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M A N U A L P A R A A FA M Í L I A D O D E P E N D E N T E Q U Í M I C O 1

M A N U A L P A R A A FA M Í L I A D O D E P E N D E N T E Q U Í M I C O 3
Instituto Independa
Capivari • SP • Brasil
+55 19 2146-1672

independa@independa.com.br
www.independa.com.br

1ª edição • Setembro de 2016


ISBN 978-85-69203-09-4

Editor: Cristian Fernandes

Revisão: Izabel Braghero

Projeto gráfico: André Stenico

© 2016 Rodrigo Oliveira Lazzarini


É permitida a reprodução parcial ou total, apenas
para uso não-comercial, desde que citada a fonte,
sendo vedada a criação de obras derivadas.
Sumário

Primeiras palavras.................................................. 7
Introdução..............................................................9
O papel da família................................................ 14
Dicas importantes................................................ 16
Como lidar com as crises.................................... 21
Como proceder em casos extremos................... 25
Dicas de comunicação..........................................31
Conclusão............................................................. 38
O autor................................................................. 40

M A N U A L P A R A A FA M Í L I A D O D E P E N D E N T E Q U Í M I C O
“Em qualquer tratamento,
a evolução contínua ocorre com
a participação de todos.”
P RIM E IR A S
PA L AV R A S

É de fundamental importância que todas


as famílias leiam este manual atentamente. A
eficácia de qualquer tratamento está diretamente
relacionada à quantidade e a qualidade de
informações úteis acumuladas e decisões tomadas
no momento certo. Em caso de dúvidas sobre o
que fazer consulte um especialista.

Todo e qualquer tratamento possui


especificidades. Nada que exige atenção constante
e necessidades de ajustes ou mudanças de atitude

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é demasiado simples ou fácil de realizar. Saber
como agir em momentos de crise poderá exigir no
início do tratamento, suporte e direcionamento.

É por este e outros motivos que desenvolvi este


Manual para a família do dependente químico.

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I N T RO D U Ç Ã O

Este manual foi realizado com profundo


respeito e grande preocupação com as famílias
que procuram por tratamento na modalidade
ambulatorial. Respeito porque buscar ajuda
para um problema com álcool ou outras
drogas é verdadeiramente um ato de coragem
e preocupação, pois sabemos o quanto a
dependência e o uso nocivo de álcool e outras
drogas impacta negativamente o comportamento
de todos os envolvidos com esta séria condição de
risco à saúde.

M A N U A L P A R A A FA M Í L I A D O D E P E N D E N T E Q U Í M I C O 9
Especialista em dependência química, ao longo
de anos, tenho atendido centenas de famílias e
através de estudos sobre dinâmica familiar e dos
desafios inerentes ao processo de tratamento na
modalidade ambulatorial, aprendi como driblar
as barreiras que podem facilmente prejudicar,
retardar ganhos e até mesmo inviabilizar um
tratamento. Uma família que não dispõe de
recursos e informações, além de não conseguir
auxiliar na condução do processo de recuperação,
provavelmente está muito confusa e desorientada.

Além das possibilidades de acolhimento e


orientação realizada no ambiente ambulatorial,
recursos externos de orientação e ajuda à família
de um paciente (em tratamento ou não) são
indispensáveis. Um familiar em tratamento
procura rapidamente assumir compromissos de
mudança, resolver conflitos e manejar questões de
natureza pessoal que possam atrapalhar o “bom
andamento” do trabalho.

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Um dos maiores motivos que podem levar a
piorar o estado de saúde de um dependente de
álcool ou outras drogas é a demora na procura
por um tratamento e esta demora, na maioria dos
casos, está diretamente associada a mecanismos
mentais de defesa como a negação por exemplo.

É muito claro para nós profissionais da área da


psicologia e desenvolvimento humano que um
familiar emocionalmente ligado com um usuário
de substâncias adoece e se não tratado, continua
adoecido por muito tempo.

Na mente de quem utiliza álcool ou outras drogas,


a negação está, apesar de evidências claras, em
não admitir o fato de estar doente. Na estrutura
familiar algo similar ocorre quando uma ou mais
pessoas, dentro ou fora do ambiente familiar,
apesar de todas as evidências, parece não ver,
aceitar ou acreditar nesta possibilidade, negando
ou subestimando a importância dos fatos.
Outro exemplo é quando não há um consenso

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sobre a gravidade do que está ocorrendo, neste
caso a minimização é o mecanismo de defesa
mais utilizado.

É importante salientar que um uso eventual


de álcool ou outras drogas nem sempre evolui
para um caso grave de dependência, porém,
não há dependência sem o consumo regular de
substâncias e no caso das drogas ilícitas, não há
parâmetros de segurança que possam assegurar
um consumo livre de riscos.

Psicoterapia breve e focal, psicoterapia em grupo,


grupos de familiares de dependentes químicos
(Al-Anon, Nar-Anon, Amor-Exigente, Pastoral da
Sobriedade etc.), orientação familiar, vivências
e planos de desenvolvimento pessoal são as
alternativas possíveis para qualquer familiar
em sofrimento.

Pensando em diminuir os riscos de interferências


e com o compromisso de oferecer um tratamento

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com excelência em qualidade e eficácia, segue
uma lista com algumas estratégias, sugestões de
conduta e procedimentos destinados às famílias
que procuram um tratamento ambulatorial.

Como especialista nesta abordagem, tenho


certeza de que qualquer pessoa, independente
da condição em que se encontra e que realmente
esteja comprometido, encontrará resultados
realmente satisfatórios para si, independente da
modalidade de tratamento que optar.

A única maneira de não permitir que uma família


gravemente adoecida atrapalhe e/ou inviabilize um
tratamento é orientar, prevenir e tratar esta família
o mais rapidamente possível. Um especialista deve
estar pronto para indicar a melhor estratégia de
tratamento familiar. Oriente-se!

Para mais informações sobre atendimento


especializado para a família (orientação familiar)
acesse www.tratamentoambulatorial.com.br.

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O PA P E L DA
FA M Í L I A

Existe uma diferença muito grande entre


apoiar alguém em tratamento e fazer por alguém
em tratamento. Não há absolutamente nada
que um dependente químico não possa realizar
e que diga respeito às estratégias traçadas no
consultório. A atitude mais correta quando o
desejo é apoiar alguém em tratamento é “remover
barreiras”. Dentre outras coisas, remover barreiras
para um tratamento é: garantir os investimentos
em tratamento (consultas, testes, exames,

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medicações), viabilizar (tornar possível) as idas
e vindas para o consultório e/ou ambientes de
tratamento, assegurar a segurança dos filhos
nos momentos em que o pai e/ou a mãe esteja
se consultando.

Moderar as expectativas e exigências, colocar-se à


disposição, como acompanhante em momentos
em que o paciente ainda esteja inicialmente
inseguro, são outras estratégias que podem
viabilizar um tratamento.

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DICAS
IM P OR TA N T E S

1 - Grande parte dos conflitos vivenciados


pela família, no início de um processo de
tratamento, não tem origem na decisão de intervir
e sim das vivências e experiências negativas
acumuladas ao longo do tempo na família de
um dependente de substências psicoativas.
Independente se de forma voluntária (atendendo
ao pedido de ajuda de um ente querido) ou
involuntária, (sem o consentimento e/ou
consciência do mesmo) sentimentos como a

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culpa, angústia, insegurança, medo e incertezas
possivelmente estarão presentes na decisão de
intervir ou procurar por tratamento.

2 - A participação da família durante todo


processo terapêutico é fundamental, por isso é
necessário que as famílias estejam devidamente
amparadas e preparadas caso seja necessário
posicionar-se, de forma orientada, na presença do
paciente com o objetivo de intervir. Para que isso
ocorra sem contratempos, existem estratégias
e orientações simples que trarão à família no
contato com o paciente, a segurança necessária
para agir, de forma precisa, caso seja necessário.

3 - Uma vez orientada e em tratamento,


a família poderá discutir com propriedade os
novos conhecimentos e recursos construídos
com os profissionais que tratam do seu familiar,
com a sociedade e com o próprio paciente,
desconstruindo facilmente qualquer “armadilha
psicológica”, manipulação ou mesmo promessas

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mágicas de novos relacionamentos, amizades,
empregos e/ou mudanças repentinas. Vale lembrar
que dependência química não é um problema
externo e não se resolve com soluções alternativas
e sim com tratamento, ou com uma sucessão
deles, a fim de proporcionar ao indivíduo a chance
de sentir-se capaz de realizar uma profunda
mudança na atitude em relação à própria vida e,
por consequência, na sua personalidade.

Uma família em tratamento é um aliado, um


agente transformador na vida do próprio familiar
e de outras famílias com os mesmos desafios
e dificuldades.

4 – A fim de contribuir positivamente com a


proposta de tratamento e ações terapêuticas,
voltadas a resultados positivos, no tratamento
ambulatorial o contato com a família deve ocorrer
sempre com data e horários pré-programados e
com a ciência do paciente. Estes contatos serão
momentos cruciais na construção de ações

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direcionadas às necessidades individuais, focadas
também nas relações familiares.

5 - O contato entre o profissional, a


família e o paciente ocorre com pessoas que já
deverão possuir informações importantes sobre
o tratamento e terem frequentado ao menos
01 (uma) reunião nos grupos de família e/ou
atendimentos individuais. Esta é uma garantia para
a própria família que sentirá ainda mais segurança
ao compreender, com propriedade, as ações
adotadas no tratamento.

6 - Este contato servirá como material


de trabalho, adquirindo grande valor terapêutico
na análise dos padrões de comportamento e
direcionamento de ações de tratamento.

7 – Caso a família esteja agindo por


conta própria, sem orientação e de maneira
incongruente com o tratamento oferecido, o
paciente infalivelmente saberá e consciente ou

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inconscientemente poderá utilizar este fato como
justificativa para sabotar ou atribuir fracasso
ao próprio tratamento. Por isso, encontros
regulares entre todos os envolvidos (profissional,
paciente e família) previstos na modalidade
ambulatorial, servirão como alinhamento para as
condutas terapêuticas.

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C OMO L I D A R
C OM A S C RI S E S

1 - Falando sobre as vontades, desejos,


pensamentos distorcidos e comportamentos
esperados de um dependente químico em início
de tratamento, podemos esbarrar, dentre outros,
no desejo oculto ou declarado de usar drogas, na
onisciência (ex. “eu já sei tudo...”), na onipotência
(ex. “eu não preciso mais de tratamento, eu
posso sozinho...”), em fantasias de poder,
mudança repentina, a tendenciosa crença em
milagres, desejando alcançar grandes resultados

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com pouco esforço, tudo isso culminando no
inevitável uso de drogas.

2 - A família deve sempre estar atenta às


próprias expectativas e aos padrões de linguagem
e/ou comportamentos que possam indicar uma
grande mudança em pouco tempo. Não existem
resultados duradouros com poucos esforços. Por
mais inteligente e/ou rico em recursos internos
que um paciente possa ser, se tais recursos não
estiverem conscientes, não estarão disponíveis
nos momentos em que o paciente realmente
precisar. Não adianta querer mudar, é necessário
ter atitudes de mudança!

3 - Uma recaída pode significar um


grande despertar de consciência para alguém
em tratamento e assim como no tratamento
de qualquer doença crônica ela pode ocorrer.
Pensar que a recaída é o fim da linha, levou
muitas famílias a tomarem decisões precipitadas
de internar alguém movidos por desespero,
ressentimento ou como punição.

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Existe um bom momento para se tomar essa
decisão, caso ela seja necessária, e deve sempre
estar apoiada por uma opinião profissional.
Vale lembrar aqui que uma internação em
local adequado excede muito os investimentos
em tratamento na modalidade ambulatorial e
acarreta em afastamento do indivíduo de todas
as suas atividades, inclusive construtivas de um
novo estilo de vida.

4 – A decisão de internar alguém é sempre da


família, porém a equipe de tratamento (médicos,
psicólogos, etc.) poderá oferecer todo o apoio,
laudos, orientações, encaminhamento e até
mesmo conduzir o próprio paciente ao ambiente
de tratamento. Diante da necessidade de internar
alguém, consulte seu profissional de referência.
Consulte um especialista!

5 – Caso uma recaída ocorra, a família deve


contatar o profissional de referência e dar uma
breve descrição do ocorrido e das condições

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atuais do paciente, para que ele, em havendo
necessidade, retorne com uma orientação para
lidar com a crise.

6 – Vale a pena lembrar que um dependente


sabe melhor que ninguém como lidar com a
dinâmica do consumo de álcool ou outras drogas,
muito mais do que a própria família. Sentimentos
como o desespero e a fantasia de morte ou
ruína são velhos conhecidos das famílias de um
dependente de álcool ou outras drogas, porém
não ajudam em nada quando é necessário pensar
sobre qual conduta tomar. Na maioria das vezes
o dependente está usufruindo dos efeitos de uma
ou mais substâncias psicoativas e/ou aguardando
sarar de seus efeitos antes de retornar para casa e/
ou contatar a família.

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C OMO P RO C E D E R
EM CASOS
E X T R E MO S

Caso o paciente esteja ausente do ambiente


familiar mais tempo do que o habitual:

1 - Discuta sua preocupação com alguém


que costuma agir de maneira racional diante das
dificuldades. Este tipo de pessoa conseguirá ajudar
você a pensar de maneira mais clara sobre a
situação que está vivendo.

2 - Verifique a caixa postal e de mensagens

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do seu celular ou telefone fixo e mantenha uma
lista de telefones atualizados das pessoas mais
próximas como namorado, namorada, amigos,
parentes etc.

3 - Caso o paciente faça contato mantenha a


calma e fale tranquilamente ao telefone para que
o mesmo sinta segurança de retornar para casa.
Em caso de recusa, tente obter o maior número de
informações possível sobre seus estados físico e
mental lembrando-o, se possível, de seus recursos
internos e possibilidade de um tratamento
especializado a qualquer momento. Essa simples
atitude fará com que ele se sinta acolhido, acesse
internamente a memória das suas habilidades
(empoderamento), facilitando assim uma
decisão coerente na oferta de alternativas para
seu comportamento de consumo. Comunique
todas as pessoas para que mantenham a mesma
postura caso atendam uma ligação. Após, siga
com a recomendação contida no item “Como lidar
com as crises” deste manual.

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No caso de o paciente retornar ao
ambiente familiar depois de ter consumido
substâncias psicoativas:

1 – Garanta condições para que possa


repousar com segurança, sem a interferência
de fatores estressores até que o paciente se
restabeleça. Evite oferecer qualquer remédio e/
ou qualquer outro recurso que amenize os efeitos
do uso da substância, a menos que tenha uma
indicação médica para isso. Retire as chaves do
quarto, impedindo-o de se trancar nele, garanta
a possibilidade de hidratação do paciente e
observe-o de tempo em tempo. Após, siga com a
recomendação contida no item “Como lidar com
as crises” deste manual.

2 – Se o paciente for um dependente


de cocaína ou outro estimulante qualquer, é
necessário que a atenção esteja na manifestação
dos sintomas da substância, na intensidade que
ocorrem (agitação, sudorese, palpitações etc.)

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e na queixa subjetiva de dores fortes no peito
ou braços, vômitos, vertigens e, caso ocorram,
ligue imediatamente para a unidade de pronto
atendimento da sua cidade (SAMU ou outro, pelo
número 192 ou, se este não existir na cidade, pelo
190). Após, siga com a recomendação contida no
item “Como lidar com as crises” deste manual.

3 – Se o paciente for um dependente de álcool,


procure investigar possíveis quedas, traumas e/
ou sinais de agressão que possam ter ocorrido
no período que esteve ausente. Observe vestígios
de sangue nas roupas, no veículo e/ou esteja
atento aos sinais de que algo possa estar diferente
no comportamento usual quando alcoolizado.
Na constatação e/ou dúvidas sobre o ocorrido,
ligar imediatamente para a unidade de pronto
atendimento da sua cidade. Após, siga com a
recomendação contida no item “Como lidar com
as crises” deste manual.

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4 – Para resguardar a segurança das
pessoas que residem em ambientes onde há a
presença de um indivíduo gravemente adoecido,
a recomendação é que, nos momentos de crise,
haja mais que uma pessoa acompanhando
a situação até que o sujeito evolua para uma
melhora. É comum que as famílias se deparem
com comportamentos intimidadores e/ou
agressivos por parte do paciente adoecido.
Mesmo com indivíduos sem histórico anterior, o
simples fato de estar mentalmente comprometido
pode ser um fator desencadeador de
comportamentos alterados.

E no caso de o paciente demonstrar


agressividade extrema:

1 – Para consigo mesmo: verbalização


acompanhada de tentativas de suicídio,
comportamentos bizarros de autoagressividade,
estiver portando objetos cortantes/perfurantes ou
arma de fogo, o acompanhante deve se manter

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a uma distância segura, onde ainda seja possível
um contato visual ou verbal que possa transmitir
a ideia de que essa crise aguda irá passar e as
“coisas” irão se acalmar (pois irão, nenhuma crise
se estende por muito tempo). Enquanto isso, a
segunda pessoa deverá ligar imediatamente para a
unidade de pronto atendimento da sua cidade.

2 - Para com outras pessoas: caso haja


risco eminente à vida de outros, a recomendação
é manter-se fora do ambiente, a uma distância
segura, acompanhado de outras pessoas e
com um telefone em mãos, relatar em tempo
real a uma unidade policial (pelo número 190),
bombeiros (pelo número 193) ou SAMU, se existir
(pelo número 192), momento a momento o que
esteja ocorrendo até que o suporte acionado
chegue ao local.

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DICAS DE
C OMU N I C A Ç Ã O

1 – Grande parte das dificuldades que a


maioria das pessoas encontra em se relacionar com
os outros, estando eles próximos ou não, adoecidos
ou não, está na comunicação deficitária. Uma
comunicação deficitária não ocorre somente de um
indivíduo para o outro e vice-versa; ocorre também
de um determinado indivíduo para com ele próprio.
A atenção constante e ações criativas na construção
de um diálogo interno saudável podem prevenir
uma série de doenças mentais e emocionais.

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Como sugestão inicial na investigação de como
tem se comunicado com você mesmo, seguem
algumas perguntas:

– O que você diz para si mesmo, na maioria das


vezes, é positivo?

– Qual é a qualidade do seu diálogo interno?

– Que tipo de coisas (afirmações) você fala acerca


de você, seu dia e sobre a vida, logo quando
acorda e/ou se deita para dormir?

– Diante de uma dificuldade, seja qual for, qual


é a primeira coisa (pensamento) que ocorre na
sua mente?

– Você tem o hábito de agradecer as coisas


positivas quando estas acontecem para você?

2 – Estamos nos comunicando o tempo


todo com os outros e com nós mesmos, portanto
saber descrever exatamente o que queremos

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dos outros (comportamentos) é fundamental.
Pergunte para você mesmo:

– Eu sei exatamente o que esperar e desejar acerca


do comportamento das pessoas a minha volta?

– Sei exatamente quais são os meus limites em


relação a isso?

– Se fosse necessário escrever uma lista, clara e


objetiva de comportamentos esperados (para ser
entregue ao outro), ele saberia como executá-lo de
maneira simples?

– Uma pessoa (qualquer pessoa) dissociada


(fora da situação problema), julgaria coerente
as expectativas contidas nesta lista de
comportamentos esperados?

3 – Para uma comunicação satisfatória


(capaz de causar impacto positivo nos envolvidos)
também é necessário estar atento nas condições
em que esta comunicação ocorre. Não é possível

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se comunicar com alguém que não está apto para
escutar o que está sendo dito. Escutar e ouvir são
coisas diferentes. Ouvimos com os ouvidos, mas
escutamos com a mente, portanto:

– De que maneira tem realizado


essa comunicação?

– Quais são os locais e momentos que tem


escolhido para isso, eles te favorecem?

– Será que o outro tem condição mental de


escutar o que está sendo dito?

– Você se dispõe a escutar o outro ou apenas


“vomitar” frustrações e insatisfações sobre ele?

– É possível melhorar a maneira como está se


comunicando com o mundo a sua volta?

4 – Pode estar havendo ruídos e falhas


na comunicação vindos do passado: a raiva e
o ressentimento são lembranças do passado

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carregadas de energia emocional negativa. Essa
energia repercute diretamente na maneira como
nos comunicamos com o outro. Este manual
tem o objetivo de ajudar você a pensar sobre isso
também, portanto, pergunte para você mesmo:

– Existe da sua parte ressentimento para com a


pessoa com quem quer se comunicar?

– Como está minha fisiologia (vista no espelho)


quando comunico meu desejo de que o outro
modifique seu comportamento?

– Será que o fato de perdoar alguém pode


interferir em como dizer o que realmente
quero dizer?

5 – Diferença entre sujeito e predicado:


sujeito é aquele que emite uma ação, predicado
é quem sofre a ação. A vitimização ocorre com
grande frequência na dinâmica adoecida do uso
de álcool ou outras drogas, seja por parte do

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indivíduo que consome, seja pela família que
se sente lesada. Tanto um como o outro não
percebe que este padrão só prolonga a dor e gera
sofrimento a eles próprios. Aos envolvidos nessa
dinâmica mental, a solução esperada está no
outro ou nos outros e nunca neles próprios.

A posição passiva adotada por aquele que deposita


expectativas nos outros, facilmente alterna para
agressiva, o que tranquilamente piora o que já está
ruim, trazendo confusão, culpa e ressentimento
para as relações e impedindo que a comunicação
de qualidade ocorra. Pergunte para você mesmo:

– Na minha vida eu sou o sujeito ou o predicado?

– Se aquilo que eu sinto ocorre dentro de


mim e me afeta profundamente, de quem é a
responsabilidade de olhar e cuidar desta questão?

– Se eu não estou bem, será que tenho condição


de ajudar o outro?

M A N U A L P A R A A FA M Í L I A D O D E P E N D E N T E Q U Í M I C O 36
Ao lidar com estes sentimentos e com toda essa
realidade de vida, as famílias podem também
contar com uma gama de serviços que ofereço no
site www.tratamentoambulatorial.com.br.

M A N U A L P A R A A FA M Í L I A D O D E P E N D E N T E Q U Í M I C O 37
C o ncl u sã o

independente da situação que esteja


passando neste momento, quero lembrar você de
que nenhuma crise dura para sempre.

É fundamental saber que decisões capazes de


mudar a triste realidade do uso de álcool e outras
drogas são construídas a partir de um simples e
sincero pedido de ajuda.

Praticar as orientações contidas neste manual


pode não ser uma tarefa simples, portanto peça
ajuda! Se uma crise desta dimensão está presente

M A N U A L P A R A A FA M Í L I A D O D E P E N D E N T E Q U Í M I C O 38
em sua realidade hoje, evite ficar sem apoio.

É possível que seu ente querido esteja tão


doente que precisará receber uma atenção
maior que a que recebe normalmente, ao menos
neste momento de crise. Acredite, isso poderá
abrir portas para um processo de mudança
e transformação.

Sou testemunha de centenas de processos de


recuperação que se iniciaram de uma crise. Seja da
tomada de decisão de intervir na vida de alguém,
seja na conscientização de que é necessário
render-se à necessidade de um tratamento, a
esperança deve ser a consequência natural de uma
atitude definitiva de mudança e não somente uma
palavra jogada ao vento.

É possível colocar um ponto final no sofrimento.


É possível caminhar em direção à liberdade.
Oriente-se! Procure um profissional especializado.

M A N U A L P A R A A FA M Í L I A D O D E P E N D E N T E Q U Í M I C O 39
O A U T OR

Rodrigo Lazzarini é formado em psicologia


pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas
– PUC-Campinas, especialista em dependência
química (pós-graduação) pela Universidade
Federal de São Paulo – UNIFESP (Departamento
de Psiquiatria – UNIAD).

Especialista em psicologia analítica (junguiana –


pós-graduação) pela Universidade de São Paulo
– USP. Formado em hipnose clínica, programação
neurolinguística e coaching pela Escola Brasileira

M A N U A L P A R A A FA M Í L I A D O D E P E N D E N T E Q U Í M I C O 40
de Programação Neurolinguística – EBPNL.

Psicólogo clínico há mais de 10 anos e participante


ativo de projetos de prevenção ao uso de álcool
e outras drogas. Membro da Liga da Prevenção,
frequentemente dá entrevistas em rádio, televisão
e para publicações científicas.

O Tratamento Ambulatorial 360° é uma


modalidade de tratamento que visa atender todas
as necessidades de um paciente e sua família,
relacionadas aos temas álcool e outras drogas.

Foi desenvolvido por Rodrigo Lazzarini com base


nos modelos de tratamento mais utilizados em
todo o mundo. Conheça mais visitando o site
www.tratamentoambulatorial.com.br.

M A N U A L P A R A A FA M Í L I A D O D E P E N D E N T E Q U Í M I C O 41
MANUAL PARA A FAMÍLIA
DO DEPENDENTE QUÍMICO
Este e-book do psicólogo Rodrigo Lazzarini objetiva auxiliar a família
a lidar com situações que acontecem no dia a dia, no contato com o
familiar dependente químico, além de conscientizar e mobilizar
para uma mudança de valores e atitudes todos aqueles que desejam
ajudar um dependente químico.
Esta é a primeira edição.
Para ter acesso à edição atualizada, entre agora em

www.independa.com.br/manual-familia

O Instituto Independa acredita que a educação pode efetivamente


transformar vidas, e está empenhado em apresentar o melhor
conteúdo e técnicas inovadoras, eficazes e eficientes, incentivando as
pessoas a despertarem para uma nova consciência, superando seus
desafios e encontrando seus caminhos de liberdade e felicidade.

Acompanhe o melhor conteúdo sobre dependência química:


www.paraentender.com.br

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