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Abordagem acerca das noções de raça, racismo e etnia.

No século XVIII, o século das luzes, é colocado em debate a questão para identificar
que eram os “outros”, abrindo mão do conceito de raça já existente, classificando a diversidade
humana em raças diferentes. A classificação é um dado de unidade do espirito humano,
pavimentando o caminho do racionalismo. Para uma operação de classificação é necessário
estabelecer alguns critérios objetivos com base na diferença e semelhança. “No século XVIII,
a cor da pele foi considerada como critério fundamental e divisor d’água entre as raças.” (P. 3)
A melanina passou a ser o marco divisor na formação das raças branca, negra e amarela.
Já no século XIX o cientificismo passa a acrescentar outros critérios que não só a cor da
pele, mas também critérios morfológicos como forma de nariz, lábios, queixo e crânio,
buscando aperfeiçoar a classificação.
No século XX, com o progresso da genética humana, novo valores sanguíneos são
anexados, onde o cruzamento de critérios de cor de pele, morfológicos e químicos, dão origem
a dezenas de raça, sub-raças e sub-sub-raças. Através desses estudos os cientistas chegaram a
conclusão de que a raça não é uma realidade biológica, mas sim apenas um conceito
cientificamente inoperante para explicar a diversidade humana. “A invalidação científica do
conceito raça não significa que todos os indivíduos ou todas as populações sejam geneticamente
semelhantes.” (p. 5)
O problema do conceito raça está na hierarquização, onde se estabelecem valores entre
as chamadas raças, onde o cientificismo decretou que os indivíduos de raça “branca” eram
superiores aos de raça “negra” e “amarela”. No início do século XX, surge uma teoria pseudo
científica, a raciologia, que tinha um discurso mais doutrinário do que cientifico.
Hoje o conceito de raça não tem nada de biológico, é um conceito impregnado de
ideologias, onde há o dominante e o dominado. O conceito faz parte de uma estrutura global da
sociedade, guiados pelas relações de poder que as governam, onde nessa sociedade de diversas
populações existem no imaginário a construção de raças fictícias e outras construídas a partir
de diferenças fenótipas, gerando o racismo popular. Foi sugerido por alguns biólogos anti-
racistas a exclusão do termo raça dos dicionários e textos científicos, mas o termo continua
sendo utilizado, em razão da realidade social e política, onde a raça é considerada uma
construção sociológica e uma categoria social de dominação e de exclusão. Mas no campo
cientifico como observou Charles Darwin, que demostrou que os organismos se adaptam e se
diversificam no tempo e no espaço, correspondendo a um fenômeno adaptativo, como exemplo:
um indivíduo de pele escura concentra mais melanina que um de pele clara, o que provoca uma
melhor adaptação nos países tropicais, em razão de uma melhor proteção contra os raios
ultravioletas. Hoje em razão do avanço tecnológico não é mais preciso essas mutações genéticas
necessárias a nossos antepassados.
Já o conceito de racismo é uma realidade do século XX, onde o racista cria a raça no
sentido sociológico, onde em perspectiva baseia-se na definição de traços físicos, que é
classificado em um grupo social com traços culturais, linguísticos e religiosos, considerando o
racismo como característica intelectual e moral de um dado grupo. Mas a teoria do racismo tem
origens bíblicas, onde a partir do mito Noé e seus três filhos se originam a classificação de três
raças: Jafé (ancestral da raça branca); Sem (ancestral raça amarela) e Cam (ancestral da raça
negra). O mito se origina porque Cam desrespeitou seu pai, e este o amaldiçoou. Os calvinistas
se baseiam sobre esse mito para justificar e legitimar o racismo anti-negro. Outra origem se
baseia na classificação cientifica derivada da observação dos caracteres físicos, sendo esses
caracteres considerados um salto ideológico importante na construção da ideologia racista. O
racismo clássico se alimenta na noção de raça, já o racismo novo se alimenta na noção de etnia
definida como um grupo cultural.
Nesse terceiro milênio trazemos um saldo negativo de um racismo dos séculos XVIII e
XIX, mas a consciência política das vítimas do racismo na sociedade de hoje está num
crescente, o que demonstra que o racismo é muito ainda.
Os Movimentos Negros exigem o reconhecimento público de sua identidade, que busque e
resgate sua autoestima rasgada pela alienação racial. Algumas transformações ocorreram no
mundo, tais como, o Apartheid na África do Sul, nos EUA com a supressão das Leis
segregacionistas, mas mesmo assim, juntamente com o Brasil tem um racismo de fato e
implícito.
No Brasil o debate foi por muito tempo bloqueado em razão do mito “democracia
racial”, o que prejudicou as políticas de “ação afirmativa”, que juntamente com o mito da
cultura mestiça nacional, que atrasou o debate sobre a implicação do multiculturalismo no
sistema educacional brasileiro. Quanto ao conceito de etnia, este é um conteúdo sócio cultural,
histórico e psicológico. Uma etnia é um conjunto de indivíduos, que histórica ou
mitologicamente tenham ancestrais, língua, religião, cultura e espaço geográfico comum. O
racismo praticado hoje não precisa mais do conceito de raça ou da variante biológica, se
reformula nos conceitos de etnia, diferença e identidade cultural, mas as vítimas de hoje são as
mesmas de ontem e as raças de ontem são as etnias de hoje.
O autor relata ainda, que utiliza em seus trabalhos os conceitos “Negros” e “Brancos”
em lugar de “Raça Negra” e “Raça Branca” ou os conceitos de “População Negra” e “Raça
Branca”, onde população é um conjunto de indivíduos que participam do círculo de união, que
conservam em comum alguns traços do patrimônio genético hereditário. Pode se observar
através da distribuição geográfica do Brasil e sua realidade etnográfica, que não existe apenas
uma única cultura negra uma única cultura branca e que regionalmente podemos distinguir
diversas culturas no Brasil. Como a identidade cultural se construiu com base na tomada de
consciência das diferenças provindas das particularidades históricas, culturais, religiosas,
sociais e regionais, observa-se no Brasil diversos processos de identidade cultural de pluralismo
tanto de “Negros”, “Brancos” e “Amarelos”. Todos tomados como sujeitos históricos e culturais
e não como sujeitos biológicos ou raciais.
É necessário a busca da consciência quanto a identidade étnico-racial negra, a conscientização
de uma política unificadora em busca de transformações quanto a realidade do negro do Brasil.

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