecânico Simples


A equação eletromecânica a ser resolvida é:
d 2δ ωn
= ( pm − p ) Equação 22
dt 2 2 H
Na qual a velocidade angular é dada por:

= ω rad/s Equação 23
dt
Em que a aceleração é dada por:
d 2δ d ω 2 H
= = ( p − p ) rad/s2 Equação 24
dt 2 dt ωn m
A combinação da Equação 24 com a Equação 25 resulta em um modelo realimentado, cuja
equação é de segunda ordem, ou seja, que representa um oscilador harmônico cujo diagrama está
mostrado na Figura 15.
EV
P= senδ Equação 25
X

Fonte: Zanetta Junior (2006, p. 301).


Figura 15 Modelo Eletromecânico Simples que Representa um Oscilador Harmônico.

Exemplo 1
Neste exemplo aplica-se o critério das áreas iguais a um caso bem simples de curto-circuito
em uma barra, suposta como um barramento infinito, à qual se conecta um gerador. Trata-se de um
caso idealizado de barramento infinito e que apresenta uma contribuição infinita para a corrente de
curto, a qual não será objeto desta análise.
A reatância total entre a tensão interna e a barra é de 0,4 pu e a tensão interna do gerador é
fixada em e=1,1 pu. A potência elétrica fornecida ao barramento é de 1,0 pu. Pede-se determinar o
ângulo crítico de abertura do curto, ou de eliminação do curto, para que o sistema permaneça está-
vel.

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UNIDADE 3 – Estabilidade em Sistemas de Potência

Fonte: Zanetta Junior (2006, p. 301).


Figura 16 Diagrama do Circuito em Curto.

Resolução do exercício:
Determinação do ângulo crítico de abertura δ c :
Se entende o ângulo crítico como aquele a partir do qual o sistema perderá a estabilidade.
Desse modo, delimita-se a curva P × δ em duas regiões: uma de aceleração A1 , compreendida en-
tre δ1 e δ c , e outra de freio A2 , compreendida entre δ c e π − δ1 , de tal modo que A1 = A2 . Para
qualquer ângulo de abertura maior que δ c o sistema será instável.
Obtenção do ângulo operativo δ1 usando a Equação 6:
1,1 ⋅1, 0
1, 0 = senδ1
0, 4
δ1 = 0,372rad
δ1 =π − δ1 = 2, 77rad

A curva P × δ é dada pela expressão em valores p.u.:


p = 2, 75senδ ,
pmax = 2, 75.
A potência mecânica é fixada em:
pm = 1.

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UNIDADE 3 – Estabilidade em Sistemas de Potência

Fonte: Zanetta Junior (2006, p. 302).


Figura 17 Curva P × δ Para o Exemplo.

A área A2 é calculada como a área sob a função senoidal menos a área do retângulo.
A área sob a função senoidal, em um intervalo δ i − δ f é dada por:
δf

∫δi pmax ⋅ senδ =( − pmax ⋅ cos δ )δ =pmax⋅ ( cos δ i − cos δ f )
δf
A=
i

Fonte: Zanetta Junior (2006, p. 303).


Figura 18 Área Sob um Trecho da Função Senoidal.

A área A2 é dada por:


A2 = pmax ⋅ ( cos δ c − cos δ 2 ) − pm ⋅ (δ 2 − δ c ) .
Impõe-se a condição de estabilidade com A1 = A2:
pm ⋅ (δ c − δ1 ) = p1 ⋅ ( cos δ c − δ 2 ) − pm ⋅ (δ 2 − δ c ) ,
pm ⋅ (δ 2 − δ1 ) = p1 ⋅ ( cos δ 2 ) = p1 ⋅ cos δ c .

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UNIDADE 3 – Estabilidade em Sistemas de Potência

Substituindo os valores numéricos:


1, 0 ⋅ ( 2, 77 − 0,372 ) + 2, 75 ⋅ ( 2, 77 ) = 2, 75 ⋅ cos δ c ,
−0,164= 2, 75 ⋅ cos δ c ⇒ δ c = 1, 63rad .
O ângulo crítico para eliminação do curto é 1,63 rad.
E, com este exemplo, finaliza-se a Unidade 3.
Na próxima unidade será tratada a proteção e gestão dos sistemas de potência.

Leitura Complementar ____________________________________________________________


No trabalho de Incote e Kocholik (2009), indicado a seguir e listado nas referências, há um tratamento de estabilidade
onde são utilizados modelos mais elaborados para a análise, inclusive para geradores com múltiplos polos salientes.
• INCOTE, M. C. M.; KOCHOLIK. A. Simulador Fasorial para análise do comportamento do gerador síncrono de
polos salientes conectado em barramento infinito operando em regime permanente. Trabalho de Conclusão de
Curso. UTFPR, 2009. Disponível em: <http://www.daelt.ct.utfpr.edu.br/professores/andreal/TCCAlineMarcia.pdf>.
Acesso em: 7 jan. 2018.
_______________________________________________________________________________

A leitura indicada no Tópico 3. 3. trata da análise do impacto das oscilações nos sistemas de
potência e sua evolução em períodos de tempo curtos e longos. Neste momento, você deve realizar
essas leituras para aprofundar o tema abordado.

Vídeo complementar _____________________________________________________________


Neste momento, é fundamental que você assista ao vídeo complementar.
• Para assistir ao vídeo pela Sala de Aula Virtual, clique no ícone Videoaula, localizado na barra superior. Em seguida,
selecione o nível de seu curso (Graduação), a categoria (Disciplinar) e o tipo de vídeo (Complementar). Por fim, clique
no nome da disciplina para abrir a lista de vídeos.
• Para assistir ao vídeo pelo seu CD, clique no botão “Vídeos” e selecione: Análise de Sistema de Potência II – Vídeos
Complementares – Complementar 3.
_______________________________________________________________________________

3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR


O Conteúdo Digital Integrador é a condição necessária e indispensável para você compreender
integralmente os conteúdos apresentados nesta unidade.

3. 1. O PROBLEMA DA ESTABILIDADE
Para aprofundar e complementar seus conceitos acerca da estabilidade em sistemas de po-
tência estude os seguintes trabalhos acadêmicos:
• COSTA, A. S.; SILVA, A. S. Controle e estabilidade de sistemas elétricos de potência. Ca-
pítulo 1 - Apostila de Aula. Labspot - UFSC. 2002. Disponível em:
<http://www.labspot.ufsc.br/~simoes/dincont/dc-cap1.pdf>. Acesso em: 19 jan. 2018.
• COSTAa, A. S.; Estabilidade de sistemas de potência. Apostila de Aula. Labspot – UFSC.
2007. Disponível em: <http://www.labspot.ufsc.br/~simoes/osee/se2estab.pdf>. Aces-
so em: 20 jan. 2018.
• TARANTO, G. Dinâmica e controle de sistemas de potência. Apostila de Aula. COPPE –
UFRJ. 2009. Disponível em:

© Análise de Sistema de Potência II Claretiano - Centro Universitário | 81


UNIDADE 3 – Estabilidade em Sistemas de Potência

<http://www.coep.ufrj.br/~tarang/COE754/Slides_COE754.pdf>. Acesso em: 19 jan.


2018.

3. 2. ESTUDO DE TRANSITÓRIOS
Para conhecer mais sobre as características dos transitórios e os mecanismos que provocam o
seu surgimento nos sistemas de potência estude o material indicado a seguir.
• CAMARGO, I. Estabilidade de sistemas de potência – primeira parte. ENE – UNB. 2018.
Disponível em:
<http://www.gsep.ene.unb.br/osem/ivan/estabilidade/primeiraparte.pdf>. Acesso em:
21 jan. 2018.
• COSTAb, A. S. Capitulo 8 – Introdução a estabilidade de tensão. Apostila de Aula. Labs-
pot – UFSC. 2007. Disponível em:
<http://www.labspot.ufsc.br/~simoes/dincont/cap8.pdf>. Acesso em: 19 jan. 2018.
• HAFFNER, S. L. Transitórios simples de chaveamento. Introdução aos transitórios ele-
tromagnéticos. 2007. Disponível em:
<http://slhaffner.phpnet.us/transitorios_eletromagneticos/transitorios2.pdf>. Acesso
em: 20 jan. 2018.

3. 3. ESTABILIDADE ROTÓRICA
A estabilidade eletromecânica é de fundamental importância nas máquinas com partes mó-
veis nos sistemas elétricas de potência. Para saber mais, leia o material indicado a seguir:
• BARBOSA, F. M. Estabilidade de sistemas elétricos de energia. FEUP – Portugal. 2013.
Disponível em: <https://paginas.fe.up.pt/~fmb/Textos/EstabilidadeSEE2013.pdf>.
Acesso em: 19 jan. 2018.
• INCOTE, M. C. M.; KOCHOLIK. A. Simulador Fasorial para análise do comportamento do
gerador síncrono de polos salientes conectado em barramento infinito operando em
regime permanente. Trabalho de Conclusão de Curso. UTFPR, 2009. Disponível em:
<http://www.daelt.ct.utfpr.edu.br/professores/andreal/TCCAlineMarcia.pdf>. Acesso
em: 7 jan. 2018

4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
A autoavaliação pode ser uma ferramenta importante para você testar o seu desempenho. Se
encontrar dificuldades em responder as questões a seguir, você deverá revisar os conteúdos estu-
dados para sanar as suas dúvidas.

1) O sistema a seguir apresenta um gerador fornecendo potência ativa, no qual p = 1,0 p.u., para um barramento
infinito, por meio de um transformador e dois circuitos com reatâncias iguais. Calcule a máxima excursão
angular que ocorre quando os disjuntores d1 e d2 fazem a abertura de um circuito.
O circuito do sistema em questão é dado por:

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UNIDADE 3 – Estabilidade em Sistemas de Potência

a) δ f = 1, 076rad .

b) δ f = 0,3rad .

c) δ f = 0, 794rad .
δ f 0, 03° .
d) =

e) δ=
f 55° .
2) Um gerador síncrono, conectado a barra A, está fornecendo a potência indicada na figura a seguir a um grande
sistema B, que pode ser representado como um barramento infinito. A linha A-C, que está operando em vazio,
sofre um curto circuito no terminal C. Determinar o ângulo máximo de abertura do disjuntor d para que o
sistema permaneça estável.
Dados em p.u.:
Gerador: xd′ = 0,3 p.u.
Transformador: xt = 0,1 p.u.
Linhas: x = 0, 4 p.u.
Tensão na barra A: v A = 1, 019∠24,33°
Potência entrando na barra=
A: s 1, 0496 + j 0, 275 p.u.

a) cos δ c =
−0, 2311 ⇒ δ c =
1,804rad ou δ c =
103,35° .

b) cos δ=
c 0, 4734 ⇒ δ=
c 0,890rad ou δ=
c 50,99° .

c) cos δ =
c 0, 6342 ⇒ δ =
c 0,805rad ou δ =
c 46,15° .

d) cos δ c= 0,1621 ⇒ δ c= 0,905rad ou δ c= 33,18° .

e) senδ c =
−0,1921 ⇒ δ c =
0,191rad ou δ c =
−10,93° .

3) O sistema está operando em regime permanente, conectado a um barramento infinito, quando ocorre a
abertura de uma linha por meio da operação dos disjuntores d1 e d2.
Dados:

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UNIDADE 3 – Estabilidade em Sistemas de Potência

Gerador: xd′ = 0,3 pu ,


Transformador: xt = 0,1 pu ,
Linha: xl = 0,8 pu ,
Tensão interna do gerador: e =
1, 2∠39,30° .
Determinar o ângulo máximo para o religamento da linha, com o fechamento de d1 e d2 , para que o sistema
permaneça estável.
Considere o circuito para o sistema:

a) cos δ c =
−0, 247 ou δ c =
0,967 rad

b) cos δ c 0,333
= = ou δ c 0,945rad

c) cos δ c =
−0,506 ou δ c =
2,101rad

d) senδ c 1,323
= = ou δ c 2, 764rad

e) senδ c 0,870
= = ou δ c 0, 764rad

Gabarito
Confira, a seguir, as respostas corretas para as questões autoavaliativas propostas:
1) c.
4) a.
5) c.

5. CONSIDERAÇÕES
Esta unidade apresentou os aspectos básicos envolvidos na estabilidade da operação dos sis-
tema elétricos de potência, foram estudados a constituição, as propriedades e a importância de tais
sistemas. As análises desenvolvidas foram direcionadas para a avaliação de seu comportamento
frente a ocorrência e da recuperação das falhas, perturbações e transitórios nos sistemas. O tema é
extremamente complexo e, portanto, é necessário que você complemente seus estudos por meio
das referências bibliográficas citadas e das sugestões de leitura feitas no decorrer da unidade e no
Conteúdo Digital Integrador.

6. E-REFERÊNCIAS

Lista de figuras
Figura 10 Eixo de um gerador síncrono submetido a torques mecânicos e elétricos. Disponível em:
<http://www.daelt.ct.utfpr.edu.br/professores/andreal/TCCAlineMarcia.pdf>. Acesso em: 7 jan. 2018.

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UNIDADE 3 – Estabilidade em Sistemas de Potência

Figura 11 Eixo de referência para um gerador síncrono. Disponível em:


<http://www.daelt.ct.utfpr.edu.br/professores/andreal/TCCAlineMarcia.pdf>. Acesso em: 7 jan. 2018.

Sites pesquisados
BARBOSA, F. M. Estabilidade de sistemas elétricos de energia. Apostila de Aula. FEUP – Portugal. 2013. Disponível em:
<https://paginas.fe.up.pt/~fmb/Textos/EstabilidadeSEE2013.pdf>. Acesso em: 19 jan. 2018.
COSTA, A. S. Página pessoal do professor. Universidade Federal de Santa Catarina. Disponível em:
<http://www.labspot.ufsc.br/~simoes/>. Acesso em: 24 jan. 2018.
INCOTE, M. C. M.; KOCHOLIK. A. Simulador Fasorial para análise do comportamento do gerador síncrono de polos salientes conectado
em barramento infinito operando em regime permanente. Trabalho de Conclusão de Curso. UTFPR, 2009. Disponível em:
<http://www.daelt.ct.utfpr.edu.br/professores/andreal/TCCAlineMarcia.pdf>. Acesso em: 7 jan. 2018

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SCHMIDT, H.P.; KAGAN, N.; ROBBA, E.J.; OLIVEIRA, C. C. B. Introdução a sistemas elétricos de potência. São Paulo: Edgard Blucher,
1996.
STEVENSON JÚNIOR, W. D. Elementos de análise de sistemas de potência. Trad. A. R. Mayer. 2. ed. São Paulo: McGraw-Hill, 1986.
ZANETTA JUNIOR, L. C. Fundamentos de sistemas elétricos de potência. São Paulo: Livraria da Física, 2006.

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UNIDADE 4
PROTEÇÃO DE SISTEMAS DE POTÊNCIA

Objetivos
• Entender as principais causas e os mecanismos dos processos que colocam em risco a segurança do sistema.
• Compreender os estudos e os métodos para gerenciar a proteção aos sistemas de potência.
• Compreender a necessidade e a importância da efetiva proteção em sistemas de potência.
• Conhecer os dispositivos de proteção utilizados nos sistemas de potência.

Conteúdos
• Proteção do Sistema: esclarece as causas das falhas que ocorrem nos sistemas e avalia seus riscos e suas conse-
quências.
• Dispositivos de Proteção: Apresenta e descreve equipamentos e estratégias de proteção do sistema e avalia proje-
tos de proteção.
• Modelo do Setor Elétrico: descreve o estado atual do setor elétrico e avalia as modernas técnicas de proteção por
dispositivos FACT’s.

Orientações para o estudo da unidade


Antes de iniciar o estudo desta unidade, leia as orientações a seguir:
1) Não se limite ao conteúdo deste material didático; busque outras informações em sites confiáveis de cursos de
engenharia públicas e privadas, páginas de professores destes cursos e/ou nas referências bibliográficas
apresentadas ao final de cada unidade. Lembre-se de que, na modalidade EaD, o engajamento pessoal é um
fator determinante para o seu crescimento intelectual.
2) Esta unidade está direcionada aos aspectos mais práticos do manejo de sistemas de potência, e se volta a esse
aprendizado considerando a junção de aspectos teóricos e práticos para que sua formação seja a mais
abrangente possível. Para isso, é fundamental a realização dos muitos exercícios dos conteúdos digitais
indicados nas referências e principalmente nos livros listados na bibliografia. Identifique nos capítulos desses
materiais os conteúdos que são relacionados aos tópicos vistos, para aprofundar os conceitos que são apenas
iniciados aqui.
3) Além das videoaulas oferecidas nesta disciplina, é bom saber também que para a engenharia de um modo
geral, existe disponível na internet uma quantidade enorme de aulas gravadas que são acessíveis
gratuitamente. A grande maioria delas trata da resolução de exercícios, os quais podem ajudar muito na
resolução dos exercícios contidos no Conteúdo Digital Integrador.

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UNIDADE 4 – Proteção e Sistemas De Potência

1. INTRODUÇÃO
O estudo da proteção de sistemas elétricos de potência tem se desenvolvido muito nos anos
recentes pois os requisitos de qualidade e confiabilidade estão cada vez mais exigentes. Esta de-
manda tem reflexos muito positivos não somente no próprio setor elétrico de geração, transmissão
e distribuição, mas também em toda indústria relacionada, seja em projeto ou fabricação de novos
componentes, dispositivos e equipamentos para proteção.
Como já foi mencionado, mas convém repetir: os sistemas elétricos de potência devem ser
projetados para que consigam retornar ao seu ponto normal de operação, ou outro ponto próximo
dele, após sofrerem uma perturbação qualquer. As máquinas síncronas que compõem o sistema
devem ter como característica a propriedade de responder a essa perturbação no sentido de se re-
cuperar do distúrbio.
Nesta unidade, serão tratados os aspectos confiabilidade e segurança do fornecimento de
energia elétrica.
No primeiro tópico, serão analisados os tipos de perturbação que ocorrem, suas característi-
cas e correções. O objetivo é listar todas as situações em que uma perturbação pode ser gerada e se
propagar no sistema.
Já no segundo tópico serão apresentados os dispositivos de proteção junto aos cálculos que
definem sua especificação técnica para que sua escolha seja a mais adequada possível.
Finalmente, no último tópico se discute as características relevante do setor elétrico, que tem
sofrido avanços enormes para atender a uma demanda sempre crescente.
Vamos iniciar nossa quarta unidade de estudo, você está preparado?

2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA


O Conteúdo Básico de Referência apresenta, de forma sucinta, os temas abordados nesta uni-
dade. Para sua compreensão integral, é necessário o aprofundamento pelo estudo do Conteúdo
Digital Integrador.

2. 1. PROTEÇÃO DO SISTEMA
Os sistemas de fornecimento de energia elétrica precisam contar com diversos mecanismos de
controle para o seu correto funcionamento dentro dos requisitos preestabelecidos para a qualidade
do fornecimento. Mas, além de fornecer energia com nível de qualidade aceitável, deve-se evitar as
interrupções no fornecimento também, desde que elas causam grandes prejuízos econômicos (STE-
VENSON JUNIOR, 1986).
As interrupções nos processos industriais contínuos podem levar a perda de grande quantida-
de de matéria-prima ou mesmo exigir retrabalho e, alguns processos, ainda podem levar longo tem-
po para serem retomados. Os riscos e os transtornos a todos os tipos de consumidores, também,
devem ser levados em conta. Assim, as três razões básicas para haver o controle se devem a: quali-
dade, segurança e economia.
Durante a evolução dos sistemas de fornecimento elétricos, iniciados a mais de 100 anos
atrás, os requisitos de qualidade e controle automatizado vem aumentando progressivamente. Os

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UNIDADE 4 – Proteção e Sistemas De Potência

dois principais objetivos desse controle é manter a frequência e a tensão controladas para que não
haja variação sobre as cargas.
Nos sistemas independentes, basta utilizar sensores para monitorar localmente a frequência e
a tensão do gerador e, assim, proceder o seu controle, contudo atualmente os sistemas estão todos
interligados ou interconectados, e o processo de controle se torna bastante complexo, exigindo uma
malha de controle não local (CAÑIZARES; CONEJO; GÓMEZ-EXPÓSITO, 2011).
A tensão é influenciada pelo carregamento do sistema e deve variar seguindo a curva diária da
demanda de carga se não for controlada. Pode variar ainda devido a distúrbios na linha. Essa varia-
ção pode ser classificada tanto como sobretensão ou subtensão. Ambas são danosas as linhas e aos
consumidores, pois operando em sobretensão os equipamentos podem ser danificados pelo rom-
pimento dos seus materiais isolantes e, operando em subtensão, os equipamentos não funcionam
corretamente e podem sequer ter força para a partida.
Além disso, se exceder limites permitidos a linha pode sofrer desligamento. A frequência, por
sua vez, que depende do controle das rotações dos geradores pode gerar o aumento da demanda
(CAMARGO, 2009).
A manutenção da qualidade da energia fornecida, também, ocorre pelo monitoramento da
distorção da função senoidal em corrente alternada, tanto para avaliação instantânea quanto para
análise posterior. Esse monitoramento permite o controle de harmônicas e, assim, diminui a distor-
ção produzida por sua presença na tensão da linha. Um alarme deve ser acionado quando ultrapas-
sados valores mínimos predefinidos e ações de controle, como a inserção de filtros que podem ser
executadas automaticamente.
Essas distorções surgem na linha por diversos motivos, tais como: chaveamentos de disjunto-
res para introduzir novos ligamentos ou desligamentos na linha (manobras), introdução de filtros,
introdução de reativos como capacitores em série e indutores em derivação e reflexões da onda
eletromagnética nas extremidades e derivações da linha.
As situações que exigem controle são as perturbações que afastam o sistema da estabilidade
do regime permanente e das perturbações denominadas de contingências inesperadas, que causam
transitórios que se propagam em determinada região da rede.
A manobras realizadas para conectar circuitos ao sistema, desconectar grandes áreas, ou até
mesmo sistemas inteiros, para realizar operações de manutenção, expansão ou reconfiguração da
topologia do sistema também produzem contingências. Em sistemas com tensões inferiores a
230kV, a maior preocupação no isolamento e proteção é com descargas atmosféricas, mas acima
deste valor de tensão até 700 kV as sobretensões geradas em manobras de chaveamento são tão
preocupantes quanto. E para tensões acima de 700 kV os chaveamentos são determinantes (STE-
VENSON JUNIOR, 1986).
O controle é exercido com ações do tipo: desligamento de geradoras, chaveamento de reato-
res e capacitores, mudança topológica e, como último recurso, o corte parcial de cargas.
Normalmente, o controle do sistema integrado fica a cargo de Operadores Independentes de
Sistema, desde que os agentes que atuam nos quatro grandes segmentos do setor elétrico (geração,
transmissão, distribuição e comercialização) são controlados por diversas empresas. Esses operado-
res tem a missão de gerenciar todo o sistema com o objetivo de minimizar o impacto de eventuais
falhas de fornecimento sobre os consumidores. Um sistema interligado apresenta diversas vanta-
gens: segurança, confiabilidade, flexibilidade, continuidade e economia (ALMEIDA, 1992, p. 16).

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UNIDADE 4 – Proteção e Sistemas De Potência

Uma normatização estabeleceu que os mecanismos de proteção sejam denominados de: Es-
quemas de Proteção de Sistemas (EPS), englobando diversas modalidades de proteção.
As eventuais situações de curto circuito que surgem e não se desfazem rapidamente, podem
danificar os meios condutores e levar a uma interrupção ou desligamento da linha, o que, por sua
vez, sobrecarrega os demais sistemas e pode levar a um desligamento em cascata de todo sistema
interligado. Essa situação mais grave é denominada de apagão (blackout).
Por outro lado, qualquer alteração na conformação da rede de transmissão dará origem a uma
reacomodação da energia contida no sistema, ocasionando aquilo que se convencionou chamar de
transitórios do sistema. A seguir apresentamos as classificações que podem ser aplicadas a esses
transitórios (CAMARGO, 2009).

Surtos ultrarrápidos
São os transitórios produzidos por chaveamentos na rede ou descargas atmosféricas, que ori-
ginam ondas eletromagnéticas que são refletidas nos terminais das linhas. Um impulso de tensão
inicia-se por uma mudança súbita de tensão em algum ponto da rede, desde que a rede de trans-
missão seja equivalente a um grande número de capacitores em derivação, indutância em série e
resistores, aparece um lapso de tempo entre a ocorrência deste surto e os seus efeitos em outras
áreas do sistema.
Sempre que ocorre um surto de tensão ele é acompanhado de um surto de corrente, deslo-
cando-se a mesma velocidade. São basicamente correntes capacitivas de carga e descarga causadas
pela alteração de tensão através das capacitâncias em paralelo (shunt) da linha. Para simplificar o
entendimento do surto ele é admitido como um pico instantâneo e “infinitamente” longo. Admite-
se também que o sistema não apresenta perdas, pois as resistências e condutâncias (R e G) são des-
prezíveis frente as reatâncias indutivas e capacitivas (ωL e ωC), e a capacidade de isolamento como
sendo infinita (CAMARGO, 2009).
Assumindo a uniformidade da linha, com esses parâmetros distribuídos (R, G, L, C), a frente de
onda da tensão E se deslocará da emissão à recepção a uma velocidade uniforme v. Deste modo,
sendo C a capacitância da linha, a carga requerida por segundo será ECv (coulombs/segundo). Por-
tanto, a corrente de surto I (ampères) é igual a ECv.
Assumindo a indutância L da linha, a corrente com uma indutância Lv irá variar de 0 a I am-
pères em 1 segundo. Logo, a tensão necessária para superar a f.c.e.m. é a indutância pela taxa de
variação da corrente, LvI = E:
1
v= [km s ] Equação 1
LC
Que é a velocidade de propagação do surto.
Dividindo E por I, obtém-se:
E L
Z=
0 = [Ω] Equação 2
I C
Ou seja, grandeza que é chamada “impedância de surto” ou impedância característica.

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UNIDADE 4 – Proteção e Sistemas De Potência

Curto-circuito – transitórios de velocidade média


Resultam de alterações bruscas na topologia da rede, causados especialmente por falhas nos
isolamentos que ocorrem devido aos surtos ultrarrápidos. Existem três tipos de curto: trifásico, para
a terra ou franco; bifásico, para a terra ou não; monofásico, fase-terra. Estes transitórios aparecem
cerca de 10 a 100 [ms] após a falha.

Estabilidade transitória – transitório de velocidade lenta


Quando a falha causada pelo curto-circuito não é contida pelas redes de proteção, ela pode
evoluir para oscilações mecânicas entre os rotores das máquinas síncronas do sistema, retirando,
assim, o sistema de sincronismo (ou uma parte dele) caso ele atinja seu “limite de estabilidade tran-
sitória”. O período deste tipo de transitório vai de frações de segundos até um minuto ou mais.
Os métodos para localização de surtos em linhas de transmissão têm sido classificados em du-
as diferentes categorias: métodos baseados nos componentes de frequência fundamental e méto-
dos baseados nos transitórios de alta frequência gerados pelo surto. Estes últimos costumam ser
chamados na literatura de métodos de ondas viajantes.
Métodos baseados em componentes fundamentais estão sujeitos a erros devido ao efeito
combinado da corrente de carga e da resistência de surto, tipo de surto, ângulo de incidência do
surto, infeed remoto, impedâncias mútuas de sequência zero, entre outros. Por outro lado, o méto-
do de localização de surtos baseado em ondas viajantes é mais exato e também utilizado.

Ondas viajantes – equações de onda


Conforme a Figura 1, a tensão E(x,t), viajando pela linha e medida na coordenada x, varia de
acordo com:
∂E ( x, t )
dx Equação 3
∂x
ao longo do elemento.

Fonte: Camargo (2009, p. 128).


Figura 1 Representação de um trecho de uma linha de transmissão.

Caso a resistência seja desprezada, a queda de tensão ao longo do elemento, havendo equilí-
brio de tensão, tem-se:
∂E ( x, t ) ∂E ( x, t )
= −L Equação 4
∂x ∂t
Para o equilíbrio de corrente, obtém-se:
∂E ( x, t ) ∂E ( x, t )
= −C Equação 5
∂x ∂t
Agora, diferenciando a Equação 4 em relação a x e Equação 5 em relação a t e, combinando as
duas:

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UNIDADE 4 – Proteção e Sistemas De Potência

∂ 2 E ( x, t ) 1 ∂ 2 E ( x, t )
= 2 Equação 6
∂x 2 v ∂t 2
onde v é dada por:
v =1 LC Equação 7

Sendo a Equação 6 a equação de onda, tem-se por solução:


E ( x, t )= E1 ( x − vt ) + E2 ( x + vt ) Equação 8

Quando estas ondas atingem a linha de transmissão, deslocam-se para a esquerda e para a di-
reita, alcançando descontinuidades nas linhas e dando origem a reflexões que podem causar picos
de sobretensões perigosos para o isolamento de equipamentos.

Exemplo 1
Uma linha de transmissão de 230 km possui uma indutância de 1,33x10-6 [H/m/fase] e uma
capacitância de 8,86x10-12 [F/m/fase]. Calcular a velocidade de propagação da energia elétrica e a
impedância de surto da linha.
Resolução do exercício:
Cálculo da velocidade da onda utilizando a Equação 7:
1 1
=v = = 2,913.108 [m ]
LC 1,33.10 ⋅ 8,86.10−12
−6 s

E o cálculo da impedância utilizando a Equação 2:

L 1,33.10−6
=
Z0 = =−12
387,3.10−2 [Ω]
C 8,86.10

Caro aluno, encerramos, assim, mais um tópico que discorre sobre o estudo da proteção em
sistemas elétricos de potência - SEP.
Qual será o próximo passo?
No tópico seguinte serão estudados os dispositivos de proteção, as estratégias de proteção e
os cálculos relacionados.

Para aprofundar seu conhecimento _________________________________________________


Os temas deste tópico podem ser bastante aprofundados pelas obras de:
• CAÑIZARES, C.; CONEJO, A. S.; GÓMEZ-EXPÓSITO, A. Sistemas de Energia Elétrica: Análise e Operação. Rio
de Janeiro: Editora LTC, 2011 – Capítulos: 9 a 12.
• ZANETTA JUNIOR, L. C. Fundamentos de sistemas elétricos de potência. São Paulo: Livraria da Física, 2006 —
Capítulo 7.
• STEVENSON JÚNIOR, W. D. Elementos de Análise de Sistemas de Potência. (Trad.) A. R. Mayer. 2. ed. São
Paulo: McGraw-Hill, 1986 — Capítulos 5 e 14. Destacamos que este último autor merece uma recomendação
especial.
_______________________________________________________________________________

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UNIDADE 4 – Proteção e Sistemas De Potência

As leituras indicadas no Tópico 3. 1. tratam sobre as potenciais ameaças aos sistemas de po-
tência e os mecanismos de proteção desenvolvidos para garantir estabilidade, segurança e confiabi-
lidade ao sistema. Neste momento, você deve realizar essas leituras para aprofundar o tema abor-
dado.

2. 2. DISPOSITIVOS DE PROTEÇÃO
O conhecimento que permite calcular correntes e tensões, provocados por falhas simétricas,
assimétricas e curtos-circuitos, torna possível avaliar a necessidade de proteção do sistema por des-
ligamento e isolação de uma parte do mesmo por meio de equipamentos automáticos (STEVENSON
JUNIOR, 1986).
A persistência de um curto-circuito reduz a margem de estabilidade do sistema, danifica equi-
pamentos próximos a falha, provoca explosões que podem causar dano material e pessoal, desliga-
mentos em cascata sobre extensa área da rede e uma combinação destes problemas, sequencial ou
não, também não é improvável.
A função do sistema de proteção é detectar a ocorrência de surtos ou condições anormais ao
sistema elétrico de potência e removê-las o mais rápido possível, tal sistema deve retirar de opera-
ção apenas o elemento sob falta, visando uma maior continuidade no fornecimento de energia elé-
trica. A interrupção no fornecimento de energia elétrica deve, então, ser minimizada ou, se possível,
evitada (MODESTO, 2011).
A primeira proteção contra descargas atmosféricas é o cabo de guarda, constituído de um ou
dois fios que se estendem no alto das estruturas de suporte e acompanham os fios da linha de
transmissão ou substações e são conectados a terra. Esses fios criam uma zona de proteção de
aproximadamente 30°graus para cada lado abaixo de sua posição e protegem os cabos de fase que
são colocados nesta zona de proteção. Normalmente, são os cabos de guarda (ou cobertura) que
recebem as descargas.
Caso a descarga atinja os condutores de fase a forma de proteção contra as descargas são os
resistores não lineares conectando as fases a terra. O funcionamento deles se deve a não linearida-
de de sua resistência com a tensão, que é bastante elevada nas tensões em regime permanente,
mas que diminuem sensivelmente numa condição de sobretensão, permitindo que a energia da
descarga seja conduzida ao solo através da corrente que encontra assim um caminho para a terra.
Após a descarga, se a sobretensão for baixa, a resistência do componente volta a ter resistência alta
isolando a fase, ou em extrema sobretensão, o dispositivo se rompe no final de sua atuação por ex-
cesso de calor e deve isolar a fase da mesma forma (MARCARINI, 2012).
No caso das descargas próximas, ou no cabo de guarda, os condutores de fase serão afetados
apenas por transitórios de pequena sobretensão gerados por indução eletromagnética.
Os sistemas de proteção são elaborados e se constituem em diversos subsistemas que atuam
numa sequência de eventos com objetivo de rápida eliminação da falha.
Esses subsistemas são divididos basicamente em:
• Disjuntores (D): chave com função liga/desliga acionada por um solenoide geralmente
energizada por um rele.
• Transdutores (T): dispositivo sensor de tensão ou corrente, que neste caso também
atenua a magnitude destas grandezas antes de fornecer sinal ao circuito lógico.

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UNIDADE 4 – Proteção e Sistemas De Potência

Relés (R): dispositivos com função de chave liga/desliga também acionado por um so-

lenoide energizado por um circuito lógico, que pode ser eletrônico ou formado por um
conjunto de relés específicos.
Deste modo, para proteção de linhas de transmissão são utilizadas diversas classes de relés.
Os mais empregados são os relés de distância que calculam a impedância aparente da linha entre a
localização do relé e o ponto em que a falta ocorreu. Como a impedância por quilômetro da linha de
transmissão pode ser considerada constante, através do cálculo da impedância aparente, o relé
aponta a distância da falta na linha.
No caso de ocorrer uma falha em P na linha da Figura 2, correntes adicionais fluem de ambos
os terminais da linha para a falha, se houverem fontes de energia em ambos os lados 1 e 2. Mas, se
houver fonte de energia apenas em um lado o sistema de proteção será bem mais simples. O au-
mento de corrente nos terminais da linha será acompanhado de queda de tensão. Observe:

Fonte: Stevenson Junior (1986, p. 361).


Figura 2 Diagrama unifiliar, mostrando duas linhas de transmissão e os elementos do sistema de proteção para linha (1-2).

A falha pode ser detectada pelo aumento da corrente e a diminuição da tensão que ela mes-
ma provoca, desde que os transdutores capturem a variação e alimentem os relés com essa infor-
mação. Após um tempo curto (de 8 a 40 [ms]) os relés processam esses sinais e computam uma de-
cisão indicando se a falha realmente ocorreu.
A decisão tomada pelos relés R12 e R21, em caso afirmativo de que ocorreu uma falha, conduz
a abertura dos disjuntores associados a eles D12 e D21, desconectando a linha pelas duas pontas e
eliminando a falha. Todo o processo deve demorar menos que 100 [ms].
Os relés devem ser rápidos, seguros e seletivos para isolar a menor porção do sistema sufici-
ente para interromper a falha, e essa seletividade é alcançada pelo nível de resposta ajustável do
relé. Por exemplo, o relé conectado a linha (2-3) sentirá a falta em P, mas com sinal tão atenuado
pela distância que não vai operar para esta falta. A falta em P está então fora da zona de responsa-
bilidade deste relé.
A definição de zonas de proteção formaliza o conceito de que diferentes sistemas de proteção
exercerem responsabilidade diferenciadas sobre áreas distintas dos sistemas de potência. O concei-
to de zonas permite definir melhor os conceitos de confiabilidade para os diferentes tipos de siste-
mas de proteção.
De acordo com o diagrama unifiliar da Figura 3, cada porção do sistema de potência, que são
delimitados pelas linhas tracejadas fechadas, se constitui numa zona de proteção.

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UNIDADE 4 – Proteção e Sistemas De Potência

Fonte: Stevenson Junior (1986, p. 363).


Figura 3 Zonas de proteção indicadas por linhas tracejadas e circundando os componentes sistema de potência.

O sistema da Figura 3 possui um gerador, duas linhas de transmissão, dois transformadores e


três barras, é dividido em cinco zonas de proteção, onde cada zona possui mais de um componente
do sistema, além de dois disjuntores que podem isolar esta zona de proteção do resto do sistema.
Verifica-se também que cada disjuntor está incluído em duas zonas de proteção vizinhas. No caso do
diagrama unifiliar da Figura 3, cada zona de proteção inclui dois componentes, se incluídos os dis-
juntores, do sistema de potência.
Ainda conforme a Figura 2, a zona de proteção 1 um, por exemplo, contém um gerador, seu
transformador associado e as linhas de conexão entre o gerador e o transformador. A zona 3 con-
tém uma linha de transmissão apenas.
Um sistema de proteção é responsável por tudo que está dentro dos limites de uma das zonas
e deve isolá-la no caso de uma falha dentro destes limites. Os disjuntores são posicionados de modo
a cortar a ligação entre o componente que está dentro da zona e o que fora, e então são eles que
definem os contornos das zonas de proteção.
A superposição parcial das zonas de proteção vizinhas é notória, e necessária pois nenhuma
parte do sistema pode ficar sem proteção, mas ficaria se as zonas de proteção fossem separadas.
Obviamente, se a falha ocorrer dentro da área em sobreposição as duas regiões vizinhas seriam iso-
ladas. Para diminuir essa possibilidade as partes em sobreposição são projetadas o menor possível.

Exemplo 2
Responda os seguintes itens:
1) Considere o sistema de potência mostrado nas Figuras 4 e 5, que possui fontes
geradoras além das barras 1, 3 e 4. Quais são as zonas de proteção nas quais este
sistema poderá ser dividido? Que disjuntores operariam para falhas em P1 e em P2?
2) Se forem adicionados três disjuntores no ponto 2, como seriam modificadas as zonas de
proteção? Quais disjuntores atuariam para falhas em P1 e em P2 nestas condições?

Fonte: Stevenson Junior (1986, p. 364).


Figura 4 Diagrama Unifiliar Indicando as Zonas Originais de Proteção.

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UNIDADE 4 – Proteção e Sistemas De Potência

Fonte: Stevenson Junior (1986, p. 364).


Figura 5 Diagrama Unifiliar Indicando as Zonas Modificadas Pela Inserção de Disjuntores Adicionais ao Barramento 2.

Resolução:
a) Utilizando os princípios de definição das zonas de proteção, o sistema da Figura 4 pode ser
dividido em zonas, como é mostrado pelas linhas tracejadas da figura. Para a falha em P1
atuarão os disjuntores A, B e C. Para a falha em P2, atuarão os disjuntores A, B, C, D e E.
b) Se forem adicionados os três disjuntores F, G e H na barra 2 conforme e mostrado na Figura
5, as zonas de proteção serão aquelas mostradas pelas linhas tracejadas da figura. Neste
caso, os disjuntores A e F operarão para uma falha em P1, enquanto os disjuntores C, D, E e
G atuarão para uma falha em P2. Note-se que neste caso é desenergizada uma porção mui-
to menor do sistema após as duas falhas. Porém, esta melhora do desempenho é obtida a
expensas de três disjuntores a mais, além do equipamento de proteção associado.

Para acionar os disjuntores são utilizados relés que são alimentados por transdutores, cujos
sensores coletam os dados diretamente no sistema de potência. Esses sensores monitoram as altas
tensões e correntes do sistema, mas essas correntes e tensões do equipamento de potência são
convertidas por transformadores de corrente e de tensão para níveis mais baixos, compatíveis com
a operação dos relés.
Os níveis de tensão e corrente dos sistemas de potência são excessivos e devem ser reduzidos
para os níveis da eletrônica convencional para que sejam processados. A vantagem da redução está
em menores custos e dimensões para o sistema de proteção e maior segurança para o pessoal que
ajusta esses equipamentos.
A utilização destes transformadores é mais especializada, sendo necessário que um transfor-
mador de corrente reproduza em seu secundário uma corrente que amplifique a corrente do primá-
rio com o máximo de fidelidade possível. O mesmo ocorre para o transformador de potencial.
O termo “carga” sobre os transformadores de corrente (TCs) e sobre os transformadores de
potencial (TPs) é relacionada a impedância conectada ao seu enrolamento secundário.
A função de um relé é discriminar seletivamente entre uma falta na sua zona de proteção e as
outras que ocorrem fora de sua zona de proteção. Ele deve atuar na ocorrência de falhas na sua
zona de proteção, e garantir segurança contra as falsas atuações por falhas fora desta zona. Um relé
é considerado seguro e confiável quando ele processa uma decisão lógica com capacidade lógica tal
que, baseado na condição de seus sinais de entrada, ele produza uma saída correta para qualquer
estado possível de seus dados de entrada.
Considera-se, agora, as cinco categorias básicas de relés:

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UNIDADE 4 – Proteção e Sistemas De Potência

1) Relés direcionais.
2) Relés não direcionais.
3) Relés de distância.
4) Relés diferenciais.
5) Relés de fio piloto.

Caixa __________________________________________________________________________
Uma análise detalhada do funcionamento dos disjuntores transdutores, transformadores de corrente e potencial, relés e
dos subsistemas do sistema de proteção fogem ao escopo desta obra. O aprofundamento sobre os detalhes construtivos
e a funcionalidade destes elementos pode ser obtido nas obras:
• KINDERMANN, G. Proteção de Sistemas Elétricos de Potência. 2 ed. Florianópolis. Edição do autor. 2005. v. 1.
• STEVENSON JÚNIOR, W. D. Elementos de Análise de Sistemas de Potência. Tradução de A. R. Mayer. 2. ed.
São Paulo: McGraw-Hill, 1986.
E também, nas apostilas de aula de cursos de engenharia elétrica de universidades públicas listadas no Conteúdo Digital
Integrador.
Para resolver os exercícios disponibilizados nas Questões Autoavaliativas é fundamental estudar os livros e apostilas aqui
indicadas.
_______________________________________________________________________________

Exemplo 3
A Figura 6 mostra uma porção de um sistema radial de 13,8 kV. O sistema pode, sob certas
condições de operação, funcionar com apenas um dos dois transformadores alimentadores. Admita-
se que a barra de alta tensão dos transformadores seja uma barra infinita. Deve ser projetado um
sistema de proteção para falhas trifásicas e fase-fase. Na Figura 6, são mostradas as reatâncias das
linhas e dos transformadores, sendo as dos transformadores referidas ao lado de 13,8 kV. Despreza-
se as resistências e calcula-se as correntes máxima e mínima de falha para uma falha na barra 5.

Fonte: Stevenson Junior (1986, p. 379).


Figura 6 Diagrama Unifiliar de Sistema Radial onde as Reatâncias das Linhas e dos Transformadores Estão Indicadas em [ohms].

Resolução do exercício:
A máxima corrente de falha ocorrerá para uma falha trifásica com ambos os transformadores
em serviço. Para este caso, na barra 5:
13.800 ⋅ 3
If = = − j 202, 75[ A] .
j ⋅ ( 2,5 + 9, 6 + 6, 4 + 8, 0 + 12,8 )
A mínima corrente de falha ocorrerá com somente um transformador em serviço para uma fa-
lha fase-fase. Para uma falha trifásica com somente um transformador:
13.800 ⋅ 3
If = = − j196, 6[ A] .
j ⋅ ( 5, 0 + 9, 6 + 6, 4 + 8, 0 + 12,8 )

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UNIDADE 4 – Proteção e Sistemas De Potência

Entretanto, uma falha fase-fase produzirá uma corrente de falha igual à 3 2 vezes a corrente
de falha trifásica. Portanto, a mínima corrente de falha para uma falha na barra 5 será:
3
⋅ ( − j190, 6 ) =− j165,1[ A]
If =
2
Cálculos semelhantes levam as correntes mínimas e máximas de falta mostradas na tabela da
Tabela 1.
Tabela 1 Todas as correntes de mínimas e máximas de falta para este exemplo.

Fonte: Stevenson Junior (1986, p. 379).

Encerra-se com este exemplo mais um tópico, o qual tratou sobre os dispositivos de proteção
em Sistemas Elétricos de Potência - SEP.
O próximo passo será estudar o modelo do setor elétrico no tópico seguinte.

A leitura indicada no Tópico 3. 2. trata dos dispositivos de proteção empregados nos sistemas
de potência. Neste momento, você deve realizar essas leituras para aprofundar o tema abordado.

2. 3. MODELO DO SETOR ELÉTRICO


A estrutura organizacional existente no setor responsável pelo planejamento, operação e ma-
nutenção dos sistemas de energia elétrica vem sofrendo alguma mudança ao longo tempo, e se faz
necessária uma breve contextualização dessas mudanças.
A primeira aplicação industrial da eletricidade ocorreu num escopo estritamente local, com
um gerador alimentando um conjunto de lâmpadas na vizinhança, sendo que os proprietários dos
sistemas individuais eram geralmente privados.
Com o enorme crescimento do consumo de energia desde então, com ampliação da região a
ser atendida, tornou-se mais importante a transmissão do que a geração da energia, e partir deste
momento, surgiram às empresas públicas, as quais eram verticalmente integradas, ou seja, gera-
vam, transmitiam, distribuíam e forneciam eletricidade, este modelo predominou na maioria dos
países até recentemente (CAÑIZARES; CONEJO; GÓMEZ-EXPÓSITO, 2011).
Nos anos iniciais da década de 1990, entretanto, começou a prevalecer um ponto de vista ra-
dicalmente diferente para o negócio da eletricidade, o qual tomou conta do mundo inteiro. Essa
proposta questionou a estrutura verticalmente integrada das empresas de energia elétrica. Pois,
agora, com as redes de transmissão densamente interconectadas, na maioria dos países, e interco-
nectando países, se tornou possível que um gerador localizado em qualquer barra do sistema pu-
desse competir com outros geradores no fornecimento da eletricidade para qualquer rede. Como
pudemos ver, é possível desmembrar a atividade estritamente monopólica da rede em atividades
separadas de geração e do gerenciamento do fornecimento, os quais podem ser realizados em um
mercado competitivo.
Todavia, para que isso seja implementado existem certas dificuldades técnicas a serem soluci-
onadas, por exemplo, a eletricidade pode ser armazenada em baterias, mas armazenar grandes
quantidades de energia usualmente necessárias no mundo desenvolvido acarreta altos custos. Por-

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UNIDADE 4 – Proteção e Sistemas De Potência

tanto, a eletricidade deve ser gerada e transmitida de acordo com as necessidades de consumo, o
que significa que os sistemas elétricos são dinâmicos, altamente complexos e imensos.
Em qualquer tempo, todos esses vastos sistemas dinâmicos devem conseguir manter um ba-
lanço entre geração e demanda, e os distúrbios causados pela falta de um componente simples de-
vem ser simultaneamente transferidos para todo o sistema. Esse importante fato exerce um papel
decisivo na estrutura, operação e planejamento dos sistemas de energia elétrica.
Outra peculiaridade da eletricidade é a sua transmissão: não é um produto que pode ser envi-
ado em “pacotes” da origem para o destino em qualquer instante de tempo. A potência elétrica é
transmitida por meio de redes cujo caminho não pode ser escolhido, mas é determinado pelas Leis
de Kirchhoff, no qual a distribuição de correntes depende da impedância das linhas e de outros ele-
mentos através dos quais flui a eletricidade.
Exceto em casos simples, tudo o que pode ser dito é que o fluxo de potência elétrica entra no
sistema por um ponto sai por outro, porque atribuir um fluxo em particular a algum caminho é ex-
tremamente complexo e um tanto arbitrário. Além disso, de acordo com as leis da física, as rotas
alternativas que formam a rede são altamente interdependentes; assim, alguma mudança em uma
empresa transmissora pode produzir a reconfiguração instantânea dos fluxos de potência, que, por
sua vez, podem produzir mudanças importantes em outras empresas. Tudo isso torna o balanço
dinâmico mais complexo.
Na tentativa de solucionar todos os problemas citados anteriormente, surgiram algumas ino-
vações e alguns acontecimentos, os quais mudaram definitivamente o modelo do setor elétrico im-
plementado na maioria dos países e, dentre eles no Brasil, a seguir listamos os principais aconteci-
mentos.
O Desenvolvimento tecnológico é caracterizado por novos desenvolvimentos na tecnologia de
geração, com o advento de máquinas mais eficientes e pouco intensivas em capital, especialmente,
térmicas a gás, o que reduziu drasticamente a economia de escala. Além disso, as inovações tecno-
lógicas nas turbinas a gás de ciclo combinado, resultaram em unidades geradoras muito baratas,
com custo de produção da ordem de $3,5 centavos de dólar por kWh. O custo de construção de
uma usina a gás é de $400 dólares americanos por kWh, em contraste com os $1200 dólares das
plantas a carvão mais baratas. O tamanho ótimo das unidades a gás natural situa-se na faixa de 40 a
150 MW, com tempo de construção de um ano.
Outro importante acontecimento ocorreu com o advento de uma dimensão internacional da
indústria de energia elétrica, que culminou com o crescimento de alianças transnacionais, joint-
ventures, fusões e participações globalizadas, resultando no surgimento de um número maior de
atores globais no mercado mundial.
Também, podemos citar a explosão da demanda nos países em desenvolvimento, que reper-
cutiu a necessidade de grandes investimentos no setor elétrico e assim oportunidades de bons ne-
gócios para o capital internacional, em face da incapacidade do Estado em financiar tais investimen-
tos.
Por fim, citamos a drástica redução do crescimento da demanda de energia elétrica nos países
desenvolvidos, acarretando na procura de novas oportunidades de negócios para aproveitar seus
recursos humanos, capital e tecnologia.
Na transmissão, os seguintes pontos também foram estabelecidos.
• Livre acesso de todos geradores ao mercado.
• Não discriminatória.

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UNIDADE 4 – Proteção e Sistemas De Potência

• Atividade monopolista, regulação técnica e econômica.


• Sinalização econômica eficiente.
• Ingresso de novos geradores e consumidores.
• Reorientação da expansão de forma eficiente.
• Entrada de novos empreendimentos por licitação.

Já na geração, a nova proposta estabelecida seria a de uma atividade:


• Aberta à competição.
• Não regulada economicamente.
• Que garanta o livre acesso ao sistema de transmissão.

Nas atividades de distribuição a proposta estabelecia os seguintes pontos:


• Liberdade de acesso aos agentes do mercado não discriminatório.
• Prestação de um serviço – a distribuição de energia.
• Atividade regulada técnica e economicamente.
• Os encargos devem estimular o uso eficiente da rede.

Finalmente, nas atividades de comercialização, agora destacada da distribuição, são previstas


as seguintes ações:
• Compra e venda de energia elétrica.
• Contratos de longo prazo versus mercado spot.
• Aberta à competição – competição por contratos.
• Competência na previsão e interpretação dos indicadores do mercado.
• Preços negociados de acordo com o montante de energia.

Agora, um problema técnico de grande importância, para este novo modelo, é o fato de que a
energia elétrica só pode ser direcionada numa estrutura radial. Neste sentido, equipamentos sofisti-
cados, utilizando a eletrônica de potência, chamados FACTS (Flexible Alternating Current Transmis-
sion Systems) têm sidos propostos para remediar este problema (CAMARGO, 2009).
FACTS
A tecnologia central dos FACTS envolve aplicação de controladores eletrônicos capazes de
operar em alta potência baseados em dispositivos a tiristores, auxiliados por avanços em dispositi-
vos, tais como: relés de proteção digital, controles digitais, comunicação integrada e centros de con-
trole avançados.
Essa tecnologia oferece ao sistema de transmissão a habilidade de controlar fluxos de potên-
cia em suas rotas de transmissão e permitir o carregamento seguro de linhas de transmissão até
seus limites térmicos.
Deve ficar claro, porém, que a tecnologia FACTS, não substitui a melhoria “upgrade” das exis-
tentes, nos quais os limites térmicos foram alcançados, ou quando os custos e as perdas associados

© Análise de Sistema de Potência II Claretiano - Centro Universitário | 99


UNIDADE 4 – Proteção e Sistemas De Potência

à tecnologia FACTS ultrapassarem o valor da instalação de novas linhas ou melhoria de linhas exis-
tentes (BAKER, 1996).
Em resumo, os equipamentos de eletrônica de potência (elementos FACTS), podem ser insta-
lados para desempenhar diversas funções na rede elétrica. No que tange à velocidade de ação, cabe
realçar os seguintes pontos:
• Para regular o fluxo de carga em regime permanente, não se necessita um regulador
rápido. Neste caso, pode-se também utilizar elementos convencionais chaveados me-
canicamente, principalmente, quando a frequência destes chaveamentos for mantida
no limite.
• Para regulação rápida do fluxo de carga, a fim de se evitar uma sobrecarga dos ele-
mentos individuais ou uma atuação da proteção resultante de existirem falhas na rede,
são necessários equipamentos com a regulação rápida da eletrônica de potência.
• Para aumentar os limites de estabilidade em transmissão a longa distância ou amorte-
cimento da oscilação de estabilidade, é necessária uma regulação rápida, a qual deverá
atuar com uma constante de tempo de menos de 100 ms.
Como foi mostrado, o desenvolvimento da eletrônica de potência em nível muito rápido ofe-
rece novas possibilidades na construção de equipamentos, os quais aumentam a capacidade de
transmissão da rede por meio do controle do fluxo em regime permanente e melhoria da estabili-
dade após faltas. Esta técnica já está introduzida há tempo com os compensadores estáticos. As
instalações de compensação-série, também, já se encontram a algum tempo em operação, tendo se
comportado de maneira satisfatória no que tange ao desempenho esperado.
Entre 2003 e 2004 o governo federal lançou as bases de um novo modelo para o Setor Elétrico
Brasileiro (SEB), sustentado pelas Leis nº 10.847 e 10.848, de 15 de março de 2004, e pelo Decreto
nº 5.163, de 30 de julho de 2004.
Em termos institucionais, o novo modelo definiu a criação de uma entidade responsável pelo
planejamento do setor elétrico a longo prazo, a Empresa de Pesquisa Energética (EPE); uma institui-
ção com a função de avaliar permanentemente a segurança do suprimento de energia elétrica, o
Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE); e uma instituição para dar continuidade às ati-
vidades do Mercado Atacadista de Energia (MAE), relativas à comercialização de energia elétrica no
Sistema Interligado, a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE).
Outras alterações importantes incluem a definição do exercício do Poder Concedente ao Mi-
nistério de Minas e Energia (MME) e a ampliação da autonomia do Operador Nacional do Sistema
Elétrico (ONS).
Em relação à comercialização de energia, foram instituídos dois ambientes para celebrar con-
tratos de compra e venda: o Ambiente de Contratação Regulada (ACR), do qual participam agentes
de geração e de distribuição de energia; e o Ambiente de Contratação Livre (ACL), do qual partici-
pam agentes de geração, comercializadores, importadores e exportadores de energia e consumido-
res livres.
O novo modelo do setor elétrico visa atingir três objetivos principais:
• Garantir a segurança do suprimento de energia elétrica.
• Promover a modicidade tarifária.
• Promover a inserção social no setor elétrico brasileiro, em particular pelos programas
de universalização de atendimento.

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UNIDADE 4 – Proteção e Sistemas De Potência

O modelo prevê um conjunto de medidas a serem observadas pelos agentes, como a exigência
de contratação de totalidade da demanda por parte das distribuidoras e dos consumidores livres,
nova metodologia de cálculo do lastro para venda de geração, contratação de usinas hidrelétricas e
de termelétricas em proporções que assegurem melhor equilíbrio entre garantia e custo de supri-
mento, bem como o monitoramento permanente da continuidade e da segurança de suprimento,
visando detectar desequilíbrios conjunturais entre oferta e demanda.
Em termos de modicidade tarifária, o modelo prevê a compra de energia elétrica pelas distri-
buidoras no ambiente regulado por meio de leilões, observado o critério de menor tarifa, objetivan-
do a redução do custo de aquisição da energia elétrica a ser repassada para a tarifa dos consumido-
res cativos.
A inserção social busca promover a universalização do acesso e do uso do serviço de energia
elétrica, criando condições para que os benefícios da eletricidade sejam disponibilizados aos cida-
dãos que ainda não contam com esse serviço e garantir subsídio para os consumidores de baixa
renda, de tal forma que estes possam arcar com os custos de seu consumo de energia elétrica.
Encerra-se aqui os tópicos da quarta e última unidade, finalizando, assim, nossos estudos em
Análise de Sistemas de Potência II.

Antes de prosseguir seus estudos, realize a leitura indicada no Tópico 3. 3, que trata de uma
compreensão abrangente sobre o modelo do setor elétrico.

Vídeo complementar _____________________________________________________________


Neste momento, é fundamental que você assista ao vídeo complementar.
• Para assistir ao vídeo pela Sala de Aula Virtual, clique no ícone Videoaula, localizado na barra superior. Em seguida,
selecione o nível de seu curso (Graduação), a categoria (Disciplinar) e o tipo de vídeo (Complementar). Por fim, clique
no nome da disciplina para abrir a lista de vídeos.
• Para assistir ao vídeo pelo seu CD, clique no botão “Vídeos” e selecione: Análise de Sistema de Potência II – Vídeos
Complementares – Complementar 4.
_______________________________________________________________________________

3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR


O Conteúdo Digital Integrador é a condição necessária e indispensável para você compreender
integralmente os conteúdos apresentados nesta unidade.

3. 1 PROTEÇÃO DO SISTEMA
A fim de aprofundar e complementar seus conceitos acerca do conceito de estabilidade e pro-
teção em sistemas de potência, faça a leitura dos seguintes textos:
• DUAILIBE, P. Substações: tipos, equipamentos e proteção. LEV – CEFET-RJ. 1999. Dispo-
nível em: <http://www.uff.br/lev/downloads/apostilas/SE.pdf>. Acesso em: 27 jan.
2018.
• TEIXEIRA, M. D. Proteção de sistemas elétricos TE-131. Capítulo 1 - Apostila de Aula.
DEE – UFPR. 2017. Disponível em:
<http://www.eletrica.ufpr.br/p/_media/professores:mateus:te_131_-
_capitulo_1.pdf>. Acesso em: 27 jan. 2018.

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UNIDADE 4 – Proteção e Sistemas De Potência

• TEIXEIRA, M. D. Proteção de sistemas elétricos TE-131 Capítulo 2 - Apostila de Aula.


DEE – UFPR. 2017. Disponível em:
<http://www.eletrica.ufpr.br/p/_media/professores:mateus:te_131_-
_capitulo_2.pdf>. Acesso em: 27 jan. 2018.

3. 2. DISPOSITIVOS DE PROTEÇÃO
Para conhecer em maiores detalhes os dispositivos de proteção utilizados na prática, estude
os materiais referenciados a seguir:
• ALMEIDA, M. A. D. Apostila de proteção de sistemas elétricos. Apostila de aula. UFRN.
2000. Disponível em: <http://www.ebah.com.br/content/ABAAAfZ4cAD/protecao-
sistemas-eletricos>. Acesso em: 27 jan. 2018.
• CARDOSO JUNIOR, G. FERREIRA G. D. Aplicação de dispositivos de proteção contra so-
brecorrente em sistemas elétricos de distribuição. Rascunho de livro. 2009. Disponível
em: <http://paginapessoal.utfpr.edu.br/pcfritzen/topicos-especiais-em-sistemas-de-
potencia/CH1_CH2_introducao/at_download/file> Acesso em 19 jan. 2018.
• MANASSERO JUNIOR, G. Dispositivos de proteção: conceitos básicos e aplicações. De-
partamento de Engenharia de Energia e Automação Elétrica – Escola Politécnica - USP.
2013. Disponível em: <https://edisciplinas.usp.br/mod/resource/view.php?id=78815>.
Acesso em: 4 jan. 2018.

3. 3. MODELO DO SETOR ELÉTRICO


Para ter uma visão mais abrangente de como funciona a gestão do sistema elétrico e de quais
são seus planejamentos, problemas e perspectivas, faça a leitura dos materiais complementares a
seguir:
• DINIZ, A. S. O Atual modelo do setor elétrico brasileiro. Câmera de Comercialização de
Energia Elétrica - CCEE. 2005. Disponível em:
<http://www.copel.com/hpcopel/root/sitearquivos2.nsf/arquivos/o_atual_modelo_do
_setor_eletrico/$FILE/atual_modelo_set_elet_brasil-antonio-s-diniz.pdf>. Acesso em:
31 jan. 2017.
• ELLERY FILHO, E. H. A Aneel e o modelo do setor elétrico brasileiro. Agência Nacional de
Energia Elétrica – Aneel. 2001. Disponível em:
<http://www2.aneel.gov.br/arquivos/pdf/ElleryFNE.pdf>. Acesso em: 30 jan. 2017.
• TORTORELLI, O. L. Sistemas elétricos de potência. DEE – UFPR. Disponível em:
<http://www.eletrica.ufpr.br/ufpr2/professor/8/Mini_curso8.pdf>. Acesso em: 21 jan.
2018.

4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
A autoavaliação pode ser uma ferramenta importante para você testar o seu desempenho. Se
encontrar dificuldades em responder as questões a seguir, você deverá revisar os conteúdos estu-
dados para sanar as suas dúvidas.
1) Selecione as relações dos TCs, as posições dos ajustes (valor de partida) dos relés e os ajustes de tempo dos
relés para o sistema do Exemplo 2. Utilize em todas as localizações o relé 1FC-53, cujas curvas características
são mostradas no gráfico abaixo e cujos ajustes de taps são listados na Tabela a seguir. Como cada linha tem

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UNIDADE 4 – Proteção e Sistemas De Potência

um disjuntor em apenas um terminal simplifique a notação designando os relés das barras 1, 2, 3 e 4 por R1,
R2, R3 e R4, respectivamente. O disjuntor de cada barra abrirá as três fases quando comandado por qualquer
um dos três relés associados. Os três relés da barra 1, por exemplo, serão indicados por R1.
Tabela 2 Dados do exercício.

Relação de “taps” padrão para transformadores de corrente - TCs.

Figura 7.

Curvas características de um relé temporizado de sobrecorrente.


R1 R2 R3 R4
RelaçãoTC 100 : 5 100 : 5 50 : 5 50 : 5
a)
Partida[ A] 5, 0 4, 0 5, 0 5, 0
Tempo[ s ] 2,9 2, 6 2, 0 0,5
R1 R2 R3 R4
RelaçãoTC 200 : 5 200 : 5 100 : 5 100 : 5
b)
Partida[ A] 8, 0 4, 0 7, 0 8, 0
Tempo[ s ] 4,3 3, 7 3,5 0,9

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UNIDADE 4 – Proteção e Sistemas De Potência

2) Considere-se a porção de um sistema de transmissão de 138 kV mostrado na figura a seguir. As linhas (1-2), (2-
3) e (2-4) possuem respectivamente 64, 64 e 96 km de comprimento. A impedância de sequência positiva das
linhas de transmissão é de 0, 05 + j 0,5[Ω] por quilômetro (km). A máxima carga transmitida pela linha (1-2) em
condições de emergência é de 50 MVA. Projetar um sistema de releamento de distância com três zonas apenas,
até a determinação dos ajustes de zona do relé R12 que são os valores de impedância em termos de valores
secundários nos transformadores de corrente e TPCs. Os ajustes de zona dão pontos no plano R-X através dos
quais devem passar as circunferências de zona das características do relé. Quais os ajustes das zonas 1, 2 e 3
(nos secundários)?

Figura 8.

Diagrama parcial de sistema de transmissão 138 kV.

a) Z1: 0,8 + j 0,8[Ω] e Z 2 : 0, 2 + j1, 7[Ω] e Z 3 : 0,5 + j 4, 0[Ω]

b) Z1: 0, 28 + j 0,53[Ω] e Z 2 : 0, 23 + j 2,32[Ω] e Z 3 :1,30 + j 4, 02[Ω]

c) Z1: 0, 08 + j 0, 23[ S ] e Z 2 : 0, 23 + j 2, 02[ S ] e Z 3 :1,30 + j 3, 02[ S ]

d) Z1: 0, 28 + j 0,53[ S ] e Z 2 : 0, 23 + j1,32[V ] e Z 3 : 0,302 + j 3, 02[ A]

e) Z1: 0, 088 + j 0,88[Ω] e Z 2 : 0,13 + j1,32[Ω] e Z 3 : 0,302 + j 3, 02[Ω]

3) Um transformador trifásico de 345/34,5 kV, de 50 MVA possui uma potência máxima de emergência de 60
MVA. Utilizando relações de TC (transformador de corrente) padrão disponíveis, determine as correntes nos
secundários dos TCs e correntes no transformador de potência. O lado de 345 kV é conectado Y e o lado de
34,5 kV é conectado em Δ.
Dica: Para os TCs use relação de 1000/5 no lado de 34,5 kV.e de 200/5 no lado de 345 kV.

a) 50,90[ A], 25,51[ A] e 10, 4[ A], 104,1[ A]

b) 2,90[ A], 2,51[ A] e 100, 4[ A], 1004,1[ A]

c) 2,367[ pu ], 3,510[ pu ] e 200, 4[ pu ], 1004,1[ pu ]

d) 0,367[ A], 0,510[ A] e 100, 4[ A], 1004,1[ A]

e) 0,367[ A], 0,510[ A] e 60, 4[ A], 104,1[ A]

Gabarito
Confira, a seguir, as respostas corretas para as questões autoavaliativas propostas:
1) a.
2) e.
3) b.

5. CONSIDERAÇÕES
Esta unidade apresentou uma concepção abreviada dos aspectos envolvidos na proteção dos
sistema elétricos de potência, com foco na análise que deve ser realizada para o conhecimento dos

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UNIDADE 4 – Proteção e Sistemas De Potência

limites e dos valores otimizados para o ajuste dos dispositivos responsáveis pelas manobras auto-
máticas que garantem a segurança da rede. O tema é extremamente amplo e, portanto, o ideal é
que você complemente seus estudos por meio das Referências Bibliográficas citadas e das sugestões
de leitura indicadas no decorrer da unidade e no Conteúdo Digital Integrador.

6. E-REFERÊNCIAS
MARCARINI, F. Proteção contra descargas atmosféricas utilizando para raios de óxido de zinco. DEE – UFV. 2012. Disponível em:
<https://www3.dti.ufv.br/sig_del/consultar/download/86>. Acesso em: 27 jan. 2018.
MODESTO, A. M. GTDEE - Geração transmissão e distribuição de energia elétrica. Apostila de Aula. 2011. Disponível em:
<http://edsonjosen.dominiotemporario.com/doc/Apostila_de_GTD_de_EE_-_Eng_Andre_Modesto.pdf>. Acesso em: 4 jan. 2018.

Sites pesquisados
AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA. Atlas de energia elétrica do Brasil. Disponível em:
<www2.aneel.gov.br/arquivos/pdf/livro_atlas.pdf>. Acesso em: 18 jan. 2017.
INSTITUTO NACIONAL DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA. A eficiência energética e o novo modelo do setor energético. Disponível em:
<www.inee.org.br/down_loads/escos/ee_novo%20modelo.pdf>. Acesso em: 17 jan. 2017.
OPERADOR NACIONAL DO SISTEMA ELÉTRICO. Homepage. Disponível em: <www.ons.org.br/home>. Acesso em: 18 jan. 2017.

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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CAMARGO, C. C. B. Transmissão de energia elétrica. 4. ed. Florianópolis: Editora da UFSC, 2009.
CAÑIZARES, C.; CONEJO, A. S.; GÓMEZ-EXPÓSITO, A. Sistemas de energia elétrica: análise e operação. Rio de Janeiro: Editora LTC,
2011.
KINDERMANN, G. Proteção de sistemas elétricos de potência. 2 ed. Florianópolis: 2005. v. 1.
SCHMIDT, H.P.; KAGAN, N.; ROBBA, E.J.; OLIVEIRA, C. C. B. Introdução a sistemas elétricos de potência. São Paulo: Edgard Blucher,
1996.
STEVENSON JÚNIOR, W. D. Elementos de análise de sistemas de potência. Tradução de A. R. Mayer. 2. ed. São Paulo: McGraw-Hill,
1986.
ZANETTA JUNIOR, L. C. Fundamentos de sistemas elétricos de potência. São Paulo: Livraria da Física, 2006.

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