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XV ENCONTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS DO NORTE E

NORDESTE e PRÉ-ALAS BRASIL

04 a 07 de setembro de 2012, UFPI, Teresina-PI.

Grupo de Trabalho (30): Movimentos sociais e questão urbana:


perspectivas e desafios

A “cultura do lixo”, seus estigmas e relações com coletores


de materiais recicláveis

Regiane Caetano de Araújo

Universidade Federal da Paraíba - UFPB, Programa de Pós-


Graduação em Antropologia – PPGA

E-mail: regiane.caetanoaraujo@hotmail.com
A “cultura do lixo”, seus estigmas e relações com coletores de
materiais recicláveis

Regiane Caetano de Araújo1

Resumo

Refletir sobre o papel do lixo e sobre as suas representações sociais é tão


importante quanto pensar sobre os nossos costumes e crenças. No entanto, as
representações atribuídas ao lixo são similares às atribuídas aos cemitérios,
manicômios, prisões e áreas de prostituição dentre outras; cheio de restrições,
tabus e interdições. Este trabalho está pautado nas relações dos coletores de
materiais recicláveis com as representações e significações sobre o lixo no
ambiente urbano, e os personagens que o cercam. Busquei desenvolver um
raciocínio que leve a uma “cultura do lixo”, conduzindo a um questionamento
de nossas concepções tidas como naturais. Pois, além de considerar a história
do lixo, é entendê-lo como foco de pesquisa antropológica, , é compreender as
mentalidades e as sensibilidades que puderam ‘inventar’ algo como sendo lixo.

Palavras-chave: lixo, catadores de materiais recicláveis, liminaridade.

Introdução

A proposta de investigação social aqui exposta está pautada nas


representações sociais2 e significações3 do lixo no ambiente urbano, e os
personagens que o cercam. Pretendo desenvolver um raciocínio que nos leve a
uma definição simbólica do lixo, nos conduzindo a um questionamento próprio
de nossas concepções tidas como naturais. Desvendar os significados
atribuídos ao lixo é central, a presença aqui de referências ao catador de
materiais recicláveis, da atividade da catação e do cenário do lixo

1
Bacharel em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Ceará – UFC. Mestranda em Antropologia
pelo Programa de Pós-graduação em Antropologia da Universidade Federal da Paraíba, PPGA/UFPB.
2
Ver DURKHEIM, Émile; MAUSS, Marcel. Algumas formas primitivas de classificação: contribuição para o
estudo das representações coletivas. In: Mauss, M., Ensaios de sociologia. São Paulo: Perspectiva, 1981
[1903] (pp. 399-455).
3
Ver Geertz, Clifford. A interpretação das culturas. São Paulo: LTC, 1973.
especificamente na cidade de Fortaleza-Ce constituirão elementos que nos
ajudará a pensar sobre este lixo culturalmente construído. Quanto aos
estigmas negativo-pejorativos que podem ser observados com relação a
pessoas que trabalham com os restos da sociedade (o lixo), destacaremos os
significados atribuídos a esse lixo como possibilidades para uma reflexão,
compreender para além da precariedade da atividade da catação, os receios
que recaem sobre os catadores.

As definições de lixo que encontramos nos dicionários mais


utilizados como o Aurélio Buarque e o Houaiss trazem palavras como sujidade,
imundice, inútil ou sem valor, como adjetivos do lixo. Primeiramente me
pergunto se eles também são atribuídos aos indivíduos que trabalham na
coleta de material reciclável / lixo? O que nos leva a classificar algumas coisas
como nojentas, sujas, enquanto essa mesma coisa é resignificada como
contendo valor em outra comunidade?

Segundo Eigenheer (1992) refletir sobre o papel do lixo e o seu


contexto cultural, é tão importante quanto pensar sobre os nossos costumes e
crenças. No entanto, o tratamento da maior parte da sociedade em relação ao
lixo é o mesmo atribuído a cemitérios, manicômios, prisões e áreas de
prostituição; cheio de restrições e conceitos negativamente pré-concebidos.

Uma breve história do lixo

Rodrigues faz um estudo sobre os significados em torno do lixo, sua


dimensão cultural. Ele buscou saber o que o lixo significa para nós (apesar dos
nossos sentimentos “naturais” quase unânimes com relação a esta questão),
para além das definições técnicas, mas histórica. O autor afirma que:

(...) é possível retomar as mentalidades e as sensibilidades


associadas a esta questão, pois muito mais importante do que
fazer uma história do lixo e entender o lixo em si como objeto, é
compreender as mentalidades e as sensibilidades que
puderam “inventar” algo como sendo “lixo”: atribuindo,
etiquetando, acusando, localizando alguma coisa como inútil,
asquerosa, perigosa... e passando a exigir, conseqüentemente,
atitudes especiais de proteção técnica ou mágica em relação a
este algo. (RODRIGUES, 2005, p. 19).

Embora a vida social necessariamente produza resíduos, nem


sempre se atribuiu a estes os mesmos valores, seria uma “relativização”. E o
seu ponto de partida cronológico para o autor é a Idade Média. Para ele, as
mentalidades e sensibilidades medievais são renegadas pela cultura capitalista
e industrial – lugar próprio da questão do lixo.

No período medieval, espírito e matéria, corpo e alma não se


separavam, o surgimento dessa dicotomia é a condição preliminar para a
suposição de algo que seja dejeto. Para os medievais, a idéia de morte era
como um sono, dormir até a “ressurreição da carne”, - “se a matéria ressurge,
jamais pode ser lixo” - os corpos eram colocados em cova coletiva próxima a
igreja e a praça. Vivos se divertiam ao lado dos mortos. Nesta carnavalização,
muito do que consideramos hoje como lixo, dejeto, entrava como componente
fundamental, neste contexto simbólico é difícil encontrar terreno fértil para uma
noção de lixo. (RODRIGUES, 1995).

O corpo medieval se relacionava com:

(...) abraços, contatos próximos de coexistência e de troca de


secreções... da liberdade verbal que dá nome sem rodeio,
liberdade que é também a dos orifícios corporais... que não
sofreu ainda a separação puritano – iluminista. O corpo
medieval era mais um corpo preguiçoso do que ferramenta que
o capitalismo inventará. (RODRIGUES, 1995, p. 35-35).

O autor se questiona até que ponto negatividades como ignorância,


irresponsabilidade, carência educacional podem ser aplicados a atos
anteriormente tidos como normais; o que pode ter restado em nós do prazer na
convivência com o que a cultura capitalista denomina de dejeto detestável? Ele
dá apontamentos para uma compreensão do lixo e da higiene como crenças
que cultivamos, num sentido histórico e também antropológico na tentativa de
evitar que projetemos sobre outros nossos sistemas de pensamentos e
atitudes, apontando nossas atitudes relativas ao lixo como verdades absolutas.

A fragmentação do mundo natural do mundo divino, entre a esfera


pública e privada, espírito e matéria, e também, uma separação entre os sãos e
os doentes (criaram hospícios, hospitais, prisões), separação das fezes,
hálitos, que deveriam se manter em locais passíveis de controle, é fundamental
na compreensão do que posteriormente é chamado de lixo.

A partir do século XIV, mais intensamente a partir do século XVIII a


palavra mágica era separar dentro do contexto urbano, preocupação dos
higienistas/urbanistas, separar os diferentes tipos de vida, o que incluía colocar
os mortos fora das cidades, e o lixo que até então era essencialmente orgânico
era necessário evitar, afastar-se destas matérias e sua decomposição. No
entanto, o ambiente urbano das grandes cidades européias do século XVIII
ainda era o mesmo do estrume de animais, dos excrementos lançados em vias
públicas. Neste contexto da busca por limpeza das cidades surge a primeira
disciplina de Higiene Pública em 1794, buscando saber por que os rios fediam,
o que fazer com as ruas, como fragmentar, organizar, classificar.
(RODRIGUES, 1995).

Somente aos poucos, muito aos poucos é que vai se formando a


ideia de que limpeza física é também limpeza moral, ou que sujeira física era
também sujeira moral, esse pensamento não nasce socialmente antes do
século XVIII. Os indivíduos limpos, penteados, bem-apessoados passam a ser
considerados como confiáveis, e a partir de então passamos a reagir muito
negativamente a quem não segue estes hábitos, a ideia equivocada de que
pobre seja sujo não se firmou antes do século XIX, esta ideia permitiu que os
pobres fossem impedidos de circular por determinados lugares da cidade,
acusados de serem transmissores de epidemias, e posteriormente serviu para
definir os tratamentos que deveriam ser submetidos, tidos como seres
ambíguos. (RODRIGUES, 1995).
É uma questão de poder? Foram as “elites” as responsáveis por
concepções que lhes são viáveis? Rodrigues (1995) questiona a ideia de que
quanto mais próximo do centro de poder, mais distante da sujeira; quanto mais
periférico em relação a este centro de poder, tanto mais íntimo com a sujeira ou
o lixo. Não há definição de “impuro” sem a existência de um poder que se quer
próximo ao “puro” e que define a partir de sua posição uma hierarquia. É
interessante observar como os rejeitados pela sociedade se transformam em
responsáveis pela sociedade “suja”, e que precisam ser reprimidos,
esclarecidos, educados... tudo isso mascarado por uma boa intenção
discriminatória.

Segundo Rodrigues, a partir deste ponto as coisas começam a


acontecer rapidamente:

Depois da Revolução Francesa, as ruas, pelo menos as mais


centrais e mais importantes, são alargadas, pavimentadas. Os
prédios são construídos com espaçamento entre uns e outros.
Muito é destruído e reconstruído. Os esgotos são instalados.
As populações são deslocadas, de modo que os bairros das
populações pobres e ainda envolvidas pelas mentalidades e
sensibilidades anteriores sejam afastados dos locais de
residência das elites, que vão ficar agora relativamente
preservadas deste odor que insiste em permanecer em certas
esferas da sociedade. (RODRIGUES, 1995, p. 43).

O lixeiro surge neste cenário, na França da segunda metade do


século XIX, para colaborar com a limpeza da cidade de Paris que ficou
sufocada pelo lixo. O lixeiro é apontado por Rodrigues (1995) como um
personagem importante do imaginário social. Mas imaginando desde então que
os presos, os loucos, os velhos, os doentes, os camponeses se encarregassem
da tarefa de recolher e remover o lixo para fora da cidade. Assim, é
historicamente recente a ideia de que o lixo merece um tratamento de
autoridade, considerado nas políticas públicas, é também deste período que
surgem as campanhas de proteção contra o contágio do lixo, as infecções,
apesar de alguns hábitos não se perderem de divertir-se junto ao que agora
passa a ser condenado. “São movimentos, gestos, nada aleatórios: têm uma
lógica cultural muito específica, que a contextualização histórica pode revelar”.
(Rodrigues, 1995, p. 46).

Izaías (2010) relata a existência de catadores também no século XIX


em Paris, antes chamados de trapeiros, nome dado a pessoas que coletavam
retalhos para serem vendidos para a indústria de fabricação de papel, porém,
não recolhiam apenas trapos, também coletavam tudo o que podiam
aproveitar, e já trabalhavam para um intermediário. Estes são considerados por
Izaías o primeiro registro de que se tem conhecimento de trabalhados
relacionados ao reaproveitamento mercadológico dos resíduos, foram destaque
em sua época, também causando estranhamento dada a miserabilidade de sua
sobrevivência, igualmente aos seus contemporâneos, os catadores.

No Brasil, são encontrados registros de trapeiros no Rio de Janeiro e


São Paulo entre o final do século XIX e início do século XX, e como os
trapeiros da França, eles não catavam apenas trapos. De acordo com Maria
Wissenbach (1998), a indústria no início do século XX ainda era incipiente em
nosso país, e as oportunidades de trabalho encontravam-se de fato no
mercado informal que se multiplicava e garantia a sobrevivência de largas
camadas da população, e a indústria de trapos empregava tanto escravos
libertos como migrantes.

No entanto, o odor fétido dos trapos chamou a atenção dos


sanitaristas que buscavam seguir o modelo de civilidade europeu, logo, os
trapeiros foram acusados de transmissores de doenças, dado o seu estado
físico de contato com restos, a indústria dos trapos foi vencida pela busca
sanitaristas da civilidade.

Nas primeiras cidades brasileiras, na ausência de serviços públicos,


a função de cuidar do lixo ficava por conta de cada morador, que
conseqüentemente repassava a atividade ao escravo (NEVES, 1992), levando-
nos a crer que esta atividade sempre esteve associada à população mais
excluída (em situação marginal) da sociedade – antes o escravo, hoje o coletor.
Rodrigues ressalta que as populações não foram convencidas
imediatamente dos princípios desta nova urbanidade e dessa nova
sensibilidade, se fez necessário um grande esforço pedagógico para convencer
as pessoas de que as cidades devessem ficar limpas, e que para isso
precisavam mudar de hábitos e mentalidades. Atualmente, nos vemos diante
desta mesma necessidade pedagógica, acrescentando a de convencer as
pessoas a darem um novo tratamento aos seus resíduos, não basta limpar as
cidades, tem que dar uma destinação adequada aos resíduos colhidos dos
aglomerados urbanos.

Após a inibição da indústria dos trapos, é na década de 1950 que se


encontra registro da presença de catadores no Brasil, freqüentando os lixões
das grandes cidades (IZAÍAS, 2010). A revolução industrial somada à
urbanização acelerada ocorrida neste período aumenta o índice de miséria e
redução da qualidade de vida nos centros urbanos, assim como o aumento da
produção de lixo, justificando a presença da catação como atividade informal
crescente.

Lopes (2008) relata que:

(...) pouco a pouco, com a sociedade cada vez mais tomada pela
lógica do capital, os restos foram se tornando objeto de disputas
políticas. Principalmente a partir da década de 1970, o lixo
tornou-se objeto de contenda que entrelaça interesses públicos e
privados, já que seu retorno ao ciclo produtivo se consolida
através do desenvolvimento da indústria da reciclagem. ( p. 7).

Porém, considerando que no cotidiano privado dos indivíduos o lixo


é apresentado como sujeira ou desordem (DOUGLAS, 1976; RODRIGUES,
1995), é comum buscamos mantê-lo longe de nossas casas. Atualmente, o
mais recorrente é que as populações urbanas carreguem o lixo doméstico até
as calçadas de suas casas para que funcionários da prefeitura passe e o leve
para longe.
Ítalo Calvino (2000) escreveu que quando se desfazia do lixo tinha
este ato como um rito de purificação, abandono das escórias de si mesmo, e
descreveu este processo da seguinte forma:

(...) retirada da lata de lixo da cozinha e respectivo


esvaziamento no recipiente maior que fica na garagem [...]
transporte do mencionado recipiente até a calçada da porta de
casa onde será coletado pelos lixeiros e, por sua vez,
esvaziamento no caminhão.” (CALVINO, 2000, p. 79).

Certamente Ítalo Calvino não descreveria este mesmo processo se


vivesse no Brasil do século XXI, ele acrescentaria que antes do momento em
que os lixeiros (garis) coletem esse material, os coletores de materiais
recicláveis iriam vasculhar todo o seu o conteúdo.

O principal destino do lixo de Fortaleza ate 1998 era o lixão4.


Sabemos que a questão dos lixões não é recente, e que homens, mulheres e
crianças há décadas se debruçam sobre o lixo para buscar o seu sustento. Mas
esta imagem não era visível aos habitantes das chamadas regiões nobres da
cidade como Aldeota, Avenida Beira-Mar, ou de outros bairros de Fortaleza. Os
lixões se localizam em terrenos distantes, vasto segmento da população se
dava ao luxo de ignorar o problema e se comportava como se o lixo deixasse
de existir a partir do momento que é colocado fora de suas casas. Agora não é
mais possível. O carro da prefeitura continua passando e levando o lixo das
calçadas, mas antes esse lixo é vasculhado por coletores de materiais
recicláveis que utilizam esse material como moeda de troca em busca de seu
sustento.

O lixo e seus personagens na atualidade

A “sociedade do descarte” (HARVEY, 1993), que surge a partir da


revolução industrial, acarretou grandes problemas sociais e ambientais. A
problemática do lixo é uma questão própria das consequências da sociedade
capitalista e da revolução industrial. É a partir deste novo cenário que os
4
Terreno onde o lixo é depositado a céu aberto.
resíduos ganham proporções de maior problema ambiental urbano, somado a
crise que se apresenta no mundo do trabalho, evidenciada no aumento do
desemprego e do emprego precário, tendo como consequências altos índices
de exclusão e desigualdades sociais.

A pouca atenção que pessoas e coletivos vêm dando a produção e


descarte do lixo doméstico tem causado situações graves, à medida que as
cidades vão crescendo os espaços vão-se tornando mais escassos para
depositar as toneladas de resíduos produzidos diariamente. A maior parte do
lixo das cidades brasileiras vai para lixões (GRIPPI, 2002), que são focos de
poluição ambiental. Neste cenário, a reciclagem emerge como uma alternativa
para o problema dos resíduos sólidos, além de fonte de lucro para a indústria.
A reciclagem é definida como o tratamento de resíduos, ou material usado, de
forma a possibilitar sua reutilização. No Brasil, essa solução apresenta-se
como favorável também em termos sociais, pois resulta na ocupação
remunerada de muitas pessoas.

Considerando que Fortaleza é o local onde situam-se os dados


demonstrativos dessa pesquisa, faz-se importante acentuar que na cidade
habitam aproximadamente 2,4 milhões de habitantes, ocupando a quarta
posição dentre as cidades mais populosas do Brasil. De acordo com o IMPARH
(2006), a indústria e o comércio proporcionam a Fortaleza o status de cidade
captadora de recursos e investimentos, possuindo ainda um importante fluxo
migratório que atraí pessoas do interior do estado. Neste contexto, observamos
que a cidade tem um grande potencial de consumo de bens, mercadorias e
serviços. Sendo elevado o consumo de bens duráveis e não-duráveis, a
capacidade de produzir lixo é aumentada e a cidade entra em um circulo
vicioso de descarte e consumo.

Neste cenário em que o lixo tende a se constituir um problema social


nas pautas de governos e no cotidiano das cidades, o catador de materiais
recicláveis figura como personagem central dentro da problemática do lixo.
Estima-se que existam de 6 a 8 mil catadores em Fortaleza (IMPARH, 2006), e
um conjunto estimado em 800 mil (estimativa do CEMPRE, 2008) e 1 milhão de
pessoas (cálculo do Movimento Nacional dos Catadores de Materiais
Recicláveis, 2008) e continuam crescendo. Eram 150.000 em 1999, passando
para 200.000 em 2001 e 500.000 em 2004 (CEMPRE, 2005 e 2008). Nos
grandes centros urbanos, é impossível não perceber sua presença e seu
incessante labor na catação de recicláveis. As condições de vida destes
sujeitos são pautadas em um cenário de precariedade e vulnerabilidade social,
“neste sentido, a expansão dos catadores não pode ser aferida como um
epifenômeno das ‘potencialidades da reciclágem’, antes, refere-se a um
caminho encontrado pela população excluída para afirmar sua sobrevivência e
porque não, sua identidade enquanto cidadão” (WALDMAN, 2006).

Fortaleza tem uma produção diária de 3.300 toneladas, sendo que


apenas 1.700 Ton/dia são coletadas pelos caminhões da prefeitura (PGIRS,
2009). A grande maioria desse lixo produzido era encaminhada para lixões até
o ano 1998. O primeiro lixão de Fortaleza data de 1956, lixão do João Lopes no
bairro Monte Castelo, e seu surgimento coincide com uma forte expansão
populacional da cidade. O último lixão foi desativado em 1998, o Jangurussu,
que recebeu os resíduos da cidade por duas décadas (1978 à 1998) e tinha
aproximadamente 400 catadores (entre crianças e adultos) que sobreviviam do
que coletavam das montanhas de lixo. A destinação final atual dos resíduos
coletados pela prefeitura de Fortaleza é o Aterro Sanitário Metropolitano de
Caucaia (ASMOC). (PGIRS, 2009).

Assim como outras capitais do Brasil, a cidade de Fortaleza não


possui infra-estrutura de moradia para toda a população e um segmento
considerável vive nas chamadas áreas de risco. Segundo o IBGE (2010), um
terço da população da cidade vive em favelas, sem uma infra-estrutura
satisfatória, potencializando assim uma tensão social. É neste quadro de
precariedade econômica que encontramos os catadores de materiais
recicláveis. Eles saem de bairros considerados pobres e situados na periferia
da cidade, tais como Jangurussu, Serrinha, Quintinho Cunha, dentre outros. Na
ausência de lixões em Fortaleza, os catadores vão às ruas buscar seu material
de trabalho nas calçadas dos produtores. Saem da periferia, bem como de
favelas onde, procurando no lixo o sustento de suas famílias, são vistos mais
facilmente e em maior número no final da tarde e a noite quando o comercio e
as residências se desfazem do lixo diário. Os carrinhos (carroças) e coletores
de materiais recicláveis são hoje, presença indissociável da paisagem de
Fortaleza.

O material coletado é vendido para o “deposeiro” ou “sucateiro”, que


o repassa para a indústria de reciclagem. O deposeiro é também, na maioria
dos casos (58,6%), o dono do carrinho utilizado pelos catadores, mas não
mantêm com eles nenhum vínculo empregatício (IMPARH, 2006). Contudo, o
catador é obrigado a vender o seu material para o deposeiro, que em geral
paga um valor inferior ao valor normal do mercado.

Para o coletor de materiais recicláveis, o seu trabalho é significado


como fonte de dignidade e modo legítimo de obter renda. Esta atividade visa se
constituir, portanto, em alternativa para pessoas excluídas do mercado de
trabalho, percebendo-se como trabalhadores e diferenciando-o do mendigo,
por exemplo. Mesmo a catação sendo vista atualmente por vastos segmentos
sociais como uma função degradante, os catadores realizam uma atividade de
grande relevância social e ambiental. Em Fortaleza, eles são responsáveis pela
coleta de 30% do lixo urbano da cidade (IMPARH, 2006), evitando o
desperdício desse material, e transformando-o em matéria-prima para novos
produtos.

A exclusão e o preconceito ao qual os catadores estão


expostos não é resultado apenas da informalidade da atividade do
catador, como ocorrem com flanelinhas, vendedores ambulantes e
outros personagens do mercado informal, mas também, como resultado
do estigma associado ao lixo, que costumeiramente vem sendo
confundido pela sociedade com os que nele se inserem.

Para refletir sobre o problema proposto, me utilizarei de autores


como José Carlos Rodrigues (1995), segundo ele: “... é possível retomar as
mentalidades e as sensibilidades associadas a esta questão, pois muito mais
importante do que fazer uma história do lixo e entender o lixo em si como
objeto, é compreender as mentalidades e as sensibilidades que puderam
‘inventar’ algo como sendo lixo. (p. 19)”. Fazer um estudo sobre os significados
em torno do lixo e sua dimensão cultural.

Mary Douglas (1976) também me dará suporte numa percepção


mais aprofundada deste trabalho, ela figura como referência fundamental no
desenvolvimento das questões as quais me proponho. Para Douglas (1976), a
nossa idéia de sujeira é composta de duas coisas: (1) cuidado com a higiene e
(2) respeito por convenções. Douglas chama a atenção para os contatos tidos
como perigosos, que (por exemplo, a forma como os catadores se debruçam
no lixo em busca de recicláveis) também carrega uma carga simbólica. Existe
uma carga simbólica na relação de coletores, lixo e sociedade. Apresentarei
ainda reflexões de Turner (1974) e Van Gennep (1978) dentre outros autores
essenciais na discussão o tema em pauta.

Fabiane Izaías (2010) aponta que os trabalhadores do lixo exercem


sua atividade de três formas:

(1) Selecionando os materiais recicláveis nos lixões, local onde


o processo de trabalho é dos mais precarizados, já que o
contato com o lixo é mais direto; (2) coletando o material na
fonte, onde percorrem longos trechos retirando os resíduos
recicláveis diretamente das fontes geradoras, ou seja, lixos
domésticos ou residenciais – aqui o trabalho é extenuante
pelas largas jornadas que os catadores têm de percorrer; (3) e
trabalham em associações ou cooperativas independentes ou
vinculadas a projetos de coleta seletiva implantados,
normalmente, por governos municipais. (IZAÍAS, 2010, p. 18).

Notas sobre a liminaridade: considerações teórico


metodológicas

Como citei na introdução deste texto, para Mary Douglas (1976), a


nossa ideia de sujeira é composta de duas coisas: (1) cuidado com a higiene e
(2) respeito por convenções. Desse ponto de vista, o lixo e os coletores se
encaixam nos dois, só que no sentido da transgressão – observamos o lixo
como contrário a higiene, e a atividade da catação na rua como um desrespeito
as convenções. Refiro-me aqui a desrespeito no sentido simbólico, do que
costumamos ter como adequado, não o que de fato é.

Se o lixo é sujeira, e sujeira é essencialmente desordem (DOUGLAS,


1976) podemos dizer que a presença de coletores de materiais recicláveis em
nossas calçadas, remexendo o nosso lixo também nos causa essa sensação
de desordem?

Mary Douglas (1976) chama a atenção para os contatos tidos como


perigosos, que (por exemplo, a forma como os catadores se debruçam no lixo
em busca de recicláveis) também carregam uma carga simbólica. Existe uma
carga simbólica na relação de coletores, lixo e sociedade.
Douglas (1976) classifica a situação do catador em limites e
margens, Gennep chamaria de estado liminar. Van Gennep (1978) ao estudar
rituais de passagem dividiu o ritual em três fases: separação (pré-liminares),
margem (liminares) e agregação (pós-liminares). Iremos nos concentrar aqui na
segunda fase ritual de Gennep, margem / liminar para pensar a atividade do
coletor. De acordo com a segunda etapa ritual de Gennep, os coletores flutuam
entre dois mundos; a sociedade legal, pautada em padrões e normas, e o
mundo social que está à margem (seu verdadeiro lugar). Para Turner, a
liminaridade é frequentemente comparada à morte, invisibilidade.

Mas Van Gennep também lembra que é no estado liminar, dado o


distanciamento simbólico da estrutura hierárquica da sociedade, que
observamos a possibilidade do surgimento de outros modelos que alterne com
essa estrutura, uma contra-estrutura. É na fase liminar que os coletores
mantêm sua maior relação com a cidade e o meio ambiente, e é dessa forma
que eles podem criar alternativas ao capitalismo, buscar recolocar-se dentro da
estrutura, questionar o sistema de produção e as concepções sociais
relacionadas aos “despossuídos” (Bursztyn, 2000), assim como a própria
definição de lixo.
Victor Turner (1974) diz que:
Passagens liminares e “liminares” (pessoas em passagem) não
estão nem aqui nem lá, são um grau intermediário. Tais fases e
pessoas podem ser muito criativas em sua libertação dos
controles estruturais, ou podem ser consideradas perigosas do
ponto de vista da manutenção da lei e da ordem. (TURNER,
1974, p. 5).

Consideremos o caso do médico, que no cotidiano do seu trabalho


tem contato (mesmo utilizando todo o equipamento de higiene e proteção
individual) com grandes enfermidades, casos extremos de putrefação da carne
humana, doenças terríveis, e mesmo assim, não observamos o médico com os
mesmo olhos com que vemos os coletores de materiais recicláveis,
independente de os mesmos estarem ou não usando equipamentos de
proteção individual. O que nos leva a classificar a atividade do coletor como
suja transgressora da ordem, enquanto classificamos o médico como
higiênico? Se o médico cuida, o coletor recicla, se o médico cura uma
enfermidade, o coletor salva um material de ser encaminhado para lixões,
aterros sanitários, poluindo o nosso meio ambiente. É a visão da sociedade
que muda, nesse sentido, observamos uma divisão entre coisas sujeitas a
restrições e outras que não são de acordo com as variáveis de cada contexto e
das convenções sociais.
Outro exemplo relativo e sutil são os Havik:

A expressão mais enfática e freqüente de respeito-poluição


reside no uso do esterco de vaca como agente purificador.
Uma vaca é adorada diariamente por mulheres havik e em
algumas ocasiões cerimoniais por homens havik [...] casos
simples de poluição são removidos com água, graus maiores
de poluição são removidos com esterco de vaca e água [...] a
parte mais impura da vaca é suficientemente pura (HARPER,
J.L. 1977, p. 181-183, apud DOUGLAS, 1976, p. 22).

O que aqui está posto (os catadores e o lixo) fazem parte do mundo
cotidiano. Pois, “o antropólogo lida e tem como objetivo de reflexão a maneira
como culturas, sociedades e grupos sociais representam, organizam e
classificam suas experiências” (VELHO, 1980, p. 18), e neste caso estamos
trabalhando com grupos urbanos, próximos.
Existe uma modalidade caracterizada por Magnani (2001) como “de
passagem: ela consiste em percorrer a cidade e seus meandros observando
espaços, equipamentos e personagens típicos com seus hábitos, conflitos e
expedientes, deixando-se imbuir pela fragmentação que a sucessão de
imagens e situações produz” (p. 9). O que se propõe é um olhar de perto e de
dentro a partir dos arranjos dos próprios atores sociais, para transitar na
cidade, utilizar seus equipamentos contrário ao olhar de longe e de fora.

O olhar de perto e de dentro exige uma relação de dois pólos para o


pesquisador; de um lado, os atores sociais, de outro, a paisagem em que essa
prática se desenvolve. Passagens da casa para a rua, da rua para a
cooperativa, da cooperativa para a rua, de uma rua para a praça de outra, da
rua para a cooperativa ou depósito e finalmente para casa com o resultado do
trabalho em mãos. têm um sentido simbólico que ultrapassa a passagem física.

Diante de um percurso, acompanhando passagens de pessoas ditas


excluídas, é possível identificar de fato “uma sensação de anonimato,
fragmentação, desordem. Essa impressão é o efeito de um olhar de fora e de
longe; ajustando-se devidamente o foco da análise, contudo, é possível
perceber os diferentes circuitos que o usuário reconhece e percorre ao
estabelecer seus próprios trajetos, seja nos planos profissional, do lazer, do
consumo, das práticas devocionais, das estratégias de sobrevivência e
participação e muitos outros” (MAGNANI, 2001, p.18). Quando aplicamos um
olhar de perto e de dentro para a atividade dos catadores nos possibilitamos
perceber os padrões situados no comportamento dos atores sociais em seus
contextos de atuação.

Estado e mercado

Observando as novas roupagens em torno do lixo e dos catadores


de materiais recicláveis, foi possível perceber que o trabalho dos catadores
marca o surgimento de novos mercados, como o da reciclagem, representando
para os catadores uma fonte de renda e de percepção social, retomando
vínculos de pertença social e territorial, assim como auto-estima e dignidade
(SILVA, 2006). Na situação do estudo em pauta, a sua maior ferramenta para o
cancelamento de uma crença negativa e desclassificatória da atividade, esta
calcado no discurso ambientalista da sustentabilidade, que transforma o coletor
de materiais recicláveis em agentes ambientais. Segundo Rocha (2011) “neste
contexto de mudanças estruturais e fortes reflexos dos problemas gerados pelo
neoliberalismo surgem correntes de pensamento que buscam inovar e trazer
alternativas ao modelo imposto e propiciar uma nova mentalidade de economia
e prática social” (p. 167), a exemplo da Economia Solidária. Alguns dos
principais marcos da luta dos catadores e participação do Estado poder ser
observado em Amorin (2011):

[...] Em junho de 2001 em Brasília, foi realizado o 1º Congresso


Nacional de Catadores de Materiais Recicláveis, aberto com a 1ª
Marcha dos Catadores e da População de Rua. [...] A partir desse
momento esses trabalhadores passaram a ter “status político e
entraram na agenda das políticas públicas”. [...] ao final de 2002 [...] a
atividade dos catadores foi registrada na Classificação Brasileira das
Ocupações (CBO). Em 2003, o recém empossado Presidente da
República determinou, por decreto, a criação do Comitê Interministerial
para a Inclusão n Social e Econômica dos Catadores de Materiais
Recicláveis. [...]Em 2004, o estudo produzido pela UFBA, OAF e
Instituto Pangea, com a análise do custo de geração de postos de
trabalho na economia urbana para o segmento dos catadores de
materiais recicláveis, demonstrou a oportunidade de geração de
trabalho e renda para esse segmento [...] A pesquisa foi feita por meio
de Cooperação Técnica da UNESCO com o Ministério do
Desenvolvimento Social e Combate à Fome. [...] Fruto das discussões
realizadas no âmbito do Comitê Interministerial de Inclusão dos
Catadores de Materiais Recicláveis, o Decreto 5.940 do Presidente da
República, assinado em 25 de outubro de 2006, instituiu a separação
dos resíduos recicláveis descartados pelos órgãos e entidades da
administração pública federal direta e indireta na fonte geradora e sua
destinação às associações e cooperativas de catadores de materiais
recicláveis. [...] Ao final da década de 90, surgiram as primeiras
iniciativas de organizar esses trabalhadores em movimento social
[...]Em 1999, em um congresso técnico sobre coleta seletiva e
catadores de papel realizado em BH, estavam presentes catadores
organizados, surgindo então a proposta de se criar o Movimento
Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR). (p. 3,4).

Lembremos da afirmativa de Douglas (1976) quando diz que qualquer


estrutura de ideias é vulnerável em suas margens, e que esta vulnerabilidade
pode ser tão destrutiva o quanto criadora. O que ainda não é aceito continua
vivo, e exige atenção.
Considerações finais

Observemos que não é o lixo em si a fonte do estigma, mas a


simbologia de desordem na qual estamos habituados a assimilá-lo, o status
inferiorizado que atribuímos a quem trabalha em funções como a do gari,
catador, coveiro. Existem mais questões em torno da sujidade do lixo do que a
sua própria condição física, nossas “ideias e sentimentos individuais não são
assim tão individuais e que representam respostas a determinadas condições
sociais.” (RODRIGUES, 1995, p. 47 e 49). Os arrotos, transpirações, catarros e
mais tarde os pensamentos e sentimentos que tinham liberdade no período
medieval, agora têm novas mentalidades, novas sensibilidades e
individualidades. Foram estabelecidas fronteiras que reduziam o grau de
suportabilidade dos cheiros exalados pelas outras pessoas, e uma atenção
constante para aprisionar os nossos próprios odores, fronteiras que só
poderiam ser ultrapassadas diante de grande desconforto e desordem.
Nossas idéias de sujeira e limpeza não estão ainda claramente
diferenciadas pela nossa sociedade. Com relação ao lixo, a sociedade tem
caminhado rumo a uma nova forma de interpretá-lo, com o apoiod o Estado, de
projetos de preservação ambiental, da mídia. A educação ambiental tem lutado
fortemente, mas o processo, sendo culturalmente adquirido é gradual na sua
modificação.

Douglas (1976) afirma que existem várias formas de lidar com as


“anomalias” - devemos entender anomalia aqui como algo que foge ao padrão.
“Negativamente, podemos ignorá-los, não percebê-los, ou, percebendo-os,
condená-los. Positivamente, podemos, deliberadamente, confrontar as
anomalias, e tentar criar um novo padrão de realidade onde elas tenham lugar”
(p. 54). E afirma:

Cada um de nós constrói um mundo estável no qual os objetos


têm formas reconhecíveis, são localizados a fundo, e têm
permanência [...] as discordantes tendem a ser rejeitados. Mas
se elas são aceitas, a estrutura de pressupostos tem que ser
modificada. Enquanto a aprendizagem continua, os objetos
recebem nome. Seus nomes, então, afetam o modo como são
percebidos na próxima vez: uma vez rotulados, são mais
rapidamente enfiados nos seus devidos lugares, no futuro
(DOUGLAS, 1976, p. 51).

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