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_ “Tradugto [MARIA ERMANTINA DE ALMEIDA PRADO GALVAO BOMDILE Martins Fontes ‘SGo Paulo 2005 Losses @ Capledéra mai i i | | i id \ fred | Nunca ningyém viu 0 Estado. Quem poderia negar, poréin, que ele sda uma relidade? O fugar que ele ocupa em nossa vida cotidiana é tamanho que ndo poderia ser retirado dela sem que, ao mesmo tempo, ficassem com- prometidas nosias poss bikes delviver. Nés Ihe atri- ‘buimos todas as'paixGes uimanas: é generoso ou avaro, engenhoso ou estipido, cruel ou bonachdo, discreto ou invasivo, E, como 0 consideramos sujeito a esses movi- mentos da inteligéntia ou {io 10 que so préprios do homem, dizigimos a ele os sentimentos que, comu- mente, nos inspiram as pessoas he 2 confianga ou otemor, a ‘admin ou.0 desprezo, amitide 0 6dio, mas por vezes também um respeito temeroso em que uma atavica e inconsciente adoracio do pofler se mescla ne- cessidade que teios de acreditar que|nosso destino, por mais misterioso que seja, no esté abandonado ao acaso. Assim como a hist6ria do Estado resume nosso passado, ‘sua existéncia no presente parece-nds prefigurar nosso futuro. Esse Estado, ocome-nos de maldizé-lo, mas senti- ‘mos bem que, para o melhor e para o pior, estamos liga~ dos a ele. i i E, noentanto, a observacdo dos fendmenos concretos nada nos revela que permita aprender sua tealidade. Ve- | \ \ | x OBSTADO zmios governantes, servigos, terrtdrios; vemos regras, e bas ta-nos infringi-las para conhecer do modo mais tangivel, 0b 08 tragos do policial e do juiz, a autoridade de que so investidas. Vemos também nos mapas o pontilhado das fronteiras e, mesmo quando os funcionatios alfandegérios slo pacientes, constatamos, assim que es transpusemos, que jé nao estamos “em casa”. Esse sentimento nos faz sentir nossa nacionalidade, mas néo nos indica direta- mente sua origem e seu alcance. Em todos esses fatos, hd decerto sinais que so outras tantas abordagens que con- duzem ao Estado, Mas nenhum deles isoladamente, nem sua adigdo ou sua sintese, constitui o Estado. Ele nao é territério, nem populacdo, nem corpo de re- gy2s obrigatérias. £ verdade que todos esses dados sen- __ Siveis ndo lhe sio alheios, mas ele os transcende. Sua exs- téncia ndo pertence a fenomenologia tangivel:é da ordem do espirito. O Estado , no sentido pleno do termo, uma {: idéia. Nao tendo outra realidade além da conceptual, ele Je*'86 existe porque 6 pensado. Essa afirmacao deve ser entendida 20 pé da letra. Com feito, néo se trata de um desses conceitos que sao abun- dantes em nosso instrumental mental ¢ cuja tinica razo de ser 6 fomnecer & reflexo uma idealizacao sintética do real. Como, por exemplo, entre os juristas, o conceito de patriménio, que sistematiza, para faclitar o reciocinio, um conjunto de dados (bens, obrigagdes, direitos reais, etc.) que tém uma existéncia objetiva. Acontece o contrério com a idéia do Estado. Nao é uma construgéo do espi- rito destinada a explicar uma realidade preexistente. Ele é,emsi, toda a realidade que ele exprime, pois, essa tea~ dade reside inteiramente no espitito dos homens que a concebem. E, se pensam o Estado, é para ter uma explicagio sa~ tisfatéria de todos os fenémenos que caracterizam a exis- INTRODUCAO xt ‘t8ncia e a ago do Poder politico. Todos se resumem, po- xém, azelagbes de comando com a obediéncia cujas ma- nifestagdes exteriores sid evidentes. Chefes e stiditos, mesmo que os primeiros 56 tenham/a autoridade que 0 consentimento dos segundos lhe vale, o que mais obser- vvel cotidianamente? Uma coletividade cuja histéria, 0 presente e o futuro foram ou so dependentes das vonta- des das personalidades que governam, o que mais bem estabelecido por uma experiencia indiscutivel? Uma or- dem que teina por intermédio dos servigos cuja compe- téncie, geograficamente fixada, delimita a autoridade, 0 que mais claro para o espirito? Que necessidade haverd de buscar, para além desses fatos que o deixamn sensivel, uma explicagdo do Poder? as relagdes que se estabele- cem, em dado territério, entre o grupo e seus chefes, no ‘bastam tanto para conhecé-lo como para julgé-lo? Por que construir, no abstrato, uma idéia do Estado a0 pas- s0 que os fatos parecem suficientes para nos informar so- reo que ele designa? A essa questo; toda anilise leal da nogio de Estado traz uma resposta tio simples quanto repleta de conse- qiéncia: os homens inventaram.o Estado; para nao obe- ecer aos homens. Fizeram dele a sede e 0 suporte do poder cuja necessidade e cujo peso sentem todos os dias, mas que, desde que seja imputada ao Estado, permite-lhes curvar-se a uma autoridade que sabem inevitavel sem, ‘porém, sentirem-se sujeitos a vontades humanas. O Es- tado é uma forma do Poder que enobrece a obediéncia. Sua razdo de ser primordial é fornecer eo espirito uma re- presentacéo do alicerce do Poder que autorizafundamen- tar a diferenciacdo entre governantes|e governados sobre uma base que nio seja relagdes de forces. Bem sei que os realistas objetardio que tudo isso nfo passa de fabula. Na realidade, dirdo eles, hd fortes e fra- x ostapo cos, homens que mandam e outros que obedecem; tudo © mais é literatura. Admitamos provisoriamente a obje- cdo e aceitemos que a idéia do Estado seja apenas uma fantasia ou uma superstigdo nascide da imaginacio que nunca é mais inventiva do que no medo. Mesmo que as sim fosse, néo poderiamos traté-le como uma patranha: co universo magico que € 0 universo politico estd repleto dessas crencas e desses simbolos sem os quais, entregue apenas aos imperativos de uma objetividade racional, ele deixaria de existir. Tal nao 6, porém, 0 caso do Estado, pois, se designasse apenas um desses mitos de que é fér- til a imaginaco fabuladora das multidées perturbadas ppelo espetéculo do Poder, sua inconsisténcia néo deixaria de se revelar 8 reflexo'Ora, um exame um pouco atento deixa claro que, mesmo sendo da ordem das idéias e nao dos fendmenos concretos, 0 Estado nao deixa de ser um dado objetivo, cuja realidade & impossivel negar sem se privar, ao mesmo tempo, da compreensao de fatos que, por sua vez, so observéveis "Quando obedego ao guarda ‘que me ordena usar a passagem de pedestres, no é sem importéncia, para apreciar minha disciplina, saber que me inclino, nfo 2o seu apito, mas perante a autoridade que ele representa. Nao é a vontade do homem (que aliés co- heco, pois € 0 marido de minha zeladora) que determi- na meu comportamento, é 0 poder estatal, ele mesmo garantidor de uma ordem que nesse caso respeito, e cujo agente ndo é mais que um modesto mas eficaz instru mento. Se, porventure, converto meu dinheiro em bénus Go Tesouro, no é no caixa do Banco da Franca que tenho confianca, € numa entidade, no Estado que nunca vi, ¢ que entretanto, considerarei um ladréo se, dentro de um ano, ele me reembolsar em moeda desvalorizada. E quan- do acuso um ministro de leviandade ou 0s deputados de incompeténcia, fica claro que meu juizo se agrava assim INTRODUGAO xa ‘que uma fraqueza humana se sobrepée &falha numa fun- fo: 0 mau exercicio de sua autoridade fica ainda mais culpado por eles ndo serem os proprietérios de seu Poder. Esse titular do Poder, quem é sendo 0 Estado? " Averdade é que, sem a idéia que fazemos dele, tudo desaba.'Sua existéncia atende a certas exigéncias da es- ‘rutura politica das sociedades em certo momento de sua evolugao. Podemos datar seu nascimento como também podemos constatarlos casos em que ele desaparece. Ele néo cria a autoridade, mas assume suas formas; a obe- diéncia que exige nao é da|mesma natureza que a reque- rida pelo chefe que comanda‘Ble dura quando os gover- nantes passam.'Favorece urna aproximacao dos indivi- * duos que suas opcGes partidérias dividem. Poe alguma *” grandeza na vida politica que, por si s6, a mediocridade #” dos homens deixaria mesquinha... Tudo efeito de crencas! Talvez... Mas quando as crengas se encamam, quando se mostram capazes de sustentar uma. instituigo duradox 1a, quando the asseguram lama base auficientemente s6 lida para lhe permitir destacar-se das representacdes que The deram origem, entéo firma-se uma realidade cijaa- tenticidade seria pueril contestar a pretexto de que ela s6 tem existéncia no pensamento dos homens. E esse Estado pensado para ser o suporte do Poder politico cuja génese procuraremos seguir. Veremos a idéia do Estado, condicionada pela evolucio psicolégica e so- cial das coletividades nacionais, der origem a uma forma inédita do Poder separando-o dos homens que o exercem. para encamé-lo uma instituigéo. Depois teremos de ea- minar as conseqiiéncias dessa prodigiosa mudanga de perspectiva sobre a situagdo dos governantes e sobre as ine possibilidades oferecidas aos governatdos de assegurarem, por intermédio do Estado, as rédeas de seu destino. Com efeito, o Estado sede do Poder se toma o mébil da luta po- xv ESTADO Iitica. Ficar dono dele significa dispor desse inigualdvel meio de aco sobre a sociedade: a faculdade de criar re~ gtas de direito que se beneficiam de toda a autoridade vinculada & norma legal. Significa também, para os ho- mens ou para as forcas politicas que conseguiram fazer- se reconhecer como agentes do Estado, ter acesso a uma legitimidade que condena seus rivais ou seus adversérios quer é aceitar, para se fazer ouvir, os tinicos procedimen- tos autorizados pelo eparelho estatal, quer a adotar a ati- tude do rebelde que s6 dispée do recurso aleatério, e eti- amente condendvel, & prova de forca. Compreende-se entéo que, concebido para sera sede if ty Limpasstvel do poder, o Estado em geral chegue a ser ape- wy 380 alibi dos que governam em seu nome. Eles se en- ir” {#"feitam de seus prestigios, mas na realidade é o humor, as epaixSes ou os interesses deles que ditam as vontades que “~rlne sio imputadas. O Estado, colonizado pelos que deve~ ju" sam ser apenas seus servidores, toma-se ento, se no 0 w?que Marx via nele quando 0 denunciava como um ins- trumento de opressio, pelo menos o biombo de uma em- preitada de dominacio. O mito degenera em mistificagao € 0 Estado, imaginado para purificar 0 Poder de todas as fraquezas humanas, chega a lhes servr de justificacio. Entretanto, 0 Estado ndo é somente esse disfarce do poderio das faccSes. Tem ume razo de ser que nao lhe See ser tirada sem dano para a sociedade. Ble € 0 re- ‘gulador de luta de que é 0 mébil # a esse lugar que ele “7, | ocupa na dinamica politica que nos empenharemos em See i gestituir sua importéncia, pois ele & perigosamnente igno- f' “Fado quando se quer ver nele apenas o Estado partidario “' ou 0 Estado dos partidos. Claro, ele deve muito aos parti- dos mas, destinado a arbitrar-Ihes a rivalidade, seu Poder no pode ser constitufdo unicamente pela forga que eles The atribuem. £ por isso cue tanto os tedricos como os po- IntRoDUGAO | : xv liticos sempre probarecam fundamentar o Poder estatal rnuma base autOnoma. E como essa base s6 pode ser a so ciedade globaimente considerada, concebe-se que aem- preitade seja dificil, jé que visa fazer o uno com o miilt- plo, estabelecer uu Poder nico a partir das exigencias de uma coletividade. hes fodavia, podemhos perguntar-nosse o advento de uma sociedade técnica nos paises altamente desenvolvidos no terd a consegiiéncia de proporcionay ao Estado essa base social homogénea que ele, por tantoltempo, esteve & pro- cura, Liberto da tutela dos grupos particulares que, até entio, abrigavam por trds de sua impassivel fachada uma aco cujo luero monopolizavam, ele|se tornaria 0 instru mento do grupo unificado por uma fé comum no desen- volvimento, no crescimento ¢ na eficécia da racionaliza- so dos pzocessos de decisio. Decerto essa ainda é apenas vuma hipotese cuja legitimidade nurperosos indicios pa~ recem estabelecer. Jé, na URSS, o Estado esté reabilitado. E, se jé nao enxergamos seu desaperecimento anunciado por Engels, é porque, segundo a propria terminologia dos tedricos sovieticos, ele se tornou,“o Estado de todo 0 povo". Nao fica excluido que, no mundo ocidental, ocor~ ra uma mutacio andioga, decerto no porque uma revo- lugéo brutal teria eliminado as divergéncias e nivelado as mentalidades para permitir ao partido, dono do Es- tado, apresentar-se como 0 drgéo das aspiracées popu- lares undnimes, mas porque a estritura e os imperati- vos da sociedade técnica nao combinam com conflitos e com desperdicio de energia provocados pela competi- co das forcas politicas em suas lutas pela conquista do Poder estatal Se essa hipdtese fosse verificada,.o Estado deixaria de ser omébil da politica para tornar-se seu motor, Seria o apatelho de poder que imporia & coletividade os valores xt (OESTADO da sociedade técnica e mobilizaria, a servigo de seus ob- jetivos, a totalidade des energias sociais. Assistiriamos entdo a0 advento de uma espécie de Estado funcional cujo Poder jé ndo se qualificeria por sua origem, mas pela fangio que cumpre. "Nao digo que essa hipétese seja consoladora e tam- pouco garanto que um futuro préximo nos mostre sua jperfeita e irreversivel realizacio. Gostaria somente de in- ‘ventariar os fatos que, presentemente, autorizam formu- lé-la e tentar depreender deles a figura do que poderia ser 9 Estado quando, num mundo povoado, nao mais de cidadéos, mas de ciberuantropos', ele se tomnard o Levitt teleguiado pelas exigéncias daquilo a que chamamnos a sociedade de consumo. 1. Copio.o termo de H. Leftbvee, Poston: contre ls tchnoortes, 2967, 1.212. Em francs, ybernanthropes. | Capitulo | O Estado, suporte do Poder politico | Nem toda sociedade doliscamele oxganizada é um Estado. Porianto, nao podenios Considerar validas as de-" TRIOS GUE asslinilam ao fato dal diferenciagao entre goverados e governantes. O que essa hierarquia revela ex Base de Min Poder. Ora, embora 0 fenémeno do Poder seja universal, existem muitas formas suas que n&o sio estatais, E por causa de uma excessiva generosidede verbal que se qualifica de Estado a organizacao politica que existiu entre os babilénios, os medos ou os persas, ou ainda que se vincule o mesino titulo ao poder exercido por um chefe de tribo na Melanésia ou na Africa equatorial. Por certo, disceme!se em| todos esses grupos a existén- cia da coercio: 0 machado do carrasco é do mesmo me- tal, quer execute a sentenca proferida em nome do Estado, quer obedeca & ordem de um sdtrapa que concentra em sua pessoa a propriedade e os atxibutos do Poder. Mas, se é-verossimil que o homem cuja cabeca vai ser cortada fi~ card insensivel &s diferencas de que tratamos, elas esto Tonge de serem devidas apenas a uma nuance de termi- nologia.’No Estado 0 Poder reveste caracteristicas que no encontramos alhures; seu modo de enraizamento no gru: po Ihe vale uma oniginalidade que repercute na situagéo dos governantes, sua finalidade o livra da arbitrariedade 2 ESTADO das vontades individuals; seu exercicio obedece a regras, que Ihe limitamn 0 periga. Isso & suficiente, parece, para impedic confundir o Estado coin uma diferendiagdo qual- quer entre cheFes e siditos Forma do Poder, o Estado nfo é a tinica; por conse- guinte, ndo é possivel falar do Estado enquanto maneira "de sex do Poder ser definir previamente 0 préprio Po- deh. Pensavemo’ ‘issd primeiro, Depois examinaremos as condigées em que, impelidos tanto pelas circunstincias como pelo progresso de sua sensibilidade politica, os ho- ‘mens pensam 0 Estado; registraremos assim sua certidao de nascimento, Enfim, consideraremos a instituiggo em ‘que se insere entio o Poder e nela encontrazemos uma resposta a todas as perguntas que motivaram a génese dos conceitos de Estado. 1. © Poder politico Uma vez que hid Poder em todo fenémeno em que se revela a capacidade de um individuo de obter de um ‘outro um comportamento que ele nao teria adotado es- pontaneamente, os fatos do Poder sfo inumeriveis.\Para ue asstimam um cardter politico, &necesséxfo que sua fi- nalidade seja socializada. Pedro e Paulo dispatern uma bola, Peco a exige de Paulo somente pelo prazer de chu tila. Se Paulo se submete 20 convite de Pedro, este in- contestavelmente teré exercido um Poder, mas 2sse Poder evidentemente ndo teré nenhum caréter politico, Seria muito diferente se supuséssemos que os dois meninos fezem parte de um time e que Pedro pede um™passe” a~ ~ Paulo porque se julga mais bem colocado para enviar & bola as traves do campo adverséto, EntZo, entre o pedido de Pedro € resposta de Paulo insere-se um fim que nk | | (OFSTADO, SUPORTE DO PODER POLITICO 3 se esgota em suas relagdes interindivicuais; ele 36 & con- cebivel em razdo da existéncia do time e co proveito que este deveria retirar do desenvolvimento das relagbes de Poder. Como sua finalidade s6 pode ser apreciada com referéncie 20 grupo, ela constitui o que podemos chamar sume finalidade socielizada, ‘Assim, em toda sociedade, as relagbes entre seus membros se estabelecem segundo um objetivo que lhe & proprio, Retinem-se para orar, para exercer uma ativida- de, para se distrai.. sendo esse objetivo que confere aseu grupo originalidade. A politica que nele se desenrola & apenas uma técnica de realizacio dos valores religiosos, econdmicos, culturais, ete; ndo é um fim em si, Assi também, 0 Poder que nele se exerce presenta um caréter instrumental, pois s6 encontra sua razo de ser no obje- tivo para o qual a sociedade se constituit, ‘Mas ao lado ou acima dos grupos formatios visando “um objetivo limitado ou especifico, a sociedade global constitui uma realidade de natureza bem diferente. Ela do se explica por um objetivo situado fora dela; basta-Ihe existir para cumpzir sua funcko. Bla € sua prdprie finalida- de pois é, por sid, 0 fundamento dos valores com refe- zéncia 20s quals as relagbes de Poder se organizam em seu seio, Nao so determinadas por um critério exterior (ce- ligioso, econémico, cultura! cu outro); resulta de sua pré- ria necessidade como condigdo de existBncia do ser co- letivo. Entao é que hé sociedade politica. O vinculo poli tico deixa de ter urh significado instrumental; toma-se um conceito existencial. £ importante compreender, de fato, que éna medida em que a coletividade global se compde de compos parciais de esséncias diferentes que é necessétio ‘que se afirme, pata além dos objetivos de cada um deles, ‘um valor que lhes Seja comum a todos. Esse valor sé pode 5 iano a ‘ogstano preendida pelo grupo que a sociedade politica aparece, porque o Poder que exterioriza sua realidade é referente a uum fim social que transcende a fialidade prépria de cada sum dos grupos secundérios, ‘Vemos entio que esse Poder, mesmo que aparega sob ‘9s tracos de um chefe que parece impor-se por sua simples “Présenga, na realidade se enraiza ni sociedade, porgiianto é inerenté a éstrutura politica sem a qual ela detxaria de existt. ‘Todos os socidlogos esto de acordo em reconhecer que a sociedade politica nao é uma simples eglomeracéo fisica dos individuos que ela revine; ela supde, em seus, membros, 2 existéncia de uma consciéncia comutn que hes sela a participacio no grupo. Sobre o modo de forma sd e a natureza dessa consciéncia social, sobre as rela~ es que ela mantém com as consciéncias individuais, so miuitas as teorias pelas quais se distinguem as diferentes escolas sociolégices. Mas um ponto é pacifico: é que s6 hi sociedade politica quando, & socialidade, grupamento instintivo nascido da necessidade, sobrepGe-se uma as~ sociagdo fundementada pela consciéncia de sua razéo de ser e pela representago de seu objetivo. Esse consenso que ‘unifice o grupo procede, no inicio, da aceitagao ce um as- tado de fato, mas ele se enriquece com a imagem de um futuro em que & coletividade ficard mais viva, mais sélida ¢, 5e possivel, mais feliz. A consciéncia social que se for- maa partir de uma constatacdo se ordena assirao recor deum projeto. Clazo que o projeto pode ser tacanho ou ambicioso, pode incidir apenas sobre'a conservagao da ordem exis- ‘tente ou visay, 20 contrétio, uma total reforma da socie- dade. Mas de todo modo revela a existéncia, no grupo, de representagdes dominantes quanto ao futuro esperado ou previsto, B como no (ESTADO, SURORTE DO PODER POLITICO 5 te contemplativas, como 2 imagem do futuro suscita um movimento direcionado 4 ele, essa imagem ou essas re- presentagdes trazem em si uma energia que tende a rea lizé-las. Em sua esséncia profnda, o Poder € a encame- ‘do dessa eriergia provocada no grupo pela idéia de uma cordem social desejavel. E uine forge nascida da conscién- cia coletiva ¢ destinada 2o mesmo tempo a assegurar 2 perenidace do grupo, a conduzi-lo na busca do que ele considera seu bem e capaz, se necessério, de impor aos membros a atitude exigida por essa busca. Essa definigéo lanca mo dos dois elementos do Po- der: uma forga e uma idéia. Ore, se descartamos momen- taneamente os fenémenos concretos pelos quais se eve- Ia 0 Poder e cujo brilho pode obliterar a reflexao, se pro- curamos 0 que é peimenente no Poder enquanto passam as figuras que exercem seus atxibutos, vemos que ele ndo 6 tanto uma fora exterior que viria pér-se a servigo de. uma idéia quanto a prépria forya dessa idéia. Portanto, nfo é verdade que a realidade substancial do Poder seja 0 ‘mando, o imperium ela reside na idéia que o inspira. Nao hd diivida de que essa idéia pode ser respeitével ou sus- peita; pode ser getadora de crimes bem como de inicia~ tivas felizes. Mas, como toda politica é aco finalizada, do se concebe como ut Poder, agente de uma politica, poderie, em sua propria esséncia, néo ser marcado pelo fim que a determing ou serve pera legitimé-la. CO conquistador pode acreditar que deve sua sorte & sua espada, 0 legislador, & sua sabedoria, o condutor de povo, sua indluéncia a uma vocacio histérica. Ebom que penser assim, pois-essa-confianca estimula-lhes 0 zelo 0s protege da impnadéncia. Mas, na realidade, so ape- nes 0 instrumento de uma idéia que encontra neles a ocasido de deserivolver sua poténdd. Decerto seria um exagero negara parte do fator pessoal, do méxito ou da 6 ‘oEsTADO sorte na formagio do Pocier. A verdade, na medida em que podemos distingui-la, tanto do conkecimento da his- ‘6ria como da andlise sociolégicg’, reside entre 08 dois ex- ‘tremos que consistemn em fazer do Poder seja 0 agente cego, e desprovido de liberdade, de uma idéia que se rea- liza por ele, seja a forga de um homem ou de uma mino- Fia que impde 20 grupo por ele drigido sua corcepgio do ‘mundo, Todo 0 problema do Poder se deve a essa duali- dade dos elementos que o constituem e se influenciam reciprocamente: a vontade de um chefe eo poder de uma idéia que, a um s6 tempo, o sustenta eo supera, O conceito de Estado & uma resposta, talver frégil e proviséria, que os homens, desde o final do século XV, tentaram dar a esse problema. 2. Do chefe a instituicéo As especulagdes scbre a finalidade social provavel- mente nao deveriam ocupar mais espaco na atividade in- telectual dos solutreanos do que, er nossos dias, entre os naturais do Brasil central, cuja rudimentar psicologia foi-nos revelada por Lévy-Strauss’, ou entre os canacas a quem & propia hoglo de comand € to extantaGue eles ndo tém nenhum voodbulo para designé-le. De fato, durante milénios, a necessidade de subsistir fol a nica 1. Asin eaminando a stusgho dol, F. Bouricaud Raul dane ‘hei de Feateri 396, p. 15) dbseea qua a “conan do at om coe onda lskade da der pars cam o grupo, Se sca ver nl um homers porantes quam mincing xe sugeties seit som coneidentoerexpe- fa €que stands dele envowejoo desevolimento de una eyed que 0 lneresse como ela meintrece nas que osupee come ele mesuper.. 2G Uiry-Srasy Ties piu 1987 5.3, Leenhardt, Do ka, eposonne ee mye dae epee rele. son 2 BE ae i | | o#smDo, SUPORTE DO PODER POLITICO 7 ratio de ser dos grupamentos humanos. Ela implicava trés obrigagdes: comer, fesistir aos vizinhos, nao desagra- dar aos déiises. A esses imperetivos primordiais, nfo pa- rece que inicielmente tenhe comespondido uma funcéo autdnoma. A autoridade politica era o prolongamento de ‘uma autoridade ferniliar ou uma extenséio da func re- ligiosa. O chefe de familia ou o secerdote encontravam em suas responsabilidades uma vocacio para assegurar a condugio do grupo. Mas, agindo assim, limitavam-se a tomar sensiveis um conjunto de crengas, de supersti- Bes ou de costumes que constitufram um Poder difuso na coletividade. A pressio do conformismo social paliava a auséncia de personalidades dirigentes, de tal modo que se pode dizer que o anonimato do Poder é um traco carac- terstico dessas sociedades totalmente primitivas. Essa foima de Poder nfo sobreviveu a certo grau de evolucdo social; 56 € observavel nos grupos cujo desen- volvimento parou, Desse modo, assim que a sociedade sai do estado embrionétio, quando tem de aficmar-se, até mesmo sobreviver a0 contato com grupos vizinhos, oim- ppeto para uma organizacdo mais evoluida, a busca deuma safda favordvel no combate bem como na busca das sub- sist8ncias so apelos ao chefe dotado de iniciativa e de in- teligéncia que tirard o grupo de sua letargia curando 0 Po- der da patalisia do anonimato. O Poder individualizado —." Entéo comesa a era do Poder individuatizado, ou seja, de um Poder que se encarna num homemn que concentra ~ emt sua pessoa néo 86 todos 08 instrumentos do poder, mas também toda a justificacao da autoridade. O chefe traz.em si seu titulo para o comando. Se ele comanda, € 8 ‘ESTADO. ‘em razio de qualidiades que Ihe so pessoais. Seu talen- to, sua habilidade ou sua coragem, sua sorte qu sua queza constituem o fandamento de sua dominacéo. ‘Todo o Poder se encarna nele, afirrna-se em suas deci- ‘Ges e desaparece com ele Isso ndo quer dizer que, com sua individualizagio, 0 ‘Poder deixe de ser a enérgia de uri Fepresentagho da or- ‘dem social desejével; é sempre 2 forca de umaideia, mas, essa idéia, o chefe. simboliza e sua vontade a realiza. Ve~ ‘mos bem isso ainda hoje nas sociedades mais evolufdas. ‘Quando, numa passeata, os manifestantes escandem com conviecfo: Fulano no Poder, no seré verdade que, pera ‘eles, o homem & todo um programa? Mas nao é eviden- te também que o que os atrai no individzo que aclamam Sele resumir e anunciar certo estilo de vida colstivo? Que ‘seria o chefe se, sendo epenas.o que é sua auteridade nao ivesse como motor a sedugio do que ele repzesenta? Compreende-se, nesses condicées, que aindividua- zaclo se mosire a forma a um s6 tempo mais simples e mais natural do Poder. la ndo recorre a nenhuma abs- taco; estabelece-se no concreto por relagées de homem a homem. Decerto essas relagbes sto suscetiveis de uma’ infinidade de modalidades. Entre o chefe de bandg das jnvasbes bérbaras, 0 potentado de um principado da pe- ninsula drabe, 0 régulo de um povoado afficano € 0 su- sserano do século XIII no Anjou ou no Nivernais, o me- nos que se pode dizer & que existem nuances, Elas néo afetam, porém, o trago fundamental que aproxima todas estas formas de Poder, ou séja, que na pessoa de quem comanda esto confundidos 20 mesmo tempo 0 exerci cioeaproptiedade do Poder. 2 ‘Ao sistema politico fundado nessa confusio corres- pponde o regime feudal. Para nés, lato, 0 feudalismo évo- <2 05 castelos-fortes, 0 chapéu pontudo das damas;-os~ ssTADD, suroRTEDO ?00ER POLfFICO 9 trovadores, os camponeses olhando o senhor passar du- ._ Tante ura cagada colorida como uma tapesaria. Por cer- {0 0 feudalismo é mesmo pare a Europa o periodo hist6- rico que essas imagens evocam. Mas é também um tipo geral de aiganizacao polttico-econémica que se estabe- leceu tanto na China como no Egito, entre os hititas ena Pérsia antige, como nos pefses escandinavos e ern certos ls afticanos em que ela sobrevive atualmente. Segura- mente a variedade dos paises ea diversidade dos perfo- dos abrangidos devem acautelarnos contra as generali- zagbes precipitadas: o feucialismo é um regime complexo em que se conjugam um estatuto dos bens, uma forma de fidelidade politica e um estado de espirito que finda~ menta as relagbes dos homens entre si. Essas caracte ticas nfo esto reunides em todos os lugares. Mas 0 que nnos importa aqui é que, sempre, quando ha regime feu- dal, dependéncia pesscal, 0¢lagos sociais individualiza~ os prevalecem sobre a regta abstrata na organizacao da estrutura do grupo*. Foliticemente, o que caracteriza o sis- tema feudal é o compromisso da {6 o apego de homem 2 homem. “Um homem comanda, ngo uma entidade.”* A Conzado Il da Alernanha, que lhes dizia que quando o rei morre 0 reino fica como 0 navio cujo eapitéo sucum- biu, as pessdas de Pévia, exprimindo a opinigo comente, respondiam surpresas que fosse possfvel imputar-lhes como crime a destruicio do palécio imperial jé que ela ocorrera durante o interregno. Com efeito, é que a individualizagdo da relecao polt- tica no mundo feudel explica-se pelo fato de os espiri- tos conceberem dificiimente as abstragbes'e se apegarem 4.V. A Bouthuche, Signoria fodits 1 1659 F.L. Gunshot, Que quale fal 308,195 "5. jcalnene 10 oEsTADO apenas ao conereto. Para crer, precisam de un deus es- culpido na pedra das catedzais; para obedecer, necessi- tam vera silhuete da torre de menagem perfilarse no ho- rizonte’. A autoridade repousa nas relagées entre 0 su- perior e 0 inferior. O individuo serve ao seu Senhor, nfo poderia servir a uma idgia: € menos o stidito das leis do queofeldoze. Sea A institucionalizagio Tal vincelo, entretanto, no poderia ser sélido sem a ‘renga nas virtudes pessoais do chefe. Essa crensa 6 base do que é chamado, segundo a expresso de Max Weber, 0 Poder carismético. $6 que o proprio carisma impée, a quem dele € dotado, obrigaces cujo essencial esté na protecio que o chefe deve aos seus stidites. Os compro- issos assumidos pelo rei em seu advento, pelo suseca~ no quando recebe o juramento de vassalagem provam ‘que, embore a autoridade se encame inteira num homem, nem por isso ela € 0 instrumento de suas fantasias. Buma prerrogativa pessoal do chefe, mas é, porém, relerente a0 sexvigo do bem comum. Durante muito tempo z contredi- «fo entre essas duas proposigdes pOde nao aparece. Mas, ‘quando ficou sensivel, a defasagem entre 0 quese espera do Poder e sua personalizacio orientou os espiritos para ‘uma visdo menos catnal ~e, portanto, mais depurada e ‘mais duradoura — da autoridade. & entdo que es homens comegam a pensar a instituigdo para tomé-la.c titular de ‘um Poder que urn chefe, por mais prestigioso ¢ podero- 80 que sejz, néo pode assumir. SVR Ho, fle ec te pce desi ~ ae p Yr.Gen Es tps age pI ‘0 ESTADO, SUPORTE DO PODER POLITICO n (Que é uma instituigio, de fato, sendo um empreen- dimento a servigo de uma idéfa e organizado de tal ma- neiza que, estando a idéia incorporada no empreendi- mento, este possa dispor de um poder e de uma ducagio superiores aos dos indivfduos pelos quais ele age? Ore, ‘um empreendimento assim corresponde exatamente 20 ‘que se tem direito de esperar de um Poder: 0 uso do po- cer a servigo de ume idéta, mas de um poder evjos fins sio determinados pela idéia e sobrevivem aos individuos que Ihe asseguram 0 servigo. A idéia 6 a representacio da coxdem desejavel; o organismo € 0 aparelho do poder pi- bBlico organizado de tal rhodo que a idéia condicione-Ihe a cestrutura, 0 pessoal ¢ 0s mefos. Na instituigdo o Poder néo fica necessariamente enfraquecido, mas é sujeito & reali- zac de um projeto cujo contetido ni € o tinico a fixar. Seguramente a idéia de insttucionalizar o Poder nio € daquelas que se impdem sem reflexdo. Uma inclinacgo permanente impele os individuos a personalizar a auto- Hidade. Um instinto ou uma infledo sentimental os incita a dotar de uma figura a forca que os socorre. O homem, precisa prender seu amor ou seu édio a signos, a ima- gens, a fetiches. Mas, 20 lado dessa disposic&o primiti- va, Ré nele, néo mais em sua carne mas em seu espisito, ‘um movimento que o impulsiona a conceber ea abstrair, uma capecidade intelectual que Ihe permite amar sem vet, acreditar sem tocar, obedecer @ uma disciplina que dispensa 0 chicote. E, se nao pode evitar ser surrado, pelo menos pretende, como diz Alain, olhar as varas. E nesse nivel superior da reflexo que se situa a institucionali- zasio do Poder, fendmeno cujo cardter intelectual Max ‘Weber ainda salienta ben quandové nele o nascimento do Poder racional: ee R ‘ESTADO considerdveis que sejam, so impotentes para justificar a autoridade por ele exercida. A consciéncia politica dos governados, tornada mais exigente, recusa admitir que toda a organizagio da Cidade’ repousa numa vontade individual. A coincidéncia entre os atos do chefe e as ne- cessidades da massa, e até o assentimento generalizado esicontrado por sua aco, jé ndo bastam para fundamen- tar seu poder relativamente ao grupo. Por outro lado, os inconvenientes do Poder individualizado ficam intoleré~ veis, principalmente a instabilidade que ele provoca no exercicio da funcdo govemamental. Os governacos e os proprios governantes se pier a sonhar com uma conti- nuidade duradoure na gestdo dos interesses coletivos, com um modo de transmisséo da autoridade que poria termo as rivalidades e &s lutas que acompanham a mu- danga de personalidades dirigentes. Mediante a adoco de um principio de legitimidade, o chefe regularmente investido se encontraria revestido de uma autoridade in- discutivel; o bom andamento dos negécios j& no seria dependente de sua sorte e a ordem social inteica 56 po- deria lucrar com a estabilidade politica assim adquiida. Assim surge a idéia de uma dissaciago posstvel en- tre a autoridade e o individuo que a exerce. Mas, eqmo 0 Poder, defxando de estar incorporado na pessoa dé che- fe ndo pode subsist a0 estado de ectoplasma, 6-Ihe pre- iso um titular. Esse suporteserd a instituicdo estatal con- siderada sede exclusiva do poder pilblico, No Estado, o Po: der é institicionalizado, no sentido de ser transferido da [pessoa dos govemantes, que j no tém seu exereicio, para o Estado, quie desde entdo se toma seu tinico proprietario: (0 original City, com o senso de cidade-estad, Pars mater ~ unglo'omn 0 out sentit ce edad, maid geograioe soil, ci oc = = Se ‘EStADO, SuPORTE DO PODER POLITICO 8 8. Nascistento doEstado *"Falar do problema das origens do Estado quando se trate de imaginar o que na mais remota das socieda- des humanas puderam ser os primézdios de um Poder que neth sequer podemos denominar politico (..) & dar azo a uma intolerével tonfusto de idéia. As origens do Estado devem entao sehgonsiderades somente quando comega 2 existir umm orgattismo que, aos homens do sé- culo XVI, moktrou-se bastehte novo para que eles sen- tissem a necestidade de doté‘io de wm nome: um nome que 0s povos, nla mesma épocd), passaram rapidamente ‘um para o outro." E necessétio dizer que, falanda do nescimento do Estado, no pretendemos tracar de odo exaustivo as tapes de sua formacag. A hist6ria aq s6 nos interes- sana medida em que figs permite combgeender 0 que nasceui dela. Os homens Miziamos, pensaty o Estado, € ‘esse pensamento dé-Ihe sex Portanto, se cohgeguirimos aprender os motivos que ihspiraram esse ponsamen- to, poderemos entender a rezio de ser do Estat e, por conseguinte, néo s6 seu significado passedo, mas she na- tureza presente. © que pedimos ‘Nnistoria ndo é urhro- mance das origens, 6a explicacéo Se o Estado procede do que nalizago do Poder, essa operao nao'ke da ao acaso. E determinada por umn conjunto de circunstinci Nao bastam, porém, para provocar seu aparecimento. E preciso que se acrescente a elas ume atitude intelectual a

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