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CONCEITO
INTERDISCIPLINARIEDA DE
Decorre de sua própria consolidação histórica como ciência dotada de autonomia, à vista
da influência profunda de diversas outras ciências, tais como a sociologia, a psicologia, o
direito, a medicina legal, entre outros.
Embora exista um consenso de que a criminologia ocupe uma instância superior, esta não
se dá de forma piramidal, pois não existe preferência por nenhum saber parcial.
CARACTERÍSTICAS
1- O crime deve ser analisado como um problema com sua face humana e dolorosa
2- Aumenta o espectro de ação da criminologia para alcançar também a vítima e as
instâncias de controle social.
3- Acentua a necessidade de prevenção, em contraposição à ideia de repressão dos
modelos tradicionais.
4- Substitui o conceito de “tratamento” (conotação clínica e individual) por
“intervenção” (noção mais dinâmica, complexa, pluridimensional e próxima da
realidade social.
5- Empresta destaque aos modelos de reação social ao delito como um dos objetos da
criminologia
6- Não afasta a análise etiológica do delito (desvio primário).
OBJETO
A criminologia se diferencia do direito penal porque este é uma ciência normativa,
visualizando o crime como conduta anormal para a qual fixa uma punição. O direito penal
conceitua o crime como conduta típica, antijurídica e culpável. Por sua vez, a criminologia
vê o crime como um problema social, um verdadeiro fenômeno comunitário, abrangendo
quatro elementos constitutivos, a saber: incidência massiva na população (não se pode
tipificar como crime um fato isolado); incidência aflitiva do fato praticado (o crime deve
causar dor à vitima e à comunidade); persistência espaço-temporal do fato delituoso (é
preciso que o delito ocorra reiteradamente por um período significativo de tempo no
mesmo território) e consenso inequívoco acerca de sua etiologia e técnicas de intervenção
eficazes (a criminalização de condutas depende de uma análise minuciosa desses
elementos e sua repercussão na sociedade).
Houve tempo em que ela apenas ocupava o estudo do crime (Beccaria), passando pela
verificação do delinqüente (Escola Positiva). Após década de 1950, alcançou projeção o
estudo das vítimas e também os mecanismos de controle social, havendo uma ampliação
de seu objeto, que assumiu, portanto, uma feição pluridimensional e interacionista.
DELITO:
DELINQUENTE
Criminosos impetuosos - são aqueles que cometem crimes movidos por impulso
emotivo, por exemplo, os crimes passionais ou crimes que ocorrem em uma discussão de
trânsito. O criminoso impetuoso costuma se arrepender em seguida.
Criminosos ocasionais - são aqueles que decorrem da influência do meio, isto é, são
pessoas que acabam caindo em "tentação" devido a alguma circunstância facilitadora.
Neste caso aplica-se o ditado "a ocasião faz o ladrão". Os delitos mais comuns são furto e
estelionato. O criminoso ocasional tem chances de se redimir.
Criminosos com deficiência mental - são pessoas que possuem doença mental, isto é,
alteração qualitativa das funções psíquicas que compromentem o entendimento e a auto-
determinação do indivíduo. Por exemplo: esquizofrênicos, paranóicos, psicóticos,
toxicômacos graves etc. Em geral agem sozinhos, impusivamente, sem premeditação e
remorso.
VÍTIMA:
Verifica-se a ocorrência de três grandes instantes da vítima nos estudos penais: a idade do
outro, a neutralização do poder da vítima e a revalorização de sua importância. A idade do
outro compreende desde os primórdios da civilização até o fim da Alta idade média; o
período de neutralização, com o processo inquisitivo e pela assunção do poder público do
monopólio da jurisdição e a revalorização da vítima ganhou destaque recentemente com
um direcionamento efetivo. Ressalte-se que a vitimologia permite estudar inclusive a
criminalidade real, efetiva, verdadeira, com informações fornecidas por vítimas e não
pelas instâncias de controle (cifra negra de criminalidade).
Vítimas falsas: simuladora, é aquela que está consciente de que não foi vítima de
nenhum delito, mas, agindo por vingança ou interesse pessoal, imputa a alguém a
prática de um crime contra si;
Vítimas natas: indivíduos que apresentam, desde o nascimento, predisposição
para serem vítimas, tudo fazendo, consciente ou inconscientemente, para
figurarem como vítimas de crimes;
Vítimas potenciais: são aquelas que apresentam comportamento, temperamento
ou estilo de vida que atraem o criminoso, uma vez que facilitam ou preparam o
desfecho do crime;
Vítimas eventuais ou reais: aquelas que são verdadeiramente vítimas, não tendo
em nada contribuído para a ocorrência do crime;
Vítimas provocadoras: são aquelas que induzem o criminoso à prática do crime,
originando ou provocando o fato delituoso;
Vítima imaginária: em decorrência de anomalia psíquica ou mental, acredita-se
vítima da ação criminosa;
Vítimas voluntárias: são aquelas que consentem com o crime;
Vítimas acidentais: são as vítimas de si mesmas, que dão causa ao fato
geralmente por negligência ou imprudência.
Vítimas omissas: Nesse grupo encontram-se as pessoas que não vivem em
integração com o meio social, pois não participam da sociedade, nem sequer para
reclamar de uma violência ou arbitrariedade sofrida.
Vítimas inconformadas ou atuantes: Ao contrário do que ocorrem com as
vítimas omissas, que não buscam relatar às autoridades competentes seus direitos
violados, essas cumprem de forma ativa seus papéis de cidadãos, pois sempre que
são violadas em seus direitos, buscam a efetiva reparação judicial.
CONTROLE SOCIAL
FUNÇÕES DA CRIMINOLOGIA
As medidas indiretas de prevenção atuam sobre as causas dos delitos, têm como alvo o
indivíduo (personalidade, caráter, motivações) e o meio em que ele vive (condições
sociais, políticas públicas etc).
A Criminologia se ocupa do crime quanto um fato que será estudado pelo método causal-
explicativo, ao passo que a Política criminal procura estudar e implementar medidas para
prevenção, controle e repressão do delito, sobre influências de ordem filosófica, ética e
política, sendo o conjunto de procedimentos pelos quais o corpo social organiza as
respostas ao fenômeno criminal. Vai se ater às estratégias e meios de controle social da
criminalidade e se ocupa do crime enquanto valor.
Ex: A decisão de ter ou não pena de morte está ligada à ideia de política criminal
Sendo assim, uma política criminal eficiente deve estar baseada em estudos criminológicos
bem feitos.
CRIMINOLOGIA CLÁSSICA
Momento histórico: Séc. XVIII, normas penais caóticas, insegurança jurídica, associação
entre delito e pecado. O crime era um instrumento de manutenção do poder.
Marco Inicial: Cesare Bonesana, o Marquês de Beccaria, “Dos delitos e das penas”, 1764.
Neste livro, Beccaria vai lançar as bases da Criminologia Clássica.
Concepção do homem como um ser livre e racional em busca do prazer, tendo livre
arbítrio. O criminoso, portanto, faz um balanço de benefícios e prejuízos para decidir pela
prática delitiva – eleição racional. Para o modelo teórico clássico, não depende de cor, raça,
etnia ou classe social. Essa ideia permeia a conduta humana como um todo.
Importância da pena, que é a imposição de um mal para prevenir um delito (especial –
impedir a reincidência, temendo a pena da próxima vez, e geral – impedir os demais ao ver
um criminoso sendo punido).
As penas devem ser racionais e devem haver outros meios de prova que não a tortura.
Característica das sanções para prevenir eficazmente o delito: certeza, rapidez e
severidade com proporcionalidade. Ao invés do empirismo, tem sua metodologia baseada
no raciocínio lógico-dedutivo. Não há empirismo nesse modelo teórico.
CRIMINOLOGIA NEOCLÁSSICA
Ou seja, ao passo que o modelo clássico foca apenas na pena, o modelo neoclássico olha
para o sistema como um todo.
CRIMINOLOGIA POSITIVISTA
Marca o início do método científico no estudo do delito (sec. XIX), baseado na observação e
experimentação (empirismo)
Cubi i Soler – Frenologia, a ideia de correlação entre alma e cérebro, correlação entre as
funções e o tamanho das partes do cérebro, correlação entre o crânio e a fisionomia,
“destrutividade”.
CRIMINOLOGIA MODERNA
O crime é um problema da sociedade, e não mais um desvio moral ou um defeito congênito
(sai do enfoque individual). Até a vítima e o controle social passam a ser analisados no
enfoque dessa moderna criminologia.
Aqui também há uma ideia de prevenção, ao contrário da ideia de repressão, presente nos
outros modelos teóricos. Aqui, substitui-se “tratamento” por “intervenção”.
Destaca a análise e a avaliação dos modelos de reação ao delito, sem renunciar a uma
análise etiológica do delito (desvio primário).
Modelo Dissuasório (direito penal clássico): repressão por meio da punição ao agente
criminoso, mostrando a todos que o crime não compensa e gera castigo. Aplica-se a pena
somente aos imputáveis e semi-imputáveis, pois aos inimputáveis se dispensa tratamento
psiquiátrico.
Vale ressaltar que nem na macro nem na micro se trata o crime como fenômeno
individual, mas sim como fenômeno social.
Teoria da Associação Diferencial (Sutherland): Para Sutherland, o delito não pode ser
apenas consequência da inadaptação de pessoas pertencentes às classes menos
favorecidas, pois o crime não é praticado exclusivamente pelos mais pobres. Em bairros
mais abastados, no meio de pessoas que têm acesso à educação, saneamento e lazer,
também são praticados crimes. O crime não está restrito a regiões pobres. Para o autor, o
indivíduo é convertido em criminoso, independentemente da classe social, quando os
valores predominantes no grupo social do qual faz parte se coadunam com o crime. Tal
processo é acentuado quando as considerações favoráveis ao cometimento de ilícitos
superam as desfavoráveis, gerando o aprendizado do crime. Sérgio Salomão elenca alguns
desses fatores: 1- O comportamento criminoso é do meio, e não hereditário; 2- é
aprendido pela comunicação em um processo de imitação (“todos fazem, farei também”)/
3- Quanto maior a proximidade entre as pessoas, maior a influência; 4- Implica no
aprendizado das técnicas para prática do crime; 5- motivação e impulsos: o crime vale a
pena? As pessoas passam, então, a se associar por afinidade de valores, distintos conforme
a espécie de associação, daí o nome “associação diferencial”. Ex: Grupos de políticos, de
empreiteiros, donos de postos de gasolina. A prevalência das definições favoráveis
denotam um conflito cultural, responsável pela associação diferencial. Perda da origem
comum, inexistência de controle social.
CONCEITOS IMPORTANTES