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eda Lei da Reforma Fiscal de 1986; ao nivel estadual ¢ municipal, de 119 em 1964 para 12% em 1978 © 14% em 1989.* Uma terceira maneira pela qual a inflagdo produz receita para ‘© governo ¢ pagando — ou repudiando, se quiserem — uma parte dz divida do governo. O governo tome emprestado em délares € paga fem délares. No entanto, gragas & inflaggo, os délares com que ele aga compram menos do que os que ele tomou emprestados. 1330 no representaria um ganho liquido para o governo se, no {nterim, ele tivesse pago um juro suficientemente elevado sobre a divida pa- ra compensar o emprestador pela inflagdo. Na maioria dos casos, ele nao tem feito isso. As apélices do governo s4o 0 exemplo mais, claro, Suponha que voo8 teaha comprado uma apélice em dezem- bro de 1968, tenha ficaco com ela até dezembro de 1978, e depo’ fa tenha resgatado. Voct teria pago US$37,50 em 1968 por uma apélice de dez anos de prazo com um valor de face de US$S0, € teria recebido US$64,74 em 1978, quando a resgatasse (porque © governo elevou a taxa de juro nesse interim para compensar um pouco a inflacdo). Mas em 1978 eram precisos US$70 para com- prar aquilo que US$37,50 teriam comprado em 1968. E ainda as- sim, voce nao teria apenas recebido s6 USS6¢,74 de volta; também tetia tido de pagar imposto de renda sobre a diferenga de USE27,24 entre aquilo que recebeu ¢ aquilo que pagou — na verdade, teria acabado por pagar pelo dibio privilégio de emprestar dinheiro 20 seu governo, ‘Voce teria sido mais feliz na década de 1980, depois que a in- Flagdo foi reduzida e o Tesouro ajustou a taxa de juro a ponto dela refletir mais plenamente a inflagdo. Suponha que vocé comprasse uma apélice Série EE dos Estados Unidos em maio de 1981, ficasse com ela até maio de 1991, e depois a resgatasse. Terie pago US$25 em 1981 por um titulo de dez anos de prazo, com um valor de face de US850 ¢ teria recebido USBS6,92 ao resgaté-lo. Em 1991, eram precisos USS41,38 para comprar o que US$2S teriam comprado em 1981, Assim, vooé teria recebiclo USS15,54 de poder aquisitivo a ti- “Por “medidos de forma cosreta” quero me ceferie& incluso do ehamado deétcit como um impasio ceulto. Os nimetos eitados se refercm és despesas do governo como uma fraslo da renda nacional, una mecida melhor do énus fiseal do que 0 total initulado “imposios". Uma medida melhor, mas ainda assim baixa denias, porque no inci as despesas ordenadis pelo governo mas ndo inculdas nos nde fos relaivas ao ovgamento 198 tulo de juro, uma aparente taxa real de retorno de 3,24% ao ano, No entanto, isso nao teria sido um ganho evidente, devido ao im- posto de renda a ser pago sobre a diferenga de US$31,92 entre aq lo que voc® recebeu e aquilo que pagou. Dependendo do seu nivel de renda, 0 imposto teria comido entre um tergo € dois tergos do escasso retorno real. Em suma, vocé teria ganho entre 1% € 2% a0 ‘ano em termos reais por deixar 0 governo usar o seu dinheiro du- rante dez anos. Um retorno nada principesco, mas sem diivida me- hor do que acabar no vermelho. Embora o governo federal tenha tido grandes déficits ano apés ano ¢ sua divida em termos de délares tenha aumentado, devido & inflagao a divida tem subido muito menos em termos de poder aqui- sitivo, e durante um certo tempo ela realmente caiu como percenta- ‘gem da renda nacional, No periodo de 1968 a 1980, inclusive, quando @ inflagdo estava se acelerando, 0 governo federal teve um déficit cumulativo que totalizava mais de US$1.400 bilhdes e a divida su- biu para 45% da renda nacional.” A Cura da Inflagtio A cura da inflagdo € simples de dizer mas dificil de implemen- tar. Assim como um aumento excessivo da quantidade de moe- da € a primeira e tnica causa importante da inflagdo, uma redu- so da taxa de crescimento monetario a primeira e tinica cura da inflag4o. O problema nao é saber © que fazer. Isso & bem f4- cil — 0 governo deve aumentar a quantidade de moeda menos rapidamente. O problema é ter a yontade politica de tomar as me- didas necessirias. Quando a doenea inflaciondria est4 em estado avangado, a cura é muito demorada ¢ tem dolorosos efeitos colate- rais. Duas analogias médicas ilustram a natureza do problema, Uma elas ¢ sobre um rapaz que tinha a doenca de Buerger, uma doenga que interrompe o fornecimento de sangue e pode levar & gangrena. "Os niimeros normalmentecitsdos para a divide sto enganadores, por incluirem a Aivida de Srgios federajs € do Federal Reserve Syscea. Por exzmple, erm junho de 1590 a divide bruta era de USS3,233 tilboes, ew cvida liquida, USS2,207 wiles, turn tergo & menos. 199 rapaz estava perdendo os dedos das maos ¢ dos pés. Era fécil di- zer qual era a cura: parar de fumar. Mas 0 rapaz ndo tinha a vonta- de de fazer isso; 0 vicio do fumo era demasiado grande. Num certo sentido, sua doenga era curdvel, em outro, nao. Uma analogia mais instrutiva é aquela entre a inflago e alcoo- Hismo. Quando 0 alcodlatra comeca a beber, os bons efeitos vera primeiro; os efeitos maléficos s6 chegam na manha seguinte, quan- do ele acorda de ressaca — e muitas vezes ndo resiste a atenuar a ressaca com mais uma pequena dose da mesma bebida. paralelo com a inflacgo ¢ exato. Quando um pafs entra nu- ‘ma fase inflaciondria, os efeitos iniciais parecem bons. A maior quan- tidade de moeda permite a quem tenha acesso a ela — hoje em dia, primordiaimente os governos — gastar mais sem que ninguém mais tenha de gastar menos. Os empregos se tornam mais abundantes, ‘08 negdcios se agitam, quase todo mundo fica feliz — no inicio. Es- se¢ slo 08 efeitos bons. Mas o dispéndio maior comera a fazer subi- rremos precos. Os trabalhadores descobrem que seus salérios, ainda {que mais altos em délares, compram menos; as empresas descobrem ‘que seus custos aumentaram, de modo que as vendas maiores no sio to lucrativas quanto elas previam, a menos que os presos pos- sam ser aumentados mais depressa ainda. Os efeitos maléficos vao surgindo: pregos mais altos, demanda menos animada, inflago com- binada com estagnacdo. Como acontece com o aleodlatra, a tenta- 40 € aumentar ainda mais depressa a quantidade de moeda, 0 que rovoca 0 tipo de montanha-russa em que os Estados Unidos tém andado. Nos dois casos, é preciso uma quantidade cada vez maior, de alcool ou de moeda, para dar ao alcodlatra ou & economia o mes- mo “tchan!” © paralelo entre alcoolismo e inflagdo se transporta para a cu- ra, E facil dizer qual ¢ a cura para o alcoolismo: parar de beber. Mas acura € dificil de ser aceita, porque dessa vez 0s efeitos maléfi cos vém em primeiro lugar, e os bons efeitos, depois. O alcodtatra que péra de beber sofre graves dores causadas pela parada antes de ‘entrar no estado feliz de jé nao ter mais aquela vontade quase irre- sistivel de mais uma dose. O mesmo acontece com @ inflacdo, Os efeitos colaterais iniciais de uma taxa mais lenta de crescimento mo- netdtio s40 dolorosos: menor crescimento econdmico e um desem- rego temporariamente mais elevado sem, durante algum tempo, grande reducdo da inflacdo. Os beneficios comecam a aparecer s6 200 depois de um ou dois anos, mais ou menos, sob a forma de uma inflacdo mais baixa, uma economia mais saudével, o potencial para um répido crescimento néo inflaciondrio. A décacia de 1980 ofereceu um exemplo nitido dessa seqtléncia. Em 1980, o Federal Reserve pisou fundo nos freios monetérios, O resultado foi uma grave recessio e, depois, uma acentuada queda da inflagdo, Em fins de 1982, 0 Fed mudou de rumo e aumentou © crescimento monetério. A economia se recuperou pouco depois entrou na sua mais longa expansao pés-Segunda Guerra Muadial. Os efeitos maléficos vieram primeiro, os bons, depois. E o pais teve um beneficio enorme por ter adotado a cura, Os dolorosos efeitos colaterais so uma das razbes pelas quais oalcodlatra ¢ a nage inflacionéria acham dificil acabar com os vi- cios. Mas uma outra razo, pelo menos nos estégios iniciais da doen- a, pode ser ainda mais importante: a auséncia de uma vontade sincera de acabar com 0 vicio. © bebedor gosta do que bebe; cle acha dificil admitir, mesmo para si mesmo, que na verdade é um alcodlatra, e no estd certo de que deseja entrar no processa de cu- ra. A nacho inflaciondria esté na mesma situagao. E uma tentacdo acreditar que a inflagio seja uma questao temporaria e branda, pro- vocada por circunsténcias fora do comum ou extrinsccas, ¢ que ird embora espontaneamente — coisa que jamais acontece. ‘Além do mais, muita gente ndo se sente desgostosa com a in- flagdo. Naturalmente que gostariamos de ver os pregos das coisas que nés compramos cairem, ou pelo menos pararem de subir. Mas ficamos contentes a0 vermos os pregos das coisas que vendemos su- birem — sejam os bens que produzimos, sejam os nossos servigos de mao-de-obra, sejam as casas ou outros bens que possuimos. ‘mos, nos Capitulos 3 ¢ 5, como o desejo de uma inflagao animou 0s populistas e gerou o apoio & prata livre. Mais recentemente, os agricultores reclamavam da inflagao, mas se reuniram em Washing- ton para fazer pressdo em favor de pregos mais altos para os seus Produtos. A maioria de nés faz o mesmo, de uma maneira ou de outra. E por isso que a nossa farra com a infla¢do durou tanto tem- po, de principio da década de 1960 a principio da de 1980, e ¢ por isso que a inflaso continua sendo uma ameaga permanente. Uma das razdes pelas quais a inflaedo & tao destruidora é por- ‘que algumas pessoas obtém um grande beneficio e outras sofrem; socicdade fica dividida entre vencedores ¢ perdedores. Os vence- 201 dores consideram as coisas boas que Ihes acontecem como 0 resu!- tado natural de sua previsdo, prudéncia e iniciativa, Consideram as coisas mas — 0 aumento do prego das coisas que compram — co mo culpa de forgas fora de seu controle, Quase todos nés diremos: que somos contra a inflayao; o que em geral queremos dizer é que somos contra as coisas ruins, a ela relacionadas, que nos acontece- ram, Por exemplo, quase todo mundo que era dono de uma mora. dia nas décadas de 1960 e 1970 beneficiou-se com a inflacdo. O va- lor das residéncias subiu de forma acentuadla. Se 0 proprietario tinha uma hipoteca, a taxa de juro esteve, em geral, abaixo da taxa da inflagéo. O resultado foi que os pagamentos chamacios de juros ¢ ‘os chamados de principal, na verdade liquidaram a hipoteca. Para ‘tomar um caso simples, suponha que tanto a taxa de juro como a taxa de inflaeao fossem a 7% em um ano, Se o dono de uma casa tivesse uma hipoteca no valor de US$10.000, sobre a qual pagasse apenas o juro, um ano mais tarde a hipoteca iria corresponder ao ‘mesmo poder aquisitivo que US$9.300 teriam um ano antes. Em ter- ‘mos reais, ele deveria menos US$700 — exatamente aquilo que pa- gou como juro. Em termos reais, ele nao teria pago coisa alguma pela utilizago dos US$10.000. (Na verdade, devido ao fato deo ju- +0 ser dedutivel ao calcular 0 imposto de renda, ele teria se benefi cciado — teria sido pago por ter levantado 0 empréstimto.) Esse e se tornou aparente aos proprietarios de moradias quando 0 valor das propriedades foi aumentando rapidamente em rela¢do ao mon- tante vineulado & hipoteca. A contrapartida foi a perda, para 0s pe- quenos poupadores que forneceram os fundos que possibilitaram 4s associagdes de erédito imobiliério, os bancos de fundos miituos ¢ outras instituigCes para o financiamento de empréstimos hipote- cérios. Os pequenos poupadores ndo tiveram neahuma alternativa boa, porque o governo limitou muito a taxa de juro maxima que aquelas instituigdes podiam pagar sobre os depésitos — supostamente para proteger os depositantes. O prejuizo acabou aparecendo ao nt- vel nacional, no colapso do setor de crédito imobilidrio € no énus que isso acarretou aos contribuintes. ‘Assim como as despesas governamentais mais elevadas podem contribuir para o excessive erescimento monetério, as despesas go- ‘Vernamentais mais baixas podem contribuir para reduzit o cresci- mento monetério. Quanto a isso, também tendemos a ser esquizo- 202 frénicos. Todos nbs gostarfamos de ver as despesas do governo bai- xarem, desde que ndo se tratasse de despesas que nos beneficiem. Todos nds gostariamas de ver os déficits reduzidos, desde que por meio de impostos cobrados dos outros. A medida que a inflagao se acelera, mais cedo ou mais tarde ela causa tanto dano ao tecido da sociedade, cria tanta injustica ¢ Sofrimento, que surge uma vontade sincera, por parte do piblico, de fazer alguma coisa quanto a ela — como vimos acontecer nos Estados Unidos em 1980. O nivel de inflag&o ao qual isso pode acon- tecer depende da maneira critica do pais em questo e de sua hist6- tia. Na Alemanha, tal yontade de fazer alguma coisa surgiu a um nivel baixo de inflacao, devido as terriveis experiéncias apds a Pri- ‘meira e @ Segunda Guerra Mundial; a vontade chegou quando o ni- eae muito mais alto no Reino Unido, no Jap&o e nos Estados Inidos. Efeitos Colaterais de uma Cura Antes de 0s Estados Unidos adotarem acura, e outra vez mais recen- temente, disseram-nos repetidas vezes que as verdadeiras alternati- ‘vas que temos pela frente so mais inflagio ou maior desemprego, que devemos nos resignar com um evescimento indefinidamente mais lento ¢ um desemprego mais elevado, a fim de curar a inflagdo e manté-la baixa. No entanto, ao longo das décadas de 1960 e 1970 0 crescimento da economia americana reduziu 0 ritmo, 0 nivel médio de desemprego subiu, e ao mesmo tempo a taxa da inflagao foi su bindo cada vez mais. Tivemos mais inflagao e mais desemprego. Ou- ‘ros pafses tiveram a mesma experiéncia. Como pode ser isso? A resposta ¢ que crescimento lento ¢ desemprego elevado nao sao euras para a inflagao. Sao efeitos colaterais de uma cura bem- sucedida — como descobrimos em 1980-83. Muitas politicas que re- tardam o crescimento econémico e aumentam o desemprego podem, ‘a0 mesmo tempo, aumentar a taxa de inflacéo. Isso tem sido verda- dciro com relagdo a algumas das politicas que os Estados Unidos tém adotado — controles esporddicos de pregos e saldcios, maior intervens&o do governo nos negécios, acompanhados por despesas governamentais cada vez mais altas e um rapido aumento da quan- tidade de moeda. 203 Um outro exemplo médico talvez deixe clara a diferenga entre uma cura ¢ um efeito colateral. Voc@ sofre de apendicite aguda. Seu ‘médico recomenda uma apendicectomia, mas avisa que depois da operagdo vact ficard de cama durante determinado tempo. Voce re- ccusa a operagio, mas se recolhe ao leito, onde fica durante o tempo indicado, por ser uma cura menos dolorosa. Tolice, sim, mas fiel, «em todos os detalhes, & confusdo entre desemprego como efeito co- Tateral e como cura. Os efeitos colaterais de uma cura da inflagao so dotorosos, por isso ¢ importante compreender por que eles ocorrem e procurar meios de suaviz4-los. A razdo basica pela qual os efeitos colaterais ‘ocorrem & porque taxas variaveis de erescimento monetétio intro- duzem “‘estética”” na informacdo transmitida pelo sistema de pre- 03. Essa estatica é traduzida em respostas inadequadas pelos atores econdmicos, € 0 dominio dessas respostas ¢ demorado. Pense, primeiro, no que acontece quando comega o crescimen- to monetério inflaciondrio. Um vendedor de bens, de mao-de-obra ou de outros servigos néo sabe distinguir o maior dispéndio finan-

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