AMOCARIU

Tecai tutera amocariu

Tecai tutera/ amocariu
Tecai tutera amocariu
Tecai tutera/ amocariu

Itororó
Pirajá, Perebebuí
Cajurú, Cametá
e Marajó

Tecai tutera amocariu

Tecai tutera amocariu
Tecai tutera amocariu
Tecai tutera amocariu

Foi um curumim para adormecer

Na samaúma
Mãe da floresta
Plumas ao vento
Itaguari

Tecai tutera amocariu

Tecai tutera amocariu
Tecai tutera amocariu
Tecai tutera amocariu

PANDEIRO DE JACKSON

Repare o som do pandeiro de Jackson

Repare o som ouça o som que ele tem
Repare o som do pandeiro de Jackson
Que som, que som, que som,
Que som que ele tem

Esse pandeiro pode percutir pop

Pode misturar Bee Bop
Pode acompanhar chorinho
Mas é no samba, no côco
Que ele bola Gordurinha, Ari lobo, Vavá
Almira e Manezinho

Repare o som do pandeiro de Jackson

Repare o som, ouça o som que ele tem
Repare o som do pandeiro de Jackson
Que som, que som, que som que ele tem
É o pandeiro, é o pandeiro, é o pandeiro de Jackson
É o pandeiro, é o pandeiro, é o pandeiro de Jackson
Do povo brasileiro

CHOVENDO NAS MANGUEIRAS

Tinha colibri, tinha sabiá

Tiê-caburé, Chibante, Bem-te-vi por lá
Pio de Araçari, cio de Tangará
Tico-do-chapéu dourado de papo pro ar

Brincavam, dançavam
No capilé da chuva
Mangavam, cantavam
Pra ter maré no luar!

Tala de ichó, perto do jirau

Visgo no tupé da noite que quer te pegar
Casco popopô, puo de urutau
Vento das águas barrentas pelo meu quintal

E avistei guarás, saguis ligeiros

Na cumeeira do entardecer
Mestre taleiro a borquear
Lembrei, Belém!
Com seus vendeiros no cais
E um rio de gente a chegar

Olha está chovendo na mangueira

Que anima prosa a tarde inteira
A beleza das aves lúdicas
Que aninham ao frio
Que bebem o rio
Que ciscam o chão
que cantam a luz

FLOR DE SOL

No gingado da morena
Eu perdi o meu juízo
Me deixei levar me encantei
No seu sorriso

Beira-mar
Tava tudo tão romântico
Fim de tarde no atlântico
Uma flor de sol me seduziu
Coração chamegou dentro do peito
Ví que não tinha mais jeito
A paixão veio e me consumiu

Luares do seu olhar, paraíso

Mistérios pra desvendar
No seu sorriso

QUANDO EU CANTO UM BLUES

Um passo lento pelo meio fio

No frio da noite
Nada além que a luz do poste
O vento gela a alma densa
A lua imensa e os carros passam
E o meu coração em brasa morna

Logo a noite passa

O show termina e eu sempre só
Guardo a alma e o corpo nus
Guando eu canto um blues
Me sinto tão só

Mas sei que a noite

Não passou pra mim
Existem tantos que como eu
Nada tem a perder além de sí mesmo
Vou andar a esmo depois de um tapa
Talvez você me encontre
Um morto a cada esquina

Logo o sol me abraça

E eu caminho só nessa manhã
Guardo a alma e o corpo nus
Quando eu canto um blues
Me sinto tão só
MANHÃS

SOMOS SÓ A CANTATA CARDEAL

CABALA EM SEDA AO TOQUE DO MENINO
O TEMPO É SIMPLES E BELO
GRAAL É O MAR
COM SEU FOLE VIOLINO

SOMOS SÓ O CAFÉ BEM QUENTINHO

A MÃE FICANDO PARA TRÁS ATÉ O FINAL
A JUVENTUDE DE CHEIROS MAMÍFEROS
AS ORQUÍDEAS FERROADAS NO QUINTAL

A LUZ TRANSPORTA SUA TAPEÇARIA

E RESTA A FÁBULA DAS SETE VIDAS
RELÓGIO CUCO DAS IDEIAS ROTAS

SOMOS SÓ AS VARANDAS RESSEQUIDAS

O SALEIRO SOL SOBRE O FASTIO
AS MÃOS DA AVÓ ABERTAS NAS PAPOULAS

SOMOS SÓ A CANTATA CARDEAL

CABALA EM SEDA AO TOQUE DO MENINO
O TEMPO É SIMPLES E BELO
GRAAL É O MAR
COM SEU FOLE VIOLINO

MASSEMBA, SEMBA E SAMBA

TUMBEIRO NO VENDAVAL JOGOU

CALUNGA DE AGUA E SAL BANZOU
MASSINGA PELO PORÃO CANTOU
MASSEMBA NO LITORAL ZUMBOU
O NEGRO MEU ANCESTRAL JUNTOU
NUM TEMA DE ALÉM-MAR, SEMBA

MASSEMBA AMACIA O MAL, REZA

NO FUNDO LÁ DO PORÃO, SALVOU
MARIMBA SOM DIVINAL, TOCOU
NZINGA, CASA REAL, CHAMOU
A LUA TESTEMUNHOU O TEMPO
QUE HOJE NO CARNAVAL SAMBA

TÁ NA GINGA DA PASSISTA É LINDO DE SE VER

NO REQUEBRO DESSA NEGA TÁ
NA RAIZ DESSE MOLEJO TEM
SEMBA É SAMBA É BRASILEIRO É MAIS.
TAMBOR DE COURO

PRO JOÃO GOMES EU MANDEI UM VERSO ANTIGO

DIZENDO POETA É COMO CHAMA ACENDE A LAMPARINA
NO CALENDÁRIO DAS LUZES OUTRO AZUL QUE ME ILUMINA
NO VER DA GILVA EU VI VOCÊ SAINDO
EU VI VOCÊ SUMINDO PRO IRIRI DE VÊZ
NO VER DA GILVA EU VI VOCÊ SAINDO
EU VI VOCÊ SUMINDO PRO IRIRI DE VÊZ

DE MADRUGADA CANTA O GALO ANUNCIANDO

QUE O DIA JÁ VEM RAIANDO
ESTÁ NA HORA DE ACORDAR

PARECE A FORÇA DA MARÉ NUMA REPONTA

PARECE O RASGO DA CAMPINA NO ENCANTADO
PARECE O CABO DA VIOLA PONTIANDO
NA MESMA JURA AQUELE ANEL DEDILHA O AÇO

LEVANTO MACHO E VOU CANTAR PRA ILHA ESCURA

VOU FAZER PROCURA VOU FAZER BUMBÁ
LEVANTO MACHO E VOU CANTAR PRA ILHA ESCURA
VOU FAZER PROCURA VOU FAZER BUMBÁ

BUMBANDO O NORTE NO CAPIM DAS ÁGUAS GRANDES

NAS CORES DA VIOLETA QUE O SOL VEM ALUMIAR
EU CANTO E MEU TAMBOR DE COURO ILUMINA
EU CANTO E MEU TAMBOR DE COURO ILUMINA.
CURTIÇÃO

EU TÔ NA MINHA JÁ ME MANQUEI
SEM ESSA NÃO VOU ME MACHUCAR
ME DERRUBOU QUEM ME FÊZ GAMAR
A CURTIÇÃO PRA MIM JÁ FUROU

CARA DE PAU TIVE PRA PEDIR

VOCÊ MAIOR PRA ME DIZER NÃO
PERNA DE PAU ERA EU PROSSEGUIR
INDO PERDÃO, NÃO PERDÃO OUVIR

E VIRA VOLTA
TÔ NA MINHA
TÔ NA MINHA
VOU SEM MEDO
VOU SEM MEDO DE GAMAR
OUTRA VÊZ E DE VÊZ ACERTAR
MISS BLUES

SEMPRE QUE UM BLUES FOR CANTAR

PARO PARA OUVIR
MISS BLUES É ASSIM
TRANSFORMA TODA A VIDA EM SOM
FAZ MUDAR PRA UM OUTRO TOM
FAZ PULSAR BEM MELHOR
SOBEJAR DE SOL

FAZ UM BLUES ENTOAR

LEVE EMOÇÃO
FAZ SENTIR TUDO EM TOM AZUL
E AQUILO QUE ME MAGOOU VIRA CINZAS PELO AR
PELO SOM DA CANÇÃO
SOLFEJANDO O AMOR

SE A VOZ DA VIDA É LINDA LUZ

EU FICO OUVINDO MISS BLUES
E VOU SENTINDO ACALENTAR
ALENTAR MEU CORAÇÃO
Cirandas e Carrosséis

Essas ruas que vagueiam nos olhares dos meninos

Não tem pátria, não tem cor, não tem alma, nem calor.
Nos ardis dos metais, nas esquinas tantos ais.
Essas ruas das cidades, suas cores e suas luzes,

Seus encantos, o que importa: se há nos campos girassóis.

E se os frutos das mangueiras não vingaram nesse chão
E se a noite se fez dádiva na voz do ninar de uma canção.

Mas o teto de estrelas nunca será sedutor,

cintilante e infinito, onde haja um pesadelo
tão real pra se viver em ciranda e carrosséis tão desiguais.

E que giram e vão girando para o nada nem lugar.

E que giram e vão girando para nunca mais parar.
Pelos trilhos dessas lutas.
Pelo sol, pelo sol, pelo sol do amanhã.