Está en la página 1de 8

A diferença básica entre

globalismo e globalização
econômica: um é o oposto do
outro

política
Thorsten Polleit

quarta-feira, 1 mar 2017

Com a ascensão do populismo nos países desenvolvidos, a


globalização econômica caiu em descrédito. Cada vez mais pessoas
estão rejeitando a globalização com o argumento de que ela não
apenas é injusta como também representa a fonte de todos os
males — sendo inclusive a fonte de crises econômicas e imigrações
em massa.

Esse tipo de condenação generalizada e abrangente da


globalização, porém, apresenta dois erros graves: ela não só é
factualmente errada — a globalização econômica
comprovadamente aumentou o padrão de vida da população
mundial — como também é conceitualmente errada.

Existe o globalismo e existe a globalização. O globalismo é um


conceito político. Já a globalização é um conceito econômico.

Globalização econômica

A globalização econômica significa "divisão do trabalho em nível


mundial".

A população de cada país se especializa naquilo em que é boa,


adquirindo assim uma vantagem comparativa em relação às outras:
faço aquilo em que sou melhor que os outros e vendo para eles; e
compro dos outros aquilo que eles fazem melhor do que eu. Todas
essas transações econômicas devem ser feitas o mais livremente
possível, sem a intervenção de governos na forma de tarifas
protecionistas e de outras barreiras alfandegárias. (Veja aqui um
exemplo prático).

A consequência deste arranjo foi, é e sempre será um aumento no


padrão de vida de todos os envolvidos.

Hoje, nenhum país é capaz de viver em autarquia, produzindo


absolutamente tudo de que sua população necessita para viver
decentemente. Caso um país realmente tentasse produzir tudo o
que consome, isso não apenas seria um monumental desperdício
de recursos escassos, como também levaria a custos de produção
e, consequentemente, preços exorbitantes, afetando drasticamente
o padrão de vida da população.

Pense em uma simples camisa. Fabricada na Malásia utilizando


máquinas feitas na Alemanha, algodão proveniente da Índia, forros
de colarinho do Brasil, e tecido de Portugal, em seguida sendo
vendida no varejo em Sidney, em Montreal e em várias cidades dos
países em desenvolvimento (ao menos naqueles que são mais
abertos ao comércio exterior), a camisa típica da atualidade é o
produto dos esforços de diversas pessoas ao redor do mundo. E,
notavelmente, o custo de uma camisa típica é equivalente aos
rendimentos de apenas umas poucas horas de trabalho de um
cidadão comum do mundo industrializado.

Obviamente, o que é verdadeiro para uma camisa vale também para


incontáveis produtos disponíveis à venda nos países capitalistas
modernos.

Como é possível que, atualmente, um trabalhador comum seja


capaz de adquirir facilmente uma ampla variedade de bens e
serviços, cuja produção requer os esforços coordenados de milhões
de trabalhadores? A resposta é que cada um desses trabalhadores
faz parte de um mercado tão vasto e abrangente, que faz com que
seja vantajoso para muitos empreendedores e investidores ao redor
do mundo organizarem operações de produção altamente
especializadas, as quais são lucrativas somente porque o mercado
para seus produtos é de escala global.

Esta especialização tanto do trabalho quanto da produção, ao longo


de diferentes setores industriais ao redor do mundo, é exatamente o
fenômeno da globalização econômica.

(Recentemente, um homem resolveu fabricar, do zero, um simples


sanduíche. Ele plantou o trigo para fazer o pão, retirou o sal da água
do mar, ordenhou uma vaca para fazer o queijo e a manteiga, matou
uma galinha para retirar o filé de frango, fez o próprio picles e teve
até de extrair o mel do favo. Seis meses e US$ 1.500 depois, o
sanduíche ficou pronto. E, a julgar pela reação dele próprio, a
qualidade do produto final foi medíocre).

O fato é que, hoje, nenhum país produz apenas para satisfazer suas
próprias necessidades, mas também para atender a produtores e
consumidores de outros países. E cada país se especializa naquilo
que sabe fazer melhor.

A globalização econômica, com o livre comércio sendo seu


componente natural, aumenta a produtividade de todos os
envolvidos. E, consequentemente, aumenta também o padrão de
vida de todos. Sem a globalização econômica, a pobreza neste
planeta não teria sido reduzida com a intensidade em que foi nas
últimas décadas.

Por fim, vale ressaltar que todo e qualquer indivíduo é, em si


mesmo, um defensor árduo da globalização econômica, mesmo que
ele não saiba disso. As pessoas acordam cedo e vão trabalhar
exatamente para ganhar dinheiro e, com isso, poderem consumir o
que quiserem. As pessoas trabalham e produzem para poder
consumir produtos bons e baratos, independentemente de sua
procedência. Eles podem ser oriundos de qualquer parte do mundo;
o que interessa é que sejam bons e baratos. Isso é globalização
econômica.

Impor obstáculos a esse consumo — isto é, restringir a globalização


econômica — significa restringir a maneira como as pessoas
trabalhadoras podem usufruir os frutos do seu trabalho. No mínimo,
isso é imoral e anti-humano.

Globalismo

Logo de início, é fácil ver que o globalismo — que também pode ser
chamado de globalização política — não tem absolutamente nada a
ver com a globalização econômica.

Globalização econômica significa livre comércio e livre mercado.


Trata-se de um arranjo que não apenas não necessita da
intervenção de governos e burocratas, como funciona muito melhor
sem eles. Indo mais além, trata-se de um arranjo que surge
naturalmente quando não há políticos e burocratas impondo
obstáculos às transações humanas.

Já o globalismo é o exato oposto: trata-se de um arranjo que só


existe por causa de políticos e burocratas. Seria impossível haver
globalismo se não houvesse políticos e burocratas.

O globalismo é uma política internacionalista, implantada por


burocratas, que vê o mundo inteiro como uma esfera propícia para
sua influência política. O objetivo do globalismo é determinar, dirigir
e controlar todas as relações entre os cidadãos de vários
continentes por meio de intervenções e decretos autoritários.

Eis o argumento central do globalismo: lidar com os problemas cada


vez mais complexos deste mundo — que vão desde crises
econômicas até a proteção do ambiente — requer um processo
centralizado de tomada de decisões, em nível mundial.
Consequentemente, leis sociais e regulamentações econômicas
devem ser "harmonizadas" ao redor do mundo por um corpo
burocrático supranacional, com a imposição de legislações sociais
uniformes e políticas específicas para cada setor da economia de
cada país.

O estado-nação — na condição de representante soberano do povo


— se tornou obsoleto e deve ser substituído por um poder político
transnacional, globalmente ativo e imune aos desejos do povo.

Obviamente, a filosofia por trás dessa mentalidade é puramente


socialista-coletivista.

Representa também o pilar da União Europeia (UE). Em última


instância, o objetivo da UE é criar um super-estado europeu, no
qual as nações-estado da Europa irão se dissolver como cubos de
açúcar em uma xícara quente de chá. Foi majoritariamente disso
que os britânicos quiseram fugir.

Ao menos para o futuro próximo, este sonho burocrático chegou ao


fim. O desejo de impor uma uniformidade afundou em meio a uma
dura e difícil realidade política e econômica. A UE está passando por
mudanças radicais — culminando com a decisão dos britânicos de
sair dela — e pode até mesmo entrar em colapso dependendo dos
resultados eleitorais em alguns importantes países europeus
(França, Holanda, Alemanha e possivelmente Itália) neste ano de
2017.

Com Donald Trump na presidência americana não há mais qualquer


apoio intelectual dos EUA ao projeto de unificação européia. A
mudança de poder e de direção em Washington diminuiu o poder
de influência dos globalistas — o que permite alguma esperança de
que a futura política externa americana seja menos agressiva em
termos militares. Trump — ao contrário de seus antecessores — ao
menos não parece querer impingir uma nova ordem mundial.

Por outro lado, os defensores da globalização econômica têm


motivos para estar preocupados. O governo Trump vem ameaçando
utilizar medidas protecionistas — majoritariamente na forma de
tarifas de importação — para supostamente estimular o emprego e
a produção nos EUA, mesmo com toda a teoria e realidade
econômicas demonstrando que o efeito será o oposto.

Tamanha interferência na globalização econômica, o que


representaria um retrocesso no tempo, não apenas seria um ataque
à prosperidade, como também pode se degenerar em conflitos
políticos, reacendendo antigas rixas e contendas. Não precisaria ser
assim.
Para atacar e até mesmo aniquilar o globalismo não é necessário
atacar e fazer retroceder a globalização econômica.

A globalização é Steve Jobs, Jeff Bezos e Michael Dell; o globalismo


é George Soros, o CFR, a Comissão Trilateral, os Rockefeller, os
Rothschilds e a ONU.

Conclusão

Ao passo que o globalismo representa o autoritarismo e a


centralização do poder político em escala mundial, a globalização
econômica — que nada mais é do que a divisão do trabalho e o livre
comércio — representa a descentralização e a liberdade,
promovendo uma produtiva e, ainda mais importante, pacífica
cooperação além fronteiras.

A restrição à globalização econômica — ou seja, o protecionismo —


nada mais é do que o medo dos incapazes perante a inteligência e
as habilidades alheias. Tal postura, além de moralmente
condenável, por ser covarde, é também extremamente perigosa.
Como já alertava Bastiat, se, em vez de nos permitirmos os
benefícios da livre concorrência e do livre comércio, começarmos a
atuar incisivamente para impedir o progresso de outras nações, não
deveríamos nos surpreender caso boa parte daquela inteligência e
habilidade que combatemos por meio de tarifas e restrições de
importações acabe se voltando contra nós no futuro, produzindo
armas para guerras em vez de mais e melhores bens de consumo
que eles querem e podem produzir, e os quais nós queremos
voluntariamente consumir.

Como também disse Bastiat, quando bens param de cruzar


fronteiras, os exércitos o fazem.

Por isso é de extrema importância preservarmos a globalização


econômica.

También podría gustarte