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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

FACULDADE DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS


LICENCIATURA EM HISTÓRIA
HISTÓRIA DA ÁFRICA I

Negritude e modernidade: a lógica nos filmes “Pantera Negra” e


“Um príncipe em Nova York”.

Alexmar Lisbôa

Salvador
2018
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
FACULDADE DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS
LICENCIATURA EM HISTÓRIA
HISTÓRIA DA ÁFRICA I

Negritude e modernidade: a lógica nos filmes “Pantera Negra” e


“Um príncipe em Nova York”.

Alexmar Lisbôa

Trabalho apresentado à disciplina de História


da África I, no curso de Licenciatura em
História da Faculdade de Filosofia e Ciências
Humanas da Universidade Federal da Bahia.
Orientador: Prof. Me. Carlos Barros

Salvador
2018
Introdução

Na analise de qualquer processo histórico, vemos que as necessidades são


filhas do seu próprio tempo, e que as mentes geniais não estão a frente do seu
tempo, mas sim, captam as entrelinhas do mesmo. Quero dizer com isso que
os embates de narrativas surgem das necessidades, necessidades as vezes
muito nobres e dotadas de grande valor de justiça, outras necessidades são
recheadas de ódio, mas ainda sim são necessidades, não de modo universal
como causas humanitárias, porém o telos da necessidade é a satisfação de
alguma carência, e muito indivíduos e/ou grupos, querem se satisfizer das
maneiras mais perversas possíveis. Com isso, não pretendo justificar todas as
reivindicações, apenas explanar as condições de subjetividade acerca das
mesmas, que hoje, no que chamamos de regime de historicidade presentista,
eliminam pelo menos de forma considerável as metanarrativas, quem se
baseavam na estruturação teórica de uma apreensão quase total de dada
realidade, a fim de transformá-la e encaminhar-se a um telos. Visto isso, esse
texto pretende analisar de forma sintética a relação entre a construção da
identidade do negro nos filmes Pantera Negra e Um Príncipe em Nova York
relacionando-a com o paradigma da ascensão de uma historiografia desses
“novos sujeitos”

Negritude e modernidade

Um Príncipe em Nova York (1988) e Pantera Negra (2018) são filmes


separados por exatos 30 anos, e como pode ser observado, guarda-se muitas
similaridades que extrapolam o fato de ambas personagens principais serem
interpretados por atores negros. As duas produções concebem a idéia de uma
“majestade negra” cada uma a seu modo, o que é muito interessante, porque é
evidente que ao longo dos anos, a maioria das produções cinematográficas (e
arrisco-me a dizer a maioria das produções de qualquer segmento mainstream)
trazem a figura da mulher e do homem negro sempre associados a papéis
marginais como de subalternidade e criminalidade, como acontece no caso
brasileiro, demonstrado no artigo “Ficção, história e representação: o negro na
novela Lado a Lado” (KUNZ; MAGALHÃES; DUARTE, 2015), ambos países
marcados por um trágico processo dominação colonial e um perverso
escravatura sobre africanos sequestrados de África. Porém, as similaridades
não se esgotam nesse único ponto, ambos os filmes retratam grandes reinos
africanos (Wakanda e Zamunda) de forma que se tenta projetar uma África em
que a colonização e a escravidão não chegaram, dotadas de um modelo de
desenvolvimento político e econômico aos moldes modernos/ocidentais, mas
ainda assim construída na figura da monarquia, encarnada pelos príncipes
T’Challa (Chadwick Boseman) e Akeem Joffer (Eddie Murphy).
Em suas respectivas épocas, ambos os filmes foram um sucesso de bilheteria
e de critica, com ambos elencos compostos por grandes atores e coadjuvantes
talentosos, mas o que aqui chamaremos de “ativismo” contextualizam-se de
formas diferentes para a construção do “ideal” negro, que neste caso mais
específico é o afro-americano.
Qual o negro que ambos os filmes retratam? Ambos filmes retratam a
negritude?
A primeira coisa a se pensar é que ser negro não é somente um dado
resultante de uma classificação étnica de povos de ascendência da África
subsaariana, até porque tais povos deveras completamente diversos não se
reconheciam enquanto iguais e/ou parecidos na sua cultura, organização
política, econômica e social, bem como no fator mais óbvio, a língua. Com isso,
é possível dizer que a origem da alteridade ao negro a partir dos processos de
expansão marítima que resultam na colonização e na escravidão é uma
caracterização racista, pois, torna homogênea e simplista toda uma diversidade
de pessoas e os múltiplos aspectos de suas vidas, violentando sua cultura,
tradição e organização, impondo fronteiras, línguas e costumes adversos, bem
como, violando seu lugar e seu mundo, tornando-o principal mercadoria e força
de trabalho de um sistema emergente: o capitalismo.
Então, será que há negritude nos dois filmes? De fato é isso que esse texto se
debruça a perceber e constatar. Antes de tudo é preciso entender que as
abordagens acerca da figura do negro em ambos os filmes são bastante
distintas, como por exemplo, em Um príncipe em Nova York (1988), um filme
classificado como comédia romântica, mas não menos genial por isso. Neste
longa há uma exacerbação do que seria um tipo africano africano moderno e
não colonizado e não escravizado, mostrando assim a opulência de um reino
africano, onde o exagero do ouro, do brilho, das roupas mostram-se com um
misto de representações do Antigo Egito e monarquias europeias, possuindo
assim o príncipe Akeem Joffer, mulheres que o banham, o vestem e jogam
pétalas de rosas quando o mesmo caminha, porém há motivos que com
certeza são colocados (como é comum no cinema) para representar a imagem
que o mundo tem sobre a África, então são colocando elefantes (típicos das
savanas africanas) e dançarinos que realizam uma performance de uma dança
“tribal”. É nesse cenário, que o príncipe se desloca para os Estados Unidos da
América em busca de uma esposa que lhe ame sem saber da sua condição de
príncipe, já que a que lhe foi apresentada em Zamunda é preparada para ser
sua esposa desde criança e amplamente submissa ao mesmo, ou seja, os
Estados Unidos nesse contexto se apresenta como o lugar ideal para conhecer
uma mulher independente, dona de si mesma, e sugerindo como hipótese que:
o papel do filme é colocar os Estados Unidos como agente “civilizador” da
humanidade, já que mesmo Zamunda sendo um reino próspero, ainda não
possui certos aspectos do Ocidente, autoproclamado civilização. A lógica é a
análoga a da colonização, ou seja, a realização do homem africano se dando
apenas pelo ocidente, neste caso negro, porém ainda sim ocidente. E que ao
final do filme, mesmo com a improbabilidade do casamento entre o príncipe e
Lisa McDowell (Shari Headley) devido as tradições de Zamunda, a mesma
tradição é quebrada, já que a avalanche da civilização (aqui representada na
forma de amor romântico ocidental) é mais forte que as estruturas da tradição.
O filme Pantera Negra foi um filme que causou muita excitação nos fãs de
super-heróis e filmes em geral, principalmente nas negras e negros que
raramente se viam representados em papel de protagonismo. O reino de
Wakanda é formado por cinco tribos em que o território é privilegiado por ser
extremamente rico em vibranium (metal fictício), um metal muito forte que
possibilita o avanço da tecnologia de Wakanda, bem como sua engenharia
bélica muito avançada em relação ao restante do mundo. O vibranium e sua
utilização são ponto chave do conflito maior do filme, entre T’Challa e Erik
Killmonger (Michael B. Jordan), o primeiro, simpático a uma perspectiva de
uma nação fechada, indiferente aos conflitos existentes no próprio continente
Africano, e aquele, negro afro-americano que nutre um ódio pelo Pantera
Negra, o rei T’Chakka, que matou seu pai, porém, esse tem uma visão pan-
africanista, que abrange todos os negros, ou seja, os filhos da diáspora, sendo
favravel a uma polítca wakandense que use o vibranium como modo de
libertação dos negros pela revolução armada.
Ambas as narrativas embatem-se a todo momento no filme, porém como
T’Chala derrota Killmonger, a perspectiva que surge é uma abertura de
Wakanda, porém, não num sentido pan-africanista, e sim num assistencialismo
wakandense para os negros do mundo.
Com isso, podemos ver as narrativas que tratam o negro ideal desvinculado da
ideia de diáspora, ou seja, a inferiorização do negro filho da diaspora, aquele
que verdadeiramente passou a reconhecer-se enquanto totalidade, ou seja,
que perde sua identidade nos navios negreiros, e com isso passou a vincular-
se a outrosque lhe eram diferentes em África, como aponta Marcus Rediker
(2011). De acordo com Mbembe (2001), o pan africanismo foi uma grande voz
nos movimento de independência dos países africanos no século XX, mas que
não daria conta das diferenças brutais entre os povos africanos, porém,
complemento com o que falta no filme, foi a único capaz de suscitar um
sentimento geral de pertencimento e empatia da África para com a África,
potencializando a grandeza em todos aspectos deste continente berço do
mundo.
Referências Bibliográficas

KI-ZERBO, Joseph (Ed.). História geral da África, I: Metodologia e pré-história


da África. Brasília : UNESCO, 2010

KUNZ, Marinês Andrea; MAGALHÃES, Magna Lima; DUARTE; Cláudia


Santos. FICÇÃO, HISTÓRIA E REPRESENTAÇÃO: O NEGRO NA
TELENOVELA LADO A LADO. Revista Interamericana de Comunicação
Midiática, nº 28, v. 14, 2015, pp 187-202.

MBEMBE, Achile. As formas africanas de auto-inscrição. Estudos Afro-


Asiáticos, Ano 23, nº 1, 2011, pp. 171-209.

REDIKER, Marcus. O navio negreiro: uma história humana. São Paulo:


Companhia das Letras, 2011.

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