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Pesquisador
Coordenadora
Simone Wajnman
Parte 1
Fonte: Gough, ppt, Towards a General Theory of Welfare Regimes in Developing Countries
(“Desfamilização” de Estado)
Baixo Alto
Carreira Dupla/
Mercado
Cuidador
Williams (2009) argumenta que o cuidado pode ser visto tanto na perspectiva
do “investimento social” quanto dos direitos. O cuidado na perspectiva do investimento
social relaciona-se mais com o cuidado infantil, pois neste caso tem um impacto
produtivo futuro. Particularmente no caso da incapacidade e dos idosos, o cuidado
deve ser visto na perspectiva dos direitos. Um primeiro direito é o direito como
trabalhador remunerado, no caso, as políticas de cuidado foram desenvolvidas para
garantir o direito de privilegiar a carreira no mercado de trabalho, a creche é o melhor
exemplo nesta perspectiva. O segundo direito é o direito como cuidador para um
membro familiar (oferta), que corresponde ao direito individual universal de ser
cuidado (demanda) para os indivíduos beneficiários, por exemplo, o direito ao cuidado
de uma criança. No caso das crianças este direito se manifesta nas demandas por
licenças maternidade e paternidade, além de flexibilidade de tempo. Há um crescente
movimento pelo reconhecimento dos direitos dos cuidadores não-remunerado dos
idosos. O terceiro direito é o direito como consumidor, que se materializa na
transferência monetária de benefícios, transferindo a escolha para o beneficiário. No
caso do cuidado das crianças, estes benefícios podem se destinar para a compra de
serviços de cuidado (creches), para o governo apoiar o emprego de um cuidador em
casa, ou para apoiar o trabalho parental de cuidado das crianças em casa (como na
Alemanha).
No caso do programa Bolsa Família, criado pelo governo Lula, o grande mérito
foi determinar a ampliação do programa com um aumento de sua cobertura a partir do
aumento no número de beneficiários, além do aumento no valor médio dos benefícios
familiares, comparado aos valores do governo anterior. Com este aumento pré-
determinado de cobertura, os prefeitos dos municípios tiveram de expandir seus
cadastros, reduzindo a possibilidade de uma política clientelística menor, favorecendo
apenas os pobres que fossem eleitores dos prefeitos. Assim, por um lado a esfera
federal manteve a sua ingerência ao determinar padrões de gestão do cadastro, mas
por outro lado a esfera federal teve pouca ingerência no sentido de determinar
intervenções clientelísticas. Os prefeitos, por sua vez, diante do quadro de expansão
da cobertura, também reduziram o potencial uso desta política para fins clientelísticos.
Estudo de avaliação do programa Bolsa Família conduzido pelo Cedeplar através de
uma pesquisa de linha de base (AIBF – Avaliação de Impacto do Programa Bolsa
Família) realizada em novembro de 2005, confirma a excelente focalização do
programa e seu impacto na redução da extrema pobreza e da pobreza. Sob o ponto
de vista do elenco de políticas sociais, o programa Bolsa Família se insere como uma
política assistencial não-contributiva com excelente focalização e voltado para o
atendimento das crianças e jovens em idade escolar.
Tabela 1:
Distribuição da população brasileira em arranjos domiciliares por macro-região em 2008
arranjos
casal uma casal uma casal dupla casal dupla
Macro-Região Total
unipessoal monoparental renda sem renda com renda sem renda com outros
filhos filhos filhos filhos
Norte Metropolitano Urbano 49,204 481,457 8,048 42,474 139,017 1,225,234 87,564 2,032,998
Norte Urbano Não-Metropolitano 230,078 1,904,705 54,019 435,395 710,998 6,219,786 364,695 9,919,676
Norte Rural 106,910 288,840 116,715 977,101 224,606 1,588,565 71,130 3,373,867
Nodeste Metropolitano Urbano 381,954 2,589,583 23,743 154,551 870,620 6,233,360 459,267 10,713,078
Nordeste Urbano Não-Metropolitano 829,180 5,881,544 229,985 1,762,113 2,010,322 16,320,286 978,287 28,011,717
Nordeste Rural 399,506 1,729,796 585,032 5,273,240 684,037 5,779,151 317,503 14,768,265
Sudeste Metropolitano Urbano 1,583,284 6,730,893 84,871 506,123 3,825,416 20,812,222 1,532,602 35,075,411
Sudeste Urbano Não-Metropolitano 1,470,840 6,726,407 187,337 1,029,972 4,142,133 23,519,268 1,319,283 38,395,240
Sudeste Rural 212,675 710,504 230,160 1,423,121 502,194 3,121,727 128,734 6,329,115
Sul Metropolitano Urbano 325,013 1,174,329 34,282 103,641 812,319 4,023,530 241,887 6,715,001
Sul Urbano Não-Metropolitano 656,586 2,514,864 227,624 656,683 1,920,302 9,670,544 504,412 16,151,015
Sul Rural 173,989 353,559 301,168 1,576,834 357,619 1,822,118 104,927 4,690,214
Centro-Oeste Metropolitano Urbano 89,274 503,748 1,798 14,392 203,954 1,484,690 82,537 2,380,393
Centro-Oeste Urbano Não-Metropolitano 383,865 1,721,784 60,599 267,147 1,032,114 5,872,713 361,933 9,700,155
Centro-Oeste Rural 79,679 127,594 143,410 393,573 177,239 746,085 29,070 1,696,650
Total 6,972,037 33,439,607 2,288,791 14,616,360 17,612,890 108439279 6,583,831 189952795
Fonte dos dados básicos: IBGE - PNAD 2008.
Tabela 2:
Tabela 3
Arranjo domiciliar por situação ocupacional para pessoas cônjuge ou referência para o Brasil em 2007
Sexo Masculino Sexo Feminino
Arranjos
pessoa desocupada pessoa ocupada inatividade Total pessoa desocupada pessoa ocupada inatividade Total
Freq % Freq % Freq % Freq % Freq % Freq % Freq
Unipessoal 43,683 1.33 2,535,158 76.93 716,763 21.75 3,295,604 56,657 1.76 1,483,294 45.95 1,687,781 52.29 3,227,732
Monoparental 17,821 1.55 778,236 67.60 355,119 30.85 1,151,176 297,227 3.42 5,274,351 60.76 3,109,633 35.82 8,681,211
Idade filho mais novo: 0 a 3 anos 733 1.63 38,845 86.52 5,320 11.85 44,898 57,342 8.50 509,847 75.59 107,329 15.91 674,518
Idade filho mais novo: 4 a 6 anos 1,480 2.71 48,444 88.62 4,739 8.67 54,663 30,527 4.88 517,342 82.73 77,498 12.39 625,367
Idade filho mais novo: 7 a 14 anos 3,347 1.27 231,161 87.88 28,529 10.85 263,037 100,118 4.90 1,641,050 80.37 300,740 14.73 2,041,908
Idade filho mais novo: 15 anos ou mais 12,261 1.55 459,786 58.31 316,531 40.14 788,578 109,240 2.05 2,606,112 48.81 2,624,066 49.15 5,339,418
Casal 427,167 1.14 32,492,484 86.43 4,672,357 12.43 37,592,008 1,722,741 4.58 22,536,663 59.92 13,351,865 35.50 37,611,269
Nenhum filho 81,748 0.98 6,356,745 76.10 1,914,732 22.92 8,353,225 282,123 3.38 4,708,929 56.42 3,355,695 40.20 8,346,747
Idade filho mais novo: 0 a 3 anos 70,669 1.06 6,503,803 97.51 95,086 1.43 6,669,558 507,562 7.61 3,858,801 57.83 2,305,782 34.56 6,672,145
Idade filho mais novo: 4 a 6 anos 41,168 1.03 3,858,855 96.59 94,864 2.37 3,994,887 268,576 6.72 2,661,386 66.58 1,067,538 26.71 3,997,500
Idade filho mais novo: 7 a 14 anos 98,026 1.11 8,348,294 94.15 420,289 4.74 8,866,609 428,628 4.83 6,190,410 69.76 2,255,072 25.41 8,874,110
Idade filho mais novo: 15 anos ou mais 135,556 1.40 7,424,787 76.48 2,147,386 22.12 9,707,729 235,852 2.43 5,117,137 52.64 4,367,778 44.93 9,720,767
Outros 29,071 2.94 796,389 80.45 164,508 16.62 989,968 42,403 2.72 796,541 51.05 721,466 46.24 1,560,410
Total 517,742 1.20 36,602,267 85.06 5,908,747 13.73 43,028,756 2,119,028 4.15 30,090,849 58.91 18,870,745 36.94 51,080,622
Fonte dos dados primários: IBGE, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) 2007.
Tabela 4:
Arranjo domiciliar por tipo de contribuição ao Instituto de Previdência para pessoas cônjuge ou referência para o
Brasil em 2007
contribuinte
Arranjos não contribuinte contribuinte Total
Freq % Freq %
Unipessoal 4,633,581 71.0 1,889,755 29.0 6,523,336
Tabela 5:
Arranjo domiciliar por recebimento de, pelo menos uma pessoa do domicílio, de transferência de
renda não contributiva para pessoas cônjuge ou referência no Brasil em 2006
Transferência de Renda Não Contributiva
Arranjos não recebia recebia Total
Freq % Freq %
Unipessoal 5,900,434 96.8 194,304 3.2 6,094,738
Tabela 6:
Faixa do rendimento domiciliar per capita (exclusive o rendimento das pessoas cuja condição na unidade domiciliar era pensionista, empregado
Arranjos parente do empregado doméstico) dos cônjuges ou pessoa referência em 2007
Sem rendimentos Até ¼ sal Mais de ¼ sal Mais de ½ sal Mais de 1 sal Mais de 2 sal Mais de 3 sal Mais de 5 sal Sem Declaração
Freq % Freq % Freq % Freq % Freq % Freq % Freq % Freq % Freq %
Unipessoal 271,668 4.2 82,059 1.3 168,413 2.6 1,798,952 27.6 1,809,784 27.7 781,506 12.0 627,246 9.6 843,255 12.9 140,453 2.2
Monoparental 170,714 1.7 973,075 9.9 1,895,322 19.3 2,827,494 28.8 2,246,127 22.8 691,956 7.0 445,479 4.5 292,153 3.0 290,067 3.0
Idade filho mais novo: 0 a 3 anos 37,507 5.2 214,296 29.8 200,802 27.9 161,357 22.4 63,963 8.9 16,050 2.2 10,564 1.5 4,572 0.6 10,305 1.4
Idade filho mais novo: 4 a 6 anos 26,939 4.0 156,004 22.9 194,179 28.6 179,459 26.4 73,020 10.7 18,417 2.7 15,466 2.3 6,894 1.0 9,652 1.4
Idade filho mais novo: 7 a 14 anos 58,504 2.5 339,334 14.7 600,381 26.0 710,687 30.8 367,255 15.9 91,404 4.0 55,408 2.4 31,951 1.4 50,021 2.2
Idade filho mais novo: 15 anos ou mais 47,764 0.8 263,441 4.3 899,960 14.7 1,775,991 29.0 1,741,889 28.4 566,085 9.2 364,041 5.9 248,736 4.1 220,089 3.6
Casal 753,321 1.0 6,301,822 8.4 12,848,496 17.1 20,406,928 27.1 18,390,434 24.5 6,110,302 8.1 4,668,974 6.2 3,748,747 5.0 1,974,253 2.6
Nenhum filho 210,497 1.3 292,833 1.8 1,426,263 8.5 4,035,805 24.2 5,209,569 31.2 1,923,421 11.5 1,590,244 9.5 1,579,330 9.5 432,010 2.6
Idade filho mais novo: 0 a 3 anos 256,128 1.9 2,289,748 17.2 3,528,441 26.4 3,491,287 26.2 2,117,207 15.9 633,808 4.8 484,538 3.6 317,562 2.4 222,984 1.7
Idade filho mais novo: 4 a 6 anos 90,072 1.1 1,093,214 13.7 1,920,699 24.0 2,316,735 29.0 1,526,806 19.1 403,947 5.1 302,426 3.8 190,672 2.4 147,816 1.8
Idade filho mais novo: 7 a 14 anos 134,182 0.8 1,918,442 10.8 3,754,325 21.2 5,391,850 30.4 3,772,401 21.3 1,047,911 5.9 782,202 4.4 515,269 2.9 424,137 2.4
Idade filho mais novo: 15 anos ou mais 62,442 0.3 707,585 3.6 2,218,768 11.4 5,171,251 26.6 5,764,451 29.7 2,101,215 10.8 1,509,564 7.8 1,145,914 5.9 747,306 3.8
Outros 49,176 1.9 75,301 3.0 345,797 13.6 638,536 25.0 708,901 27.8 262,180 10.3 192,901 7.6 189,511 7.4 88,075 3.5
Total 1,244,879 1.3 7,432,257 7.9 15,258,028 16.2 25,671,910 27.3 23,155,246 24.6 7,845,944 8.3 5,934,600 6.3 5,073,666 5.4 2,492,848 2.6
Fonte dos dados primários: IBGE, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) 2006.
Tabela 7:
Arranjo domiciliar por tipo de rede de ensino do filho para pessoas cônjuge ou referência para o Brasil em 2007
Tipo de Rede de Ensino
Arranjos Particular Pública Não aplicável Total
Freq % Freq % Freq %
Unipessoal 0 0.0 0 0.0 6,523,336 100.0 6,523,336
Os dados da Tabela 8 mostram que mais ou menos 64% dos “cjch” estão em
arranjos familiares em que eles têm a idade até 49 anos, sendo que em torno de 24%
estão na idade de 50 a 64 anos e 12% estão em arranjos domiciliares idosos. No caso
do grupo de idade compatível com o período reprodutivo, a maior concentração
relativa tanto para homens quanto para mulheres é no arranjo domiciliar de casal. A
concentração relativa nos arranjos casal e monoparental é maior com a presença de
filhos até 14 anos de idade. No grupo etário de 50 a 64 anos, a maior concentração
relativa é de arranjos domiciliares de casal com filhos de 15 anos ou mais. Já no
grupo etário de idosos, destaca-se a alta concentração relativa e absoluta de
domicílios unipessoais para as mulheres, e de arranjos domiciliares de casal sem
filhos no domicílio ou com filhos de 15 anos ou mais para os homens.
Mesmo sem entrar nas informações sobre trabalho domiciliar que se associam
ao cuidado, os dados da Tabela 8 já mostram que os arranjos domiciliares até a idade
de 49 anos são bom alvo de políticas públicas de conciliação do trabalho para o
mercado com o cuidado, pois concentram a presença de crianças nos domicílios,
enquanto os arranjos domiciliares de idosos indicam uma alta prevalência de
domicílios unipessoais para as mulheres, sugerindo um público alvo para políticas de
cuidado para os idosos.
Tabela 9:
Horas trabalhadas em afazeres domésticos e trabalho remunerado por pessoa referência pela idade do filho mais novo em arranjos domiciliares monoparentais para o Brasil em 2007
Um Filho Dois Filhos Três Filhos ou Mais
Tipo de Arranjo: monoparental Sexo Sexo Sexo
Masculino Feminino Masculino Feminino Masculino Feminino
Média Freqüência Média Freqüência Média Freqüência Média Freqüência Média Freqüência Média Freqüência
Idade filho mais novo: 0 a 3 anos
Horas Afazeres Domésticos (com afazeres domésticos>0) 13.0 12014 25.7 193952 17.4 8823 29.4 199072 15.1 13634 30.8 255378
Horas Afazeres Domésticos(com afazeres domésticos>=0) 10.4 15033 23.9 208286 12.5 12222 28.6 205014 11.7 17643 30.1 261218
Percentual de pessoas que não trabalham em afazeres domésticos 20.1% 6.9% 27.8% 2.9% 22.7% 2.2%
Horas Trabalho (com horas trabalho>=0) 40.9 15033 28.1 208286 36.1 12222 24.4 205014 37.3 17643 22.2 261218
Horas Trabalho (com horas trabalho>0) 50.9 12094 40.2 145657 45.9 9616 36.6 136357 44.7 14727 35.1 165438
Percentual de pessoas que não trabalham 19.6% 30.1% 21.3% 33.5% 16.5% 36.7%
Total
Horas Afazeres Domésticos (com afazeres domésticos>0) 15.2 458465 26.7 3857690 15.3 181937 27.6 2528941 15.3 112698 29.3 1601780
Horas Afazeres Domésticos(com afazeres domésticos>=0) 10.3 678043 24.3 4236354 9.8 283803 25.5 2729143 9.1 189330 27.3 1715714
Percentual de pessoas que não trabalham em afazeres domésticos 32.4% 8.9% 35.9% 7.3% 40.5% 6.6%
Horas Trabalho (com horas trabalho>=0) 26.5 678043 19.4 4236354 30.1 283803 23.0 2729143 32.1 189330 21.5 1715714
Horas Trabalho (com horas trabalho>0) 44.3 404976 37.8 2179221 43.5 196207 38.4 1636026 44.5 136541 36.3 1014498
Percentual de pessoas que não trabalham 40.3% 48.6% 30.9% 40.1% 27.9% 40.9%
Fonte dos dados primários: IBGE, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) 2007.
O caso dos arranjos domiciliares de casal sem filhos e casal com filhos é
apresentado na Tabela 10. Não só é representativa a alta porcentagem de homens
que não reportam trabalho em afazeres domésticos, mas também é notória a alta
carga de trabalho das mulheres que trabalham para o mercado sem sacrificar os
afazeres domésticos, as mulheres com um ou dois filhos e filho mais jovem de 0 a 3
anos de idade chegam a apresentar uma jornada dupla de mais de 68 horas
semanais, o que corresponde, por exemplo, a mais do que uma jornada de 8 horas
durante seis dias mais 3 horas de afazeres domésticos durante 6 dias. Esta alta carga
total de trabalho para as famílias de dupla carreira e uma cuidadora é indicativa da
contradição do antigo modelo “breadwinner”, num contexto em que a mulher conquista
cada vez mais o seu espaço no mercado de trabalho. Torna-se necessário cada vez
mais a elaboração de políticas públicas que facilitem a “desfamilização” através do
cuidado em serviços públicos ou da viabilização de políticas que consolidem a
operação do mercado de cuidado.
Tabela 10:
Horas trabalhadas em afazeres domésticos e trabalho remunerado por pessoa referência e/ou cônjuge pela idade do filho mais novo em arranjos domiciliares casal para o Brasil em 2007
Nenhum ou Um Filho Dois Filhos Três Filhos ou mais
Tipo de Arranjo: casal Sexo Sexo Sexo
Masculino Feminino Masculino Feminino Masculino Feminino
Média Freqüência Média Freqüência Média Freqüência Média Freqüência Média Freqüência Média Freqüência
Nenhum filho
Horas Afazeres Domésticos (com afazeres domésticos>0) 10.77 4866922 27.7 7950874 - - - - - - - -
Horas Afazeres Domésticos(com afazeres domésticos>=0) 6.273 8353225 26.4 8346747 - - - - - - - -
Percentual de pessoas que não trabalham em afazeres domésticos 41.7% 4.7% - - - - - - - -
Horas Trabalho (com horas trabalho>=0) 32.2 8353225 18.1 8346747 - - - - - - - -
Horas Trabalho (com horas trabalho>0) 44.24 6079182 35.8 4229991 - - - - - - - -
Percentual de pessoas que não trabalham 27.2% 49.3% - - - - - - - -
Total (filhos>=1)
Horas Afazeres Domésticos (com afazeres domésticos>0) 10.2 6289598 30.9 11074098 10.0 5436777 32.4 10180633 10.1 3312632 34.2 6715284
Horas Afazeres Domésticos(com afazeres domésticos>=0) 5.6 11566843 29.6 11582556 5.1 10645755 30.9 10652891 4.8 7026185 32.7 7029075
Percentual de pessoas que não trabalham em afazeres domésticos 45.6% 4.4% 48.9% 4.4% 52.9% 4.5%
Horas Trabalho (com horas trabalho>=0) 38.1 11566843 19.1 11582556 40.9 10645755 20.0 10652891 40.4 7026185 18.0 7029075
Horas Trabalho (com horas trabalho>0) 45.9 9617352 35.6 6226204 46.4 9382122 35.3 6036891 45.7 6204945 32.6 3882697
Percentual de pessoas que não trabalham 16.9% 46.2% 11.9% 43.3% 11.7% 44.8%
Fonte dos dados primários: IBGE, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) 2007.
A Tabela 11 mostra dados para pessoas “cjch” de acordo com uma tipologia de
arranjos domiciliares mais detalhada, uma vez que o casal de dupla renda (“dual
earner”) é separado do casal de uma renda domiciliar, o mesmo ocorrendo com a
separação da presença ou não de filhos. As horas de trabalho doméstico computam
como zero as pessoas que não têm afazeres domésticos, enquanto as horas
trabalhadas para o mercado são calculadas apenas para aqueles que trabalham.
Tabela 11:
Brasil
Condição das Pessoas no Domicílio e Horas trabalhadas no Horas trabalhadas em
Arranjos Média da idade
Idade do filho mais novo mercado de trabalho afazeres domésticos
Tabela 13:
Número e percentual de crianças ("filhos") de 0 a 4 anos de idade
segundo escolaridade e idade da Mãe, Brasil - Pnad de 2006
Anos de
Idade da Mãe
estudo da
Mãe 15 a 19 % 20 a 24 % 25 e mais % Total
0a3 107,295 10 453,422 13 1,457,906 17 2,018,623
4a8 675,995 63 1,612,291 46 3,166,656 38 5,454,942
9e+ 293,373 27 1,413,978 41 3,790,258 45 5,497,609
Total 1,076,663 100 3,479,691 100 8,414,820 100 12,971,174
Fonte: Elaboração própria a partir dos microdados da Pnad/IBGE.
Sob o ponto de vista de jornada de trabalho das mães para o mercado e renda
domiciliar per capita, os dados da Tabela 14 mostram que a taxa de atividade feminina
aumenta com o nível de renda. Em outras palavras, a maioria das mães que vivem
nos domicílios em extrema pobreza e na condição de pobreza não trabalha ou não
contribui para a formação de renda monetária. Entre as mulheres em extrema
pobreza e miseráveis que trabalham, a maioria trabalha em jornada de trabalho de
tempo parcial, enquanto as mulheres de renda domiciliar mais alta não só apresentam
uma taxa de atividade maior, também apresentam uma maior participação em jornada
de tempo integral. Tal resultado indica que provavelmente as mulheres de maior poder
aquisitivo utilizam alternativas de reconciliação entre trabalho e cuidado, ou
“desfamilização”, provavelmente envolvendo uma combinação do recurso à
empregada doméstica e às atividades privadas de ensino (tempo integral e aulas de
atividades complementares após escolas, como inglês, esportes, etc.).
Tabela 14:
Número de crianças ("filhos") de 0 a 4 anos de idade por condição na unidade domiciliar segundo total de horas trabalhadas por
semana pela Mãe e faixas de rendimento mensal domiciliar per capita , Brasil - Pnad de 2006
Faixas de Rendimento Domiciliar Per capita
Horas trabalhadas mais de 1/4 mais de 1/2 mais de 1 a mais de 2 Total
até 1/4 SM % % % % %
a 1/2 SM a 1 SM 2 SM SM
Mãe: Pessoa referência
não aplicável 442,722 65.9 462,167 51.8 363,626 38.6 132,730 29.1 63,201 26.0 1,464,446
até 30 horas 133,292 19.8 164,293 18.4 162,637 17.3 66,694 14.6 38,515 15.9 565,431
31 a 39 horas 8,030 1.2 25,320 2.8 40,561 4.3 15,756 3.5 12,534 5.2 102,201
40 a 49 horas 62,540 9.3 165,389 18.6 279,663 29.7 184,580 40.5 91,241 37.6 783,413
50 horas ou mais 25,651 3.8 74,415 8.3 95,412 10.1 56,532 12.4 37,256 15.3 289,266
Total 672,235 100.0 891,584 100.0 941,899 100.0 456,292 100.0 242,747 100.0 3,204,757
Mãe: Cônjuge
não aplicável 1,070,570 59.8 1,746,659 68.0 1,427,758 54.1 543,709 35.0 308,875 28.2 5,097,571
até 30 horas 575,378 32.2 537,069 20.9 508,580 19.3 266,839 17.2 195,001 17.8 2,082,867
31 a 39 horas 31,241 1.7 40,189 1.6 82,285 3.1 72,158 4.6 50,956 4.7 276,829
40 a 49 horas 82,642 4.6 179,140 7.0 490,640 18.6 542,425 34.9 430,145 39.3 1,724,992
50 horas ou mais 29,700 1.7 64,652 2.5 129,324 4.9 128,404 8.3 110,161 10.1 462,241
Total 1,789,531 100.0 2,567,709 100.0 2,638,587 100.0 1,553,535 100.0 1,095,138 100.0 9,644,500
Mãe: outra condição na unidade familiar
não aplicável 4064 67.4 9495 73.9 5,688 46.8 2061 33.0 633 17.5 21,941
até 30 horas 1469 24.4 2,567 20.0 1,756 14.4 828 13.2 1614 44.7 8,234
31 a 39 horas 497 8.2 306 2.4 0 0.0 0 0.0 0 0.0 803
40 a 49 horas 0 0.0 478 3.7 4255 35.0 2263 36.2 1,362 37.7 8,358
50 horas ou mais 0 0.0 0 0.0 460 3.8 1,101 17.6 0 0.0 1,561
Total 6,030 100.0 12,846 100.0 12,159 100.0 6,253 100.0 3,609 100.0 40,897
Total 2,467,796 3,472,139 3,592,645 2,016,080 1,341,494 12,890,154
Parte 2
Gráfico 2: Efeito do Bolsa Família e Bolsa Escola sobre a pobreza no Ciclo de Vida.
Inspirado num exercício realizado por Ricardo Paes de Barros, a aplicação
deste mesmo exercício à pesquisa AIBF é resumida nos Gráficos 1 e 2 acima. O
Gráfico 1 mostra que os programas não-contributivos de aposentadoria reduzem
substancialmente a pobreza das pessoas mais idosas, enquanto são transferências
menos efetivas na redução da pobreza das crianças e jovens. Já os programas de
transferência de renda condicionada, Bolsa Escola e PBF, são bastante efetivos na
redução da pobreza das crianças e de seus pais. Além da redução da pobreza, o
impacto no aumento do gasto com alimentos é claramente perceptivo.
Seis pontos são sugeridos por Molyneux (2009) para indicar se uma política
realmente “empodera” as mulheres. Os princípios de equidade de gênero foram
incluídos no programa? Os treinamentos providos pelo programa visam assegurar o
aumento das capacidades das mulheres, sua independência econômica e seu bem-
estar? O “empoderamento” das mulheres é um objetivo explícito do programa? O
programa visa transformar manifestações machistas e opressivas de gênero, como é o
caso da violência doméstica de gênero? Os participantes possuem voz no
planejamento do programa? As habilidades de cidadania são providas pelo
programa?
Quadro 6:
Parte 3
FOLBRE, Nancy and Michael BITTMAN (Eds). 2004. Family Time – The Social
Organization of Care, Routledge Advances in Feminist Economics, Routledge.
FRASER, N. (1994) ‘After the Family Wage: Gender Equity and the Welfare
State’, Political Theory 44 (4): 591-618.
LEIRA, Arnlaug (2009). Care, social citizenship and conflict: gender matters..
(Academic chapter/article) Conflict, Citizenship and Civil Society., Routledge. ISBN
9780415558730. s 99 – 110
ORLOFF, Ann Shola. 2006. “From Maternalism to ‘Employment for All’: State
Policies to Promote Women’s Employment across the Affluent Democracies, in Jonah
Levy (ed), The State After Statism, Harvard University Press.
WILLIAMS, Fiona. 2009. “Claiming and Framing in the Making of Care Policies:
The Recognition and Redistribution of Care, UNRISD, United Nations Research
Institute for Social Development, working paper, July.