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Mangá

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Mangás e animês

Mangá

Mangaka • Tankōbon
Film comic
La nouvelle manga
Mangá original em inglês

Animê

História
Animação influenciada por
animês • Filler • OVA •
Seiyū

Públicos

Kodomo • Shōjo • Shōnen


Josei • Seinen • Gekiga

Gêneros

Mahō shōjo • Mecha • Harém


Ecchi • Hentai (Yaoi • Yuri
Futanari • Shotacon • Lolicon

Toddlercon)

Termos
Bishōjo • Chibi • Fan service
Gaiden • Kawaii • Light
novel
Mahō shōnen • Moe
(antropomorfismo • Kemonomimi

Nekomimi) • Super deformed


Omake • Tsundere •
Yonkoma

Listas

Mangás • Animês (ecchi


hentai) • Mangaka • Seiyū
Convenções • (no Brasil)
Editoras • Estúdios • Revistas

Fãs (otaku)

Anime Music Video


Convenções • Cosplay
Dōjinshi • Fansub • Fujoshi
OS-tan • Scanlation

Portal Animangá

v•e

O mangá (português brasileiro) ou manga (português europeu) (em japonês: 漫画 manga?, literalmente
história(s) em quadrinhos) é a palavra usada para designar as histórias em quadrinhos
feitas no estilo japonês. No Japão, o termo designa quaisquer histórias em quadrinhos.

Vários mangás dão origem a animes para exibição na televisão, em vídeo ou em


cinemas, mas também há o processo inverso em que os animes tornam-se uma edição
impressa de história em sequência ou de ilustrações.

Índice
[esconder]

• 1 História
• 2 Estilos
• 3 Formato
• 4 No Brasil
• 5 Em outros países
• 6 Críticas
• 7 Referências
• 8 Bibliografia
• 9 Ver também

• 10 Ligações externas

[editar] História

Um gravura de Katsushika Hokusai precursora do mangá moderno.

Os mangás têm suas raízes no período Nara (século VIII d.C.), com o aparecimento dos
primeiros rolos de pinturas japonesas: os emakimono. Eles associavam pinturas e textos
que juntos contavam uma história à medida que eram desenrolados. O primeiro desses
emakimono, o Ingá Kyô, é a cópia de uma obra chinesa e separa nitidamente o texto da
pintura.

A partir da metade do século XII, surgem os primeiros emakimono com estilo japonês.
O Genji Monogatari Emaki é o exemplar de emakimono mais antigo conservado, sendo
o mais famoso o Chojugiga, atribuído ao bonzo Kakuyu Toba e preservado no templo
de Kozangi em Kyoto. Nesses últimos surgem, diversas vezes, textos explicativos após
longas cenas de pintura. Essa prevalência da imagem assegurando sozinha a narração é
hoje uma das características mais importantes dos mangás.

No período Edo, em que os rolos são substituídos por livros, as estampas eram
inicialmente destinadas à ilustração de romances e poesias, mas rapidamente surgem
livros para ver em oposição aos livros para ler, antes do nascimento da estampa
independente com uma única ilustração: o ukiyo-e no século XVI. É, aliás, Katsushika
Hokusai o precursor da estampa de paisagens, nomeando suas célebres caricaturas
publicadas de 1814 à 1834 em Nagoya, cria a palavra mangá — significando "desenhos
irresponsáveis" — que pode ser escrita, em japonês, das seguintes formas: Kanji (em
japonês: 漫画?), Hiragana (em japonês: まんが?), Katakana (em japonês: マンガ?) e
Romaji (Manga).

Os mangás não tinham, no entanto, sua forma atual, que surge no início do século XX
sob influência de revistas comerciais ocidentais provenientes dos Estados Unidos e
Europa. Tanto que chegaram a ser conhecidos como Ponchie (abreviação de Punch-
picture) como a revista britânica, origem do nome, Punch Magazine (Revista Punch), os
jornais traziam humor e sátiras sociais e políticas em curtas tiras de um ou quatro
quadros.

Diversas séries comparáveis as de além-mar surgem nos jornais japoneses: Norakuro


Joutouhei (Primeiro Soldado Norakuro) uma série antimilitarista de Tagawa Suiho, e
Boken Dankichi (As aventuras de Dankichi) de Shimada Keizo são as mais populares
até a metade dos anos quarenta, quando toda a imprensa foi submetida à censura do
governo, assim como todas as atividades culturais e artísticas. Entretanto, o governo
japonês não hesitou em utilizar os quadrinhos para fins de propaganda.

Sob ocupação americana após a Segunda Guerra Mundial, os mangakas, como os


desenhistas são conhecidos, sofrem grande influência das histórias em quadrinhos
ocidentais da época, traduzidas e difundidas em grande quantidade na imprensa
cotidiana.

Nessa época, mangás eram bastante caros, começaram a surgir compilações em


akahons (ou akabons, livros vermelhos), livros produzidos com papel mais barato e
capa vermelha e do tamanho dos cartões postais (B6).[1]

É então que um artista influenciado por Walt Disney e Max Fleischer revoluciona esta
forma de expressão e dá vida ao mangá moderno: Osamu Tezuka. As características
faciais semelhantes às dos desenhos de Disney e Fleischer, onde olhos (sobretudo Betty
Boop), boca, sobrancelhas e nariz são desenhados de maneira bastante exagerada para
aumentar a expressividade dos personagens tornaram sua produção possível. É ele quem
introduz os movimentos nas histórias através de efeitos gráficos, como linhas que dão a
impressão de velocidade ou onomatopeias que se integram com a arte, destacando todas
as ações que comportassem movimento, mas também, e acima de tudo, pela alternância
de planos e de enquadramentos como os usados no cinema. As histórias ficaram mais
longas e começaram a ser divididas em capítulos.

Em 1947, Tezuka criou publicou no formato akahon, um mangá escrito por Sakai
Shichima, Shin Takarajima (A Nova Ilha do Tesouro), um título de grande de sucesso
que chegou a vender 400 mil exemplares. [1]
Um rosto desenhado no estilo do mangá.

Osamu Tezuka produz através de seu próprio estúdio, o Mushi Production, a primeira
série de animação para a televisão japonesa em 1963, a partir de uma de suas obras:
Tetsuwan Atom (Astro Boy). Finalmente a passagem do papel para a televisão tornou-
se comum e o aspecto comercial do mangá ganhou amplitude, mas Tezuka não se
contentou com isso. Sua criatividade o levou a explorar diferentes gêneros — na sua
maioria, os mangás tinham como público-alvo as crianças e jovens —, assim como a
inventar outros, participando no aparecimento de mangás para adultos nos anos sessenta
com os quais ele pôde abordar assuntos mais sérios e criar roteiros mais complexos. Ele
também foi mentor de um número importante de mangakas como Fujiko & Fujio (dupla
criadora de Doraemon), Akatsuka Fujio, Akira "Leiji" Matsumoto, Tatsuo Yoshida
(criador de Speed Racer) e Shotaro Ishinomori.

Assim, os mangás cresceram simultaneamente com seus leitores e diversificaram-se


segundo o gosto de um público cada vez mais importante, tornando-se aceitos
culturalmente. A edição de mangás representa hoje mais de um terço da tiragem e mais
de um quarto dos rendimentos do mercado editorial em seu país de origem. Tornaram-
se um verdadeiro fenômeno ao alcançar todas as classes sociais e todas as gerações
graças ao seu preço baixo e a diversificação de seus temas. De fato, como espelho
social, abordam todos os temas imagináveis: a vida escolar, a do trabalhador, os
esportes, o amor, a guerra, o medo, séries tiradas da literatura japonesa e chinesa, a
economia e as finanças, a história do Japão, a culinária e mesmo manuais de "como
fazer", revelando assim suas funções pedagógicas.

[editar] Estilos
Esboços de rosto.

Para os japoneses as histórias em quadrinhos são leitura comum de uma faixa etária
bem mais abrangente do que a infanto-juvenil. A sociedade japonesa é ávida por leitura
e em toda parte vê-se desde adultos até crianças lendo as revistas. Portanto, o público-
consumidor é muito extenso, com tiragens na casa dos milhões e o desenvolvimento de
vários estilos para agradar a todos os gostos.

Por isso os mangás são comumente classificados de acordo com seu público-alvo.
Histórias onde o público alvo são meninos — o que não quer dizer que garotas não
devam lê-los — são chamados de shounen (garoto jovem, adolescente, em japonês)
como One Piece, Naruto, Bleach etc. e tratam normalmente de histórias de ação,
amizade e aventura. Histórias que atualmente visam meninas são chamadas de shoujo
(garota jovem em japonês) e têm como característica marcante as sensações e
sensibilidade da personagem e do meio (também existem garotos que leem shojo.) como
Nana. Além desses, existe o gekigá, que é uma corrente mais realista voltada ao público
adulto (não necessariamente são pornográficos ou eróticos) como, por exemplo Lobo
Solitário e ainda os gêneros seinen para homens jovens e josei para mulheres. Os traços
típicos encontrados nas histórias cômicas (olhos grandes, expressões caricatas) não são
encontrados nessa última corrente. Existem também os pornográficos, apelidados
hentai. As histórias yuri abordam a relação homossexual feminina e o yaoi (ou Boys
Love) trata da relação amorosa entre dois homens, mas ambos não possuem
necessariamente cenas de sexo explícito. Os edumangás que são mangás didáticos
voltados para o ensino de diversas matérias.[2]

[editar] Formato
O sentido de leitura de um mangá japonês

A ordem de leitura de um mangá japonês é a inversa da ocidental, ou seja, inicia-se da


capa do livro com a brochura à sua direita (correspondendo a contracapa ocidental),
sendo a leitura das páginas feita da direita para a esquerda. Alguns mangás publicados
fora do Japão possuem a configuração habitual do Ocidente.

Além disso, o conteúdo é impresso em preto e branco, contendo esporadicamente


algumas páginas coloridas, geralmente no início dos capítulos, e em papel reciclado
tornando-o barato e acessível a qualquer pessoa.

Os mangás são publicados no Japão originalmente em revistas antológicas impressas em


papel-jornal parecidas com listas telefônicas. Essas revistas com cerca de 300 à 800
páginas são publicadas em periodicidades diversas que vão da semana ao trimestre. Elas
trazem capítulos de várias séries diferentes. Cada capítulo normalmente tem entre dez e
40 páginas. Assim que atingem um número de páginas em torno de 160~200, é
publicado um volume encadernado, chamado tankohon ou Tankōbon, no formato A de
livros de bolso, que então contém apenas histórias de uma série.[1][3] Esses volumes são
os vendidos em diversos países dependendo do sucesso alcançado por uma série, ela
pode ser reeditada em formato bunkoubon ou bunkouban (em japonês: 完全版?) (mais
compacto com maior número de páginas) e wideban (em japonês: ワイド版?) (melhor
papel e formato um pouco maior que o de bolso).

Loja de mangá no Japão.

Uma das revistas mais famosas é a Shonen Jump da editora Shueisha. Ela publicou
clássicos como Dragon Ball, Saint Seiya (ou Cavaleiros do Zodíaco), Yu Yu Hakusho e
continua publicando outra séries conhecidas como Hunter x Hunter, Naruto, One Piece,
Bleach e Death Note. Existem também outras revistas como a Champion Red mensal
(Akita Shoten), que publica Saint Seiya Episode G (Cavaleiros do Zodíaco Episódio G),
a Shonen Sunday semanal (Shogakukan), que publicava InuYasha, e a Afternoon
mensal (Kodansha). Entre outras, podem-se citar também a Nakayoshi (Kodansha),
revista de shoujo famosa que publicou entre outros Bishoujo Senshi Sailor Moon e
Sakura Card Captors, e a Hana to Yume (Hakusensha) que publica Hana Kimi e Fruits
Basket.

Há também os fanzines e dōjinshis que são revistas feitas por autores independentes
sem nenhum vínculo com grandes empresas. Algumas dessas revistas criam histórias
inéditas e originais utilizando os personagens de outra ou podem dar continuidade a
alguma série famosa.[4][5] Esse tipo de produto pode ser encontrado normalmente em
eventos de cultura japonesa e na internet. O Comiket (abreviação de comic market),
uma das maiores feiras de quadrinhos do mundo com mais de 400.000 visitantes em três
dias que ocorre anualmente no Japão, é dedicada ao dōjinshi.[6]

A Wikipe-tan é a personagem em estilo mangá que personifica a Wikipédia.

[editar] No Brasil
A popularidade do estilo japonês de desenhar é marcante, também pela grande
quantidade de japoneses e descendentes residentes no país. Já na década de 1960, alguns
autores descendentes de japoneses, como Júlio Shimamoto, Minami Keizi e Claudio
Seto, começaram a utilizar influências gráficas, narrativas ou temáticas de mangá em
seus trabalhos. O termo mangá não era utilizado, mas a influência em algumas histórias
tornou-se óbvia.[7][8] Alguns trabalhos também foram feitos nos anos 80, como o Super-
Pinóquio de Claudio Seto, o Robô Gigante de Watson Portela pela Grafipar e o
Drácula de Ataíde Braz e Neide Harue pela Nova Sampa.[9]

Embora a primeira associação relacionada a mangá, a Associação Brasileira de


Desenhistas de Mangá e Ilustrações, tenha sido criada em 3 de fevereiro de 1984, o
"boom" dos mangás no Brasil aconteceu por volta de dezembro de 2000, com o
lançamento dos títulos Samurai X, Dragon Ball e Cavaleiros do Zodíaco pelas editoras
JBC e a Conrad (antiga Editora Acme).

Esses, porém, não foram os primeiros a chegar ao território brasileiro. Alguns clássicos
foram publicados nos anos 80 e começo dos anos 90 sem tanto destaque, como Lobo
Solitário em 1988 pela Editora Cedibra, primeiro mangá lançado no Brasil,[10] Akira
pela Editora Globo, Crying Freeman, pela Nova Sampa, A Lenda de Kamui (Sanpei
Shirato) e Mai - Garota Sensitiva pela Editora Abril, Cobra e Baoh pela Dealer e Escola
de Ninjas (Ben Dunn) pela Nova Sampa.[11] Porém, a publicação de vários títulos foi
interrompida e o público brasileiro ficou sem os mangás traduzidos por vários anos.
Existiram ainda edições piratas de alguns mangás.[12]
O mais famoso foi Japinhas Safadinhas lançado em nove edições pela "Bigbun" (selo
erótico da Editora Sampa)[13] . O mangá era uma versão sem licenciamento de Angel de
U-jin.

O movimento voltou a produzir frutos nos anos 90. Com a inconstância do mercado
editorial brasileiro, existe pelo menos uma revista nacional no estilo mangá que
conseguiu relativo sucesso: Holy Avenger. Além deste há também outras publicações
bastante conhecidas pelos fãs de mangá, como Ethora, Combo Rangers, Oiran e Sete
Dias em Alesh do Studio Seasons, e a antiga revista de fanzines Tsunami. Atualmente
os quadrinhos feitos no estilo mangá, tirando algumas exceções, como as citadas acima,
se baseia em fanzines. Em 2008 a Maurício de Sousa Produções lançou Turma da
Mônica Jovem, versão adolescente da Turma da Mônica, e, em 2009, a Ediouro
Publicações lançou a revista Luluzinha Teen e sua Turma. No fim desse mesmo ano,
começaram a ser lançados mangás didáticos, com a série O Guia Mangá, da editora
Novatec, publicados originalmente pela editora Ohmsha] como The Manga Guide.[14]

[editar] Em outros países

Garoto lendo mangá.

Há muito tempo o estilo tem deixado sua influência nos quadrinhos e nas animações no
mundo todo. Artistas americanos de quadrinhos alternativos como Frank Miller foram
de alguma maneira influenciados em algumas de suas obras. As influências recebidas
dos mangás japoneses ficaram mais evidentes com a minissérie Ronin (1983).

Outros artistas como os americanos Brian Wood, Adam Warren, Ben Dunn (autor de
Ninja High School), Fred Gallagher (autor de Megatokyo) e Becky Cloonan (autor de
Demo) e o canadense O'Malley (autor de Lost At Sea) são muito influenciados pelo
estilo e têm recebido muitos aplausos por parte da comunidade de fãs de fora dos
mangás. Estes artistas têm outras influências que tornam seus trabalhos mais
interessantes para os leigos nesta arte. Além disso, eles têm suas raízes em subculturas
orientais dentro de seus próprios países.

Histórias em quadrinhos americanas que utilizam a estética dos mangás, são


constantemente chamados de OEL Manga (Original English-Language mangá) ou
Amerimanga.

O americano Paul Pope trabalhou no Japão pela editora Kodansha na revista antológica
mensal Afternoon. Antes disso ele tinha um projeto de uma antologia que seria mais
tarde publicada nos Estados Unidos — a Heavy Liquid[15]. O resultado deste trabalho
demonstra fortemente a influência da cultura do mangá em nível internacional.
Na França existe o movimento artístico, descrito em manifesto como la nouvelle
manga. Esse foi iniciado por Frédéric Boilet através da combinação dos mangás
maduros com o estilo tradicional de quadrinhos franco-belgas. Enquanto vários artistas
japoneses se uniam ao projeto outros artistas franceses resolveram também abraçar essa
ideia.

Na Coreia do Sul atualmente podemos observar um movimento em direção aos mangás


muito forte. Os manhwas coreanos e manhuas chineses têm atingido vários países pelo
globo. Um exemplo claro de manhwas no Brasil são algumas histórias de sucesso como
Ragnarök e Chonchu.

Além de tudo isso, é bastante comum encontrar histórias on-line de vários países nesse
estilo e até ilustrações mais corriqueiras como das relacionadas à publicidade.

[editar] Críticas

Desenho de uma personagem segundo alguns elementos típicos do gênero ecchi. Note
que os contornos são enfatizados e o cabelo desaparece na frente dos olhos, o que é
geralmente o caso, mas não sempre.

Uma crítica comum aos mangás feita por ocidentais é a de que são excessivamente
violentos e pornográficos ou eróticos. Contudo, segundo Frederik L. Schodt, esse tipo
de generalização está longe da verdade, ainda que ele admita que há sim mangás em que
a pornografia e a violência são excessivos.[16] Para ele, esse tipo de generalização
habitualmente ignora as origens dos quadrinhos japoneses no ukiyo-e e no kibyoshi, que
costumavam retratar cenas eróticas ou violentas, além de comparar os mangás com os
quadrinhos ocidentais (Schodt refere-se mais especificamente aos quadrinhos dos
Estados Unidos que costumavam sofrer autocensura desde a década de 1950).[16] Vale
lembrar que no Japão existem vários estilos e tipos de mangá destinados a públicos
diferentes e idades diferentes.

Mesmo no Japão surgem, de tempos em tempos, polêmicas envolvendo alguma


publicação. Por exemplo, na década de 1960, Harenchi Gakuen de Go Nagai foi
acusado de erotismo excessivo.[17] Este mangá trata de uma escola em que acontecem
situações eróticas, foi criticado e chegou a ser queimado em público por pais.[18] O caso
de Tsutomu Miyazaki, assassino em série japonês considerado um otaku, levou vários
pais e educadores a se preocuparem com o conteúdo dos mangás, já que foram
encontrados vários mangás e animes eróticos na casa deste.[17] Em resposta a esse caso,
surgiu na década de 1990 um movimento contra os "livros daninhos". Pais, professores,
políticos e a imprensa cobraram mais responsabilidade das editoras acerca do conteúdo
dos mangás e de sua explícita classificação etária. Por exemplo, o jornal Asahi Shimbun
disse em um editorial em 1990 que os mangás influenciavam negativamente as crianças,
o governo de Tóquio adotou em 1991 a "Resolução Restringindo Livros Daninhos" e
criou-se uma comissão na Dieta para discutir a questão.[19] Tudo isso fez com que as
editoras criassem um código moral para os mangás e passassem a indicar conteúdo
inadequado na capa das publicações utilizando selos específicos.[17] Mas, de acordo com
Alfons Moliné,[17] pouco depois, a partir de 1993, o policiamento diminuiu e as editoras
deixaram de marcar as publicações e de por o código moral em prática. Os artistas, por
seu lado, se reuniram para defender a liberdade de expressão nos mangás.[17] Finalmente,
em 2002 o mangaká Motonori Kishi foi julgado e condenado a um ano de prisão por
obscenidade por sua obra Misshitsu. Este é o primeiro caso em que um mangá é julgado
por violação do artigo 175 do Código Penal japonês, o qual controla o conteúdo de
filmes, livros e obras de arte em geral e gerou discussões acerca da liberdade de
expressão. Segundo o juiz, o mangá era "gráfico demais".[20][21]

Nos Estados Unidos, os mangás foram repetidas vezes alvo de discussões envolvendo o
empréstimo de exemplares de mangás ou mesmo de livros sobre eles por adolescentes
em bibliotecas ou a presença deles em seções inadequadas de livrarias. Em 2006, uma
mãe pediu e conseguiu que o livro do estudioso Paul Gravett fosse retirado das
bibliotecas públicas do condado de Victorville na Califórnia depois que seu filho de 16
anos disse ter visto imagens de sexo no livro.[22] Em um caso semelhante, um pai em
Portland, Oregon, descobriu que seu filho havia pego mangás com classificação para
maiores de 18 anos em uma biblioteca local.[23] E uma livraria em Lexington, na
Carolina do Sul mudou a localização da sua seção de mangás após receber reclamações
de uma mãe.[24]

Algumas críticas envolvem a pornografia infantil, os mangás dos gêneros lolicon e


shotacon (além de videogames e pornografia na internet em geral no Japão) e a sua
proibição. Em 1999 e 2004 foram aprovadas no Japão leis criminalizando a prostituição
infantil e a criação e venda de material pornográfico envolvendo menores, mas a posse
de tais materiais continua sendo permitida.[25][26] Pressões internacionais têm forçado o
país a rever estas leis. Em 2008, a UNICEF afirmou que o país não estava se esforçando
o bastante para colocar em prática acordos internacionais dos quais é signatário e
combater a pedofilia.[26][27] Contudo, a nova legislação não deve incluir os mangás e
animes: seus defensores argumentam que regulamentações feririam a liberdade de
expressão e que os personagens não são reais e, portanto, não são vítimas de violência.
[28]

Outra corrente de críticas se dirige a "invasão" dos mangás no mercado ocidental. Em


2005, no álbum Le ciel lui tombe sur la tête de Asterix o autor, Albert Uderzo, coloca
Asterix e outros personagens lutando contra Nagma, anagrama de mangá, e contra
clones que ironizam super-heróis dos Estados Unidos,[29] no que seria a realidade de
autores europeus no presente.[30] Contudo, o autor se defendeu dizendo que não tem
nada contra os mangás e menos ainda contra os quadrinhos dos Estados Unidos, que
teriam lhe inspirado sua profissão, e que foi mal interpretado.[31] No mesmo estilo,
Arnaldo Niskier da Academia Brasileira de Letras publicou em 12 de fevereiro de 2008,
coluna na Folha de S. Paulo criticando a influência dos mangás nos jovens e afirmando
que "conhecer o fenômeno é uma forma de colocar limites em sua expansão, para que
prevaleça, no espírito dos jovens, se possível, muito mais a riqueza da cultura
brasileira".[32]

Referências
1. ↑ a b c Gravett, Paul. 2004. Manga: Sixty Years of Japanese Comics. NY: Harper
Design. ISBN 1-85669-391-0
2. ↑ , Jason Thompson Ballantine Books/Del Rey, Manga: the complete guide -
Manga Series, 50, 2007. ISBN 0345485904, 9780345485908
3. ↑ Schodt, Frederik L. 1986. Manga! Manga! The World of Japanese Comics.
Tokyo: Kodansha. ISBN 978-0870117527.
4. ↑ , Lawrence Lessig Cultura Livre, 45 e 46
5. ↑ Cavaleiros - A fanzinemania. Abrademi. Página visitada em 31/05/2010.
6. ↑ , Roland Kelts Palgrave Macmillan, Japanamerica: How Japanese Pop
Culture Has Invaded the U.S., 2007. ISBN 140398476X, 9781403984760
7. ↑ História Da Abrademi, A Primeira Associação De Mangã Da América Latina
- 1 História Do Mangá Antes Da 2ª Guerra (em português). site da ABRADEMI.
Página visitada em 17/11/2009.
8. ↑ Minami Keizi, a Edrel e as HQs brasileiras: Memórias do desenhista, do
roteirista e do editor (em português). site da Escola de Comunicações e Artes
da Universidade de São Paulo. Página visitada em 17/11/2009.
9. ↑ Rodrigo Emanoel Fernandes (27/05/08). Relembre (ou conheça) Drácula - A
Sombra da Noite (em português). Universo HQ. Página visitada em 04/03/2010.
10. ↑ GOTO, Marcel. Quando surgiram os primeiros manga e anime?. Visitado em 9
de abril de 2009.
11. ↑ Almanaque Supertitãs n° 1 (em português). Guia dos Quadrinhos. Página
visitada em 11/01/2010.
12. ↑ Mythos cancela Almanaque Mangá e Guerreiros Errantes (05/06/2002).
13. ↑ Japinhas Safadinhas /Nova Sampa (em português). Guia dos Quadrinhos.
Página visitada em 17/09/2009.
14. ↑ Novatec lança Guia Mangá de Banco de Dados (em português). HQManiacs
(15/12/2009). Página visitada em 12/01/2010.
15. ↑ Danny Fingeroth. The Rough Guide to Graphic Novels. Rough Guides,
2008. p. 120. 1843539934, ISBN 9781843539933
16. ↑ a b Frederik L. Schodt. Sex & Violence in Manga. Visitado em 8 de abril de
2009.
17. ↑ a b c d e MOLINÉ, Alfons. O grande livro dos mangás. Editora JBC. São Paulo:
2004. p. 67 ISBN 85-87679-17-1
18. ↑ Anime News Network. Harenchi Gakuen. Visitado em 8 de abril de 2009.
19. ↑ Comipress. A History of Shojo, Loli, and Harmful Books (17 de agosto de
2007). Visitado em 8 de abril de 2009.
20. ↑ SILVA, Joaquín. Obscenity and Article 175 of the Japanese Penal Code: A
Short Introduction to Japanese Censorship. Visitado em 8 de abril de 2009.
21. ↑ BBC NEWS. Japanese manga ruled obscene. (13 de janeiro de 2004). Visitado
em 8 de abril de 2009.
22. ↑ GRAVETT, Paul. A Californian controversy: Manga book banned from
libraries. Visitado em 8 de abril de 2009.
23. ↑ Anime News Network. Oregon Man Says Son Borrowed Mature Manga from
Library. (21 de agosto de 2008). Visitado em 8 de abril de 2009.
24. ↑ Anime News Network. Bookstore Moves Manga Section after Parent's
Complaint. (9 de dezembro de 2007). Visitado em 8 de abril de 2009.
25. ↑ G1.com. Japão estuda proibição à posse de pornografia infantil. (9 de março
de 2008). Visitado em 8 de abril de 2009.
26. ↑ a b REYNOLDS, Isabel. UNICEF says Japan failing to control child porn (11
de março de 2008). Visitado em 8 de abril de 2009
27. ↑ Anime News Network. UNICEF Japan Continues Push against Virtual Child
Porn. (12 de outubro de 2008). Visitado em 8 de abril de 2009.
28. ↑ NASI, Eduardo. Japão pode proibir pedofilia, mas não em mangás e animês.
(14 de março de 2008). Visitado em 8 de abril de 2008.
29. ↑ SIDNEY, Gusman. Universo HQ Asterix: o dia em que o céu caiu. Visitado
em 8 de abril de 2009.
30. ↑ Bloomberg.com. Asterix Retaliates as Asian Comics Invade the European
Market. Visitado em 8 de abril de 2009
31. ↑ Univers BD. Albert Uderzo: "Je n'ai rien contre les mangas". (21 de março de
2007). Visitado em 8 de abril de 2009.
32. ↑ NISKIER, Arnaldo. Mangá e a transplantação de cultura. Visitado em 8 de
abril de 2008.

[editar] Bibliografia
• Bibe Luyten, Sonia. Mangá, o poder dos quadrinhos japoneses. Hedra, (2000
ISBN 8587328174)
• Ban, Toshio. Osamu Tezuka, uma biografia mangá. Conrad, (2004 Obra em 4 vol.
ISBN 8587193726)
• Gravetti, Paul. Mangá: Como o Japão Reinventou os Quadrinhos. Conrad,
(2006 ISBN 8576161648)
• McCloud, Scott. Desvendando os Quadrinhos. M. Books, (2004 ISBN
8589384632)
• Nagado, Alexandre. Almanaque da Cultura Pop Japonesa. Via Lettera, (2007
ISBN 9788576360353)
• Rosa, Franco. Hentai: a sedução do mangá. Opera Gráfica, (2005 ISBN
8589961400)

[editar] Ver também

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• Cultura do Japão

[editar] Ligações externas


• (em inglês)Manga.com
• (em inglês)Como Desenhar Mangá

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