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FICHAMENTO
ALBALAT, Antoine. A arte de escrever em 20 lições – Campinas, São Paulo: Vide
Editorial, 2015.
APRESENTAÇÃO – ANTI-ALBALAT
“(...) aqueles que quiserem seguir os conselhos dados nesta obra deverão aplicar-
se a escrever bem, e aqueles que se aplicarem serão obrigados a escrever pouco. Estamos,
portanto, a salvo de qualquer censura.” (p.14).
“Depois, podemos escrever, não só para o público, mas para nós próprios, para a
satisfação pessoal. Aprender a escrever bem é aprender também a julgar os bons escritores.
Primeiramente, haverá a vantagem da leitura. A literatura é um atrativo, como a pintura e a
música, uma distração nobre e permitida, um meio de dulcificar as horas da vida e os enfados
da solidão.” (p.14).
“(...) Aqueles que não tiverem imaginação passarão sem ela.” (p.14).
“Há um estilo de idéias, um estilo abstrato, um estilo seco, formado de nítida
solidez e de pensamento puro, que é admirável! É a questão de se escolherem outros assuntos
(...)” (p.14).
“Quem pode escrever uma página, pode escrever dez. E quem sabe fazer uma
novela deve saber fazer um livro, porque uma série de capítulos é uma série de novelas.”
(p.14).
“Portanto, qualquer pessoa que tenha mediana aptidão e leitura poderá escrever,
se quiser, se souber aplicar-se, se a arte interessa-la, se tiver o desejo de emitir o que vê e de
descrever o que sente.” (p.15).
“O dom de escrever, isto é, a facilidade de exprimir o que se sente, é uma
faculdade tão natural ao homem como o dom da fala.” (p.15).
“Ora, se toda a gente pode contar o que viu, porque não poderá escrevê-lo? A
escrita é senão a transcrição da palavra falada, e é por isso que se diz que o estilo é o homem
(...)” (p.15).
“As pessoas do povo, para exprimir coisas porque passaram por que passaram,
têm certas palavras e originalidades de expressão e uma criação de imagens que espantam os
profissionais. Se qualquer mulher de coração, a primeira que se encontrar, escrever a alguém
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sobre a morte de uma pessoa querida, fará uma admirável narrativa, que nenhum escritor
poderá imitar, quer seja Chateaubriand, quer seja Shakespeare.” (p.15).
“Quase todas as pessoas escrevem mal porque não se lhes demonstrou o
mecanismo do estilo, a anatomia da escrita, nem como se encontra uma imagem e se constrói
uma frase. Impressionei-me sempre com a quantidade de pessoas que poderiam escrever e que
não escrevem, ou escrevem mal, por não terem alguém que as desimpedisse das ligaduras em
que estão comprimidas.” (p.16-17).
“(...) As melhores traduções são as que mais observam o original. Em todo caso,
quando se trata de obras-primas, a forma está de tal maneira ligada com a ideia, que até a
ideia fica prejudicada, logo que desaparece o encanto do texto. Eis por que, numa boa
tradução, as descrições de Homero são tão vivas como qualquer página dos nossos melhores
autores contemporâneos.” (p.53).
LIÇÃO QUINTA – A ORIGINALIDADE DO ESTILO
“(...) Este livro não se fez para ensinar o que é um pensamento vigoroso ou um
pensamento delicado, o que é a clareza, o que é o mínimo e a naturalidade; Estas distinções
sobrecarregam a memória, nada ensinam e são essencialmente arbitrárias.” (p.58).
“Porque, enfim, um pensamento vigoroso é também um pensamento verdadeiro e
não conheço pensamento justo que não seja ao mesmo tempo um pensamento natural; nem
pensamento sublime que não seja ao mesmo tempo um pensamento vigoroso, verdadeiro,
natural e justo.” (p.58).
“Não há estilo florido, como não há estilo temperado. São invenções gramaticais,
de que se deveria, de uma vez por todas, desembaraçar o ensino. Que há estilos apropriados
ao assunto é tudo que se pode dizer; ou tons de estilo, tons pessoais, tons diversos, segundo a
elevação, a inspiração, o autor, o assunto, o fim que se tem em mira.” (p.58).
“É supérfluo ensinar que as principais qualidades do estilo são: 1ª a clareza; 2ª a
pureza, etc.. Isto é: deve-se escrever para se compreender, deve-se escrever em boa
linguagem, duas coisas evidentíssimas.” (p.58).
“As três qualidades que deve ter o bom estilo e que abrangem as outras qualidades
são, na minha opinião: 1ª: a originalidade; 2ª a concisão; 3ª a harmonia.” (p.59).
A originalidade do estilo
“Há o estilo vulgar, o estilo trivial, no uso de toda a gente; um estilo de chapa,
cujas expressões neutras e usadas servem para todos; estilo incolor, constituído apenas de
palavras de dicionário; estilo morto, sem chama, sem imagem, sem colorido, sem relevo, sem
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“Esse vício acarreta outro, não menos perigoso: é a perífrase, que é uma
circunlocução, um circuito de palavras para dizer extensamente uma coisa que poderia ser dita
com brevidade.” (p.84).
“Hoje o terreno está limpo, a palavra própria triunfa, posto que o emprego da
perífrase, em certos casos, seja legítimo e bastante literário. O excesso, como sempre, é o que
se deve evitar, a não ser que o pensamento nada lucre nisso, em intenção, em vivacidade ou
em cor. (...)” (p.85).
“Buffon tinha razão em dizer: “Nada é mais oposto ao belo natural, que o trabalho
que se tem para exprimir coisas ordinárias ou comuns, de uma maneira singular ou pomposa;
nada avilta mais o escritor. Lamentamo-lo por ter passado tanto tempo a fazer novas
combinações de sílabas, para afinal dizer o que toda gente diz.” (p.86).
“(...) A principal originalidade consiste em escrever com a palavra natural, com a
palavra própria, a palavra simples exata. Essa palavra será talvez mais conhecida, mais
empregada ainda que uma locução falsamente elegante, mas não será substituível, não se
poderá passar sem ela; e é o emprego dessa palavra própria, seja qual for, que produz a
nitidez, a correção, o brilho do estilo e a sua energia (...)” (p.86).
“Só se atinge originalidade pela palavra natural ou pela expressão criada. As duas
fazem apenas uma, nos grandes escritores: a expressão criada é neles sempre natural, porque é
a palavra que era preciso encontrar, para caracterizar um cambiante novo, uma relação
inédita, um pensamento raro (...)” (p.87).
“O dom de escrever naturalmente não é uma aptidão inconsciente. O natural
conquista-se e é quase sempre pelo trabalho que ele se obtém. Pode até dizer-se que o natural
é resultado do esforço. La-Fontaine, por exemplo, não atingiu o inimitável natural do seu
estilo, senão à força de trabalho obstinado: riscava continuamente e refazia dez a doze vezes a
mesma fábula. Podeis convencer-vos disto, como Taine, lendo os manuscritos do fabulista,
que estão na Biblioteca Nacional. Condillac tem, pois, razão em dizer que “o natural consiste
na facilidade de realizar uma coisa, quando, depois de ela ter sido estudada, conseguimos
realiza-la por fim, sem estudar muito. É arte convertida em hábito.” (p.89).
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“A ilusão, que dá o natural, é que se escreveu sem custo. Dir-se-ia que não foi
procurado e parece que cada um poderia escrever assim. Ora, é o contrário que sucede.”
(p.90).
“Procura-se muito para escrever. É preciso procurar, efetivamente, mas é também
preciso procurar não escrever.” (p.90).
harmonia. Parece haverem convencionado que se escreva como se quiser; que já não há
ordem lógica; que se podem permitir todas as inversões, fazer esperar a regência, pô-la no fim
de uma frase; acumular os seus incidentes; em suma, que se escrevera como se quiser.”
(p.124).
“A harmonia é tão necessária à prosa como à poesia. É o ritmo, que tão amado era
pelo gregos, o número oratório, o numetus dos latinos.” (p.124).
“A harmonia não é um agregado arbitrário; baseia-se no gênio da língua, nas
exigências do ouvido, que tem gosto próprio, com a imaginação tem o seu.” (p.124).
“(...) Ora, a harmonia não é senão a arte suprema da disposição das palavras, o
cuidado dessa disposição em vista da cadência e do som.” (p.124).
“Há um encanto, uma música especial, não somente nas palavras exóticas e raras,
mas até nas palavras ordinárias da língua, segundo o emprego que se faz delas. A prova de
que há certa harmonia nas palavras, consideradas em si próprias ou conjugadas, é que se
obtêm com elas , muito facilmente, efeitos de harmonia imitativa.” (p.136).
A lógica
“Devem construir-se as frases, segundo a ordem natural dos pensamentos e das
regras gramaticais; o sujeito, o verbo e o atributo. Não se deve dizer: “Deus deu a todas as
criaturas humanas a sua graça”, mas: “Deus concedeu a sua graça a todas as criaturas
humanas””.(p.144).
“(...)Falta de lógica, que é também falta de harmonia.” (p.144).
“A proporção dos membros de frases entre si produz o equilíbrio e a harmonia de
um período. É preciso que os incidentes ou as proposições principais sejam, entre si, pouco
mais ou menos, de comprimento igual, e que a frase termine em sonoridade extensa.” (p.145).
“Noutros termos, é preciso que a construção sustente a voz sem a fatigar; que haja
nela, de distância em distância, pausas de sílabas, com bastante variedade na cadência, para
evitar a monotonia de estrutura; e, finalmente, que tudo isto se observe, sem detrimento da
clareza e da concisão.” (p.146).
“Há um defeito de proporção e uma falta de lógica, a que é difícil habituarmo-nos,
quando acabamos de ler grandes escritores clássico. Fingem desdenhar da forma, para não se
preocuparem senão da sensação.” (p.148).
“Num livro contudo, como este, num livro de teorias de demonstrações, é prciso
aconselhar que se remonte às origens, à unidade, à tradição da língua, aos processos lógicos e
clássicos da verdadeira e grande arte de escrever.” (p.150).
“Em resumo, a proporção, o equilíbrio, a lógica são o que deve determinar, a
priori, a harmonia de uma frase; e é cuidando especialmente dos finais que se obterá o efeito
musical, completo (...)” (p.150).
“Devemos evitar também as digressões e os parêntesis. Por digressões,
compreendo os caminhos de través, os desvios que a ideia principal pode tomar, passando
bruscamente de um objeto para outro (...)” (p.151).
“Há um segundo gênero de harmonia, peculiar aos escritores, que não a procuram
precisamente nas palavras e na fisionomia das palavras. Esta harmonia resulta apenas da
coesão.”(p.153).
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“Para ver se obteve-se o equilíbrio musical, é preciso reler em voz alta o que se
escreveu. Não se diga que os livros são destinados a ser lidos e não ouvidos! Os olhos
também ouvem sons. E assim como o músico ouve a orquestra, percorrendo uma partitura,
bastará ler-se uma frase, para se lhe saborear a cadência.” (p.154).
“É certo que a harmonia, por si só, quando não há fundamento para ela, só serve
para tornar fastiento o estilo, e que se torna então uma qualidade insuportável. Só é essencial
ao estilo, quando tira o seu encanto do valor das palavras e não do seu manejo, que é sempre
fácil de se obter, e que algumas vezes é claramente oco.” (p.155).
“Diz Buffon: “Bastará possuir-se um pouco de ouvido, para evitar as
dissonâncias, e tê-lo exercitado e aperfeiçoado com a leitura dos poetas, para que,
mecanicamente, sejamos levados à imitação da cadência poética e do torneado oratório”.
Nada é mais acertado.” (p.155).
“Uma frase parecerá harmoniosa; mas se os termos não forem empolgantes, se a
ideia não tiver relevo, se houver palavras de mais, a harmonia só servirá para fazer sobressair
a trivialidade.” (p.155).
“Os autores franceses, cuja leitura é, a tal respeito, mais proveitosa, são
Chateaubriand, Bossuet, Buffon e Flaubert.” (p.157).
“A primeira escrita não pode ser definitiva, por que: a cabeça está quente, e os
olhos não vêem nitidamente o que se escreve. A ciência do estilo só se exerce
verdadeiramente sobre uma inspiração que já arrefeceu.” (p.180).
“(...) Numa palavra, é preciso inédita, evocar as coisas em que não se pensa, dar
relevo àquelas que já foram ditas, renovar a descrição velha, por meio da visão pessoal e
imprevista.” (p.184).
“Mas que vem a ser escrever com relevo?
É achar coisas que os outros não disseram, e é dizer de outra maneira o que já se
disse. É relacionar palavras imprevistas! É empregar digressões inesperadas e vivas, uma
forma variada e atraente, que aprenda a atenção pela vibração da ideia e pela vida das
palavras.” (p.184).
“Para exprimir as mesmas ideia de amaneira mais intensa, procurai ser um pouco
brutal, dizer as coisas com mais crueza, tirar a ideia do seu sobrescrito literário e retórico.”
(p.188).
“Tende a audácia de empregar as palavras que ressaltam. Vale mais o barbarismo
do que o tédio. Pensai em palavras inesperadas e experimentai-as: procurai emparelhar
epítetos que brigam, e que dão muitas vezes efeitos surpreendentes; mudai o adjetivo em
advérbio, o verbo em substantivo, e vice-versa.” (p.188).
“Se escrevestes: “Tinha soluços convulsivos”, pode: “chorava convulsivamente”.
Se fizestes uma sequência de verbos, refazei a frase substantivamente.E tereis: “A imolação
precoce do seu coração”, em vez de “Imolava precocemente o seu coração”. “A
dependência”, em vez de “Dependia”. O que vos dará também: “O seu servilismo para com
ele”; os verbos antônimos: “Agarra-se, desgarra-se; enganar-se, desenganar-se””. (p.189).
“O principal meio de obter a variedade do estilo ou de melhorá-lo, quando não
estamos satisfeitos com ele, é refundir a matéria dele pela substituição das palavras e a
transposição dos epítetos: mudar tudo de lugar expressamente, alterar tudo (...)” (p.189).
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“O talento de narrar é o mais sedutor, porque é a base da arte literária. Ainda que
toda a gente o veja em si, é mais raro do que se pensa; e, se é inato em alguns, exige para o
maior número muita aplicação e cultura. Só se escuta de boa vontade o que é bem contado.
Não basta só dispor de um assunto atraente, é preciso também apresenta-lo com beleza e dar-
lhe interesse. Algumas pessoas são excelentes contistas, conversando, e chegam a encantar o
seu auditório. Daí-lhes uma pena e ei-los embaraçados: falta-lhes a veia, e deploramos que
eles não escrevam como falam. Outros, como George Sand, não sabem conversar, e só
quando fazem estilo se sentem à vontade.” (p.212).
“Não é novidade que todo o valor da narração está no interesse habilmente
distribuído, isto é, na graduação, com que se encaminha e se aumenta a curiosidade do leitor,
prendendo-o aos acontecimentos que se expõem, e dando-lhe o desejo de chegar ao desfecho.
O interesse de uma narração depende da maneira de tratar, de coordenar, de alongar, de
desenvolver a exposição, o entrecho, o desenlace.” (p.212).
“Se a importância do começo não é proporcional aos desenvolvimentos que se
seguem, a narrativa já não terá unidade. Ora, é a unidade que produz o efeito total. (...)”
(p.212).
“Cícero diz que a exposição deve sair do assunto, como uma flor da sua haste, A
rapidez e o movimento são, em suma, duas qualidades que devem dominar a narração (...)”
(p.213).
“O nó da ação é o momento, em que o interesse avulta, redobra, enreda-se e
complica-se: em que os acontecimentos, as personagens, as circunstâncias, o diálogo, tudo se
mistura e se funde, a fim de seduzir, de transviar o leitor, sem que este possa prever no que
aquilo dará.” (p.214).
“O desfecho é o ponto em que o interesse está satisfeito e em que se resolve o nó
da ação. Ele deverá estar preparado por tudo que precede e nunca fazer-se pressentir. Se o
leitor o advinha, cessa a sua curiosidade e quebra-se o encanto. O trecho, que acabamos de
citar, pode considerar-se um modelo de desenlace.” (p.216).
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“A descrição deve ser viva. É a sua essência. Como ela é a arte de animar os
objetos inanimados, depreende-se daqui que a descrição é quase sempre uma pintura material,
uma visão que se ministra, uma sensação que se impõe, seja paisagem ou seja retrato.”
(p.222).
“Contentemo-nos em fixar apenas duas divisões: a descrição propriamente dita e o
retrato, que é uma espécie de descrição reduzida e de qualidade especial.” (p.223).
“Uma descrição é boa, quando é viva; e não é viva, senão quando é real, visível,
material. A realidade e o relevo são as duas qualidades principais, necessárias, dominantes, da
descrição.” (p.223).
“Mas, dir-nos-eis, é a descrição realista que nos ensinais? Eu respondo: não há
outra descrição, senão a descrição realista, bem compreendida.” (p.223).
“O verdadeiro realismo, o dos mestres, desde Homero, não é mais que o cuidado
de interpretar o verdadeiro pelo belo, a vontade imparcial de pintar o bom e o honesto como
coisas também reais, como o feio e o mau. Este realismo, que saber ver os dois lados da
verdade, o lado real e o lado moral, deverá ser considerado como o próprio fim da arte de
escrever e a base eterna das literaturas. É esta confusão que ocasiona tantos mal-entendidos.”
(p.224).
“Este nobre realismo, aspiração da arte, poderia assim definir-se: método de
descrever, que consiste em dar a ilusão da verdadeira vida, com o auxílio da observação moral
ou plástica.” (p.224).
“Ver só o lado desagradável ou feio da vida e das coisas é reduzir a arte, é falsear
a própria realidade, que tem coisas agradáveis e belas, é cair no fictício e no convencional. O
realismo é um processo, com que se deve tratar segundo a realidade das coisas que se querem
pintar, sejam elas quais forem.” (p.224).
“Vai nisto uma confusão de ideias. Colocai-vos diante de uma paisagem e
descrevei-a. É impossível que façais pura e rigorosa fotografia. A vossa imaginação é uma
lente involuntária, através da qual o que se vê não pode passar sem se transformar, sem ser
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“Regressando a casa, ainda que seja no dia seguinte, recopiareis, poreis em ordem
as vossas notas; dareis ao esboço a sua significação total, sintética, geral. Igual processo para
uma personagem, para uma figura, para um carácter.” (p.233).
“A condensação e a simplicidade produzem mais efeitos que as amplificações
sistemáticas (...)” (p.235).
“Numa palavra, a arte de descrever consiste na escolha de certos pormenores
empolgantes, com certas ideias de relevo e força (...)” (p.236).
“Se eu digo: “Cortou-lhe a cabeça, enquanto ele falava”, está muito bem e parece
que não há outro modo de dizer. E todavia tornarei mais dramática a ideia, se disser como
Homero (Morte de Dólon): “Falava ainda, quando a cabeça lhe caiu”. Assim, vê-se melhor o
fato. E o fim da descrição é fazer ver as coisas.” (p.239).
“Sentireis uma impressão de violência um pouco incomodativa, quando quiserdes
pintar quadros realistas; mas este processo não impressionará desagradavelmente, quando
pintardes a natureza, as coisas belas, os grandes espetáculos, tudo que nada perde com ser
salientado, tudo que o processo contrário poderia tornar frouxo e ordinário.” (p.240).
“Resumindo: para se descrever bem, é preciso fazer viver, pintar com relevo, com
realidade. Para isso, é preciso observar bem, e, para observar bem, é preciso copiar da
natureza, da verdade. A observação direta é o primeiro gênero de observação.” (p.240).
“É por um esforço de imaginação que se pintará o que não existe, e é pelo esforço
da memória que se descreverá o que já não temos à vista.” (p.241).
1. Descrição imaginada.
“(...) É preciso, ainda neste caso, procurar auxílio no que se viu, recordar tudo que
se pode relacionar com o assunto, e, pelo verdadeiro, dar as parências do verdadeiro ao que
não o é.” (p.243).
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“Só falaremos das metáforas, ou antes, das imagens, pois que a metáfora é sempre
uma imagem. A metáfora consiste em transportar uma palavra, de sua significação própria,
para outra significação, em virtude de uma comparação, que se faz no espírito e que não se
indica. É uma transposição por comparação instantânea.” (p.262).
“Se dizeis, falando de Condé: “Este leão precipita-se”, fazeis uma metáfora. Mas
dizeis: “Condé precipita-se como um leão”, e fazeis então uma comparação. Quando o
Profeta-Rei disse ao Senhor: “A vossa palavra é uma lâmpada diante dos meus passos”, fez
uma metáfora; se tivesse dito: “A vossa palavra ilumina os meus passos como uma lâmpada”,
teria exprimido comparação e não teria havido figura nenhuma. A metáfora é uma imagem,
resultante de uma comparação subentendida.” (p.262).
“Mas uma imagem nem sempre é uma metáfora.” (p.262).
“A imagem é uma maneira vigorosa de escrever, é a maneira de tornar um objeto
mais sensível.” (p.262).
“A ciência de escrever não consiste toda na imagem, mas o encanto de estilo, a
sua cor, o seu brilho, o seu efeito e a sua vida, residem certamente na imagem. Falaremos,
pois, das imagens, em que se compreendem as metáforas.” (p.263).
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podem descobrir mais facilmente do que outra. É preciso aplicar atenção, pensar nas diversas
relações que os objetos podem apresentar; nas ideias de flanco, que lateralmente evocam; nas
semelhanças, nos contrastes, nas antíteses.” (p.274).
“Processo excelente, para encontrar imagens, é desenvolver a ideia, exagerá-la
propositadamente (...)” (p.274).
“(...) Uma imagem é uma relação de comparação e essa relação varia
infinitamente, conforme o cérebro que pensa e os olhões que vêem. É preciso, pois, ler os
escritores imaginosos, embora tenham só esse mérito. À força de compreendermos as suas
metáforas, encontramos em nós próprios o mesmo gênero ou aproximações.” (p.278).
“Em resumo, dois conselhos devem observar-se, na arte de criar imagens.
Primeiro, ser exigente com a qualidade da imagem, para evitar o preciosismo e o mau gosto.
Em segundo lugar, habituarmo-nos a conservar apenas as imagens verdadeiras, isto é, as
metáforas, que em vez de provocar a imaginação, se impõem a ela. A leitura de
Chateaubriand, de Bernardim de Santi-Pierre, de Victor Hugo, de Lecontre de Lisle, será, a tal
respeito, altamente proveitosa.” (p.280).
“Em suma, para o bom êxito do diálogo, é preciso trabalha-lo o mais possível;
cortar todas as excrecências: atender à concisão; variar o arredondamento da frase; perguntar
como se diria aquilo em voz alta, vazar as frases no molde falado. Se não há evocação para o
diálogo, certa disposição para relevo das réplicas, e para o espírito cênico, qualidades
impreteríveis no autor dramático, é inútil fazer teatro.” (p.292).
“Mas, com trabalho e aptidões regulares, podeis aprender a dialogar
suficientemente para escrever romances ou novelas. Para isso, devereis ler muitos diálogos de
teatro e peças de bons autores, Labiche principalmente, que é maravilhoso em rapidez e
naturalidade.” (p.292).
“O estilo da conversação é conciso. Não nos esqueçamos disto. (...)” (p.292).
não ser que seja o contrário por sistema, como as cartas de Voiture e de Balzac, denominados
os grandes espistológrafos da França.” (p.295).
“Evitai, pois, nas vossas cartas, o trabalho, o esforço, a ciência do estilo.
Expressai-vos simplesmente. Deve-se escrever como se fala, quando se fala bem; é preciso
mesmo escrever um pouco melhor do que se fala, visto que há tempo para se pôr em ordem o
que se diz.” (p.295).
“A grande máxima que se deve fixar, aquela em que resumiremos os nossos
conselhos epistolares, é que devemos deixar ir a pena e exprimir sem afetação o que se sente.
Ao pegarmos na pena para escrever a alguém, já devemos saber o que queremos dizer.”
(p.297).
eclesiologia, sã doutrina, arma da pregação, não bater de fente, calvino não foi
pastor de imediato, traidores, saudade do egito, justiça de Deus, aguardar um ano, o Senhor
dissipará, não é uma obra humana, nada pode com a Palavra de Deus, preparar apostilas,
evangelho para alguns é sentimento, investir educação, não criar imposições para a igreja,
mostrar ferramentas doutrinárias, praticar disciplina da igreja, Deus se manifesta e
completamos os sofrimentos de Cristo, Deus é o refúgio dos seus, o Senhor dará respostas e
saídas, quem menos pensa irá florescer, pregação e oração. esposa ajuda
paulorbleal@yahoo.com.br, trabalhar doutrina com o conselho.