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Revista Gestão e Gerenciamento

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Patologias e reforço em lajes e vigas de concreto armado com compósitos de

fibras de carbono
SÁNCHEZ FILHO Emil de Souza, CODÁ Francisco Amaro, SANTOS Manuel Fernando Sousa Ferreira dos.
Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil Universidade Federal Fluminense, Universidade Federal Fluminense, Niterói.

Informações do Artigo Resumo:

Este artigo apresenta os procedimentos do levantamento das patologias
Histórico:
existente em garage de edifício residencial, com mapeamento das trincas e
Recebimento: 22 Março 2015
avaliação das causas que geraram os danos nas lajes e vigas. A análise crítica dos
Revisão: 24 Maio 2015
dados apurados é narrada de modo breve, possibilitando determinar os locais a
Aprovação: 26 Junho 2016
serem injetados com resina epóxi, e os elementos estruturais a serem reforçados.
São mostrados os diversos detalhes dos reforços calculados em compósitos de
fibras de carbono. No caso das vigas o reforço foi para a flexão e força cortante e
Palavras-chave: no caso das lajes somente para à flexão.
Reforço Estrutural
Compósitos de Fibras de
Carbono
Flexão Simples

1. Introdução da Zona Sul do Rio de Janeiro, tem estrutura

Este artigo descreve os serviços de reparo e
reforço estrutural executados com compósitos de
fibras de carbono (CFC) numa estrutura de
concreto armado, teto de um subsolo, cujas lajes
superiores e vigas encontravam-se com trincas de
grandes aberturas, sujeitas à ruptura brusca.
A metodologia de dimensionamento seguiu a
normalização brasileira de concreto armado, e no
que tange ao reforço estrutural foram seguidas as
prescrições do Bulletin 14 da FIB [1].
A execução dos serviços seguiu ao prescrito
em projeto, sendo de responsabilidade de
empresa especializada nesse tipo de reforço.
2 Levantamento Dos Danos Ocorridos
2.1 Notas Iniciais
O edifício residencial com vários pavimentos,
situado na Lagoa Rodrigues de Freitas, área nobre
convencional de concreto armado.
As vagas de garage situadas no pavimento
térreo e no subsolo, apresentavam diversas
trincas em certa região das lajes, que foram
levantadas e descritas num relatório de empresa
de consultoria especializada. Nesse relatório foi
prescrito o reforço com chapas de aço para as
lajes, e em chapas metálicas (reforço à flexão e
força cortante) e escoramento em perfis metálicos
para algumas vigas.
O custo apurado para esses tipos de reforço
era proibitivo, aliando-se ao fato do edifício situar-
se em zona agressiva (em frente a Lagoa), o que
por si só torna passível de crítica o uso de chapas
metálicas externas.
2.2 Análise Do Laudo Inicial E Novo
Levantamento Das Patologias

Gestão e Gerenciamento nº 1 (2017) 9-12


O laudo inicial elaborado por uma empresa
de consultoria técnica levantou diversas
patologias em pilares, pisos e lajes, que foram
também apuradas em novo levantamento
realizado pelos autores deste artigo. Essas
patologias não fazem parte do escopo deste
artigo.
As áreas de concreto com desplacamento
devido à corrosão das barras das armaduras das
vigas e lajes nãos serão abordadas neste artigo,
pois constituem reparos que deverão executados
de acordo com a boa técnica, e com uso de
proteção catódica.
Nas vistorias realizadas foram constatadas
trincas em lajes de piso na região do
estacionamento; essas trincas seccionaram as
lajes e surgiram devida à redução da altura da laje
face à existência de eletroduto metálico para
passagem dos fios e cabos de energia elétrica. A
trinca com grande abertura surge na região de
momento de flexão máximo e segue em direção à
viga, conforme figura a seguir.
Figura 1 – Lajes seccionadas pelos eletrodutos
metálicos
Fonte: Autor (2015)
Entretanto, o levantamento realizado pelos
autores teve o cuidado de verificar as armaduras
existentes nas vigas, pois constatou-se que em
todas as vigas apoiadas indiretamente havia um
tipo peculiar de fissuração. Quando da elaboração
desse levantamento a estrutura foi
adequadamente escorada.
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A primeira viga pesquisada, a que apresenta
maior fissura, com dimensões 20 cm X 50 cm mais
a altura da laje, tem a armadura de flexão
composta de três barras de 10 mm e estribos de
4,7 mm, com espaçamento variando de 15 a 20
cm, e cobrimento das armaduras igual a 2 cm
(Figura 2). A segunda viga observada, paralela à
primeira, com dimensões 20 cm X 50 cm mais a
altura da laje, tem armadura de flexão formada
por quatro barras de 12,5 mm e estribos de 4,7
mm, sendo 8 cm o espaçamentos dos três
primeiros, variando para 20 cm, e cobrimento das
armaduras igual a 2 cm.
Figura 2 – Prospecção com corte do concreto na zona
de apoio indireto para verificação da armadura
existente
Fonte: Autor (2015)
Comprovou-se uma insuficiência de
armadura transversal, pois não se constatou a
existência de armadura transversal mais densa na
região dos apoios indiretos.
Constatou-se também que algumas vigas
apresentavam trincas com aberturas acentuadas,
com configurações que indicavam rupturas. Essas
trincas partiam das lajes (fragilizadas devido aos
eletrodutos metálicos embutidos), e seguiam em
direção às regiões intermediárias entre os apoios
extremos e as regiões próximas aos apoios
indiretos das vigas (Figura 3). Em uma viga houve
desplacamento do concreto no seu intradorso.
Observou-se que as vigas apoiadas apresentavam
patologias menos graves que as das vigas de
apoio.
O mapeamento das fissuras permitiu verificar
que o seu início se deu nas diversas lajes, seguindo
os eletrodutos metálicos embutidos. Para permitir

melhor visualização e possibilitar uma análise das
causas dessas patologias os pilares nas áreas com
danos foram identificados por meio de letras. As
fissuras nas lajes formaram rótulas em relação às
quais as suas partes giraram como corpos rígidos.
Figura 3 – Trincas partindo das lajes em direção às
vigas originando fissuras em regiões próximas às zonas
dos apoios indiretos
Fonte: Autor (2015)
Os eletrodutos das lajes foram retirados,
eliminando-se a causa de fragilidade desses
elementos estruturais e as fissuras foram
injetadas por gravidade (topos das lajes). As faces
inferiores das lajes foram recompostas com
argamassa cimentícia.
3. Reforço Das Vigas Com Compósito De
Fibras De Carbono
As fissuras de todas as vigas foram injetadas
com resina epóxi de modo a recompor sua
integridade.
Quando do dimensionamento estrutural,
foram consultadas referências clássicas sobre o
reforço à força cortante [2,3]. Os tópicos
referentes ao concreto estrutural foram
abordados segundo as prescrições da NBR
6118:2014 [4]. O Bulletin 14 da FIB [1] foi a
principal fonte para a obtenção das armaduras de
CFC [5, 6].
O reforço à flexão das vigas foi executado em
duas camadas de CFC, formando um U com
perímetro externo igual a 65 cm, fixado ao
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substrato de concreto por meio de resina epóxi.
Esse reforço foi levado até os apoios da viga.
As duas camadas de CFC que formam os
estribos de reforço à força cortante têm a forma
de U e envolvem a armadura de flexão. Sua largura
é de 15 cm, altura de 40 cm, e têm espaçamento
intereixo igual a 35 cm. No segmento junto ao
apoio de uma viga sobre outra foi executado um
envolvimento completo nesse trecho com duas
camadas de CFC, com 60 cm para cada lado da face
da viga apoiada (Figura 4). Essa armadura visa
suprir a falta de armadura local em estribos
internos.
A sequência de execução dos reforços foi a
seguinte:
1) remoção do cobrimento das armaduras de
concreto que estavam deterioradas, limpeza das
barras e da superfície de concreto;
2) injeção das trincas;
3) preenchimento das asperezas e acertos
nas superfícies de concreto com argamassa
epoxídica;
4) execução de imprimação;
5) fixação da 1a camada de CFC;
6) execução de nova imprimação e repetição
das etapas 4, 5 e 6 para a execução da 2a camada
de CFC;
7) aplicação de pelo menos uma camada de
argamassa polimérica tixotrópica para proteção
do reforço (evitar vandalismo).
Todas as vigas reforçadas foram
adequadamente escoradas. As armaduras
corroídas receberam proteção catódica.
Figura 4 – Inserção de CFC da primeira camada nas
vigas
Fonte: Autor (2015)

Os escoramentos das vigas foram retirados
três dias após as injeções e término dos diversos
reparos e reforços.
O dimensionamento do reforço à flexão
admitiu as hipóteses básicas usuais e seguiu as
prescrições do Bulletin 14 da FIB [1]. As armaduras
do reforço à força cortante forma obtidas por
meio do modelo da treliça de Ritter–Mörsch
generalizada com as restrições relativas às
deformações específicas do CFC (Figura 4).
4. Reforço Das Lajes Com Compósito De
Fibras De Carbono
As fissuras de todas as lajes foram injetadas
com resina epóxi de modo a recompor sua
integridade.
Os vazados deixados pela remoção dos
eletrodutos metálicos, nos locais de maior
abertura, foram preenchidos com grout químico.
As duas camadas de fitas de CFC têm largura
igual a 15 cm e vão de extremo a extremo do vão
das lajes, com espaçamento intereixo igual a 35
cm. as emendas por traspasse especificadas no
projeto é de 20 cm, sendo que essas emendas não
devem ser executadas numa mesma região, e
devem ser alternadas (Figura 5).
A sequência de execução desses reforços foi
a mesma das vigas. O dimensionamento do
reforço das lajes à flexão admitiu as hipóteses
básicas usuais e seguiu as prescrições do Bulletin
14 da FIB [1].
Figura 5 – Inserção de CFC da primeira camada nas
vigas
Fonte: Autor (2015)
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5. Considerações Finais
Após a análise das patologias e a constatação
da ocorrência dessas anomalias numa área restrita
da estrutura, comprovou-se que não havia
problemas estruturais nos dois pavimentos
inferiores do edifício. Esse era uma das conclusões
do parecer elaborado por empresa que realizou
uma consultoria anterior, que verificou-se estar
errada.
A solução inicial que havia sido proposta ao
Condomínio por essa empresa era o reforço por
meio de chapas metálicas fixadas aos elementos
estruturais; os óbices a essa solução eram vários.
As soluções adotadas mostraram-se
exequíveis, de fácil execução e efetivas, com custo
que possibilitou o Condomínio contratar de
imediato a execução dos serviços.
A diferença de custo entre a solução inicial,
de mais difícil execução e sujeita a vários
questionamentos, e a solução adotada foi de cerca
de 40%.
6. Referências
[1] FIB. “Externally Bonded FRP Reinforcement for
RC Structures”. Bulletin 14, 2001.
[2] TENG J. G.; CHEN, J. F.; SMITH, S. T.; LAM, L. FRP
Strengthened RC Structures. John Wiley & Sons,
Great Britain. 2002.
[3] TRIANTAFILLOU, T. C. Shear Strengthening of
Reinforced Concrete Beams Using Epoxy-Bonded
FRP Composites. ACI Structural Journal, v.95, n.2,
107-115. 1998.
[4] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS
TÉCNICAS (ABNT). NBR-6118: Projeto de
Estruturas de Concreto – Procedimento. Rio de
Janeiro, 2014.
[5] GANGA RAO; HOTA V. S.; NARENDRA TALY, P.
V. VIJAY. Reinforced Concrete Design with FRP
Composites. Taylor & Francis Group, LLC. 2007.
[6] ZOGHI, MANOOCHER. The International
Handbook of FRP Composites in Civil Engineering.
2014 Taylor & Francis Group, LLC. 2014.