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Apresentação ............................................................................................................ 2
1. Jigsaw classroom (Sala de aula quebra-cabeça) ....................................................... 5
2. Think-pair-share ........................................................................................................ 9
3. Jogo americano (placemat) ..................................................................................... 12
4. Quatro cantos ......................................................................................................... 15
5. Encenação (role play) .............................................................................................. 18
6. Aquário (fishbowl) ................................................................................................... 20
7. Audiência pública .................................................................................................... 24
8. Café mundial (World café) ...................................................................................... 26
9. Brainstorming .......................................................................................................... 29
10. Mapa conceitual ...................................................................................................... 33
11. Júri simulado ........................................................................................................... 36
12. Estudo de caso ........................................................................................................ 39
13. Aprendizagem baseada em problema (ABP ou PBL) .............................................. 41
14. Uso de filmes ........................................................................................................... 43
15. Times de debates .................................................................................................... 46
Referências bibliográficas ............................................................................................. 48
Apresentação
Uma das minhas estratégias preferidas, porque, além de relativamente simples, possibilita
trabalhar uma série de competências e habilidades com os estudantes: relação parte/todo;
discussão; argumentação; leitura com extração de informações; associação; trabalho em equipe,
lidar com diversidade, negociação etc.
Criada no início da década de 1970 pelo psicólogo
educacional estadunidense Elliot Aronson, esta é uma
Alhovik/Shutterstock
Passo a passo
Preparação prévia
• Preparar um texto dividido de quatro a seis segmentos temáticos (o mesmo número de
estudantes estabelecido por grupo) contendo as informações que julgar mais importantes
sobre o tópico a ser trabalhado. No máximo uma folha (pode ser frente e verso) cada
segmento. (Elabore um material cujo tempo de leitura não ultrapasse 15 minutos). Numere
os segmentos (Parte 1, Parte 2 etc.).
• Na aula anterior, explicar a estratégia para os estudantes, preparando-os para o seu
desenvolvimento. Combine detalhadamente com eles quais seus objetivos, o que se espera,
se é necessário ler algo previamente e, principalmente, como serão avaliados pelo resultado
obtido.
Figura 2 – Modelo de Formulário para ser entregue aos estudantes (frente e verso).
• Passo 2 – Leitura silenciosa: Atribuir a cada estudante a tarefa de ler para aprender sobre
um segmento. Esta leitura não pode ultrapassar 15 minutos. Durante este tempo (único da
estratégia) a sala deve estar em silêncio. Os estudantes devem ter uma caneta para marcar
e/ou escrever o que quiserem no próprio texto visando sintetizá-lo. Você, professor, pode
entregar um formulário previamente preparado (Cf. modelo abaixo) para que o estudante
faça suas anotações sobre seu segmento. Este material pode ser recolhido e incorporado ao
processo de avaliação.
• Passo 3 – Rearranjo dos grupos (especialistas): Após a leitura, formar “grupos de peritos” (ou
especialistas) temporários compostos de um estudante de cada grupo original, segundo os
números do seu segmento (grupo de todos os que têm a Parte 1, a Parte 2 etc.). Dê-lhes
tempo para discutir os principais pontos do seu segmento, esclareça eventuais dúvidas,
aprofunde a compreensão e ensaie as apresentações que farão ao seu grupo de origem.
Neste momento, os estudantes devem tomar nota (na sua própria folha) de ideias
Dica: O canal Cult of Pedagogy,1 do YouTube (mantido pela professora estadunidense Jenifer
Gonzalez), apresenta um vídeo muito bom que explica este passo a passo da estratégia e, ao final,
dá algumas dicas para lidar com situações de exceção. Vale a pena consultá-lo.
1
Disponível em: <https://www.youtube.com/user/cultofpedagogy>. Acesso em: 13 nov. 2017.
@ 2018 Cengage Learning. Todos os direitos reservados. 8
Este material é parte integrante do livro “Sociologia das organizações: conceitos, relatos e casos”.
Nenhuma parte deste livro poderá ser reproduzida, sejam quais forem os meios empregados, sem a permissão, por escrito, da Editora.
2. Think-pair-share
Criada pelo psicólogo Frank Lyman na década de 1980, esta é uma estratégia de aprendizagem
colaborativa que propõe uma organização mais estruturada para uma prática das mais antigas e
conhecidas no espaço da sala de aula: a discussão em grupos. Ela parte da ideia de que um
gerenciamento mais específico por parte do professor é importante em discussões abertas entre os
estudantes. Isto facilita o envolvimento daqueles jovens mais introvertidos, além de estimular que
todo o grupo se envolva em um processo de aprendizagem ativa,
realizando a tarefa de forma simultânea por meio de uma
fórmula básica: pensar, dialogar, compartilhar.
Funciona muito bem tanto quando usada por alguns
minutos, como um quebra-gelo, quanto para ser usada como
parte de outras estratégias ativas. Gosto de combiná-la com a
projeção de algum vídeo ou quando vou introduzir algum tema
Akanit Srisuttiwong/Shutterstock
Figura 3 — Aprendizagem
específica proposta por você, professor, é dado um
colaborativa: pensar, parear, tempo para os estudantes pensar, formulando
partilhar. individualmente suas ideias (você pode lhes solicitar que
as escrevam). Esta etapa precisa ser em silêncio e não pode demorar mais do que 5
minutos;
• Formar pares (dialogar): em seguida, os estudantes se reúnem em duplas (há variações
desta estratégia em quartetos) para discutir as ideias que tiveram a fim de caminhar para a
solução (da pergunta ou da tarefa);
Passo a passo
• Você, professor, faz uma preleção de, no máximo, 30 minutos sobre o tópico da aula.
• Depois, lança algumas poucas perguntas ou solicita a execução de uma tarefa que cada
estudante deve realizar, individualmente, em poucos minutos. Este passo é importante
porque permite que o estudante elabore uma resposta a partir de informações da sua
memória;
• Em seguida, os estudantes são convidados a se juntar em pares por um curto período (3 a 10
minutos) para responder à questão ou executar a tarefa solicitada;
• Você, professor, pede a duplas aleatórias para compartilhar suas ideias e respostas com
toda a sala;
• Você sistematiza na lousa (ou numa lâmina de PowerPoint) a contribuição dos estudantes,
que deverá ser utilizada ao longo da aula.
Esta é uma rápida e fácil atividade de Aprendizagem Colaborativa, muito boa para ser
usada em grupos de 3 a 5 estudantes (o
exemplo abaixo é com 4 — número
considerado ideal, mas pode ser adaptado,
dependendo do número de estudantes
na sala) quando se quer compartilhar
Elaborado pelo autor.
Passo a passo
• Defina quais tópicos serão abordados na aula. O ideal é que haja tantos tópicos quantos
grupos formados (ou, então, defina a metade, de modo que você tenha dois grupos por
tópico), envolvendo assim a totalidade dos estudantes;
• Cada grupo formado recebe um “quadro” correspondente a um tópico (ou conceito);
• Escreva o conteúdo ou o conceito em um cartão e coloque-o sobre a mesa (onde está o
quadrado vazado em branco na Figura 3). Este é o tópico com o qual o grupo trabalhará;
• Aloque os estudantes nos grupos e respectivas mesas (cada uma já com seu respectivo
tópico);
• Forneça o material para eles trabalharem (placemat, cartão com a questão ou tópico a ser
trabalhado, e as canetas/pincéis coloridos);
• Peça aos estudantes que primeiro pensem em silêncio sobre o conceito ou o conteúdo;
• Instrua-os a escrever suas ideias, respostas etc. em sua respectiva área do placemat. A seção
do centro (onde você colocou o cartão) deve ficar vazia, porque será usada para a síntese
final;
• Instrua-os a compartilhar suas ideias com seu grupo, fazendo uma rodada de exposições do
que escreveram em suas respectivas áreas no placemat.
Dica: Caso haja estrutura disponível, uma forma bem ágil é solicitar aos estudantes que tirem uma
foto bem enquadrada do box central (com a síntese), enviem para o seu e-mail, e você monta uma
apresentação em tempo real para projetar na sala (ao invés de colar os cartazes na parede).
Assim como o Jigsaw, esta é uma estratégia que movimenta a sala, podendo ser utilizada
de forma isolada ou combinada com outras estratégias (como o brainstorming com notas
autoadesivas, por exemplo). Seu princípio de operação é parecido com o placemat, e pode ser
usada quando você não tem uma sala com mesas móveis (ideal para o placemat). Funciona muito
bem para levantamento de temas em um tópico e até mesmo como avaliação formativa, uma vez
que explora conceitos, conteúdo ou ideias por meio da discussão.
Resumo
Você, professor, apresenta uma proposição controversa/polêmica ou uma pergunta complexa;
prepara também proposições polêmicas em resposta à pergunta elaborada. Em cada um dos
quatro cantos da sala de aula uma opinião ou resposta é postada. Os alunos são estimulados a
debater e expressar suas opiniões sobre elas, circulando de forma organizada e em grupo.
Materiais necessários
• um grande pedaço de papel (cartolina ou flipchart) para cada grupo na sala; e
• canetas/pincéis coloridos.
Passo a passo
Preparação
• Defina um tópico;
• Elabore uma afirmação controversa (ou uma pergunta polêmica) a ele relacionada;
• Prepare um slide de PowerPoint com esta questão (também pode ser escrita na lousa);
• Crie quatro opiniões diferentes sobre a afirmação (ou quatro respostas diferentes para cada
questão);
Execução
• Projete a questão/afirmação polêmica;
• Dê um tempo para que cada estudante pense sobre as possíveis respostas/comentários
numa folha de papel, justificando-os.
• Divida a sala em quatro grupos usando suas estratégias preferidas;
• Direcione cada grupo para um canto da sala. Obs.: Você pode subdividir esses grupos em
outros pequenos, de 2 a 3 estudantes, para que previamente discutam suas respostas;
• Cole em cada canto a folha A4 impressa com o comentário (opinião) ou a resposta;
• Cole as folhas de flipchart em cada canto da sala. As possíveis respostas dos estudantes
devem ser nelas escritas.
• Dado um tempo, calculado por você (geralmente em função da duração da sua aula), dê o
sinal para que os grupos se movimentem para outro canto (use a referência movimento
horário ou anti-horário — evite deixar aleatório);
• O processo se repete, e os estudantes podem escrever novos comentários sobre a
afirmação da folha A4 colada ali.
• Repita o movimento até que os estudantes tenham passado pelos quatro cantos e voltado
ao seu ponto original, tendo assim discutido todos os tópicos/respostas polêmicos;
• Quando voltarem ao seu ponto original, os grupos devem fazer uma síntese das ideias que
apareceram (não só as suas no início, mas as demais contribuições), registrá-las numa folha,
apresentar o resultado à sala e, eventualmente, lhe entregar; você poderá usá-la como
instrumento de avaliação.
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Este material é parte integrante do livro “Sociologia das organizações: conceitos, relatos e casos”.
Nenhuma parte deste livro poderá ser reproduzida, sejam quais forem os meios empregados, sem a permissão, por escrito, da Editora.
• Obs.: Como forma de finalização, você pode individualizar este instrumento de registro final,
tendo um elemento de avaliação para cada estudante.
Aplicações
Esta dinâmica pode ser utilizada no início de um tópico (como “esquenta”) — visando
aproveitar o conhecimento prévio dos estudantes —, para processar informações e/ou verificação
de conhecimento após um tópico estudado; após a exibição de pequenos vídeos ou leitura de
pequenos textos; ou como encerramento (verificação do aprendizado). Tem sido muito utilizada
para explorar situações de pequenos relatos de caso, quando o professor os coloca em cada canto,
levando o estudante a processar as informações, avaliando-as criticamente e até, eventualmente,
criando soluções.
Procedimento
O primeiro passo é fazer uma preleção dialogada com os estudantes para expor o
contexto e a configuração dos papéis, que devem ser construídos com eles. Em seguida, divida a
classe em pequenos grupos de tamanhos variados (caso a sala seja grande, talvez se torne
necessário atribuir papéis duplicados). Cada grupo recebe um papel claramente definido, assim
como uma tarefa específica e concreta. Você pode encerrar fazendo um exercício de verificação de
aprendizagem.
Passo a passo
• Identifique seus objetivos de aprendizagem para a unidade. Pense com profundidade para
selecionar alguns pontos que pretende explorar, como os tópicos já abordados, tempo
disponível, expectativa com relação aos estudantes (pesquisa, relatórios, apresentações
etc.), os papéis são individuais ou estão interagindo etc.;
• Preparo: decida o tópico e os personagens (caracterizando-os o mais detalhadamente
possível), tornando o cenário realista.
• Escolha um cenário/situação apropriado para este conteúdo;
• Peça aos estudantes que pesquisem os possíveis papéis envolvidos nesse drama. Você
também pode preparar previamente o que deseja, mas certamente a discussão e a
formulação entre os próprios estudantes pode gerar mais motivação e engajamento;
Seleção do tópico
Praticamente não há tema que não possa ser abordado por meio desta estratégia.
Quando se trata de um “esquenta”, é interessante que haja questões para as quais não se tem uma
única resposta certa ou acabada (ou mesmo interpretação, no caso de um texto); como já indicado,
o ideal é um tópico polêmico, que permita múltiplas perspectivas e opiniões sem uma conclusão
específica (como um dilema, por exemplo).
Arranjo da sala
Passo a passo
• Divida a turma em dois grupos.
• Lance a pergunta para discussão para o grupo interno.
• Durante a discussão, o grupo externo observa e anota dúvidas, questões e o que não foi
mencionado pelo grupo interno.
• Dado o tempo, os grupos são invertidos.
• Lance nova pergunta (de preferência, algo que complete a anterior).
• Dado o tempo, forme um grande grupo com todos para fazer a síntese dos pontos
discutidos, resolver pendências e/ou dúvidas.
• Encerre com um teste rápido de verificação de aprendizagem.
Variantes importantes
• Aquário por oposição: quando existem duas posições ou argumentos distintos (prós e
contras, por exemplo). Neste caso, cada grupo tem a oportunidade de discutir a questão
enquanto o outro observa. O objetivo desta variante é que um grupo obtenha uma visão
sobre a outra perspectiva ao ter a oportunidade de ouvir e formular perguntas, de maneira
que seus integrantes tenham a oportunidade de discutir os dois lados do argumento.
• Aquário com perspectivas múltiplas: este formato permite que os estudantes examinem
uma questão ou um texto sob várias perspectivas; por exemplo, jovens, velhos, homens,
mulheres, operário, camponês, empresário etc., ou pontos de vista políticos/filosóficos.
Você gerencia a tarefa atribuindo a cada grupo uma perspectiva e uma questão, evento ou
texto, que represente a perspectiva atribuída. O objetivo desta variante é que os estudantes
considerem como a perspectiva forma a criação de significado.
Para uma aula de Sociologia, esta é uma estratégia muito interessante, uma vez que
pretende simular uma audiência pública numa câmara municipal: a população é convocada a
participar, dando suas opiniões a respeito de um tema de interesse público. Além de ser
apresentados a uma importante ferramenta de construção democrática (participação direta), os
estudantes têm a oportunidade de compartilhar suas diferentes visões, perspectivas e opiniões
numa conversa coletiva. Como em outras estratégias colaborativas, falar e ouvir é extremamente
importante, e os estudantes experimentam a ampliação da compreensão do mundo e das
possibilidades de solução para problemas a partir de ideias que nem imaginavam.
Passo a passo
• Seleção de leitura: cumprindo seu papel de curadoria, você deve selecionar de quatro a seis
textos abordando diferentes perspectivas sobre o mesmo tópico;
• Formação dos grupos: divida a sala em tantos grupos quantos forem os textos (em salas
grandes, podem ser formados mais de um grupo com o mesmo texto);
• Dê tempo para que os estudantes leiam seus textos;
• Após a leitura, os estudantes devem discutir as ideias entre si. Para orientar melhor o
debate, você pode preparar um pequeno roteiro de questões sobre cada um dos textos,
tomando o cuidado para não direcionar muito a discussão. Fazendo isto, tem-se mais
garantia de que o conteúdo conceitual central será trabalhado pelos estudantes. Alguns
exemplos de perguntas: Sobre o que é essa leitura? Quais são as principais ideias e fatos
apresentados? Por que essas ideias são relevantes ou importantes? De que perspectiva este
texto está escrito? Como isso pode influenciar as ideias expressadas no texto?
• No momento seguinte, os estudantes nomeiam um relator do grupo, aquele que fará a
exposição das ideias emergentes;
• Você pode escolher três estudantes que funcionarão como relatores gerais dos tópicos
importantes que foram aparecendo na discussão seguinte;
Café mundial (CM) é uma metodologia bastante conhecida, pensada para se trabalhar em
grandes grupos. Adaptada para o ambiente da sala de aula, funciona muito bem numa classe com
mais de 40 estudantes. Seu formato é bem flexível, adaptando-se a várias circunstâncias. Seu
objetivo é um só: um diálogo colaborativo indicando possibilidades construtivas de ação.
Princípios fundamentais
• Definir parâmetros: para o ambiente de uma aula, você, professor, deve definir bem os
objetivos estratégicos que pretende alcançar para que sejam estabelecidos de forma bem
clara os elementos a levar em consideração: composição das equipes de trabalho, tópicos a
ser abordados, resultado a ser alcançado.
• Ambientação: uma boa estratégia de CM requer um ambiente construído de forma
descontraída, agradável e acolhedora (daí a ideia de um “Café”), para se conseguir um
diálogo efetivamente criativo. Você recebe os estudantes da forma mais descontraída
possível, explanando o tópico, a estratégia, seus objetivos e os procedimentos que serão
seguidos.
• Perguntas relevantes: no preparo da estratégia, você precisa elaborar questões relevantes e
desafiadoras para que o grupo se sinta estimulado a encontrar soluções criativas.
Dependendo da complexidade do tema abordado, a estratégia pode partir de uma única
pergunta geral ou de várias perguntas subsidiárias, que vão sendo aprofundadas até se
construir uma ideia mais ampla e geral (seguindo o bom método indutivo).
• Coletividade: no desenvolvimento da estratégia, você precisa circular entre as equipes,
incentivando a participação coletiva, passando a mensagem de que a contribuição de todos
é importante e faz diferença na construção da solução.
• Conexão de perspectivas: ao construir os grupos e pensar as questões, é importante que seja
pensada também a construção de uma conectividade entre elas. Além disso, cada sujeito
participante tem uma maneira distinta de encarar a realidade e pensar sobre ela. Essas
Dica: você pode solicitar que todas as etapas do trabalho sejam documentadas por meio de
pequenos registros e utilizar este material no processo de avaliação. Como forma de registro,
podem ser combinadas algumas estratégias, como o uso de notas autoadesivas ou o placemat.
Passo a passo
• Forme grupos de quatro-cinco pessoas em pequenas mesas (estilo café) ou carteiras
dispostas em círculos;
• Configure três rodadas de conversa sobre tópicos predeterminados da matéria a ser
trabalhada;
• Para cada rodada, as perguntas podem ser as mesmas ou diferentes, que ajudem a
completar/aprofundar a questão central. Para isto, elabore previamente as perguntas-chave
(centrais e subsidiárias);
• Incentive os estudantes a escrever suas ideias a respeito do texto indicado/filme (pode ser
em grandes cartões ou em notas autoadesivas);
Passo a passo
• Crie uma pergunta central ou um tópico aberto.
• A partir daí, crie subperguntas ou subtópicos para focar as ideias em direção aos objetivos
pretendidos estabelecidos no plano de aula.
• Crie um ambiente físico favorável na sala de aula, definindo como os estudantes deverão
fazer os registros de suas ideias.
• É importante definir as regras de conduta/funcionamento antes de iniciar a sessão.
• Defina um limite de tempo.
• Estimule e gerencie as discussões para que se mantenham num tônus moderado,
garantindo assim o sucesso da atividade.
• Procure interferir o mínimo possível, não tecendo comentários ou juízos durante o período
em que os estudantes desenvolvem a estratégia.
• Peça aos estudantes que compartilhem seu resultado com toda a classe.
• Corrija eventuais erros e elabore uma síntese das principais ideias que surgiram ao final da
sessão.
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pergunta, para lhe permitir atingir o
mais próximo possível seu objetivo.
Estimule os estudantes a ter ideias as
mais malucas possíveis.
• Peça aos estudantes que anotem suas Figura 6 – Brainstorming com notas.
Variantes
Grade binária
Uma variante interessante de brainstorming é quando o professor indica um tema/tópico
polêmico ou um dilema e pede aos estudantes que levantem todos os prós e os contras (por
exemplo, vantagens/desvantagens), organizando uma grade com notas autoadesivas (como no
procedimento anterior), propondo depois uma discussão com a sala para elaborar uma síntese.
Elaboração
• Brainstorming: Mapas conceituais normalmente são feitos colocando-se uma palavra em
uma caixa, usando setas, linhas ou frases de ligação para conectá-la a outras palavras,
mostrando a relação entre os temas. Seu ponto inicial é o conceito chave. É por ele que se
deve começar. Para isto, é necessário que o grupo faça um brainstorming de todos os
conceitos relacionados ao tópico e que estejam no material indicado por você, professor.
• Conceitos: Depois de listados, o grupo deve discutir e eleger qual é o conceito central do
qual partirá o mapa conceitual.
• Tipos: a organização do mapa conceitual pode seguir três modelos básicos
Hierárquico: é um modelo visual em que o conceito central fica no topo da página e
os demais vão se conectando a ele numa ordem hierárquica (que pode ser definida
como superior/inferior; contém/contido; englobante/englobado; mais/menos
específico etc.). Assim, parte-se do conceito-chave no topo da página para poder
conectar todos os outros. Ao
conectar as palavras, é
importante colocar uma
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que você examine um processo
e veja as múltiplas opções de
percurso. O esquema gráfico
Neste percurso, você pode identificar possíveis problemas e suas respectivas soluções, derivados
do problema maior, partindo de um ponto mais geral até atingir um mais específico.
Esta não deixa de ser uma estratégia que guarda muita semelhança com o role playing,
uma vez que há encenação e simulação de uma situação. Ao contrário do que pode soar à primeira
vista, esta não é uma simulação literal de um tribunal de júri, como se fosse aplicada ao contexto
de cursos de Direito. É é uma estratégia didática relativamente antiga, que simula um tribunal de
júri, mas tendo como “réu” um tópico polêmico (quanto mais antagônico melhor; por exemplo,
debater a política de cotas raciais nas universidades brasileiras).
Para sua execução, você divide a sala em três grupos:
• Promotores: são os estudantes que apontarão os elementos negativos do tópico, com o
máximo de profundidade analítico-conceitual possível.
• Defesa: é o grupo de estudantes que apontará os elementos positivos do tópico, com igual
fundamentação e profundidade.
• Júri popular: são os estudantes que julgarão a fundamentação dos argumentos tanto da
defesa quanto da acusação.
Figura 9 – Estratégia tipo júri simulado. tenham o mesmo número de participantes. Quanto ao
júri popular, é importante que tenha um número
ímpar e seja escolhido aleatoriamente (sorteio). Os dois grupos (defesa e acusação) lançam suas
teses iniciais defendendo seus respectivos pontos de vista.
Preparação
O sucesso desta estratégia requer uma boa preparação prévia, cuja avaliação pode e deve ser
levada em conta por você. É muito importante que os estudantes cheguem preparados para a
dinâmica com a prévia leitura do texto teórico sobre o tópico. Além disso, devem ser estimulados a
buscar casos originais e concretos, além de depoimentos de testemunhas (coletados, por exemplo,
na grande mídia e/ou em outros textos pesquisados) e argumentos que permitam defender ou
acusar o “réu”. Outra dica importante é que este material deve ser partilhado com os membros do
júri, para que tenham condições de avaliar com mais objetividade as abordagens realizadas pelos
grupos durante a sessão.
Finalização
Contexto
Como já dito, o estudo de caso é baseado em um cenário real (ou realista — quando se
trata de um caso fictício, já que alguns fatos podem ter sido alterados para preservar o anonimato
ou simplificar o caso, dependendo do objetivo que se quer atingir).
Foco do caso
O foco identifica os principais problemas da situação a ser explorada dentro da tarefa. Ao
preparar o caso, você deve ter muito clara em mente a vinculação do caso escolhido, o
conhecimento que ele deve mobilizar, e tudo articulado com os objetivos educacionais definidos
em seu planejamento.
Informações extras
Recursos
É muito importante que você forneça as condições materiais necessárias para que os
estudantes explorem bem o caso (softwares, acesso à internet, planilhas etc.). Todos os recursos
devem ser bem partilhado entre os estudantes para que todos tenham o máximo de informações e
condições possível.
Problema claro
Os estudantes precisam de instruções claras (questões) sobre o que precisam fazer com o
material que receberam sobre o caso. Podem ser questões diretas ou a solução de um desafio (o
que aproximaria o caso do PBL).
Embora tenha surgido, segundo Barrows e Tamblyn (1980), no seio dos cursos de
Medicina da Universidade de McMaster, no Canadá (sua criação é atribuída ao professor John
Evans), esta é uma das mais tradicionais e empregadas estratégias de aprendizagem ativa presentes
em cursos de Engenharia, Administração de Empresas e negócios em geral.
De forma bem sintética, constitui-se na proposição de uma situação-problema da vida
real, com certo grau de desestruturação e complexidade. A partir daí, grupos de estudantes são
desafiados a mobilizar toda sorte de conhecimentos (não apenas os envolvidos na disciplina em
questão), incluindo pesquisa, para solucioná-lo. Sendo bem desenvolvida, esta estratégia requer
uma postura gerenciadora do professor, uma vez que a liderança na busca de solução é dos
estudantes que assumem a responsabilidade, sempre em colaboração, pela aprendizagem no
processo.
Etapas
Colocação do problema
Você introduz uma situação-problema ou cenário problemático para a classe. Para isto, é
preciso investir muito na criação de um problema que realmente seja compatível com os objetivos
pedagógicos por você definidos e que os estudantes tenham que alcançar, e que, ao mesmo tempo,
represente um desafio ao conhecimento tradicional.
Levantamento de repertório
Os estudantes são convidados a levantar todas as informações que o grupo tem sobre o problema.
“O que cada um sabe sobre o assunto?”
Levantamento de hipóteses
A partir das informações anteriores, o grupo precisa debater possíveis soluções, verificando
pontos fortes e fracos de cada uma delas, até chegar a um consenso sobre a solução final a ser
apresentada. Deve ser feito um resumo desta discussão.
Pontos obscuros
A partir dessa discussão, alguns pontos não muito claros para os estudantes precisam ser
estudados para a busca da solução; aqui, os estudantes constatam que com o que sabem não
conseguirão chegar à solução, sendo levados a ir atrás de mais informação.
Solução
A partir das hipóteses levantadas e das novas informações, os estudantes começam a
formular a solução do desafio proposto. Ao final, eles são estimulados a apresentar, não somente a
solução encontrada, mas suas descobertas feitas ao longo do percurso.
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Sociologia requer uma dimensão conceitual que, por
sua vez, demanda certo nível de concretização. Há
muito tempo, a utilização de filmes (longas ou curtas;
ficção ou documentário) tem sido um recurso didático-
pedagógico muito utilizado a fim de trazer um pouco da
Figura 11 – Uso de filmes em aula.
realidade concreta para pensar os conceitos trabalhados
por disciplinas de ciências humana. Há, por isso, muitos estudos demonstrando as habilidades e as
competências que esta atividade desenvolve nos estudantes, tais como: permite alcançar certa
profundidade na análise, desenvolvimento do raciocínio na construção do conhecimento,
aprimoramento da capacidade de interpretação crítica, retenção de informações, entre outras.
Entretanto, é muito bom ter em mente que a projeção do filme em si não é propriamente
uma estratégia de aprendizagem ativa. Muitas vezes, pode acontecer o contrário; dependendo da
maneira como for trabalhada, pode ser apenas outra linguagem que mantém os estudantes na
passividade. Para, de fato, ser uma estratégia de aprendizagem ativa, é importante que você pense
a análise de filmes conjugada com alguma outra estratégia que acione, da melhor maneira possível,
os objetivos que quer alcançar.
Para isto, algumas etapas importantes devem ser seguidas, conforme segue.
Preparação
Seleção do filme
Escolher um bom filme que ilustre da melhor maneira o tópico abordado. Para isto, é
importante que você pense não apenas nas referências de qualidade do filme (direção, arte,
premiação etc.), mas a adequação da linguagem com a turma com a qual irá trabalhar. Muitas
vezes, um filme “B” pode ter uma linguagem mais acessível e sedutora aos estudantes do que um
filme “A”ou cult. No livro Sociologia das organizações: conceitos, relatos e casos, em todos os
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Este material é parte integrante do livro “Sociologia das organizações: conceitos, relatos e casos”.
Nenhuma parte deste livro poderá ser reproduzida, sejam quais forem os meios empregados, sem a permissão, por escrito, da Editora.
capítulos há sugestões de filmes para que você possa recomendar aos estudantes e/ou trabalhar
em sala de aula.
• Seleção dos temas/conceitos: como obra de arte, um filme está sujeito a múltiplas leituras e
interpretações. Cada olhar lançado a partir de um lugar diferente pode levantar distintas
questões e os mais diversos conceitos. Cabe a você, no papel de curador do conhecimento e
gerenciador do processo, elencar quais os principais conceitos que deseja que os estudantes
compreendam quando decide trabalhar um filme. Claro que, no transcurso da atividade, os
estudantes vão trazer seus próprios olhares e identificar tópicos para além daqueles por
você desejados. Isto deve ser estimulado, mas sempre com o cuidado de verificar se os
tópicos centrais estão sendo analisados. Uma dica interessante é entregar esta relação em
uma tabela com termos importantes revisados e os conceitos sociológicos relevantes para
prepará-los a fim de que prestem atenção ao filme.
• Estratégia: é preciso que você pense bem que estratégia ativa combina melhor com os
objetivos que tem ao trabalhar determinado filme. Algumas delas funcionam muito bem:
Quatro Cantos, Júri Simulado, Aquário, Jogo Americano, Role play.
• Leitura prévia: para melhor aproveitamento do conteúdo do filme, você deve selecionar um
texto para que os alunos se preparem teoricamente para a atividade.
Esta é uma atividade muito boa para ser aplicada no final de determinado tópico,
trabalhar um texto, cuja leitura foi solicitada, ou, ainda, um filme. Os times formados (em geral
pequenos, quatro a cinco estudantes) vão resgatar e esclarecer pontos e/ou aprofundar conceitos
trabalhados pelo material (aula, texto ou vídeo).
Dica: Dada a configuração de debate que é característica desta estratégia, temas polêmicos são
sempre mais indicados.
Procedimento
1. Divida os estudantes em quatro times (se a classe for grande, você pode repetir os
times), dando-lhes os seguintes atributos:
• Perguntadores: são responsáveis por, a partir de um debate interno, elaborar algumas
perguntas (poucas) sobre o material trabalhado na aula;
• Assertivos: são responsáveis por levantar pontos e/ou aspectos positivos, relevantes ou
úteis do material trabalhado;
• Críticos: são os responsáveis por levantar os pontos contrários, críticos ou simplesmente
desnecessários do material trabalhado.
• Exemplificadores: são os responsáveis por levantar exemplos e, principalmente,
aplicações (do material indicado e fora dele) para ilustrar as argumentações.
ANGELO, Thomas; CROSS, Patricia K. Classroom assessment techniques: a handbook for college
teachers. San Francisco: Jossey-Bass Publishers, 1993.
ANTONETTI, John; GARVER, James R. V. 17,000 classroom visits can’t be wrong: strategies that
engage students, promote active learning, and boost. ASCD: Virginia, 2015.
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