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IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL

ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES


De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC

APRENDENDO GEOGRAFIA ATRAVÉS DAS NOTÍCIAS DOS


JORNAIS

Caroline Guedes da Silva78

Eixo: 2 Práticas de Ensino Contemporâneas

Palavras-chave: Educação geográfica. Jornal geográfico. Metodologia criativa. Mídias


impressas. Notícias. 185

INTRODUÇÃO
Na interface entre geografia e a educação a viabilidade de desenvolver técnicas
diferenciadas de construção de recursos instrucionais básicos para o ensino
fundamental e médio de geografia contribui para a reflexão e o aprendizado sobre as
matérias em que a geografia tem a competência de ministrar. As atividades teórico-
práticas em situações de ensino são tão importantes para o desenvolvimento discente
que tornam-se primordiais para o entendimento do conteúdo de forma agradável,
criativa e instigante.
Diante do contexto sociológico, algumas questões sobre as metodologias
aplicadas em sala de aula são relevantes de serem discutidas. Giordani et al. (2014)
enfatizam:

Os professores de Geografia, pertencentes a esta sociedade cada vez mais


efêmera e esta escola cada vez mais exigida pelo cenário social, fica diante
dos alunos fazendo um esforço enorme para exercitar o ensinar e o aprender.
Este professor não pode ensinar o que aprendeu de forma direta e dirigida na
universidade, nem mesmo pode ensinar da mesma forma como aprendeu. Na
busca por soluções para dar conta do processo de ensino e aprendizagem,
tenta de todas as formas encarar os seus alunos utilizando-se dos conteúdos
próprios da geografia (GIORDANI et al, 2014, p. 11).

O conteúdo é o caminho para a aprendizagem, mas desprovido de vida, não


acrescenta. É necessário transformar o conteúdo em ação: “Aprende aquele que
consegue fazer uma caminhada mental entre conteúdo, reflexão e o que pode enxergar;
o que é provido de cores, o que pode interpretar ou até mesmo como pode agir sobre
ele” (COSTELLA; SANTOS, 2014).

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Bacharel, Licenciada e Mestre em Geografia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS),
Porto Alegre, carolineguedes3@hotmail.com.
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Dessa forma, o presente trabalho visa contribuir para a preparação dos alunos de
educação básica para as situações de interpretação do espaço geográfico, dentro e fora
de sala de aula, possibilitando o entendimento das dinâmicas sociais, econômicas,
ambientais, culturais, etc. através de forma crítica e reflexiva dos fatos. Como meio
para alcançar o determinado fim, utiliza-se, como instrumento, os jornais impressos
uma vez que eles constituem poderosos recursos que podem ser trabalhados
didaticamente no intuito de construir o aprendizado junto aos alunos.
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PARA ALÉM DO LIVRO DIDÁTICO
Sem dúvida, o grande aliado na educação é o livro didático, que muito auxilia
no preparo e nas ideias práticas para o ensino da geografia. No entanto, a Geografia
vai sendo concebida sob outras abordagens, visando a incorporação de temáticas e a
pluralização de outras leituras, o que abriu possibilidade de renovação para que a
disciplina passasse a instigar o estudante na leitura e análise do mundo, estabelecendo
relações entre natureza e sociedade, de modo reflexivo e discutido com abordagem
sobre o cotidiano e a vida em sociedade. Isso foi muito produtivo para a Geografia,
com a introdução do seu autoquestionamento e a permanente renovação das
abordagens, analisando os fatos não com uma verdade ou uma realidade para explicar
o “mundo como ele é”, mas com a complexidade que integra o mundo. Além disso,
admitir as múltiplas possibilidades de dialogar com os principais conceitos e categorias
da Geografia (espaço geográfico, lugar, paisagem, território e região) e com essa
concepção avançar o olhar sobre o lugar, em especial o lugar de vivências, entendendo
que o mundo é a relação entre os lugares, entre os espaços e seus habitantes (BRASIL,
2016). Eis a Geografia com sua essência pura e de significativa relevância para o
entendimento do mundo.
Porém, trazer os alunos à compreensão dos fenômenos que percorrem do local
ao global não é uma tarefa tão simples assim, mas a sua busca deve ser continuamente
observada e procurada pelos professores de Geografia no intuito de melhor ajudar os
alunos no desenvolvimento de suas habilidades de percepção, discernimento e
entendimento. Outras observações também são importantes no ensino da Geografia:
perceber se há outras formas de produção do espaço, outros modelos de sociedade e
de organização espacial, outras comunidades, povos e civilizações, a conversa franca
sobre temática do gênero, da diversidade religiosa, das divergências político-
ideológicas, da educação ambiental, dentre outros temas.
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Nos anos finais do Ensino Fundamental, os conhecimentos geográficos escolares


tratam de relevo, clima, indústria, hidrografia, serviços, transportes, demografia,
vegetação, questões ambientais, produção de energia, entre inúmeros outros temas
geográficos (BRASIL, 2016). Objetiva-se na Geografia, o fomento a inovações nas
práticas pedagógicas, o envolvimento a ação dos estudantes e a valorização dos seus
conhecimentos prévios, assim como, a possibilidade de discutir junto com o estudante
as relações que eles têm com o espaço geográfico, próximo ou mais distante, de forma
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simultânea e significativa.
É importante a interação dos alunos com as novas tecnologias, novas linguagens,
a familiaridade com as mídias disponíveis. Xavier (2010) comenta que é preciso
viabilizar acesso aos jornais diários, às principais revistas semanais, às programações
das TVs, aos filmes e peças teatrais em cartaz na cidade. Desse modo “precisa a escola
assumir-se como um espaço ao mesmo tempo de estudo e de lazer, cabendo aos
professores a promoção da análise das reportagens e dos programas, permitindo a
leitura do que não está sendo dito, dos silêncios, das imagens. É o mundo atual, os
fatos da semana, a vida e a cultura da comunidade como conteúdo escolar.

FORMAS METODOLÓGICAS
O desenvolvimento aqui relatado foi realizado junto aos alunos do 7º ano de uma
Escola Estadual de Ensino Fundamental em Porto Alegre/RS. Foram utilizadas para
as aulas denominadas Notícias Geográficas diversos jornais de circulação da cidade.
Foi pedido aos alunos, divididos em grupos, que eles encontrassem a Geografia através
das páginas dos jornais, recortassem a notícia, colassem em cartazes, nominassem o
tema e constituíssem um resumo baseado nos seus entendimentos sobre o assunto
reportado. Após, foram feitas apresentações de cada grupo e debatido na turma a
notícia no seu aspecto local e global.

RESULTADOS E PROPOSTAS PARA A PRÁTICA JORNALÍSTICA


Observou-se que a prática foi recebida com muitas dúvidas por parte dos alunos,
que não conseguiram de imediato identificar a geografia através das páginas dos
jornais. Após as primeiras orientações da professora, os alunos foram descobrindo e
aprendendo que a geografia não está apenas em sala de aula e sim, no dia a dia, em
suas vidas cotidianas, acontecendo mundo a fora e que as relações existentes no espaço
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geográfico, que acontecem no local, possuem correspondências lineares em outras


partes do mundo.
A atividade seguinte envolve a construção, pelo professor e alunos, do seu jornal
geográfico, a partir da escolha de notícias relacionadas aos conteúdos das diversas
áreas: economia, meio ambiente, política, clima, população, dados estatísticos, etc.
Ambos então formulam questões em que os colegas, na troca dos jornais, procuram
responder. As figuras 1 e 2 apresentam, como exemplos, notícias que constituem o
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Jornal Geográfico. A matéria instiga a turma a pesquisar e refletir sobre o conteúdo
abordado.

Figura 1: Jornal Geográfico produzido por alunos.


Fonte: Acervo próprio, 2017.
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Figura 2: Questões através de imagens disponibilizadas em jornal.


Fonte: Acervo próprio, 2017.
Neste contexto, considera-se que a atividade prática em questão compreende: o
ensino de geografia em conexão entre as epistemologias da geografia e da educação;
análise do temário geográfico e dos recursos jornalísticos e construção e avaliação por
parte dos alunos, envolvendo principalmente a capacidade expositiva relacionada à
interpretação e criação de textos e de propostas para ações de cidadania.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nos dias atuais, mostra-se ser necessário entender como se dá a produção
espacial de outras formas de ser e de estar no mundo, de saber sobre os outros povos,
sobre outras culturas. É necessário construir com o estudante as muitas representações
possíveis do indivíduo sobre a sua realidade e também, pensar e fortalecer a identidade
dos estudantes, assumindo um compromisso inserido numa autonomia ética que
valoriza um mundo plural, diverso, divergente, mas socialmente justo. Concorda-se
que ao reconhecer a importância dos estudantes como sujeitos ativos no processo e a
relevância de seus conhecimentos prévios, o cotidiano e as vivências dos estudantes
dão um sentido mais rico para Geografia ensinada e produzida na escola. Por isso a
importância para a Geografia promover a interpretação de um fenômeno de maneira
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plural. Mais do que fatos, há que expandir as formas de ver e sentir os processos que
levam os espaços e sociedades a terem as características que têm.

REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério da Educação. PNLD 2017: Geografia - Ensino fundamental anos
finais. Brasília, DF: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, Fundo
Nacional de Desenvolvimento da Educação, 2016.

COSTELLA, R. Z.; SANTOS, L. P. Ensinar como se lê o mundo é diferente de ensinar


a ler o mundo – a construção do conhecimento geográfico. In. GIORDANI, A. C. et 190
al. Aprender e ensinar Geografia: a vivência como metodologia. Porto Alegre:
Evangraf, 2014.

GIORDANI, A. C. et al. Aprender e ensinar Geografia: a vivência como


metodologia. Porto Alegre: Evangraf, 2014.

XAVIER, M. L. M. de F. Escola Contemporânea – O Desafio do Enfrentamento de


Novos Papéis, Funções e Compromissos. Pedagogias Sem Fronteiras. Canoas: Ed.
ULBRA, 2010.

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