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Teatro Americano: Um Teatro a procura de uma continuidade Sérgio Viott A Broadway, se hem que continue sendo 0 elxo nevrsl- ico do teatto ainerieano. a loja com as vitrines majs Muni nailas, vem perdendo, com o corer dos anos, 0 eavaler qi Ihe dew renome:'o de centro Irradiador absoluto do. que de melhor havia no teatro americana, Atrbulada ‘por pro= blemas de ordem finaneeiras cheia de’ preconceltos contra 0 ‘que pudesse. ser’ considerado “demasiado avancade” ott ar= Ustico em matéria de dramaturgia: cereada — nso de todos 0 lndos,@ verdade — por uma bateria Inimiga cerrada que tio dava trégua na Tuts contra 0 espeldeulo puramente €o- ‘mereal, ela se viu, aos poucos, esearnecida por varios, aban= donada yor uns e esqueeida por cutros. Quando se dé conla de que Esquila continua inédito naqucle.perimetro que vat a Tua 41 4 rua 63! que Brecht Frish, Durrenmalt, Sartre, Apouith: Pirandello, Chekov, Clraudoix, shaw, O'Catey ¢ Wilde (oars citar apenas nomies que sfo, via de esta, eariar em outros eentros teatrais) nunca conseguiram eonquistar 0 Afeto do produtor ov a simpatia do piblice, € feel compreen- der porque Lantos se revoltaram e contintiam revoltadas eon tra 0 estado de coisas que lmpera ug coraeso dramsticn de Nova York teatro comeretal é uma earacteristica comum a. centras ros quais a iniciativa particular se aventura a fazer teatto somo uma férmula decisiva para una provavel (e as veues certa) itoria finaneeira, De fato, poueas empresas podem ilar tanto luero em to pouco temo. Uma peed que “esto re" equivale’a uma ehuva de mana de cllroes le pose dar a produlor a Iinsio de que o dilivlo se repetlri as as {emporadas, Maz nem sempre & pega “comercial” equivale & lum “estouro"; 1a mesma proporeao, outras, que odetiam, primeira vista, ser eonslieradas "breves contra 0 publica” aturam inesperadamente, A impossibililade de prevideneia de Iucros e perdas, um dos aspeeios mals perigosos da aven= tura teatral, é, an mesmo tempo, a salvagio do. Teatro eon maidseulo, jd que ate o grande texto, que NiO se limita & explorar ent superficie 0 homem e seus poquenos problemas otidianos, tambem pods ser sucesso, “Hoje ém dia a Broadway enfrenta, dentro da sua prépric virinhanca, a coneorrenela eviica. dos teatros Off-Broadkeay (situados ino perimetso de Greenwych ‘Village € do Lower East Side) 'e" dos. espetaculos Off-off-roadway, ou OOD, quase senpre em “eolfee houses" e igrejas (), espalhados por quaivo diferentes areas de Nova ‘York. Por’ da cidade ‘ota-Se tm movimento de deseentralleagio de extradrdinatla importinela, A exemplo do que vem ocorrende em diversos pales da Europa depois de 1045, o teatro americano vu. 10s nos entre as duas querras mundlais, a su forga tentacular perder eentenga de casas de espetdculos © as turnés desapare~ orem ima ama, Compreendeu-se que @ descentrallzagio, povleria signifiear spbrevivencia. Nao so deseentralizacZo, mas Sptio macigo: federal, estadual ou Individual Off-Broadway, depois de um inicio promissor, ousado © aplaudido, no inicio da déeada de 50, comecou a ceder & pres- ho “eomercial”, dspendendo maiores quantias para as mon- fagens, entrando em entendimento com 0 Sindicato e, con- seqientemente, vendo-se obrigada a engajar maior mimero ‘Ge-auxilares —o que Ihes gavantivia eritas no New York ‘Times: exporiando sucessos pata @ “matriz” na, Broadway ‘encentando textos que oferecessem possibiidade de bon acei~ fagio; apolando-se em reprises dos assim chamados elissicos fos bitimos 80 anos: e, como & de se prever, dependendo mais te'mais da bilheteria para sobreviver. 0 sitgimento das ex- Perléneias vangvardistas OB, foram, de certo modo, tent Evas de reacio e descentralizaeao. A formacao do ‘Lincoln Center em Nova York (o teatro Vivlean Beaumont) pretendeu triar uma compania oficial de repertério que ainda 1:40 con equi operar nas bases de coatinuldade de suas congeneres Imais importantes do mundo. Desde 1903 funciona, em Afin- nespolis 0 Tyrone Gutherle Theater e edlifieado com o auxi Iip de Fundagoes e dos proprios espectadores da cidade. Uma das mais importantes companhlas fora de Nova York, © ‘Retor's Workshop de Sto Francisco, fundada em 1952. que trabalhou durante treze femporadas, deixou de existir. Seus Gretores, Herbert Blau ¢ Jules Irving, foram trabalhar no Lincoln Center. Por outro’ lade, 9 American Conservatory ‘Theater, dirigido por William Ball, gue havia iniciado suas ailvidades em Pittsburgh, em 1965, atinglu a situacao Ine Dorada e privilegiada de ser a compankia oficial de duas cl- fades — Sio Francisco e Michigan. Bstes esforcos solitrlos de descentralizacio adquirem forea renovada diante do movimento teatral universitirio, ppromovido em bases que nada tém que ver como Teatro do Bsludante Brasileiro. Uma das caraoteristieas mais vitals do teatro americano contemporaneo vem sendo 0 trabalho con Junto de atores profissionals e das Universidades, Ha dez ‘anos, s6 havia duas escolas universitérias de teatro nos Es- {ados Unidos —-no Carnegie Tnstltuce of Technology (con ida comiumente como Carnegie Tech) e em Yale. As Univer- Sidades de Pennsylvania. Cornell e Towa foram pionelras na Jnelusao de ensino de teatro em seus eurriculos. Bm 1952, 0 ‘Antioch College iniciou o seu Shakespeare Festival, que fol irigido por um jovem afuno recém-saido do Carnegie Tech: luis Rab, fle fundou a APA, a Association of Producing Artists, trabalhow com a” Universidade de Princeton, ‘Seupando o Mecarter Theater e, depols, com a Universidade Ge Michigan. Hoje, a Apa ¢ a mais famosa companhla de epertério americen, sediada em Nova York, no. Lyceum ‘Theater (© movimento comocou a tomar o seu verdadeito cariter ‘de importineia deseentraizadora quando. em 1959, a Uni- versidade da Callf6rnia em Las Angeles (UCLA) organizou seu teatro universitarlo conttatando um grupo de stOres profissionais, formando, dal por diante, uma eompanhia per- fnente de’ repertério. Depots desta’ inietativa da UCLA, frupos profissionals surgiram nas Universidades de, Minn fola'e ‘no Trinity College de San Antonio, Fscolas des Inatieas foram formadas em Michigan, Stanford, Purdue, Bat- nnard, Brandeis, Denver ¢ oulras, todas com eompanhias re- aulares ‘A Universidade de Nova York recebeu uma doacio de "750 mil délares da Fundacio Rockefeller e a sua escola pas- Zou por uma total remodelaeao sob a orientacio de Theodore Hoffman, O crition Robert Brastein (auter de “O ‘Teatro da Revolta") que se notabsizou como um dos arqui-tnimigos do teatro comercial, famosa pelos seus artigos no New Repu- bile fol nomeado Ditetor da Yale Sehool of Drama.em 1866, ‘depois de ter sido professor de dramatirgia na Universidade ‘de’ Columbia desde 1959, Brusteln chamaw seu amigo Gor- don Rogolt, antiga diretor gerente dg Actor's studio, vars trabalhar ao seu Indo como cv-diretor. Yale volta.a ser ‘uma dag principais escolas dos Estados Unidos. depots da remo- ‘delacso de Brustein, Rle conservou alguns dos luminares. do fearpo sdocente (0 calico @ historiador John Gassner; 9 ¢e= higrato David Ocnslager; © professor de historia de teatro, Albis Nagler: o de direc, Nikos Psacharopoulos) e contra~ tou outros. *professores.adjuntos”, todos les profissionals dle teatro: Stella Adler, famova professora de interpretacao, fe Jeremy Geidt, que ensinara longamente na escola do Old Wiewde Bristol. Jom ‘Fernald, grande homem de teatro da Inglaterra, que esteve ligado 20 Arts Theater no inido da Aeeada de 50, para depols ser 0 diretor da RADA. (Royal ‘Academy of Dramatic Arts) foi convidade para formar um teatro de ‘repertirio na Universidade de Oakland, em Ro- chester, Michigan. Um. dos mals conheeldos vanduardistas Americanos, Paul Baker, um texano que se notabllizow 20 formar um grupo de teatro experimental na Universidade de Baylor, tom a sew cargo o departamento de teatro da TH1- nity: University de San Antonlo, que esta eonstrulndo o Ruth ‘Taylor Theater. Outro teatro esti sendo edifieado pela Universidade catélica de ‘Washington. A de linols devera inaugurar, éste ano, 0 mais perfelto ¢ completo de todos ‘os teatros universitirios. 9 Krannert Conter of Performing ‘Arts, composto de dole teatros (um grande e outro, menor, experimental, duas salas de concertos e um anfiteatro.a0 fat'livee com mill Iusares)...0 diretor do departamento de alto da Universidade Caidliea, Rev. Gilbert Hartke, dis se; "A enetgia e9 futuro do teatro estio aqul. # 0 ‘anlco Ingar onde as coisas estdo acontecends” Aste Imenso e importantissimo movimento nacional tem fem vista nfo s6 preparagio de novos afbres, mas a for~ ‘magio de um novo piilico. Os menos otimistas alegam que lum novo pliblico dentro de tao. elevado padray 30 podera fe desitudlr quando, fora do ambiente universitario, se de~ Frontar cot a mediceridade do teatro comercial da Broadway fdas iemporadas de verao dos “summer stocks", nas quais Spenas os garantidos sites eomerelals sao. remontados com fthelguer estrela de cinema, mesmo que néo tenha felto um 6 filme om vinte anos. For outro lado, pode ser quo, tie Soom ‘publice execs uma Sntuenea devia saa Thre"o panorama comercial, prestigiando um teatro me hos paronizadn, exsingo eo pfadator aauilo que # Broa ‘ay lhe vem negende he vari anox Soo compo air qual Ya ses fotcu do ovo public, se € que date chesard a tet Mibu. Ate ano, as Universidaes, os grapos laos pe- iitpais Oc xpermentaltas da ork Ga Broadway eo = fortrios aa APAr do Lincoin Center'e da-ANTA.(Amer- Eon National ater Acsteny)continaatao Ytando para Sue olen) amerina sobrariva‘om out iano onde © Polley do dol nao see abeouto % claro que mio poders sobreviver sem @ vor do novo autor, Quis Wo ser em renovadores; iio ambét 36-0 tome fo dira"Alee, que comeron como im autor de vanguard, Poccuron um aninhataticonsmente steindbergulano. ab Nerever: duom tem middo do Virginia Woolf” retomenda” oro "tim quip delieadon™ At grandes eiperanges do fove tout, Jack Gelber, ack Richardson. Janse Del, LeRol Jones! Artur Kopi, Kenneth ‘Drown, Wiliam Hay, fa fatsnfam fragorocamente de encore’ a0 comercial da Brondvay. (Ma verdade, dos oncos” que conseguiram:so- tourer io cenro ta cidade foram Albeo Sfurray Sch Eni) Mas roves vos se famem owe, representando =~ Sita eva dos novo sutores Ronald "avel, Adrienne Ken Bev" Paul Fostes e Lanford Wilson, A. uniersiade de Minnesota editou una coleranea de. dls volumes de. peas Scpurinentais °- “Playwrights of ‘Tomortow® = Taneanae Sriyomes de Leo Ht, Rlcheim, Jumes Scher, Nek Borel Sarta"irone Komnes, Elinaeth’ Johnson, Negah Terry e ME Nay. Com covla ropercuia.excandalnbssurgla outro Mf no Pocket Theatre onde for cncensea “Ameren Hur Suite Fen Claude van eae. © joven autor enbalkars fom, o te Open Theatre (que, com’a cate La Mamma ¢ 0 EaEk cin, o"primetro ainaido por filen, Stewart eo Se= fun por Joe Cin, esta ta seranca da vangiards), 0 ono fate que Iaicsra “Viet Rock’ de Megen Terry, a= Te'peen due chumou a ateneo, © fol levada por Brusein tu ieiro de Yale. mate recente ecindalo da vanguneds Toi soa de Sichael Me Clure "he Beard”, (ave fot lane gata em Dezembro" do 05 pelo. Acar” Workshop de Francie, aner de chogar an Evergreen Theater de Nova ‘York emt outubro do. ano petsado, onde esteve em carina {tes ines), cn inguagem © méeaco levantarem pro- {tsfor eriando sever problemas, no s6 om a eens Bem tome poli. “The Beard testo de choque por excelen~ Sa oeupava os eattazes nos ti de 97 ao mesmo tempo que ‘ik Grete, uma pess de. Gertrwe Stein "gue st agora ie nha Scena tom rane aceltactn, no. Cherry Lane Theater oma gsase sempre acontece,w deseobrimenta do novo pode ir fois do tedenstrisnto do rata mccopseenite cm oocss anteriores award Albee Richard Barr, seu amigo produtor (que produ muftasie Suns peess O1trosdway e'na Drondvtay f Clinon Wilde, fundaram © Theater 67's Playwright Unis tma expéee de teatro do novo autor amerieato. No Cherry Lane Theater 08 novos textos sio montados para os autores; as entradas sio gratuitas, Atéres @ diretores profissionais ‘contribuem com sua qualidede, experiéneia e tempo material ensalam algumas semanas © as pepas sio montadas poueas vezes. Assim, o novo autor poders sentir 4 reagio, do. pl bilco © aprender, vendo a sua obra enceaada. Pode, também, Dedir para que se encenem apenas trechos de um trabalhe Treompleto. "0. grupo chamava-se' “Theatre, 1960" quando montou “A Bstéria do Zoologica”. Desde nto foram lidas pelos tris sécios mals de. dias. mil peeas.(eomo conta Ri chard ‘Barr numa conferénela: "Os. Problemas do Produ for"). Mas déste penoso trabalho surgiram vinte ¢ cinco flores. novos ‘Albee, mesmo contra a sun vontade, néo pode defxar de ger conslderado 0 lider do novo teatro, ‘le conseguiu atravessar a fronteira que separa o Cherry Lane Theater 4a rus 42 ¢ ocuper um lugar de honra ao lado de Tennessee Williams e Arthur Miller, que, por sua. ver, representavam a ontinuidade atistico-comercial em todo o seu esplendor de fachada e bom resultado de bilheteria, se bem que todos 8 fenam eserito peess que deram prejulzo. Em um artigo Publicado dias antes da estréia de “verything in the Gi en” (que Albee escreveu baseando-se no original Ingles 4 faleeldo ‘Glies Cooper) éle declaron que 0 futuro per= temee, 0s jovens, “da uma nova geracio de. dramaturgos esta dando as ‘costa para'o teatro comercial alim de trabalhar como quer, toda uma geraczo de pablico surgiu, edueado pata dife- Fenear o bom do ruim. B eu duvido que Isto pudesse ter fcontecido se 0 teatro ndo livesse batxado de nivel, ealndo ‘ha medioeridade. ‘Passo uma boa parte do tempo, todos os anos, fa~ do. com estidantes nos cOlégios do. puis intelro, e— a fo Ser que as suas cabegas enduregam tio pronto se for~ mem —~ eles sabem mesmo o que quer dzer teatro, Cone em Beckett, Genet e Pinter, sabem que éste teatro 6 0 Sinieo verdadeiramente conteniporaneo. Ples querem um tea~ tro que engaje e nao allene; querem ser sacudidos, no apla~ feados; querem que 0 teatro seja duro, Intenso, aventures- 9; querem perguntas, io apenas respostas, Sentem-se fofendidos com a maloria do que medra na Broadway porque fquerem tornar-te mais consclos de si mesmos, no menos. "A segunda geragio de. novos dramalurgos americanos est produzindo a obra mais interessante que tivemos no teatro amerleano. em muito tempo. Houve tambem muita ccolsa raim, maltas vezes simultdneamente.. Eles estéo in- {eretsadi, anda mals, nada megs, em mudar a face do tea tho, redefinindo a nalutera da experiencia teatral... pre- ‘mature prever, mas eu suspello que, dentro de. mals cinco fu dez dos, um novo tipo de teatro vai surgir nos Estados Unidos, e tera um publieo pronto para reeebé-lo. As ex periencias estio se processande, #20, multas veres confusas, hultas-veros fatham, e a Busca de movas formas pode dat A aparéneia. de uma dnabllidade para tratar as _convenclo~ ‘mas mio pode ser de outto jeito; uma sacudidela tio adieal sempre delxa multas coleas jogadas ‘no chio. ‘0 nossa teairo esti no eaminho da mudanea Violenta e, A superacaio da Psicandlise no novo Pierre Dommergues [Ninguém pode contestar que o teatro americano de apos- guerra fol mareado pela psicanalise, fato este muita veres fastimavel. Esta imprestao ¢ algumas vézes temperada, por Um elemento autentleamente tréyieo ‘em Tennessee Wil- Tiams; de termuira ou de fervor no teatro, de Leo Herlihy © de Paddy Chayefsky: ou, por uma. certa delieadeza em Wil- ism Inge, Mag a maloria das vézes o dramaturgo se con ena em apresentar “easos" elinieas ou para-elinicos — por texemplo, como o caso das duas irmas “fixadas” em seu jrmao ‘numa pees de Lilian Hellman, Em "A raz dos Bravos", Ar~ thur Laurents ehega ao extremo de introduie um psieana- Iisia em cena, -Assiste-se entao a um verdadetro desenea- deamento de processos psigulcos que podem levar ou no a lima methoria: do estado dos “pacientes”. A platéia & con Vidada'a assistir a éste espetéculo — experimentando multas vézes 0 ptazer doentio de um simples expectadar, ‘Um des méritos da nova geracio dos dramaturgos ame- ricanas (B. Albee, J. Gelber, J. Richardson, A Kopi, A. Weinstein, a. Sehgal, K- Brown, para mente citar os mats importantes) foi de se lbertay da psicanalise ou, pelo menos toniar em Telagao avela uma distancia necessiria. A primetra vista, pode parecer que a psicandlise alnda esieje Inuito presente: a palavra “terapéutiea” figura constante= mente ho teatro de Gelber © 2 norlo de “j0g0” no de Albee Mas a. grande diferenea ¢ que atualmenté a psicandlise nao @'mais um fim em si; tornouese um meio, Em “Quem tem Inédo de Vitginta Woolf?” George e Martha fo incapazes de er Um filho, mas quem pode sarantir que a vinda even {tual de um filho, ou mesmo 2 aeeltacao de que Isso ndo pode acontecer, vai por um térmo a lita tanscandental entre os ols? A psleantlise fornece ao autor o pretexto dramitico | Teatro Americano permitindo desmasearar @ personalidsde dos personagens ¢ ferer explogiy 0 absurdo de suse condigoes. Neo se trata de manera alguma de um teatro "doméstico" foealizando neuro- Ses Individuals. Mas entio por que €stes jovens dramatur- 4os continuam a utilizar a linguagem, 0s métodos e os temas 4 psicanills» em suas obras eujo eépitito e forma aproxl- Inam-se tanlas vézes do teatro europeu do “Absurdo"? Pode ser porque as preoeupacies da psicandllse moder nna se identificam com eetlas obsess6es anligas do povo ame- ‘lenno. Bem antes da expiieagao freudlans, 0 passado —~ sua ‘ausencla on sua presenea excessiva — ja figurava na litera- ‘ira americana’ "a infaneia™ sobretudo, assoclada por vozes ‘20 diabdlico (Henry James), © mais freqiientemente & pureza ‘nark "Twain). Senie-se nos autores amerieanos a necessl- ade de preservar éste estado de graca, de partir 4 procura ‘da Ingeénela — ao mesmo tempo gus éslao obrigados. a Te- ‘conhecer que a tniea realidade éa do mUndo dos adultos Dal esta dilaceracdo {20 esracteristica da literatura, ame~ Heana de ontem e de hoje entre adolescénela ea matu- Tidade, © inoeeneia ¢ a experiénea, 0 souho © a realldade, ‘a Irresponsabilidade ea responsabllidade, a evasio a0 ima- intro e & integragio na Sociedade. ste conflito central do Fomance amerleano déste ultimo séeulo reencontramos numa ‘cena importante de "Quem tem médo de Virginia Woolf? ‘onde os esposos, se aaridem om contraponto com_as pala- ‘ras “ilusio” e “verdade”. & a vordade afetiva nos Bstados Unidos — segundo panto de encontro com 2 psieanalise ‘Bio é 9 amor, mas o alo do anor, 0 ato-tabu, gato sexual Gesde Sempre assoclado b doemea, ao vomilo ou até mesmd A morte, A mulher impede o homem de se realizar mals, finda, ela o devora. A Amérleae sua llteratura estao’po- ‘Youdas de pequenos “eanibals™. Outro panto de contacto da iii shall inl il imine Alma americana com a psicanilise é a erenea enralzada na Sperfectibilidade", ou em outras pelavras, na “cura”. Neste pis de efledcia.e'de poder, tudo € posto a servigo do homem para sjudi-lo a se libertar do desejo da inoeéneia (“rere Silo” 2 infdnela) eu do édio & mulher (“eomplexoe sexuals) para realizar “o sono” — pot defini Ienos integralmente, 'Nio 6 pois surpreendente de reencontrar o novo teatro 15 constantes profundamente amerieanas que coineidem com ts preoeupagdes da pstcandlise; e, ao mesmo tempo reco- ever outros temas ~ ndo meuos especificamente america hhos — que se identifieam desta ver com 0 teatro europeu do absurdo, Por exemplo, 0 médo de se transformar em objeto, 4 angistia, ndo de sera vitima mals ou menos complacente de-uma ciilizacto do “gadget”, mas de se transformar Tite= rralmente em coisa, O personagem de Faulkner @ “abajus™ como 0 de eckett & uma “urna”. No novo teatro ameri- feano os personagens t2m todos qualquer colsa de comum om os “protescos” de Sherwood Anderson, reduzidos. @ 140 Ser mals do que time earleatura desmedide le um s0 de seus {acos, Médo do conformismo, pavor da petrifleacao, inquietu- le permanente diante da impossbilidade de comunicagio {ais sZo.as dominantes déste pals do superlative, onde 0 hhomem sofre mais intensamente de solidao’e onde, por con seguinte, Ge deseja to ardentemente 0 “contacto” — de- selo @ste que se tornow uma procura maniaca desde a época fos ploneiros, Fsses dados da vida e letras americanas {alvez ppermitam um julzamento mals objetivo da contribuigin de lima nova geraeao de dramaturgos, eujas preoeupacées, sem- pre profundamente americanas, coincidem, entretanto, — além dos pontos em comum com a psicanilise — com os do teatro eutopeu do absurdo, Kopit ou a parddia da Psicandlise “Papai, pobre papal, mamie te prendew no armésio ¢ eu figuel tao trstinno”, "0 Ululo da primelrapeca de “Arthur Kopit jé apresenta por si s6 todo um programa. Os, Dersanagens centrals: 0 pal, a mie, 0 filho ea filha As faracteristicas bem “psicamaliticas”’ a mulher & postessiva ‘como espisa mata o marido para melhor possuf-l, em segul- 4a 0 empatha, carreya-o em suas bagagens e tranca-o num fatmitio do hotel: como amante, atira-se sabre um eapitio ‘smitico e endinheirado que, aterrorizado, se aniquila a seus pés; como mie, inibe seu fllho de tal mancita que éste ‘nip congue pronunciar uma palavra comerada por M Sem dizer “Mama-myself" ou por P sem balbuciar “Papaplease”. Bem que morto, o pal este onipresente: ¢ um nome que @ espisa projeta sobre um filho reealeltrante, um manequlmt Sempre presente. Tentado pela jovem que, segundo espect- ‘leagdo do autor, usa as vestes da inpetacia, 0 fitho se revol- ta contta @ mie; cle chega mesmo a destruir as plantas due the foram confiadas pela mae; mas, rapidamente 6 re~ omiduzido 4 ordem pré-natal. Descobrindo, no final da pecs, lum cadaver de uma mea debaixo de wm monte de livros, Ae sélos © de moedas (o filho @ naturalmente um coleciona @or) “a imae exclama: “Explica-me, meu filho, explica a tua mile © que tudo Isto quer dizer Os: temas. psleanalitieos do teatro amerieano de apis ‘atlas presentes, Mas 0 tom nso é male solene e farsa. 0, proprio autor denominou esta pea de “fantasia freudiana,” (Nela, 0 inverossimel éa niea 1o~ lca. A parhdia ¢ rigoFosa. A'paicanslise ¢ rldicularizada. 0 Interésse desta “farsa tragiea” — multas vézes meciniea — Consiste em uum simbolo: marcas vontade de um jovem Gramaturyo de ndo tomar a. sérlo. temas e situacses que, ainda recentemente, formavam a trama do teatro ameri? Gelder ou a Psiccdrama a servigo do Drama © teatro de Jack Gelber parece & primetra vista o pro- Jongamento do teatro peicologieo, verdadelramente tna ma lesa err da nde dopa de Maceo, Avpeca apresenta quatro freqlentadores de um determined ‘af ue se enconttam numa certe hora, neste mesmo cafe com “am “paraplegico. © tum alcodatea., Come-see be? bese © empreda-se uma porgio de artifelos desti- nados 4 permitir que cada individuo exprima sua. persona Tidade. ‘Um dos personagens representa, num “30z0" que {mprovisem o papel Ge deatista, 0 outro de Pacien, 0 (2t= ceiro. de assstente, 0. quarto espera a_ sua ver para ser Stentido, Os “Jogos” se sucedem num. titmo Siablea: em oueos mintos ada um déles se transforma em um “abe bo", em tim “suenrex”, em um acionst, em. im Inset, em toile, em verdug.’ conforme a inpleagio do momento, Fro ae’ contracena eilé sempre implicado aa trama quer queira ou io, O proprio espectedor é agarrado © convi- dado a partcipar de "A Maca” (6-0 titulo da peea), & dancar ta sala, depois sobre o paleo, a lmprovisar not bragos de umn ds adres" Bim peineiio, tudo) pode acontecer— ai 0 home de “happening” dado a. éste tipo de expetdculo. Apa Tentemento estamos cm plena peicabiise som~sua ing fem, seus simbolos e sabfetudo beus métodos. ‘Enisetanto & impressto dominante do. espectador, como também doleitor na0'€ absolutamente 8 censagso doen gue rmultas vézes 0 teatro amerieano da década dos 60 sugerla, Ovespectador ‘nao tem jamais Impressao. de. espiar. pelo Duraeo da fechadura os sobressaltor mérbidos easados De Jos conflitos de uma pessoa eujos problemas <6 interessam 2 ela proprids Ble (o espectador) ¢ arrastado mum tuebllhae fronétleo onde os potsonagens procuram desatinadamente es- fabelecer com 0 seu préximo um contacio — seja qual fOr « qualguer preco. € precisamente. a multiplicidade dos Jogos" que "permite contacto. Representa-se 0 dentista para estabelecer com o olltro tim lago, se bem que muito Fragil; representacse da mesma. maneifa como” as eriancas Drinesm de dona de east ou de médico, A finalidade do autor no é revelar os segredos do *peqieno eu”, mas de ligar uma pessoa a outra. £ por éste motivo que Gelber esea- The 0 nome de "Mister Relationship” para tum de seus ‘per~ sonagens. ‘A obsessio do contacto se reencontta na primeira peca dd Gelber, apresentada em Nova York pelo “Living Theatre” fm 1069. 0 titulo & significative: “The Connection” — quer dizer 0 contacto, aquéle que liga uma pessoa a outra, & ver~ fade que 0 coniacto neste caso é um “fornecedar” de. dro- 1885, mas a droga 6, multas Vézos nos Estados Unidos, como © sugere William Burroughs, um melo de se comuniete. com foutra pessoa na medida em que, vitima da infernal “aritiné- flea da wecessidade”, 9 vlelado deve se encontrar regular rents com 0 seu “Tornecedor”. & droga ¢ 9 atidato da sl io; forea 0 contacto. Gelber acha que toe mundo procura sua droga (cloroflla, vitamina, acpirina...) para neutraliear sun insustentavel condieao de solidio © apaziguar 2 sensagao ae desordem. A utilizacio do eenirio as eseuras coneretisa fem cena esta Impressio de eaos, ao mesmo tempo que sali= enta a inutilidade de diversas tentativas Do ponto de vista formal, esta constatagio do absatdo e esta procura de contacto se tradusem por experiéneias que lembram as do “teatro total” ou do “teatro do absurdo”. 0 esto torna-se fundamental; a méscara é constantemene usada; 0s movimentos de cena slo dirigidos como num bal= lot; as projecies cinematogrificas integradas; recusa-se as ‘ntrigas; tenta-se a improvisio do ator e até mesmo do es- pectador. 0 espectador pode flear constrangldo com a mul~ tiplietdade de artifios pseudo-pirandelianos (uma peca den- ‘ro da outra, a intromissio do contra-regra, ete...) ot pelas manifestagies ingénuas de tm desejo de espontaneidade: os atores se interpelam pelo seus préprios nomes e multas vé- es dio até o Seu mimero de telefone, fas seria injusto ver neste genero de teatro sdmente um exercfelo da psicandlise aplicada. 0 importante 6 sobretudo a impressio de caos, a tontativa de comunicacio, a recuca de estruturas tradicionals —mesmo quando a infraostrutura dramdtea é tragada polos rétodos psleoldgleas. ‘Talvez um pouco desajeitado, mas sompre interessante, 0 psleodrama se colocon servico, do drama, Richardson ou o Triunfo da “Mom” A primeira vista, “O Humor de um Enforesdo” parece apresentar o problenia da ordem e da desordem- A ordem 6 iuitas vozes nostalgia dos valores “eternos”, hoje em dia ridicularizados; mas 6 também maloria das vives 0 en- rijecimento dentro do individuo, da_quotidianeidade, que a fopuleneis da sociedade moderna’ ainda velo asravar. 0 neto 9 ploneiro tornou-se, conforme a expressie do. soeidlogo ‘Whyte, "0 homem da'organtzacio". O espieto de inilativa 6 condenivel e condenado, © conformismo ¢ todo-poderoso, No escritério preenche-se os vinte e cinco exemplares do for- rmulitio autorizando que se enforque o eidadéo que nao é con- formista. Em easa, todo mundo deve ter os chinelos debaixo cama com as ponta digidas para s pared, Nese unl verso, de. ver em quando, surge uma revoltado: depois de inte’ anos uim homem nip aguenta mals dormir de barrige para balxo com @ mdo esquerda sob a eabeca; dle comets fentdo a colecionar ‘objetos julgades incites © se rodeat ‘les: sapatos vermelhos, um banjo com cordas quebrades, ‘ou um talisma que éle esconde dentro da gaveta entre dual pilhas de sua roupa de baixo Entretanto, mais do que s nocio de ordem ou de desor- mais do que a trajetoria para a ordem ou desordem, 0 fssencial neste caso é/a pessoa que. Inearna a nocio ot impoe a trajetoria, B esta pessoa ¢ fatalmente a Mulher, ‘unia prostituta qué obriga un homem au esti calmamente za prisio a aceliar a desordem; depols de uma luta eplea e dieula -prisionelto acaba cedendo. ant pedides. da mu- Ther que-© Govérno impoe a cada condenado antes de enfor~ carlo. Nao & de surpreender dentro de um contexto ameri= feano que a desardem seja neste caso o amor fisio, inearnado por uma prostituta © imposta de fora. A psicanalise esta to- fatimente ‘ausente desta ‘obra, a. nlp set numa questdo, a Insisténeia no ato Sexual que alias 6 uma velha obsessdo pur riteng Ja fundamental em Milton, “ ainda a mulher que dirige a segunda metade do espe- ticulo. Agora ela incarna a ordem: ¢ a tradicional “mom” Americana, heroina dos grupos planejados, musa. dos "ga iets", ralnha do far — que foi ensinada a fevarar 0 homem mies de 9 digerit-ou de vomiti-lo. Impede 0 "homem re vollado” de se liertay da rotina, de abandoner as boa mia~ helras, 0 convite ao Jantar e A’ hora marenda como den tista. Comecam ai as cenas de humilhacao — tao freqlentes hho jovem teatro amerieano ~ entre 0 easal: ineapan de eOn- cretizar wm desejo, por meao® que seja, transformade em ‘monininho, repreendido por uma mamie insalisfeita, o ma do acaba retomando camino eetto que & espasa Ihe indica €om um esto autoritaro, ‘Av desumanizaeio (tornar-se coisa) do homem, a re~ ‘eusa das convensses, a impassibilidade de agir (em presenca flo sua mulher 0 marido nao pode nem abrir a porta da ¢o- nha) sio de certa maneira “sexsaliradas” — nao porque Sejam explicadas por um comportamento sexual, mas porque io regidas pela dominagio de wma pessoa que’ sempre do Stxo feminino, No teatro de Beckett os atéres tanto podem Ser homens ou mulheres 20s personagens sao asexuados. Os de Richardson — se bem que também reduzidos a uma condi- ‘9 Tidicula —‘sio, ao eontrétio, dotados de um sexo per feltamente. diferenciado. A mulher petrifiea 0 homem, 35 elagies entre Ges sto humilhantes e'apeser do ridiculo das Hinagoes e dos didlogos, o tom € sempre agressivo, ‘Trata-se Tealmente do humor de um enforcada. O comico esta sempre no limite do trazico, com o qual se choca multas vézes ou pode-re confundir. 0 autor qialifies esta peca de “tragi- Comédla”” —sem trago de unigo, como tle proprio o deciara fnum preféclo onde expoe sua intenezo de comover até a0 riso fou de fazer Hie alé a6 lagrimas. B déste ‘chogue continuo fentie o riso e.a emocio que surge ésto aeréscimo de verdade ‘que parece ser uma das earacteristieas do novo teatro tanto hos Extados Unidos como na Europa, Edward Albee ou Teatro da Crueldade Mais do que Richardson, © menos que Gelber, Albee & ‘gualmence vitina de um impedimento psicanaltico, Em suas petas o "Jogo" também é indispensavel — jozos dé palavrus ‘ave ligem paginas inteitas de Fesposias segundo um peinel- plo de livre associaezo; jogos de comportamento que f0r~ fRecem a propria esirulura da peca: representa-ce 0. papel fe um vetdadetro assalto aos convidados (com a intene ‘de desmascari-los). O passado dor personagens ¢ a propria fonte do. tema: nada ¢ poupado sdbre a Infancia. real ou Imaginssia de George nem sobre os problemas de, Martha: insiste-se particularmente em sew apégo 80 pal. Entretanto, 4 diferenga entre Albee © Williams, por exemplo, 6 que 0 ‘autor nao procura mostrar o deseneadesmento de uma news Tose, mas" partindo de dados psicologicos (a situacao de ‘um éasal) e socloldsiens (ambiente fechado de uma universt- Gade americana do interior) — dramatizar a vontade de Inelder de um easal cansado de mentiras, Tanto em “Quem tem médlo de Virginia Woolf? onde o problema fundamental 60 da avider da verdade, como em “The Zoo Story" que foes- Ilan a necessidade ancestral de comunicacio com 0 outro, fates objetivos 46 poderio. ser atingidos se se estabelecer fentre os protagonistas relagbes de uma erucldade inolers- vel A luta contra a hnipecrisia constitui o tema contral déste teatro. Com efelto, os “jogos” petmitem jorrar uma verda- de “psieanalitien” (ineapazes de ter um tllho, George e Mar ‘ha inventam um) ou soclal (Nick e Honey hao podem mars Serefugiar auras de uma fachada da indierenea formal em Felagso aos outros e a si proprio). Mas, na maloria das vézes, slo verdades situadas além da psicologa de onde, entretanto, elas ‘so trades, Sto consitagdes inlinamente mais vastas Sobre a condigay humana que suryem, quando pessoas se en frentam sem estarem armadas dos hibituals escudos para se defender. Honuncianda 4 existencla do filho inventado, Ma tha e George renunelam igualmente. ao ideal de petfeleao ‘que Sle incarna — a perfeiedo fisiea e espiritual que repre= Senta, 4 crenca fundamental no progresco que dle: simboliz, 4 luusio (mentira) em oposicio 8 realldade. = a ilusdo em ‘Albee & em parte “o Sanho americana”, denuneiado desde sun primeita peca que tem ésto titulo — 0 mito das terras Virgens do Oeste e nas possiilldades ilimitadas do. indivi ‘duo, ste’ sonho, em'sua forma mais romantica, torna-se a 4hs inaccessivel, sltuada no meio do eaminho entre 0 real 0 imaginario, impregnado de nostalgia com a qual J8 so- hava Huckleberry Finn; 1é fonge, as margens do Missis- sipe, 0 adolescente branco podia se’ comuniear com 0 neato, eeiconirar para’ sempre © Snocénen perdida na vida de ste sontio americano é incarnado no teatro de Albee por um Jovem! um otfao, dotado de grande beleza fsica, as- Sociado com @ morte, Algumas vézes éle nasce em condicies miseréveis, morre jovem e tudo acaba mal. Outras vézes, 20 contrétio, éle se desenvolve perfeitamenté 20 plano isco, Ias se réconhece,“incompleto”: dle se sente eomo separadd de um outzo "eu", como se tivesse perdido desde 0 nastl- mento um irmao gemeo; sente-se dividido, ineapaz de amar; no conseuo estabelecer relagées auténtieas com ninguém. ode acontecer que este jovem nso possua existancia mae= ial; trata-se de um filo inventade como em “quem tem mmiédo de Vieginla Woolf?” 0 simbolo do “Soaho Americano” também tz pouco visivel como © proprio sonhe, ‘A mentira, o sonho, a iluséo, — slo arrancados de den- tro de st pelos proprios personagens no decorrer de. cents de’ uma violénela quase” insustentavel; chegam mesmo a enfiar_as unhas na pelo do adversaro, © despedacam-se”da ‘mesma manera como vemos Honey se atirar sdbre a. ea rata de conaque e esfacclar sua eliqueta, O iinieo ela nic tentico é 0 da crucldade e da humilhacdo — humilhagzo. da velhlee como no “Sand-box"” (um motorista, transpar a6 em ma carreta com grande brutalidade); humillacso Taclal (n0 ato dedicado & morte de Bessie Smith); humilha- ‘fo fisiea (o yémeo do “Sonho Americano", eqyoo ndo coin= ide com o Weal, se vendo x6 castrado. mas amputado de Yados os seus membros); Iurmilhacao protissional que’ Ceot= ie se ve obrigado a suportar dlante de um jovem colega; hhumtthagio sexual enfim, que esté no amago déste teatro, como esta, alls, em gradacdes varidvels, em t6da a literatura americana. ‘esimo sutil da ‘mom” amerieana, Martha sedue ‘© rapaz diante de seu marido, lova-o até & eorinbs, e quando ‘olia para a sala clama a quem quiser ouvi-lo & inipaténcia dg Jovem professor, opondy. x raga dos, hotmens-froxxor (flops) & sua, a-da Mulher, da Terra, da Mae, da Forea. ‘No final das reunides, das quals até o marqués do Sade sairia palldo de horrror, 'o contacto tio desejado. 6 enfin fstabelecido, Somente depois de trés horas ¢ que Martha, fesgotada © Ideida ao mesmo tompo, renuneia 4 existéncla liusoria do sho esl. ‘Somente depots de ter obrigado Pe- ter, © pequeno burgugs amerieano enconeradg. ‘no. Cental Park, a'fazer uma confissio de sua propria vida seguido de um questionario que mais pareee uma inguisigao, € que Jerzy, oveterno vagabunde de "Zoo-Stors", consegue se cominicad oi Peter, bajulando-o, fazendo-Ihe cocezas, empurrando-o fio baneo —e sobretado obrigando-o a cometer’ um hom ‘idio com um eanivete, sobre o qual dle se precipita, mur Iurendo: “obrigado”, Reencontramos aqui em filigraia, un fios temas subjacentes em tida literatura americana: © hhomosexualismo, enquanto meio — um dos mals seguros — de'se comusieat com 0 oul. 0 teatro de Albeo — assim como o de seus contempo- rincos — Tirma-se sobre dados_psleoldgicos Indestrutivels, porgue correspondem a constantes da. alma americans, Mas A psicologla nao esta mas no contre da realidade teatral. E a psleandlise nfo é mals o objetivo supremo, mas um meio ue permite dramatizar a condieao do homem, mais do. que ‘nunca ameaeado pelo conformismo de uma socledade da opi Teneia, tentado’pelas solugdes ilusbrias c reduzido a mais ‘nexordvel solidio. (0 jovem teatro americano esti em viss de adquirie uma antonomia e@ uma. personalidado incontestéveis. Esquemas ‘speeifieamente amerieanos tomam forma: o eulto do dal £0, 0 “momismo", 0 "sone amerieano”. A estélea. eu do groteseo, modifleada por uma teeniea de eabaré, sobretudo fm Gelber, val se juntar as Zones mals protundas da Iite- Tatura americana. A concepig perigosamente estitiea do {eatro eurapen do sbsurdo ¢ quebrada pela. reintrodugao de lum fator ‘temporal (so necessérias tres horas para aque George e Martha se tornem hieidos) e de um esquema dini= mico. as situagses so Invertem no docurso «das pegas de Richardson. Ao ledo da angistia reaparece uma certa espe= ranga. 0s jovens dramaturgos amerieanos tentam, & sua. manel- ra, sait-do impasse: recusam a ingenuldade dos engaj= imenigs politicos da. déeada dos 39, permaneeendo, contudo, onscientes da realidade social, Evitam a secura do teatro Psleanaitico da decada dos 30, mas sabem trat provelto das fescobertas enriquecedoras da psiclosia. moderna, Desem= baracado dos excessos do realism politico e do dodmatismo alitic, este novo teatz0 singe mules véses dimen ses de lucder e de crueldade que no podem passar desa- pereebidos. Sau Albee, Processo e Tentativa Resumo histérico do teatro americanoa partir de 1920 Rubem Rocha Filho Entre duas Guerras Desde a déeada dos vinte, ha amplo protesto, incontor- mista gritante, pata elile dos intelectuais © artistas norte- Americanos. couitra a conformidade. opressiva, bem com- porta e fatsa daquela socledade padronizada, ostensivamen- te ploriosa na sua. medioeridade de eapirito, Era, ein éssen~ ia, um grite soclal, uma rebelio de detcontentes. contra Imaguinas'e délares ¢ Seu produto legitimo: a "homo boob ens’ de Mencken, 0 Babbit” de Sinclair Lewis Son ‘quela hora, a turbuléncia do industralismo impedizi a con Enuaeao do velo de aute-descoberts e deslumbramento que Walt Whitman representa com seu egoismo adolescente. © feu pionairismo de raga e tetra. Esta linha, prossegtida quase palldamente por Sandburz oy Frost. di’ vima medida fle vitalidade © auto-reallzacio de. um povo aio mais exis- fente nos anos que seyuiram a Primelra Guerra. Quem eram, porém, Estes expoentes que primeito sen- tiram a Impossibilidade’ de sobrevivencia? Nao se tratavam finda de impaetos eausados par um mundo inaceitivel pelo mmarasmo asfixiante de uma’ comunidade lea e morla oy pela incomunieacio existencial dos homens, ‘Tals problemas Surgiram mais tarde e s6 agora se igualam aos debativos ¢ Villdes no espitito criador europea. Antes, era um fenome- hho americano exclusivamente, so inferpretivel & luz dos anos de “Big Money", como John das Passos designod. Ate ento, sies Inteleetuais. apenas. se Identifienvain com um. desres? pelto aos demiurgos do tipo Henry Font ou Calvin Coolidge; Sablam da existéncia de Bertrand Russel e da persesyieso arbltraria dos “trustees” universitérios: compreendiam John Dewey ea eduezeao progressive; desprevavam produc maciea de Holywood, nias admiravam Chaplin, Strokeim, Lac hitseh, como estavam ciemtes do suiedio que 0 dinhelZ0 for fava aos mals brilhantes talentos artistas europeus, lam Joyce e Proust, vendo Cézanne ou Renoir, colecionando mé vels coloniais da Nova Inglaterra, ouvindo “negro spirals” F Scolt Fitzgerald. 9 arguto satitico de THE GREAT GATSBY, descreveu tragleamente esta gevacdo_ que primel- ro sofreul 9 impacto do que, hoje ainda, como ligar-comtm Simplifieador, € eonslderado’ 0 espirito norte-americano, ext seu Tomance THIS SIDE OF PARADISE: “Aqui estava uma hhova geragao, croseida para achar morios todos os deuses, fravadas todas as guervas, abulada {ida a {6 do homem” ‘Mas, na verdade, porque temlam, propunham e por. due utavam gstes intelectuais © artistas) J4 enta dlstanciados do pico {elirico que of prevedera e possibilitando a previsso fa anglstin fundamental que relnaria. no outro apos-guer- Far ‘Aereditavam uma ‘melor bherdade sexual, cua impor tnela fisiea e psiquies, em oposiedo a0 puritanisma sem= pre hipéerita e ilatorial. Abominavam. qualquer melo de Festriego a Iberdade, soja legal ou religiosa (tantes. vézes Ientifieadas em constituieses estaduais), ou-a simples’ exi- iénela ‘da purera moral tntima através de ebdigos elvis. A Ialoria era de absoluto ‘etlelsmo.religioso, sem” 0. senst~ culo, mas com uma calma rejelcio de téda a velba teolo- ia.” Mas, antes do tudo, se caraeterizaram pelo menaspré- to ao “burguesismo” conveneional o toda as suas manifesta (es pré-naaisias, da consura a0 Ku-Klux-Klan, ¢ pelo me~ Go do efeito sobre éles proprios e sobre a cultura americana dda erescente producio em massa, da miquina alerradora € ‘monétona, que os sufoearia io provesso da rezimentacao es tandartizada, 0 MODERN ‘TIMES de Chaplin ttadus bem ste perigo; € a fabrica transformeds em prio, as mull des em rebanho. Como sempre, o teatro tudo retratou. Jé néste ponto atinginde cus maioridede, a dramaturgla norte-ameriean mais do que outro melo, partiipou os debates, hesitagoes © fomadas de posigdo. Eugene O'NeUl ¢ grande demals pa Ya se enquadrar em oxemplificacoes de uma geracio ou de lima alitude social. 0 getlo por excelencia dos mitos ¢ sim- bolas, O'Neill ulteapassa padroes e desalla eorrentes: seus defelies sio demonstragées de téda 2: Impulsividad= de. um animal em movimento, seus excessos 520 arroulos, menos a América conflitual’ que do homem perseguldo pela tr Tanda onguigua, pels Yirgindade, a obsess do maP, os Amores incestuosos, So aspectos de suas traxédias llustram gue dizlamos (como 6 STRANGE INTERLUDE, 1028, uma ligho de 5 horas de psicopatolozia), mas s montsigem suces- iva de sua obra demonstra melhor o interésse despertado pelo protesto implicito de cada personagem, pela megagio veemente de tudo produzido pela banalidade comum. Nao ‘izemes, contudo, dentro de ftosso respelto a O'Neill, que ‘Suns pegar ojam perfeltas obras-primas. Suas falhat S40 ‘agora’ de féeil diseustio, Talver 86 A LONG DAY'S JOUR- NEY'INTO THE NIGHT soja inatingivel a qualquer ataque. As outas, na perspectiva do tempo, mostram 0 eriador as vézes Fedundante, frequentomente. confuso eincapaz, mas Sempre inesperado ¢ vital. Sua violencia e abstraeao cindis- eutivel defelto de linguagem que leva 0 artificial, preten. tlas0, perdido) mostram as frustacoes do sucessor ‘de Tbsen © par ide Strindberg. De. todas’ os motos, de 1820. (com BEYOND THE HORIZON © DESIRE UNDER ELMS. até 1933 com AH, WILDERNESS!) O'Neill fot apresentado sem interrapezo Hi nomes, porém que se ldentificam por completo, 20s temas da ¢poea, Sidney Howard, ‘Robert Sherwood, Blmer ico, Maxwell Anderson, Lilian Helman ¢ Cliford Odets 60 os mais dignos de alenes0. Cingem-se 10 intimamente 9 Seu_ tempo, as véves s6-com a habilidade sttesanal como base pata uma estrutura de erdnlea ou, 0 que ¢ muito pior, de suma de verdades universais, que poucos trabalhos indi vidualizados ‘destes dramaturgos podem resistir 3 andlise criliea ou a0 piblico de hoje. Os que eontinuam a eserever Aalé agora nos Tazom ver a5 limitaedes fundamentals que oF ondenam a um passado Irreversivel- Lillan Helman, por exemplo, talvez a mais presente de todos ¢ que, mals como figura historia, ensina no Departa- mento de Drama da Universidade de Tlarvard, compareceu Imelancélieamente. 2 temporada de 1060 na. Broadway com TOYS IN THE ATTIC que em nada se compara 8 originall- ade vibritt ¢ corajosa de THE CHILDREN'S HOUR (1984) fou LITTLE FOXES (1038). Maxwell Anderson, por sia vez, fereee respelto por sas ‘inteneoes ¢ sempre. provada, i ependeneia, mas sua fsacio et conseguir g podtico atra- és unleamento de versos, suas tentativas de tragédias his {éricas de ranco.qannunciano, seu pirandelismo mal. assi~ mllado, tudo redundoit numa fathada pretensao ética ¢ es- {étlea. Chiford Odets ¢ o mais talentoso e ousado dramatur- go no desenvolvimento de temas socializantes. A. grande Aeprevsio Ihe ajudara confirmar as teses marxistas da classe media (LOST PARADISE) e da Iuta de classes. (WAI ‘TING FOR LEFTY ¢ AWAKE AND SING), 0 que 9 faz mals coerente com o momenta vivido e sua imerpretaclo. Usan~ fd um senso de medida © uma mestria de construeso de Sito valor, Odets mutes abandonoa, pela, simplifieacio a fieal ou 6 prlmarismo. da mensagem, a forca dramatica, 0 ealor poético, a linguagem humana e viva, Erie Bentley, Sempre exigelite © agressivo, nao poupa elogios a Odels, real fando 0 uso imaginative dg disleto, da lingua falada, como flemento primeira de. sua. funclonaiidade e. poesia {sia eatreira até quando Holywood roubou. da roads GROUP THEATRE do eritico ¢ ditetor Harold Clurman (au~ tor de obra indispensivel para a comprecnsdo e analise da- quele periodo, THE FERVENT YEARS) fol o responsavel bela projecio\do Jovem Odets, assim como tlustrou a meltor alitude profissional nos outros ramos do teatro norte-ame~ Hleano, da osedlha do repertorio © dos diretores a adocto los métodos do" Stanislavski, Robert Sherwood, assessor « ghost writer” de Roosevelt, exemplifiea melhor do que ringuém os problemas do dla ea ‘az do teatro em rol Ae solugoes. "Suas.aUiidades politieas si0 um todo caeso, ‘nde 2 obra teatral ustra e apoia. suas idélas, Digno de Tespeito pela firmeza ¢ exceléncia de intencoes, 0. drama- furgo hoje é mera figura de referéneia documenta ‘For todos éstes anos, 0 que nos admira teatralmente & f capacidade de adaptacdo de um talento habilidaso e bem= Intenetonado, Cobrir as erises que afligem 9 pablico de um outro apés-guerra, participando.ativamente de mudan- fas e flutuagoes, mostZa signifieativa compeléncia. tecnica, Wilatidade de espirito e atuacao historiea. Um exame rapido flo ue eseroviam os dramaturgos franedses e ingléses nes te. periodo evidencia flagrante indiferenca em Telagio. a da lita socfal, A atitude académica estétiea de um Monther= Jan’ ou ‘a Teveza.espirituosa e Inconsequente de um Noel Coward 86 se explica na softida extennagzo européia, e tam: {o contrast com as testes conturbadoras de ha ei ira. am Tormacao, Arthur Miller e Tennessee Williams Na segunda fate de um processo de criagio coletiva em que, refletindo as aspiracdes © angistias dos que assis- tem, também atuam sdbre elas e as desenvolvem em novos padres de anillse social e humana, dramaturgos como Arthur slilier e Tennessee Williams patentelam maturida- de dramitiea, recursos de meios cénieos e ampla gama de temas em que se reunem vitalldade, competencia ¢. poesia. ‘Ambos tem obra irregular (espectalménte Tennessee Wiliams ie esereveu maior mumero de pogas em pouco tempo, cer ode efeitos gastos ¢ de seu nome), mas em dado momento alcanaram, com dots dramas, em particular com dois per~ onagens, das consecucoes mals brilhanies, verdadeiras lngentes déste seoulo, A STREETCAR NAMED DESIRE & DEATH OF A SALESMAN slo trabalhos maiores, ‘Téenicamente, os dois, em linhas gerals, se edulvalem, Mesires de uma finguagem fluente, vibrat, essenciaimente teatral, conseguem efeitos de vida's0 prejudicavels quando Miller s6 arvora a um lirising lapso, ehoroso, ou Tennessee Williams se perde em excossos histerieos, om sensacionalis= mos gratuites, Comprovados escritores. de. paleo, seus tex- tos tem rendimento superior a mao de difetorés e atdres eetogorizados; a simples leitura, comtudo, nos indica & ha- Dilgade de earpintaria eo etidado lento na foltura dos ontos de climax e na construgio de personages, Quanto as idélas, 6 simplifieador demals repetic que ‘Tennessee Williams ¢'o pocta ¢ Milles socidloza, A pera ds um ato de Miller A MEMORY OF TWO MONDAYS, como ‘evoeatao de saudade, liismo de ambiente, carinho para com fs velnos empresados e identticacao do herdi © autor quan~ do Jovem, nos lembra de imediato T. Williams eo Sul tis ‘te, mesauiho, desesperado e patético, A VIEW FROM THE mento e desespéro entre a Sicilia faminta e a "Big City” aterradora e implacivel, fonie maior de seus problemas. A ramitica primeira se deflagra daqucle estado quase ‘Obeessional em continuar a vida de trabalho naquela Terra de Promissio e com lato malar a fome das criangas e da mulher que nao vieram. Mas todos. participa da dor de Ed Carbone @ sua fixagio de dominio sobre a sobrinha, as- sim como a dnsia sexual da, esposa ode. tOda a varledade de planos que a atltude do. jovem namorado pode susctar ‘Ale’ mesmo em THE CRUCIBLE, onde a ambientagio his- {rica permititia meltor a iimltaea0 do drama social, a re volta anti-macartista é vivida poF gente real, nervosa, que Tuta'pelo que ama, Por outro lado, 6 Impossivel dissoclar ‘7. Willams do ‘meio sulista ‘norte‘amerteano. 0. proprio titilo de alguns 4e seus trahalhos, como SUMMER AND SMOKE © WAGONS FULL OF COTTON, mostram sua ligacto com o ambiente que se enquadram na falta de. perspectiva, decadéncia.In- ransponivel, no cansago imagistico de aspiragdes frustra- das € sonhds mortos, que permelam suas pecas Seria talver indieado notar como a jinteligéneia. es- querdista se Identificou tZ0 avidamente com Arthur Mille, entando até agora ignorar ou subestimar os valores pura ‘mente intimos ot mesmo neuréticos de sua obra. Aquéles fue vicam em A.VISW PROM THE BRIDGE so a tralcio Ga miseria, em THE CRUCIBLE sé 2 inguisicgo puritans patalela A comissio de investigagoes anti-comunistes do Se nado amerleano, oem ALL MY SONS 0 explorador capita~ lista usando a guerra como luero, fiaram confusos 20 de arar com 9 toteiro einemalografica de THE MISFITS, onde ‘beam tanta densidade de simbolismo e estranhera de com portamento humano. Howard Fast, porém, {ol categorico 20 afirmar que todo o psicologismo de Miller era sb uma ortina de fimaca, por Ser impossivel na Amérlea de hole falar. franqueza "social: "Conheeo muito, bem a5 aedelas ‘Que pesam sobre Arthur aller para trabalbar na Broadway, ‘durante a guorra fri Glo deve lutar com téda sua Inteligen= fia e habllidade para sobreviver como artista; 6 menos Sua fraqueza do que as proibigdes dos tempos na, América que 9 forcou a depender’ tanto do confito neurctico inter~ fo. de_ seus. protagonistas” (THE DAILY WORKER, 8 de rhovembro. de" 1953). Mas, quando confrontamos Blanche du Bois e Willy Loman, t despello da base soclo-historiea que é componen- fe dela eda forcaInmana que transeende dele, somos Obrlgados a reconhecer o histo enite as diss eriacdes. 0 fntinismo de Blanche a fez universal, mats forte que tages as sociedades e époeas, enquanto Willy Loman carrega em SI tOda a classe média americans, seus deuses falsos, seus padries falhados, 2 irremediabilidade de uma estrutura. s- te novo Babbit, pesado eansado, chelo de sonhos perdl- dos e que vé na velhice a plor dat maldicées, eaminha pa Ta a loucura e a morte, sem mesmo que seus filhos possara com a "personalidade” ¢ 2 "comunicabilidade” se tora? herdis do Novo Mundo. Os dois protagonistas vivem a ho- ra em dle os universas se esfacelam ea realldade of ma: {a ow enlouguece, Mas se Blanche é epitome de alecolismo, Ansla sexual, misteria, homosexuaiismo, ete, Wily Loman fenearna o désemprégo, a falta de dinheiro ‘para o seguro, fa ingratidao de toda. Sociedade, © yerdade que’ Blanche vem de uma “plantation” que um dia fOra riea e que Willy Loman tem com o seu filho uma das conas mais tocantes do teatro moderno, mas na esséncla os dois se contrastam em ‘tragédias da eomtnidade e-do hiomem e acenam com a ne- de de uma sintese de erlagie Albee Esta fusio crladore, que levaria 0 drama americano ‘ao plano mais rico e completo do teatro de hoje, & tentada por Albeo. eed demats, pelo’ que temds em’ mio, para poster tahto na vitdria déate novo autor. Mas um de seus Wabalhos, THE. ZOO STORY, ao lado de multas falhas, 4 primeira tentativa valida para dar forma esta exigencia ‘tual, mals completa e necessaria ‘Suas_oulras pegas que comhecemos~nio eausam total fentusiasme, mas denolam o principal: contetdo humano, Senso eritico da socledade eas aquisieses tecfleas mais. n ‘var do palen, Até agora, a8 conisibulgoes da vanguarda eu ropeia, de Jarry a Tonesco, passando pelo expressionismo alemdo, 0 distanciamento de Brecht, os truques de Adamov ‘ow Pinter, foram relegados a um segundo plano na di maturgia.‘norte-amerieana,Eram_prescupseges. inovadorey que nao atinglam as necessidades de uma evitura ainda com {anta vitalidude para explorar e transmitir. Na Europa, 0 fesgotamento dos Fecursos realists, com sua intrinseca par Helpacio seclal, é paralelo ao eansago da intelectuatidade, em particular na Franea e Inglaterra, Talvez s6 agota om au revitalizagéo. da. Uteratura’inglésa pelos “angry young men”, uma narragio linear e um tratamento eétic mais direto venham vigorar outra Yer. E exemplo Géste proces: 50 0 que se passou ha Irlanda has ultimas deeadas. Vivendo lum momento” séeip-poliien Ja ullrapastado em quase toda 2 Europa, a Telanda Tancou mao de um teatro nacional que podemos ‘omparar de varios modos com os movimenios ‘de Independénela socializante de ‘outros paises Albee faz de THE DEATH OF BESSIE, SMITH um pro- testo social nerrado brechtiamente, Com “flashbacks", ev cages, luzes expressionista, esquetiatizacio de eanario. ele mostra um hospital das cofeanias de Memphis, no sul_ dos Estados Unidos, onde a ume negra que sofrea’ um acide te serio ¢ recusada asistencia. A peta especifica ate o dia ado —'26 de setombro de 1927 —- mostrando hocil 0 realista do autor. Como é trabalho de tim ate, nao Ing tempo para maior caractotizacio de personagens ox eom- pleto uso de situagdes, mas o que ¢ esbocada dentro da ra= Didez e interrupelo sucessiva das sete cenas & inteligente @ verdadelro, THE AMERICAN DREAM mos decepaonot ‘muito. Na veia humoristica do “non-sense”, explorando t0- dos os truques de livre-associaeao, cons dé palavras, Jogos {de absurdo, “Albee imite as primeiras (e talver meihores) pecas de Toneseo, Mas ‘sta idéla.iniclal ‘nao se” sustenta or todo um longo ato. “A pega é eansativa, obvia mullas Voves, raramente engragada,, Nos anos de 60 © G1, Albee preparava uma peta agora iontada em Nova Torque: WHO is AFRAID OF VIRGINIA WOOLF? 0 titulo ¢ um aghada feliz, aguardamos ansiosos. a oportunidade de vé-la. Tam- bbém' naquele tempo, Albee. trabalhava nin dos. mals fas- einantes” contos “da literatura norte-americana. THE BALLAD OF THE SAD CAFE, de Carson Mecullers THE 700 STORY é 9 fusio harmdnica de dois pro- tétipos. Bncontramese, com violéneia, os simbolos do. com= ortamento edo incoformismo, da riguera ncomodada € do protesto ‘mal alimentado, do homem que perience § clastes ¢ padroes do Tebelde aeusdo que ve, nega © st fomite, Todos os problemas se fundem nos planés de essen= cla ¢ existinets to homem, e na via sdelo-econdmico do Estatos Unidos de hoje. Sem oposieao. ou quebra_ dram: tia, Albee nos Janea no, confit do. que & conhecida” come “upper Bast Side" e 0 “upper West Side” de Nova loraue, ‘20 mesmo tempo que sofremos com » ineomimicabllidade € fnsla de amor de tum homem no mundo. A. ago tem poucs Importineia: Peter 6 seatado nam haneo do Central ‘Pack, fur ‘domingo de verio a tarde: chege Jerry que acaba sitar 0 Jardim Zaoldgleo; Jerry forga, ‘via. conversacio fam que logo as diferencas sociais sio patenteadas, assim como a insatisfagio, 0 grilo neurético, incontrolivel ¢ exaust, que deixa ‘entrever ‘o fim das relacoes de Jerry om os’ outros. Num crescendo de dislogo, ou melhor, de hartardo de experigncla quase surreallsta da parte de Jerry cchegam ao absurdo pela Tuta de posse do. banco ‘© elas edcegas em Peter; éste, num final em que 0 patético © erifieado por iaivos plegas e melodramilicos, segura firme luma fuea contraa. qual Jerry se langa © morre. D. Hi. Lawrence parece ter eapiado a reagio do. bur- gues por exceléncia naquele mundo de capltalismo. flores Gente em que vivera: "Como o burgués @ animaleseo, espe- flalmente -o macho da espécie,. Faca-o encontrar a hhova enoedo ott daparar com a nevessidade de outrem, 1 2 chegar & menor difiewldade moral, ‘Deixe @ vida’ Far-the uma nova exigéneia a sua composicio, E, entio, ‘ebserve-o desemabido e frouxo como um merengue’ molha fio; confusso do idlota ou covarde, confrontando-se. com lum novo desafio a sua Inteligencia, uma nova exigéneia ¥i- tal". Tstas palavras deserevem o ‘comportamento de. Peter por toda a peca fle se atem a morar na rua 74, entre as Avenicas Lexington e Tetveita, a possuir dois aparsthas de felevisfo, um para as duas erlaneas, duas filhas, cada uma ona de'um periquite guardado numa gaiola no quarto; ele chefla uma firma editora e ganha 18 mil délares por ano; hha sua conceposo, um po da aparenele de Peter so pode orar em Greenwich Village © é lmpossivel. nao existir fotograflas dos pats ou de uma nimorada para’ se colocat fem duas molduras vasias. A problematiea de. seu mundo € exterior is cxigéncias intimas, Desprovido de vivéncias Ge desafios mortals, Petes, pela primelra ves, naquela tar= de no parque, se conironia com quem ousou Yer 0 mundo absurdo, cruel, doloride daqueles que vive Intensamente e"alma aberta e sensibllidade acorda ‘Jerry vive outra realidade. Socialmente nada bé de m: diverso do’ que sua morada: vmna easa de cimodos (destas mmarrons, sujas e velhas), quarto andar, de fundes: me= fade do quarto dividido por um tabique; do outro Tado um pederasta negro de denies padres © quimono Japones passa © dia todo de porta aberta cuidando das sombraneelhas, em onventracdo.budista, no quarto em ftente, uma enorme amilia’portorriquena, ‘no otra uma pestoa ‘nunca vista Os ohjetos pertencentes a Jerry também deserever seu ¢ ater: poueas roupas, artigos de toalete, pFalos, coos, tt theres, a5 molduras vazias, im batalho de\cartas porno fleas, uma maquina de esczever que 36 bate ae maiiceuias, ‘uma axa eom pedras da praia e algumas eartas. Sua rela ‘Gio com os outros 6 tortuosa, maravilhnsa, sofrida. Confes= 42 que no v0-a mesma garota mais de uma ver; gosta de fazer sexo com elas, mas nunea repetix. Num momento de ameaga ser 0 uinieo tonue lirieo ascendente da pega, cle se Telere a uma experléncia de uma semana ¢ mela, duende inka 15 anos © pelo menos «luas véres por din acreditaya lamar; nas talvez 0 estivesse apsixonado par Sexo, 0 Proprio erty conetu Quando Jerry conta o longo aso da senhorita e sou cdo feron, Albee consesue © malor efeito do patétien através de uma série de pequenas demonstracoes vividas e abwurdss de neurose, O rapaz, desistindo de dislogar com pessoas, isis fia maniacamente em ser simpitico a0 eachorzo da dona da easa-de-eomodos. A dnsia de comunlcabilidade chega ts rales a destruigdo. Talver, todo 0 drama das relagies do Jerry ‘om 0 edo Seja uma linha paralela as temtativas de sobrevl- Yonela de Jerry. Quande éle desiste de ndo ser mals sare Uido pela vida € 0 mundo, 86-0 suicidio permaneee; e este elas maos do que melhor representa a adomodacio, o éxito flo didlogo, 2 vildria em ser mediocre, em ter telovisdes © periquitos A seqlincia final da peca val num eteseendo que eul- ‘mina com o erie, Quase’ numa intimidade {islea sensual erry envolve Peter em cicegas pelas costelas, embaixo dos bbracos. A histeria chega a Peter pela primeira ver. com vor de falsete, perde um poueo da nogio de tudo, fala dos periquitos ea necessidade da volla para. jantar em asa. Quase em seyulda, Jerry Inlela outro estranho ritaal ‘come dar pequenos mutros no braco de Peter, inctan- dovo a mover-se para a ponta do hanco, Este, 44 entlo envol- Vido ma atmasfera meio Infantil, melo onitica daquela dispu- ta, se nega veementemente a abrir mao de um direlto que adquirira em tantas tardes de domingo, £ o joxo eruel das: frlancas, @ neurose em seu estado puro, gritada, despida de Guiliziio, de emprétos ou familia. Dispoem-se para. Tula. Serzy pasia a Feter sua [aca e sobre ela se jota, & aiffell fnallsar até que ponto outro final vria a ser aceltavel. Tal~ vera feitura mals habllidosa e disciplinada seria a solueso, pols nos parece, depois de certo tempo, que € quase impos” Sivel s sobrevivéneia de Jerry. Albee, porem, perda um pou- 9 da medida ¢ se deixa escorrezar’ pelo lado mals contri~ Flo ao espirilo da pega, o melodrama sentimental, Os agra- ecimentos de Jerry agonizante, suas falas finals nos apa- gam quase-o efeito de coragem, de negagio de qualquer mela Yerdade. Sua ailtude no necessita de aflrmacoes explicitas, Yanlo na provoeacio da luis: "Briges desgracade, brigue por Seu banea, seus periguitos, suas filhas. Brigue poe sia m= Ther, sua thachice, Voc® & um patético vegetalzinho™. quanto para agradecer no sentir que’ morre: “Obrigado, Peter Su queria isto agora. ..Peler, obrigado, eu vim’ a voce @ voce me deu conforio’".” ais falas atenuam muita uss ‘lima de fantistico e aterrador. Quando Jerry }é conclu: Alepols de sua visita ao Jardim Zooldgieo, que nem os ani- mais podiam conviver, quo a vida all s6 era possivel pot- ‘que havia grades, grades por tOda a parte, enlte os homens os animais nas jaulas, bastava agora um aceno para a morte e 0 espectador saitia sem 0 menor toque do dbvie, do fexcessivamente explicado, fste final & 0 ponto mais fraco ‘Ga peea, mas nem de Tonge nos parece desirulr a improseie de desesptro, coragem e {orca que Jerry simboliza. Dentro ‘da dramaturgin norie-amerieana, THE. Z00 STORY jé tom ‘Seu lugar ctemos Inielar a siniese esperada do social ¢ do Hhumano, entiguecida das. possiblidades eenicas ‘e. verbale ‘que 0 experimentalisma trouxe, O caminho é éste, Albee ¢ mais que promessa, ¢ eentiva segura que os abala econ funde como tum soco. No mundo ilogieo, perverso, atordoan= ‘nao temos esoolha, 6 podemos repetir com Jerry: "0 que rahe vost esti tentando faver? Fazer sentido com as coisas? Por ordem na vida?” Exiraido da Revista TEMPO BRASILEIRO — Marco de 1968, Um Adento de Rubem Rocha Filho Cinco anos depais, a obra de Albeo 6 a grande afirmacio dia dramaturia novte-americana de hoje. Suas duns adap- facies mio fizeram sucesso, Tanto "THE BALLAD OF THE SAD CAFE", de Carson acCullers, e “MALCOLM” de Purdy bio Yesistirdm a mals de umas poueas semanas, na. Broad~ fay. Seus dois ilimos orlainalstiveram um éxito relatv TINY ALICE”, em excepolonal encenseio de Sir John Giel ud, © “THE DELICATE BALANCE", perturbaram a eti- fice e a inteleetvalidade de Nova York, dando margem a exegeses © inlerpretacoes de todo 0 tipo. Mas seu incontes- fivel sucesso. de acaligezo e influgnels mundiais, & “QUEM ‘TEM MEDO DE VIRGINIA WOOLF"? nquanto eserevia a peea, Albeo confessava que estava relensto todo o Strindberg. Fé no mestre succo que encon= famosa mais Imediata fonte daquéle duelo dos dots sexos. Quem nio se lembra do esgrima erudelissimo travado entre Taura e 0 Capitio, na peca "O PAI", onde o protagonista @ redusido & debiliiade mental, numa Fezressto infantil, im= ypotante e dependente, tao desejada pela espésa? Mas o tems fo homem ea mulher 0 degladiando. scja encoberto pela feapa do sufragisino ou noma competicio neurotiea contessa, {ih era preveupagdo evidente do velho Ibsen. Desde os bom= ons que Nora come escondide até os originals quelmados por Edda Gabler, o.que verios é-o homem ea mulher se ‘nulando mituamente, numa batalha milenat e sem Inter= ‘rupego, (Nao podemes contemplar o devoramento reciproco Ge Bsiinge-Bdipo-Lelo-Joeasta-Antigone-Creon, ete Come parte da mesma eiranda familiar?) ‘Mas a peca de Albee nia se notabiliza simente pelo bri- Iho ea tensio dremética sustentada ha exposteao déste diff= cil tems. Retomando 0 ponto de analise do artigo precedente Compo Brasileiro, margo de 1969), vemos que, se em ZOO STORY 06 recursos do "Teatro do ‘Absurdo-apareciam fil Trados bem adaptados 2 estrutura ¢ ao impacto realista, em “QUEM TEM MEDO DE VIRGINIA WOOLF?" éstes recur sos nem mals sao definivels a dlho nd, tao madara ¢ intima @ fusto do teatralizmo ¢ do realism. Albee consegulu outra fande sintese — agora de perfelio acabamento — nesta folidio levada,so desespéro, que criginalmente se chamou de “Exoreismo” Os heréis, suficlentemente intelizentes e sensiveis para constrair suas proprias armas naquela guerra particular, de~ mmonsivam uma articulacio e uma embrioguer que permitem 4 eonexio légiea © a superposicdo inesperada e quase sur~ redlisia de réplleas, tiradas e Jogos. A sucessio de jogos ¢ seus preparalivos, of fifulos dados as Atos e a8 Drinca- ddeiras, s40 0 bastante para mastrar como Albee da eons tidneia a seus personagens do que estio vivendo, num mer fulho critieo chelo de amargura e compaixdo, Além da oifiei tarefa de tradusit um didlogo, expou- ado, espontineo ¢ da maior argicia, era preelso habllidade ereriacao para transmit @ cimbologia do lita, “WHO 1S ‘AFRAID OF ‘VIRGINIA WOOLE?” era a parila que as ‘mulheres dog professores cantavam na festa, deformande as palavras originals da canconeta de criancas “Who is alraid Of The ig “Baa Wott” “Asim, Virginia. Woot, om tanto fe Mée Terra, inteleetualissime, sguda e fMa’ devoradara o homens, substituia o “big, bad wolf”, que engole 9 Chi péuzinio Vermetho e a avo. Hal do cacabdr se nso functo- 1a com a sua arma (como & o caso literal de George na peca, apontando 0 fuzil de brinquedo), A, versio espanhela so ehamava “Quien tien miedo det lobo?” n que nao resolve 0 problema, Era precise criar o joao de palavras em ave sur fisse o arquetipo da mulher intelectual, dominadora e supe: soqurh, ficilmente reconhecivel np ‘Brasil, pois ex) tb parte existem espdsas erucis e onipotentes mnastlgando ma Fidos inexpressivos e, a0 mesmo tempo, escravizadas 4 passl= vidade déles. Por Isso, perguntamos com Stanisior Ponte Pre- ta: "Quem ‘Tem sede de Virginia Lane?” 6 respondemos ‘com Albee: "Su tenho, eu eno” Teatro de Protesto Robert Brustein © teatro de_protesto & extremamente consciencioso a seu proprio respeito © auto-comprometido, como con ‘yém a.um movimento Tomita. E, a semelhancs dos outros romnticos, 0 dramaturgo participa de sua obra num, grau Som vrecedente. Strindberg O'Neill quase nio se distin dulem de seus herols; Ibsen ¢ Shaw identitieamsse bastante hatrador, na tereeira pessoa; Pirandelo e Genet, modelaram Suas obras até um plano -conceitual quase’solipsisticn; © ‘le Checov paira sobre suas peras como uma presenica mo- Fal. Quer se envolva como idela ol! personayem, 0 moder fo dramaturgo esta continuaments explorando ‘as postbill- fades de sus propria personalidade, nio s6 reprecentando fas exortando, nao so dramativande os outros, mas examl= nando ast proprio. Apesar de tudo, 0 teatro de protesto s6 parcialmente & subjeivo; 0 dramatirgo rebelde continua a observar os re~ uistos de’ sua forma, Uma peca desenvolve-se através do ‘Sdlogo, © o diilogo inpliea debate ¢ conflifo. Sem debate, drama ¢ propaganda, sem conflito »mera fantasia. O dra Inaturgo rebelde poder’ desejar que’a sua arte seja uma representacao viva de sa revolla, mas tal desejo € discipl= ‘ado pela sua consciéncia objetiva. ‘rebelde que deveje transformar 0 mundo & também. tum artista que deve representé-lo com exatidao: 9 roman- ‘co que destruifia todas as fronieiras 6 tambem um elassi- clsta,aseitando lmitagdes na vida ® na arte. isa ambiva Incia faz que o dramaturgo rebelde vacile entre a neyacio e's afirmacio, entre a rebeldia ea veslidade, Incapar de lominar suas’ contradicoes, dramatiza-as em suas pecas, rato a uma forma em que’as tensbes nao preclsam ser re soividas, Assim, conquanto cada um dos dramaturgos rebeldes tome a revolts e o protesto como seu tema central, também fs critics em nome da realidade; ao mesmo tempo, identi- fea"se e Fepudia os seus personagens 8.0 conflto entre idéla e acio — entre concepeso e exe- feugdo que forma a dialética central do drama moderno. Na verdade, 0 dramaturgo rebelde 6 aqusle que. sonhae aib- Imete seus sontas & pra Imaginaeso do dramaturgo. © teatro de protesto é 0 templo de um sacerdote sem Deus, som uma ortodoxia, sem 0 que se posta ehamar de congregacio, que conduz_ seu. servieo litirgico dentro da fedionda arqutetuen do absurdo. Mlssionério da discord, PYopags 0 evangelho da Insureigao, tentando substitu os Yaldres. {radeionais por uma visio Inspirada, procurando Improvisar um rituat'na base da angistia e da trustracao, Povlemos istinguit tree categories de Tevlta, messianic, Sorial ec exisiencial. A revolta messiniea corre quando 6 ‘iramaturgo se insurge contra Dens e tenta ocupar 9 seu lu~ far;0 sacerdote contempla sua imagem no espelho. A revolla socal oeorre quando o dramaturgo se insurge contra as con- ‘engoes, a moral ¢ os valores do organism social: sacerdote volta o'espelho para a sua. plattia, "A revolta existencia Sore quo o dramatargo We nmin copra as cones le sub existencia: 0 sacerdote volta o-espelho para 0 vasio, Arrevolta messiantca ¢-a fase Inielal do drama moderno ¢ 4 ‘ais ostensivamente romintica, Podemos encontré-la em Insen, Strindberg, Shaw ¢ O'Neil, fotesce de novo em Ge- net'é ‘caracteriza alguns dramaturgos. secunditios, como Wagner, D’Amnuncio, Sartre © Camus. A revolta metstanica € 4 mals subjetiva, grandiloatente e egotsta de todas as re- belides dramaticas, e tao persistente no drama que se ¢ for- sado a afirmar ter sido, com as primetras epopélas messli- Bieas de Ibsen, e nfo com as suas posteriores pegas ‘moder= as", que teve realmente inilo 0 drama moderna. Com efeito fol 6 méssianismo que determinou 0 teatro de protesto. B fembora a expressio seis mais raidosa no coméco do movi- ‘mento, quando 0 dramaturzo esta pletérico de tucbulento omansmo e tudo parece possvel, seus reflexos podem sen- tirse através de todo 0 testro moderno, © drama messianico & um meio de tibertacko absolute, desimpedido. de regras.dramitieas ow limitacoes. humanas, atraves do qual o dramaturgo se entrega ao seu insaclavel petite de infinito. Coneebendo 0 ualverso como uma pro- ecto de sua personalidad, que pode ser alterado ou mano bbrado através da vontade sobre-humana, Smagina-se um Criador superior a Deus, destinado a transformer & vida em ‘algo mals ordenado do que a confusdo sem regra nem sen~ ‘ido que vé sua volta 1 Eu sou 0 universo. I sinto o poder do Criador dentro de mim porque eu sou Ele, Gestarla de prender 9 todo em ‘minha mao e remodeli-lo em algo mais perfetio, mais dura douro, mats belo, (Strindberg — A Estrada de Damaseo) Strindberg é o menos reticente dos dramaturgos messiini- os s0bre-a sua urgéncia pessoal de atingir a divindade, mas fsse auido @Quero Tessoa em todos os dramas do mesmo tipo: 6 0 som da vontade de poder. Escreveu Nietzsche: “Mortos esld0 todos as deuses, Desejamos agora que viva 9 Super- Homem". Thsen, om Imperador e Galileu, preve um Texcelr0 TImpério da Vontade, due @ presente sesiha da revolla sera reallzada © os homens nao precisariomorter para viverem ‘como deuses na terra. Shav, em Homem e Super-Homem, Vislona urm fuluro homem “onipotente, oniseiente, infalivel € ‘40 mosmo tempo completamente conseiente de si proprio: mm Deus enfin" 0 Lazaro de O'Neill (Lazarus Laughed) anuncia ‘que “a grandeza do Homem ests em aue neni Deus pode Salvéclo..- ate que se transforme em deus!” Eo ehefe de policis de. Genet, em 0 Baleao, converte 0 seu anselo de eputaeao num aiaque de Tevolta contra os proprios e6us, Suscintamente, 0 teatro messlinleo é uma dramatizagéo a busea romantica da 16: como tal, eongitui o moda mais Dersonallsta no teatro de protesto e‘funeiona como 0 testa~ Imento Teligioso do dramatirso. Naturalmente o drama mes- slinico € concebide nuina eseala grandiosa, quase sempre muito extenso e, por vézes —~ como resultado da revolta. do artista contra a5" regras — quase_Insiransponivel pata o paleo, embora seja obviamente modelado pela mio de um dramaturgo. Brand exize pelo menos sete horas de represen- tacio; Imperador e Gallen é um drama duplo; A Estrada de Damasco € uma trilogia e assim por dlanta. 0 comprimenta dda pecs messianiea.sugere sua Suncao testamentaria, bem ‘como sua estrutura épics, Como género lterétio, @ drama messianic entra na tegoria do mito ou Fomancs, pois sua figura central. confor= rise com a deliises fornia para o her an (a= io, em gener, tanlo aos outror homens como 20 mo mbleite dos outnds homens) '0 herd romantica (superior, fm rau, 208 outtos homens ¢ seu. melo amblente). Suns fetes coistam de proezas maraviosas de uma figura sobre: humana, por vézes um deus, um gtende hes0l gu um Wislo- hitlo sisplrado. Entretant, sua superioridade, nao’ reside fanto no nobre naseimento, estire, nas prveras fisleas ou fee tos milagrosos, como numa certa moral elevada e qualtda- Aes espirtuais que 0 evan selma do homem come. aalnente, inguagon do rama messin ¢ lene levade.. Algumas. pecas. si0 esetltas em verso, -outras fmm prosa elevada, mas a dieeio messiinica ¢ invsriavelmente fracular, quido nao bombastica, visto que o drama messiani= 3,8 instato, com efit, por ima poerosa guaidnde pro- ica, ‘A segunda {ase do teatro moderne, a revolla social, & muito menos ambiciosa, se hem que muito mais familiar'&s Dlatélas modernas: caracteriza as pgeas mals conhecidas da feng eontempordinica. A revolta social domina as pecas mo- flemas de Ibsen, of dramas naturalistas de Strindberg, as facies intimas de Checot, 8 maior parte da obra de Shaw, lima gtande parte de Brecht, uma parcela de Pirandello, assim como of dramas rurais de Synge e Lorca, as parabolas de Darrenmatt ea tolalidade da obra de dramaturgos s2~ tcandarine como O'Casey, Odets, Miller, Osborne, Wesker Frisch. A revolta social é, evidentemente, um aspecto habi- ‘aldo drama messtinico, mas ai esta subordinada a outras matérias; quando domisa’yma peca, trata-se de uma mani- festacdo relativamente modesta. A enfase do drama trans- fere-se das curas radicals para os dlagndstieos culdadosas, fm que 0 paciente ocupa o paleo e © medico se retira para 0 bastidores, Em ver de examinar as relagées entre 0 ho mem e Deus, 0 dramaturgo eoncentra-se up homem em £0 ledade. em confit com a comunidade, como govérno, feademia, @ lgreja, @ familia. Verifica-se uma correspondente mudanca na torma dra~ iatien, A pees episédica cede luyar a estrutura em trés ou ‘Guatros ator; 0 drama perde a sua decordenads displicéncis pura tornar-se caeso, compacts, bem feito, Embora o drama Social ocasionalmente, expressionista, & mals freqlientemente feserito no estilo realists ou naturalista, através do_ qual © ideal de objetividade melhor € mantido, A voluptuosidade & exuberdnela messianieas sao substituidas por sentimentos mals conttolados ¢ moduladas, na medida om que 0 au‘or se ausen= fa'do desenrolar da aqao © permite que esta fale por si mes- tna, As auestoes socials, poitias, morals economieas. sto Yentiladas numa atmosfera de imparclalidade; as Insttuigies Socioldgicas e pslcoldgicas tornam-so eada vex mais comuns; © ideias clentificas comecam a inflienciar o dramaturso, partlcularmente a teoria da heneditariedade meio, de Dar= ‘win, Ibsen, Strindberg, Shaw e Brecht comesaram todos a pensar a respeite de si proprlos como elentistas literarios Fob a influénela de. Darwin, Lamarck ou Mars Quanto aos personagens, o drama social coloca a socie- dade’ contempordnes. no paleo e oxtrai suas dramatls per- fenae da classe media, O protagonista esta sujeito as mes- mas lels de telos nds, compartilna as mesmnas ambicbes (ou sun falla), desempentia os mesmos atos domésticos, fala mesma prosa desapaixonada e desencanteda. A estatara hu- mana encolhe-se para uma altara apenas mediana. ¢ 0 meio Ambiente do homem ganha malor relovo. O Brand de Thsen bre caminho para as alturas, a flm de morrer, mas Oswald ‘Aiving’ esti condonado a estagnacio pelas doencas heredi- {rine e a oprestio do meld: g Forastelro do Strindberg goza 4'liberdade de um sonho, mais seu Fai esti confinado 2 una amisuede-trea, Os Impérios do drama messidnico foram substituidos por eldades superlotadas ¢ exalando suor; 6 Sol esta fora do aleance eas possbilidades humanas. so témies. 0s cltadinos de Tesen degeneram om seus saloes sem Bisto, as elesses abastadas de Cheeov extao paralisadas pela Apatla. © inéreia; 05 escapistas de Pirandello se petrificaram 1a Utsio; a= personagens ogrimidos de Brecht nao podem Sequer permilr-se opinioes. pessoais Quero dew lugar a Actito. Compromisso, transigénela, adaptacdo e sobrevivencia, assem acer a-ardem do dia, # medida que 0 homem se retira de suas fronteiras e comega a caminhar na ponta dos As, culdadosamente, a0 longo de sua vida, Hm tais elrcuns- inclas ¢ de admirar que a rebeliio eontigue em curso, Mas estilo clasieo do drama social € construldo ‘uma base fundamentalmente romantica. Ibsen abandona o teatro mes Snieo porque, estando mals ordenado para o artista que para 0 publico, & impropriade para a apresentacso da vida. Moderna. Mab éle jamels abandonou suas inelinacoes Tebel- ides. Os tresloueados preconecitos de Strindberg, do. mesmo modo, couverteram numa parodia as suas tentativas de “ma~ tuvalismo”. A angustia metafision de Pirandello Impresna.o seu reallsmo apenas. superficial: e a natureza andrquica de Brecht far os seus dramas soclals pilsarem de furia © zo beris. Com efeiio, 0 dvamaturgo Tebelde ate ingressa aca slonalmente no drama social, nem que seJa apenas distar- ado de dz. Stockman (Um Inimigo do Povo), de Toso (Se- Mhorita dutia), de Laygist (A Verdade de Cada um), de Ma tkie, em A Opera e Trés Vinténs, Emesmo nas pecas mais Hizpivsemente objetivas, como as de Checov, # rebelizo alnda corre em sls profundezas, Eserever para as platéias. mo- lemmas, como Tosen viu, ¢ rejeitar 9 modo herdico « subje~ tivor mas no drama covial a propria ‘aeio é uma forma de ‘ebeida, uma ver que se tea de un atague aos abusos do iempo. (© rams social, em resumo, representa a vida moderna para acoiti-la e easiigicla: ¢ uma imitacio para fins essen= Einimente saticicos, Semelhante revolta, pore, é negativa Ovdramartargo pode estar tentando ainda matar Deus, mas }é Geixou de estar ocupado em edifiear uma isreja: o ‘rebelde Social raramente sugere qualquer alternative nilida para as colss que gostaria de entrar. & verdade que as pocas de! Propaganda os dramas de_tese ou probleméties so pro- Sutos do protesto social, mas exclu tals obras déste estudo. ‘Quando Sean O'Casey esereve a respelto de uma revolu Comunista jever sensustidade a Irlanda puritana, ou quando Willer suseta nossa simpatia pla sitwaeao do homem comum, estamos em face menos de abtas de arte que de aios politicos Ow aliludes socisis,e sera por eritérios mals utlitaristas do ‘que literarlos que tals atos e atitudes doverio ser julgados. Quanto a Shaw e Breeht, esses escritores poderio ser tam= ‘ern revolucionétias polltieos, mas_até 0 pont em que uma Ideolosia positiva informa suas obras, estas representam um ‘compromisso. E, de fata, 0 soeialismo'de Shav, diseutido em preficos e folhetos, conserva-se fora de suas peces, enquan- {o-0 comunismo de Brecht é uma questao implicita em toda ‘8 tua obra, com exeegdo de seus dramas explicitamente de fagitacdo e propaganda, Os principals rebeldes socials so anarguistas, pois demonstram um profundo desagrado por toda e qualquer forma de organtzacio humana, se ndo pela propria humanidade. (0 drama de revolts social é usualmente eserito no “bsixo fest mimetico” (Eye), que é 0 estilo de fioeto mals reals fa, "0 herdl @ um de nbs, reagimos a um sentimento de sua hhumanidade comum e exigimos do poeta os mesmos_cino- nes de probabilidade que encontramos em nossa, propria ey~ periénela”, Bste herdi néo € superior aos outros homens ne fo seu meio e, de fato, 2 palavra heroi Ja perdeu seu cou fevido, Essa degeneracag do her6i & evidente no drama social ‘no seatido mora, estratural e sexual. O perwonagem central Aeeaparceeuliteraimente dos dramas de\ Checov eo. srup0 apodera-se do palco. Fm Brecht, 0 protagonista é mantido, mas agora, signifieativamente, esta af muito menos’ por he- Tolsmo qué par covardia e eapacidade; na maior parte dos Aramas sociais, as mulheres comecam a ocupar os papéls cen= ais. O'ambiente da_peca social ¢, usualmente, contempo- ‘neo, sua estrutura é compacta érganizada no sentido do climax de sentimento; sua\linguagem € a prosa vulgar da. vida colidiana, No protesto social, o dramaturgo rebelde Suprimiu a sua vontade de poder a'fim de examinar e prom ‘estar contra a vida instituleionaizada do homem. 'Na iltima fase do drama moderno, a revolta existencial, 9 dramaturgo examina a vida metafistea do homem € pro- festa contra clay propria exislénela traneforma-se ‘numa fonte ‘de rebelizo. Infelizmente 0 adjetivo existencial fol Feeentemente monopolizado por uma filocofia {rancesa em ‘empreso aqui essa palavra om sua acopeto origi- neutra. Existenelalisme é um movimento bastante ‘canada em. suas, possiblidades ‘de expressao, a. Tevolla fxistencial ‘no 0.6, E conquanto Sartre e Camus poseam beasionalmente ser Febeldes existenciais, raros s40 08 rebel- fles existenciais que militam formalmente no. existenelalls- mo. 0 droma de revolla exlstenelal é um estilo de méixima ¥esirlego, vm grito angustado sobre estedo insuportavel flo ser huncano, ‘A revolta existenclal ocorre durante a velhice do drama modetno, embora eronologieamente, possa algunas vézes aparecer muito antes. £ a Tevolta dos fatigados e dos deses- perados, vlletindo apés a desintegracio das energias idea Iistas, exiustao e desapontamento, Isto explica sua relacto inllma com a revolta messlanica, pols, na realidade, & um esenvolvimento Inverse do impulso messianico. De falo, certo mimere de modemos dramaturgos, messianicos em sua Suventudo, conclulram suas earreiras como rebeldes exlsten= as, em gue a preméncia no sentido da divindade se dissi- ou em angistia © frustacto, Tipiea dessa. progressio, & a Carreira do dramaturgo dos eomegas do séeulo XIX — Georg Bilehner —~ 0 ancestral do moderno drama existenclal — ‘que, depois de um breve perfodo. como rebelde messianico Yadieal, convenceu-se de que a agio humana 6 fUtll © pase Sou a escrever sabre 9 homem esmagado pelo tervivel fata- Iismo da Historia. Buchner ¢ uma extraordindria figura em sua epoca, mas a sua evolugio € bastante eomum em nostos fompos, Strindberg, por exomplo, volta-se para a rovolta existential depois dos horrores da’ erise do Inferno e depols de eonveneldo da futilldade de tontar ser deus; O'Neill, em converte suas exigénclas messianicas a revolts existencial pode até se so inaiteravel de Shaw. As primelras pecas de Brecht tém wma subestrutura de revota existenclal, © mesmo acontecendo com as pecas de Pirandello. E a re Yolta exlstoncial € o impulso dominante que ests implicito nas pecas de Tennessee Willams, Edward Albee, Jack Gelber € Harold Finter, para_néo meneionarmos Beckett, Toneseo todo o ieatro do absurdo A rovolte existencial representa 0 romantismo introver- fido e comecanda a apodrecer, Exteemamente -hostil 208 Ideals messianieas, totalmente. deserente do. individuslismo ‘messlanico, 0 rebelde existoncial evidencia, parém, vestigios das antigay exigénclas radieals. & um neo-romantic, em la contra a existencia, envergonhado do Ser humano, revol- {ado contra o préprio corpo. Uma das mais vigorosas earac- teristleas identificadares do drama existencial € sua ailtude em relagao & carne, que € usualmente deserita em imagens de esterco, lama, einzas © matérias fecsis num estado de ecomposicéo ¢ deeadéncla, fsse horror neo-romAntieo. das fungoes.fisieas § um aspecto da chamada “espiritualidade moderna” (Triting), exemplitieads. com Kafka, Joyee ©. ila fase de Yeats, Antichumanistas, por vézes antichuma- hos, €ssts escritares opdem-se "as artes confortaveds € dri sidas a0 consumidor” (aquelas artes que Brecht chamava de Culinarlas), e dediea suas obras no a0 Iixo.e 20 £000, mas a0 desconforio e desassosségo. dramaturgo. existencial ‘entifiea-se com ésses eseritores, pois também exelul de sua obra o prineipio do prazer e compartiha a mesma anti- Datla pelas aflrmacoes humanistas A partir dal criou-te 0 hhoroi existenclal, ou anti-herdl, um petsonagem relacionado com aquela figura repuznante ‘a quem ‘Tiling chama otle ginal da espécie: 0 Homem Subterraneo. de Dostolevsiy. 0 anti-heréi do drama existencial raramente & go artieulado ‘quanto 0 personagem de Dostoevsky, mas apresenta as mies mas caracteristicas miseravels, mérbldas e apiticas, quer dl- er, justamente opostas ao idealismo e aos ideals. Onde 0 Super-homem, messiinieo ¢ vigoroso, aristocrdtica, herbieo, © anti-herdi exisienelal ¢ trégil, humilhado, perverso ¢ intel amente incapaz de qualquer agi signitieativa © anti-heréi nio pode agir, em parte por causa de uma crescente paralisis, em parte por edusas externas e, anda fem parte, porque no movera aquéles membros e dries que detesta. A figura central do drama existencial é 48 vézes, ‘muito velha, como a personagem solitiria de Krapp’s. Last Tape, de Beckit e as duas figuras de As Cadelras, de Tonesco ou, mas usualmente, é apenas inerie. A melhor imagem do drama existenclal é Winnie, em Dias Felizes, de Beckett, en- terrado na terra até 9 pesenco, on of dois vigabundos de Esperando Godot, com seu famoso “sim, vamos embora” (Permanecem iméveis). feet eager on Soe oa eta a care ‘Artaud, 0 teatro de revolta comeca a desebvolver Siem lcee omen caries (Transerito de O Teatro de Protesto, de Robert Brustein, Zahar BéitOres, Rio de Janetto) Elia Kazan Notas para Um “Bonde Chamado Desejo” ‘Tradugdo de Renato da Rocha Em ambas as verses — para o teatro ¢ para o cinema do texto de Tennessee Willams, vitalidade da caracte ‘aeio desivou Ge uma endlise mindcioss da vida de cada ersonagem a poga PeSpeeitar do Group Th tre, Kazan Jangou mgo do mé- ‘A composicio de todos os per= sonagens ‘As anotagdes que publiesmos agora datam de 1947 € foram relirdss do eaderno de notas do diretor. Apesar de rio teram sido feltas para eonheelmento. do grande. publl- 0 revelam a pesquisa intima de um diretor em busca dos Segredos e intimidades de uma pea, IDBIA — objetivo final da direcio: transformar Psicolo- ‘aia. em Interpretacéo. TEMA — 6a mensagem medrando do brou Interior. & um enue sopro, patetieo, um contusa pedaco de Tz fraduzido em grito.’£ este grita -amordagado plas foreas da violencia, Insensiblidade vale garidede ‘existente no Sui dos EUA, A pega é Esse grito A peca é uma tragédia postien, Mostra-nos a. dissolu- Go final de uma pessoa. de valor que, de Inielo, fol dona de enorme potenc’al ¢ quo, mesmo em curso de desinte- gracio, resiste tendo mais valor que as figuras saudiveis © Danais’ que a matam, Blanche é 0 embloma de uma elvilizagio aue se extin- gue ¢ faz_a sua tina e rebuseada cena. A reagtes de Blanche ao as daquela Sociedade agonizante que cla. re Yesenta. Melhor dizendo, seu comportamento 6 social Mis ‘So: encontrar formulas’ socials de comportamento, Base @ 2g eaminho para a estilizacso e para as cores finals’ da pro- lug, Da mesma forma, também Stanley tem um comporte- mento, social: “Agarre tudo o que aparece! Neo. petea tempo! Coma, peba e agarre o que ¢ seu!” Stanley € 0 te- sumo do ciniémo animal dos nostos dias. Isto ¢ base do ‘ua estlizacdg e da escolha de. sua composigao: tudo 0 ave Stanley usa ou faz deve ter uma forma, um péso, twa sor ‘que lembre ESTILO, ‘Tenlativa de colocar cada cona em fungio de Blanche «trabalho de por titulos posticos nestas cenas pata auxi= Mar a earacterlzagdo e 0 tratamento. 1) Blanche acaba de chegar & sua dltima pareda, no ‘nal ds inks 2) Blanche tenta construir um abrigo para si 8) Blanche divide-os mas quando éles se unem, el se encontra mais sézinha que munca 4) Blanche to mais desesperada quanto mals deste cada tenta 0 taque arto © ria Inimigo que 21 exter= 5) Blanche descobre que seri exclulda, Deve agir r= pidamente. 6 Blanche subliamente descobre o siltimg homem per- foito © possivel para cla 7), Blanche, feliz, sai do banheiro para descobrir que Ja timha sido agarrada’ pelo’ seu destino 8) Blanche Iuta seu Gltimo round. Mesmo Stella a sbandonou '9) “Blanche mum ltime esférco para safsr-se conto ida’ verdade. A'verdade ¢ quem 4 derrola. 10)" Blumche se evade désse mundo, Stanley a trax de volta @ deste, 11) Blanche "é deseartada ESTILO — o estilo de fato — eonsiste numa 56 coisa: en- contrar um comportamento. que seja earacteris- Ucamente social, signiticante e tiplee para ca- ‘da momento da peca. Blanche nfo. fez_ muita coisa O que importa 6 como ela o fez 0 faz, de ‘que modo, com que eharme, de que maneira Antigos ehfeites ¢ efeitos, artificios e.trejeltos ‘que fafem de tudo menos de vulgaridade, Para os. outros personagens, também, 0 mesmo proble~ ‘ma flea posto: encontrar uma caraeterizacio quixotesea para ada um. Isto 6 uma tragédia postiea eg uma tragedia naturalist, © preciso encontrar um esquoma de D, Quixote para eada ‘um ‘Avinterpretacio e direcio estllizadas esto para a na- ‘wralsta ssuim como poesia eta para # prosa, A interpre taco deve ser estilzada mas nono seztido comum (nto Aizer yalavra sre isso a0 elenco nem. a0 produtar).. Voce fracastard a menos que encontte essa forma de resilzagie poctiea para 0 comportamento das pessoas da pea Blanche “Blanche esta desosperada” “Bste 6 o fim da linha de um bonde chamsdo desejo” NOCLEO — procura de protegio: & tradigio do velho Sul rera que ela deve chegar pelas mios de outra pessoa © problema de Blanche ests lisado 8 sua tradicio: Ea ‘tem um Meal do que deveris set uma milher. Ela esti ens edada nesto “ideal” Ble esta dentro dela. £ 0 set ego. Neo Poderia viver a nao’ set em funeao dele; de ato, toda sua ‘da fot vivida para nada, Até 0 ineldenie com Alain Gray, conforme ela Hoje nos conta e conforme ela acredita. qué tena sido, é apenas um apéndice romantico necessirio. Em ulras palavras, ela conta o que dconteceu, mas Isso tame bem $6" funciona como um teste para o sou’ auto-domiaio, para torné-la especial e diferente, para eolocé-la fora. da fradiein e do romantismo das doszelas do séenlo passado: Swinburze, Wm. Morris, as Pré-Rafaeita, ete, Este caminho serve, também, como desculpa pata o seu comportamento Como a imagem que ela constrain de si para si nada a ver com a Yealidade —~ prinelpalmente 10 ‘hossos dias — ela s0 esforca por condiclond-la em sonhos. Mesmo 0-que ela faz, desporia, dentro da realidade, ¢ colorl- or essa compulsao de ser especial ‘de se transforma em souho. Dlan= ‘Assim, também a real he ednsegue fazer i850! A vatiagio essencial da peca impde como necessirio que Blanche, ‘no. inicio, pareca uma personagem mals pesada ‘que as domais, Dor exemplo; ao ter acesso aos segrédos do Gariter de Blanche, prone de eontradleoes, a. plate, Ini= fillmente, ao sentir @ eietig negativo que Manche causa em Stella, snd toreer para que Stanley mosire-Ihe o eaminho da ha, 0 qe Ge, de Jato, fax, Stanley a desmascara e entao, #raduaimente, & medida que ve as dimensoes do desesper Ge Blanche e've, por Ouro lado, como ela pode ser tema @ ‘vel, e entonde como ela ¢ fragil ¢ amedrontada, essa znesinaplatéla comesa ‘@ simpatizar com ela, Comeya a en~ tender que esié assistinda de eamarove t morte de algo ex- traordinario... colorido, variade, apalxonante, ‘petdido.. O espeticulo da desintegracto ae’ Blanche. Dubois. B exata Imente at que se tem a percepgio da tragedia. Na peca, tam- bem, pode haver uma linha ascendente de sinceridade’e ob- jeuividade, [A vetdade sobre a tradieio no século XIX é que ela fun- sionavas aa mulhor se vente importante stra de Sn posicao, fincao ¢ trabalho. Esta mulher sentianse inte- frada aquela sociedade, Mas hoje a tradicaa @ um anacronis- iho que'simplesmente ‘nao funciona Mesmo. assim, Blanche fleve seredltar na tradiego porque isso a faa especial, porque isco transforma sua fidelidade a Belle Reve num ato de he~ smo em vez de uma alitude absurdamente romintiea que hnio funelona. Por isso Blanche sente-se abandonada e fora dda socledade, Ae afitudes que a tradiedo exige excluemena ‘tinda mais, © beblda enfraquece sia resistencla, ela sucum= ie e procure 0 calor humano sonde ela pade’encontré-To, ‘mas nao em seus proprios termos, mas nos dos outros: nos ‘de um vendedor, nos de tim calxelro, ow nos dos Jovens sol- ‘ados que the parecem to iocentes.(A partir do momento fem que ela. nao. poss esquecer inals Gsses contactos, ela os tejelta e eomeca'a iver de fantasias, comeca a expiled-los 91 propria, assim: "Eu nunca Til forte e auto-sulleiente 0 Dastante...'os homens uo reparam sas mulheres excetd quando estio na cama com elas. Bles nao admitem @ sus Gxisténele a menos que éstejam dormindo juntos. Voce tem ‘aue fazer alguém admitir que voce existe, J4 que voce vai Avtar a protecio desse alguem, Como se f6sse necessirio pedir desculpas por necessitar de companbla. © protecia Ouira vez a palavra protecio, © isso que Blanche, legitima ruller do" tradicao, necessita Ugo desesporadamenio. # pot ‘sso que ela vai até Stella e seu marido. Nada oblendo déles ela experimenta com ilteh. Protecio. Un abrigo, um refli- fio. Blanche ¢ ume fugitiva, uma embriagada que faz sua Gerradelra aparicao tentando manter uma aparénela exter na simplesmente debitada a0 sou orgulho. Mas, convenha- mos, fe Stella ndo.slimentar essa aparéncia. que seri de Blanche? Ela ¢ uma desajustada, acredita na mentita, seus ‘mados afastam a¥ pessoas. Ela quiet e deve parecer superior fos outros, 9 ave os afasta. ainda mais, Ela ndo sabe traba- Thar. Nao ssbe yanhar @ vida, Esti realmente indefesa. Ela reciea de alzuém due’a ajude. roteedo. Ela ‘um fini ‘ive do séeulo passado que, em nocta época, viaja & deriva, Da ver em quando, compelida pela solidio, a renega a sua teadiedo... depots, logo depois, ela retorts ao stalus antl= go, Base conflito constante resulta numa terrivel crise, Tudo fue ela quer é scr senhora de alguna colsa: "Ea quero des- ccansar! Fu quero respirar trangullamente outza vex, sere ‘mar... imagine! Se isso acontecessel Hu poderia salt dagtl conseguir una easa.s6 para mim..." Se isso 6 uma tragédia romantica, o que & 0 inevitivel © gue € a fatha trig No sentido aioe, a fatha se- Tia a necessidade. de ser especial, superior (ou entSo a ne- eessidade de proteezo), 2 tradiezo. Isso evia um isolamento lao intenso e uma solidio tao pungente que so mesmo um colapso total, uma destrulcio de todos os seus padroes ou uma sobressaltada corrida num bonde chamado deseio pode: Tia quebrar as cadeias dessa tradiezo, A falha tragiea ali- mmenia circunstancias que, mals tarde, destrulrio Blanche Inevitivelmente ‘Tentar encontrar uma caracterizagio absalutamente es- eclal para Blanche intetpretar em cada cena. Blanche é II pessoas diferentes. Tss0 di a sin composieao. uma espé= cle de superficie milével e hesitante que ela deve ter em {todos gsses TI personagens, Exemplo: ne eena 2ela € uma semhorita alegre e Irvesponsivel Existe ainda uma outra contradicfo igualmente sim= ples e terrivel em sua natureza. Bla se recusa a encaray 25 Suas necessidades fisicas. A isso ela dio nome de “desejo Drital”, ela esta apta a isold-lo da sia “reat identidade” ¢ da sua '“formayio" Assim, a parcela mals verdadeira dos Seus Feflexos “nao eneonlca eepago para se expandir por Culpa da intransigente tradiezo que Blanche encarna. Ela es- {, portanto, em constante confita ¢, embora nao lhe seja fie em eonstante "pecado™. Ainda’ assim ela mantem os flhos voltados para que, hoje em dia, néo existe mals lum cavalheiro que @ trate como uma donzela, que aleve ao altar, que @ proleja e conserve sua honra’intacta, Ela onha com véus e grinaldas, vestides brancos, castos... uma forma de'satistazer esse “desejo brutal” que toras tudo im= possivel. A tradigao ainda € 8 grande cats Blanche também tem valor — vale mals do que Stella — cla di “Algum progtesto aconteceu... certas coisas como arte — come poosia e misiea —- ama hova luz aconteceu 10 mundo... Em algumas pessoas rotou alguma especie de sentimentos que’ nds temos que agacalhar © ajudar a cres- cer, Abragi-lose ergué-10s como um estandarte nosso Nesta jornada para seja Ia 0 que f6r, no figue para tré, a0 Indo dos brava” Embora a motivacto nstcolgica para isso sela, deta rent, 0 lle e a fustagao pessoa, ela é sinha’ e aban Alopauda "na brutal seiedade Jos cos de'Nove Orleans, fica vor iluminada. uma las hesitate, 6 verdade, que ‘at's apagando com 0 desenvolvimento da’ pega, mas é Vis Tide porque ¢ unica Fiance 6 tma Borboleta numa selva de gente viva, pe- de procura uma, proteqao efemera mos este condenada a tima hore prematira, inesperada ¢ violenta, Quanto. ma Si atlno Blaiche, menos Toca came peiwee Hla ta a numa réde de contradigbe. mas’ em_outra socieda Bie enconteana aigums fangao™ Nio'na socedade de. Stan ies como uma tragédia clistica, Blanche é Medéla ou qual- aque outte personagem perseguida pelas Harpias, endo que {SS Warplas io-a sua propria natures, Suas feaqdenas Derte= iicm= na como a fatalidade © tormam-tne impossivel conse ult o que ela realmente quet na vida: un porto feEur0! ‘nm esfargo para. definir anche: enconiesr protecéo, encontrar algo onde ela se agarre, algo bastante resstente fue the permite. vver como paradita.ou sangue-sues. Pot {faticdo & mulher 26 pode viver através da forea de slzuém Blanche € 100% dependent! Afinal 0 dowto! Blanche ¢ uma criatura que ealu de moda, esté perto da extingio. esti em vias de ser digerida pela terra. Fla € a Yyersio artisticamente sintetizada ¢ intentificada de todas as Sutras mulheres. Dai o cardter universal da pea. (© especial da relagio de Blanche com af outras mulhe- res € que a viga mestra da sua dependeneia & 2 atragao in- ooreivel que ela sente pelos homens. Como todas as malhe~ es Blanche anseia ser" ampareda por ombros resistentes. 56 que ela ansela ‘ainda ‘um pouco mals. Sendo assim, além de todo 0 seu desespéro, Blanche tem pressa. Pla esti em vias de ser digerida- Ela carrega a soll- ona sua natiresa, Também o passado anda & esprelta, jo- gando com ela. £ desculpavel que ela tente attair cada ho- ‘mem que encoatra. O sexo € o oposto da solidao. O desejo é ‘o eontririo da morte, Por um momento 2 ansledade estia Por um instante 0 sbsoluto desejo ea concentracio num hhomem ocupa Blanche. fle pode abraci-la. Pode dizer: te'amo” 0 que sobra € ansiedade, abandono, desorientagho. Obrigada por sua natureza (ser superior, especial) ela impossivel o set relacionamento com Stanley e Stella. ge de ume manelta destrativa, mas 9 quinhao final de sorte é dela, Blanche eneontra o tnlen homem na terra que rocura uma mulher que.o domine. Blanche por um Instan~ te-é ‘feliz Entio 9 seu passado se apresenta. Stanley, seu fdversirio, adversitio dos seus desejor de superioridade, usa © seu pasado como arma, vasculha o passado para destrul~ fa Finalmente, o refigio’ nos sonhos. Ela quet protecio & amor. Nos seus sonhos ela pode obt#-los, pelo tempo que qulzer, Blanche enlouguece: Blanche 6 uma personagem estiizada: deve ser inter~ pretada e vestida como una figura estilizada, Porque © emprego do "blues" na peca? O blues” traduz abandono e tejeigio, exclusio e isolamento do negro em Dus a do amor e companhia. Blanche dit: "Eu ho sei para onde vou, mas vou indo”. 0 blues” no piano canta 0 clima de Blaiche e conta emocionalmente, rememorando, es porqués fda crise atual Blanche — fisieamente, Deve dat, sempre, uma siniea lmpressio: de uma donicia refinada e elegante que esta fem apures. Seu passado, seu destino, sua deeadencta vieramn de surprésa.-.entzo a’ tragiea contradicdo. Mas a mises 2 donzela reiinada no eal nunea. ‘A linlea forma de se entender um eariter 6 trazé-lo a nis, Nés somos bem mals parceidos uns com os outros da que Adiillimos. Mesmo. uma ‘erlatura. to futloga e fantéstica Como Blanche pode ser composia pot coisas que sentimos g,abemos, se € ae nis som fics as coisas que nos sen STELLA NOCLEO — Agarrada a sua tébua de salvacéo: Stan- ley GBlanehe & a antegonlata ‘A resposta para a submissio de Stella a Stanley ap econo so tunslatar a aversio inconciente que evi seRts for Blanche: Em face de Blanche, Stella parece inti ane fEquada'e denprotesia: tao que Stanly conegu exter Stanley f€2 de Stella outra mulher. Ao chegar, Blanche a secoloes imediatamente ina sus posicio do fae tina Gxlanea subjugada pela tea mals vel. Silla, ndo fésse Stanley, cei una cfpia de Blanche ‘Agora Stella taboo quanto’ dle sified para sua see Fang, Porianfo, nfo importa» que Stanley faz cu dele a ie. Ela eve so agra fo masido com Sua pede pia vida. Volir a ser dominada pele ima € 0 meomorave retornar, subjugeda a tradigao. me i" ‘A peca & um tridngulo onde Seti 6 0 Spice, Inconscien- temenie ela deseja-aue ‘Blanche porta ‘com Aten porate {iso elimina em Stella 0 que ela iem de anche is ai um terrivel coallo entre Mistehe e Stella, Prin- cipalmente'no que tly respslto a Stella De fatty na cena 1) Blanche domina outra ver & iin Sela ama, oleia, tome apleda-se de Blanche mas, za realdade, ja no’ Suporla. Finalmente, entre in fo matido, ela escolhe o mariiosStlla far ése julgamen {o“inconsetentement. A esooiha so se orna cneclene ta cena XI que ésimiltaneamente, o climax da pets © Uo trdnailo Stella, joven refinada, também, pagon um peboo ter rivel para falar-se e reaitarase, Ela fecha os olnos, la fica ng cama tanto quanto. possvel para eviter ésse-préeo fertivel, Ela vaga como se estivesie nareotleada, como se Fosse “uma sotibula, Ela est na eepreia de note, Bspera pelo eseuro.no qual Sianley a far sentir somente a éle ¢ @ m= pede de somar 0 préco que esta pagando por tudo isso Seu mundo ‘io ‘permiie a intruséo de nenbim forasteit Ela ests dopada, em (wanse. ‘Tem espasmos senstas, Evita toda sorte de désafios. stella perde tempo, pimia as unhas, pentela os cabelas, analisa um vestido, come pote, mas prepara o Jantar de Stanley e 0 espera, Endo espera mals hada da vida, Sua gravidez apenas sublinha essas caracte= Fatieas: Stanley esta dentro dela dia e noite. Sua preacupa- G40 liniea ¢ Zazer-se bela e deselavel aos olhos do marido Sou corpo sepitouca viva. Tem os olhos vidrados-e parece ver muitas colsas. Eri. Rl ineessantemente feito tama nga em quem se faz cocegas, ¢ estanca de repente, como Se 0. stimulate, as coceyas, “ivessem parado, também, Enlio Stella retorna ao estado anterior ‘© habltwal: uma feliz crianga nareotizeda, Tudo que Stella faz m0 palco, de- ve poder ser feito em témno se uma stmosfera de clordfOr= lo. Stella esté num ealmo ¢ delimitado paraiso quando Blanche aparece. Blanche obriga a Irma. julgar Stanley, ritici-o e, pela primeira ver, delsa-lo na cama esperando. Mas agora é muito tarde, ‘Stella, ao final, retorna para o sarido Stella também tem o seu destino Selado. Hla vendeu-se Esta desistind de {do para ‘poder gorar os prazeres de Stanley. Assim ela lepentde dos eaprichos do marido. Isto durara 0 tempo que Blanley ulcer Stell por euro Tada fo poder vier cotizada para sempre, la ja comeca a se sentir desrespe)- fada‘mesmo no ato sexual. Atém de tido, cla presisa vari- Ar. Sua tniea esperaaca ¢ o filho,e ela, como multas mulhe> Fes, cometa a viver para 9 s0t filho, Stella tente camuflar sss necessidades refusiando-se no sexo. Mas as suas verdadeiras necessidades, tals como termura’e realizacao nos diversos aspectos da vida — noe cus préprios térmos ¢ no os de Stanley —~ ainda existem ¢ escas ela ndo consogue’anular pelo simples recto de fingir ignoriclas. Blancke, nag obstante sua aparente. dec dencla, far-Ine ver certo: detalhes @ respeita de Stanley. Bla ainda procura agatrar-se ao marido (cena IV). Dara fenlorpecer suas duvidas na violencia do sexo, mas Blanche conseguiu despertar-Ihe a ateneéo para. sia eeueira’ Stella nunca mais vera Stanley do mesmo modo. Stella, no inicio da_peca, nap quer reconhecer certs hnostilidade (que ela censiira ¢ lgnera) para come. marido. Ela depende dele, € sua eserava, Desistin de tudo e aba” fou todos 0s seus’ protestos. Em ‘Stella a Tebeldia ¢ laten- fe. Blanche desperts essa rebeldia Stella nio tem Idéias proprias 2 respeito de Stanley. fle conversa em duas linguas: uma durante o dia e oulra Anoite, a8 cama. Ele a transforma numa pantera, no leiin ie for'g'seul primelro homem, Ble a satisfer mais’ do que esperava, Bla esta cega a respelto de Stanley. Esta com {2 e nao se importa... até que Blanche aparece. No fim fa poca.a sua vida esiara diametralmente mudada, Ela nao mals sera a mesma (para o marido ‘Comentario de. Tennessee Willams no quarto dia de ¢nsaio: “Estou_um_pouco aptecnsivo com Stella na cena ESEla me parece muito vivo, elerica, Pensel que cla eae Yess em vias de dar tm’ pontapé en alguma tolsa. it se! gue ¢ impossivel set Hera numa ‘deseriao. do" que. vena ser “rangullidade narcolizada” maa eu penso que. seja Imprtante sigerit cata linha ‘para’ Stella ¢ transfer pa Ta Blanche a excltago a febte: mlanehe 6 viva luminose, Silla @ retasicamente caima, quase indolente. Blanche fa Jalan “nla thinsa de Sila sen ello de soar com 2 imios eruradas felto querubins em ebro, ete, "Acho de 2H passiidade natural de Stella ¢ uma dae causas que a tee aceliar Stanley” Ela desise, celta, ema 0 bares corte? nunca far muta eseeo Stanley NGCLEO — agarrar o que estiver no seu caminho (Blanche @2 antagonisiay. B tm hedenista: suas roupas @ objetas. Chupa um cha- ruto o al, intelro porque nem sempre pode chupar um sel. Come também o tempo todo, confla iatetramente na. carne “B ingenuo. As vezes € ‘mesmo. terno. Nao quer fazer ‘mal nom quer rebaixar ningiém, Ble 86 n80 quer ser pase Sado para tras. Seu cédigo 6 simples. For enquanto esti fitda eerie. depois, quando. sen. poder sexual. mureher, fle-também se extingue ‘Os “problemas” virao_ depois, Mas qual é @ fenda na sua atual armadura? A contre- igo? For que Blanche ¢ dominada por tle? Pur que € qi Be quer rebalxar Blanche antes dela, Stella para 0 sew proptio nivel? Ele € profundamente insitisteta, desespere- do © cinco, Os prazeres fisicos, se vierem com resularida- de, sealmani-no tanto quanto possivel... sua amargura vera enlao a tona... ¢ le chora aos pés de sus paresira._ Com Blanche, no entant, ele se sente impossibilitado de. qualaver coisa. 6 sexo @a Unica mancira de Tebalxi-la go set nivel Stanley a rebaixa ainda mais gue éle Uma deseulpa impostante para Stanley 6 que Blanche arruinaria 0 sew lar. Blanche & perigosa, destrutiva. edo fla Taria com que le € Stella brigassem. le quer suas col” Sas arrumadas ao seu redor'¢ a sua maneira. Nao desea "as desarrumadas por uma mifher does, corrupla © faladeira. Isto faz bem a Stanles! Sera que nde estamos ca" minhando para a era dos Stanieys? Ble deve ser pritico.¢ iusto, masque diabo le nos deiva? Retirar dai uma linhs objetiva para Brando, Escother os objetos de Marlon — Coisas que éle ama. ‘Tudo deve set muito sensual: 0. blusfo, 0 ehatuto, & cel vela: ete ‘Uma coisa que Stanley mio pode suportar & que alguém se julgue melhor que éle. Sua forma para igualar-se 6 9 seguinte: se Stanley fede & porque os! outros também fe- dem, Stanley ¢ 0 simbolo do Cinismo Nacional. Nao hi uma fseaia de valores. Violar lanehe & sua formuia infaivel de Febalxé-la.ao set hivel. Seu sucesso € momentineo, A ce- na XX1-nos diz que éle fathon Stanley obtém as colsas a sen modo, Dentro do que © corea, sua posicéo é segura: a comida, a beblda, a viainhan- fa. ele: vio de encontro a0 sew gosto, H éle eonseguiu, uma rande pequena com una carga neurétien equivalente 4 dé Ie. Ble conquistou-a, O relacionamento dos dols 6 correla Hla o espera. Ainda por cima, deus e a nalureza deram-ihe tum Gtlmo aparatn sensorial, Ele gozal O tniea trabalho fque 0 ator deve ter nas cenas inielas ¢ compor fisleamente Stanley 0 resto (aera, costume, pagum) aparece mi Turalmente. Stanley 6 indiferente, Quando éle encontra Blanche pela primeira vez, le realmente parece mao se ter apereebldo de fue ela esti al, Stanley esta absorto nos stus préprios pra Composielo fisiea: Stanley tom a maneira mais inopor- tuna de estar preocupado ou de se distrair com alguma col- Sa (extelo quando as pessoas estao falando com éle). Exem~ plo: Nag primeiras das paginas da. cena TI, Stanley penss {ue Stella fol muito mal educada, Fla nao sabe fauer a5 col fis mals simples. Ble feve uma pequena antes que sabia eodi Inhat de yerdade,.. mas ela bebia um bocado. Enfatizar 0 mor de Stanley por Stella: um amor dspero, dessjeitado que Ele gostaria que Mio. fosse nota. palos cuteos, Mas ésse amor existe. Stanley tem orgulho de Stella. Nos’ momentos de tréaua, se éle a observa, seus olhos brilham subitament2 Ble esta agradecido, orgulloso e satisfetto, mas nunca de Slanley € indiferente a tudo, exceto ao prazer e ao con forto, Ble € um estupendo egolsta. Um milagre de sensua- lidade e egocentrismo, fle construlu uma vida hedonista © Tuts até a morte para defendé-Ia. So que isso nao basta para anter Stella e fis filosofla nao Ihe Tende multos.suvessos pols, toda hora, @ sua parte frustrada e reprimida se des- Eetta por caminios imprevisivels expondo-se assim, 20 nos £0 exaine, Habituaimente éle espanta essa frustagao’bebendo fulto, comendo muito, jogande. mutto e fornicando muito, Engordard fulutamente. Bie tenta agarfar a felicidade com limhas e dentes mas s0 consegue armazenar violéncia, Todos ‘ares dos EUA vsiso ehelos de Stanley prestes a explode. ‘Em Slanley 0 sexo esté disfarcado, Nada é mals erético para tle do que “boas mateitas”. Ela penta que é melhor fo que ey, pois eu vou mostrar-iie, Sexo equivale a domi- Inacio e tudo que o desafia exeita-o'sexualmente: 'No caso de Brando, o prazer é uma questio particular~ mente importante, Stanley é hedonista 0 que o faz gozar’? Sexo ¢ sadismo. fa sua regua de nivelar, Ble conguisia com © penis. Conquista ho poker, na comida, ‘Exereicls, Stanley Dpunea fol mals que um bebé que morde uma chupeia e que borva se alguém'a atvanca déle Como personagem Stanley é muito interessante em suas contralicpae, om seus momentos de fraqueza, em sua Topen~ tina e patetlea ternura de colegial para eom’Stella. Na cena Ul dle chora como tim eb: na. cena VIII, le quase faz 23 pales com Blanche; na cena X, tonta fazer as pazos de novo, © que aconteceria' se Blanche 20 tivesse agido de mods ‘menos Teeomendado em se tratando de Stanley, tanto na Mitch NOCLEO — cortar seu cordio umbilical (Blanche & o ponto de apoio). Mitch quer 0 que sua mio the deu. Tudo que éle teve dependen da sprovacio materna: tudo devia ser hom e per- Feito para Ge. Natusshnente, nenbuma muller sensaza, hoje ‘em ay pode ihe oferecer isso... mat a tradieao pode ‘Tal qual Stella, Mitch foge’de seus proprios problemas sdorando mie. ‘Mltch é'0 limo fruto de um matviareado. Sua mie tirou-the toda a inieiativa’ ¢ conflanes, le nso enfrenta ‘suas proprias necessidades. Mitch seria o homem ideal para Blanche mas, um esque- ma eéimico, éle esta atrazado de'190 anos, Ble & grande, force, tem voz de baritono sulist, tem modes easeiros, eresced demas e tem coreqio mole.” Sua forga o deixa embracado diante das mulheres. Mitch descende diretamente da comé- in de Mack Sennett. Todavi, Malden, terd que dar uma vyerdade a essa tdsea imagem. Sua forea bruta & controntada ‘com a fragilidade de Blanche. Lennie emt “Ratos e Homens Mitch também @ muito interessante em suas eontradi- Ges bisieas. Ble nlo quer ser um filhioho da mamde mas. Aiabos, fle mio pode acabar com isso! Envergonha-se do Amor que sente pela mae. Blanche {a2 déle outro. homem: importante, ereseido. Sua mae o faz um adolescente eterno Volénela: Mitch ests cheio de esperma helo de enersla helo de farea 9 que » torna tio desajeitado com as mulheres é a atracio {otal que sente por elas ‘A-miscara de Mitch: 0 oterno flhinho de mamie. Sua méseara € conhecida ¢ tradicional na literatura dramitiea Americana, mas ¢ verdadelra, sla pecaaborda alata mais importante da vida de Mitch. Por instinto ou mesmo conscientemente, Mitch sabe ‘0 que est4 errado com ele. Os outros cagoam déle ete Sabe que estio com a razdo, Fundamentalmente, Mitch od 2 sua mio. & para Mitch ima tragédia retornar, no final, & Absoluta submlssio materna. fle nunea mals encontrar’ una foutra mulher que precise tanto dele. © que 0 faga. sentir ‘to macho quanto Blanche, Thornton Wilder e a Dramaturgia Americana Barbara Heliodora ‘Em dois eompos diferentes. ¢ percorrendo caminhos di versos, Engene O'Neill e Thoraton Wilder chegaram a al- anear posigdes previlegiadas na literatura dramtica ame- Hana. ‘Dols pomtos, entretanto, ligam as catteiras désses fois temperamontos to diversos, dessas duas vidas to to- talmente oposias em interésses¢ vem visto: nem O'Neill hem Wilder cortejaram o sucesso facil, fazendo.concessoes 40 que estivesse ou nip em moda momentaneamente, © am- hos representavam ma. conseleneia indlscusivel do. teairo ‘como um instrumento de aprofindamento 2 capliecimen= to humano. O'Neill, o torturad, -procurou caminhos mals sombrios, enguanio que Wilder biseou a comédia, mas Wi fler nem’ por isso delxa de Ser penetrante em suas observa- foes, Em contraste flagrante com a vasta. obra de. O'Nel Thornton Wilder, que hoje em dia esta com quase setenta fos, s6 escreveti eineo oll sels pecas, duas das quais tece- beramo Premio Puller: “Our ‘Town, eserita em 1038, 6 "The Skin of Our Teeth”, de. 1082. Em menino, Thornton Wilder esteve por cérea de_dols anos e meio em Xangal, onde seu pai servia como consul fos Estados Unidos, e 0 falo pode ter a malor ¢ mals per~ Imanente significacay na vida dele como ator teatral, pols ‘unfluénela do teatro chines em “Nosca Cidade” € nitida,e, mesmo sem influenelss formals difetas em oulras_ obt Wilder nio se voltou jamais para o realismo: Homem ex- traordinatiamente eruilite, que passou parte de sua vida como professor, Wilder 6 inteiramente dedicado ay Tetras, esta obra de fecionicta ¢ tao importante quanto a do dra: fmalista, bastando due notemgs “THE, BRIDGE OF SAN LUIZ REY" ¢ “THE IDES OF MARCH Em tudo e por tudo a earreira de Wilder @ tipiea: a obra Iimitads, o-antirealismo, a Fecusa sistemdtica aes frever para agradar o publico ea linguagem ¢ujo enganosa simplicldade é resultado de um trabalho longo e cuidadoso, ujas riquezas nem sempre se revelam (das a um primeiro ontato. Por outro lado as filiagbes Iiterérias de Wilder sao io numerosas e vastas que no se torna facil a andlise de suas obras, Quanta a scu método de trabalho, nada exem= plifiea tao bem a distincla que val entre um désses nomes fe sucesso comercial na Broadway ¢ Wilder do que 0 fato de que a adaptagao que fez de uma farsa do austiaeo Johann Nepomuk em 1988, com 9 Utulo de THE MERCHANT OF YONKERS, vai reaparecer, por volta de 1955, em forma bastante evoluida, sob 0 titulo de. THE MATCH MAKER, uma farca de construedo.e chma completamente diversos’ das otras experiéncias dtamdtieas de Wilder, ‘muito menos ainda Hgada a qualquer coisa que se faca nor ralmente no teatro amerieano, Sobre “OUR TOWN”, j& tantas véves montada no Bra- sil, muito j& tem sido eécrito, mas parece-nos inerivel que Sir quase.vinte anos depois de_sua apreceniaelo, & que 0 publieo carloes tenha conkecido THE SKIN OF OUR TEETH, ENissim meine por intermedia de um grupo estrangeir, fem Tapida visi” que mostrou a peca dots dias. no. paleo ‘0 Municipal. THE SKIN OF OUR. TEETH bandona por ‘eomplota 0 teatro chines que tanto maresra OUR TOWN, para ir butear em ofigens monos longinguas ¢ temotas, mas, fmcsme assim bastante afastadas, suas influcnelas deels\~ ‘as: a obra € téca ele inspirads diretamente no Leatto,me= Uieval inglés, misturando-se ‘ela caracteristicas de Misté- Hos ¢ de Moralidades.” Se 08 Mistérlos contavam a histo Ha da tumanidade desde a Crlacio até 0 Julgamento Fi- hal, ‘Wilder também ‘nos apzesenta ma storia. da huma- ‘dade, ou pelo menos a hisloria do comportamento da hu- Tanidede ftente a determinadas situacdes.sufleiontemente fipieas para que delas se. possam fazer transferéncias para tiuaiequer outras, E é também uma Moralidade porque, a Seu modo, trate da salvacgo do homem, Mas no ¢ 9 na coneep¢a0 que Wilder esta perto do teatro medieval: € tambem na forma, no recurso teatralista, ho tsy do efeito comico em momemtes de seriedade ou de Emogao, na quebra constante da ilusao dramatic com 0 Seniido! de-alertar 0 espectador ‘para o Tato de que esti endo uma represeniagao. Sob certo aspecto Wilder alien f plateia tanto quanto Brecht, A dferenea esti, 6 elaro, no fato de Wilder nao allenar durante a acao a set compréen- aida, Isto é, nao usar 0 estilo epico de eomposiezo e inter— pretacio durante @ pera tda: mas usa certos exageros que Eubstituem 0 "V-etfekt" perfeltamente e para os mesmos fins, pols uma aedo propositadamente exagerada objetiv fia" essénela com tanto sucesso quanto a. "demonstraci Epica dos Gesten. Bm sua concepedo de Moralidade ¢ que ‘Eike Skin of our Teeth” eneantra seu elenco: Antzobus, 0 hhomem; Mrs. Antrobus, a mie de familia; Sabina, do rapto das Sabinas, @ eterna “outra mulher": Henry, o filho, que "também Calm oO Mal em toda © qualquer forma, @-a fitha Gladys, que ¢ menos bibliea do que humane, a menina ‘Gue passa da itresponsabilidade da adoleseénela 4 sua rea~ Heaeko como mulher e mie, e aie portento, com Mrs, An- ‘trofusserd parte integrante da preservacao do homem ¢ da familia, 0 nlicleo a que Wilder da sgnifieacko especial da fevolucio do mundo. A idade do Gélo, 0 Diluvio e a Guerra forma’ og res ates, do mesino modo ave uma Moralidade ‘era formada por episédios nos quis © homem (normalmen- frvehamado Todomundo, que Wilder, na Tuesma linha, ch ma de Antrobs) enfrenta determinadas tentacées ou’ peri-; 08 no eaminho de sua salvagao ou perdi¢do, Wilder” sem“ ivida ¢ mais ameno do que as velhas Moralidades, seu ‘lima’ é mais o do Novo do que 0 do Antigo Tostamento, Tuas. estrufura a concepelo da Moralldade estao incon” Uoversivelmente estempadas em "THE SKIN OF OUR TEE 0s trés atos nio so apenas trés facétas de uma mesma historia, pois hi uma telaego intima enlte a halurers do aconteelmento @ 9 comportamento de ‘Antrobus e sua fa milla frente 0 mesmo. Assim, ao ha seasacao de mals. do que uma difleuldade a ser venelda no primeite ‘aio, slo 4, fi Idade do Gélo: & clfeunstaneia ¢ exterior, © se algumas faracteristieas se manifestam, como a covardia de ‘Sabina, 4 prolecio dos filhos pela mie etc., o que Wilder apresen” farnesse alo 60 aspecto normal da evoluedo, Normale ine xoruvel, Ito é 0 desaparecimento do. Dinosauro edo. Ms nite sig Inevitdvels e aceltos em troca da preservagéo do omen, e, de maneira geral, ha uma prelomingnela do spitito de solidariedade quando todos se vedm frente 8 tim perigo comum ‘Quando cheyamor a0 Diivio, entretanto, a asio 6 alte rento, e-9 esprit da Moralidaaé lea. mals patent, J6 due Womos ent um pecado, para wearmas on t2tmor exaton da Moralidade, ea pimiga’divina deste pecedo. 0 pecado é-a Tuna, que no caso v8 Solerpretaaa coma o peeado cons tia a fémilia,e 9 Dilivio nao & mais apenas uma difleuldade ser enfreniaia, mas ma reteiigao, uma Teeibuigdo que pode ser interpretada teralmente ow imasinativamento 98 {ue coineide com 0 desapareciment, em Gladys, da critésio fe comportamento familar e em’ Henty com a relael= déncia do mal em forma violenta, E, no enianto, 6 necessénlo folar que Wilder tece chidadosamente a tela do interacdo nize a bem e 0 mal, quando a retibuicdo do pecado, ate 6 O's s ite ferumenta de wing a fa fii, pols faz com que Antrobus, mals ua Vx vendo @ pe Figo evtremo, Fetome s conscidnels de min funcio de che= Forde familia e de responsavel pela preservacso. syelboria ti humanidade, Bas tna ver 0. mal nao 6 desteuido: & Sta, Antrobus so reeusa a salvat-se stm seu flho Cam, © rial estara sempre presenie, sempre nexativo em suas tae hifestacoes propras, sempre positivo pelos efeitos ave pro- dive nos gue 0 combaten Se a Luxtiria 6 o pecado contra a humanidade, e 0 ter~ eelro ato é 0 mals eomplexo dos trés justamente porque nio Se trata mais de um acontecinento exterior, com © primel- 79, oll de uma aeao individual, como 0 segundo, O mal de Cim deixa de ferir individuos — primeira um irmao on Viainho, depois um desconhecido, apenas porque nfo the faz Bs voniades — pata precipitar’ (Oda uma eadeia de acon ecimentos que afetam ou deséroem tda a humanidade. 1 Antfobus apesar de toda a sua vontade de acertar ¢ toda 4 sua natural tendéneia. para eonstrulr, tera de Tovar avan- fe sia’ tareta, tropecanda a cada Insiante em suas fraque= is, 6 buseando. apoio, desesperadamente, em tudo 0 que a Sue infeligeneia Ihe mostrou que pode ser apreendido ¢ trans {29 homem. 0. processo miin= nidade continuard a escapar de uma catastrofe atrés de ou ‘ta até aprender a compreender melhor suas responssbill Ades, se'¢ que. poders ‘aprender, em certos aspectos ‘Altima coisa que oeorreria’a im autor como. Wilder seria “imitar a vida’, pols sila concepggo. de teatro & muito diferente: ng featro “se representa a vida” por melo de uma Tied seco Ge slementos por Iierméae dos quay ark Possivel, num palco e dentro das convengbes da arte drama tice, reérlar eertos aeontecimentos euja observacto amplia~ Ta hossa compreensio do homem e do mundo 4 nossa volo fa. "Por isso mesmo interessante notar ‘due, como obra Gramatica, "The Skin of Our Teeth” tem dois momentos 08, um no segundo ato € 0 outro na terceiro, qe s40 justa- Imehte aquéles em que inexplicivelmente, Wilder perde 0 tom da transpasieso dramatica ¢ eah no que poderiamos ehne mar de moralizacao fotogrifica. Isto 6, s40 falas que nao se Integram ‘numa estrutura puramente dramatica: 0 disearso sobre o destino da mulher, feito por Mrs. Antrobus no final {To segundo ato, e a diseissio do problema entre Anizobus Henry em suas personalidades de atdres (¢ elaro que sto “atdres”, isto ¢, personayens dentro de_personagens.) Em estilo coino em tom sao duas quedas momentineas, mals sn- ontestavels no texto, e por eolmeldanela sfo dois momentos fe tradiedo de Wilder & Sua propria dramaturgia: de. muitos outros autores ameticanos pedetiamos esperi-ias, mas no dele mesmo, normalmente tao seguro ne método’draméticn de apresentar ideas ou apbes. Bssus felas nao s40 drama: las tém de ser expostas, soletradas quando estdo apoladas na aco e podem ser par esta Iustzadas, Wilder escreve como escreven sempre, livre das pres ses da Broaway: sua obra tera sempre aceltacio por per= te'dos produtores, mas dstes terao de aguardar paclententen- te até que Thorston ‘Wilder eonsidere protta sua proxima obra dramétiea: a ele nao interessa a pressa, nao Interessa 0 Sueesso imediato, néo Interessa 0 nome nos snneios luni- hnosos; seu nico compromisso € consigo mesmo e coin s cone eepsa0 que tem do teatro e 4 quit tem sido fiel téda a sia Vida. ‘Veremos por quanto tempo ainda teremos de esperar ua frilogla para teatros de arena, que ha alguns anos vein sendo comerttada & béea pequena. Pelo que Wilder {em e3- ‘rite até aqul, a espera devers valer a pena, © que vamos represetar? “A Historia do Jardim Zooldgico" Edward Albee ‘Tradugéo de Lule Carlos Maciel ‘ntérpretes: PETER — Um bomem de quarent anos, nem gordo nem magrto, nem bo hito’nem. fel. Veste um paleto de ‘Toveed", fumacachimbo e usa deulos fio args!_Apesar de caminhar para a nicla-idade, suas roupas © suas manel- as sugeririam um homem mals moco JERRY — Um homem de quase qua- renta. anos, vestido com certo deslalo, Sou earpo, que fol, uma. véz elegant de fove museulatura, comeca a. flea fordo, e apesar de alo ser mais boni= {0 aparenta ter sido. A™perda de sus fraca fisiea nao devia sugerir’devassi~ ao; para ser mais exato, Sle parece lanes cansado ¢ acabado. CENA: Central Park; uma tarde de domingo no verao; época alual, Ha dois hnemeas, sendo um de cada lado do pal= 9, mas ambos de frente para a platéia. ‘Airis deles: atvores, folbagens, eeu Reter ests sentado num ‘dos “bancos. Mareagbes do paleo: quando sobe a cor~ 1 lina, éle esta sentado no baneo da di- rolls, Esta lendo um livro. Fira de fer, por um momento, enquanto limpa of Gehlos. Volta & loltira. Entra Jerry JERRY — Virn do Jardim Zool6eleo (EBTER NAO 0 NOTA). Bu falet que eetive Bo Zoolégico! EL SEU, EU ES= ‘TIVE No JARDIM, ZooLOGico! PETER — Fin. ? O que? Deseul- ey 0 senhor estava falando comigo? GERRY — Eu ful ao Zooldzieo ¢, de- pols, caminbel até aqui, Essa ¢ a quin- fe avenida? (AFONTANDO. ALEM DA ELATELA) PETER — Rem... eu... acho que sim... Deixa en ver. Aiy 6) € sim. ‘SeRRY — E que rua transversal 6 aquela da direita? PETER —Aquela? Oh, aqucla é a rua Setenta e Quatro JERRY — 0 Jardim Zoolégieo flea perto da rue Sessenta e Seis; louo ext {estou caminhando para ‘9 norte, PETER - (ANSIOSO PARA CONTI- NUAR A LEITURA): — £, parcee que JERRY — 0 velho norte, 0 bom nor te PETER — (LEVEMENTE, POR RE- LEXO): — Ab, ab. JERRY — (DEPOIS DE UMA BREVE PAUSA): — Mas nao & bem o norte. PETER — Néo... io 6 bem o nor te. Mas nde, nds @ chamamos norte Para 9 norte JERRY — (OBSERVA PETER QUE, ANSIOSO PARA’ SE VER LIVRE DE- LE, PREPARA 0 CACHTMBO) otha rapaz, voce no quet arranjar um en ‘eer no pulmo, quer? PETER — (LEVANTA OS OLHOS, PRIMEIRO ABORRECIDO, DEFOIS SORRI) Nio, senor; nig com 10 aul. JERRY —Enlao, voco quer arranjar € cameer na boea;'e vai ter que usar fama daquelas coisas que Freud. usava flepois que arancaram tim lado intelro fig queixo dele, Como é mesmo que se ehiamava aquilo? PETER — (SEM JEITO) — Um aparelho protético, TERRY — Isso mesmo, um aparetho protelieo, Voet ¢ uum homem instrwido, Vout & médica? PETER — Oh, io. £ que eu 1 isso fem, alguim Tagar’ acho que fol no me", (ELE VOLTA AO SEU LIVRO). ‘JERRY — Bem, o "Time" néo € pata cualaver um PETER — Nao, acho que nao, JERRY — (DEPOIS DE UMA PAU. SA) Fuxa, estou contente de saber quo aquela€ a quinta venta, PPTER —(VAGAMENTE) #7 JERRY — Eu no gosto mutto do le do oeste do paraue, ‘PETER —'Nio? (COM PRUDENCIA, MAS INTERESSADO) Por quo? sGEREY — (FORA DO ASSUNTO) ORETER — (VOLTA AO SIU LIVRO mt JERRY — (PARA POR ALGUNS SE- GUNDOS, OLHANDO PETER, QUE, FINALMENTE, LEVANTA OS OLHOS, OUTRA VEZ, PERPLEXO) Voct se In” comoda de convetsat comigo’ PETER — (IEVEMENTE INCOMO- DADO) Bem... nio, nao, JERRY — Bem.’ mas nio esti aue- reno conversa 6, yoo? se importa si. PETER — Nio, eu, sinceramente, nio me importe, SERRY — Vocé se importa sim, PETER — (FINALMENTE, DECIDI- DO) Nio, naverdade, cu ndo me im porto, absolutamente SEIMY — .-. est fazendo um bo vite ia PETER _ (FIXA, DESNECESSA- RIAMENTE, 0 CEU)’ £... € sim; est rmulto bonit ToQEREY — Bu estve no Jardin Zo0- oxic. PETER — Voce jd me disse isso, antes, do disse? JERRY — Amanha voeé vai ler sobre {sso nos jornals, se vote nao assistir na sua televisio hoje a noite. Voce tem {elevisio, nio tem? PETER Tenho sim. Nés temos uas; ume para as exiangas, JERRY — Voc & casas? PETER — (SATISFEITO, COM £N- FASE) Sim; ¢ losico ave sou JERRY — Bem, mas ter easado no & ‘uma obrigacao. PETER — Nao... claro que néo, JERRY — Voré tem exposes PETER YESPANTADO. PELA APARENTE FALTA DE RELACAO) Gara! JERRY — E vocd tem fithos. Peren —Teaho dois, JERRY — Meninos? PETER — Nao, meninas.,. duas me- ninas JERRY — Mas vocd queris meninos PETER — Bem... naluralmente, todo, homer quer tn tho, mas JERRY —" (ZOMBANDO) Si que voce nao descobrits a recelts PETER — (CHATEADO) Eu nio wiz dizar ico, JERRY — Vocés nip preven: sais flhos, pretendem? PETER (UM POUCO DISTANTE) Nao. (VOLTANDO-SE ABORRECIDO) Por que voe® pergunta? Como vocé o- de saber? JERRY — Felo jeito de voee erwar ss pernas; algums olsa ba aus vor, O {alver, seja.somente um palpite. © por ‘casa’ de sun mulher? PETER — (FURTOSO) Isso nfo é da sua conta, (JERRY DIZ SIM COMA CABECA. PETER ACALMANDO-SE). Bem, voce tem razio. Nés nso vamos fer mate filhes ter JERRY — (SUAVE) #6... vooé néo aescobriu @ reeeita, PETER — (PERDOANDO) f... acho JERRY — ©, agora, que mais? PETER — 0 que 6 que woe estava fa- land sobre Jardim Yookdeo..- Que JERRY — Vou Ihe conlar daqui a pouto, Vocé se importa que eu Ii mals perguntas? PETER — Ob, nio! JERRY — Fu Ihe digo poraue; eu nio {alo com muita gente —~ 36 para dizer sas Como: Hed ua ervey fou "que hora 0 i= fu ainda, ‘ira a mao da, Tupaz"™"—'Voee sabe." colsas assim PETER — Nio, nio compreendo JERRY — Mas‘de ver em quando eu gosto de conversar_ com alguem; con= versar, realmente; gosto de fear conhe= ccendo ésse alguém;-de saber tude sobre ae PETER — (SORRINDO, MAS AINDA SEM JETTO) Rieu ful escalado pra hoje? JERRY — Numa ensolarada tarde de domingo, como essa? Quem melhor do ‘que voce, un homem bem easade, com ‘dias filhigs eu. um -cacboreo?"(PE- ‘TER SACODE A CABECA). — Nao? Dols cachorros. (PETER SACODE A. CABECA), Nenhum eachorte? (PETER SACODE’ A CABECA MELANCOLICA~ MENTE). On, que pens! Mas voee pa- race gastar de animals. Galas? (PETER FAZ QUE SIM COM A CABECA, TRIS- FEMENTE) Gatos? Mas iss0 nko pode ‘er importénela para voed, mas... 1a sua mulher. suas filhas, (PETER FAZ QUE Sint COM ‘A CABECA) iit ‘ais alguma colsa que eu deva. saber? PETER — (LIMFANDO a GARGAN- TA) Ha... Hi ainda dots periquitos tum para cada uma de minhas filhas JERRY —Péssaros PETER — ‘les flcam présos numa sgalola no quarto: de minha’ fihas, JERRY — Sto doentes?... 08 pis satos? PETER — Creio que néo, JERRY — # pena, Se fOssem doen- tes oe poderia slta-los e a8 gat0s po diam comé-los ¢, talvex, morrer. (PE~ ‘TER PICA PAEIDO POR UM MO MENTO E, DEFOIS, SORRI). E que mais? Como & que voce pode sustentar eeca_ familia toda? PETER ~ Eu... trabatho na_dire- 0 de uma... uma pequena editor ‘hes publicamos livros eseolares JERRY — Gtimo, excelente. Quanto 6 que voré gana? Feren —“"(AINDA ANIMADO) Es- pera ai JERRY — oh, vamos, digs PETER — Bein, eu ganho cérea de 41.800 dlares por ano, mas nunea. ando com mais de quarenta dolares no bale 0... no caso de voce ser... assallan= te Jimny — (1GNoRANDO 0 DITO A CIMA). Onde Equa voce mora? (Et TER ESTA RELUTANTE). Olha, eu "Mo pretendo roubar voee, nem. seis Tassaiion, insets dato ou suas = PETER — (MUITO ALTO) Eu moro enlze Lexington ¢ a ‘ferceita Avenida, sa rua Setenta e Quatto. GERRY — No fol died dizer, f0i2 Perer — fu nio quiz parecer... é sue, ¥oce_prépriamente nko. comtversa; eee 80 far petguntas,"E'eu sou. et sou, geralmente, um reticente, Por que ogi ated al RY — Eu vou andar por aqul, dirante algum tempo ede. ver em quando, etme sento.” LEMBRANDO™ BSE): Ripete'e voce ve a expresso da PRTER — A cara de quem? Olha gas siguna coisa sabre 9 Jardim colisieo? JERRY — (DISTANTE) 0 que PETER — 0 Zoolbeieo. Algutia col- sa\sibre'o Jardim Zool JERRY — 0 Zool6gico? __PRTER — Voce o mencionou vétiae JERRY — (AINDA DISTANTE, MAS VOLTANDO BRUSCAMENTE) 0 Jar- im Zoolézico. O Jardim Zooldgleo?” Ab, fim, 0 Zoologico, Eu estive 1é-antes de sir para ed, 34 The disse isso. Dita, qual ¢ a ina diviséria entre a alta’ media elastenmedia e-& balxacalta elas se-média? PETER — Mew caro amigo, TERY — 'Nio ‘ine shame! Ge ciro PETER —_ (INFELIZ) Eu estava apenas, qerondo sor amivel, Desc, Mar veel ‘compreence, aus peraunts She’ last mo. descent VERRY = Equanio seco descon- cet, wood flea Smavel™ PETER — Fu ou nip me expresso tem, is vére. (BM UMA PIADA SO” BRE Si MEsMO) Fu sou um caioe, Hab, am esetor ‘sei "(BIVERTIDO, MAS NAO ACHANDO GRACA.DESté bem, Mas fended €_ que fore esa. querendo he agradar PETER — Vocé no precisa for INESiE FoNTo, JERRY PopE come PASSOS DE TAL MANEIRA QUE_A LONGA’ FALA SOBRE 0. CACHORRO EM NO PONTO. MAIS ALTO DA cuRva), JERRY — Esta bem. Quais sio o seus eseritores favoritos? Baudelaire © 5p" Marquand? PETER ~~ (CAUTELOSO) Bem, g08- ‘to de inhimeros eseritores: tenho. tina considerivel... dlgamos, liberdade de gosto, Bsses ‘dois que yor’ eltou sv Sxcelentes. cada um no seu género. (ENTUSIASMANDO-SE) " Baudelaire, naluralmente....-€ de Tonge 0 melhor fos dois, mas” Marquand tem sou Ia sar... em nossa... iteratura JERRY — che, PETER — Deseulpe, BERRY — Voce sabe 0. que en fiz antes de ir ao Jardim Zootézieo, hoje? Andet toda a Quinta Avenida, ” desde Washington Square ‘PETER — Ah, Yoc® mora no Village? (1S80 PARECE INTERESSAR PETER) JERRY — Nio, ‘Tomei o subway ate 4 0 Village de. tode que ea pudesse faminhar a Quinte Avenida inteira até 9 Zoologio, ssa ¢ Wma das enlsas que ima pessoa tem que fazer; «25 vézes, luma pessoa tem que se afastar muito fo eaminho para atingir um posto Te Tativamente proximo, PETER — (QUASE COM DESAGRA~ DO) A, eu pensei que vore motasse no Village, JERRY — 0 que ¢ que voe® esta ten tando dizer? Eneontrar umn sentido nas coisas? Colocar as coisis no lugar’? Usar 0 velho truque do curioso? Bem, 6 faci; eu Ihe explo; moro numa pen~ sao de quatro andares, no fim da Zona este, entre a Avenida ‘Columbus © 0 ‘este’ do Central Park. Moro no ultimo findar: nog fundos; 0 mew quarto & rie ficulsmente pequeno e uma das pare fs ¢ festa de tabua; essa parede separa meu quarto de um outro, também, ine rivelmente pequeno; por isso eu acho fue o# dole quarios foram antes um Aiwario 36, mas nso tao pequeno. 0 ‘Wuarto do’ outro lado de minha parede fe tabua’é oeupado por uma “bicha” negra, que sempre dela a porta do seu ‘quarto aberta; bem, ae Sempre, mas Sempre que ela esta depilando as'som- Drancelhas, © que ela faz com un ric fal budista, Besta bieha negra tem den= fos estragadas, o que nao ¢ comum tem fambem um quimoto japones, que & também bastante raro; © usa'o qulmo- no para ine volta ao banhelto, no hall, O que 6 bastante drequente. que eu ‘quero dizer € que ela vive indo ao ba helo. Mas munea me ehatela, ¢ nunea Teva ninguém para seu quarto, Tude (que ela faz 6 depilar as sombraicelhas, ‘usar seu quimono ¢ ir ao banheiro, Jd 05 dois quartos da frente no meu andar sio um pouco maiores, eu acho: has também no sio grandes: Tem uma Familia portorriquenka num deles’ 0 marido, @ mulher e algumas criancas; a0 sel quantas, Fssa-gente me diverte tum bocado. no outro quarto da fren= {ete alguém morando 1, mas eu mio sel quem: ¢ ‘Nunes vi, Nines, munca PETER — (EMBARACADO) Pur ue... Por que... Por que vocb mora JERRY — (DISTANTE, OUTRA V2) Nao se PETER — Nio me parece um lugar dos mals agradavels... onde voce mora JERRY — Bem, nfo; nfo € um apar- tamento como of do. sew balrro, ‘Mas ‘io teno uma espése, duas ilhas, Hols gatos: e dois periqultos. 0 que eu tenho: artigos de’ “tolllte”, algumat oupas, um fogareiro, que cumin devia fer, um abridor de atas do tipo que fanelona como uma ehave, voce sabe; tama faca, dole gatfos, e dias colheres, toma grande © uma pequena; tres pra- tos, aime_xiears, am. pites,, um c0po, uas moldues para fologratias, ambas ‘Yazas, uns lle ou nove livros, wm ba alho pornogréfico, um baraiho comum, ftma velha maquina de eserever Wes” teen Union que s6 bate as letras mails culas eum pequeno eotre sem fecha Gura, que’ tem dentro... que? Pe Gras! Algumas pedras gue eu apanhel nna praia, quando era garoto; debaixo elas, estig. algunas. ‘cartas) amassa~ das... catlas de “‘pedidos”:... por fa- Yor, pordue voet no Tar ISi6! por f vor, quando Yoeé fari aqullo. E carlas fe “perguntas", eambém: Quando voet Val eserever? Quando voce vira? Quat ‘80? Quando? Quando? Estas cartas 880 ‘85 mais reeentes ‘PETER — (MAL HUMORADO FIXA SEUS SAFATOS E, ENTAO) E aquelas @uias molduras vasias? JERRY — Nao vejo necessidade ne~ ‘huma de maior explicacio, Nao esti claro? Nao tenho fotogratias de ninguem para colocar nelas. PETER Seus pals... tv... ima ‘JERKY — Voce é um homem éelica oe de ama imecerénela verdadalra- fe invejavel, Mas mina. querida fae € meu querido pal esto mortos.. Grisso me entristece, voce sabe... alas faquela conhecida. dupla de "vaudevie liv esti represeniando agora nas nu wens e eu neo sel como poderia com- empliclos arrumadinhos @ emoldura- dos num quadro. Alem disso, ou, antes asso, para ser exato, « querida inamae fabandonow 0 querido papei. quando en nha poweo mais de dez anos: ela em Jpareow numa excursio adiltera, através fos estados do sul... uma tournée que durou um ano... ¢ a companhla mais fonstante. que’ ela teve.-.eitize OU~ frog. entte milios outros. era tal Me. Barleyearn. Pelo menos, fol 0 ‘que o querido papal me eontou, depots fie tle Toi ao sul... voltou... tra tendo o corpo dela. Nés tinhamos tebida'a noticla, Veja voee, entre 0 Ne fal eo Ano Novo, de que a querida mame tinha ido desta vida para outra imethor num daqueles tmundos eottleos do Alabama. morta, ela era menos benvinda, bu quero dizer que a querida mame igo passava de um corpo Fii- fo e frig. De qualquer mancira, 0 meu bom e velho pal eelebrou 0 Ano Navo or umas duat semanas e,” depois, se Atirou'na frente de tim Shibus, 0 que mais ou menos resolveu éste problems familiar, em, no; depois entio, teve a'lrma da quérida mamae due no era ida-nem a0 poeado nem ss consela f6es do ileoul, Eu me mudel para a sua asa e-86 me records da severldade de fiudo que ola fasia: dormir, comer, t= Dalhar, rerar. Fla eal morta. nes sca as de’ seu apartament, que, ent, era também o meu, na tarde de minha foe matura’ no colégio. Uma piada horri- velmente sem graca, se voce quer saber bique ew acho disso tudo PETER ~ Que coisa!” que cols! JERRY — Gite colsa, 0 que? Taso tds Je fot hi tanto. tempo que eu 3 nao ‘onsigo integrar-me ns historia com ‘mesma emocuo ou... como se eu fOsse Dersonagem dela. Talven, agora, voes ossa compreender, entrelanto, porae 4 querida: mamae e 9 queria" pape; estzo sem moldura, Qual @0 seu tome? Seu primelzo nome? PETER — Peter. JERRY — Eu tinha esquecido de per gontarO meu € Jerry ‘PETER ~~ (COM. LIGEIRO RISO NERVOSO) Alo, Jerry JERRY — (RESPONDE COM A CA~ BECA) Agora, velamos: qual ¢ a razi0 para ter a fotografia de uma mulher, fspeciaimente em duas molduras? Pols feu tenho duas, voce se Iembra, Nunce fetta com uma dona mals de uma vex fet maiotia delay nao se deixaria folo- grafer no quarto num momenta disses Seria estranho ¢ acho que triste, tam= bem PETER — Ess? JERRY — Nzo, 0 que & triste & que eu nig consiga estar com uma dona mats de ma Wer ‘Nunca fal expan Telagbes com aluém mals do que uma Yer. Uma vez s0; e aeabousse-.. Obl, ‘espero! Quando et inka qulnze aos © coro de vergonha sé em me lembrar ‘que @ mina puberdade' enka vindo fanto' tempo depois. eu era tim hea mos s.et ual Bi quero dizer pe derasta..(MMUTTO RAPIDO),--. po- ‘derasia.” com todas os “if” @ “ie com ‘sinos badatando, bandelras destraldacias fo vento. E dutante onze dias, eu me fencontrava, ao menos” duss vézes por ia, com o fitho do superintedente do patque._. um rapaz grego, eujo aniver= Sirio era no mesmo dia d@ men, #6 que fle era um ano mats velho. Bu me sen- fia muito’ apaixonada...” mas. talvez fenha sido $0 sexo. F, agora, ew gosto de prostitutas; gosto, sim, de verdade, ‘Mag por una hora, PETER — Bem, isto me parece per foltamente comprcensivel JERRY —(IRADO) Olli squit Voee val me aconselhar & casat'e crlat peti= ultos? PETER — (TAMBEM IRADO) Delxe 0s periquitos em paz! E continue soltelto se 'voetquiser. Isso mio é da. minha fonia, Nao ful eu quem eomesot e388 JERRY — st bem, esti bem, Des: ceulpe, Entao? Voed esta zangado’ PETER — (RINDO) Nao, nio estou JERRY —~ (ALIVIADO). Otimo. (VOLTANDO AO SEU TOM ANTE- RIOR). f interessante que voeé me te- tha perguntado sébre as molduras. Fensel que voed fosse me perguntay #0 bre os baralhos pornogrifleos, PETER — (COM UM_SORRISO DE QUEM SABE DO OVE SE TRATA) Ea onhego ésses haralhos JERRY — Nao € 0 caso, (RI) Ew acho que quando voce era garbta, voce © seus amigos passavam cases batalhos Jum para o outro, ow voee tinka 0 seu? PETER — Eu acho que multos de nbs JERRY — £ voce jogou fora pouco antes de se casa PETER — Olha agut. Eu nunca mais precisel dessas coisas, depols que fiquel als velho. JERRY — Nio? PETER — (EMBARACADO) Eu pre- firo nao falar sobre fase assunte JERRY — Entio no fale. Além disso, eu ndo estava tentando seseabrie sua vida fexual, depois da. adoleseen= fia e em épocas diffeels; onde eu que- Ha ‘chegar’ era 4 diferenca de. valor entte 3 earfas pornogratieas quando Soce 6 gardto © cartas. pormogriieas quando Yoe8 é mais velhg. ssa dife= tenga € que quando voeé € garbto voc teal ria como um uy Bara Sexperipnela real e quiando voce ¢ mais Velho voce usa a experiéneta real coma lum substituto para a faniasia. Mas ertig que voce prefere ouvir o que me Bseonteeeu no Jardim Zoolbeleo. PPTPR “ (ENTUSIASMADO) On, sim, no Zoolégico. (DEBPOIS, SEM JEI” TO) Quer dizer. £0 voce. JERRY — Delxe-me coniay porque fui li... bem, deixe-me cantar-the ala mas coisas antes. Ju The Talel sobre 0 quarto andar da pensio onde ~ moro, ‘Acto que os quartos.sa0 melhores nos fandares de balxo. Acho aus 840, no seh. Nao conhego ninguém no tereciro. nem fo segundo andar. Ok, espere all Sel Que hi ume sephora morando no ter elro andar, na parte da frente, Bu seh, porque ela ‘chora 0 tempo todo. ‘Tod wer ue salo ou ehego. "Tada ver que asso pela porta de sev quarie, sempre 2eoueo chorandlo, win chore absfado, mas multo. definido.-.- Multa definido hnesmo. Mas quero falar € da dona da" pensioe "sobteluda de seu ca ‘horto, Eu nio gosto de usar palavras muito duras para deserever pessoas. NiO gosto. Mas @ dona da pensio & zorda, fea, mesquinha, estupida, suja, ordic nia, bebeda, um saco de’imundlce, E ocd pode te notado que, como muito Taramente sou itreverente, Ngo posse desrevé-la to bem quant seria pose PETER — Voce # desereve... com rutito realism JERRY — Obrigado, De guaiquer manetra,ela tem um esehotro € eu You Ihe flat sdbre 0 eachorro, ols ela. & feu cachorro sio porteltos de minha re= sidénela, A mulher jd ¢ bastante desa. gradavel: ela investe pelo hall de frada, espionando para ver s© eum ro colsas ou gente para o mew qual ao la tomau sen ols a copes. de" gia com lmao. no. melo dda tarde, ola sempre me faz para no halle. ssrra” mew’ easuco ‘ou met, bbrago e aperia Seu corpo eantra 0 mel para me eonservar num canto. de tal Inaneira que ela possa conversay coml- fo, Voee go pode imaginar o que € © hetro de seu corpo e 0 seu bilo... © fem algum lugar do funda daquele cére= bro_do tamanho de uma. ervilha, um Grzio que desenvolveu apenas. sufl= cionto para fazé-la comer, beber, falar, la oferece uma nojenta parodia do de Sejo sexual. sou et, Fetet, spl el 0 objeto de sua viscosa sexualldade, 7 | [PETER — 8 revotante. 8... hore ‘JERRY — Nas eu achei um maneira Ge vonservé-ia 2 dstancla, Quando la ‘conversa eomigo, quando ela me espre- ‘me com seu corpo e cochicha sobre seu fentendo convencer-me air até “li, “digo, ‘simplesmente: "mas amor, ontem no folo bastante para ‘oe, e-ante-ortem? Entio, ela se des oncéria, aperta os seus.” pequeninos ‘thos, ela sla um pouco , entio, Pe- ters. “e neste momento é que et acho ‘que pratico algo de bom naquela ator mentada casa... um sorriso.Ingenso comera a se formar no seu rosto indes- eritivel.¢ ela da risinhos e solta gemi- {dos enguanito reeorda g antem « 9 ante= Ontem;. enquantg erée revive 0. que hunea”aconteceu Entéo, cla me large fe caminha para. junto. daquele monstto hegro que ¢ q sou cachorro e,finalmen= fe; volla para seu quarto. ou estou salvo, aldo nosso proximo encon‘to, PETER ~ sso 6 tao... incrivel. Acho aif aereditar que genie assim exis, Tealmente| JERRY — (UM POUco ZOMBETEI RO) coisa que se 16 nos livros, nko ‘PETER — (SERIAMENTE). 6 JERRY — ‘Seria melhor que, tudo 4s50 lo. passasse de ficgao, Voce tem razio, Peler, Bem, 0 que eu esto qe rendo the contar ¢ sdbre 0 seu eachorro; @ vou The contar agora, {PETER = "(NERVOSAMENTE) Ab, sim 0 eaehorro. JERRY — Nio vd embora. Voe# io cesta pensando em ir, esta? PETER Bem.. nao JERRY — (Conio’ SE SE DIRIGISSE A-UMA CRIANCA) Porque depois de fu Ihe contar sébre © eachorro, sabe ena, entao eu vou falay shes o que ‘contecett no Jardin Zoolosico, PETER — (SORRINDO, ‘TIMIDA: MENTE) Voc... voot € ehelo de his tries, mio €? JERRY — Vocé nao 6 obrigado a es- cular. Ninguém esti prendendo vos lembre-se disso, "Ponha. iso na Eu sei JERRY — Sabo mesmo? timo, (A SEGUINTE F LONGA NARRATIVA ME PARECE QUE PODE SER FEITA COM UMA GRANDE MOVINENTACAO, PARA SE OBTER COM ELA UM EFEI- 70. HIPNOTICO EM PETER ENA PLATELA, TAMBEM. ALGUNS MOVI- MENTOS ESPECIFICOS “YORAM SU- GERIDOS, 148 0 DIRETOR # 0 ATOR QUE INTERPRETA JERRY PODERAO BIER MELHOR RESULTADO POR SI MESMOS). Bom. (COMO. SE LESSE NUM ENORME CARTAZ) & historia de Jerry e9. eachorro. (NOVAMENTE, NATURAL) © que vou Ihe contar tem ‘algo que ver com as Fazies pelas quals is wares @ necossirio que. uma pessoa Se afaste multo do caminko para atin= gir um poato relativamente proximo; ou fambem -seja.sdmente eu que. penso assim, Hm tod ¢ easo, fol por isso que fai a6 Jardim Zooloaieo hoje e pore aminhel em. direcdo a0 norte... a fue cheguel aqui. Bem. 0 eachorro, eu acho que ja the disse, @ um verdadeiro Imonstry negro; tem ‘uma cabeca des~ proporcionalmente grande, orelhas pi fuenss, bem pequenas 0 olhos... inje= dados de sangue, talver porque estelam Infeccionados; quanto ao corpo, voce ode ver as eostelas dale atravas da pe Io. '0. cachorro.€ negro, todo. nest tao negro com exvessin dos olhos ave melhados, e-.. sim. uma ferida aber ta em sua pala dianieita.,. diteita, ue também € vermelha Bh, 0 Do: bre monstro, eu acho que é ium eaehor= to velho mesmo. eertamento, ui & chorea velho e maltratada-..” "Qua Sempre tam uma ercezo..- também ver melha, portanto. B.-, gtie mals? sim hit aguela er eines, am Evanqulgada, também, quand fa as présds, Assim: fol isso que ele ‘fz, quande ine vi pela primeira ved ho ia tvs que muldel pave a pon io, ‘Jive nédo daguele animal, no prt iro. ramerto eule «vi. Aniipals no vdo com a minha cara, como se eu fisse Sio Francisco que’ vivia‘com pis- saros dependiradios nele tempo todo, Bu quero dizer € que os anmais me sio Indiferentes.. como as pessoas (SOR> MM, LIGHIRAMENTE)... na maloria das vézes, Mas sso cachorro nao me fra Indiferenta, Desde 0 coméco, le vinhaTosnando para agarrar uma’ das tinhas ‘peraas N8o. era. ralvoto,. nic voeé, sabe; era um eachorro melo tré= ego} mas que corria muito bem ainda. Bnttetanto, eu sempre consegula fugit, ima ver, tle arrancou um pedaco di minha ealea, olhe, vocé pode ver aqui, onde esti Temendado: foi no dia Se Buinte 2 minha chegada; mas com um Dontapé me livrat dele e corri, rapido, ara cima (INTRIGADO) Ate hoje nao eseobri como os outros hispeles. se frranjam com éle; mas voeé, eettamen- fe, Ja sabe 9 que. eu. penso; acho que fra sé comigo, De qualquer maneira FeSo eontinuow por wna semana, sempre que eu chegava: mas nunca quando eu Sila, B engracado, Ou melhor, era. ef~ iacado. Fu podesia arrumar a mala © iver na rua. por causa do eachorro: Bom, eu estava petsando nisso um di fa nies quarto, depois de Ic? sido cor Fido pelo cackorro até. Ta. decid. Frimeito, vou sufocar ésse eachorro de entilezts \e se Isso nfo der certo, ‘You matdclp, simplesmente, (PETER ESTREMECE) Nip reaja 2 nada Foier: eseute, 86 iss0. Assim, no dia soguinte, Sai e compret vm pacote de sandulches do carne, mal passada, sem molho © Sem eeboia; no eaminta pata east, jo: fuel fora 0 plo e cuardel s6 a carne. CIALVEZ, ACAO PARA A CENA. SE- GUINTE)’ Quando cheguel 3 pensio, 0 fachorro estava esperando por mim. Enireabrl-a porta, e laestava dle no hull, esperanio por mim. Entei, com toda cautela, © nao se esqueca:: com a farne na mdo' abri o pacote e botel @ f2rae no chao a uns quatro metros de fonde 0 edo estava rosmando para mim Assim! Ble ‘rosnou; parow le. rosnar; fungou, e comecou ® andar, lentamente em seguida, mais rapido; ¢ mals r= ida na deeio da carne. Bem, quando fe. chegou perto dela, parou e.olhow pera.mim. Eu sorely mas para experi lieitar a reacio dele, voce compreende, Ble virou a cara pare a care, cheitou- 5, fungou mais,e entio RRRRRAAAAA GGGGHHEHIT désse jelto... © passou abocenhar os pedagos. ra como ce fle munca tivesse comido nada em sua vida, com excessio do lixo, 0 que devia fer verdade. Acho que a dona da pen ‘ho sé come lixo. Bem, Gle comeu 2 ear- he toda, quase que tudo de uma vez, fa- zondo ruldos. na. garganta ‘como. wna Imuther. Entéo, depois que éle terminou ‘de comer a carne, © de ter tentado co- rer também 0 pupel, gle seniou sorriu. Aeho qe le somiu: sel que g fos sorriem. “Foi, para mim, um mo- mento muito grate. Entdo, GRRR..., fle rosnou e avangou desta vez. Entao, ful para¢ meu quarto, delet «comes a'peusar de nova no cichorrD. Dara fa= lata vere, eu me sent otendido © estava fur, também. Atinal, exam txcelentes “sanduiches de’ carne Sem ‘metho. Eu. tinha sito ofen ido. "ies, poueo depois, devil ten far a mesma colst "por “mals al Huns dias, Como voeé dove ter perce- bdo, “o" cachorvo" inka alimentando ‘aquela antipatle comigo, E et imagine ‘alae nao seria cepa do superar essa Bntipatia. Assim, tentel_por isso. mais ino diss, mas aconiecia sempre g me tro: dle rosnava, fungava, camiahva, ais rapido, me olhava, avancava na carne, GRRARRRRRRR sorria, rosnava, tir", ‘Bem, por esta época a) Avenida Columbus ja’ estave coalhada te pies € fu estava jf mais enojado do que ofen= ido. Portanto, decidt matar 0 cachor~ fo, (PETER ERGUE AMAO EM PRO- TESTO) Ob, azo figte slarmado, Pe- ter, nao, fal'bem stcedido, No la em ue deeidt matae 0 enchorro, comprel ‘enas um samduiche. de carne ¢ agillo te eu Dense que Tasso uma mortera Doreio dle veneno para rato” Guana onipre! o sandutche, disse’ ao Romem Ste nao se preoeupasie com o:pa0, por” Sue eu so quetia A carne. Esporel hmo Teacio dele, como: "née ndo vendemos enhum sanduiche de carne sem pao" fu, “o que’ € que Val faves; segurar fine’ pata comer?” Mag io, tle iu, embratnou a permeavel e disse: Seu gatinho?” Eu ai quiz dizer: “Ni, rao € bem isso; isto aqui fac parte de tm plano para envenenar sm eachorro fue eu eonheco" Mas voc! "80 po dizer. “um eachorro que eu conheco” sem fica engracado: entio eu disse eeeio que tenha dito um pouco alto Gemais ede uma maneira muito for” mal: 6 UMA MORDIDA PARA 0 MEU ERCHORKO. “Todo mundo me oihov Isso sempre acontece quando tento sim= Bliticar as coisas, todo mundo me olha, dem, iso nio interessa agora.” Ao vol ‘tar para. a pensio, misturel com "as © veneno, sentindo 33, ania tustern quanto ‘ojo. Abri a porta do halle 16 estave 6 monsto, elporando para ‘apossar-so fa’ costumetra oferta @, depois, salar fem cla de mim. Pobre eoltado, éle Jamais soube que, no. momento em que le sorrin para mim antes de se apto= ximar, fol Suflelente para passar a ml- the raiva, fas, 14 estava dle preparan- fo para aiacar, esperando, Botel o bolo de veneno no cho, aprosimei-me da es cada e fiquel obsérvando, 0 pobee atic ‘mal engollu @ comida como ‘de costit= te, sorrin, o que quase mo f& mal, ¢ entio, Grtr,°, Bu disparel eseada selma, ‘como de costime. © ACONTECEU QUE OANIMAL FICOU MORTALMENTE DOENTE. Figuel sabendo disso, porque @le_passou 2 ndo' me esperar’ mais © por ‘gue a dona da pensig parou de Reber. ila me féz parar no hall na mesma noite da tentativa de homteidio me eonfidencion que Deus havia allt sido seu querido cachorrinho com ‘umn folpe certamenta fetal. Ela havia ex uecido do sua descontrolada sensuall dade e seus othos estavam muito aber= tos, pela primeira vex Pareclam 05 sllias do eachotre, Choramingou © im= plorou que eu rezasse pelo eachorro, Eu ‘lz dizer: Madame, eu Ja tenho que Tear por mim mesino, pela bleha nee ‘fa, pela familia porto-riquenha, pela ppeséon que mora no quarto da frente 6 ‘Que eu nunca vi, pela mulher que ebora deliberadamente do outro lado da por fa fechada, e pelo resto das pessoas de tdas as ensoes’ do. mundo" inteiro; aalém do mais, Madame, eu no sel re: ‘ar. Mas. "pira slmplifiear as colsas fu promedi que ia rerar. Bla me olhou Disse que eu era um mentiroso a provivelmente queria que eachorro Iorresse. Eu Fespondi, © em mits Dalavras havia ‘mula sineeridade, que ‘do desejava a morte do eachorro: Nie queria, endo era s6 porque tinhs sido ea quem 0 tisha envenenado. Heccio ue fonha. de the deer ae eu Gera ue o cachorro vivesse para vero due ‘eonteceria com” as nostas novas rela coos. (PETER DEMONSTRA SEU CRESCENTE DESGOSTO E UM ANTA- GONISMO QUE, TAMBEM, CRESCE, LENTAMENTE) Por favor eompreenda Peter; essas coisas sap importantes. Voce deve acreditar em mim: isso Importamte, “Nos. precisamos “conhecer 9s efeitos le noseas.acies. (OUTRO PROFUNDO SUSPIRO) Bem de qual uer maneira, 0 eachorto reeuperau-s Nao tenho a'menor idéla de’ como ab Porque, a ndo ser que éle sela um en- feitado cio que guarda.os portoes do inferno ou outro. refizio do mesmo tipo. Nap ‘estou bem lembrad de m= aha mitologia. Vood esta? (PETER CO- MEGA A PENSAR, MAS JERRY CON- TINUA) De qualquer manelra, © yoo 5 perdeu oportunidade de” geuhar Por uma pergunta no valor de alto mil lares, Peter; de’ qualquer maneira, © eachorro nao morreu e 8 dota di pensao recuperou a sua séce, em nada alterada pelo renaselmento de sew Ia {ido. Depois de ter assistido 4 um filme que esiava senda levado em um cinema da'rua Quarenta e Dols, um filme que fu Ja tinha visto; depois da dona da Densio ter-me contado ae seu eachor- Tinh> estava. melhor, estava certo de gue éle estaria esperando por mim, Bu wstava,.. bem eomo 3b ditt se- dusido?,“fasclriado?... no, mo era bbem isso... eu estava anciowe ao ponte de ter 0 éoracdo partido, ¢ Isso. Ea es tava ansioso a0 ponto dé ter 0 corataa Dartido parame. ver, mais uma ver, frente a frente com o meu amigo, (PES TER REAGE) Sim, Peter, amigo. Ea linica palavra adequada. Eu estava. a0 Ponto de ter o coracao partido, ete, pa- Ta eslar, uma ver mais) Irente’ 4 ffente com 0 ineu amigo cio. Entrel pela porta e avaneel, sem médo, até 9 cen {0 do hall, 0 animal estava lis. fe ‘ando-me, Otet para éle; te olfow pa. ra mim. Acho que... acho que nés\fi- ‘camos muito tempo assim... petrifiea- dos, como duas estatuas.. lltando um para 9 outra, Eu olhel mais para’ sua cara dg que éle olhou para a minha. ‘quero dizer que posso me encontrar du: Fante mais tempo em olhar para @ cara de um eachorto do. que. um cachorre pode se encontrar em olhar paraa min tha, ou para qualquer outa pessoa, {tanto faz. Mas duramte aquéles vinte se” gundos — ou aquelas duas horas ‘Que nés ‘nos olhamos, um para a cara, flo outro, nds estabeleeemos um con acto, eta isso que ew queria que aconfecesse; eu agora gostava daquele faichorro e. queria gue também gostasse de mim, ‘Ea tinha tentado gostar dele ‘ecu tite tentado mati, sem sucesso, Eu esperava que isso acohlecesse, mas hosel porque esperava que un esehor= 0 putdesse compreender alguma cols, ‘muito menos minhas raxbes... mas el tinha esperanca. (PETER PARECE MIPNOTIZADO) B que... 6 que... GERRY ESTA ESTRANHAMENTE. TENSU, AGORA)... € que se voet mio pode conuiver com gente, voed precisa fentar... de alguma fora COM ANI- MAISI (HUITO MAIS RAPIDO AGORA, COMO UM CONSPIRADOR) Voce nid ‘compreenie? Uma pessoa tem que en- ‘eontrar uma maneira de Felacionar-se ‘com alguma colsa. Se nao pode com as pessoas... se mio pode com as nes- Foas.. com ALGUMA COISA. Com ‘uma cama, com uma barata, om um espa. m0, isso. seria. difiell de- mals, este seria um dos ultimos passos 2tomar. Com uma barata... com com... com um tapeéte, com uim rolo de papel higiénieo... mio, isso tambera fio... Voce esid vendo como € diflel coisas? Com a esquina de com multas Iuzes de todas a cores Felletindo no ehao oleoso sé faas Tuas... com um poueo de, tumaca. fim pouco... de fumaca.. com... coin baralhos pornogriticos, com um co- fe... SEM CADEADO. .. com o amor, com 6 vOmito, com o chor, com 0 Ge Se10, porque as proslitutas no s20 pros~ titulas, quando. genham dinheiro’ com. © seu corpo —o que € um ato de amor eu poderia proviclo — com 0 gemi- fo, porque yore esti vivo, com Deus. Que lal essa” COM DEUS QUE £ UMA BICHA NEGRA QUE USA QUIMONO E DEPILA’ AS." SOMBRANCELIAS? QUE 2 UMA MULHER QUE cHORA DECIDIDA’ Do” OUTRO'LADO DA PORTA FECHADA.., com Deus que, segundo me contarain, dew as contas twdo algun tempo airds... com — flgum dia — com as pessoas, As pes foas. Com uma 1déla; um concelto. Que lugir melhor para transmitir uma {dela simples do que o hall de entrada dle minha pensao? Ali, seria UM COME G0! 0 que'é melhor para um coméco ara compreender e, possivelmente, sei compreendido.... para um cométo de feniendimento”do que. com... (AQUE JERRY PARECE. CAIR NUMA. FADI- GA QUASE GROTESCA).... do que com UM cachorro, Simplesmente: um ca chorro. (AQUI, SILENCIO. QUE PODE ‘SER PROLONGADO POR UM INSTAN- ‘Te OU MAIS; DEFOIS, JERRY, FATI- GADO, TERMINA A SUA HISTORIA). Um eachorro... Me parece uma ldéla ida. Lembre-se de que perfeltamente v 2 fo homem ¢ 0 melhor amigo do elo. Por- fanto: eu © © cachotro flcamos olhando, ‘o outro. Eu mals temps do que nro, Bo que eu vie, endo, era Sempre a mesma eois, depois désse en= fontro, Agora, semprs que eu 0” p.ca- chorro os vemos, nos paramos. onde estamos, Olhzndo tm para o outro com, fnistura de tristeza e suspelta e fingi- hos uma indlferenea mutua, Passamos ln» pelo outro com sezuranca: compre~ ‘eulemo-nos. triste, mas vooe tem que ‘udmilir que nos nos “compreendemos. ‘Tinhames feito virias tentativas de con= facto, mas falhado, 0 eachorzo voliov fc Io e eu ganhel uma passagem soll- ticis, mas livee. Bu nio voltel Quero Aizer que ganhet una passagem livre solitiria, se € que uma perda pode ser mals considerada como um Iucro. ‘Aprendi que nem a delicadeza o a cru- fldade por si mesnias, Independentes, {ima davoutra, criam uim resuliado que as supere, © aprendi que as duas com= binadas, juntas ao mesmo tempo, eriam, Verdadsira emoezo. O que é ganho & Detda. E qual foto resultado? Nos, 0 ca~ chorro eeu, tinhamos aleancado um Compromisso’. Mais do que ume troea, NioTnesamariog mais, nem nos ferinos, orgie ndo fentemos'mals nos aproxi= mar im do outzo, E quando eu 0 all- mentave, nao era isso um ato de amor? E quando éle tentava me morder, 140 ra isso talvez, um ato de amor?” (SI- LENCIO, JERRY DELIGE-SE PARA.O BANCO" DE PETER, SENTANDO-SE ‘AO SEU LADO. ESTA £ A PRIMERA VEZ QUE JERRY SE SENTA DURAN- ‘TEA PECA), Fim da historia de Jerry 6-0 Cachorro. (PETER ESTA SILEN- CIOSO) Entao. Peter? GERRY FICA SOBITAMENTE ALEGRE) Entio, Pe- ter? Voce acha que eu poderia vender sla historia. para “Selegoes" ¢ ganar fdazentordélates na série. “Mew tipo Inesauecivel”? Ein? “GERRY ESTA MUITO. ANIMADO, PETER FERTUR- BADO) Vamos, Peter, o que & que voce cha? PETER — (PARALIZADO) Bu nio seh... nfo. sel,. nso. compreeh= do, acho que aio. (QUASE CHO- RANDO) Por aie voce me contou tudo isso? JERRY — P por que nao? PETER — EU NAO ENTENDI NA- at JERRY — (FURIOSO, MAS BAIXO) Mentira PETHt — Nio, nfo € mentira JERRY — (CALMO) Tentel explicar ‘njdo enquanto contava'a historia, E con teldevagar, ela se refere & PETER NAO. QUERO OUVIR MAIS NADA. Voeé no me interess, nem a dona da pensao mullo menos oveachorro dela JERRY "0 eachorro dela! Eu pen- sei que tle fosse meu... Nao. Voce tem Fazio, O eschorro 6 dela, Peter. (OLHA PETER DECIDIDAMENTE, SACUDIN- DO A CABECA) Bu néo sel o que tinko. nna cabega; éelaro que voce 30 pode Compreender, (MONOTONO E CUIDA DOSO) Eu nao moro na sua rua, nao sou easad com dis periquitas ou qual quer que sejao arranjo la da sua ease, ‘Eu sow um’ transitorio permanente, 0 neu lar Su0 as infectas pensbes do lado este da cidade de Nova Yorque, que € ‘ior eldade do munde. Amém. PETER — Deceilpe.._ et nao. qulz.. JERRY — Esti bem” Descontia. qué ocd mlo gabe’ bem 0” que pensar de PETER — (TENTANDO UMA PIA- DA) A gente encontra pessoas de todos 9 ibos ne minha profissio. (SORT ENTREDENTES) JERRY — Voeé & um sujelto engea- gado, (ORCA UMC RISO) Sabla disso? Voé €... dotado de uma sande eo- smicidade. PETER — (MODESTO, MAS DIVER- TINDO-SE) (Oh, ao. ‘Neo sou 180. (AINDA ‘SORT ENTREDENTIES), JERRY — Peter, et 0 deixo ehaleado fou... confuso? PETER — (ILUMINADO) Bem, devo confessar que mo era ésse 0 tipo de Tarde que ‘eu havia previsto, JERRY — Voct quer dizer que no soil a pessoa que voee esperava, PETER — Eu nlo estava esperando ninguém. JERRY — Nio, eu nfo quero dizer isio, Mas voed me encontzou.-. eH = fou aqui e no vou embora PETER — (CONSULTANDO 0 RE- LOGIO) Hem, voce pode fiear, mas en {eno de ir ombora.. = SERRY — Ora, vamos; {que mais um ois, PETER — Eu tenho de Ir para ca> sa; voce compreende ue JERRY — (PAZENDO. COcEGAS NAS COSTAS DE PETER) Ors, var TerER — (SENTE MUITA. coc GA. JERRY CONTINUA E A Vo2 DE- URAL PICANDO BMI PALSETEY Nao, ‘eu. OMHIMNIH! Pare. com isso N30 fuga iso, Fate, OHA, nio, mio. SERRY —" Ora, vamos Peren — ‘Giinty ‘continua a PAZEN COCEGAS) On,‘ bl hl EX tek que tr embora. Eu. hi, hi, hi ‘Anal de conta.» Pate com Isto, pate, in hh hy afinal de’ cones os pera: toi jd deverdo estar Jamfando dagul pouco, Th, hi, eos gatos estio botando 4 mesa. Pare, jaro. a, 6. (PERDEU ‘tob0"o ‘cONTHOLE) “ends. va ynos.-- hihi Me Uh... ow. ho.) GERRY PAinA DE FAZER CO- CHGAs "eM Pere, AS "A CoMn!- NAGAO DAS GOCEGAS E SUAS PRO- THIAS EXTRAVAGANCLAS FOBM PE- ‘TER RINDO QUASE HISTERICAMEN- TE, DURANTE 0. SBU RISO, JERRY OuseRVA‘O. Com UM. SORRISO CURIOSO € FIO), JERRY ~ 'Fotet? PETER — Ob, is, ha, ha, ba, ha, na, tn,10 quer 0 aie” JERRY —Escute aq PETER — Ob, ho, ho, ho... 0 ave @, Jerry? Oh. sunny ~“ ausreRrosaMENTe) Péter, voed no quer saber o que acon teceu’ no date Zoolosieo? PETER Ah ha, haha, ba. O que? Oh, sim; 9 Zeolosico, Oh, ob, 9b, oh Bem eu tive meu s00lbgeo partledae tor um momento eam. hi, hy By 0: perlgultos prontes para jantae 6...” ha Iain. set lao JERRY — (CALMAMENTE) Sim, £1 mesmo. muito -engragado, Peter. "Nao Densel que pudesse ser tio ensrarado Has voce aver ouvie o que acoteccu no Fara. Zoolgleo ou nao? PETER = Quero..Quero, sim, claro Conte, 0 que Seoniecet no Zoolssieot Juiny ‘Agora, vou the. coutar 0 «qe teonteeu to Zooloaicn. Aas anter devo. dizer” por que ful a0) Zooliyleo Ful ate ader dau mane a ps Soa vivem com ot animais € como 08 ‘thimaisvivem uns comon outros ¢ ont Se" pessoay também, "No fol, prove ‘eimente, ima experiénela. muta” pro= Yeltos, com todo mundo. separa do resto, polas grades, 08 antmais isolados ‘da matoria dos outros ¢ as pessoas sem- pre separadas dos animals, Mas assin gue 'si0 0s, Zoolouieos,(EMPURRA PETER CoM O BRACO) ‘Chega pra li PETER — (AMISTOSO) Deseulpe, mas voce J nfo. tem bastante espaca? JERRY —"(SORRINDO, LIGEIRA- MENTE) Bem, todos os animais esta- am 18 © uma’ poredo, de gente estava 1i, pols € dominuo e tédas as erianeas, faimbém, estavam Id. (EMPURRA BE TER DE NOVO) Cheya pra li PETER "— \VACIENTE, AINDA AMUSTOSO) Bald bem. (BLE SE PAS: TA MAIS B JERRY TEM TODO 0. ESFACO QUE PODERIA DESEJAR), JERRY — Bstava ‘muito quente, por isco havia um mau chelto no at ¢ to. dos os vendedores de balio © todos. o8 vendedores de sorvele e thdas as fo: fas Tatlam @ ‘todos os passaros ait vam, (EMPURRA PETER COM MAIS FORA) CHEGA FRA LA! PETER — GIUrTO ABORRECIDO) Eu nfo posto chegar mais pra li, ¢ pac re de me hater. 0 que € que Bi com JERRY — Voes no quer ouvir a hi téria? (BATE ‘DE NOVO NO. BRACO DE PETER) PETER — (CONFUSO) Nio sel, $6 gel que no quero que me batari no ao. JERRY — (BATE DE Novo NO BRAGO DE PETER) Assim? PETER — Pare com isso! O que & que ha com voct? JERRY — Eu estou loueo, sew mer al PRTER — Bem, agora eu nio gostei TERRY — Escute aqui, Peter. Eu quero éste banca, Voed vai sentar na- ‘tuele ali adiante’ se voes for bonsino fu le conto 0 resto da historia. PETER — (ATURDIDO) Mas... por ‘que? 0 que € que hi com voce?” Alem disso, no vejo. tazio nenhuma lara Salr "déste haneo Eu me sento aut dquase todos os domingos, b tarde, quan= do 9 tempo esta bom. F sossegad aa Nunca vem ninguem sentar-se aqui 6s- te baneo sempre fol mets JERRY — (SUAVE) Saia déste ban- co... Peter, Bu quero éste banco, ‘PETER — (QUASE CHORAMINGAN- 9} Nor JERRY — Ji disso que quero éste baneo e vou ficar com dle, Dé 0 fore daguit ‘PETER — Nio se pode ter tudo o que se quer. Voee devia saver disso; 6 lel fas eolias, Pode-se ter algumas coisas ‘ue se quer, mas nao tudo JERRY — GR “Tinbecill Vos é um retardado mental! PETER Pare com isso! JERRY — Voce é um vegetal! V8 dsltar-te no cb PETER — ‘(INTENSO) Agora, voce vai me ouvir, seu... Ja aguentel a tar fe oda JERRY — Nem tanto PeTen — ossuticlente. 44 0 aguen- tel 0 sufleionte. Eseutei 0 que. voce finha a dizer porque parecia que voce. hem, porque pensel que voce. pravs va eonversar eom alguem SERRY — Woee sabe arranjar bem as colsis, metidieamente; ¢ apesar ais- 0... oh, qual a palavra’ que devo em= rezar para Ihe fazer justiea,.. Ci 70, ‘voes me ‘enche... sala’ daqul ¢ me! d69 mau banco, PETER MEU BANCO! JERRY — (EMPURRA PETER PA- RA QUASE FORA DO BANCO) Sima a minha vista, PETER — ‘(RETOMANDO A SUA POSICAO) Vi &... va pate o inferno, 1B demais. Voe® ji esta demais, Ea n80 vou the dar éste hanco, éste bitico no & eu @,.” acahou-se. Agora, va embora GERRY BUFA, MAS NAO Si MOVE) Va embora, ja disse. (JERRY NAO SE: MOVE) Va émbora daqui... voce ¢ um vagabundo..'é o que vosé 6. Se voce pio for, vou ehamar- um guaeda pa Jevé-to dagul: (JERRY RI, FICA) Ese {ou ihe avian, vou enamar um guar= JERRY — (SUAVE) Voc’ nio var cchamar nenumn guarda; eles estao do futo lado da paraue, preocupados. com 4s “Biehas", Urandosas de ein des ar vores ede tris das moites. Bles. ag fazem mais nada, A unlea fungio déles Essa. Voce poile gritar ate arteben= far nfo val adiantar nada PETER — POLICIA! Bstou Ihe avi sando, voce vai ser préso,” POLICIA? (PAUSA) ‘eu disse POLICIAY (PAUSA) Isto € ridiewlo! JERRY — Vocé € que é ridiculo: um homem deste tamanho gtitando polcla

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