O quarteto de cordas de Brahms Nº1 em Cm, op. 51, contêm quatro
movimentos com uma duração total de aproximadamente 30 minutos, variando esse tempo conforme a performance. Essa peça busca claramente alcançar uma textura orquestral com o quarteto de cordas, trazendo uma grande influência de Beethoven. Brahms estrategicamente utiliza a tonalidade de Dó menor, o que permite explorar as cordas soltas mais graves do Violoncelo e da Viola, sendo que em ambos, a nota Dó é a corda mais grave, além de também conterem a corda Sol, que também é a corda mais grave dos Violinos, sendo possível alcançar uma textura mais preenchida próximo a de uma orquestra mesmo que com apenas quatro instrumentos. O primeiro movimento da peça, que será o analisado com maior enfoque, apresenta uma forma sonata explorada aqui por Brahms, iniciando com a exposição até o compasso 82 onde são exibidos grupos temáticos, que serão explorados de várias formas no desenvolvimento a partir do compasso 83 ao 139. A recapitulação acontece entre os compassos 140 e 226 retomando os temas do inicio da peça, porem com variações. Por fim no compasso 227 inicia-se a Coda, que se encaminha e conclui para o tom de Dó maior ao invés de Dó menor. Na exposição, assim como na peça toda, fica claro uma aproximação das estruturas formais clássicas de quarteto, porém existem fragilidades em alguns aspectos como, por exemplo, a ausência de afirmação da tonalidade durante toda a obra criando um contraste com as cadências para feitas para a tônica na exposição ao decorrer da apresentação dos temas. Quando a peça atinge seu desenvolvimento no compasso 83, a harmonia já está se encaminhado para a região da tonalidade de Lá menor, fazendo uma cadência do acorde de Fá com sétima para o acorde de Lá menor, resolvendo as sensíveis da nota Fá para o Mi no Cello, e a nota Mi bemol para Mi na viola, juntamente com um tratamento melódico do primeiro violino passando pela nota Sol sustenido que é a sensível de Lá onde no compasso 87 há uma mudança de armadura de clave com a ausência de acidentes confirmando a troca para a região da tonalidade. Adiante o desenvolvimento continua explorando o material temático apresentado na exposição, havendo novamente no compasso 115, uma alteração da armadura de clave para quatro sustenidos antecedido do acorde de Sol sustenido com sétima no compasso 114, que é resolvido em de Dó sustenido menor no compasso seguinte. A seguir a peça começa a se afastar de da tonalidade da clave presente e retornar para Dó menor, um dos indícios desse retorno para o tom inicial da peça, é o acorde de Sí sustenido menor que aparece no primeiro tempo do compasso 123 sendo ele enarmônico de Dó menor.
Assim, a peça vai se afastando harmonicamente até no compasso 136
retornar com armadura com três bemóis, iniciando a reexposição no compasso 140. Porém apesar da melodia no primeiro violino ser praticamente a mesma da exposição, a harmonia nesse ponto da peça se encontra em Lá bemol maior, ou seja, ele utiliza a mesma melodia inicial porem rearmonizada na tônica anti-relativa de Dó menor trazendo os mesmo elementos do inicio da peça novamente trazendo certa proximidade aos quartetos mais clássicos. Por fim no compasso 227 inicia-se a Coda, onde ocorre uma mudança na fórmula para 2/2 e que se mostra bastante expressiva sendo ela o clímax do movimento, e também o momento que se encontra o pico do registro agudo feito pelo o primeiro violino com a nota Ré bemol no compasso 239. A dinâmica é muito explorada levando a obra ao seu fim que como foi dito anteriormente se encaminha para Dó maior através de cadências plagais feitas com o acorde subdominante napolitano, sendo ele o acorde de Fá menor com sexta menor que cadencia no acorde de Dó maior entre os compassos 250, 251 e 254 e 255.
Essas cadências trazem um grande contraste harmônico para concluir com
todos os instrumentos fazendo o acorde de Dó maior em cordas duplas, atingindo um preenchimento de caráter orquestral no ultimo compasso.