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BENS PÚBLICOS, SEMI-PÚBLICOS E PRIVADOS

É freqüente ouvirmos a tese de que o setor privado é Segundo a teoria tradicional do bem-estar social (welfare
mais eficiente do que o governo e de que portanto uma economics), sob certas condições, os mercados
economia em que as firmas operem livremente funciona competitivos geram uma alocação de recursos que se
melhor do q que uma economia com forte atuação ç caracteriza pelo fato de que é impossível promover uma
governamental. Nas economias capitalistas, essa tese é realocação de recursos de tal forma que um indivíduo
compartilhada por uma parte expressiva da sociedade, aumente o seu grau de satisfação, sem que, ao mesmo
do empresariado e, muitas vezes, do próprio governo. tempo, isso esteja associado a uma piora da situação de
Como conciliar essa visão com o fato de que o governo, algum outro indivíduo.
na prática, tem uma participação ativa na economia de
quase todos os países?

Essa alocação de recursos que tem a propriedade de


que ninguém pode melhorar sua situação, sem causar A ocorrência desta situação ótima, entretanto, depende
algum prejuízo a outros agentes, é denominada na de alguns pressupostos: a) não existência de progresso
literatura de “ótimo de Pareto”. Paralelamente a este técnico e b) o funcionamento do modelo de concorrência
conceito, a teoria econômica tradicional ensina q
que p
para perfeita, o que implica a existência de um mercado
atingir uma alocação “Pareto eficiente” de recursos não atomizado – onde as decisões quanto à quantidade
é necessário que exista a figura de um “planejador produzida de grande número de pequenas firmas são
central”, já que a livre concorrência, com as firmas incapazes de afetar o preço de mercado – e de
operando em um mercado competitivo e procurando c,informação perfeita da parte dos agentes econômicos.
maximizar seus lucros, permitiria atingir esse ideal de
máxima eficiência.

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A Existência de Bens Públicos
Esta é uma visão idealizada do sistema de mercado. Os bens públicos são aqueles cujo consumo/uso é
Na realidade, existem algumas circunstâncias indivisível ou “não-rival”. Em outras palavras, o seu
conhecidas como “falhas de mercado”, que impedem consumo por parte de um indivíduo ou de um grupo
que ocorra uma situação de ótimo de Pareto. Tais social não prejudica o consumo do mesmo bem pelos
circunstâncias são representadas por: a) a existência demais integrantes da sociedade. Ou seja, todos se
de bens públicos, b) a falha de competição que se beneficiam da produção de bens públicos mesmo que,
reflete na existência de monopólios naturais, c) as eventualmente, alguns mais do que outros. São
externalidades, d) os mercados incompletos, e) as exemplos de bens públicos: bens tangíveis como as
falhas informação, e f) a ocorrência de desemprego e ruas ou a iluminação pública; e bens intangíveis como
inflação. justiça, segurança pública e defesa nacional.

Outra característica importante é o princípio da “não- Tomemos como exemplo uma loja que vende um certo
exclusão” no consumo desses bens. De fato, em geral, é modelo de vestido a um preço promocional. Tendo em vista
difícil ou mesmo impossível, impedir que um determinado que após um dia de vendas intensas tenha restado apenas
indivíduo usufrua de um bem público. Por exemplo, se o uma peça e cheguem duas pessoas, A e B, à loja para
governo resolve aumentar o policiamento de uma rua comprar o vestido, somente uma delas poderá comprá-lo. A
residencial, todos os moradores dessa rua – sem que se partir do momento em que A comprar a peça, B estará
possa distinguir entre os indivíduos A ou B – serão automaticamente excluída do consumo do vestido – ou
beneficiados pela decisão. É diferente de uma situação na vice-versa. Neste caso o consumo é “rival”: o vestido
qual o consumo/uso de um bem/serviço por uma determinada comprado por A, não pode ser comprado por B. Ou seja, em
pessoa significa a exclusão da utilização, consumo deste uma situação como essa onde o bem é privado é possível se
bem/serviço por outra, como ocorre com os bens privados – individualizar o consumo do bem, diferentemente do que
como roupas, alimentos, habitações, automóveis e outros. ocorre quando se trata de um bem público.

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Sendo assim e levando em conta que os bens públicos, uma
vez produzidos, beneficiarão a todos os indivíduos,
A questão que se coloca para a sociedade é, independentemente da participação de cada um no rateio de
custos, é natural que os indivíduos, se fossem chamados a
justamente, como ratear os custos da produção
“precificar” sua preferência através de “lances”, tendessem a
dos bens públicos entre a população,
população tendo em vista subavaliar os benefícios gerados pelo bem público, a fim de
que é impossível determinar o efetivo benefício que reduzir suas contribuições. Além disso, o fato de não se poder
cada indivíduo derivará do seu consumo que, muitas individualizar o consumo permite que algumas pessoas – os
vezes, sequer é voluntário. “caronas” – possam agir de má fé, alegando que não querem
ou não precisam ter acesso ao consumo e desta forma,
negando-se a pagar por ele, ainda que acabem usufruindo do
benefício do bem público.

É justamente o princípio da “não-exclusão” no consumo dos Em outras palavras, o comércio não pode ocorrer não pode
bens públicos que torna a solução de mercado, em geral, ocorrer sem que haja o direito de propriedade que depende
ineficiente para garantir a produção da quantidade da aplicação do princípio de exclusão. Sem este, o sistema de
adequada de bens públicos requerida pela sociedade. O mercado não pode funcionar de forma adequada, já que os
i t
sistema d mercado
de d sóó funciona
f i d d
adequadamente t quando
d o consumidores não farão lances que revelem sua preferência à
consumo por um indivíduo A de um bem específico significa medida que podem, como “caronas”, usufruir dos mesmos
que A tenha pago o preço do tal bem, enquanto B, que não benefícios. É por esta razão que a responsabilidade pela
pagou por esse bem, é excluído do consumo do mesmo. provisão de bens públicos recai sobre o governo, que financia
a produção desses bens através da cobrança compulsória de
impostos.

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As razões para a existência do governo Os objetivos da política fiscal e as funções do governo
Como tentamos demonstrar, deixando de lado as questões A ação do governo através da política fiscal abrange três
políticas e ideológicas, a existência do governo é funções básicas. A função alocativa diz respeito ao
necessária para guiar, corrigir e complementar o fornecimento de bens públicos. A função distributiva,
sistema
i t d mercado
de d que, sozinho,
i h não
ã é capaz ded por sua vez,
vez está associada a ajustes na distribuição de
desempenhar todas as funções econômicas. Essa renda que permitam que a distribuição prevalecente seja
constatação é importante à medida que demonstra que a aquela considerada justa pela sociedade. A função
discussão sobre o tamanho adequado do Estado tem a ver estabilizadora tem como objetivo o uso da política
mais com questões técnicas do que ideológicas. econômica visando a um alto nível de emprego, à
estabilidade dos preços e à obtenção de uma taxa
apropriada de crescimento econômico.

AS FUNÇÕES ECONÔMICAS DO SETOR PÚBLICO Existem alguns bens que o mercado não consegue
fornecer (bens públicos). Logo, a presença do Estado
A necessidade da atuação econômica do setor público é necessária (é a função alocativa). O sistema de
prende-se
prende se à constatação de que o sistema de preços mercadod nãoã leva
l a uma justa
j t distribuição
di t ib i ã de
d renda,
d
não consegue cumprir adequadamente algumas sendo necessária a intervenção do estado (função
tarefas ou funções. distributiva). Finalmente, a economia de mercado não
consegue se auto-regular, sendo necessária a função
estabilizadora do Estado.

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O fato de os benefícios gerados pelos bens públicos
estarem disponíveis para todos os consumidores faz
FUNÇÃO ALOCATIVA com que não haja pagamentos voluntários aos
fornecedores desses bens.Sendo assim,perde-se o
A função alocativa do governo está associada ao vínculo entre produtores e consumidores,
consumidores o que leva à
fornecimento de bens e serviços não oferecidos necessidade de intervenção do governo para garantir
adequadamente pelo sistema de mercado. o fornecimento dos bens públicos.Isso posto, o
governo deve:a)determinar o tipo e a quantidade de
bens públicos a serem ofertados e b)calcular o nível
de contribuição de cada consumidor.

Em relação a este último ponto, um determinados


consumidor não tem motivos para se “apresentar” ao
governo e declarar o valor “justo” que ele atribui aos Tendo em vista que grande parte dos consumidores,
serviços prestados pelo setor público, a não ser que de forma racional,provavelmente agiria dessa
tenha certeza de q que os demais indivíduos maneira, o financiamento da p produção
ç de bens
beneficiados pelo fornecimento dos bens públicos públicas não pode acontecer de forma voluntária.De
façam o mesmo.Nesse caso, há um claro espaço de fato, o financiamento da produção dos bens públicos
ação dos “caronas”, que preferirão se utilizar dos bens depende da obtenção compulsória de recursos,
públicos sem pagar por isso, na esperança de que através da cobrança de tributos
outros consumidores contribuam para o governo,
financiando a produção desses bens.

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É nesse sentido que o processo político surge como tenderá a eleger um candidato que tenha como
substituto do mecanismo do sistema de mercado.A prioridade o aumento da segurança das ruas, ainda
decisão por um determinado governante através do que isso signifique, necessariamente, um aumento
processo eleitoral funciona como uma espécie de dos impostos para arcar com o aumento de
ç
revelação de ppreferências p
por pparte da sociedade.De g
contingente de policiais.Neste
p caso seria
forma indireta, a eleição mostra não apenas quais bens revelada,ainda que de forma indireta,uma preferência
públicos são considerados prioritários, como o quanto os pelo bem público “segurança”.
indivíduos estarão dispostos a contribuir sob a forma de Vale destacar também a importância da provisão por
impostos para o financiamento da oferta de bens parte do setor público dos chamados bens “semi-
públicos.Por exemplo, uma sociedade que esteja públicos” ou “meritórios”, que constituem um caso
buscando uma redução da violência intermediário entre os bens privados e públicos.

Apesar de poderem ser submetidos ao princípio da Por último, em muitos países também foi importante à
exclusão e, desta forma, serem explorados pelo setor ação do “Estado empresário” na promoção do
privado, o fato de gerarem altos benefícios sociais e crescimento econômico.Nesse caso, a intervenção
externalidades positivas justifica a produção total ou direta do setor público na produção de bens e serviços
parcial dos bens meritórios pelo setor público.Os
público Os privados justificou-se,
justificou se em um determinado momento
principais exemplos são os serviços de saúde e histórico, pela insuficiência do setor privado em
educação.Da mesma forma que nos casos dos bens mobilizar recursos para o desenvolvimento de projetos
públicos,os recursos necessários para a produção de grande porte,principalmente nos setores de infra-
desses bens são obtidos compulsoriamente, através estrutura. Além da necessidade de um montante
da tributação. considerável de recursos para seu financiamento,

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FUNÇÃO DISTRIBUTIVA
A os investimentos nestes setores também tinham um
longo prazo de maturação, o que levava a uma A distribuição de renda depende da produtividade do
demora na geração dos lucros e desestimulava, desta trabalho e dos demais fatores de produção do mercado. Ou
forma o investimento privado
forma, seja,
j ela dependerá
p da oferta de fatores e do p preço
ç qque
eles atingem no mercado.Ou seja, ela dependerá da oferta
de fatores e do preço que eles atingem no mercado. Assim,
se deixarmos o mercado funcionar livremente, teremos uma
distribuição de renda que dependerá da produtividade de
cada indivíduo no mercado de fatores, mas que sofrerá a
influência das diferentes dotações iniciais de patrimônio.

Em termos da distribuição pessoal de renda, a redistribuição


pose ser implementada mediante uma estrutura tarifárica
O governo funciona como um grande agente progressiva, em que os indivíduos mais ricos pagam uma
alíquota maior de imposto. Ainda, a redistribuição pede ser
redistribuidor de renda à medida que, por meio da
feita combinando impostos sobre produtos adquiridos por
t ib t ã retira
tributação, ti recursos dos
d segmentost mais i ricos
i pessoas ricas co subsídios para produtos adquiridos por
da sociedade (pessoas, setores pó regiões) e os consumidores de baixa renda.
transfere para os segmentos menos favorecidos. Em termos de redistribuição setorial ou regional, o
instrumento governamental mais adequado seria uma
política de gastos públicos e subsídios direcionados para as
áreas mais pobres.

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Alguns estudos da área de Finanças Públicas destacam
FUNÇÃO ESTABILIZADORA uma quarta função do setor público: a Função de
Crescimento Econômico, que diz respeito às políticas
A função estabilizadora do governo está relacionada acerca da formação de capital. Ou seja, a atuação do
com a intervenção do Estado na economia,
economia para Estado tanto no tocante aos investimentos públicos
Estado,
alterar o comportamento dos níveis de preços e (fornecimento de bens públicos, infraestrutura básica),
emprego, pois o pleno emprego e a estabilidade de quanto no tocante aos incentivos e financiamentos para
preços não ocorrem de maneira automática na estimular os investimentos do setor privado, ambos
visando ao crescimento econômico de longo prazo. No
economia.
nosso entender, a função de crescimento pode ser
considerada dentro da função alocativa do setor público.

Crescimento das Despesas Públicas- hipóteses 1) (ESAF) Os bens econômicos podem ser
1) Lei de Wagner ou Lei dos Dispêndios Públicos Crescente classificados em bens públicos e bens privados.
“Os gastos públicos crescem em taxas maiores quando Sobre a natureza dos bens econômicos, afirma-se
comparados com os PIBs dos países.
que:
2)) Estudo de Peacock –Wiseman- a expansão p dos ggastos
do governo em períodos de guerra,terão efeitos mesmo
após o fim da guerra. A) bens privados são divisíveis e não sujeitos ao
3) Musgrave,Rostow e Herber- A economia cresce em princípio da exclusão
momentos pré-industriais, mantêm-se constante durante a B) bens públicos são indivisíveis e sujeitos ao
industrialização e volta a crescer após a industrialização princípio da exclusão

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2) (AFC/2005) No que diz respeito aos bens
públicos, semi-públicos e privados, indique a única
C) bens meritórios são divisíveis ou indivisíveis e
opção incorreta
não sujeitos ao princípio da exclusão
D)) a soberania do consumidor não é p preservada nos
a) Bens públicos são os bens que o mecanismo de
bens privados, nem nos bens públicos
preços não consegue orientar os investimentos a fim
E) os bens demeritórios têm seu consumo inibido
de efetuar sua produção
pela imposição de pesados impostos ou pela
b) Bens públicos têm a característica de serem
proibição direta.
usados por todos, indistintamente, não importando o
nível de renda ou condição social

c) Bens semi-públicos satisfazem ao princípio da 3) (AFC2005) Devido a falhas de mercado e tendo em


exclusão, mas são produzidos pelo Estado vista a necessidade de aumentar o bem-estar da
d) O serviço meteorológico é um exemplo de bem de sociedade, o setor público intervém na economia.
Identifique a opção correta inerente à função alocativa
consumo não rival
e) Serviços de saúde e saneamento são bens
a) O setor público oferece bens e serviços públicos, ou
públicos, uma vez que seus custos podem implicar interfere na oferta do setor privado, por meio da política
preços muitos altos para que as pessoas pobres fiscal
possam ter acesso aos mesmos. b) O setor público age na redistribuição da renda e da
riqueza entre as classes sociais

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4) A respeito dos bens públicos e privados, analise as
c) Adotando políticas monetárias e fiscais, o governo afirmativas a seguir:
procura aumentar o nível de emprego e reduzir a
taxa de inflação I. A principal característica dos bens públicos refere-se à
d) Adotando políticas monetárias e fiscais, o governo impossibilidade de excluir determinados indivíduos ou
procura manter a estabilidade da moeda segmentos da população de seu consumo.
e) O governo estabelece impostos progressivos, II. São exemplos de bens públicos a Defesa Nacional e a
com o fim de gastar mais em áreas mais pobres e Justiça.
investir em áreas que beneficiem as pessoas III. Os bens privados são exclusíveis e não rivais, pois o
carentes, como a educação e saúde consumo por uma pessoa não impede outra de consumir
o mesmo bem.

Assinale:

(A) se somente a afirmativa I estiver correta.


(B) se somente a afirmativa III estiver correta.
(C) se somente as afirmativas I e II estiverem
corretas.
(D) se somente as afirmativas I e III estiverem
corretas.
(E) se todas as afirmativas estiverem corretas.

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