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De onde vem o Baião?


16.01.2012 02:41

Clóvis Campêlo

Em tempos de bandas de baião eletrônico, caberia repetirmos a pergunta do poeta: de onde vem o baião? Vem, do chão? Segundo o
estudioso da música popular brasileira, José Ramos Tinhorão, tão ridicularizado pelos
De onde vem o Baião?. 16263.jpeg intelectuais cariocas do finado O Pasquim, nos anos 70, o baião teve a sua origem em um tipo
de batida de viola chamado exatamente de "baião".

Assim sendo, ainda segundo Tinhorão, o baião nasceu provavelmente de uma forma especial
dos violeiros da zona rural do Nordeste tocarem lundus, que por lá chegaram com o nome de
"baiano". De "baiano" à "baião" foi um pulo de vários acordes e notas. O pesquisador reforça a
sua opinião ao lembrar de um depoimento prestado pelo compositor e sanfoneiro Luiz Gonzaga,
o Rei do Baião, à revista Veja, em 15 de março de 1972: "Quando toquei o baião para ele
(Humberto Teixeira), saiu a idéia de um novo gênero. Mas o baião já existia como coisa do
folclore. Eu tirei do bojo da viola do cantador, quando faz o tempero para entrar na cantoria e dá
aquela batida, aquela cadência no bojo da viola. A palavra também já existia. Uns dizem que
vem do baiano, outros que vem de baía grande. Daí o baiano que saiu cantando pelo sertão deixou lá a batida e os cantadores do Nordeste
ficaram com a cadência. O que não existia era uma música que caracterizasse o baião como ritmo. Era uma coisa que se falava: "Dá um
baião aí..." Tinha só o tempero, que era o prelúdio da cantoria. É aquilo que o cantador faz, quando começa a pontilhar a viola, esperando a
inspiração".

Para reforçar a sua opinião, o pesquisador cita ainda a folclorista Marisa Lira, em um artigo intitulado "Baião I", da série Brasil Sonoro,
publicado no jornal Diário de Notícias do Rio de Janeiro, em 1º de março de 1958, onde ela afirma: "O baião é de um modo geral o ritmo da
viola sertaneja. Tanto que no Ceará, Pernambuco e Paraíba, tocar baião significa marar na viola o ritmo alegre e contagiante com que se
acompanham os cantadores nos improvisos, desafios e pelejas". Ou seja, Tinhorão confronta opiniões de duas fontes distintas, ambas
abalizadas, e confirma a coincidência de informações.

Seguindo essa linha de raciocínio e procurando chegar às condições que propiciaram a aceitação do baião no meio urbano brasileiro,
Tinhorão destaca ainda a contribuição dada a esse processo evolutivo pelo maestro cearense Lauro Maia. Precocemente falecido em 1950,
aos 37 anos de idade, ele percebeu a riqueza melódica desse manacial da música nordestina, criando um ritmo chamado de "balanceio", que
já não era mais o ponteio das violas, embora dela aproveitasse o ritmo, e nem era ainda o baião estilizado da forma como o organizaram
Gonzagão e Humberto Teixeira.

Portanto, o baião surgiu como um desdobramento da batida dos violeiros nordestinos tocadores de lundus, passando pelo balanceio do
cearense Lauro Maia e desaguando em um cenário urbano repleto da mesmice dos boleros e dos sambas-canção abolerados. Nessa época,
a MPB ainda incipiente estava estagnada.

Em 1946, Gonzagão e Humberto Teixeira lançaram a música intitulada "Baião", onde, segundo Tinhorão, "o novo gênero se apresentava, de
maneira muito feliz, com uma letra em que, além de acentuar essa novidade, ainda revelava claramente o seu próposito de servir com ritmo
de dança".
Assim, enquanto o samba se amolengava desde meados da década de 1940, segundo o musicólogo Cruz Cordeiro, também citado por
Tinhorão, sendo mais bolero, blue, tango, qualquer outra coisa, menos samba brasileiro, o baião ganhava popularidade rapidamente, pela
vitalidade do seu ritmo, e conquistava o Brasil e o exterior.

FONTE: TINHORÃO, José Ramos, Pequena História da Música Popular, Editora Vozes, Petrópolis, 1974, pag. 209/217.

Timothy Bancroft-Hinchey

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