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A IGREJA DE JESUS CRISTO DOS SANTOS DOS ÚLTIMOS DIAS • MARÇO DE 2004

A Liahona
Tornar-se um Povo
Motivado pelo Templo,
página 40
Dúvidas sobre a
Bênção Patriarcal?
Página 18
A Faxina da Primavera,
página A2
A IGREJA DE JESUS CRISTO DOS SANTOS DOS ÚLTIMOS DIAS • MARÇO DE 2004

A Liahona
P A R A O S A D U LT O S
2 Mensagem da Primeira Presidência: Encontrar a Paz
Presidente Thomas S. Monson
25 Mensagem das Professoras Visitantes: Sentir o Amor do Senhor
pelo Exercício da Fé
26 Oh, Como Precisamos Umas das Outras ! Bonnie D. Parkin
31 Consolada em Minha Angústia Colleen M. Pate
NA CAPA
Primeira Capa: Fotografia de 34 Não Foi um Sacrifício Cassandra Lin Tsai
Jerry Garns. Última Capa:
Fotografia do Templo de
36 Vozes da Igreja
Mesa Arizona, de Welden C. “Encontre os Missionários para Mim”
Andersen; Fotografia do Templo Luis Roberto Ramos de Sá Filho
de Hong Kong China, de Craig Um Empréstimo do Fundo Perpétuo de Educação Mudou
Dimond; Fotografia do Templo
de Cidade do México México;
Nossa Vida Kim Citlalpilli Sánchez Aldana Camacho
Fotografia do Templo de Sozinhos no Escuro Trisa Martin
Nuku‘alofa Tonga, de Floyd
Holdman.
40 Clássicos do Evangelho: Um Povo Motivado pelo Templo
Presidente Howard W. Hunter
47 Carta da Primeira Presidência
FUTU
PA R A O S J O V E N S RA S
ÍSTE
R
8 Os Pés de Morôni Adam C. Olson
LDER
12 Seja Um dos Melhores TURO É
FU
18 A Respeito da Bênção Patriarcal
CAPA DE O AMIGO 22 Sou Digna de Minha Bênção? Rachel Murdock
Ilustrado por Jewel Hodson.
48 Você Sabia?
VER “SEJA UM DOS
MELHORES”, PÁGINA 12.
O A M I G O — PA R A C R I A N Ç A S
A2 Vinde ao Profeta Escutar: A Faxina da Primavera
Presidente Gordon B. Hinckley
A4 Tempo de Compartilhar: Limpos Novamente
Sheila E. Wilson
A6 Uma Flor Silvestre e uma Oração Gayle M. Clegg
A8 Artigo sobre o Pôster: O Arrependimento
e a Expiação
A10 De um Amigo para Outro: O Surgimento de um
Testemunho Élder Steven E. Snow
A12 Da Vida do Presidente Heber J. Grant: Alcançar
um Objetivo
A14 Mary Jane Ouve Mary Ann Snowball

VER “CARTA DA PRIMEIRA VER “VOCÊ SABIA?”,


PRESIDÊNCIA”, PÁGINA 47. PÁGINA 48.
Março de 2004 Vol. 57, Nº 3 COMO UTILIZAR A LIAHONA
A LIAHONA 24983 059
Publicação oficial em português de A Igreja de
Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias.
A Primeira Presidência: Gordon B. Hinckley,
Thomas S. Monson, James E. Faust
Quórum dos Doze: Boyd K. Packer, L. Tom Perry,
Idéias para a Noite
David B. Haight, Neal A. Maxwell, Russell M. Nelson,
Dallin H. Oaks, M. Russell Ballard, Joseph B. Wirthlin,
Richard G. Scott, Robert D. Hales, Jeffrey R. Holland,
Henry B. Eyring
Editor: Dennis B. Neuenschwander
Familiar
Consultores: E. Ray Bateman, Monte J. Brough, Jay E. Jensen,
Stephen A. West
Diretor Gerente: David Frischknecht
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“Seja Um dos Melhores”, Mateus 3:13–17; Marcos 1:3–11;
Diretor Editorial de Publicações: Richard M. Romney página 12. O Élder Richard G. Lucas 3:21–22; João 1:19–37.)
Gerente Editorial Marvin K. Gardner
Equipe Editorial: Collette Nebeker Aune, Susan Barrett, Scott e o Élder Charles Ressalte que todas as pes-
Ryan Carr, Linda Stahle Cooper, LaRene Porter Gaunt, Shanna
Ghaznavi, Jenifer L. Greenwood, Lisa Ann Jackson, Carrie
Kasten, Melvin Leavitt, Sally J. Odekirk, Adam C. Olson, Judith M.
Didier dão conselhos soas precisam ser batiza-
Paller, Rebecca M. Taylor, Roger Terry, Janet Thomas, Paul aos jovens que se preparam para das. Jesus e Seus profetas deram o

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
VanDenBerghe, Julie Wardell, Kimberly Webb, Monica Weeks
Gerente Gráfico da Revista: M. M. Kawasaki fazer parte da “melhor de todas as exemplo. Usando este artigo, faça uma
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gerações de missionários”. Discuta atividade de perguntas e respostas
Andrus, C. Kimball Bott, Howard G. Brown, Thomas S. Child,
Reginald J. Christensen, Brent Christison, Kerry Lynn C. Herrin,
essas idéias com seus filhos. sobre o batismo dos profetas. Faça per-
Kathleen Howard, Denise Kirby, Tadd R. Peterson, Randall J.
Pixton, Mark W. Robison, Brad Teare, Kari A. Todd, Claudia E.
Pergunte-lhes o que podem fazer de guntas como: “Que profeta foi bati-
Warner
correto agora, apesar de sua tenra zado em uma piscina?”
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idade, em preparação para ensinar “Uma Flor Silvestre e uma Oração”,
A Liahona: com o Espírito quando tiverem idade página A6. Leiam juntos a história da
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coreano, croata, dinamarquês, esloveno, espanhol, Amor 25, A6 Metas A12
estoniano, fijiano, finlandês, francês, haitiano, húngaro, sentimentos sobre o templo. Usando
holandês, indonésio, inglês, islandês, italiano, japonês, Arrependimento 22, A2, Música 31
letão, lituano, malgaxe, marshallês, mongol, norueguês, o artigo do Presidente Howard W. A4, A8 Obediência 25, 34
polonês, português, quiribati, romeno, russo, samoano,
sinhala, sueco, tagalo, tailandês, taitiano, tâmil, tcheco, Hunter, explique-lhes as ordenanças Batismo 48, A14 Obra missionária 8, 12,
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varia de uma língua para outra.) do templo, do modo mais adequado. Bênção patriarcal 18, 22 A14
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March 2004 Vol. 57 No. 3. A LIAHONA (USPS 311-480)
Portuguese (ISSN 1044-3347) is published monthly by o suficiente, de freqüentá-lo sempre. Visitantes 25 Profetas 48, A12
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esclarecê-las. História da Família 40 Templos 40, 47
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Distribution Center, Church Magazines, PO Box 26368, “Você Sabia?” página 48. Leia a História da Igreja 48 Testemunho A10
Salt Lake City, UT 84126-0368.
respeito do batismo de Jesus. (Ver Igreja no mundo A8, A10

A L I A H O N A MARÇO DE 2004 1
MENSAGEM DA PRIMEIRA PRESIDÊNCIA

Encontrar a

Paz
P R E S I D E N T E T H O M A S S. M O N S O N
Primeiro Conselheiro na Primeira Presidência

N
um mundo em que a paz é uma muita freqüência, no lar, na família e dentro
busca universal, muitas vezes nos per- do coração. Muitos esquecem rapidamente
guntamos por que a violência cami- e lembram-se tardiamente do conselho do
nha por nossas ruas, relatos de assassinatos e Senhor: “Não haverá disputas entre vós. (…)
mortes sem sentido enchem as colunas dos Pois em verdade, em verdade vos digo que
jornais, e brigas e disputas familiares prejudi- aquele que tem o espírito de discórdia não é
cam a santidade do lar e sufocam a tranqüili- meu, mas é do diabo, que é o pai da discórdia
dade de tantas vidas. e leva a cólera ao coração dos homens, para
Talvez estejamos nos desviando do cami- contenderem uns com os outros.
nho que leva à paz e percebamos ser neces- Eis que esta não é minha doutrina, levar a
sário parar, ponderar e refletir sobre os cólera ao coração dos homens, uns contra os
ensinamentos do Príncipe da Paz e tomar outros; esta, porém, é minha doutrina: que Talvez estejamos nos
a decisão de incorporá-los a nossos pensa- estas coisas devem cessar”.1 desviando do caminho
mentos e ações, viver a lei maior, caminhar Ao retrocedermos os ponteiros do reló- que leva à paz e per-
por uma estrada mais elevada e ser melho- gio do tempo, recordamo-nos que houve, há cebamos ser necessário
res discípulos de Cristo. cerca de 65 anos, uma tentativa desesperada parar, ponderar e
de paz; uma conferência de paz realizada na refletir sobre os ensina-
Os Inimigos da Paz cidade alemã de Munique. Os líderes das mentos do Príncipe da
A devastação causada pela fome na África, potências européias reuniram-se, enquanto Paz e tomar a decisão
a brutalidade do ódio no Oriente Médio e as o mundo vacilava à beira da guerra. Seu pro- de incorporá-los a nos-
lutas étnicas por todo o globo lembram-nos pósito, claramente declarado, era tomar um sos pensamentos e
de que a paz que buscamos não será alcan- rumo que, a seu ver, talvez evitasse a guerra ações.
çada sem esforço e determinação. É difícil e garantisse a paz. A falta de confiança, as
dominar adversários como a raiva, o ódio e a intrigas e o desejo de poder condenaram
contenda. Esses inimigos deixam inevitavel- essa conferência ao fracasso. O resultado
A OVELHA PERDIDA, DE DEL PARSON

mente em seu rastro destrutivo lágrimas de não foi “paz em nossos tempos”, mas, sim,
pesar, a dor causada pelos conflitos e a tris- guerra e destruição em um nível nunca visto
teza de vermos destruída a esperança do que anteriormente. Ignorou-se, ou ao menos
poderia ter sido. Sua esfera de influência não deixou-se de lado o apelo tocante de alguém
se restringe aos campos de batalha, mas todas que sucumbira em outra guerra. Ele parecia
essas coisas podem ser observadas, com estar escrevendo em defesa de milhões

A LIAHONA MARÇO DE 2004 3


de companheiros de batalha, tanto amigos quanto sugerir três idéias para inspirar nossa mente e guiar
inimigos: nossos passos:
1. Buscar dentro de nós;
Nos campos de Flandres as papoulas florescem
2. Estender a mão; e
Entre as cruzes enfileiradas
3. Olhar para o céu.
Que indicam a nossa morada; e lá no céu,
Primeiro: Buscar dentro de nós. A auto-avaliação é
As cotovias ainda cantam, intrépidas a voar
sempre difícil. Somos freqüentemente tentados a ate-
Porém, quase não são ouvidas em meio aos tiros
nuar áreas que exigem correção e a salientar constante-
de canhão.
mente os nossos pontos fortes. O Presidente Ezra Taft
Somos os mortos. Há poucos dias Benson (1899–1994) nos aconselhou: “O preço da paz é
Vivíamos, sentíamos o amanhecer, víamos o a retidão. Homens e nações podem proclamar em altos
pôr-do-sol, brados: ‘Paz, paz’, mas não haverá paz até que as pessoas
Amávamos e éramos amados, nutram na alma os princípios da pureza pessoal, da inte-
Agora jazemos nos campos de Flandres. gridade e do caráter, que promovem o desenvolvimento
da paz. A paz não pode ser imposta. Precisa originar-se
Prossigam nossa luta contra o inimigo:
na vida e no coração dos homens. Não há outra
Passamos a vós, de nossas mãos debilitadas,
maneira”.4
A tocha, para que seja vossa e a mantenhais
O Élder Richard L. Evans (1906–1971) do Quórum dos
erguida.
Doze Apóstolos observou: “Para encontrar a paz — a paz
Se faltardes com a palavra para conosco que
interior, a paz que excede todo o entendimento — os
morremos
homens precisam viver honestamente, amando e tratando
Jamais descansaremos, embora as papoulas
os entes queridos com carinho, servindo e respeitando o
floresçam
próximo com paciência, com virtude, com fé e longanimi-
Nos campos de Flandres.2
dade, com a certeza de que a vida é para aprender, servir,
Estaremos fadados a repetir os erros do passado? O arrepender-se e progredir. E devemos agradecer a Deus
renomado estadista William Gladstone descreveu a fór- pelos princípios consagrados do arrependimento e do pro-
mula da paz, ao declarar: “Ansiamos pela época em que gresso, que é um caminho aberto a todos nós”.5
o poder do amor substituirá o amor pelo poder. Então Veremos que o papel dos pais no lar e na família é de
o mundo conhecerá as bênçãos da paz”. vital importância ao examinarmos nossas responsabilida-
des pessoais nesse sentido. Há pouco tempo, um grupo
A Paz de Deus eminente reuniu-se para examinar o aumento da violência
A paz mundial, embora seja uma meta grandiosa, nada na vida das pessoas, principalmente na vida dos jovens.
mais é do que o resultado da paz pessoal que o indivíduo Algumas de suas observações nos são úteis, ao examinar-
procura alcançar. Não me refiro à paz promovida pelo mos nossas prioridades:
homem, mas a paz prometida por Deus. Refiro-me à paz no “Uma sociedade que encara a violência explícita como
lar, à paz no coração e até à paz na vida. A paz, segundo o entretenimento (…) não deveria ficar surpresa ao ver a
homem, perecerá. A paz, à maneira de Deus, prevalecerá. violência sem sentido destruir os sonhos dos jovens e dos
Ouvimos dizer que “a ira nada resolve, nada edifica; mais inteligentes (…)
pode, porém, destruir tudo”.3 As conseqüências do con- (…) O desemprego e a falta de esperança podem levar
flito são tão devastadoras que ansiamos por orientação ao desespero. Mas a maioria das pessoas não comete ações
— sim, um modo de assegurar o sucesso ao buscarmos desesperadas, se tiver aprendido que a dignidade, a hones-
um caminho que leve à paz. Como podemos conseguir tidade e a integridade são mais importantes que a vingança
essa bênção universal? Quais são os pré-requisitos? ou o ódio; e se entender que, em última análise, o respeito
Lembremo-nos de que para recebermos as bênçãos de e a gentileza nos proporcionam melhor oportunidade de
Deus, precisamos antes fazer a Sua vontade. Gostaria de sucesso. (…)

4
As mulheres reunidas num congresso con-
tra a violência encontraram a solução — a
única que pode reverter a tendência cada vez
pior que vemos do comportamento destru-
tivo e da dor sem sentido. A volta aos valores
familiares tradicionais fará prodígios.”6
Com muita freqüência, cremos que nossos
filhos precisam de mais coisas, quando na
realidade suas súplicas silenciosas são sim-
plesmente por mais de nosso tempo. O acú-
mulo de riquezas ou a multiplicação de bens
desvirtuam o ensinamento do Mestre:
“Não ajunteis tesouros na terra, onde a
traça e a ferrugem tudo consomem, e onde
os ladrões minam e roubam;

A
Mas ajuntai tesouros no céu, onde nem a em um vácuo. Ser membro da Igreja faz paz mundial,
traça nem a ferrugem consomem, e onde os nascer a determinação de servir. Um cargo embora seja
ladrões não minam nem roubam. de responsabilidade talvez não tenha sua uma meta
Porque onde estiver o vosso tesouro, aí importância reconhecida nem sua recom- grandiosa, nada
estará também o vosso coração”.7 pensa amplamente divulgada. O serviço, mais é do que o
Outra noite, vi grandes grupos de pais e para ser aceitável ao Senhor, deve vir de resultado da paz pes-
filhos atravessando um cruzamento em Salt uma mente solícita, mãos prontas e um soal que o indivíduo
Lake City, rumo a um ginásio, para assistir a coração dedicado. procura alcançar.
um espetáculo de patinação no gelo que O desânimo poderá, às vezes, obscurecer Não me refiro à paz
encenava “A Bela e a Fera”. Na verdade, nosso caminho; a frustração talvez se torne promovida pelo
parei meu carro junto ao meio-fio para uma companheira constante. Em nossos homem, mas a paz
observar a alegre multidão. Os pais, que ouvidos talvez soe o sofisma de Satanás, sus- prometida por Deus.
com certeza foram persuadidos a assistir ao surrando: “Você não pode salvar o mundo; Refiro-me à paz no
espetáculo, seguravam firmemente as mãos seus pequenos esforços são inúteis. Você lar, à paz no coração
de seus preciosos filhos. Ali se via o amor não tem tempo para se preocupar com os e até a paz na vida.
em ação. Presenciava-se um sermão sobre outros”. Colocando nossa confiança em
o afeto. Ali estava o remanejamento do Deus, afastemo-nos dessas mentiras e asse-
tempo de cada um, como uma prioridade guremo-nos de que nossos passos estejam
dada por Deus. firmemente voltados para o serviço, e nosso
Verdadeiramente, a paz reinará triunfante coração e nossa alma estejam totalmente
quando nos aperfeiçoarmos de acordo com dedicados a seguir o exemplo do Senhor.
o padrão ensinado pelo Senhor. Então apre- Quando a luz da decisão se enfraquece e o
FOTOGRAFIA DE JOHN LUKE, POSADA POR MODELOS

ciaremos a profunda espiritualidade escon- coração fica oprimido, podemos confortar-


dida atrás das palavras singelas de um hino nos com Sua promessa: “Não vos canseis de
familiar: “Tudo é belo em derredor com fazer o bem. (…) De pequenas coisas pro-
amor no lar”.8 vém aquilo que é grande. Eis que o Senhor
Segundo: Estender a mão. Embora saiba- requer o coração e uma mente solícita”.9
mos que a exaltação é um assunto pessoal Durante certo ano, a organização da
e que as pessoas não são salvas em grupos, Primária esforçou-se para que as crianças se
mas sim individualmente, não se pode viver familiarizassem com o templo sagrado de

A LIAHONA MARÇO DE 2004 5


enviou-me a restaurar os contritos de cora-
ção, a proclamar liberdade aos cativos, e a
abertura de prisão aos presos”.11 Essa foi uma
declaração formal da paz que excede todo o
entendimento.
Com freqüência, a morte chega como uma
intrusa. É um inimigo que surge repentina-
mente no meio do banquete da vida, apa-
gando-lhe a luz e a alegria. A morte pousa sua
mão sombria sobre aqueles que nos são caros
e, algumas vezes, deixa-nos perplexos e abis-
mados. Em determinadas situações, como
as de grande sofrimento e doença, a morte
chega como um anjo de misericórdia. Mas
aos que sofrem, a promessa de paz do Mestre

A
o olharmos Deus. Esse trabalho freqüentemente resultava é o bálsamo consolador que cura: “Deixo-vos
para o céu, em uma visita aos jardins do templo. O riso das a paz, a minha paz vos dou: não vo-la dou
descobrimos criancinhas, a alegria da juventude livre e a exu- como o mundo a dá. Não se turbe o vosso
que a comunicação berância de energia demonstrada por elas ale- coração, nem se atemorize”.12 “Vou preparar-
com nosso Pai graram meu coração ao observá-las. Enquanto vos lugar (…) para que onde eu estiver este-
Celestial por meio uma professora dedicada encaminhava uma jais vós também.”13
da oração, que é criancinha à grande porta do Templo de Salt Oro para que todos os que perderam
o caminho para o Lake e ela estendia a mão para tocá-lo, eu alguém que amaram saibam da realidade da
poder espiritual e quase vislumbrava o Mestre recebendo as ressurreição e adquiram um conhecimento ina-
um passaporte para crianças e ouvia Suas palavras confortadoras: balável de que as famílias podem ser eternas.
a paz, é conforta- “Deixai vir os meninos a mim, e não os impe- Um deles foi o major Sullivan Ballou que,
dora e satisfatória. çais; porque dos tais é o reino de Deus”.10 durante a Guerra Civil Americana, escreveu
Terceiro: Olhar para o céu. Ao fazê-lo, des- uma carta comovente à esposa — apenas uma
cobrimos que a comunicação com nosso Pai semana antes de morrer na Batalha de Bull
Celestial por meio da oração, que é o caminho Run. Sintam comigo o amor que tinha na alma,
para o poder espiritual e um passaporte para a sua confiança em Deus, sua coragem e fé.
paz, é confortadora e satisfatória. Lembramo- “14 de julho de 1861.
nos de Seu Filho Bem Amado, o Príncipe da Campo Clark, Washington
Paz, aquele pioneiro que literalmente nos Minha adorada Sarah,
mostrou o caminho. Seu plano divino pode Tudo indica que estaremos marchando
salvar-nos das babilônias do pecado, da com- nos próximos dias — talvez amanhã. Com
placência e do erro. Seu exemplo indica o receio de não poder mandar-lhe outra carta,
caminho. Quando Se defrontou com a tenta- senti o impulso de escrever-lhe algumas
ção, Ele afastou-Se dela. Quando Lhe oferece- linhas, que talvez só venha a ler quando eu
ram o mundo, Ele recusou-o. Quando Lhe não mais existir. (…)
pediram a vida, Ele deu-a. Não tenho receio nem falta de confiança
Em uma ocasião muito significativa, Jesus quanto à causa pela qual estou lutando e
leu um texto de Isaías: “O Espírito do Senhor minha coragem não diminui nem vacila (...)
Deus está sobre mim; porque o Senhor me estou (…) perfeitamente (…) disposto
ungiu, para pregar boas novas aos mansos; a oferecer todas as alegrias desta vida

6
para ajudar a manter este governo. (...) paz em relação aos entes queridos cujas sepulturas estão
Sarah, meu amor por você é imortal; parece que ele marcadas por cruzes na Normandia, que repousam em
me prende com correntes tão fortes que nada, exceto a lugares santos nos campos de Flandres, onde as papoulas
Onipotência, poderia rompê-las; e ainda assim, o amor que florescem na primavera, e que descansam em inúmeros
sinto por meu país domina meu ser como um vento forte e locais, inclusive nas profundezas do mar. “Clamemos, hoje,
transporta-me irresistivelmente, com todas essas correntes, com fervor: ‘Eu sei que vive meu Senhor!’” 17 ■
para o campo de batalha. NOTAS
As lembranças dos momentos felizes que passei a seu 1. 3 Néfi 11:28–30. janeiro de 1994, p. A12.
2. John McCrae, “In Flanders 7. Mateus 6:19–21.
lado tomam conta de mim e fazem com que me sinta grato Fields”, The Best Loved Poems 8. “Com Amor no Lar”, Hinos,
a Deus e a você por tê-los desfrutado durante tanto tempo. of the American People, sel. n.o 188
Hazel Felleman 1936, p. 429. 9. D&C 64:33–34.
É difícil desistir deles e transformar em cinzas as esperanças 3. L. Douglas Wilder, citado em 10. Marcos 10:14.
de anos futuros, quando, se Deus permitisse, poderíamos “Early Hardships Shaped 11. Isaías 61:1; ver Lucas 4:17–20.
Candidates”, Deseret News, 1º 12. João 14:27.
ainda ter vivido e amado juntos e visto nossos filhos cresce- de dezembro de 1991, p. A2. 13. João 14:2–3.
rem, tornando-se adultos honrados a nosso lado. Tenho, 4. “Purposeful Living”, Listen, 14. Citado em Geoffrey C. Ward,
A Journal of Better Living, The Civil War, 1990, pp.
sei, pouco direito à Providência Divina, mas algo me sus- janeiro–março, 1955, p. 19. 82–83.
5. Conference Report, outubro 15. João 11:25–26.
surra — talvez seja a oração de meu pequeno Edgar, trazida de 1959, p. 128. 16. Lucas 24:5–6.
pelo vento, que eu voltarei ileso para meus entes queridos. 6. “Family Values in a Violent 17. “Eu Sei Que Vive Meu
Society”, Deseret News, 16 de Senhor”, Hinos, n.o 70.
Se isso não acontecer, minha querida Sarah, nunca se
esqueça do quanto eu a amo; e quando eu exalar o último
suspiro no campo de batalha, sussurrarei o seu nome.
Perdoe[-me] por meus (…) erros e pelas muitas dores que
I D É I A S PA R A O S M E S T R E S
lhe causei. Quantas vezes fui desatencioso e tolo! Como FAMILIARES
ficaria feliz se pudesse lavar com minhas lágrimas cada
Depois de preparar-se em espírito de oração, transmita essa
pequena mancha que empanou sua felicidade. (...)
mensagem usando um método que incentive a participação
Mas, oh, Sarah! Se os mortos retornam à Terra sem
das pessoas a quem for ensinar. Seguem-se alguns exemplos:
serem vistos por aqueles a quem amam, eu estarei sempre
1. Mostre um jornal com as manchetes atuais sobre os pro-
a seu lado; nos dias mais felizes e nas noites mais escuras
blemas do mundo e pergunte aos membros da família se já
(…) sempre, sempre; e se sentir uma suave brisa na face,
sentiram medo por causa desses problemas. Converse sobre
será minha respiração; quando o ar refrescar-lhe a têmpora
maneiras pelas quais o Salvador pode ajudar-nos a encontrar
latejante, será o meu espírito passando por você. Sarah,
paz e a vencer o temor, apesar dos problemas que existem no
não chore por mim; pense que eu me fui e que vou
mundo.
esperá-la, pois nos encontraremos novamente.”14
2. Pergunte a uma criança ou jovem da família se já preci-
sou de ajuda porque alguém estava sendo rude ou porque as
Nossa Mensagem de Paz
coisas não estavam indo bem na escola. Peça aos membros
A escuridão da morte poderá ser sempre dissipada
da família que digam como o Salvador poderia ajudar.
pela luz da verdade revelada. O Mestre disse: “Eu sou a
3. A pessoa que você está ensinando já perdeu um ente
ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda que esteja
querido? Preste seu testemunho da Ressurreição do Salvador
morto, viverá; e todo aquele que vive, e crê em mim,
e de seu efeito sobre todos nós, ou se for conveniente, peça
nunca morrerá”.15
que a pessoa preste seu testemunho aos outros membros da
Além de Suas palavras estão as do anjo, dirigidas à Maria
família.
Madalena e à outra Maria, ao aproximarem-se do sepulcro
para cuidar do corpo de seu Senhor: “Por que buscais o
vivente entre os mortos? Não está aqui, mas ressuscitou”.16
Essa é a nossa mensagem. Ele vive! E, porque vive, todos
viveremos novamente. Este conhecimento concede-nos

A LIAHONA MARÇO DE 2004 7


Os pés de Morôni Rubio conquistaram
recordes de velocidade e a possibilidade
de competir nos Jogos Olímpicos.
Mas ele acredita que a coisa mais
importante que seus pés podem fazer
é levar a mensagem do evangelho.

8
A DA M C . O L S O N
Revistas da Igreja

orôni Rubio tinha apenas 16 conquistou o primeiro lugar nos 100 metros

M anos quando conquistou o pri-


meiro lugar entre os corredo-
res do México, depois de
no campeonato Centro Americano Júnior e
recebeu o título de atleta do ano do Estado
de Yucatán.
Depois de quebrar
o recorde dos 100
quebrar o recorde dos Seus sonhos dependem de seus pés, e e 200 metros rasos
100 e dos 200 sua esperança é que eles o levem para as em sua divisão,
metros rasos. Olimpíadas de Verão de 2008, em Beijing, na Morôni Rubio tem
Naquele China. No entanto, mesmo que por algum grandes expectativas
mesmo ano, motivo isso não aconteça, eles já terão reali- em relação à sua
2002, ele zado uma grande obra. carreira esportiva.

OS PÉS
DE MORÔNI FOTOGRAFIA DE CRAIG DIMOND,
EXCETO QUANDO INDICADO;
FOTOGRAFIA DA MARGEM POR
ADAM C. OLSON

A LIAHONA MARÇO DE 2004 9


Apesar de um horário Seus pés fizeram com que muitas pessoas escola, ele só tem tempo para um rápido lan-
muito atarefado, conhecessem o seu nome, proporcionando- che antes de sair para os treinos. Quando
incluindo escola, lhe muitas oportunidades missionárias. Devido retorna ao lar, por volta das 20h, mal tem
Igreja, treinos e ao seu sucesso nas pistas de corrida, Morôni tempo de jantar e fazer sua lição de casa.
outras coisas, Morôni apareceu diversas vezes na televisão, e seu Depois, vai direto para a cama. Acompanhar
gosta de tocar violão nome sempre foi destaque na tela. o Morôni não é um desafio apenas na pista.
e de passar um tempo “Muitas pessoas me fazem perguntas “É um sacrifício”, diz Morôni. “Muitas
com a família. sobre o meu nome”, diz Morôni, sacerdote vezes fico com vontade de fazer outras coisas,
da Estaca Mérida México Lakín. “Essa é uma como sair com os amigos ou tocar violão.
grande oportunidade para falar sobre o evan- Mas não tenho tempo.”
gelho. Quando corro, os membros que me
vêem sempre sabem que também sou mem- O Corredor Malabarista
bro, por causa do meu nome. Creio que isso Ao tentar equilibrar seus horários de
é algo que os faz sentirem-se orgulhosos.” treino com os deveres de casa, a família, a
Seus treinadores sempre lhe disseram que Igreja e os amigos, a escritura a respeito do
ele tem belas passadas. Mas para Morôni, ter homem que corre “mais rapidamente do que
“belos pés” é algo igualmente importante, suas forças o permitam” tem mais de um sig-
lembrando-se das palavras de Isaías a respeito nificado para ele.
dos missionários: “Quão formosos são, sobre Como muitos adolescentes SUD, Morôni
os montes, os pés do que anuncia as boas tem que tomar cuidado para não se sobrecar-
novas”. (Isaías 52:7) regar de trabalho. Por sua experiência como
corredor, Morôni sabe que uma pessoa pode
Fazer Sacrifícios machucar-se se vier a esforçar-se demasiada-
Não foi fácil chegar à posição que ele mente. Tal como o rei Benjamim disse a seu
ocupa hoje. Ele é um corredor de veloci- povo: “Não se exige que o homem corra mais
dade com um programa de treina- rapidamente do que suas forças o permitam”.
mento de maratonista. Morôni sai (Mosias 4:27)
bem cedo para ir à escola. Depois da Mas para Morôni, essa escritura não é

10
desculpa para não progredir; mas sim um ele não se achar
desafio para aumentar sua força. Quando ele melhor do que eles
começou a competir nos 100 metros, aos 14 por causa de toda
anos de idade, seu melhor tempo era 11,9 atenção que recebe.
segundos. Por meio de desenvolvimento e Afinal de contas, eles
treinamento, ele aumentou sua força e também têm seus
melhorou seu tempo. Agora o melhor tempo próprios talentos.
de Morôni nos 100 metros é 10,46 segundos Sua irmã, Joycy, de
— o recorde mexicano da divisão júnior. 20 anos, sempre foi a
“O segredo é a constância no treina- melhor de sua turma
mento”, diz ele. “Todos os dias, sem desistir. na escola. Álvaro Jr.,
Sei que tenho limites, mas eles podem ser de 19 anos, é um artista e cantor talentoso. O sucesso de Morôni
mudados. Na pista, há momentos em que Steven, de 14 anos, é entusiasmado e tam- nas pistas (abaixo à
acho que não vou conseguir, mas o esforço bém corre muito bem. E Marianna, de 10 esquerda) tornou-o
para ir um pouco além faz parte do sacrifício anos, “será muito boa nos negócios”, diz o famoso quando
para melhorar.” pai, Álvaro. “Mesmo que não sejam cam- ainda bem jovem
Ou, nas palavras do rei Benjamim: peões nacionais de alguma coisa, eles podem (acima) e deu-lhe
“E, novamente, é necessário que ele seja ter satisfação fazendo o melhor que podem.” oportunidades de
diligente, para que assim possa ganhar De fato, Morôni diz que os admira muito, compartilhar o evan-
o galardão”. (Mosias 4:27) Essa lição não especialmente seu irmão mais velho, Álvaro Jr., gelho, mesmo antes
que está servindo na Missão México Puebla. de trocar seus tênis
“Sempre soube que sem a ajuda de Deus de corrida por sapa-
eu nada seria. Ele deu-me o talento”, diz tos de proselitismo.
Morôni. “Sempre oro pedindo Sua ajuda.
Minha vida seria muito mais difícil sem os
ensinamentos do evangelho.”

Calçados os Pés com a Preparação do


Evangelho da Paz
Depois que os pés de Morôni o tiverem
ajudado a divulgar o evangelho na pista e no
é esquecida quando Morôni está fora da campo, ele espera que eles o ajudem a pro-
pista. clamar o evangelho no campo missionário.
“As provações que às vezes nos parecem “Creio que as coisas que estou fazendo
À DIREITA: FOTOGRAFIA DE EVENTOS ESPORTIVOS CORTESIA DA FAMÍLIA RUBIO

impossíveis de ser superadas, nem sempre como corredor são importantes para o
o são”, diz Morôni. “O Senhor nunca nos dá Senhor”, diz Morôni. “Mas servir em uma
problemas que não possamos sobrepujar. missão é mais importante do que correr.
Podemos vencê-los, mesmo que a princípio Servir numa missão é uma de minhas metas,
não consigamos fazê-lo. A maneira de crescer independentemente do que acontecer em
e melhorar é nunca desistir. No final, os sacri- minha carreira esportiva.”
fícios valem a pena.” E assim, Morôni, o corredor, se tornará
Morôni, o missionário — tendo “calçados os
Fãs na Família pés com a preparação do evangelho da paz”.
Morôni diz que o maior apoio que ele (D&C 27:16)
tem durante as provações — tanto na pista E desse modo, Morôni trocará seus
quanto fora dela — é sua família. Ele se sente tênis de corrida por sapatos de
muito grato por isso. Sua família fica feliz por proselitismo. ■

A LIAHONA MARÇO DE 2004 11


Seja
um dos
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Melhores
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uma conversa com as revistas da o Élder Richard G. Scott para as revistas da
Igreja, o Élder Richard G. Scott, do Igreja.
Quórum dos Doze Apóstolos, e o Mas reconhecer e obedecer aos sussurros

O
que os jovens Élder Charles Didier, da Presidência dos do Espírito Santo não são coisas que os mis-
podem fazer Setenta, explicaram que há muitas coisas sionários aprendem automaticamente no
hoje para que podem ajudá-lo a fazer parte da “melhor Centro de Treinamento Missionário (CTM).
tornarem-se o tipo geração de missionários”.1 Você provavel- Essas coisas precisam ser aprendidas por

FOTOGRAFIA DE JOHN LUKE, EXCETO QUANDO INDICADO; FOTOGRAFIA POSADA POR MODELOS
de missionários mente já está fazendo algumas dessas meio da experiência, começando o mais
que o Pai Celestial coisas. cedo possível.
espera que sejam Também precisamos aprender desde cedo
amanhã? Obedecer aos Sussurros do Espírito que se desobedecermos aos sussurros do
“Se não receberdes o Espírito, não ensi- Espírito Santo, estaremos pecando, e nossa
nareis.” (D&C 42:14) capacidade de receber a orientação do
É essencial que a melhor geração de Espírito Santo fica diminuída. (Ver Mosias
missionários tenha a orientação do Espírito 2:36; Helamã 4:24.)
Santo. Ter o Espírito é algo absolutamente “Os jovens que se preparam para a mis-
necessário para o trabalho missionário. são precisam manter-se o mais longe possí-
Podemos compartilhar nossas crenças vel dos limites do pecado”, disse o Élder
ou explicar a doutrina, mas é o Espírito Scott. “Isso lhes dará a plenitude da alegria
que toca o coração das pessoas e as ao prepararem-se; garantir-lhes-á a maior
converte. capacidade de serem guiados pelo Espírito.”
“O missionário precisa estar vivendo de Quando cometemos erros, o arrependi-
modo que o Espírito possa inspirá-lo”, diz mento sincero é necessário para que

12
A LIAHONA MARÇO DE 2004 13
desfrutemos da companhia do Espírito Santo nova- de santificar o Dia do Senhor, se não estiver vivendo esse
mente. Infelizmente, alguns pecados o impedirão de mandamento.
fazer parte da maior geração de missionários. “Para ensinar pelo Espírito é preciso haver um investi-
“Há algumas atividades que impedirão que os jovens mento de tempo e esforço”, diz o Élder Scott. “Não basta
tenham o privilégio de serem missionários”, diz o Élder apenas dizer: ‘Bem, vou simplesmente sair e esperar que o
Scott. “Eles podem ter-se arrependido, mas se fizeram cer- Espírito me diga o que fazer’. Você tem que entesourar o
tas coisas, ser-lhes-á pedido que simplesmente sigam evangelho — em especial a mensagem da Restauração —
adiante em sua vida.” em sua mente e coração.”

À ESQUERDA: AMON E O REI LAMÔNI, DE SCOTT SNOW; À DIREITA: FOTOGRAFIA DE WELDEN C. ANDERSEN
Antes de entrar no CTM, os missionários devem ter
Obter a Palavra lido a Bíblia, o Livro de Mórmon, Doutrina e Convênios
“Não procures pregar minha palavra, mas primeiro e Pérola de Grande Valor, e adquirido um testemunho
procura obter minha palavra e então tua língua será desses livros. Os missionários em pespectiva devem
desatada; e então, se o desejares, terás meu Espírito e compreender o significado da Expiação, a Restauração
minha palavra, sim, o poder de Deus para convencer da plenitude do evangelho, a autoridade do sacerdócio,
os homens.” (D&C 11:21) os profetas vivos e a capacidade de receber revelação.
Você já ouviu alguém dizer que “não é possível tirar Devem ter desenvolvido um relacionamento fervoroso
água de um poço vazio”? Obviamente, um poço não tem com Deus.
grande utilidade se não houver água nele. “Antes de podermos declarar a palavra, precisamos
O mesmo acontece com os missionários. De que vale obtê-la” (ver D&C 11:21), explicou o Élder Charles
um missionário que não tem nada para dizer? O Espírito Didier para as revistas da Igreja. “Alguns acham que
Santo não pode fazer com que você se lembre de uma obter a palavra é algo que irá acontecer no campo mis-
escritura que tocará o coração de uma pessoa, se você sionário. É muito difícil adquirir uma formação espiri-
não tiver estudado aquela escritura pessoalmente. E tual baseada nas escrituras no campo missionário,
você não será capaz de testificar a respeito das bênçãos porque a missão exige muito do missionário.”

ENSINAR COM O ESPÍRITO


“A seqüência de passos espírito e com o mesmo fervor com que
para se ter o poder de foram feitas as orações de Enos no Livro de
Deus ao ensinar o evan- Mórmon. (…)
gelho é, primeiro, pro- Para obter o Espírito, vocês terão que
curar obter a palavra; examinar as escrituras diariamente. O
depois, vem a com- Livro de Mórmon nos conta sobre alguns
preensão por meio do dos mais bem-sucedidos missionários que
Espírito e, por fim, o poder para convencer. foram pregar o evangelho — Amon,
“Como vocês podem obter o Espírito? Aarão, Ômner e Hímni — os quatro filhos
‘Pela oração da fé’, disse o Senhor. de Mosias. Eles eram homens de Deus
Portanto, vocês precisam orar com sinceri- que tinham-se preparado para realizar o
dade e real intenção. Orem por mais fé. trabalho.”
Orem para que o Espírito os acompanhe em Presidente Ezra Taft Benson (1899–1994),
seu ensino. Peçam perdão ao Senhor. Suas “Chave para o Sucesso na Obra Missionária
dos Membros, A Liahona, abril de 1991,
orações precisam ser feitas no mesmo pp. 3–9.

14
Esse tipo de formação espiritual vem por Uma das melhores maneiras de aprender a
meio da oração pessoal e do estudo das escri- compartilhar o evangelho amanhã é começar Freqüentar as reu-
turas, da obediência aos princípios do evange- a fazê-lo hoje mesmo. niões da Igreja,
lho e da freqüência às reuniões da Igreja e da “Todos podem fazer algo”, disse o Élder seminário e Mutual
Mutual. O seminário e o programa de conhe- Didier. “Há muitas maneiras diferentes de é algo inestimável
cimento das escrituras também são auxílios se realizar o trabalho missionário. Escreva para ajudá-lo a edi-
inestimáveis na compreensão do evangelho. uma carta; compartilhe uma fita de vídeo da ficar o alicerce do
“Nós realmente desejamos e oramos para Igreja; entregue cartões da Igreja para ami- evangelho de que
que o missionário venha com esse tipo de pre- gos. Os jovens podem integrar ou ajudar no necessitará como
paração”, disse o Élder Didier, “para que pos- processo de ativação. Se os jovens puderem missionário.
samos acrescentar e complementar, em vez de começar a pensar no trabalho missionário
criar um conhecimento que não existe.” desde já, quando forem para o campo missio-
nário, terão mais vantagens porque já terão
Começar a Compartilhar Hoje Mesmo feito isso antes.”
“Eis que vos enviei para testificar e “Sair para trabalhar com os missionários
advertir o povo, e todo aquele que for de tempo integral é outra forma pela qual
advertido deverá advertir seu próximo.” os jovens podem preparar-se e aprender a
(D&C 88:81) ser mais receptivos ao Espírito”, disse o

A LIAHONA MARÇO DE 2004 15


Você pode preparar- Élder Scott. “Ensinar e testificar com os em vossa mente as palavras de vida e na
se para sua missão missionários, nas reuniões do quórum hora precisa vos será dada a porção que
compartilhando o ou para seus amigos são coisas que irão será concedida a cada homem.” (D&C
evangelho com seus ajudá-los a sentir a orientação do Espírito. 84:85)
amigos. Escreva uma Essas são experiências preparatórias A Igreja está alterando sua abordagem do
carta; compartilhe maravilhosas.” trabalho missionário, enfatizando o ensino
uma fita de vídeo da Um aviso: Depois que começarem, pode pelo Espírito e concentrando-se nas necessi-
Igreja; entregue car- ser que não consigam mais parar. dades individuais.
tões da Igreja para “Depois que você começa, o trabalho “O material a ser estudado não mudou”,
amigos. missionário é entusiasmante”, disse o Élder disse o Élder Didier. “Os missionários ainda
Scott. “É estimulante. Não é um fardo. É uma têm as mesmas seis palestras. O que esta-
experiência emocionante.” mos pedindo é que os missionários prepa-
rem um esboço, durante seu estudo pessoal
O Que Esperar e seu estudo com o companheiro, que seja
“Nem de antemão vos preocupeis com o específico para a pessoa que será ensinada
que haveis de dizer; mas entesourai sempre no dia.”

16
A MELHOR DE TODAS AS GERAÇÕES DE MISSIONÁRIOS
“Vivemos ‘tempos sagrados, assim como eles fizeram.
periogosos’. Precisamos de que sejam meticulosamente
Batalhamos literal- obedientes e fiéis, assim como eles foram.
mente pela alma dos Precisamos atualmente da melhor de
homens. O inimigo é todas as gerações de missionários da his-
impiedoso e implacá- tória da Igreja. Precisamos de missionários
vel. Faz prisioneiros dignos, qualificados e espiritualmente ener-
eternos em uma progressão alarmante. gizados. (…)
E não tenciona dar trégua. (…) Não precisamos de jovens fracos
“(…) E assim como o povo de Amon espiritualmente e só parcialmente compro-
voltou-se para seus filhos em busca de metidos. Não precisamos de jovens ape-
reforço na guerra contra os lamanitas, nós nas para fazer número; precisamos de todo
nos voltamos para vocês, meus jovens do o seu coração, poder e mente. Precisamos
OS DOIS MIL JOVENS GUERREIROS, DE ARNOLD FRIBERG

Sacerdócio Aarônico. Precisamos de de missionários vibrantes, criativos, entu-


vocês. Como os 2.000 jovens guerreiros de siasmados, que saibam ouvir e responder
Helamã, vocês também são filhos espiri- aos sussurros do Espírito Santo.”
tuais de Deus e podem também ser investi- Élder M. Russell Ballard do Quórum dos
dos de poder para edificar e defender Seu Doze Apóstolos, “A Melhor de Todas as
Gerações de Missionários”, A Liahona,
reino. Precisamos de que façam convênios novembro de 2002, pp. 46–47.

“Eles irão ensinar os pesquisadores de acordo com as importante para ajudá-los em seu estudo contínuo da lín-
necessidades dos pesquisadores”, disse o Élder Scott. “E gua e para que comecem a adaptar o que aprenderam de
cada pesquisador é diferente do outro.” modo a serem capazes de ensinar partes da mensagem”,
Os missionários são agora incentivados a explicar o disse o Élder Scott.
evangelho com suas próprias palavras, e podem adaptar a
ordem em que serão apresentados os princípios do evan- Você Pode Fazer Isso
gelho nas palestras. Você pode assumir seu lugar na melhor geração de mis-
“Os missionários não estão apenas decorando uma sionários que a Igreja já teve. Isso exigirá esforço e dedica-
mensagem que será transmitida sempre da mesma forma, ção. Exigirá fé e sacrifício. Tornar-se a melhor geração de
como se estivessem ligando um gravador”, disse o Élder missionários amanhã significa ser a maior geração de
Scott. “Eles devem entesourar na mente e no coração a jovens hoje. Isso está a seu alcance.
doutrina básica, as escrituras de apoio e como isso se “A maioria dos adolescentes de hoje tem uma capaci-
relaciona com suas próprias experiências de modo que dade extraordinária e grande percepção espiritual”, disse o
possam utilizar essas coisas. Temos agora missionários Élder Scott. “O mundo está ficando pior, mas nossa capaci-
que estão bem melhor equipados para apresentar a mag- dade de ensinar o evangelho está melhorando. E esses
nífica mensagem da Restauração às pessoas.” jovens irão fazer parte daquele grupo bem preparado que
No CTM, os missionários estão aprendendo a preparar sairá e terá momentos emocionantes no campo missioná-
esboços em sua língua natal, a ensinar com suas próprias rio, abrindo um caminho que irá ajudá-los de hoje até a
palavras e a ensinar pelo Espírito. Aqueles que precisam eternidade, levando famílias e pessoas em segurança até o
aprender outra língua passam grande parte do tempo reino de Deus na Terra.” ■
aprendendo o conteúdo das palestras em sua língua
NOTA
natal. 1. Ver M. Russell Ballard, “A Melhor de Todas as Gerações de
“Isso significa que quando os missionários chegam ao Missionários”, A Liahona, novembro de 2002, pp. 46–49; ver também
Gordon B. Hinckley, “Aos Homens do Sacerdócio”, A Liahona,
campo missionário, o companheiro será muito mais novembro de 2002, pp. 56–59.

A LIAHONA MARÇO DE 2004 17


A Respeito

FOTOGRAFIA DE JOHN LUKE, EXCETO QUANDO INDICADO; FOTOGRAFIA POSADA POR MODELOS; FOTOGRAFIA DAS ESCRITURAS POR STEVE BUNDERSON; FOTOGRAFIA DE EDIFÍCIO DA IGREJA POR WELDEN C. ANDERSEN
da Bênção Patriarcal
Para receber uma O que é? Como consigo uma? salientar certas coisas que você é capaz de
bênção patriarcal Por que ela é importante? alcançar e bênçãos que poderá receber, se
você precisa (1) pre- exercer sua fé e viver dignamente.
parar-se, ache-
Seguem-se as respostas para
gando-se ao Pai algumas das perguntas mais Por que a linhagem é importante?
Celestial por meio da freqüentes a respeito das bên- Todo membro da Igreja pertence a uma
oração, arrependi- çãos patriarcais. das doze tribos de Israel. Aqueles que não
mento, estudo das são descendentes literais são “adotados” na

M
escrituras e freqüên- uitos membros da Igreja começam casa de Israel por meio do batismo. O conhe-
cia à Igreja; (2) rea- a pensar em receber sua bênção cimento de sua linhagem pode ser um guia
lizar uma entrevista patriarcal na adolescência. As útil em sua vida, porque o fato de pertencer a
com o bispo para seguintes informações podem ajudá-lo a uma das doze tribos lhe proporciona as bên-
verificar se está pre- compreender e preparar-se para receber sua çãos e missões específicas de cada tribo. As
parado; e (3) receber bênção patriarcal. bênçãos que Jacó deu a seus filhos (que esta-
de seu bispo uma vam à frente de cada uma das tribos) encon-
recomendação para O que é uma bênção patriarcal? tram-se em Gênesis 49.
a bênção patriarcal. Uma bênção patriarcal tem dois propósi-
tos principais. Em primeiro lugar, o patriarca Quem pode dar uma bênção patriarcal?
será inspirado a declarar sua linhagem — a Patriarca, na verdade, é um ofício do
tribo de Israel a que você pertence. Em Sacerdócio de Melquisedque, tal como
segundo lugar, guiado pelo espírito de profe- élder ou sumo sacerdote, e um patriarca é
cia, o patriarca pronunciará bênçãos e pode chamado e ordenado especificamente para
também fazer promessas, advertências e dar bênçãos patriarcais. Você receberá sua
admoestações que se aplicam especifica- bênção do patriarca de sua própria estaca
mente a você. Sua bênção patriarcal pode ou de um lugar próximo, se na sua estaca

18
UMA
ESTRELA
GUIA
“Uma bênção patriarcal
recebida de um
patriarca ordenado
pode ser uma estrela
guia, em nossa vida e é
uma revelação de Deus
para cada indivíduo.
não houver um patriarca. Se você estiver Como é dada a bênção?
Se seguirmos essa
morando num lugar em que não existam O patriarca colocará as mão sobre sua estrela, haverá menos
estacas, seu bispo ou presidente de ramo cabeça e dará a bênção por meio de inspira- probabilidade de trope-
saberá como ajudá-lo a tomar as providên- ção. Ela será uma orientação revelada para çarmos e de sermos
cias para que você receba uma bênção. Se você. A bênção, então, será transcrita, para desencaminhados.
você for descendente direto de alguém que que você tenha uma cópia por escrito para Nossa bênção patriar-
seja patriarca (como seu avô, por exemplo), estudar durante toda a vida. A Igreja também cal será uma âncora
pode receber sua bênção diretamente dele, guardará uma cópia de sua bênção para o para a alma, e se for-
mesmo que ele não more em sua estaca. caso de você perder a sua. mos dignos, nem a
morte nem o diabo
Quem pode receber uma bênção patriarcal? Como consigo uma bênção patriarcal?
poderão privar-nos das
Todos os membros da Igreja têm o direito Marque uma entrevista com seu bispo. Ele bênçãos proferidas.
de receber uma bênção e devem fazê-lo, determinará se você está pronto e digno e Elas são bênçãos que
independentemente de quanto tempo são pode dar-lhe uma recomendação ou ajudá-lo podemos usufruir
membros da Igreja. a preparar-se para recebê-la. Depois de rece- agora e para sempre.”
ber sua recomendação, você pode entrar
Presidente James E.
Que idade preciso ter para receber uma em contato com o patriarca para marcar um Faust, Segundo
Conselheiro na
bênção? horário. Pergunte ao bispo ou ao patriarca Primeira Presidência,
Não há uma idade estabelecida. Você deve quem poderá acompanhá-lo em sua bênção, “As Bênçãos do
Sacerdócio”, A Liahona,
ter idade suficiente para compreender a natu- como, por exemplo, seus pais. E leve sua janeiro de 1996, p. 68.
reza sagrada da bênção. recomendação no dia marcado.

A LIAHONA MARÇO DE 2004 19


UMA
BÊNÇÃO
CUMPRIDA
“Às vezes alguém fica
preocupado porque
uma promessa feita em
uma bênção patriarcal
ainda não se cumpriu.
(…) Isso não significa
que a bênção não será
cumprida. É bom saber
que as coisas aconte-
cem no devido tempo
do Senhor, nem sem-
pre no nosso. As coi-
sas de natureza eterna
não têm fronteiras.
Desde a existência pré-
mortal até nossa exis-
tência além do véu da
morte, nossa existên-
cia é uma vida eterna.”
Presidente Boyd K.
Packer, Presidente
Interino do Quórum
dos Doze Apóstolos,
“O Patriarca da
Estaca”, A Liahona,
novembro de 2002,
p. 45.

20
Como posso saber se estou preparado? incluir possibilidades que estão além da vida Depois de receber sua
O desejo de receber uma bênção patriar- mortal. recomendação, você
cal deve partir da disposição de conhecer deve (4) entrar em con-
e cumprir a vontade de Deus para sua vida. Todas as promessas de minha bênção serão tato com o patriarca
A curiosidade ou a pressão exercida por cumpridas? para marcar um horá-
outras pessoas não é o motivo certo para Todas as bênçãos baseiam-se em sua fideli- rio e (5) receber sua
se receber uma bênção. O bispo ajudará a dade e no momento certo determinado pelo bênção. A bênção gra-
determinar se você está preparado para a Senhor. As bênçãos também podem ser cum- vada será (6) transcrita,
bênção. pridas de diversas formas durante a vida, e cópias da bênção
dependendo de seu crescimento, capacidade serão (7) enviadas para
Como posso preparar-me? e condições. (8) a sede da Igreja, a
Você deve fazer todo o possível para ache- fim de serem preserva-
gar-se ao Senhor. A oração, o jejum, o estudo Devo deixar que outros leiam minha das, e (9) para você,
das escrituras, a meditação e o arrependi- bênção? para guiá-lo durante
mento podem ajudar. As preocupações com Sua bênção é pessoal, algo entre você
FOTOGRAFIA DO EDIFÍCIO DOS ESCRITÓRIOS DA IGREJA POR WELDEN C. ANDERSEN

a vida.
as coisas do mundo devem ser deixadas de e seu Pai Celestial. Você pode compartilhar
lado para essa ocasião sagrada. sua bênção com os membros de sua família e
outras pessoas próximas. Mas a bênção deve
Como devo me vestir? ser guardada e jamais deve ser comparada
Você deve usar suas roupas de domingo. com a de outras pessoas.

Quando as promessas de minha bênção A bênção patriarcal pode ser de grande


serão cumpridas? valor durante toda a sua vida. Preparar-se
Em algumas ocasiões, as bênçãos patriar- para as promessas de sua bênção e viver de
cais revelam coisas de nossa vida pré-terrena. modo a ser digno de recebê-las são coisas
Mas na maioria das vezes, elas são um guia que podem aproximá-lo de seu Pai Celestial
para a vida presente e futura. Como as bên- nesta vida e ajudá-lo a retornar à presença
çãos são de natureza eterna, elas podem Dele na vida futura. ■

A LIAHONA MARÇO DE 2004 21


Sou Digna DE MINHA BÊNÇÃO?
Eu tinha minha recomendação, mas algo continuava a me
Enquanto caminhava
pelo corredor saindo
incomodar. Será que eu tinha sido perdoada das coisas que
de sua sala, a última tinha feito há tanto tempo? Será que meu bispo ficaria com
pergunta do bispo uma impressão ruim a meu respeito?
ecoava em minha
mente.
RACHEL MURDOCK

D
epois de assistir um serão com nosso freqüentava as reuniões da Igreja e tinha um
patriarca da estaca, fiquei entusias- testemunho do evangelho? Senti-me bem por
mada em receber minha bênção poder responder que sim, com sinceridade
patriarcal. e do fundo do coração, embora sentisse que
Descobri que para receber minha bênção estava longe de ser perfeita.
patriarcal, eu precisaria realizar uma entre- Então, o bispo fez a última pergunta: “Há
vista com meu bispo. Liguei para o secretário alguma coisa em seu passado que deveria ter
executivo e marquei um horário para a entre- sido resolvida com seus líderes do sacerdócio
vista, depois da Mutual, na semana seguinte. e não foi?”
A Igreja estava quase vazia quando cami- Eu disse que não, peguei minha recomen-
nhei pelo corredor até a sala do bispo. Bati dação e saí — pronta para marcar um horário
na porta, e ele me deixou entrar. Começamos com o patriarca. Enquanto caminhava pelo
a conversar, e ele perguntou-me como eu corredor escuro, aquela última pergunta
estava indo na escola e coisas assim. Daí, ele começou a pesar em minha mente. Havia
perguntou-me o que poderia fazer por mim. alguma coisa em meu passado?
Pareceu ficar contente por eu desejar receber Lembrei-me de certas ocasiões em que
uma bênção patriarcal. tinha ido à casa de uma amiga quando era bem
ILUSTRADO POR LONNI CLARKE

Conversamos a respeito do que era uma jovem. Eu tinha me sentido mal em relação a
bênção patriarcal, o que significava recebê-la algumas brincadeiras que fizemos ali. Eu nunca
e se eu achava que estava preparada. Então, mais tinha feito nada semelhante. Mesmo
ele me perguntou sobre minha dignidade assim, muitas vezes me perguntei se eu devia
pessoal. Eu obedecia à Palavra de Sabedoria, ter conversado com o bispo sobre aquelas
Meu bispo disse-me pequenas infrações inocentes. Como eu não Eu sabia que estava limpa. Tinha resolvido
que eu não precisaria tinha realmente feito nada que fosse grave- com meu líder do sacerdócio um sentimento
mais me preocupar mente errado, achei que me esqueceria do ruim que vinha carregando comigo por vários
com aquele problema. caso. Aparentemente, eu não tinha esquecido. anos.
Senti-me pura e feliz Se eu iria receber somente uma bênção Mantive esse sentimento de pureza comigo
ao sair de sua sala patriarcal em toda minha vida, não queria quando fui para a casa do patriarca na noite
pela segunda vez. que nada a maculasse. Por isso, virei-me e em que recebi minha bênção. Quando ele
dirigi-me novamente à sala do bispo, com o proferiu suas primeiras palavras: “O Senhor
coração batendo forte. Eu não queria que está contente por você ter decidido cumprir
ele risse de mim ou fizesse pouco caso de Seus mandamentos de modo a demonstrar
minhas preocupações. Forcei-me a bater na seu amor por Ele”, comecei a chorar. Eu
porta do bispo novamente. senti realmente que o Senhor estava falando
Percebi que ele ficou surpreso ao me ver. comigo, e que Ele estava contente com minha
Expliquei rapidamente toda a história, sem vida, por mais imperfeita que fosse.
deixar as coisas muito claras. Ele não riu de Descobri que posso sempre procurar meus
mim nem fez pouco caso de minhas preocu- líderes do sacerdócio se tiver dúvidas a res-
pações. Em vez disso, ouviu atentamente, peito de minha dignidade. Aprendi o quanto
fez algumas perguntas sobre aquela época e eles desejam ajudar. Eles não me desprezaram
sobre agora, e perguntou-me sobre o arre- quando não consegui ser totalmente perfeita,
pendimento que eu tivera em particular com e não acharam uma perda de tempo falar
o Senhor. Depois, ele disse: “Creio que você sobre qualquer tipo de problema, grande ou
pode receber sua bênção e não se preocupar pequeno. Eles ficam quase tão felizes quanto
mais com isso”. nós, ao termos aquele maravilhoso sentimento
Senti-me pura e feliz ao sair de sua sala de alegria quando recebemos o perdão. ■
pela segunda vez. Senti como se estivesse flu- Rachel Murdock é membro da Ala Janesville, Estaca
tuando enquanto caminhava pelo corredor. Madison Wisconsin.
MENSAGEM DAS PROFESSORAS VISITANTES

Sentir o Amor do Senhor por


meio da Obediência

E
m espírito de oração leia a de ajuda do céu para
mensagem a seguir e escolha guardar os man-
as escrituras e ensinamentos damentos.
que melhor atendam às necessidades Precisará dela
das irmãs que você visita. Compar- cada vez mais
tilhe suas experiências e testemunho. com o passar dos
Convide a irmã que você estiver ensi- dias. (…) Mas pode
nando a fazer o mesmo. invocar o poder pro-
Presidente Gordon B. Hinckley: tetor do céu sobre você
“Por que somos um povo tão feliz? É simplesmente decidindo seguir
por causa de nossa fé, da doce certeza na direção do Salvador e esperar
que temos no coração de que nosso pacientemente Nele”. (To Draw
Pai Celestial, que está à frente de tudo, Closer to God, 1997, p. 98)
velará por Seus filhos e filhas que anda- coisas’.
rem com amor e gratidão diante Dele Como a Obediência Abençoou Sua (Deseret News
e forem obedientes. Sempre seremos Vida? Semi-Weekly,
um povo feliz se conduzirmos nossa Mosias 2:41: “(...) Quisera que 26 de novem-
vida dessa forma”. (“O que as Pessoas considerásseis o estado abençoado e bro de 1867, s.p.) Se conseguirmos
Estão Perguntando a Nosso Respeito?” feliz daqueles que guardam os man- pessoalmente receber esse testemu-
A Liahona, janeiro de 1999, p. 85) damentos de Deus. (…) Pois eis que nho (…) então conseguiremos perse-
são abençoados em todas as coisas, verar e suportar bem tudo que
Como Você Pode Encontrar Forças tanto materiais como espirituais; e viermos a enfrentar”. (“The Pathway of
para Ser Obediente? se eles se conservarem fiéis até o fim, Discipleship”, Ensign, setembro de
FOTOGRAFIA DE CHRISTINA SMITH; DETALHE DE CRISTO APRESENTA O SACRAMENTO AOS APÓSTOLOS, DE DEL PARSON

Presidente Spencer W. Kimball serão recebidos no céu, para que 1998, p. 7)


(1895–1985): “Às vezes, quando nos assim possam habitar com Deus em Susan W. Tanner, presidente geral
sentimos inclinados a pensar que é um estado de felicidade sem fim”. das Moças: “Renovamos todas as
inútil servir o Senhor, precisamos avi- Élder Neal A. Maxwell do Quórum semanas nossos convênios batismais
var a fé, crer nas ricas promessas de dos Doze Apóstolos: “Podemos (…) de ‘tomar Seu nome sobre nós’, ‘sem-
Deus e obedecer — e esperar pacien- saber, por meio da obediência, o pre lembrar-nos Dele’ e ‘guardar Seus
temente. O Senhor cumprirá todas quanto Deus nos ama como Seus mandamentos’. (Ver D&C 20:77.)
as ricas promessas que nos fez. (…) filhos imortais. Isso acontece exata- Somos firmes em Cristo quando faze-
Recompensas generosas são ofereci- mente como o Presidente Brigham mos essas coisas, então nosso espírito
das aos fiéis. Receberão bênçãos Young disse que aconteceria: ‘Como se eleva e nosso coração se enche de
acima do próprio entendimento. (…) podemos saber que obedecemos amor. (…) Os convênios ampliam
Por maiores que sejam as bênçãos que [a Deus]? Só existe um método pelo nosso coração e permitem que sinta-
na mortalidade acompanham os jus- qual podemos ter essa certeza, que mos ‘o amor a Deus e a todos os
tos, tornam-se como um grão de areia é por intermédio da inspiração do homens’.” (2 Néfi 31:20) (“Firmes em
em comparação com as que os aguar- Espírito do Senhor testificando a Nossos Convênios”, A Liahona, maio
dam no mundo futuro”. (O Milagre nosso espírito que Lhe pertencemos, de 2003, pp. 101–102)
do Perdão, 1969, pp. 305–306) que O amamos e que Ele nos ama. João 15:10: “Se guardardes os
Élder Henry B. Eyring do Quórum É somente por meio do espírito de meus mandamentos, permanecereis
dos Doze Apóstolos: “Você precisará revelação que podemos saber essas no meu amor”. ■

A LIAHONA MARÇO DE 2004 25


Oh, Como Precisamos
Umas das Outras!
O Pai Celestial proporcionou a
N
o dia 17 de março de 1842, o Profeta Joseph
Suas filhas um lugar de refúgio Smith organizou a Sociedade de Socorro — a
organização do Senhor para as mulheres. A
dos rigores do mundo. Sociedade de Socorro é muito importante para o Senhor.
Sei disso. Ele proporcionou às mulheres um refúgio
B O N N I E D. PA R K I N seguro para os rigores do mundo ao dar-nos a Sociedade
Presidente Geral da Sociedade de Socorro de Socorro. Desde o princípio, nossa associação como
irmãs e a orientação que recebemos dos líderes do sacer-
dócio têm-nos ajudado a achegar-nos a Cristo. Não havia
uma causa maior naquela época; e não há maior causa
hoje em dia.

26
A Sociedade de Socorro profundas, satisfatórias e leais entre nós.”3
não foi feita por mãos Precisamos umas das outras, e a Sociedade de
humanas. Conforme Socorro precisa ser um lugar seguro em que
explicou o Presidente as mulheres possam cuidar umas das outras,
Joseph F. Smith onde possam nutrir-se mutuamente e com-
(1838–1918), ela foi preender o coração umas das outras, ao pres-
“criada por Deus, auto- tarmos testemunho de Cristo umas às outras.
rizada por Deus, insti- O Presidente Boyd K. Packer, Presidente Amo a Sociedade de
tuída por Deus e Interino do Quórum dos Doze Apóstolos, Socorro! Ela me ajudou
ordenada por Deus a advertiu-nos a não afastar-nos do propósito a definir-me como
ministrar em favor da sal- e significado da Sociedade de Socorro: mulher. Sou quem sou
vação da alma das mulhe- “Muitas irmãs (…) acham que a Sociedade por causa das boas
res e dos homens”.1 Não de Socorro é simplesmente uma classe a ser mulheres com quem
há nenhuma organização de freqüentada. O sentimento (…) de partici- convivi na Sociedade
mulheres que tenha tamanho par da Sociedade de Socorro, em vez de de Socorro.
valor no reino do Senhor. apenas freqüentar uma classe precisa ser
Portanto, a pergunta é: Você dá incentivado no coração de todas as mulhe-
valor a esta organização divina? Dá valor res”. Então ele fez esta vigorosa designação:
ao fato de ser membro da Sociedade de “Irmãs, vocês precisam elevar-se do nível de
Socorro? Será que damos valor à Sociedade apenas achar que freqüentam a Sociedade
de Socorro individualmente como irmãs? de Socorro e passar a sentir que pertencem
a ela!”4
Precisamos Umas das Outras Pertencer é mais do que ter o nome na
Quando lhe pediram que dissesse uma lista de freqüência. Tanto individual quanto
frase que descrevesse como se sentia a res- coletivamente, como irmãs da Sociedade
peito da Sociedade de Socorro, uma irmã de Socorro, somos conclamadas a fazer
que tinha por volta de oitenta anos de idade algo digno de seis maneiras diferentes:
escreveu: “A Sociedade de Socorro tem sido • Edificar a fé no Senhor Jesus Cristo
e é uma universidade divina para as mulhe- e ensinar as doutri-
res. Embora eu tenha diploma universitário, nas do reino.
atribuo à Sociedade de Socorro um enrique-
ESQUERDA: FOTOGRAFIA DE CINDY BATEMAN DIREITA: FOTOGRAFIA DE PEGGY JELLINGHAUSEN

cimento de todo o meu ser com conheci-


mento tanto espiritual quanto secular,
que considero muito valioso e significa-
tivo. Sem dúvida ela abençoou minha
vida do ponto de vista eterno”.2
Independentemente de nossa idade,
será que nos vemos como parte da irman-
dade da Sociedade de Socorro? A irmã
Marjorie Hinckley disse: “Oh, como precisa-
mos umas das outras! Nós que somos idosas
precisamos de vocês que são jovens. E espe-
ramos que vocês, que são jovens, precisem
de algumas de nós que somos idosas. É um
fato sociológico as mulheres precisarem
umas das outras. Precisamos de amizades
• Ressaltar o valor divino de cada irmã. esperei pelo que imaginei que seria uma per-
• Exercer caridade e fortalecer as pessoas gunta trivial”, conta ela. “Foi como se toda
em momentos de necessidade. aquela agitação tivesse parado de repente,
• Fortalecer e proteger as famílias. quando ela perguntou numa voz suave, quase
• Servir e apoiar cada irmã. tímida: ‘Você conhece Jesus?’ Fiquei ator-
• Ajudar as irmãs a tornarem-se participan- doada com aquela pergunta tão pungente e
tes plenas das bênçãos do sacerdócio.5 importante. Sorri e senti um amor incrível ao
Esses são os objetivos da Sociedade de dizer-lhe: ‘Sim, sim, eu conheço Jesus’.”7

P
or meio da
Sociedade Socorro. Eles mostram a grande amplitude Queridas irmãs jovens adultas, vocês
de Socorro de nosso propósito e a extensão de nossa conhecem Jesus. E com esse conhecimento,
podemos nutrir-nos missão6, e nos definem, diferenciando-nos vocês trazem consigo a clareza, o frescor e
mutuamente e ache- de todas as outras associações. a energia de que nossa irmandade precisa.
gar-nos a Cristo. Damos grande valor ao fato de vocês serem
As Contribuições das Irmãs Jovens Adultas membros da Sociedade de Socorro, e vocês
Gostaria de compartilhar a experiência de nos abençoam com sua fé no Salvador e em
uma irmã da Sociedade de Socorro que fez Sua obra. Uma irmã mais idosa descreveu
algo digno e foi um exemplo dos objetivos de vocês com estas palavras: “Somos nutridas
nossa organização. espiritualmente quando observamos vocês,
Essa irmã jovem adulta, que dava aulas de mulheres mais jovens e vibrantes, que não
inglês no Japão, estava no playground quando apenas têm muito vigor e vitalidade, mas tam-
foi cercada por um grupo de crianças japone- bém são espiritualmente amadurecidas, com
sas que lhe fizeram muitas perguntas. “Você imensa força interior de caráter e testemunho
gosta mais das crianças americanas ou das — algo simplesmente maravilhoso de se con-
japonesas?” “Você come sushi?” “Como se diz templar. Contamos nossas bênçãos porque
basquete em inglês?” Em meio à confusão, vocês são aquelas que nos dão segurança, fé
aquela jovem irmã da Sociedade de Socorro e ‘um perfeito esplendor de esperança’ no
sentiu alguém tocar-lhe o braço. Voltou-se e futuro”.8 (Ver 2 Néfi 31:20.)
viu uma menininha com xuxinhas no cabelo e
óculos. “Inclinei-me para olhar em seu rosto e O Que Podemos Doar?
No centésimo aniversário da Sociedade
de Socorro em 1942, a Primeira Presidência
promulgou uma mensagem declarando:
“Pedimos a nossas irmãs da Sociedade de
Socorro que nunca se esqueçam de que são
uma organização sem igual no mundo inteiro,
porque foram organizadas sob a inspiração
do Senhor”. E então eles nos relembraram:
“Nenhuma outra organização de mulheres
do mundo todo teve uma origem assim”.9
Pergunto-me se de certa forma nos esque-
cemos desse aspecto inigualável e divino
de nossa organização. Pergunto-me se não
estamos dando pouco valor à nossa condição
de membros da Sociedade de Socorro.
Irmãs, não podemos deixar que isso acon-
teça. Precisamos dar o devido valor à

28
Sociedade de Socorro e a nossas irmãs. O Senhor aconse- costumam ir aos domingos por não terem outra opção?
lhou a Emma Smith, a primeira presidente da Sociedade Vocês vêem a Sociedade de Socorro como um lugar para
de Socorro: “Deverás deixar as coisas deste mundo e bus- oferecer, bem como receber? Valorizaríamos mais nossa
EXTREMA ESQUERDA: FOTOGRAFIA DE ROBERT CASEY, POSADA POR MODELO; ESQUERDA: FOTOGRAFIA DE CRAIG DIAMOND;

car as coisas de um melhor”. (D&C 25:10) Essas foram condição de membro de nossa amada sociedade se nos
palavras sábias em 1830; e são palavras sábias para nós em doássemos mais?
nossos dias. Enfocando o que temos a oferecer, iríamos preparar-nos
O Presidente Gordon B. Hinckley disse para nós, como para os debates das aulas de domingo a fim de fazermos
presidência geral da Sociedade de Socorro, que “nossas uma contribuição. Assistiríamos fielmente as reuniões de
mulheres precisam de convívio mútuo num ambiente que aprimoramento pessoal, familiar e doméstico porque tería-
fortaleça sua fé. Esse é o trabalho da Sociedade de Socorro”. mos algo a oferecer — talvez apenas uma palavra de incen-
Por muitos anos, a Sociedade de Socorro fez parte do tivo para a irmã a nosso lado. Usaríamos nossas visitas para
Conselho Nacional das Mulheres dos Estados Unidos. testemunhar a verdade do Senhor, ao conversarmos sobre
Pouco depois de a irmã Belle Spafford ter sido chamada a Mensagem das Professoras Visitantes. O valor que damos
como presidente geral da Sociedade de Socorro, ela disse a nossa condição de membro da Sociedade de Socorro
ao Presidente George Albert Smith (1870–1951) que parti- estaria presente em tudo que fizéssemos e disséssemos.
cipar das reuniões em Nova York era muito dispendioso e Uma irmã contou uma experiência que teve com sua
trazia poucos benefícios. “O Presidente Smith gentilmente mãe em uma aula comunitária de costura que assistiram
DIREITA: PINTURA DE: HOWARD POST

repreendeu [a irmã Spafford], dizendo: ‘Você sempre juntas: “Enquanto trabalhávamos, minha mãe apenas
pensa em termos do que tem a ganhar? Não seria bom ficou ali sentada. Uma mulher disse: ‘Margaret, você não
pensar em termos do que tem a oferecer?’”10 está fazendo nada’. Minha mãe ficou calada por um ins-
Irmãs, o que vocês trazem para a Sociedade de Socorro? tante e então contou que tinha passado vários dias no
O que estão dispostas a compartilhar? Vocês pensam médico e que estava com um tumor na coluna. Todas
na Sociedade de Socorro como um lugar para onde as mulheres do grupo deixaram o trabalho de lado e

A LIAHONA MARÇO DE 2004 29


olharam para ela. Uma das mulheres do Pauline Tholmander. Pauline estava com apro-

ALTO À ESQUERDA: FOTOGRAFIA DE LANA LEISHMAN, POUSADA POR MODELOS


grupo disse: ‘Oh, Margaret, podemos jejuar ximadamente 60 anos; eu estava na casa dos
e orar por você? Faremos isso como grupo’, 30. Ela me fortaleceu por meio do amor que
sem sequer pensar que metade das mulhe- tinha pelo Salvador. Era claramente evidente
res ali presentes não eram membros da que ela amava Jesus Cristo. Quando eu pres-
Igreja. A professora olhou para mim e disse: tava testemunho, Pauline estava ali para dizer-
‘O que fazemos quando jejuamos e oramos?’ me que seu espírito tinha sido tocado.
Expliquei que deixávamos de lado as coisas Quando eu servia num chamado, ela estava

O
valor que
damos a desta vida mortal e nos voltávamos ao ali para compartilhar comigo meu sucesso
nossa condi- Senhor, buscando auxílio divino. A profes- ou fracasso. Precisei disso quando tinha 30 e
ção de membro da sora pensou um pouco, e então disse: ‘Eu quando tinha 40 anos. Não há Paulines sufi-
Sociedade de Socorro posso fazer isso’.”11 cientes nesta vida. Se houvesse, todas nos
deve estar presente Um grupo de filhas de Deus se reuniu; sentiríamos aceitas, integradas, incluídas e
em tudo que fazemos e exerceram caridade e nutriram-se mutua- amadas. Eu queria ser como ela, e ainda
e dizemos. mente. Uma irmã da Sociedade de Socorro, quero.
que sabia quem ela era, demonstrou sua fé Convido-as a dedicarem-se à Sociedade de
no Salvador ao convidar todas a jejuar e orar. Socorro. Trabalhem nela. Organizem-se, parti-
Aquelas mulheres fizeram algo digno. cipem e apoiem essa grande obra que nos
foi concedida por Deus. Confiem umas nas
Dedique-se à Sociedade de Socorro outras. Elevem-se espiritualmente em pensa-
Amo a Sociedade de Socorro. Ela me aju- mentos, ensinamentos e trocas de idéias.
dou a definir-me como mulher. Sou quem sou Demonstrem caridade e amor, não por terem
por causa das boas mulheres com quem con- sido designadas a fazê-lo, mas do fundo do
vivi na Sociedade de Socorro — mulheres que coração.
me encorajaram, me amaram, e acreditaram A Sociedade de Socorro deve ser um lugar
em mim. Essas mulheres incluem minha mãe, seguro no qual podemos sentir o amor do
minha avó e uma querida irmã chamada Senhor em nossa vida, à medida que apren-
demos a fortalecer as famílias, exercer cari-
dade e valorizar nossos convênios. E se
valorizarmos os convênios sagrados, valoriza-
remos nossa condição de membros de uma
organização, de uma Igreja, que nos levará a
Cristo. ■
NOTAS
1. Ensinamentos dos Presidentes da Igreja: Joseph F.
Smith, 1998, p. 184.
2. Carta pessoal.
3. Virginia H. Pearce, ed., Glimpses into the Life and
Heart of Marjorie Pay Hinckley, 1999, pp. 254–255.
4. “The Relief Society”, Ensign, maio de 1998, p. 73.
5. Ver Manual de Instruções da Igreja, Volume 2:
Líderes do Sacerdócio e das Auxiliares, 1998,
p. 193.
6. Ver “Irmãs em Sião”, Hinos, nº 200.
7. Carta pessoal.
8. Carta pessoal.
9. Citado em Boyd K. Packer, “The Circle of Sisters”,
Ensign, novembro de 1980, p. 111.
10. Citado em Jill Mulvay Derr, Janath Russell Cannon e
Maureen Usenbach Beecher, Women of Covenant:
The Story of Relief Society, 1992, p. 336.
11. Carta pessoal.
Consolada em
Minha Angústia
Depois de meu divórcio,
meus filhos e eu encontramos
consolo nas coisas simples
do evangelho.
C O L L E E N M . PAT E

E
u estava casada há 18 anos,
quando meu casamento no
templo terminou em separa-
ção e divórcio. Como minha família
e eu conseguiríamos sobreviver espi-
DETALHE DO CRISTO, DE BERTEL THORVALDSEN; INSERÇÃO: FOTOGRAFIA DE MATTHEW REIER; FOTOGRAFIA POSADA POR MODELOS

ritual e emocionalmente? Durante


aquela época difícil, os princípios essenciais
de um lar centralizado em Cristo tornaram-se
nossa fortaleza e nossa defesa. Eis como a uti-
lização desses princípios práticos, básicos e precederam a reu-
conhecidos do evangelho nos proporciona- nião, mas assim que
ram consolo e sustento, unindo-nos uns aos começávamos a cantar o hino, o
outros e ajudando-nos a conhecer mais plena- Espírito se fazia presente e geralmente
mente o amor do Salvador. tudo ficava tranqüilo.

O Milagroso Amor da Reunião


de Noite Familiar
Naqueles momentos de incerteza,
durante e após o divórcio, nosso compro-
misso de realizar a reunião familiar
tornou-se mais vital do que nunca. Indepen-
dentemente de querermos ou não partici-
par, todos nos esforçamos para realizar uma
noite familiar “oficial” todas as semanas.
Às vezes, algumas cenas emocionais

A LIAHONA MARÇO DE 2004 31


C
onfiando no Mesmo aqueles que se entrarem em casa e sen-
Salvador por recusavam a unir-se ao grupo, tei-me no carro para chorar. Depois
meio de sim- deixavam a porta do quarto aberta, permitindo de ter-me acalmado e orado, entrei em casa.
ples porém profun- que o doce som dos hinos, orações e escritu- Quando abri a porta, ouvi as doces notas de
das aplicações ras fizesse seu santo trabalho. Quando come- um de meus hinos favoritos. Meu filho estava
práticas do evange- çávamos a cantar o último hino, eu olhava em sentado junto ao piano, tocando hinos para
lho, podemos conti- volta do piano e freqüentemente via todos os acalmar-me e consolar-me em minha angústia,
nuar a encontrar meus filhos sentados juntos — um carinhoso como eu tinha feito por ele e suas irmãs.
forças para cada milagre e um testemunho do espírito que
momento, cada hora somente podemos sentir quando seguimos o A Âncora Vital das Escrituras
e cada dia de nossa conselho do profeta. Durante aquela época difícil, as escrituras
vida. foram uma âncora vital para nossa saúde e

DETALHE DE A IMAGEM DE CRISTO, DE HEINRICH HOFMANN; FOTOGRAFIA DE CRAIG DIMOND E JOHN LUKE
O Poder Consolador da Música progresso espiritual. Embora não as lêssemos
Durante aqueles momentos difíceis, desen- juntos todos os dias, elas sempre foram uma
volvi o hábito de sentar-me ao piano no final parte essencial de nossa vida diária e nossas
de cada dia e, só com uma mão, tocar a melo- conversas. Voltávamo-nos para elas durante as
dia de meus hinos favoritos e canções da controvérsias ou conflitos, para confirmar nos-
Primária. Eu tocava “O Amor do Salvador”, sas escolhas e para buscar orientação em
“Quando Jesus Voltar”, “Ouvindo o Cantar nossa vida. Depois de conversar sobre senti-
de um Passarinho”, “Sou um Filho de Deus” mentos ou preocupações, freqüentemente
e muitos outros, sempre terminando com compartilhávamos um versículo da escritura
“Comigo Habita”. Esse costume noturno ou parte de um discurso da conferência para
tornou-se um consolo para minha família. fortalecer, confirmar ou consolar uns aos
Não importava como tivesse sido o dia, se a outros. Nosso surrado conjunto de obras
mamãe se sentava ao piano e tocava alguns padrão quase se tornou uma extensão de nos-
hinos, tudo parecia estar bem no mundo — sas mãos e coração.
ou pelo menos mais suportável. Certa noite, quando me deitei, peguei
Certo dia, quando senti que tinha supor- minhas escrituras e as abri, mas não consegui
tado tudo que conseguia, mandei meus filhos concentrar-me para ler. Depois de um dia

32
cheio, dois empregos, as tarefas de casa e minhas costumei- mutuamente de todas as formas possíveis. Recordo com
ras quatro horas de sono, eu tinha literalmente esgotado muito carinho aqueles momentos em que não sabíamos o
minha energia. Chamei minha filha que estava terminando que fazer, mas silenciosamente estendemos e tomamos as
seus deveres escolares e pedi-lhe que lesse as escrituras para mãos uns dos outros e começamos a orar. Depois dessas
mim. Que momento especial foi a terna ministração daquela sagradas orações, sempre nos sentíamos fortalecidos por
filha amada. Não me lembro o que foi que ela leu, mas jamais Seu amor em tudo que tivéssemos de enfrentar — o isola-
esquecerei seu amor e carinho, ao deitar-se na cama comigo mento dos amigos, os embaraços no tribunal ou a dificul-
naquela noite, como eu tinha feito muitas vezes para ela. dade para pagar as contas. Seguimos sempre em frente; e
a oração nos mantinha no caminho.
A União da Oração
Ajoelhar-nos para orar pela manhã e à noite não apenas Força para Cada Momento
uniu nossa família em um só lugar, mas também nos uniu Durante aqueles momentos de provação e transição, per-
espiritualmente. A oração nos proporcionou um meio de severar até o fim tornou-se uma questão de perseverar a
afastar ressentimentos, expressar amor, compartilhar nos- cada dia, a cada hora, a cada momento. Não sei qual será a
sos fardos e reunir-nos como grupo para enfrentar o próxima provação ou transição. Mas sei que confiando no
mundo. A oração voltou nossa atenção para o Senhor, con- Salvador por meio de simples porém profundas aplicações
centrou nossa energia como família e fortaleceu-nos. Não práticas do evangelho podemos continuar a encontrar forças
importava o que enfrentássemos individualmente durante para cada momento, cada hora e cada dia de nossa vida. ■
o dia, todos sabíamos, sem sombra de dúvida, que amáva-
Colleen M. Pate é membro da Ala West Valley II, Estaca West
mos e apoiávamos uns aos outros e que nos ajudaríamos Valley Utah

A LIAHONA MARÇO DE 2004 33


Não Foi um
Sacrifício
Deus sabia que esses “sacrifícios” por Sua
Igreja e reino, na realidade, não trariam
prejuízos, mas lucro.
O Senhor ensinou: “Se o grão de trigo,
caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas
se morrer, dá muito fruto. Quem ama a sua
vida perdê-la-á, e quem neste mundo odeia a
sua vida, guardá-la-á para a vida eterna”.
(João 12:24–25) Estamos acostumados a defi-
nir nossas perdas como sacrifícios e nossos
ganhos como lucros. Mas, com freqüência,
nossas perdas são, na realidade, o início
daquilo que mais tarde corresponderá a uma
grande colheita.
Um famoso médico visitou, certa vez,
uma senhora desanimada e desesperançada.
O Senhor ensinou: “Se CASSANDRA LIN TSAI Ele descobriu que ela estava sozinha e sepa-

Q
o grão de trigo, caindo uando eu era bem jovem, minha rada do mundo, mas também que tinha uma
na terra, não morrer, família e meus amigos eram o meu bela estufa onde cultivava violetas africanas.
fica ele só; mas se mor- mundo. Mas, quando encontrei o O médico deu-lhe uma receita. Ela precisa-
rer, dá muito fruto”. evangelho de Jesus Cristo, muito desse ria assinar o jornalzinho de sua igreja, e
mundo se perdeu. Os amigos caçoavam de sempre que houvesse um batismo, casa-
mim por viver a Palavra de Sabedoria, guar- mento, doença ou morte, deveria enviar
dar o domingo e tentar cumprir os manda- uma violeta africana. Seguindo as instruções
mentos. Minhas colegas de escola cortaram do médico, a senhora distribuiu centenas de
relações comigo. Meus pais recusavam-se a vasos de plantas. Quando morreu, a man-
dar permissão para eu ser batizada, e meu chete do jornal dizia: “Faleceu a
pai até deixou de falar comigo. Para uma Rainha das Violetas Africanas,
jovem, essas perdas pessoais poderiam ser Sendo Pranteada por
consideradas um grande sacrifício. Mas Milhares de

34
Pessoas”. O que tornou aquela senhora desanimada em apenas um emprego. É um grande privilégio e bênção.
alguém amado por tantos? Foi distribuir aos outros, em Mas, eu nunca poderia ter recebido essa bênção, se não
vez de guardar para si. estivesse disposta a desistir de meu sonho de estudar na
Às vezes, o que precisamos deixar não é um bem, mas Inglaterra.
um sonho que acalentamos. Tendo sido educada em Será que às vezes nos apegamos ao nosso grão de
Taiwan, sempre sonhei estudar na Inglaterra. Depois de trigo, não querendo partilhá-lo, para que ao final ele per-
receber meu diploma universitário e estudar nos Estados maneça como um único grão? Ou nós confiamos em que
Unidos, voltei para casa e fiz preparativos para continuar esse simples grão, plantado e cultivado, possa transfor-
os estudos na Inglaterra. Nessa ocasião, recebi um cha- mar-se em frutos? Desistir de amigos, bens ou sonhos
mado na Sociedade de Socorro. Inicialmente, planejei acei- pode, certamente, ser uma provação. Mas aprendi que,
tar o chamado por um curto período — só até ir para a com fé no plano de Deus para nós, podemos plantar
Inglaterra. Depois, após pensar muito, decidi adiar meus confiantemente nosso grão de trigo, crendo na abun-
estudos no exterior por um ano. dante colheita que virá. ■
Foi durante esse ano, em que estava “sacrificando” Cassandra Lin Tsai é membro da Segunda Ala de
À ESQUERDA: ILUSTRADO POR ROBERT T. BARRETT

Taipé, Estaca Central de Taipé Taiwan.


meus estudos na Inglaterra, que uma bênção surpreen-
dente ocorreu em minha vida. Certo dia, estava pas-
sando por um quadro de avisos na Igreja e vi um
anúncio de que o Departamento de Tradução da Igreja
procurava contratar um supervisor de língua chinesa.
Senti que o Espírito Santo me induzia a candidatar-me,
mas hesitei. O ano estava quase terminando e
era a hora de ir para a Inglaterra. Mas o
Espírito encorajou-me e me candi-
datei, sendo admitida. Para
mim, trabalhar como
supervisora de
língua para a
Igreja não é

Mas, eu nunca poderia


ter recebido algumas
bênçãos, se não estivesse
disposta a desistir de
meu sonho, confiando na
colheita vindoura.

A L I A H O N A MARÇO DE 2004 35
VOZES DA IGREJA

dias com profunda preocupação e minha irmã, a fim de fazer os exa-

“Encontre os tristeza.
Visto que minha cidade natal é
mes e receber um tratamento mais
efetivo. No entanto, nada parecia
Missionários pequena e não dispunha dos recur-
sos necessários para tratar de um
ajudar, e todos procuramos nos for-
talecer e confortar-nos mutua-
para Mim” problema de saúde tão sério, meu
pai foi para um hospital em Marília,
mente.
Meus pais eram
Luis Roberto Ramos de Sá Filho
no Estado de São Paulo, onde mora membros da Igreja, mas

E
m 1998, meu pai estava eu não. Às vezes eu
padecendo de uma séria tinha até mesmo agido
enfermidade. Um ano antes, contra a Igreja e negado a
sua perna havia sido amputada logo veracidade do Livro de
acima do joelho. Isso resultou em Mórmon. Mas, todas as
vários problemas circulatórios, vezes que ia visitar meu pai
muita dor e infecção. Finalmente, no hospital, ele só me dizia
os médicos determinaram que uma uma coisa: “Luisinho, encon-
parte do fêmur também teria que tre os missionários para mim!
ser amputada. Passamos muitos Preciso de uma bênção”. Eu
havia procurado os missioná-
rios, mas não pudera encon-
trá-los. A cada hora
tínhamos menos tempo.
Um dia antes daquele
em que ele seria operado,
fui visitá-lo outra vez.
Estávamos extremamente
apreensivos. Sabíamos que
o tratamento não tinha sido
eficaz, e que na manhã seguinte
meu pai passaria pelos raios-X para
determinar a altura em que o doutor
teria que amputar.
Naquele dia, meu pai pediu algo
diferente. Ele estava sentado na
cama, colocando a prótese para que
pudesse andar um pouco com minha
mãe pelos corredores do hospital,
verificando as condições de seus ami-

E
nquanto andava, vi um
gos que tinham sido operados pela
grupo de missionários.
manhã. Ao se levantar, ele disse:
ILUSTRADO POR ROBERT A. MCKAY

Comecei a correr atrás


“Luisinho, por favor, vá comprar
deles e a única palavra que
água”.
consegui proferir foi “Élder”.
Desci imediatamente as escada e
saí, à procura de uma garrafa de
água. Enquanto andava, vi um

36
grupo de missionários na rua. Ao planejarmos o futuro, compreen-
Esqueci-me da água. Comecei a cor-
rer atrás deles e a única palavra que Um demos que meu salário não seria sufi-
ciente para as necessidades do dia a
consegui proferir foi “Élder!” Eles
pararam e expliquei-lhes a situação
Empréstimo dia. Fabíola ofereceu-se para continuar
trabalhando durante algum tempo, a
de meu pai.
Quando, mais tarde, minha mãe
do Fundo fim de sustentar-me enquanto eu ter-
minava meu curso. Mas isso levaria
e eu saímos do hospital, vimos o
Élder Alves e seu companheiro
Perpétuo de muito tempo, e desejávamos ter uma
família. Assim, oramos ao Pai Celestial
entrarem para visitar meu pai. E, Educação pedindo-Lhe ajuda. Queríamos fazer a
naquela noite, recebemos uma cha- Sua vontade.
mada telefônica de meu pai. Ele nos Mudou Nossa Durante minha missão, eu ouvira o
disse que o presidente da missão
também estivera lá, e finalmente Vida Presidente Gordon B. Hinckley falar
sobre o Fundo Perpétuo de Educação.
meu pai recebera a bênção que Kim Citlalpilli Sánchez Aldana Como ex-missionário, eu assistira a
tanto queria. Camacho algumas reuniões do instituto sobre o

S
Passamos a noite imaginando qual empre sonhei que estudaria programa do FPE. Meus olhos foram
seria o resultado do raio X na manhã alguma coisa relacionada à abertos e minhas esperanças anima-
seguinte. No entanto, alguma coisa medicina. E, como missioná- das; sabia que era um programa que
nos confortava. rio, aprendi que o Senhor sempre poderia ajudar o progresso de
Na manhã seguinte, acordamos prepara o caminho para que Seus
com o barulho do telefone. Era filhos alcancem aquilo que Ele
meu pai. “Venham buscar-me”, deseja que façam.
disse ele. “Estou pronto para sair.” Logo depois de minha missão,
A alegria tomou conta de nós conheci, no instituto, uma jovem
enquanto ele explicava que a enfer- chamada Fabíola. Começamos a
meira e o médico que o examina- namorar e ficamos extremamente
ram não podiam entender o que apaixonados. O Espírito Santo
havia acontecido. “O que ocorreu confirmou-me que eu deveria
com você durante a noite, que fez pedir-lhe que fosse minha
com que o raio X ficasse tão lím- companheira eterna, assim,
pido e seu osso tão perfeito?” fiz o pedido e ela aceitou.
perguntaram.
Quando me lembro daquele dia,

A
judar as pessoas a melho-
sinto com mais força que o sacerdó- rar sua saúde e sua vida é
cio é real e que está mais uma vez na um prazer — e um sonho
Terra. Nos três meses seguintes, que se tornou realidade.
recebi um testemunho e fui bati-
zado. Mais tarde, servi na Missão
Brasil Rio de Janeiro Norte, compar-
tilhando meu testemunho e meu
amor pelas coisas que reconheço
como verdadeiras. ■
Luis Roberto Ramos de Sá Filho é membro
do Ramo Avaré, no Distrito Botucatu Brasil.

A L I A H O N A MARÇO DE 2004 37
minha futura família. Assim, conversei meu conhecimento. Como parte de Tunísia, país do Norte da África,
com Fabíola e estabelecemos metas meus estudos, tenho ajudado pes- onde meu marido, Keith, fazia pes-
relativas aos meus estudos. soas com problemas nas costas, esco- quisa para o seu doutorado. Como
Decidi estudar fisioterapia. Eu que- liose, ciática e torcicolo. Ajudá-las a estudantes dispondo de pouco
ria esperar um pouco para preencher melhorar a saúde por meio da terapia dinheiro, não tínhamos telefone ou
minha solicitação ao FPE, mas minha de reabilitação é um prazer — e um televisão. Nosso lar era um pequeno
noiva insistiu em que eu o fizesse sonho que se tornou realidade. apartamento no quinto andar em El
imediatamente. Apresentei minha Tudo vai muito bem, sou o presi- Menzah, um subúrbio da capital,
solicitação de empréstimo em dezem- dente do quórum de élderes em Túnis, e nossa rotina diária era sim-
bro de 2001, e também naquele mês minha ala. Por ocasião de minha for- ples: Keith estudava na biblioteca
— no dia 22 de dezembro — Fabíola matura, em abril de 2003, tinha dado nacional enquanto eu ficava em casa
e eu fomos selados no Templo Cidade os passos necessários para ter meu com nosso filhinho David.
do México. Meu empréstimo foi apro- próprio consultório, e Fabíola e eu No que se refere à Igreja, nós
vado em janeiro de 2002 e logo esperávamos nosso primeiro filho. éramos a Igreja em Túnis. A cada
depois comecei o curso. Sei que o Senhor estabeleceu o domingo, Keith administrava o
Certo dia, quando estava fazendo FPE e que esse programa ajuda-nos a sacramento e líamos as escrituras.
um pagamento, encontrei-me com o ser auto-suficientes. Com meu novo Cantávamos nossos hinos predile-
diretor da escola. Durante nossa con- emprego, posso sustentar melhor tos e ouvíamos gravações de
versa, mencionei que era membro da minha família, servir à Igreja, abençoar discursos da conferência. Depois,
Igreja e expliquei-lhe a respeito do a vida de outras pessoas e prosseguir terminávamos com uma lição do
programa do FPE. Ele disse-me que meus estudos na universidade. manual do sacerdócio de Keith.
conhecia alguns santos dos últimos Nossa vida mudou graças à Igreja Embora conhecêssemos algumas
dias, e que eram boas pessoas. Disse e ao programa do FPE. Sei que a vida pessoas maravilhosas e granjeásse-
também que tinha alguns alunos da de muitos jovens pode mudar, caso mos bons amigos, ainda havia horas
Igreja. sigam esse programa inspirado. ■ em que nos sentíamos sós e até
Quando já havia freqüentado um Kim Citlalpilli Sánchez Aldana Camacho amedrontados. Uma dessas ocasiões
é membro da Ala de Las Rosas, Cidade
mês de aulas, o diretor convidou-me a do México, Estaca México Villa de las foi quando voltei para casa, depois
diminuir o prazo de meu curso assis- Flores. das compras e descobri que não
tindo a aulas em dobro, formando-me tínhamos luz. Um envelope azul
assim em 14 meses em vez de 24. tinha sido colocado por baixo da
Expliquei-lhe que não poderia pagar a
anuidade extra até o próximo ano,
Sozinhos porta, e dentro dele estava uma
carta escrita em francês e árabe.
quando renovasse meu empréstimo, no Escuro Quando Keith chegou, ele traduziu a
mas ele disse-me que era suficiente a Trisa Martin carta. Para nossa consternação, veri-
minha palavra, visto que eu era um ficamos que os últimos inquilinos

À
santo dos últimos dias. Assim, fui s vezes é necessário uma tinham deixado de pagar a conta da
abençoado mais uma vez. Comecei a experiência desafiadora para luz e que éramos agora responsáveis
assistir a mais aulas, embora isso signi- ajudar-nos a compreender, por ela. Não teríamos luz até que a
ficasse ter de estudar mais e ficar mais que se depositarmos nossa confiança conta fosse paga.
horas em classe, ao mesmo tempo no Senhor, Ele nos auxiliará em nos- Usamos velas durante o fim de
que continuava em meu emprego de sas dificuldades. (Ver Alma 36:3.) semana e, na manhã de segunda-
meio período. Este princípio fortaleceu-se feira, fomos de ônibus até a compa-
À medida que freqüentava as em meu coração há alguns anos, nhia de eletricidade. Depois de pagar
aulas, maravilhava-me com as bên- quando nossa pequena família per- a conta, foi-nos garantido que, den-
çãos do Senhor, que aumentavam maneceu durante sete meses na tro de dois dias, a luz seria religada.

38
Mas será que dois dias seriam o Com corações humildes pedimos Experiências como essa aumenta-
suficiente? Compreendi repentina- ajuda. Depois de terminarmos, Keith ram minha fé e ajudaram-me a saber
mente que a aula noturna de Keith abraçou-me e disse: “Tudo vai ficar que eu não estava sozinha. Durante
seria na terça-feira. Ele não podia fal- bem. A luz será ligada hoje à noite”. os meses de nossa estada na Tunísia,
tar para manter sua bolsa de estudos, Eu ainda sentia-me cética, mas dependi, com freqüência, do poder
o que queria dizer que o pequeno confiava em sua fé. Às 16h45, naquela da oração. Estou grata ao Pai Celestial
David e eu ficaríamos sozinhos no tarde, no entanto, as dúvidas invadi- por Seu atencioso cuidado e amor, e
apartamento. A solidão já era difícil, ram-me a mente. Depois de uma ora- estou também grata pela experiência
mesmo em condições normais. O ção silenciosa, senti novamente edificadora de fé que tivemos na
que aconteceria, se David e eu ficás- uma certeza tranqüila. Tunísia—uma experiência
semos sozinhos no escuro, com ape- Então, às 16h55, che- que é ainda uma fonte de
nas algumas velas? Só de pensar eu já gou o pessoal da força para nós hoje. ■
ficava amedrontada. companhia de Trisa Martin é membro
Passou a segunda-feira e ainda eletricidade para da 30ª Ala Bountiful,
Estaca Bountiful
não tínhamos luz. Na tarde da terça, ligar a luz. Utah Leste.
Keith voltou de seus estudos e ficou
sabendo que os funcionários da com-
panhia de eletricidade ainda não
tinham vindo. Discutimos quais
seriam as opções e, finalmente, Keith
disse: “Acho que devemos orar”.

Q uando voltei para casa,


vi que estávamos sem luz.
Um envelope azul havia
sido colocado por baixo da
porta, e, dentro dele estava uma
carta escrita em francês e árabe.

A L I A H O N A MARÇO DE 2004 39
CLÁSSICOS DO EVANGELHO

UM POVO
MOTIVADO
PELO TEMPLO
P R E S I D E N T E H O WA R D W. H U N T E R que muitas pessoas morreram sem a orde-
(1907–1995) nança do batismo e, portanto, de acordo com
Décimo Quarto Presidente da Igreja
a declaração de Cristo a Nicodemos, elas

O
evangelho proclamado ao mundo seriam impedidas de entrar no reino de Deus.
pelos santos dos últimos dias é o Isso levanta uma questão: Deus é justo?
evangelho de Jesus Cristo, conforme A resposta é: Deus, naturalmente, é justo.
restaurado na Terra nesta dispensação, e des- É evidente que a declaração do Salvador pres-
tina-se à redenção de toda a humanidade. supõe que se pode fazer batismos por aque-
O próprio Senhor revelou o essencial para a les que morreram sem ser batizados. Os
salvação e exaltação de Seus filhos. Um dos profetas dos últimos dias nos ensinaram que
Foi o próprio Senhor pontos essenciais é que se devem construir o batismo é uma ordenança terrena que só
que, em Suas revela- templos para a realização de ordenanças que pode ser realizada pelos vivos. Como é possí-
ções para nós, fez do não se pode realizar em qualquer outro lugar. vel, então, àqueles que já morreram ser bati-
templo o grande sím- Quando se explicam essas coisas a pessoas zados, se só os vivos podem realizar a
bolo de nosso discipu- de todo o mundo que vêem nossos templos, ordenança? Foi sobre isso que o Apóstolo
lado com Ele. a pergunta que fazem com mais freqüência Paulo escreveu aos Coríntios, ao fazer a
é: Quais são as ordenanças realizadas nos seguinte pergunta:
templos? “Doutra maneira, que farão os que se
Ao responder, normalmente mencionamos batizam pelos mortos, se absolutamente os
em primeiro lugar a ordenança conhecida
como batismo pelos mortos. Observamos Reproduzido de uma cena provavelmente no
que, para muitos cristãos, a posição do outono de 1835, o Profeta Joseph Smith, (ao
homem perante o Senhor determina-se para centro) ajuda Joseph e Brigham Young (ao alto)
PINTURA DE DAVID LINDSLEY

toda a eternidade na hora da morte, pois não com a instalação da janela do Templo de
disse Cristo a Nicodemos: “Na verdade, na Kirtland, o primeiro dos templos dos últimos
verdade, te digo que aquele que não nascer dias. Oliver Cowdery (à esquerda) e Sidney
da água e do Espírito, não pode entrar no Rigdon (à direita) ajudaram nos preparativos
reino de Deus”? (João 3:5) Sabemos, porém, do templo.

40
O
trabalho por mortos não ressuscitam? Por que se batizam celestial, em que a mulher é selada ao
outrem é rea- eles então pelos mortos?” (I Coríntios 15:29) marido e o marido à mulher para a eterni-
lizado em De fato, ao estudarmos a história eclesiás- dade. Sabemos que o casamento civil ter-
dois estágios: primei- tica, descobrimos que o batismo pelos mor- mina com a morte; mas o casamento
ramente, pela pes- tos era uma prática dos primeiros cristãos. celestial realizado no templo pode existir
quisa de história da Havia trabalho vicário pelos mortos, como para sempre. Os filhos nascidos de um casal
família para encon- hoje. Na verdade, isto não é algo novo ou após um casamento eterno estão automatica-
trar os nomes de nos- estranho para nós. Lembramo-nos de que o mente selados aos pais para a eternidade. Se
sos antepassados; em próprio Salvador expiou pelos pecados de os filhos nascerem antes de uma mulher ser
segundo lugar, pela toda a humanidade de maneira vicária. Hoje selada ao marido, há a ordenança do sela-
realização das orde- em dia, os vivos novamente realizam batis- mento no templo que sela (ou une) esses
nanças do templo mos pelos que morreram, assim como rece- filhos aos pais para a eternidade. É assim que
para dar-lhes as mes- bem a imposição das mãos para o dom do filhos podem selar-se vicariamente a pais já

ESQUERDA: FOTOGRAFIA DE WELDEN C. ANDERSEN E JED A. CLARK, POSADA POR MODELOS; DIREITA: FOTOGRAFIA DA SALA DE INVESTIDURA DO TEMPLO DE CARDSTON ALBERTA; FOTOGRAFIA
mas oportunidades Espírito Santo pelos falecidos. As ordenanças falecidos.
dos vivos. pelos mortos, entretanto, só se realizam na Nas ordenanças do templo, constroem-se

DO BATISTÉRIO DO TEMPLO DE VERNAL UTAH POR TAMRA H. RATIETA; TEMPLE PHOTOGRAPHY©INTELLECTUAL RESERVE, INC. NENHUMA REPRODUÇÃO AUTORIZADA OU PERMITIDA
casa do Senhor. os alicerces da vida eterna. A Igreja tem a res-
A investidura é outra das ordenanças do ponsabilidade — e a autoridade — de pre-
templo. Consiste em duas partes: primeira- servar e proteger a família como o alicerce da
mente, uma série de instruções e, em sociedade.
segundo lugar, promessas ou convênios fei- Todas as ordenanças do templo são essen-
tos pela pessoa que recebe as ordenanças ciais para a salvação e exaltação dos filhos de
— promessas de viver em retidão e obede- nosso Pai Celestial.
cer às condições do evangelho de Jesus A seção 137 de Doutrina e Convênios regis-
Cristo. A investidura é uma ordenança que tra uma visão dada ao Profeta Joseph Smith no
abençoa enormemente os santos — tanto Templo de Kirtland. Nessa visão, ele viu seu
os vivos como os mortos. Portanto, é tam- irmão Alvin, já falecido, e seus pais. A voz do
bém uma ordenança realizada pelos vivos a Senhor chegou até ele e disse que “todos os
favor dos mortos, sendo feita que morreram sem um conhecimento deste
para aqueles por quem o Evangelho, que o teriam recebido se lhes fosse
batismo já foi realizado. permitido permanecer na Terra, serão herdei-
Outra ordenança ros do reino celestial de Deus”. (D&C 137:7)
do templo é o A seção 138 registra a manifestação divina
casamento dada ao Presidente Joseph F. Smith [1838–
1918] que também se refere ao trabalho da
redenção dos mortos. O Presidente Smith
ponderou sobre a visita do Senhor ao mundo
espiritual, ao ler a Primeira Epístola de Pedro e
refletiu sobre os versículos que dizem: “Porque
por isso foi pregado o evangelho também aos
mortos, para que, na verdade, fossem julgados
segundo os homens na carne, mas vivessem
segundo Deus em espírito”. (I Pedro 4:6)
O Presidente Smith teve, na época, uma
visão que se encontra registrada na seção

42
A
138. O Presidente Smith viu que “o Senhor aceitar o evangelho em vida. O trabalho por s pias batis-
não foi em pessoa entre os iníquos, entre os outrem é realizado em dois estágios: pri- mais dos
desobedientes que rejeitaram a verdade, para meiramente, pela pesquisa de história da templos são
ensiná-los. família para encontrar os nomes de nossos colocadas nas costas
Mas eis que, dentre os justos, organizou antepassados; em segundo lugar, pela reali- de bois, que signifi-
as suas forças e designou mensageiros, zação das ordenanças do templo, para dar- cam as tribos de
investindo-os com poder e autoridade, e lhes as mesmas oportunidades dos vivos. Israel. Hoje em dia,
comissionou-os para que fossem e levas- Além disso, os mortos esperam ansiosa- os batismos são rea-
sem a luz do Evangelho àqueles que esta- mente que os santos dos últimos dias pesqui- lizados nessas pias
vam na escuridão, mesmo a todos os sem seus nomes e, a seguir, compareçam aos pelos vivos em favor
espíritos dos homens. E desse modo, o templos para oficiar em seu lugar, a fim de de pessoas que
Evangelho foi pregado aos mortos”. (D&C que possam ser libertados da prisão no morreram.
138:29–30) mundo espiritual.

A investidura é outra das ordenanças do templo. Consiste em duas partes:


primeiramente, uma série de instruções e, em segundo lugar,
promessas ou convênios feitos pela pessoa que recebe as ordenan-
ças—promessas de viver em retidão e obedecer às condições do
evangelho de Jesus Cristo.

Com certeza, nós, que estamos deste Quão


lado do véu, temos um grande trabalho a glorioso é
realizar. Pois à luz de todos os fatos mencio- termos o pri-
nados acima a respeito de ordenanças do vilégio de ir
templo, vemos que a construção de tem- ao templo
plos tem um significado profundo, tanto para receber
para nós como para a humanidade. Nossas nossas próprias bênçãos! Após
responsabilidades tornam-se claras. irmos ao templo para receber nos-
Devemos obter as ordenanças do templo sas próprias bênçãos, que glorioso
necessárias a nossa exaltação; a seguir, privilégio é fazer o trabalho para os
temos de fazer o trabalho necessário para que se foram! Este aspecto do
aqueles que não tiveram a oportunidade de trabalho do templo é
Dias de acordo com os mandamentos divinos.
O Élder Bruce McConkie [1915–1985], do Quórum dos
Doze Apóstolos, disse:
“A construção inspirada e o uso adequado dos templos
são as grandes evidências da divindade do trabalho do
Senhor. (...) Onde houver templos e o espírito de revela-
ção estiver sobre aqueles que o estiverem administrando,
lá estará o povo do Senhor; onde não houver templos e o
espírito de revelação não estiver presente, não haverá tam-
bém Igreja, reino ou verdades celestiais.” (Mormon
Doctrine (Doutrina Mórmon), 2ª ed. [1966], p. 781.)
Consideremos algumas das promessas relacionadas ao
templo que nos foram feitas pelo Senhor. Consideremos a
maneira pela qual devemos viver, a fim de sermos os bene-
de altruísmo. No entanto, cada vez que fazemos o traba- ficiários dessas promessas:
lho do templo por outrem, recebemos uma bênção. “E se meu povo me construir uma casa em nome do
Assim, não nos causa surpresa o Senhor desejar que Seu Senhor e não permitir que nela entre qualquer coisa
povo seja motivado pelo templo. impura, de modo que não seja profanada, minha glória
descansará sobre ela;
O Importante Símbolo que Representa os Membros Sim, e minha presença lá estará, porque entrarei nela; e
da Igreja todos os puros de coração que nela entrarem verão a
Foi o Senhor que, em Suas revelações, fez do templo o Deus.
importante símbolo que representa os membros da Igreja. Mas se for profanada, não entrarei nela e minha glória lá
Pensem nas atitudes e no comportamento reto que o não estará; porque não entrarei em templos impuros.
Senhor pediu que tivéssemos ao aconselhar, por intermé- E agora, eis que, se fizer estas coisas, Sião prosperará e
dio do Profeta Joseph Smith, os santos de Kirtland no esparramar-se-á e tornar-se-á muito gloriosa, muito gran-
momento em que se preparavam para construir um tem- diosa e muito terrível.
plo. O conselho aplica-se a nós ainda hoje: E as nações da terra honrá-la-ão e dirão: Certamente
“Organizai-vos; preparai todas as coisas necessárias e Sião é a cidade do nosso Deus e certamente Sião não pode
estabelecei uma casa, sim, uma casa de oração, uma cair nem ser removida de seu lugar, porque Deus lá está e
casa de jejum, uma casa de fé, uma casa de aprendizado, a mão do Senhor ali está;
uma casa de glória, uma casa de ordem, uma casa de E ele jurou, pelo poder de sua força, ser a sua salvação e
Deus.” (D&C 88:119) Essas atitudes e comportamentos sua torre alta.
descrevem precisamente o que cada um deseja e Portanto, em verdade, assim diz o Senhor: Que Sião se
procura ser? regozije, pois isto é Sião — o puro de coração, portanto,
Não temos registros de que templos fossem construí- que Sião se regozije.” (D&C 97:15–21)
dos no Velho ou no Novo Mundo durante o longo período Que maravilhosas promessas recebemos! Que privilégio
de apostasia que houve antes da restauração do evangelho nós — indivíduos, famílias e povo — sermos reconhecidos
de Jesus Cristo nesses últimos dias. O sacerdócio, que é pelo Senhor como os puros de coração!
fundamental para a realização das ordenanças do templo, Considerem os majestosos ensinamentos contidos na
não existia na Terra. Após a Restauração do evangelho por oração dedicatória do Templo de Kirtland, uma oração
intermédio de um profeta do Senhor, os templos voltaram que o Profeta Joseph Smith disse ter recebido por reve-
a ser construídos para cumprir esse grande propósito e lação. Uma oração que continua sendo respondida
estabelecer A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos individualmente, para as famílias ou para o povo, por

44
S
causa do poder do sacerdócio que o sido feitas promessas tão animadoras e mara- ejamos um
Senhor nos deu para ser usado em Seus vilhosas? Não nos surpreende que o Senhor povo que
templos sagrados. deseje que Seus seguidores centralizem sua aprecia e fre-
O Profeta Joseph Smith rogou: “E agora, vida em Seu exemplo e em Seus templos. qüenta o templo.
Pai Santo, pedimos-te que nos assistas, a nós, Não nos surpreende que Ele tenha dito que Vamos ao templo
teu povo, com tua graça (...) que sejamos em Sua casa, “manifestar-me-ei a meu povo tantas vezes quanto
considerados dignos, a teus olhos, de assegu- com misericórdia”. (D&C 110:7) o tempo, os recursos
rar o cumprimento das promessas que fizeste Todos os nossos esforços em proclamar o e as circunstâncias
a nós, teu povo, nas revelações que nos evangelho, aperfeiçoar os santos e redimir os nos permitirem. Não
foram dadas; mortos conduzem-nos ao templo sagrado. devemos ir ao tem-
Para que tua glória descanse sobre teu Por essa razão, todas as ordenanças do tem- plo somente em
povo. (...) plo são absolutamente importantes, pois, favor de nossos
E rogamos-te, Pai Santo, que teus servos sem elas, não poderemos voltar à presença antepassados, mas
saiam desta casa armados de teu poder; e de Deus. também pela bênção
que teu nome esteja sobre eles e a tua glória Na verdade, o Senhor deseja que Seu pessoal da adora-
ao redor deles e que teus anjos os guardem; povo seja um povo motivado pelo templo. ção, pela santidade
E que deste lugar levem novas sumamente Meu desejo mais profundo é de que e segurança que nos
grandes e gloriosas aos confins da Terra, em todos os membros da Igreja sejam são proporcionadas
verdade para que saibam que esta é tua obra dignos de entrar nele. Gostaria de entre aquelas pare-
e que estendeste a mão para cumprir o que que todos os membros adultos des santificadas e
ESQUERDA: FOTOGRAFIA DO TEMPLO DE HONG KONG CHINA, POR CRAIG DIMOND; DIREITA: FOTOGRAFIA DE JERRY GARNS, POSADA POR MODELOS

disseste pela boca dos profetas, concernente fossem dignos e tivessem uma consagradas.
aos últimos dias. (...) recomendação atualizada para o
Rogamos-te que estabeleças outras estacas templo — mesmo que a distân-
para Sião (...) para que a reunião de teu povo cia não lhes permitisse fazer
prossiga em grande poder e majestade, a fim uso imediato ou freqüente
de que tua obra se abrevie em justiça. (...) dessa recomendação.
E que todos os remanescentes dispersos Sejamos um povo que apre-
de Israel, que foram impelidos para os con- cia e freqüenta o templo.
fins da Terra, conheçam a verdade, creiam no Vamos ao templo tantas vezes
Messias e sejam redimidos da opressão e quanto o tempo, os recursos
regozijem-se perante ti. (...)
Lembra-te de toda a tua igreja, ó Senhor,
com todas as suas famílias e todos os seus
parentes próximos, com todos os seus enfer-
mos e aflitos, com todos os pobres e mansos
da Terra; para que o reino que estabeleceste
sem mãos se transforme em uma grande
montanha e encha toda a Terra; (...)
Para que, quando a trombeta soar para
os mortos, sejamos arrebatados na nuvem
para encontrar-te e estejamos com o
Senhor para sempre”. (D&C 109:10–12,
22–23, 59, 67, 72, 75)
Terá havido um povo para o qual tenham
E
xpressemos a e as circunstâncias nos permitirem. Não templo, para fazermos os próprios convê-
nossos filhos devemos ir ao templo somente em favor de nios com Ele e sermos selados como casais
os sentimen- nossos antepassados, mas também pela e famílias e que façamos as mesmas orde-
tos espirituais que bênção pessoal da adoração, pela santidade nanças em favor daqueles que morreram,
temos quando esta- e segurança que nos são proporcionadas entre os quais muitos aguardam ansiosa-
mos no templo. entre aquelas paredes santificadas e consa- mente que elas sejam concluídas.
Ensinemos a eles gradas. O templo é um lugar de beleza, de Para que o templo seja verdadeiramente
mais sincera e revelação e de paz. É a casa do Senhor. o nosso símbolo, devemos desejar que ele
espontaneamente as Deve ser tão sagrado para nós como o é o seja. Devemos viver de modo que seja-
coisas que, de para o Senhor. mos dignos de entrar no templo. Devemos
maneira adequada, Expressemos a nossos filhos os senti- guardar os mandamentos do Senhor. Se
pudermos dizer a mentos espirituais que temos quando esta- conseguirmos seguir o exemplo do Mestre
respeito dos propósi- mos no templo. Ensinemos a eles mais e tomarmos para nós Seus ensinamentos e
tos da casa do sincera e espontaneamente as coisas que, exemplo como o modelo mais perfeito, não
Senhor. Coloquemos da maneira adequada, pudermos dizer a res- acharemos difícil nos mantermos dignos de
em nossa casa a gra- peito dos propósitos da casa do Senhor. entrar no templo e sermos firmes e leais
vura de um templo Coloquemos em nossa casa a gravura de um em todos os aspectos da vida, pois estare-
de modo que as templo de modo que as crianças a vejam. mos comprometidos com um único e
crianças a vejam. Ensinemos a elas os propósitos da casa do sagrado padrão de conduta e crença.
Senhor. Incentivemo-las a, desde cedo, pla- Estejamos nós em casa ou no trabalho, seja-
nejarem ir ao templo e manterem-se dignas mos nós estudantes ou profissionais, esteja-
de receber essa bênção. mos completamente sozinhos ou em meio
É agradável ao Senhor que os jovens a uma multidão, nossa conduta será clara e
sejam dignos de ir ao templo e realizar nossos padrões óbvios.
batismos vicários em favor daqueles que O mais importante é sermos fiéis aos
não tiveram a oportunidade nossos princípios, vivermos de maneira
de ser batizados em vida. É íntegra e termos fé em concordância com o
agradável ao Senhor que que acreditamos. Essa devoção a um princí-
sejamos dignos de ir ao pio verdadeiro — seja em nossa vida pes-
soal, em nosso lar e família, em todos os
lugares em que encontramos e influencia-
mos outras pessoas — é a devoção que
Deus nos pede. Essa devoção exige que nos

FOTOGRAFIA POR WELDEN C. ANDERSEN, POSADA POR MODELOS


comprometamos: comprometimento de
corpo e alma, absoluto e eterno aos princí-
pios que sabemos ser verdadeiros e que
estão inseridos nos mandamentos que
Deus nos deu. Se formos verdadeiros e fiéis
aos princípios do Senhor, seremos sempre
dignos de entrar no templo, e o Senhor e
Seus templos sagrados serão grandes sím-
bolos de nossa dedicação a Ele. ■
Ver o texto original do artigo em A Liahona, maio de
1995, págs. 3–7.
Carta da Primeira Presidência
A Primeira Presidência enviou a seguinte carta, datada de 11 de março de 2003, para os líderes do
sacerdócio, a fim de ser lida na reunião sacramental.

S
omos gratos pelo crescente circunstâncias permitirem, os mem- Pedimos aos líderes locais do sacer-
“ número de templos à disposi-
ção no mundo e convidamos
bros são incentivados a trocarem algu-
mas atividades de lazer pelo serviço no
dócio que incentivem os membros dig-
nos de irem ao templo, a levarem em
os membros adultos a terem uma templo. consideração maneiras de aumentar a
recomendação atualizada para o tem- Milhões de nossos ancestrais vive- freqüência ao templo durante o dia.
plo, visitando-o com mais freqüência. ram na Terra sem terem o benefício das Os mestres familiares e as professoras
Nos lugares em que o tempo e as ordenanças no templo. Incentivamos, visitantes talvez possam ajudar a levar
em particular, os membros batizados as pessoas que precisem de trans-
recentemente e os jovens da Igreja porte, especialmente durante o dia.
com 12 anos ou mais, a vive- Todas as ordenanças realizadas na
rem de modo digno para Casa do Senhor tornam-se a expres-
auxiliarem nesse grande são de nossa crença na doutrina
trabalho, servindo essencial e fundamental da imortali-
como procuradores dade da alma humana. Ao redo-
para batismos e brarmos nossos esforços e nossa
confirmações. fidelidade indo ao templo, o
Senhor nos abençoará.” ■

Do Centro de Distribuição
Você sabia que o livreto Templos de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos
Últimos Dias (item nº 35863-059) acha-se disponível em muitas línguas? Esse
livreto é publicado, a fim de fornecer informações úteis a respeito dos templos e
sua importância para os membros da Igreja. Ele pode ajudar os pais a ensinarem
seus filhos a respeito do templo e pode também ajudar os membros que plane-
jam ir ao templo pela primeira vez a prepararem-se para as ordenanças e convê-
nios sagrados. Entre em contato com seu centro de distribuição local ou com os
líderes de sua ala ou ramo para informações de como requisitar e saber o preço.

FOTOGRAFIA DE CASAL POR ESTEVE BUNDERSON, POSADA POR MODELOS; FOTOGRAFIA DO TEMPLO DE ORLANDO FLÓRIDA, POR MARK A. PHILBRICK
Você Sabia?
Aconteceu em
Março
Seguem-se
alguns aconteci-
mentos significa-
tivos da história
da Igreja que
ocorreram no
mês de março.
26 de março de 1830: O Livro
de Mórmon foi posto à disposição
do público, quando foi terminada a
impressão dos primeiros exempla-
res, por E. B. Grandin, em Palmyra,
Nova York.
17 de março de 1842: O Profeta
Joseph Smith organizou a
Batismos dos Profetas dos Últimos Dias Sociedade de Socorro em Nauvoo,
Você sabia que o Presidente Gordon B. Hinckley foi o primeiro Presidente Illinois.
da Igreja a ser batizado em uma pia batismal de capela SUD? É verdade. Ele foi
batizado em 28 de abril de 1919, na Primeira Ala, Estaca Salt Lake Liberty. Aqui
estão alguns fatos interessantes sobre o batismo dos outros 14 Presidentes da Dica de
Igreja. Liderança
O Presidente
Presidente da Igreja Data do Batismo Local do Batismo Gordon B.
Joseph Smith 15 de maio de 1829
Rio Susquehanna, perto de Harmony, Pensilvânia Hinckley ensi-
Brigham Young 14 de abril de 1832
Uma represa de moinho perto de Mendon, nou: “Como
Nova York
membros da
John Taylor 9 de maio de 1836 Um riacho perto de Toronto, Ontário, Canadá
Wilford Woodruff 31 de dezembro de 1833 Um riacho gelado perto de Richland, Nova York
Igreja, vocês podem e têm a obri-
Lorenzo Snow 19 de junho de 1836 Rio Chagrin, Kirtland, Ohio gação de ser líderes nas causas
Joseph F. Smith 21 de maio de 1852 Riacho City, Salt Lake City, Utah defendidas por esta Igreja. Não
Heber J. Grant 2 de junho de 1864 A carroceria de um carroção em Salt Lake City, Utah permitam que o temor sobrepuje
George Albert Smith 6 de junho de 1878 Riacho City, Salt Lake City, Utah seus esforços. (...) O temor não
David O. McKay 8 de setembro de 1881 Riacho Spring perto de Huntsville, Utah vem de Deus, mas do maligno. O
Joseph Fielding Smith 19 de julho de 1884 Provavelmente no Riacho City, Salt Lake City, Utah adversário de toda a verdade
Harold B. Lee 9 de junho de 1907 Lago Bybee perto de Clifton, Idaho deseja fazer com que nosso cora-
Spencer W. Kimball 28 de março de 1903 Tacho de escaldar porcos, Arizona; mais tarde ele
ção relute em realizar qualquer
foi batizado no Canal Union, Thatcher, Arizona, por
causa de preocupações relativas à validade do
esforço. Ponham de lado esse
batismo feito no tacho temor e sejam valentes na causa da
Ezra Taft Benson 4 de agosto de 1907 Canal do Rio Logan, Whitney, Idaho verdade, retidão e fé”. (“Palavras
Howard W. Hunter 4 de abril de 1920 Piscina Natatorium, Boise, Idaho do Profeta Vivo”, A Liahona, junho
de 1998, pág. 26.)

FOTOGRAFIA DE HOWARD W. HUNTER, SPENCER W. KIMBALL, GORDON B. HINCKLEY E EZRA TAFT BENSON QUANDO JOVENS, CORTESIA DOS
ARQUIVOS DA IGREJA SUD; FOTOGRAFIA DA RÉPLICA DA GRÁFICA DO EDIFÍCIO GRANDIN; ORGANIZAÇÃO DA SOCIEDADE DE SOCORRO,
POR DALE KILBOURN
PA R A A S C R I A N Ç A S • A I G R E J A D E J E S U S C R I S TO D O S S A N TO S D O S Ú LT I M O S D I A S • M A R Ç O 2 0 0 4

OAmigo
VINDE AO PROFETA
ESCUTAR

A Faxina da
Primavera PRESIDENTE GORDON B. HINCKLEY

Q
uando eu era menino e morava
em Salt Lake City, a maioria das
casas era aquecida por fornos
de carvão. Havia fumaça negra saindo
de quase todas as chaminés. No final
do inverno, viam-se fuligem e sujeira
em toda parte, tanto dentro como fora
das casas.
Realizávamos todos os anos um
ritual que não nos era muito agradável,
O Presidente envolvendo todos os membros da famí-
Hinckley convida-nos lia. Chamava-se a faxina da primavera.
a conhecer a alegria Quando o tempo ficava mais quente,
de ser limpos. depois do longo inverno, um período
de pouco mais de uma semana era des-
tinado à faxina. Geralmente era mar-
cada para quando havia um feriado e
incluía dois sábados.
Minha mãe encabeçava o projeto.
Todas as cortinas eram retiradas e lava-
das. Em seguida, eram cuidadosa-
mente passadas a ferro. As janelas
eram lavadas por dentro e por fora.
Que trabalho penoso tínhamos no
sobrado em que morávamos!
Todas as paredes eram forradas de
papel, e papai levava para casa latas de
produtos de limpeza de papel de
parede. Parecia massa de pão, mas
tinha uma bela cor rosa quando a lata

A2
era aberta. O cheiro era bom, agradavelmente refres-
cante. Todos ajudávamos na tarefa. Pegávamos um
pouco de massa de limpeza na mão, subíamos em uma
escada e começávamos pelo telhado, descendo pela
parede. A massa logo ficava preta da sujeira que saía do
papel de parede. A tarefa era árdua e bastante cansativa,
mas com resultados quase milagrosos. Afastávamo-nos
um pouco e comparávamos a superfície suja com a que
havia sido limpa. Era impressionante ver como as pare-
des limpas tinham um aspecto bem melhor.
Todos os tapetes eram tirados e arrastados para o
quintal dos fundos, onde eram pendurados, um por um,
ILUSTRADO POR PAUL MANN; AO LADO DE ÁGUAS TRANQÜILAS, DE SIMON DEWEY, CORTESIA DE ALTUS FINE ART, AMERICAN FORK, UTAH

no varal. Cada um dos meninos tinha o que chamávamos


de batedor de tapetes, uma ferramenta constituída de
uma barra de aço leve com um cabo de madeira. Ao bater Sejam puros de mente e terão maior controle sobre o
os tapetes, levantávamos nuvens de poeira, e não podía- próprio corpo. Pensamentos impuros induzem-nos a
mos parar, até não haver mais nenhum pó sobrando. atos impuros.
Detestávamos esse trabalho. Quando tudo terminava, O Senhor disse: “Que a virtude adorne teus pensa-
porém, e tudo era colocado de volta no lugar, tínhamos mentos incessantemente”. Juntamente com esse
um resultado maravilhoso. A casa ficava limpa. Nosso mandamento, Ele fez uma promessa: “Então tua
espírito ganhava novo ânimo. O mundo inteiro parecia confiança se fortalecerá na presença de Deus”. (D&C
melhor. 121:45)
É isso que alguns de nós precisamos fazer com nossa Vocês não podem e não devem se deixar conduzir à
vida. Isaías disse: “Lavai-vos, purificai-vos, tirai a maldade vil armadilha do comportamento imoral.
de vossos atos diante dos meus olhos”. (Isaías 1:16) Sejam puros no falar. Existe muita conversa suja e
Nosso corpo é sagrado. Foi criado à imagem de Deus. imunda hoje em dia.
Nosso corpo é maravilhoso, é a criação suprema da Sejam puros no modo de vestir e no comporta-
Divindade. Não posso compreender por que alguém mento.
teria o desejo de prejudicar conscientemente o próprio Incentivo-os a serem corteses, sejam respeitosos,
corpo. Isso, porém, acontece à nossa volta todos os dias, sejam honestos, sejam jovens íntegros.
quando (pessoas) tomam bebidas alcoólicas e usam dro- Que Deus nos abençoe para que caminhemos com
gas ilegais. Que grande desgraça são essas coisas! mãos limpas e corações puros e sejamos dignos
Afastem-se das bebidas alcoólicas. Não se envolvam de Seu sorriso. ●
com drogas ilegais. Elas podem destruí-los. De um discurso da conferência geral de abril de 1996.

O AMIGO MARÇO DE 2004 A3


TEMPO DE
COMPARTILHAR

LIMPOS NOVAMENTE

SERMÃO DA MONTANHA, DE HARRY ANDERSON; CRISTO COM AS CRIANÇAS, DE HARRY ANDERSON; A ENTRADA TRIUNFAL DE JESUS EM JERUSALÉM, DE HARRY ANDERSON; A ÚLTIMA CEIA, DE CARL HEINRICH BLOCH; CRISTO NO GETSÊMANI, DE HARRY ANDERSON; A
ILUSTRADO POR THOMAS S. CHILD; A SEGUNDA VINDA, DE HARRY ANDERSON; O NASCIMENTO DE JESUS, DE CARL HEINRICH BLOCH; JESUS ENSINANDO OS ANCIÃOS NO TEMPLO, DE GRANT ROMNEY CLAWSON; JOÃO BATIZANDO JESUS, DE HARRY ANDERSON; O
SHEILA E. WILSON

”Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade e a 5. Uma vez por dia, leia uma das escrituras que se
vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim.” (João 14:6) encontram atrás da gravura do Salvador.

§
Certo dia, os amigos de Lincoln disseram-lhe Idéias para o Tempo de Compartilhar
que fingiram ter posto dinheiro na máquina 1. Escreva cada uma das palavras da Regra de Fé 1:3 em uma
que vendia lápis. Depois, disseram à secretá- tira de papel. Coloque as tiras misturadas, deixando fora a tira
ria que não tinha saído nenhum lápis, e ela lhes tinha “Expiação”. Cante uma música ou um hino a respeito do Salvador.
dado um lápis. Lincoln decidiu também tentar. Examine a Regra de Fé 1:3. Apresente as tiras de papel e aja como
Durante o recreio, Lincoln sentou-se em um dos ban- se estivesse desapontada, porque alguma coisa está errada. Diga às
cos e olhou para o lápis que recebera gratuitamente. crianças que vai precisar de sua ajuda. Enquanto a pianista toca

CRUCIFICAÇÃO, DE HARRY ANDERSON; AS PINTURAS DE CARL HEINRICH BLOCH SÃO CORTESIA DO MUSEU HISTÓRICO NACIONAL DE FREDERICKSBORG, EM HILLERØD, DINAMARCA
Sentiu-se mal interiormente. Queria fazer o que era certo. baixinho, deixe que as crianças troquem duas palavras, a fim de
Ele contou à secretária o que fizera e devolveu-lhe o lápis. “consertar” a regra para que fique em ordem. Quando a regra esti-
Lincoln sentiu-se melhor. ver completa (sem a tira da palavra “Expiação”), diga-lhes que
Vocês já fizeram alguma coisa errada e desejaram alguma coisa continua errada. Acrescente a palavra “Expiação”.
poder acertá-la? O Pai Celestial quer que voltemos a Repitam juntos a Regra de Fé. Compare a experiência ao fato de
viver com Ele, mas nenhuma pessoa impura pode que podemos nos arrepender, a fim de corrigir alguma coisa, mas
viver com Ele. (Ver Moisés 6:57.) O Pai Celestial sabe que precisamos da Expiação de Jesus Cristo. Peça às crianças que
que todos cometerão erros, assim, Ele nos deu um falem de como a Expiação abençoa sua vida.
meio de ficarmos limpos novamente. Precisamos 2. Apresente cinco caixas ou envelopes com as seguintes escri-
arrepender-nos. turas dentro delas: (1) Mosias 3:16; (2) Mateus 9:35; (3) João
Jesus Cristo sofreu no Jardim do Getsêmani e sobre a 13:15; (4) 2 Néfi 9:21; (5) Jacó 4:11. Peça às crianças que façam
cruz, a fim de pagar o preço de nossos pecados. Ele de conta que, acidentalmente, quebraram um objeto muito
sofreu para que não tivéssemos que sofrer, se nos arre- valioso. Como se sentiriam? Como seria, se não tivessem meios de
pendêssemos. (Ver D&C 19:16.) Por ter Jesus Cristo pagá-lo? Explique-lhes que seu pai e mãe terrenos as ajudariam,
pago por nossos pecados por meio de Seu sofrimento, porque eles as amam. Eles dizem-lhe que, se estiverem realmente
quando fazemos nossa parte arrependendo-nos e não arrependidas, forem obedientes, e pagarem o que puder, eles as
cometendo outra vez o mesmo erro, podemos ficar lim- ajudarão, pagando a diferença. Quando quebramos um manda-
pos novamente. mento, também precisamos de alguém que nos ajude. Jesus Cristo
pagou pelos nossos pecados e tornou possível que nos arrependês-
Atividade com Móbile semos e voltássemos ao nosso Pai Celestial. Escreva no quadro “O
1. Cole a página A5 em cartolina e então recorte cui- Que Fez Jesus por Nós e Por Quê”. Fale sobre o seguinte e aliste:
dadosamente as cinco peças do móbile. (1) Ele expiou pelo pecado de Adão, para que as criancinhas pos-
2. Desenhe ou cole uma foto sua no verso da peça sam ser salvas; (2) Deu-nos o evangelho para que possamos viver
quadrada. com Ele; (3) Mostrou-nos como viver para que possamos ser feli-
3. Dobre nas linhas pontilhadas, cole a parte de trás zes; (4) Sofreu por nossos pecados, para que possamos ser perdoa-
das duas peças ovais e faça buracos onde está indicado. dos; (5) Morreu e ressuscitou, para que possamos ser
Use barbante para ligar cada peça. (Ver ilustração.) ressuscitados. Separe as crianças em grupos. Peça a cada grupo
Faça uma laçada na parte superior; depois, dê um nó na que abra uma das caixas ou envelopes e combine a escritura
parte de baixo. com um dos itens alistados. ●

A4
POSSO
ARREPENDER-
ME E VIVER
COM O PAI
CELESTIAL
“Eu sou o caminho.” “Eu sou o caminho.”
(João 14:6) (João 14:6)

Mateu
s 26:1 2:13
7–35 João 1
Luc

16
as 2

18:
2

s
:

a
41–

Luc
44

Jesus Cristo
é meu Salvador.
Lucas 23:32–46

Ele expiou pelos Mateus 7:28–29

meus pecados.
7
3–1
Joã

Ilustração
3:1
o1

eus
4:6

Mat

Lucas 2:40
2:1– Lucas
16

O AMIGO MARÇO DE 2004 A5


Uma
Flor Silvestre
e uma
Oração
G AY L E M . C L E G G cantos do pátio, ela baixou a cabeça e fez
Segunda Conselheira na Presidência Geral uma oração. Tina não sabia exatamente o
da Primária
que deveria dizer, então pediu que o papai

A
lguma vez você já se sentiu sozinho? e a mamãe pudessem estar com ela para
Quando nossa filha Tina estava com protegê-la.
seis anos, nossa família foi morar no Lembrou-se de uma música da Primária:
Brasil. Ninguém na família conhecia o por-
Se vou a passeio num campo florido,
tuguês, e para Tina a dificuldade parecia
Escolho umas flores para te ofertar,
maior. Decidimos colocá-la em uma pré-
O campo e as flores, com seu colorido,
escola junto a crianças de quatro anos,
Em ti, mãe querida, me fazem pensar.
A irmã Clegg
ainda que ela já devesse estar começando o
(“Se Vou a Passeio”, Músicas para
ensina que, ensino fundamental. Tínhamos a esperança
Crianças, pág. 109)
embora às vezes de que a interação com crianças mais novas
você possa sentir- a ajudariam a sentir-se mais à vontade e Quando Tina abriu os olhos, viu uma
se sozinho, o Pai facilitasse seu aprendizado de português. florzinha entre os blocos de cimento.
Celestial está sem- Mas Tina era tão estrangeira para as Apanhou-a e colocou-a no bolso. Seus pro-
pre por perto de outras crianças quanto elas eram para ela. blemas com as outras crianças não desapa-
você, embora não Cada dia era uma luta, e ela voltava muito receram, mas ela voltou a ir para a escola
possa vê-Lo. triste para casa. tendo certeza de que seus pais estavam
Um dia, algumas crianças agiram de com ela.
modo particularmente desagradável. Talvez às vezes você possa sentir-se sozi-
Durante o recreio, essas crianças chegaram nho. Pode ter dificuldade em aprender
a jogar-lhe pedras e a empurraram, rindo-se alguma coisa. Às vezes outros podem ser
dela. Tina ficou assustada e machucada. maldosos com você. Mas o Pai Celestial está
Decidiu que não voltaria às aulas. sempre perto de você, muito embora não
Enquanto ficou sentada no pátio vazio, possa vê-Lo. Ele o ama e quer que você ore
lembrou-se do que lhe havíamos ensinado a Ele quando sentir-se sozinho ou ame-
ILUSTRADO POR ROBERT A. MCKAY

a respeito da solidão. Lembrou-se de que o drontado. Ele pode, então, enviar Seu
Pai Celestial está sempre perto de Seus Espírito para confortá-lo, assim como con-
filhos e que ela poderia falar com Ele a fortou a Tina naquele dia solitário. ●
qualquer momento. Ele compreenderia a
Adaptado de um discurso da conferência geral, de
linguagem do seu coração. Em um dos abril de 2002.

A6
ARTIGO SOBRE
O PÔSTER

O Arrependimento
e a Expiação
O
Pai Celestial sabia que, como algo que sempre desejara. Mas, para mim, e estabelecerei os termos “dívidas”. Ele sobrepujou a morte
mortais, não poderíamos ser quando a conta chegou, não tinha do pagamento. Não será fácil, mas para que pudéssemos todos ressus-
perfeitos. Assim, escolheu a o suficiente para pagá-la. Ele sabia será possível”. citar e sofreu pelos nossos peca-
Jesus Cristo, que é perfeito, para ser que seu credor tiraria seus bens Por estar o amigo disposto e ser dos, para que não tivéssemos de
nosso Salvador. como pagamento e o colocaria na capaz de pagar, o credor recebeu o sofrer, se nos arrependêssemos.
Para ajudar a explicar o que o cadeia. dinheiro que lhe era devido. Ao (Ver D&C 19:16.) Em retribuição,
Salvador fez por nós, o Presidente Então, seu amigo veio resgatá-lo. mesmo tempo, o homem pôde con- Ele nos pede para que sigamos
Boyd K. Packer, Presidente Interino O amigo perguntou: “Se eu pagar a servar seus bens e não ir para a pri- certos “termos”, ou regras —
do Quórum dos Doze Apóstolos, dívida, você me aceitará como seu são. (Ver “O Mediador”, A Liahona, arrependermo-nos e guardar os
contou a história de um homem credor?” O homem concordou, outubro de 1977, págs. 54–55.) mandamentos. Ao fazermos isso,
que pediu emprestado uma grande muito agradecido, e seu amigo Como o amigo, na história, Jesus torna possível voltarmos,
quantia de dinheiro. Ele comprou disse-lhe: “Você pagará o débito Jesus Se oferece para pagar nossas algum dia, ao Pai Celestial. ●

Atividades e Idéias para a


Noite Familiar
1. Para lembrá-lo de seguir os
exemplos de Jesus, recorte estas
duas páginas pelas linhas contí-
nuas. Dobre-as para formar um
livreto. (Ver ilustrações.)
2. Durante a noite familiar, ou
quando fizer um discurso na
Primária, use as gravuras de
Jesus para falar a respeito de Sua
vida. Use as gravuras de crianças
modernas para descrever meios
pelos quais podemos seguir o
exemplo do Salvador.
3. Para uma atividade de noite
familiar, debata cada uma das
gravuras do livreto que você fez.
Depois, peça a cada membro da
família que corte e dobre um
pedaço de papel, de modo que
forme um livreto como o abaixo.
Peça a cada membro da família
que escreva ou desenhe em cada
página uma figura de como ele
ou ela pode seguir o Salvador
(por exemplo: estudando as
escrituras, freqüentando a Igreja,
ou ajudando alguém).

ILUSTRAÇÕES

ILUSTRADO POR PAUL MANN E ROBERT T. BARRETT


DE UM AMIGO
PARA OUTRO

O Surgimento de
um Testemunho
”Ninguém pode dizer que Jesus é o Senhor,
senão pelo Espírito Santo.” (I Coríntios
12:3)
Aos 5 anos.
asci em St. George, Utah, onde meus

N antepassados se estabeleceram em
1861. Meu tetravô era Erastus
Snow, Apóstolo quando Brigham
Young era Presidente da Igreja. Meus
pais e avós freqüentemente falavam dos
De uma entrevista pioneiros e seus sacrifícios. Eles encora-
com o Élder
javam-me a honrar o nome da família,
Steven E. Snow,
a saber quem eu era, e a escolher o
dos Setenta, ser-
certo.
vindo atualmente
Meu pai era proprietário de uma
na Presidência
da Área África
firma de lavagem a seco e comecei a
Sudeste; por ajudá-lo quando tinha cerca de cinco
Hilary M. Hendricks anos. Eu varria o chão e preparava os
cabides para pendurar calças. A tem-
peratura em St. George freqüente-
mente fica bem acima dos 38º. Ficar ao
lado de uma passadeira a vapor é que me
motivava escolher outra profissão e ir para
a Faculdade de Direito. A lembrança daque-
les dias mantinham-me firme na escola.
Meus irmãos, irmã e eu também ajudáva-
mos nossos avós com suas vacas, cavalos e
loja de móveis. Aprendi a trabalhar duro, e
praticava esportes — especialmente beise-
bol e futebol americano.

Direita: Aos 12 anos (à esquerda), jogador da


Little League de beisebol.

A10
músicas. Um dos hinos favoritos é “Graças Damos, Ó
Deus, Por Um Profeta” (Hinos, nº 9). Os santos na África
amam muito ao Presidente Gordon B. Hinckley. Eles
prestam fervoroso testemunho de que ele é um profeta
e de que Joseph Smith restaurou o evangelho à Terra.
A maioria das alas e ramos reúne-se em edifícios que
seriam logo reconhecidos como capelas dos santos dos
últimos dias. Mas os santos em Rustenburg, África do
Sul, reuniam-se em um armazém, enquanto esperavam
que sua nova capela fosse terminada. Quando visitei a
sua reunião sacramental, notei que o armazém tinha
espaços entre o telhado e as paredes, para permitir que
o ar que vinha de fora entrasse. Ao começarmos a can-
tar o hino de abertura, passarinhos voaram e se empo-
leiraram nos caibros. Eles cantaram conosco. Durante o
Alto: Como missionário na Missão Alemanha Norte. Acima: hino sacramental, os pássaros cantaram mais uma vez.
Élder Snow e sua mulher, Phyllis, e família no dia do casa- Em todos os países, vocês, crianças da Igreja, são
mento de seu filho Garrett. abençoadas por terem a Primária. Assistir à Primária
semanalmente ajuda-as a aprender a respeito do evan-
No dia seguinte ao meu batismo, fui confirmado gelho para que possam obter seu próprio testemunho.
membro d’A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últi- Vindo à Igreja, dando ouvidos aos seus pais, orando,
mos Dias. Foi em uma reunião de jejum e testemunhos, lendo as escrituras e guardando os mandamentos do Pai
e decidi, pela primeira vez na vida, prestar meu teste- Celestial, vocês serão dignas de sentir o Espírito Santo.
munho. À medida que eu falava, um sentimento quente Ele testificará a vocês, como testificou para mim e para
e maravilhoso preencheu meu coração. Era uma confir- os santos da África, de que o Presidente Hinckley é um
mação do Espírito de que filiar-me à Igreja era a coisa profeta de Deus e de que A Igreja de Jesus Cristo dos
certa a fazer. Aquele sentimento caloroso foi o início de Santos dos Últimos Dias é verdadeira. ●
meu pequeno testemunho, que cresceu à medida que
amadureci. Sei que as crianças podem obter seus pró- As crianças da Primária da África amam o Presidente
prios testemunhos e que mesmo testemunhos peque- Hinckley e prestam fervoroso testemunho sobre ele.
nos são o suficiente para nos ajudar a escolher o que é
certo.
Sirvo atualmente na África sudeste. Muitos membros
da Igreja na África foram batizados recentemente. Eles
são pioneiros. Um testemunho arde brilhantemente em
seu coração. É comum às famílias irem para a Igreja a
pé, levando até uma hora e meia em cada direção. As
famílias que moram mais longe, economizam durante a
semana inteira, a fim de pagar as corridas de táxi.
As crianças africanas são muito reverentes durante a
reunião sacramental e a Primária. Elas gostam de ouvir
as lições dadas pelos seus professores, e de cantar as

O AMIGO MARÇO DE 2004 A11


DA VIDA DO PRESIDENTE HEBER J. GRANT

Alcançar um Objetivo

Mamãe,
quero jogar em um time de
beisebol.

Quando menino,
Heber J. Grant ajudava
sua mãe a varrer, lavar
louças e cuidar da
casa. Nunca havia pra-
ticado esportes como
os outros meninos de
sua idade.

Jogue
a bola aqui, seu fracote!

No princípio, Heber
teve que jogar com
meninos muito mais
novos do que ele, por-
que não podia arremes-
sar muito bem. Seus
companheiros de time
caçoavam dele.

Em vez de ficar zangado, Heber fez Algum


uma meta. dia jogarei em um time do
campeonato! ILUSTRADO POR MIKE EAGLE

A12
Heber engraxava botas
dos homens para
ganhar dinheiro, até
que economizou o
suficiente para com-
prar uma bola de bei-
sebol.

Seu filho é o menino mais


preguiçoso da ala. Ele desperdiça
o tempo, arremessando uma bola
no meu celeiro durante horas.

Depois, treinava o
arremesso de sua bola,
jogando-a contra o
celeiro do Bispo
Edwin Woolley todos Bispo,
os dias. O bispo ficou meu filho está treinando
preocupado. para alcançar uma meta.

O trabalho duro de Heber


finalmente compensou.
Ele juntou-se a um time
que ganhou o campeo-
nato nos Estados da
Califórnia, Colorado e
Wyoming.
Adaptado de Bryant S.
Hinckley, Heber J. Grant:
Highlights in the Life of a
Great Leader (Heber J.
Grant: Pontos de Interesse
na Vida de um Grande
Líder), (1951), 37–38.

O AMIGO MARÇO DE 2004 A13


Mary Jane Ouve
“As minhas ovelhas ouvem a minha voz, e eu
conheço-as, e elas me seguem.” (João 10:27)
MARY ANN SNOWBALL
Baseado em uma história real.

R
ápido, mais depressa!” gritavam os ami-
“ gos de Mary Jane, ao correrem rua
abaixo.
“Já vou! Já vou!” gritava em resposta Mary Jane,
curvando-se para colocar mais uma pedra no
bolso avolumado de seu avental azul claro.
Para uma menina de nove anos, de Gales,
em 1846, chegarem os missionários santos
dos últimos dias à cidade significava excita-
ção. Ela e suas amigas tinham ouvido
muitas histórias terríveis a respeito dos
“Mórmons”. Essas pessoas mereciam
ser apedrejadas.
Quando as três garotas viraram uma
esquina, ouviram música. Um pequeno
grupo de pessoas cantava um hino conhe-
cido. Mary Jane cantava bem. Assim, jun-
tou-se ao grupo logo que recuperou o
fôlego. Ela não conhecia toda a letra,
mas gostava muito de cantarolar as
ILUSTRADO POR STEFANIE ESKANDER

melodias.
Quando a música acabou, Mary
Jane seguiu o exemplo dos élde-
res e ajoelhou-se para orar.
Uma a uma as pedras caíram
do bolso de seu avental.

A14
Quando a oração acabou, a
amiga de Mary Jane reco-
lheu as pedras, “Vamos acertá-
los!” disse ela.
“Não”, disse Mary Jane baixinho.
“Quero ouvir o que estão dizendo.”
Ela virou-se para os missioná-
rios e ouviu-os cuidadosamente.
Um dos élderes disse que um
profeta chamado Joseph Smith
tinha visto o Pai Celestial e Seu
Filho, Jesus Cristo, em um bos-
que. Outro explicou por que
nascemos nesta Terra.
Enquanto Mary Jane escutava,
suas amigas esgueiraram-se por
entre as pessoas e foram brincar.
Quando os élderes terminaram a
pregação, Mary Jane foi andando vagarosamente
para casa, pensando no que tinha ouvido.
Passaram os dias e Mary Jane continuava a ouvir os
élderes. Gostava do que estava aprendendo a respeito Mas Mary Jane gostava cada vez mais do evangelho.
do Pai Celestial. Sua mãe, não. Ela se opunha tanto ao Havia aprendido a orar, e suas orações pedindo por um
que os missionários ensinavam que às vezes escondia as testemunho foram respondidas. Ela queria ser batizada.
roupas de Mary Jane ou negava-lhe alimentos, para que Finalmente, em uma fria noite de dezembro, foi bati-
ela deixasse de ir à Igreja. zada em um rio enregelado. Os élderes tiveram que

O AMIGO MARÇO DE 2004 A15


Mas estava triste, porque sua
mãe não entendia o evangelho ver-
dadeiro. Todos os dias Mary Jane
ajoelhava-se para orar: “Pai
Celestial, estou muito feliz por ser
membro da Igreja, mas quero que
minha mãe também seja batizada”,
dizia ela. “Por favor, ajude-a a
entender a mensagem. Por favor,
faça com que aconteça alguma
coisa que a ajude a aceitar o evan-
gelho.” Durante três anos Mary
Jane orou por sua mãe. Nunca
perdeu a esperança.
Quando Mary Jane estava com
13 anos, sua mãe ficou grave-
mente enferma com uma doença
no pé, muito dolorosa.
Certo dia, Mary Jane disse
à mãe: “Por que não pede aos
élderes que venham e lhe dêem
uma bênção do sacerdócio?” Por
estar com o pé doendo muito, sua
mãe finalmente aceitou. Os élderes
deram uma bênção à mãe de Mary Jane
usar um e, para seu assombro, o pé parou imediatamente de
machado para fazer um buraco no gelo. Muito embora doer. Mary Jane sabia que suas orações haviam sido
o corpo de Mary Jane estivesse muito frio naquela respondidas.
noite, seu coração sentia calor. Ela sabia ter tomado a Logo depois sua mãe começou a ir às reuniões da
decisão correta. Igreja. Não demorou para que ela também se unisse à
Igreja. Mary Jane estava mais feliz do que nunca.
Quando Mary Jane tinha 17 anos, ela e a mãe viaja-
“O Senhor confia em Seus discípulos fiéis. Ele ram no navio Jersey para a América do Norte e então
envia pessoas preparadas a Seus servos prepara- seguiram para Utah. Mary Jane seguiu o Salvador pelo
dos. Vocês já tiveram a experiência, como eu tive, resto da vida, como havia sido ensinada em uma
de conhecer pessoas que sem dúvida alguma seu esquina de Gales. Permaneceu sempre agradecida
encontro com elas não foi por acaso.” por ter ouvido os élderes naquele dia. Estava espe-
Élder Henry B. Eyring, do Quórum dos Doze Apóstolos, cialmente feliz porque, aos nove anos, tinha decidido
“Um Filho e um Discípulo”, A Liahona, maio de 2003,
pág. 31. não atirar as pedras que haviam caído do bolso de
seu avental azul claro. ●
Mary Ann Snowball é membro da Primeira Ala de Little Valley,
Estaca de St. George Utah Washington Fields.

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Vinde à Casa do Senhor, por Grant Romney Clawson
“O monte da casa do Senhor será estabelecido no cume dos montes, e se elevará sobre os outeiros, e a ele afluirão os povos. E irão
muitas nações, e dirão: Vinde, e subamos ao monte do Senhor, e à casa do Deus de Jacó.” (Miquéias 4:1–2)
“Todas as ordenanças realizadas
na Casa do Senhor tornam-se a
expressão de nossa crença na
doutrina essencial e fundamental
da imortalidade da alma humana.
Ao redobrarmos nossos esforços e
nossa fidelidade indo ao templo, o
Senhor nos abençoará.” Ver
“Carta da Primeira Presidência”,
página 47. Ver também “Um
Povo Motivado pelo Templo”, do
Presidente Howard W. Hunter,
página 40.
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02249 83059
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