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1º de agosto de 2009

LEI DOS CRIMES


HEDIONDOS
(lei 8072/1990)
SISTEMAS QUE REGULAM A DEFINIÇÃO DOS CRIMES
HEDIONDOS
1. SISTEMA LEGAL

Compete ao legislador enumerar em um rol taxativo quais os crimes que


serão considerados como hediondos.

2. SISTEMA JUDICIAL

Pelo sistema judicial, é o juiz que na apreciação do caso concreto,


analisando a gravidade do delito, decide se a infração é ou não considerada como
crime hediondo.

3. SISTEMA MISTO

No sistema misto o legislador apresenta um rol exemplificativo de crimes


hediondos. E em razão da disponibilização deste rol exemplificativo este sistema
também permite ao Juiz encontrar outros casos de crime hediondo mediante o
caso concreto.
O sistema misto trabalha com a interpretação analógica.

Sistema adotado no ordenamento brasileiro

O sistema de definição dos crimes hediondos escolhido no Brasil foi o


SISTEMA LEGAL, de acordo com o art. 5º, XLIII, CF:

Art. 5º, CF
XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a
prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os
definidos como crimes hediondos , por eles respondendo os mandantes, os
executores e os que, podendo evitá -los, se omitirem;

Apesar de o inciso não delimitar quais são crimes que são considerados
como hediondos, o constituinte ressalva quais são os crimes equiparados aos
crimes hediondos. Estes crimes terão o mesmo tratamento dos crimes hediondos,
mas não se confundem com eles.

Críticas aos sistemas analisados acima

Professor Rogério Sanches critica os três sistemas de definição dos crimes


hediondos. Afirma que o sistema legal ignora o caso concreto trabalhando apenas
com a abstratividade, retirando o poder do Juiz de analisar a gravidade da
situação. Não é um sistema justo o sistema legal.
O sistema judicial também é perigoso, pois dá muito poder ao Juiz, ferindo
o princípio da taxatividade, do mandato de certeza, causando muita incerteza
dentro do sistema.
E por fim, o sistema misto reúne tudo o que há de ruim nos outros sistemas,
no legal e no judicial.
Professor Rogério Sanches entende que o melhor sistema é aquele sistema
que vem sendo adotado pelo Supremo Tribunal Federal. Por ele, o legislador
apresenta o rol taxativo na lei 8072/1990 colocando balizas para o julgador, e por
fim, o Juiz, analisando o caso concreto deverá confirmar a característica de
hediondez do crime. Guilherme de Souza Nucci há muito tempo já sugere este
sistema em sua doutrina.

ROL TAXATIVO DOS CRIMES HEDIONDOS


Art. 1 o , lei 8072/1990 - São considerados hediondos os seguintes crimes, todos
tipificados no Decreto-Lei n o 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal,
consumados ou tentados: (Redação dada pela Lei nº 8.930, de 6.9.1994)

I - homicídio (art. 121), quando praticado em atividade típica de grupo de


extermínio, ainda que cometido por um só agente , e homicídio qualificado (art.
121, § 2 o , I, II, III, IV e V); (Inciso incluído pela Lei nº 8.930, de 6.9.1994)

Apesar de a lei dos crimes hediondos ter sido editada em 1990, somente
posteriormente em 1994 é que foi considerado o crime de homicídio qualificado
como crime hediondo.
Houve neste ano de 1994 a famosa mobilização da escritora Glória Perez,
em razão da morte de sua filha Daniela, para que fosse inserido o crime de
homicídio qualificado como hediondo neste rol. Professor Rogério ressalva que o
autor do crime contra Daniela, Guilherme de Pádua não sofreu as conseqüências
desta inserção porque a lei penal maléfica não retroage para atingir os fatos
pretéritos.
O homicídio somente será considerado como hediondo em apenas dois
casos:
1. Quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio

O que é uma atividade típica de grupo de extermínio? A doutrina diz


que a “atividade de extermínio” é a conhecida “chacina”. É criticado o inciso por
ser a expressão “atividade de extermínio”, muito porosa, muito aberta.

Quantas pessoas devem integrar o grupo de extermínio? Existe


divergência quanto a este tema:

1ª corrente
O grupo não se confunde com o par e nem com o bando. Duas pessoas formam
um par. Quatro pessoas formam um bando. Então, o grupo é formado por três
pessoas.

2ª corrente
O grupo não se confunde com o par. Mas, o conceito de “grupo” deve ser atrelado
a um conceito que já existe no sistema penal, sendo mais aproximado do conceito
de “bando”. Desta forma deve o grupo de extermínio ser formado por pelo menos
quatro pessoas.

Este crime de homicídio praticado em atividade típica de grupo de


extermínio é considerado como um crime hediondo, mesmo sendo um homicídio
simples.

O homicídio simples é hediondo? Pode ser o homicídio simples


considerado como hediondo, desde que seja praticado em atividade típica de
grupo de extermínio. É o chamado homicídio condicionado.

Professor Rogério Sanches, Paulo Rangel e Guilherme de Souza Nucci


criticam esta teoria dizendo que nunca este homicídio condicionado será simples.
Uma chacina sempre envolverá métodos que tornará qualificado o homicídio.

O jurado irá decidir se o delito foi praticado em atividade típica de


grupo de extermínio? É preciso fazer um panorama, seguindo o gráfico:

O jurado não irá avaliar O jurado irá se manifestar


HOJE

121, §6º, CP)


AMANHÃ (art.

esta característica, em pela elementar "grupo de


razão de não ser extermínio" porque ela
considerada a "atividade passará a aumentar a
típica de grupo de pena do art. 121, CP
extermínio" como uma sendo colocada no novo
elementar do tipo ou §6º deste artigo.
causa de aumento de
pena.
2. Quando houver a prática de homicídio qualificada

O homicídio qualificado é crime hediondo sempre, não importando a


qualificadora utilizada.

É possível ao mesmo tempo o homicídio ser considerado qualificado e


privilegiado? O privilégio está no §1º do art. 121, CP e as qualificadoras no §2º,
dispostos nos quadros abaixo:

PRIVILÉGIO (§2º) QUALIFICADORAS (§3º)

• Relevante valor social - • Motivo torpe - subjetiva;


subjetiva; • Motivo fútil - subjetiva;
• Relevante valor moral - • Meio cruel - objetiva;
subjetiva; • Modo surpresa - objetiva;
• Emoção - subjetiva. • Fim especial - subjetiva.

As privilegiadoras somente coexistirão com as qualificadoras em um


mesmo crime de homicídio quando estas qualificadoras forem de natureza
objetiva.
Caso houver um privilégio (sempre subjetivo) questionado ao mesmo tempo
em que uma qualificadora subjetiva, deverá prevalecer a privilegiadora. Isso
porque os jurados se manifestam primeiro pelas privilegiadoras. Caso ela seja
reconhecida, a qualificadora subjetiva deve ser dada como prejudicada pelo Juiz.
E mesmo que os jurados reconheçam qualquer das privilegiadoras, o Juiz
poderá colocar na pauta a discussão das qualificadoras objetivas.

É considerado como um crime hediondo o homicídio ao mesmo tempo


qualificado e privilegiado? Há divergência na doutrina:

1ª corrente
O homicídio qualificado é crime hediondo sempre, mesmo que também
privilegiado. Não é esta a corrente que prevalece.

2ª corrente
O homicídio qualificado quando privilegiado deixa de ser hediondo. Esta corrente
possui o fundamento por analogia ao artigo 67, CP. Esta é a corrente que
prevalece.

Art. 67, CP - No concurso de agravantes (qualificadoras) e atenuantes (privilégio), a


pena deve aproximar-se do limite indicado pelas circunstânci as preponderantes,
entendendo-se como tais as que resultam dos motivos determinantes do crime, da
personalidade do agente (questões subjetivas) e da reincidência. (Redação dada
pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
O artigo 67, CP dá tratamento para o conflito das agravantes com as
atenuantes. E neste concurso, prevalecerão aquelas que sejam de natureza
subjetiva. Por analogia, também haverá preponderância do privilégio, retirando a
qualificadora (sempre objetiva quando coexiste com a privilegiadora) e por
conseqüência, a hediondez do crime.
II - latrocínio (art. 157, § 3 o , in fine); (Inciso incluído pela Lei nº 8.930, de 6.9.1994)

É preciso que se faça a análise do artigo 157, §3º, CP:

Art. 157, CP - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave
ameaça ou violência a pessoa , ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à
impossibilidade de resistência:
(...)
§ 3º Se da violência resulta lesão corporal grave , a pena é de reclusão, de sete a
quinze anos, além da multa; se resulta morte, a reclusão é de vinte a trinta anos,
sem prejuízo da multa. (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996) Vide Lei nº 8.072,
de 25.7.90

Só é crime hediondo o §3º quando há o crime de latrocínio que resulta


morte, previsto na segunda parte do parágrafo. O §3º inteiro não é considerado
como crime hediondo.
O latrocínio é considerado crime hediondo quando praticado como crime
doloso, quando o agente quer a morte como meio de atingir o fim (patrimônio) ou
quando praticado como crime preterdoloso com o resultado morte atingido por
meio culposo, decorrente do dolo da atividade meio.
O crime de latrocínio entendido como crime hediondo deve ser realizado
com o emprego de violência física, não abrangendo a grave ameaça prevista
apenas no caput do art. 157, CP. A violência deve ser empregada:

1. Durante o assalto (exige o valor “tempo”) e;


2. Em razão do assalto (exige o valor “nexo”).

Não havendo qualquer destes valores preenchidos, não haverá a


configuração do latrocínio, mas sim de próprio homicídio. Exemplo: matar depois
de duas semanas o gerente do banco que reconheceu o assaltante de seu banco.
É homicídio e não mais latrocínio, a morte não ocorreu ao tempo do assalto. Outro
exemplo doutrinário: durante a realização do assalto o agente reconhece seu
desafeto passando do outro lado da rua e o mata. Também não é latrocínio
porque a morte não ocorreu em razão do assalto.
Não incide o rol de majorantes do §2º do artigo 157, abaixo transcrito, por já
ser o §3º majorado:

Art. 157, CP
§ 2º - A pena aumenta-se de um terço até metade:
I - se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma;
II - se há o concurso de duas ou mais pessoas;
III - se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente conhece tal
circunstância.
IV - se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro
Estado ou para o exterior; (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996)
V - se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade. (Incluído
pela Lei nº 9.426, de 1996)

No entanto, se ocorrer qualquer destas situações durante o crime de


latrocínio, poderão ser utilizadas como circunstâncias judiciais na ocasião da
fixação da pena-base pelo Juiz na fase do artigo 59, CP.

Súmula 603, STF - A COMPETÊNCIA PARA O PROCESSO E JULGAMENTO DE


LATROCÍNIO É DO JUIZ SINGULAR E NÃO DO TRIBUNAL DO JÚRI.

Súmula 610, STF - HÁ CRIME DE LATROCÍNIO, QUANDO O HOMICÍDIO SE


CONSUMA, AINDA QUE NÃO REALIZE O AGENTE A SUBTRAÇÃO DE BENS DA
VÍTIMA.

Equívoco da súmula 610, STF: esta súmula do STF ignora o art. 14, I, CP.
Não há como poder estar consumado o latrocínio se a subtração patrimonial não
está. Nem todos os elementos do crime de latrocínio estão preenchidos, e desta
forma não poderia considerar o Supremo que o crime de latrocínio estaria
consumado apenas com a morte da vítima.

Art. 14, CP - Diz-se o crime: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Crime consumado (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
I - consumado, quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição
legal; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) (…)

III - extorsão qualificada pela morte (art. 158, § 2 o ); (Inciso incluído pela Lei nº
8.930, de 6.9.1994)

Tudo o que foi explicado anteriormente sobre o crime de latrocínio deverá


ser aplicado para o crime de extorsão qualificada pela morte.
Art. 158, CP - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e com o
intuito de obter para si ou para outrem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar
que se faça ou deixar fazer alguma coisa:
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
(...)
§ 2º - Aplica-se à extorsão praticada mediante violência o disposto no § 3º do artigo
anterior. Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90 (…)

E o seqüestro relâmpago (art. 158, §3º, CP) é considerado como crime


hediondo? E se houver o resultado morte? É preciso que se faça um panorama
sobre o crime de “seqüestro relâmpago”, agora inserido no art. 158, CP, no §3º.

Art. 158, CP
§ 3 o Se o crime é cometido mediante a restrição da liberdade da vítima, e essa
condição é necessária para a obtenção da vantagem econômica, a pena é de
reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos, além da multa; se resulta lesão corporal
grave ou morte, aplicam-se as penas previstas no art. 159, §§ 2 o e 3 o ,
respectivamente. (Incluído pela Lei nº 11.923, de 2009)
Professor Rogério Sanches diz que o legislador foi infeliz ao dar a
nomenclatura de “seqüestro relâmpago”, uma expressão popular, para esta
tipificação, porque esta prática era anteriormente e de forma comum relacionada
aos crimes dos artigos 157, §2º, V; art. 158; art. 159, CP. Cada um destes crimes
estão estruturados no gráfico abaixo:

"Sequestro Relâmpago"
art. 158, CP
art. 157, §2º, V, CP
(circunstância judicial da art. 159, CP
O agente subtrai o privação da liberdade no o agente sequestra a vítima.
patrimônio da vítima. No crime de extorsão). A colaboração da vítima é
roubo como sequestro
O agente constrange a dispensável, dependendo o
relâmpago a colaboração da
vítima. A colaboração da agente de terceiros.
vítima é dispensável.
vitima é indispensável.

É crime hediondo É crime hediondo É crime hediondo


quando ocorre quando ocorre em qualquer
morte. morte. caso.

A privação da liberdade que antes era uma circunstância judicial passou a


ser uma qualificadora no §3º, art. 158, CP.

1ª corrente
Guilherme de Souza Nucci e a maioria da doutrina dizem que o novo §3º do art.
158, CP não é considerado como crime hediondo por falta de previsão legal dentro
da lei 8072/1990. Esta é a corrente que prevalece.

2ª corrente
Professor Rogério Sanches diz que a extorsão qualificada pela privação da
liberdade já era hedionda antes da modificação da lei. O que muda é que o
legislador transformou esta circunstância em uma qualificadora. Deve-se fazer
apenas uma interpretação extensiva. Vide o quadro abaixo:

Extorsão Crime hediondo


Resultado
simples morte
Extorsão
qualificada Crime hediondo?
Resultado
pela privação morte
da liberdade

É preciso que se analise a questão com mais coerência: como pode a


extorsão simples possuir tratamento mais grave que a extorsão qualificada,
com ambas alcançando o mesmo resultado? Professor Rogério Sanches diz
que há incongruência no sistema e que deveria esta tipificação do “seqüestro
relâmpago” (art. 158, §3º, CP) ser considerada como crime hediondo. Mas não é o
entendimento que prevalece ainda.
IV - extorsão mediante seqüestro e na forma qualificada (art. 159, caput, e §§ l o ,
2 o e 3 o ); (Inciso incluído pela Lei nº 8.930, de 6.9.1994)

O crime de extorsão mediante seqüestro é sempre considerado como crime


hediondo, sendo ele simples ou qualificado.
V - estupro (art. 213 e sua combinação com o art. 223, caput e parágrafo único);
(Inciso incluído pela Lei nº 8.930, de 6.9.1994)

VI - atentado violento ao pudor (art. 214 e sua combinação com o art. 223, caput e
parágrafo único); (Inciso incluído pela Lei nº 8.930, de 6.9.1994)

O estupro e o atentado violento ao pudor poderão ser praticados das


seguintes maneiras:

Real (caput)

VIOLÊNCIA
Presumida (art. 224,
CP)
artigos 213 e 214,
CP
Simples (caput)

RESULTADO
Qualificado pela
lesão grave ou
morte (art. 223, CP)
O estupro e o atentado violento ao pudor são sempre considerados como
crimes hediondos. Qualquer que seja a violência empregada, qualquer que seja o
resultado. Este era o posicionamento dos Tribunais Superiores (STF e STJ).
Mas, este panorama será modificado a partir de amanhã, quando haverá a
modificação da sistemática dos crimes sexuais:

HOJE AMANHÃ
Todas estas modalidades estarão
Art. 213, CP: praticado em razão do art. englobadas no novo artigo 213, CP.
224, CP e do art. 223, CP. Estupro de vulnerável será considerado
como o estupro praticado contra menores
Art. 214, CP: praticado mediante o art. 224, de 14 anos ou doentes mentais (crimes
CP e o art. 223, CP. sexuais praticados mediante violência
presumida).

VII - epidemia com resultado morte (art. 267, § 1 o ). (Inciso incluído pela Lei nº
8.930, de 6.9.1994)

Não há nenhuma consideração a mais a ser feita sobre este inciso que
costuma cair em concursos apenas com a redação do inciso.

VII-A – (VETADO) (Inciso incluído pela Lei nº 9.695, de 20.8.1998)

VII-B - falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto destinado a


fins terapêuticos ou medicinais (art. 273, caput e § 1 o , § 1 o -A e § 1 o -B, com a
redação dada pela Lei n o 9.677, de 2 de julho de 1998). (Inciso incluído pela Lei nº
9.695, de 20.8.1998)

Este é o artigo mais novo dentro do rol dos crimes hediondos, inserido no
ano de 1998. É preciso que se analise todo o art. 273, CP, sobre o cometimento
do crime na forma dolosa:
Art. 273, CP - Falsificar, corromper, adulterar ou alterar produto destinado a fins
terapêuticos ou medicinais : (Redação dada pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998)
Pena - reclusão, de 10 (dez) a 15 (quinze) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº
9.677, de 2.7.1998) – pena grave já que o agente a merece por ser tão grave o crime
realizado.

§ 1º - Nas mesmas penas incorre quem importa, vende, expõe à venda, tem em
depósito para vender ou, de qualquer forma, distribui ou entrega a consumo o
produto falsificado, corrompido, adulterado ou alterado. (Redação dada pela Lei nº
9.677, de 2.7.1998) – também considerado como pena grave para aquele que
distribui os medicamentos fabricados pelos agent es do “caput” do artigo.

§ 1º-A - Incluem-se entre os produtos a que se refere este artigo os medicamentos,


as matérias-primas, os insumos farmacêuticos, os cosméticos, os saneantes
(exemplo de um saneante é o produto conhecido como “bom-ar”) e os de uso em
diagnóstico. (Incluído pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998)

O professor Rogério Sanches diz que a interpretação que se faz para este
parágrafo é a de que só será aplicada a pena para a adulteração de cosméticos
ou de saneantes no caso de possuírem finalidade terapêutica ou medicinal. Não é
qualquer cosmético ou saneante. Exemplo: adulteração na manteiga de cacau.

§ 1º-B - Está sujeito às penas deste artigo quem pratica as ações previstas no § 1º
em relação a produtos em qualquer das seguintes condições: (Incluído pela Lei nº
9.677, de 2.7.1998)

I - sem registro, quando exigível, no órgão de vigilância sanitária competente;


(Incluído pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998)

II - em desacordo com a fórmula constante do registro previsto no inciso anterior;


(Incluído pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998)

III - sem as características de identidade e qualidade admitidas para a sua


comercialização; (Incluído pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998)

IV - com redução de seu valor terapêutico ou de sua atividade ; ((Incluído pela Lei nº
9.677, de 2.7.1998)

V - de procedência ignorada; (Incluído pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998)

VI - adquiridos de estabelecimento sem licença da autoridade sanitária competente .


(Incluído pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998)

•Pune o falsificador com pena de 10 a 15 anos. É


Art. 273, caput, considerado como crime hediondo.

CP
•Pune quem vende ou expõe a venda o produto
Art. 273, §1º, adulterado. Não precisa o agente ser necessariamente
comerciante. Pena de 10 a 15 anos. Crime hediondo.
CP
•Equipara produtos (apenas considerados aqueles de
Art. 273, §1º-A, finalidade terapêutica). Pena de 10 a 15 anos,
considerado também como crime hediondo.
CP
•Medicamento não está necessariamente corrompido,
Art. 273, §1º-B, mas está irregular quanto às normas da vigilância
sanitária. 10 a 15 anos de pena, considerado como crime
CP hediondo.

Professor Rogério Sanches diz que este parágrafo 1º-B é desproporcional,


atentando contra o princípio da intervenção mínima. Não é preciso que seja
considerado como um crime hediondo ou que tenha uma pena tão grande em
razão de ser um crime de mera irregularidade quanto às normas da vigilância
sanitária.
Parágrafo único. Considera-se também hediondo o crime de genocídio previsto nos
arts. 1 o , 2 o e 3 o da Lei n o 2.889, de 1 o de outubro de 1956, tentado ou consumado.
(Parágrafo incluído pela Lei nº 8.930, de 6.9.1994)

Observação: nem todos os crimes listados aqui como hediondos estão


tipificados dentro do Código Penal. Único crime que não está previsto é o crime de
GENOCÍDIO. Por esta maneira o crime de genocídio mereceu um parágrafo único,
por não haver previsão sobre seu tipo no Código Penal.

Alberto Silva Franco, não sem razão, critica a lei dos crimes hediondos,
entendendo ser uma lei elitista. A lei 8072/1990 somente etiquetou os crimes
praticados pelos pobres contra os ricos; mas não os crimes praticados pelos ricos
contra os pobres como hediondos.
Não existe nenhum crime contra a administração pública com o rótulo de
“crime hediondo”. Existe uma comissão do Congresso Nacional que discute inserir
os crimes de concussão, de peculato e corrupção na lei 8072/1990. Mas apenas
está em fase de discussão esta possibilidade.

CONSEQUÊNCIAS DA PRÁTICA DE UM CRIME HEDIONDO OU


CRIME EQUIPARADO A HEDIONDO (TORTURA, TRÁFICO E
TERRORISMO)
Art. 2º, lei 8072/1990 - Os crimes hediondos, a prát ica da tortura, o tráfico ilícito de
entorpecentes e drogas afins e o terrorismo são insuscetíveis de:

I - anistia, graça e indulto;

A anistia, a graça e o indulto são formas de renúncia estatal ao seu direito


de punir.
A Constituição Federal, dentro do art. 5º, XLIII, CF, apenas veda a graça e
a anistia, nada dizendo sobre o indulto:

Art. 5º, CF
XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a
prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas a fins, o terrorismo e os
definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os
executores e os que, podendo evitá -los, se omitirem;

A lei ordinária 8072/1990, subordinada à Constituição, poderia


adicionar a vedação ao indulto? Existem duas correntes que respondem a esta
pergunta:

1ª corrente
A vedação do indulto feita pela lei 8072/1990 é inconstitucional. Diz esta corrente
que o rol de vedações da Constituição Federal é máximo, não podendo o
legislador ordinário suplantá-los. Esta primeira corrente diz que os casos de
imprescritibilidade são previstos pela Constituição Federal. Na mesma linha de
raciocínio, o legislador não poderia criar outros crimes imprescritíveis. Da mesma
forma não poderá criar outras hipóteses de prisão civil. E assim por diante. Não é
esta corrente que prevalece.

Observação: professor Rogério Sanches diz que o legislador a partir do dia


18 de agosto acrescentará em lei ordinária como imprescritíveis o crime de
estupro e os crimes praticados contra a humanidade.

2ª corrente
Esta é a corrente que prevalece e afirma que a vedação ao indulto é
constitucional. Diz esta corrente que o rol de vedações da Constituição Federal é
mínimo, dizendo o próprio constituinte no inciso LXIII que “a lei definirá” o
regramento sobre os crimes hediondos. O argumento é de que o instituto da graça
é amplo, abrangendo o benefício do indulto. É a corrente do STF inclusive (RHC
84572/RJ). O Supremo decide nesta mesma situação que a possibilidade ou não
de indulto será analisada apenas na fase de execução. Professor Rogério
Sanches diz que apesar de o condenado Guilherme de Pádua ter praticado o
crime anteriormente à configuração do homicídio como hediondo, em fase de sua
execução, seu crime teria de ser analisado juntamente à lei dos crimes hediondos.

EMENTA: Indulto (D. 3299/99): exclusão da graça dos condenados por crime
hediondo, que se aplica aos que hajam cometido antes da L. 8072/90 e da
Constituição de 1988, ainda quando não o determine expressamente o decreto
presidencial: validade, sem ofensa à garantia constitucional da irretroatividade da
lei penal mais gravosa, não incidente na hipótese, em que a exclusão questionada
traduz exercício do poder do Presidente da República de negar o indulto aos
condenados pelos delitos que o decreto especifique: precedentes
(RHC 84572, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Relator(a) p/ Acórdão: Min.
SEPÚLVEDA PERTENCE, Primeira Turma, julgado em 21/09/2004, DJ 03-12-2004
PP-00042 EMENT VOL-02175-02 PP-00297 LEXSTF v. 27, n. 315, 2005, p. 413-
422).

Posteriormente, com a edição da lei 9455/1997, tratando do crime de


tortura, houve a inserção de um dispositivo vedando apenas a graça e a anistia,
não prevendo a vedação ao indulto.

Desta forma, poderia o agente que pratica o crime de tortura ser


beneficiado pelo benefício do indulto? Novamente existem duas correntes para
este questionamento:

1ª corrente
A lei de tortura revogou tacitamente a vedação ao indulto na lei 8072/1990. Se o
crime de tortura é um crime equiparado aos crimes hediondos, deverá haver o
mesmo tratamento para todos os crimes da lei 8072/1990, com base no princípio
da isonomia.

2ª corrente
A lei de tortura não revogou a vedação do indulto. Baseia-se esta corrente no
princípio da especialidade. A lei especial da tortura dá tratamento diferenciado
apenas para este crime. Esta é a corrente que prevalece, inclusive no STF.

A discussão sobre a concessão destes benefícios ressurgiu novamente


com a edição da lei 11.343/2006, a lei de drogas, que trouxe em seu bojo a
mesma disposição da lei dos crimes hediondos, vedando a concessão de anistia,
graça ou indulto para o agente que pratica qualquer crime hediondo ou
equiparado.

Art. 2º, 8072/1990


II - fiança e liberdade provisória.

§ 1º A pena por crime previsto neste artigo será cumprida integralmente em regime
fechado.

§ 2º Em caso de sentença condenatória, o juiz decidirá fundamentadamente se o réu


poderá apelar em liberdade.

§ 3º A prisão temporária, sobre a qual dispõe a Lei nº 7.960, de 21 de dez embro de


1989, nos crimes previstos neste artigo, terá o prazo de trinta dias, prorrogável por
igual período em caso de extrema e comprovada necessidade.

II - fiança. (Redação dada pela Lei nº 11.464, de 2007)

§ 1 o A pena por crime previsto neste artigo será cumprida inicialmente em regime
fechado. (Redação dada pela Lei nº 11.464, de 2007)

§ 2 o A progressão de regime, no caso dos condenados aos crimes previstos neste


artigo, dar-se-á após o cumprimento de 2/5 (dois quintos) da pena, se o apenado for
primário, e de 3/5 (três quintos), se reincidente. (Redação dada pela Lei nº 11.464,
de 2007)

§ 3 o Em caso de sentença condenatória, o juiz decidirá fundamentadamente se o réu


poderá apelar em liberdade. (Redação dada pela Lei nº 11.464, de 2007)

§ 4 o A prisão temporária, sobre a qual dispõe a Lei n o 7.960, de 21 de dezembro de


1989, nos crimes previstos neste artigo, terá o prazo de 30 (trinta) dias, prorrogável
por igual período em caso de extrema e comprovada necessidade. (Incluído pela Lei
nº 11.464, de 2007)

Análise do inciso II modificado


11.464/2007

11.464/2007
Antes da lei

Depois da lei

Vedação à fiança Vedação apenas


e à liberdade à fiança.
provisória.
1º entendimento no STF
Mesmo com a mudança da lei 8072/1990, o Supremo afirmou que nada havia
mudado no sistema, inclusive sobre a liberdade provisória. Apenas foi corrigida a
lei para combater uma norma sem técnica da lei dos crimes hediondos. No HC
91556 (não achei o julgado referido com este número, busquei outro, abaixo
transcrito com mesmo entendimento), o STF decidiu que a vedação da liberdade
provisória está implícita na vedação da fiança.

EMENTA: HABEAS CORPUS. PRISÃO EM FLAGRANTE. PACIENTE


PRONUNCIADA PELO CRIME DE HOMICÍDIO QUALIFICADO (CRIME
HEDIONDO). CUSTÓDIA CAUTELAR MANTIDA. OBSTÁCULO DIRETAMENTE
CONSTITUCIONAL: INCISO XLIII DO ART. 5º (INAFIANÇABILIDADADE DOS
CRIMES HEDIONDOS). SUPERVENIÊNCIA DA LEI Nº 11.464/2007.
IRRELEVÂNCIA. MANUTENÇÃO DA JURISPRUDÊNCIA DO STF. 1. Se o crime é
inafiançável e o acusado foi preso em flagrante, o instituto da liberdade provisória
não tem como operar. O inciso II do artigo 2º da Lei nº 8.072/90, quando impedia a
"fiança e a liberdade provisória", de certa forma incidia em redundância, dado que,
sob o prisma constitucional (inciso XLIII do artigo 5º da CF/88), tal ressalva era
desnecessária. Tal redundância foi reparada pelo legislador ordinário (Lei nº
11.464/2007), ao retirar o excesso verbal e manter, tão-somente, a vedação do
instituto da fiança. 2. Manutenção da jurisprudência desta Primeira Turma, no
sentido de que "a proibição da liberdade provisória, nessa hipótese, deriva
logicamente do preceito constitucional que impõe a inafiançabilidade das referidas
infrações penais: (...) "seria ilógico que, vedada pelo art. 5º, XLIII, da Constituição, a
liberdade provisória mediante fiança nos crimes hediondos, fosse ela admissível
nos casos legais de liberdade provisória sem fiança..." (HC 83.468, da relatoria do
ministro Sepúlveda Pertence). No mesmo sentido: HC 93.302, da relatoria da
ministra Cármem Lúcia. 3. Ilegalidade do aprisionamento cautelar por ausência de
situação flagrancial, nos termos do art. 302 do CPP. Prisão que se deu muito mais
como resultado de uma série de procedimentos investigatórios do que por efeito de
uma instante ou focada perseguição. Falta de caracterização dos chamados
"flagrante impróprio" e "flagrante presumido" (incisos III e IV do art. 302 do CPP).
Ilegitimidade do flagrante lavrado, a atrair a incidência do inciso LXV do artigo 5º da
CF/88 ("a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade judiciária"). 4.
Habeas corpus parcialmente conhecido e, na parte conhecida, indeferido.
Concessão da ordem de ofício.
(HC 92924, Relator(a): Min. CARLOS BRITTO, Primeira Turma, julgado em
01/04/2008, DJe-216 DIVULG 13-11-2008 PUBLIC 14-11-2008 EMENT VOL-
02341-02 PP-00339 LEXSTF v. 30, n. 360, 2008, p. 340-354)

Houve apenas uma correção de redação. Este foi o primeiro entendimento


do Supremo depois da mudança do art. 2º, II, da lei 8072/1990. Por este
entendimento permaneceria em vigor a súmula 697, STF:

Súmula 697, STF - A PROIBIÇÃO DE LIBERDADE PROVISÓRIA NOS PROCESSOS


POR CRIMES HEDIONDOS NÃO VEDA O RELAXAMENTO DA PRISÃO
PROCESSUAL POR EXCESSO DE PRAZO.

Esta súmula diz que o fato de um crime hediondo não ser passível de
liberdade provisória, não impede o relaxamento em razão do excesso de prazo da
prisão.

2º entendimento no STF
No entanto, no HC 92824, o STF revendo seu posicionamento vem autorizando
liberdade provisória para crimes hediondos, vedando-se apenas a fiança. Ministro
Celso de Mello tem um entendimento em seu julgado dizendo que quem tem de
decidir se é cabível ou não a liberdade provisória é o Juiz e não o legislador. O
legislador não poder vedar a liberdade provisória mediante a gravidade do crime
em abstrato. Esta afirmação do Ministro Celso de Mello demonstra a adoção do
sistema mais justo de definição dos crimes hediondos e a sua conseqüência. Por
meio deste entendimento, desaparece a súmula 697, STF, acima analisada.

EMENTA: CRIMINAL. HABEAS CORPUS. CRIME HEDIONDO. PRISÃO EM


FLAGRANTE HOMOLOGADA. PROIBIÇÃO DE LIBERDADE PROVISÓRIA.
CONSTRANGIMENTO ILEGAL CONFIGURADO. PLEITO DE AFASTAMENTO DA
QUALIFICADORA DA SURPRESA. IMPOSSIBILIDADE. NECESSIDADE DE
REVOLVIMENTO DOS FATOS E PROVAS. IMPROPRIEDADE DO WRIT. ORDEM
PARCIALMENTE CONHECIDA E CONCEDIDA. A atual jurisprudência desta Corte
admite a concessão de liberdade provisória em crimes hediondos ou equiparados,
em hipóteses nas quais estejam ausentes os fundamentos previstos no artigo 312
do Código de Processo penal. Precedentes desta Corte. Em razão da supressão,
pela lei 11.646/2007, da vedação à concessão de liberdade provisória nas
hipóteses de crimes hediondos, é legítima a concessão de liberdade provisória ao
paciente, em face da ausência de fundamentação idônea para a sua prisão. A
análise do pleito de afastamento da qualificadora surpresa do delito de homicídio
consubstanciaria indevida incursão em matéria probatória, o que não é admitido na
estreita via do habeas corpus. Ordem parcialmente conhecida e, nesta extensão,
concedida.
(HC 92824, Relator(a): Min. JOAQUIM BARBOSA, Segunda Turma, julgado em
18/12/2007, DJe-083 DIVULG 08-05-2008 PUBLIC 09-05-2008 EMENT VOL-
02318-02 PP-00367 JC v. 35, n. 115, 2007/2008, p. 178-190 LEXSTF v. 30, n. 354,
2008, p. 458-471)

Análise dos §§2º e 3º modificados

Pena deveria ser Pena deve ser cumprida


Antes da lei
11.464/2007

11.464/2007
Depois da lei

cumprida em regime em regime inicialmente


integralmente fechado. fechado, desta forma
Havia desta forma, na lei permitindo a progressão
de crimes hediondos a de regime ( 2/5 de pena
proibição da progressão se primário; 3/5 de pena
de regime. se reincidente).

Observação: no ano de 2006 o Supremo Tribunal Federal considerou como


sendo inconstitucional a vedação à progressão de regime para os crimes
hediondos; desta forma, era considerado o prazo de 1/6 de pena cumprida, da
regra geral, para os crimes hediondos praticados anteriormente à edição da lei
11.294/2007. Esta lei que regula os novos requisitos de progressão não alcança
os fatos anteriores porque a lei é maléfica se comparada com a regra geral de 1/6
de pena.

Análise do §3º
Art. 2º, lei 8072/1990
§ 3 o Em caso de sentença condenatória, o juiz decidirá fundamentadamente se o réu
poderá apelar em liberdade. (Redação dada pela Lei nº 11.464, de 2007)

Supremo decidiu que se o processado estiver preso deverá ele recorrer


preso, salvo se ausentes os fundamentos que embasam a prisão preventiva. E
continua o STF em mesmo raciocínio dizendo que o processado solto deverá
continuar recorrendo solto, salvo se presentes os fundamentos jurídicos que
pedem a imposição da prisão preventiva.
Art. 312, CPP - A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da ordem
pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução criminal , ou para
assegurar a aplicação da lei penal, quando houver prova da existência do crime e
indício suficiente de autoria. (Redação dada pela Lei nº 8.884, de 11.6.1994)

Professor Rogério Sanches diz que nunca pede a prisão preventiva por ser
necessária a instrução porque, quando a instrução terminar, o Juiz deverá
obrigatoriamente soltar o agente que praticou o crime hediondo.
Ainda ressalva o professor que nunca se deve mencionar a “conveniência”
da instrução que é uma expressão que não coaduna com o instituto da prisão,
mas sim, fundamentar esta prisão como em necessidade da instrução. Professor
Rogério diz que o melhor para o promotor é fundamentar a preventiva com base
em todos os critérios apresentados pelo art. 312, CPP.

Análise do §4º

Art. 2º, lei 8072/1990


§ 4 o A prisão temporária , sobre a qual dispõe a Lei n o 7.960, de 21 de dezembro
de 1989, nos crimes previstos neste artigo, terá o prazo de 30 (trinta) dias,
prorrogável por igual período em caso de extrema e comprovada necessidade .
(Incluído pela Lei nº 11.464, de 2007)

LEI 7960/1989 LEI 8072/1990


Prisão temporária: 05 dias + 05 dias Prisão temporária: 30 dias + 30 dias
(prorrogável) (prorrogável)

Para a análise da modificação de cada prazo para a prisão temporária, é


preciso que se faça o exame do art. 1º da lei 7960/1989 que lista os crimes que
poderão ensejar a prisão temporária:

Art. 1°, lei 7960/1989 - Caberá prisão temporária:

I - quando imprescindível para as investigações do inquérito policial;

II - quando o indicado não tiver residência fixa ou não fornecer elementos


necessários ao esclarecimento de sua identidade;

III - quando houver fundadas razões, de acordo com qualquer prova admitida na
legislação penal, de autoria ou participação do indiciado nos seguintes crimes:
a) homicídio doloso (art. 121, caput, e seu § 2°);

O homicídio se cometido por grupo de extermínio ou qualificado terá prazo


de 30 dias + 30 dias para a prisão temporária.

b) seqüestro ou cárcere privado (art. 148, caput, e seus §§ 1° e 2°);

Prazo de 05 dias + 05 dias para a prisão temporária.

c) roubo (art. 157, caput, e seus §§ 1°, 2° e 3°);

O seqüestro se qualificado pelo resultado morte terá o prazo de 30 dias +


30 dias para a prisão temporária.

d) extorsão (art. 158, caput, e seus §§ 1° e 2°);

A extorsão se simples ou se qualificada pelo resultado morte terá o prazo


de 30 dias + 30 dias para a prisão temporária.

e) extorsão mediante seqüestro (art. 159, caput, e seus §§ 1°, 2° e 3°);

A extorsão mediante seqüestro, se simples ou se qualificada terá o prazo


de 30 dias + 30 dias para a prisão temporária.

f) estupro (art. 213, caput, e sua combinação com o art. 223, caput, e parágrafo
único);

O estupro se simples ou se qualificado terá o prazo de 30 dias + 30 dias


para a prisão temporária.

g) atentado violento ao pudor (art. 214, caput, e sua combinação com o art. 223,
caput, e parágrafo único);

O atentado violento ao pudor se simples ou se qualificado terá o prazo de


30 dias + 30 dias para a prisão temporária.

h) rapto violento (art. 219, e sua combinação com o art. 223 caput, e parágrafo
único) – não existe mais, expurgado do Código Penal ;

i) epidemia com resultado de morte (art. 267, § 1°);

O crime de epidemia com resultado morte se qualificado terá o prazo de 30


dias + 30 dias para a prisão temporária.

j) envenenamento de água potável ou substância alimentícia ou medicinal


qualificado pela morte (art. 270, caput, combinado com art. 285);

Prazo de 05 dias + 05 dias para a prisão temporária.

l) quadrilha ou bando (art. 288), todos do Código Penal;


Prazo de 05 dias + 05 dias para a prisão temporária.

m) genocídio (arts. 1°, 2° e 3° da Lei n° 2.889, de 1° de outubro de 1956), em


qualquer de sua formas típicas;

O genocídio tem o prazo de 30 dias + 30 dias para a prisão temporária.

n) tráfico de drogas (art. 12 da Lei n° 6.368, de 21 de outubro de 1976);

O tráfico de drogas terá o prazo de 30 dias + 30 dias para a prisão


temporária.

o) crimes contra o sistema financeiro (Lei n° 7.492, de 16 de junho de 1986).

Prazo de 05 dias + 05 dias para a prisão temporária.

Não estão previstos os crimes de tortura e de corrupção de


medicamentos no rol deste artigo 1º, lei 7960/1989. Poderá a prisão
temporária incidir sobre os agentes que praticam estes crimes? Existem duas
correntes na doutrina que tentam responder a este questionamento:

1ª corrente
Só cabe prisão temporária para os crimes previstos no artigo 1º transcrito acima.
Os crimes de tortura e de corrupção de medicamentos, como não estão previstos
neste rol do art. 1º da lei 7960/1989, não são passíveis de prisão temporária.
Professor Rogério Sanches entende que não é este o entendimento correto.

2ª corrente
É o entendimento de que os crimes de tortura e de corrupção de medicamentos
devem ser abrangidos pela possibilidade da prisão temporária, com base no §4º
do art. 2º, com referência aos crimes previstos na lei dos crimes hediondos e
equiparados. A lei dos crimes hediondos não só ampliou o prazo de prisão
temporária, mas também ampliou o rol de crimes que admitem esta espécie de
prisão.

ESTABELECIMENTOS PENAIS FEDERAIS PARA DETENTOS DE


ALTÍSSIMA PERICULOSIDADE
Art. 3º, lei 8072/1990 - A União manterá estabelecimentos penais, de segurança
máxima, destinados ao cumprimento de penas impostas a condenados de alta
periculosidade, cuja permanência em presídios estaduais ponha em risco a ordem ou
incolumidade pública.

LIVRAMENTO CONDICIONAL
Art. 5º, lei 8072/1990 - Ao art. 83 do Código Penal é acrescido o seguinte incis o:
"Art. 83. ..............................................................
........................................................................
V - cumprido mais de dois terços da pena, nos casos de condenação por crime
hediondo, prática da tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, e
terrorismo, se o apenado não for reincidente específico em crimes dessa natureza ."

É preciso que se analise o artigo 5º da lei 8072/1990 com a redação e o


instituto do livramento condicional do Código Penal:

Art. 83, CP - O juiz poderá conceder livramento condicional ao condenado a pena


privativa de liberdade igual ou superior a 2 (dois) anos, desde que: (Redação dada
pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
I - cumprida mais de um terço da pena se o condenado não for reincidente em crime
doloso e tiver bons antecedentes; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
II - cumprida mais da metade se o condenado for reincidente em crime doloso;
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
III - comprovado comportamento satisfatório durante a execução da pena, bom
desempenho no trabalho que lhe foi atribuído e aptidão para prover à própria
subsistência mediante trabalho honesto; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)
IV - tenha reparado, salvo efetiva impossibilidade de fazê -lo, o dano causado pela
infração; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
V - cumprido mais de dois terços da pena, nos casos de condenação por crime
hediondo, prática da tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, e
terrorismo, se o apenado não for reincidente específico em crimes dessa nature za.
(Incluído pela Lei nº 8.072, de 25.7.1990)
Parágrafo único - Para o condenado por crime doloso, cometido com violência ou
grave ameaça à pessoa, a concessão do livramento fica rá também subordinada à
constatação de condições pessoais que façam presumir que o liberado não voltará a
delinqüir. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Livramento condicional é o benefício de execução penal consistente na


liberdade antecipada do agente condenado. Professor Rogério Sanches analisa o
requisito do tempo de pena cumprida para que o condenado consiga o benefício
do livramento condicional:

Condenado primário
• Mais de 1/3 de pena
+ bons antecedentes cumprida.

Condenado primário
• Não previsto o prazo em lei.
+ maus antecedentes

Condenado
• Mais de 1/2 de pena
reincidente cumprida.
Como deve ser solucionada a lacuna da lei sobre o condenado
primário e de maus antecedentes? Duas correntes tentam explicar esta omissão
legislativa:

1ª corrente
Na lacuna da lei sobre esta situação, deve ser aplicado o prazo de 1/3, em razão
do princípio do in dubio pro reo para o condenado que é primário mas porta maus
antecedentes. Esta é a corrente que prevalece.

2ª corrente
Como o réu não preenche as características dos bons antecedentes, deverá ele
cumprir mais da metade de sua pena para adquirir o livramento condicional.

Condenado por crime • Mais de 2/3 de pena


hediondo ou equiparado cumprida.
primário

Condenado por crime • Não terá direito ao


hediondo ou equiparado livramento condicional.
reincidente específico

O que significa reincidente específico? Existem três correntes que


tentam responder a esta pergunta:

1ª corrente
É considerado como reincidente específico o agente que é condenado por crime
hediondo ou equiparado e vem a praticar novo crime hediondo ou equiparado de
qualquer espécie, atingindo qualquer bem jurídico. Neste caso, não tem direito ao
livramento condicional. Esta é a corrente que prevalece.

2ª corrente
É reincidente específico se o agente é condenado por crime hediondo ou
equiparado que vem a praticar o mesmo crime hediondo ou equiparado. Se
praticar este agente qualquer outro crime hediondo ou equiparado terá direito ao
livramento condicional.

3ª corrente
Será considerado como reincidente específico o agente condenado a crime
hediondo ou equiparado que pratica novo crime hediondo ou equiparado que
atinja ao mesmo bem jurídico, mesmo que não sejam crimes de mesma espécie.
Atingindo ao mesmo bem jurídico, não terá direito ao livramento condicional.

LEI DOS CRIMES HEDIONDOS E CRIME DE QUADRILHA OU


BANDO/ DELAÇÃO PREMIADA
Art. 8º, lei 8072/1990 - Será de três a seis anos de reclusão a pena prevista no art.
288 do Código Penal, quando se tratar de crimes hediondos, prática da tortura,
tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins ou terrorismo. (...)

Reunirem-se mais de Crimes visados pela


ART. 288, CP

LEI 8072/1990
três pessoas com o fim associação forem
de praticar crimes. praticados com o fim de
Pena de 1 a 3 anos de produzir crimes
reclusão. hediondos, de tráfico*,
de tortura ou
terrorismo.
Pena de 3 a 6 anos de
reclusão.

* O crime de tráfico é excluído deste rol em razão da nova lei de drogas –


especificamente já considera como tráfico a reunião de duas pessoas.

Art. 35, lei 11343/2006 - Associarem-se duas ou mais pessoas para o fim de
praticar, reiteradamente ou não, qualqu er dos crimes previstos nos arts. 33, caput e
§ 1 o , e 34 desta Lei (crimes de tráfico de drogas) :
Pena - reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e pagamento de 700 (setecentos) a
1.200 (mil e duzentos) dias -multa.
Parágrafo único. Nas mesmas penas do caput deste artigo incorre quem se associa
para a prática reiterada do crime definido no art. 36 desta Lei.

Sobre a delação premiada e a formação da quadrilha ou bando que pratica


qualquer dos crimes hediondos, terrorismo ou tortura, é preciso que se analise o
parágrafo único do art. 8º:

Art. 8º, lei 8072/1990


Parágrafo único. O participante e o associado que denunciar à autoridade o bando
ou quadrilha, possibilitando seu desmantelamento , terá a pena reduzida de um a
dois terços.

Para que se alcance a redução da pena do agente o STJ entende, segundo


o julgado no HC 41758/SP, que deve o agente delatar a situação da quadrilha ou
bando de tal modo que possibilite o seu desmantelamento, ou seja, que a delação
por ele efetuada seja eficaz.

HABEAS CORPUS. TRÁFICO DE ENTORPECENTES. DIREITO PENAL E


DIREITO PROCESSUAL PENAL. ARTIGO 8º, PARÁGRAFO ÚNICO, DA LEI Nº
8.072/90.
DELAÇÃO PREMIADA. NECESSIDADE DA EXISTÊNCIA DE QUADRILHA OU
BANDO.
PROGRESSÃO DE REGIME PRISIONAL. INCONSTITUCIONALIDADE DO
ARTIGO 2º, PARÁGRAFO 1º, DA LEI Nº 8.072/90 DECLARADA PELO SUPREMO
TRIBUNAL FEDERAL. ORDEM PARCIALMENTE CONCEDIDA.
1. A superveniência do julgamento da revisão criminal prejudica o pedido de
aguardar o seu julgamento em liberdade.
2. A redução de pena prevista para os casos de delação de co-réu (artigo 8º,
parágrafo único, da Lei nº 8.072/90), requisita a existência e o desmantelamento de
quadrilha ou bando.
3. O Plenário do Supremo Tribunal Federal declarou, por maioria de votos, a
inconstitucionalidade do parágrafo 1º do artigo 2º da Lei nº 8.072/90, afastando,
assim, o óbice da progressão de regime aos condenados por crimes hediondos ou
equiparados.
4. Declaração de voto do Relator com entendimento contrário.
5. Ordem parcialmente prejudicada e parcialmente concedida.
(HC 41758/SP, Rel. Ministro HAMILTON CARVALHIDO, SEXTA TURMA, julgado
em 07/11/2006, DJ 05/02/2007 p. 386)

AUMENTO DE PENA EM RAZÃO DAS CARACTERÍSTICAS DA


VÍTIMA
Art. 9º, lei 8072/1990 - As penas fixadas no art. 6º para os crimes capitulados nos
arts. 157, § 3º, 158, § 2º, 159, caput e seus §§ 1º, 2º e 3º, 213, caput e sua
combinação com o art. 223, caput e parágrafo único, 214 e sua combinação com o
art. 223, caput e parágrafo único, todos do Código Penal, são acrescidas de metade,
respeitado o limite superior de trinta anos de reclusão, estando a vítima em qualquer
das hipóteses referidas no art. 224 também do Código Penal.

Este artigo, segundo o professor Rogério Sanches, irá desaparecer, se dia


18 de agosto for sancionado pelo Presidente da República o projeto de lei que
termina com a redação do art. 224, CP. Mas, caso não haja a modificação, é
preciso que se analise o seu conteúdo.

Art. 224, CP - Presume-se a violência, se a vítima: Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90


a) não é maior de catorze anos;
b) é alienada ou débil mental, e o agente conhecia esta circunstância;
c) não pode, por qualquer outra causa, oferecer re sistência.

CRIME Aumento de pena do art. 9º, lei


8072/1990
Art. 157, §3º, CP Praticado com vítima prevista no art. 224,
CP: aumento de ½ da pena.
Art. 158, §2º, CP Praticado com vítima prevista no art. 224,
CP: aumento de ½ da pena.
Art. 159, CP Praticado com vítima prevista no art. 224,
CP: aumento de ½ da pena.
Art. 213, CP Praticado com vítima prevista no art. 224,
CP: aumento de ½ da pena.
Art. 214, CP Praticado com vítima prevista no art. 224,
CP: aumento de ½ da pena.

Os crimes do art. 213 e do art. 214, CP podem ser praticados por meio de
violência real ou por violência presumida (com base no mesmo art. 224, CP). A
doutrina questiona este aumento de pena de metade com base no mesmo artigo
224, CP segundo o mandamento do art. 9º da lei dos crimes hediondos.
Segundo o entendimento do STF e do STJ o agente que pratica qualquer
dos crimes do art. 213 ou do art. 214, CP sofrerá o aumento de pena do art. 9º,
8072/1990 quando for o crime sexual praticado mediante violência real. Não deve
ser aplicado o aumento de pena no caso da prática destes crimes mediante
violência presumida, em razão do princípio que veda o bis in idem.

CRIMES EQUIPARADOS AOS CRIMES HEDIONDOS


1) TERRORISMO

1ª corrente
O Brasil ainda não tem tipo específico para o crime de terrorismo. O terrorismo
continua sendo punido como o crime de incêndio, como crime que atente à
periclitação da vida ou da saúde, de homicídio, etc.

2ª corrente
Entende esta segunda corrente que o Brasil tipificou o crime de terrorismo no art.
20 da lei 7170/1983, lei que trata dos crimes contra a segurança nacional.

Art. 20, lei 7170/1973 - Devastar, saquear, extorquir, roubar, se qüestrar, manter em
cárcere privado, incendiar, depredar, provocar explosão, praticar atentado pessoal
ou atos de terrorismo, por inconformismo político ou para obtenção de fundos
destinados à manutenção de organizações políticas clandestinas ou subversiva s.
Pena: reclusão, de 3 a 10 anos.
Parágrafo único - Se do fato resulta lesão corporal grave, a pena aumenta -se até o
dobro; se resulta morte, aumenta -se até o triplo.

Professor Rogério Sanches diz que esta lei que atenta contra a segurança
nacional não tipifica claramente o que é na verdade o crime de terrorismo.
Segundo o princípio da legalidade, dentro do direito penal, somente será
considerado como crime a conduta que estiver tipicamente demonstrada em lei,
atendendo aos seguintes requisitos:
Anterior

Escrita
Não há crime sem
lei. A lei deve ser:
Estrita
Princípio da
taxatividade
Certa
Exige-se clareza
na criação do tipo
penal

Para a maioria da doutrina, caso venha a se entender que este art. 20 da lei
7170/1983 é o tipo para terrorismo, haveria clara afronta ao princípio da
legalidade, por não ser esta lei certa para a tipificação do crime referido.

2) TRÁFICO

3) TORTURA

O crime de tortura será estudado pormenorizadamente em aula específica


sobre a lei que trata de tortura, a lei 9455/1997.

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