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TRIBUNAL DE JUSTIÇA

PODER JUDICIÁRIO
São Paulo

Registro: 2016.0000935780

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação nº


1031088-11.2015.8.26.0100, da Comarca de São Paulo, em que são apelantes
HOLDPART REPRESENTAÇÕES E PARTICIPAÇÕES LTDA., CARLOS ANTONIO
GUILHERME DI LORETTO (ESPÓLIO), ELVIRA ZUNELLA JACOB e ANDRÉ
ROBERTO ZUANELLA JACOB, são apelados PINCÉIS TIGRE S. A. e TIGRE S. A. -
TUBOS E CONEXÕES.

ACORDAM, em 2ª Câmara Reservada de Direito Empresarial do Tribunal


de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: "Deram provimento ao recurso. V. U.
Sustentaram oralmente os advogados Rodrigo de Oliveira Kaufmann e William Moreira
Filgueiras", de conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão.

O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores CARLOS


ALBERTO GARBI (Presidente sem voto), FABIO TABOSA E CLAUDIO GODOY.

São Paulo, 14 de dezembro de 2016

CAIO MARCELO MENDES DE OLIVEIRA


RELATOR
Assinatura Eletrônica
TRIBUNAL DE JUSTIÇA
PODER JUDICIÁRIO
São Paulo

VOTO Nº 06.217
Apelação nº 1031088-11.2015.8.26.0100
Comarca de São Paulo 44ª Vara Cível
Juiz: .Guilherme Madeira Dezem
Apelantes: Holdpart Representação e Participações Ltda. e outros
Apeladas: Pincéis Tigre S/A e outra

ARBITRAGEM Liquidação de sentença arbitral Sentença


indeferindo o pedido, após o deferimento de seu processamento,
com nomeação de perito e apresentação de resposta, sem
apreciação do mérito - Decisão de Câmara arbitral que concede
indenização, a ser apurada em liquidação, a favor dos autores
Sentença arbitral que pôs fim à arbitragem, na forma do artigo 29
da lei 9.307/96 Desnecessidade de instauração de novo
procedimento arbitral para liquidação da sentença original
Interesse processual presente para execução de quantia certa
perante a Justiça Comum Parte recorrente que pode invocar a
seu favor a disposição do artigo 5º, XXXV, da Constituição
Federal - Sentença reformada Recurso Provido.

Sentença de fls. 320/323 deu pela extinção do processo, instaurado


para liquidação por arbitramento, sem apreciação do mérito e condenou os
autores nas custas processuais e honorários do advogado arbitrados em R$
3.000,00.

No recurso de apelação apresentado eles pedem a inversão do


resultado, dizendo que saíram vencedores em sentença arbitral copiada a fls.
24/47, em que ficaram condenadas Pincéis Tigre S/A e Tubos e Conexões Tigre
S.A. ao pagamento de saldo de conta de acerto, nos exatos termos de cláusula
contratada. Pediram então ao Tribunal Arbitral a liquidação daquela decisão, mas
ela foi indeferida pelo seu Presidente.

Segundo as razões recursais, uma vez que o Tribunal arbitral


manifestou expressamente que a sua jurisdição estava exaurida, não se poderia
mais falar que a sua competência ainda subsista, só restando aos apelantes o
socorro da Justiça Comum, não se podendo admitir nova instauração de

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arbitragem para liquidação da sentença. Ressaltam a competência do Poder


Judiciário para liquidação da sentença arbitral e que a possibilidade de instituição
de nova arbitragem, para liquidação daquela decisão, não poderia afastar a via
do Poder Judiciário, para os fins pretendidos. Daí o pedido para reconhecimento
de exaurimento da competência do Tribunal Arbitral, reconhecimento da
competência do Poder Judiciário e determinação para prosseguimento da
liquidação.

Recurso tempestivo, preparado, recebido em ambos os efeitos e


contrariado.

Este o relatório, adotado, no mais, o da sentença.

O apelo comporta provimento.

Após saírem vencedores de demanda proposta perante Câmara de


Conciliação, Mediação e Arbitragem da CIESP/FIESP, os apelantes pediram
àquele Tribunal a liquidação de sentença arbitral ilíquida, mas o pleito foi
indeferido de acordo com documento de fls. 195/96, da lavra do Presidente da
entidade, Paulo Fernando Campos Salles de Toledo, nestes termos:

“1. Holdpart Representações e Participações Ltda., na qualidade de


incorporadora da Damke Participações e Negócios Ltda., Espólio de Carlos Antonio
Guilherme Di Loretto, Elvira Zuanella e André Zuanella Jacob pleiteiam a instauração de
arbitragem para liquidação de sentença arbitral. O pedido, por decisão monocrática do
Presidente do Tribunal Arbitral instalado em função do anterior procedimento, não foi
conhecido.
2. Insistem os peticionários em sua pretensão, e postulam seja
reconsiderada a aludida decisão. Aduzem, em abono de seu pleito, ser possível a
prolação de sentenças parciais em arbitragem, o que viabilizaria, em caso de sentença
ilíquida, que a liquidação se faça na sequencia do mesmo processo, pelo mesmo
Tribunal.
3. Na hipótese dos autos, foi proferida sentença final, e não parcial. Foram

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decididas todas as questões submetidas à jurisdição arbitral, de modo que se aplica ao


caso a regra do art. 29 da Lei 9.037/96, segundo a qual “proferida a sentença arbitral, dá-
se por finda a arbitragem”.
4. Poderão os peticionários, como já se consignou na decisão monográfica
acima aludida, solicitar, querendo, a instauração de novo procedimento arbitral, para os
fins pretendidos, Mas isso implicará a constituição de novo Tribunal Arbitral, formado
pelos mesmos ou por outros Árbitros.
5. Em suma, a petição, como foi apresentada, não comporta acolhida Daí
seu indeferimento”.

Ainda naquela sede os apelantes apresentaram insurgência ao


Presidente da Câmara, sem sucesso, como se vê a fls. 205, escrito da lavra do
ex-Ministro Sydney Sanches.

E a sentença baixada deve reformada, pois realmente não se


justifica a instauração de nova arbitragem se a questão de fundo que decorre do
litígio entre as partes já foi solucionada na sede da Câmara Arbitral.

Não parece correta a afirmação daquele Tribunal que, de um lado,


afirma que foi dada por finda a arbitragem, com esteio no artigo 29 da Lei
9.037/96 e, por outro , quer impor aos recorrentes a instauração de novo
procedimento apenas para definição do valor devido.

A definição deste valor pode, perfeitamente, ser verificada no


procedimento instaurado perante a 44ª Vara Cível da Capital, tudo decorrendo de
simples cálculos a serem verificados pelo perito lá nomeado.

Não parece correto obrigar as recorrentes a um novo procedimento


arbitral, negando-se-lhes tutela jurisdicional, podendo elas invocar a seu favor a
regra estampada no artigo 5º, XXXV, da Constituição Federal, segundo a qual 'a
lei não excluirá da apreciação do Pode Judiciário lesão ou ameaça de direito'.

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Por estas razões, meu voto dá provimento ao recurso, para


determinar o prosseguimento do pedido instaurado perante a 44ª Vara Cível da
Capital, revogado o decreto de sua extinção.

Caio Marcelo Mendes de Oliveira


Desembargador Relator
Assinado eletronicamente

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