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br/documento/129166127
ADVOCACIA-GERAL DA UNIÃO
PROCURADORIA-GERAL FEDERAL
PROCURADORIA FEDERAL JUNTO À UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ
DIVISÃO DE CONSULTIVO
AV. DA UNIVERSIDADE, 2853, BENFICA - FORTALEZA-CE, CEP 60020-181 FONE: (85) 3366.7324 FAX: (85)
3366.7323
PARECER Nº 00387/2018/DICONS/PFUFC/PGF/AGU
PROCESSO Nº 23067.023282/2018-81
Estágio curricular supervisionado. Diferença específica entre estágio obrigatório e estágio não
obrigatório. Regras de cumulatividade em função de carga horária semanal. Necessidade de observância do atendimento
às finalidades de formação e adequação de desempenho, mantidas os demais requisitos prévios contidos nas regras gerais.
Regularidade das limitações de possibilidade de recebimento de bolsa.
02. A dúvida trazida à discussão diz respeito à possibilidade de aplicar o limite de carga horária
previsto pelo artigo 10 da citada lei também para os estágios considerados não obrigatórios, tendo em vista eventual
impacto em cômputo geral de carga horária e/ou jornada semanal do conjunto das atividades escolares. É feita ainda
menção à necessidade de compatibilização relação à Resolução 32/2009 CEPE, que regulamenta a temática no âmbito
interno da Universidade Federal do Ceará. Por fim solicita o consulente esclarecimento acerca da possibilidade de
acumulação de bolsas com estágio remunerado. É o relatório.
03. Inicialmente, cabe recordar a conceituação jurídica do estágio curricular - pelos próprios
termos do artigo 1º da lei 11788/08 - como “ato educativo escolar supervisionado, desenvolvido no ambiente de trabalho,
que visa à preparação para o trabalho produtivo de educandos em situação de frequência de curso regular (...)”. De outro
lado a lei reconhece, ainda, a possibilidade de equiparação de atividades de extensão, monitorias e de iniciação
científica a estágio, condicionadas porém à respectiva previsão no projeto pedagógico do curso, conforme dispõe
no § 3º de seu artigo 2º.
04. Se essa possibilidade de inclusão não é obrigatória, estando sujeita a concessão da equiparação
à correspondente avaliação administrativa específica, sempre em relação a diretrizes curriculares, área e projeto
pedagógico de cada curso - é exatamente porque tais atividades são em si mesmas distintas, o que por sua vez permite a
existência de atividades de interesse comum. Resta saber em que se distinguem, por sua vez, os estágios obrigatórios e os
não obrigatórios quanto a condições de implementação, jornada/horários e a seus respectivos efeitos – vez que ambos
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pertencem à mesma categoria jurídica geral (estágio) e devem, nesta condição, também atender a critérios de
planejamento pedagógico.
05. Do texto da Resolução 32/2009 CEPE, citada pelo consulente, retira-se que o estágio obrigatório
tem natureza curricular, enquanto que o não obrigatório atende a necessidade suplementar de iniciação profissional
(respectivamente, incisos I e II do artigo 2º da citada Resolução). Essa mesma diferença é que justifica, portanto, o
cuidado em controlar uma excessiva atividade em estágios não obrigatórios (para cuja verificação de compatibilidade está
encarregado o setor de estágio da Pró-Reitoria de Extensão, conforme § 4º do artigo 3º), de modo a evitar que viesse a ser
prejudicada a frequência às aulas, razão que justifica a previsão contida no §1º do artigo 3º da mesma Resolução
(desligamento do programa por um semestre letivo em caso de reprovação por frequência em disciplinas em que o aluno
esteja matriculado).
06. Pode-se assim concluir, portanto, que caso o aluno esteja regularmente matriculado, poderá
realizar tantos estágio não obrigatórios quanto sejam viáveis dentro dos limites acima mencionados, quais sejam, desde
que além das demais obrigações reservadas aos convenentes para viabilização dos estágios observe-se também o seguinte:
6.1) sejam cumpridos requisitos formais, tais como celebração de convênio que o(s) viabilize(m);
assinatura de termo de compromisso; plano de trabalho e respectivo acompanhamento por orientador/supervisor;
compatibilidade das tarefas realizadas com as previstas no termo de compromisso; e
6.2) haja adequação em relação à necessidade de frequência de disciplinas do curso em que o(a) aluno(a)
estiver regularmente matriculado(a), respeitado o limite total de estágio de 6 (seis) horas diárias e 30 (trinta) horas
semanais, previsto pelo inciso II do artigo 10 da lei 11788/08.
07. Desta forma, considerando o limite global de contagem da carga horária/jornada dos estágios,
por constituirem um mesmo gênero, parece adequada a interpretação do consulente (item 5 do memorando
476/2018/ESTÁGIOS/PREX/REITORIA de 19/04/2018) acerca da possibilidade excepcional de ampliação do tempo
semanal de estágios para até 40 (quarenta) horas semanais, como não sendo passível de extensão aos estágios do tipo não
obrigatórios. Ou seja: esse tempo adicional de 10 (dez) horas estará adstrito para o cômputo de estágios curriculares
obrigatórios que atendam o requisito de não exigirem presença em sala de aula, dada a relativa prioridade que lhes é
conferida na integralização da formação escolar.
08. Quanto à possibilidade de recebimento de bolsa por parte do estagiário (nessa condição), já
prevista pelo artigo 12 da lei 11788/08, entende-se que estará condicionada pelos mesmos mecanismos de limitação de
horária e jornada anteriormente descritos, de modo a compatibilizar o exercício máximo de atividade dentro da proibição
de existência de vínculo empregatício. Independentemente de quaisquer outras justificativas (democratização do acesso a
bolsas; limitações orçamentárias; inexistência de previsão autorizativa etc), parecem ser por si sós suficientes como forma
de lembrar acerca da importância de realização dos mandamentos de eficiência e eficácia no âmbito do serviço público.
09. Nesse sentido entende-se, igualmente, pela regularidade da vedação de recebimento de outras
bolsas da UFC, contida no alínea “c” do inciso II do artigo 7º da Resolução 32/2009 CEPE – com a exceção,
devidamente justificada, de concessão de bolsa de natureza de auxílio social (do tipo “BOLSA DE PERMANÊNCIA” –
prevista pelo inciso I do artigo 10 da lei 12155/09), exatamente por configurar medida prévia de equiparação, tendo
portanto natureza de realização concreta de justiça social, como tal destinada a conferir condições econômicas básicas de
apoio para que o estudante economicamente vulnerável possa prover sua existência e manter-se frequentando aulas. Neste
sentido remetemos ao percuciente estudo feito pelo Procurador Federal Flávio Pereira Gomes (Nota nº
107/PVUNIVASF/PGF/AGU, de 15/07/2013) nos autos do processo administrativo que tratou da matéria (NUP
23402.001.223/2013-19), de cujas razões nos valemos, incorporando-as ao presente arrazoado.
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Documento assinado eletronicamente por PAULO ANTONIO DE MENEZES ALBUQUERQUE, de acordo com os
normativos legais aplicáveis. A conferência da autenticidade do documento está disponível com o código 129166127 no
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ALBUQUERQUE. Data e Hora: 02-05-2018 18:08. Número de Série: 13950558. Emissor: Autoridade Certificadora
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