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À partir da premissa de que toda história tem início, meio e fim, podemos transformar essas etapas em
atos:
Ato I (início), Ato II (meio) e Ato III (fim). Alguns autores, como Shakespeare, utilizam outras estruturas
como a de cinco atos, mas acredito que toda história possa ser, de uma forma ou de outra, sintetizada
em apenas três atos, nem que seja para facilitar o aprendizado e ser nosso ponto de partida.
ATO I (30%)
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Mundo Ordinário Status Quo
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O Incidente - Distúrbio (Inciting Incident) e/ou Gancho
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Estabelecer situação e conflito
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Primeiro Ponto de Transição (Plot Point)
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ATO II (55%)
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Desenvolver e complicar a situação
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Ponto Central (Midpoint – opcional)
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Desenvolver e complicar a situação preparando para o Clímax
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Segundo Ponto de Transição (Plot Point)
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ATO III (15%)
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Eventos iminentes que levam ao Clímax
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Clímax - Impacto Visual Destacado
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Epílogo ou Cliffhanger (Gancho para a continuação)
O Ato I
É o Ato introdutório, que não deve durar mais do que 30% da história (às vezes bem menos), senão
corre o risco da audiência perder o interesse na obra devido à falta de um conflito central bem definido.
O introduzir do Ato I pode ser marcado pela descrição do Mundo Ordinário do personagem principal.
No início de sua história, você começa descrevendo o personagem em seu mundo comum, na sua
vida cotidiana. O que ele geralmente faz no dia-a-dia. E é nesse lugar que ele vai ficar a não ser que
algo faça ele mudar. Então bem cedo no Ato I, algo tem que perturbar (algum incidente) o Status Quo
(a situação estática). Alguma coisa sempre tem que estar acontecendo, alguma ameaça ou conflito
para o personagem, senão o leitor/escpectador ficará entediado.
Se você não quiser começar a história com o Mundo Ordinário do personagem, comece-a utilizando
um Gancho (Hook). O Gancho é algo que aparece no início da obra e faz a história se mover (sempre
mova a história) e prende o leitor a continuar assistindo ou lendo. Por exemplo, um assassinato
misterioso pode ser o Gancho inicial de uma história, e só depois é que seremos apresentados ao
personagem principal e ao seu mundo cotidiano. Geralmente, o Gancho deve vir o mais rápido
possível, para manter a audiência atenta. Outro Gancho interessante é começar a obra com uma
imagem tão impactante que prenda a atenção de todos.
O personagem deve ter sempre um objetivo na história. E o que o faz inicialmente ir atrás desse
objetivo é um Incidente (Inciting Incident), um Distúrbio que acontece em sua vida que o obriga a
agir. O Incidente é evento que faz o personagem principal reagir e ir atrás de seus desejos. Uma
ligação no meio da noite, um rapto, um chamado. O distúrbio não precisa ser algo grandioso e
impactante. Pode ser sutil como uma campainha sendo tocada. Ele cria um interesse para a audiência,
prometendo um desenvolvimento interessante no futuro. O Gancho, se não tiver sido utilizado
anteriormente, pode ser incorporado junto com o Incidente. Podemos inclusive começar a história com
um Incidente junto com o Gancho, se optarmos por não retratar o Mundo Ordinário. Muitas vezes, em
seriados e revistas sequenciadas, não há a necessidade constante de expormos o Mundo Ordinário do
personagem, pois este já é bem conhecido. Logo, é mais comum este tipo de história se iniciar já com
o Incidente junto do Gancho.
O Ato I estará perto do fim quando o escritor já estiver situado sua audiência na obra. Quando os
leitores/espectadores souberem quem é o personagem principal, onde ele está, o que ele quer e
contra quais obstáculos ele irá lutar, será o momento de transição para o Ato II. Esse Primeiro Ponto
de Transição deve marcar a passagem do personagem de seu Mundo Ordinário para um novo mundo,
desconhecido e permeado por mudanças. O ideal é agora não haver chance de retorno do
protagonista para sua antiga vida, ou seja, uma linha divisória foi cruzada. É comum esse Ponto de
Transição vir acompanhado de uma cena ou imagem impactante (impacto visual destacado).
O Ato IIProvavelmente, a escrita do Ato II seja a tarefa mais complicada de se fazer em uma obra.
Correspondendoa praticamente mais da metade de uma história, o Ato II deve ser construído de
maneira que mantenha o interesse da audiência e prepare terreno para o grande final. Não é tarefa
fácil.
Outra maneira de desenvolver o Ato II é trabalhar com Subenredos (Subplots), dando mais destaque
para personagens secundários e suas relações entre si e com o personagem principal. Os Subenredos
mostram outros lados da vida do protagonista, e também são utilizados para construir maior
credibilidade para o mundo ficcional retratado pelo autor, dando uma dimensão de variedade e às
vezes desvinculando um pouco a história do seu objetivo principal, fornecendo fôlego para a audiência.
Esses Subenredos devem ser tratados da mesma maneira que o enredo principal, sempre caminhando
em direção a uma conclusão. Não caia no erro de, por exemplo, iniciar um Subenredo de romance e
no final da obra não conclui-lo. Só não esqueça que em algumas ocasiões, o ideal não é acrescentar
personagens e subenredos, e sim retirar.
Muitas obras acrescentam no Ato II uma nova reviravolta chamada de Midpoint (Ponto Central),
fazendo com que basicamente a estrutura tenha 4 atos, acelerando e intensificando os conflitos. É
como se fosse o ponto central do Ato II.
Ato III
O início do Ato III é literalmente o início do fim. O protagonista começa a decidir o seu principal
problema. É sempre interessante fazer uma cena final de confronto, chamada de Clímax. Deve ser
algo grandioso para o personagem, o momento de definição. A luta contra um inimigo mortal ou a
simples resposta da pessoa amada. O Clímax deve ser recheado de suspense e tensões.
O Ato III deve ser curto, no máximo 15% da obra, e no fim praticamente todos os conflitos mostrados
na história devem alcançar um desfecho, mesmo que seja um desfecho misterioso ou aberto, mas que
deve ser pelo menos sugerido. Nunca deixe a audiência na dúvida sobre exatamente como ou porque
algo aconteceu (a não ser que seja sua intenção).
Após o Clímax, muitas histórias acabam com um Epílogo (Denouement), uma cena breve que
lentamente desliga a audiência do mundo ficcional. O Epílogo pode ser também utilizado para
responder algumas questões deixadas pra trás, destacar as mudanças realizadas nos personagens
(arcos dos personagens), ou indicar o que acontecerá com eles depois. Mas seja sempre breve. Um
dos erros mais incômodos é quando o escritor prolonga o epílogo além do necessário, arrastando a
obra por minutos aparentemente intermináveis.
Quando uma história não se encerra totalmente com o Ato III, como no caso de algumas histórias em
quadrinhos e séries continuadas, o escritor tem a opção de deixar um Gancho no final para atiçar a
curiosidade da audiência e fazer com que ela assista a sequência. Esse Gancho final é chamado
tecnicamente de Cliffhanger. Um dos exemplos mais conhecidos de Cliffhanger no cinema é o final do
primeiro De Volta para o Futuro, que já deixa o caminho aberto para uma cont