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“[...] a variação linguística é uma das características universais das línguas naturais que
convive com forças de estabilidade. Aparentemente caótica e aleatória, a face heterogênea
imanente da língua é regular, sistemática e previsível.” (p. 27)
“Das variáveis externas ou não-linguísticas, registram-se os marcadores regionais
predominantes em comunidades facilmente identificadas geograficamente, em
simultaneidade a indicadores de estratificação estilístico-social, de forma que a variação
projeta-se num contínuo em que se podem descrever tendências de uso linguístico de
comunidades de fala caracterizadas diferentemente quanto ao perfil sociolinguístico.” (p.
27)
COLETA DE DADOS
Giselle Machline de Oliveira e Silva
“Ao se estudar um ser vivo, pode-se tornar necessário observar o organismo como um
todo, um órgão em especial, um tecido ou ainda uma célula. Não se pode considerar um
método melhor do que o outro e a decisão dependerá da necessidade. Assim, também
escolher seu objeto de observação, o sociolinguista poderá deter-se em algumas famílias,
ou em um grupo de indivíduos em relação mais ou mens estreita ou ainda em uma
comunidade maior.” (p. 117)
“Labov (1972) recomenda que o investigador se apresente de modo simples e peça ajuda
do tipo “sou daqui mesmo” ou “sou de fora” e “meu trabalho consiste em encontrar as
diferentes maneiras como as pessoas vivem nos diversos bairros” (ou tribos, ou famílias,
etc.) Ou ainda “sou pai de adolescentes e gostaria de saber como vivem os jovens daqui”.
Labov ainda recomenda que o investigador não se apresente como fazendo parte de uma
universidade, pois embora a menção de universidade faça-lhe abrir mais as portas de
certas comunidades onde ela for prestigiada, fará com que também os falantes dêem
demasiada atenção à própria fala, o que, como veremos, é a pior praga do sociolinguista.”
(p. 118)
AMOSTRA
“Entretanto, não se pode perder de vista eu se pretende obter uma pesquisa sobre a
comunidade e não apenas sobre a amostra. E será o pesquisador que tomará as medidas
necessárias para tornar possível a generalização dos resultados obtidos através dessa
amostra. É o que a estatística chama de inferência.” (p. 119)
QUANTOS FALANTES DEVERÁ TER AMOSTRA?
“O número de indivíduos da amostra vai depender:
a) Da homogeneidade da população: a língua é uma propriedade humana
relativamente homogênea,
b) Do número de variáveis pesquisadas
c) Do fenômeno: outra faceta da homogeneidade da língua é que ela é mais
homogênea para alguns fatores do que para outros.
d) Do método: conforme a precisão técnica estatística usada, pode se diminuir até
certo ponto a amostra se forem usados métodos estáticos mais sofisticados.
e) Do orçamento e outras condições materiais;
“As transcrições de dados são norteadas, na maioria das vezes, pelos objetivos que o
pesquisador tem em mente. É importante lembrar que não existe transcrição de dados
linguísticos perfeita e incontestável, dado que essa atividade envolve, inevitavelmente,
um componente subjetivo. Uma transcrição é de certa forma, um compromisso entre
aquilo que percebemos e aquilo que reconstruímos pela interpretação. O mais importante
é que a transcrição apresente o máximo de coerência e que seja submetida ao ouvido de
outras pessoas, através de revisões. Uma vez decidido que fenômenos ou aspectos serão
assinalados e a forma de fazê-lo, deve-se buscar o máximo de consistência, de forma a
tomar os dados legíveis e acessíveis a potenciais futuros interessados.” (p. 146)